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PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 – DA PESSOA NATURAL

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

SUJEITOS DE DIREITO
1 – Pessoa Natural e sua Personalidade Jurídica

∙ Pessoa Natural – o ser ao qual se atribuem direitos e obrigações.


∙ Personalidade Jurídica – conjunto de atributos da pessoa natural (pessoa física), estando a
ela ligada desde que haja nascimento com vida e a sua duração é exatamente por toda
vida. Neste sentido, podemos visualizar duas características principais:

∙ Aquisição da personalidade – nascimento com vida


∙ Término da Personalidade – morte
∙ Assim, a personalidade é a aptidão para ser titular de direitos e contrair obrigações, ou
seja, é o atributo necessário para ser sujeito de direito.

∙ Importante – o Código Civil (art. 1º CC/02) substituiu a expressão “homem” por “pessoa”, o
que significa que a personalidade jurídica é um atributo de toda e qualquer pessoa, seja
ela natural ou jurídica, uma vez que o instituto é abrangente, aplicando-se, também, às
pessoas jurídicas.

∙ Pessoa Natural – é, portanto, o ser humano, enquanto sujeito/destinatário de direitos e


obrigações.

∙ Aquisição da Personalidade Jurídica – ocorre a partir do nascimento com vida (art. 2º do


CC/02). No entanto, tal assertiva não é tão fácil de ser entendida quanto parece ser, pois o
nascimento com vida é um evento natural em que o ser humano entra em contato com o
mundo e com a vida. Isso ocorre fisiologicamente quando há respiração.

∙ Mas se a pessoa falece logo em seguida? Para se aferir se um ser humano realmente nasceu
com vida falecendo em seguida, a Ciência do Direito busca o auxílio na medicina para esta
constatação através do método denominado “Docimasia Hidrostática de Galeno ou
Docimasia Pulmonar”. Este exame visa verificar se os pulmões do examinado promoveram
troca oxi-carbônica ou encontram-se cheios de líquidos amnióticos. Caso se verifique a
presença de ar nos pulmões do examinado, constata-se o nascimento com vida, havendo,
dessa forma, aquisição da personalidade jurídica. Assim, mesmo que o recém nascido
tenha morrido logo em seguida, o mesmo adquiriu personalidade jurídica. Neste sentido,
podemos concluir nos seguintes termos:

∙ RESPIROU- NASCEU COM VIDA –ADQUIRIU PERSONALIDADE JURÍDICA.


∙ Art. 2º do CC/02 - prevê que a aquisição da personalidade jurídica se dá com o nascimento
com vida (respiração), pondo a lei, a salvo, os direitos do nascituro desde a sua concepção,
o que não foi uma novidade introduzida pelo Código Civil, pois o art. 4º do CC/16, já previa
este direito.

∙ Conceito de Nascituro – “o que estar por nascer, mas já concebido no ventre materno”
(Francisco Amaral).

∙ Direitos do Nascituro – antes do nascimento o nascituro não é considerado pessoa, já que,


ao longo das considerações feitas em sala de aula todos concluíram que a personalidade só
se adquire do nascimento com vida. No entanto, os direitos do nascituro acham-se
preservados, aguardando o seu nascimento, que se ocorrer com vida, fará retroagir desde
o momento da sua concepção, bastando a prova da gravidez. Em verdade, com tal
elemento probatório, o que há é uma expectativa de direitos destinados ao nascituro.
Assim, se nascer com vida, adquire a personalidade e todos os direitos a elas inerentes. No
entanto, o nascituro possui direitos resguardados desde a sua concepção, como o direito à
vida, a uma gestação saudável e os direitos patrimoniais ficariam sujeitos ao nascimento
com vida (condição suspensiva).

∙ E se a pessoa natural nascer disforme ou acéfala? Nos termos da legislação brasileira é


irrelevante a ocorrência desses fatos, pois a aquisição da personalidade visa a constatação
da existência de troca oxi-carbônica nos pulmões, que se positivada for, fará a prova da
aquisição da personalidade jurídica.

∙ Mas, o porquê de estarmos discutindo aspectos da medicina relacionados com a ciência do


direito? Em verdade, essas considerações causam repercussão no que diz respeito aos
reflexos práticos e sociais, pois se o recém-nascido, cujo pai tenha morrido, falece minutos
após o parto, terá adquirido todos os direitos sucessórios de seu genitor, transferindo-se
para a sua mãe. Nesse caso, a avó paterna da referida criança não poderá reclamar.

∙ Teoria Natalista – Nosso Código Civil adotou a teoria natalista, onde prevê que a aquisição
da personalidade opera-se a partir do momento do nascimento com vida. Assim, há de se
concluir que, não sendo pessoa o nascituro possui apenas uma expectativa de direito. Mas
a questão não é pacífica a respeito do tema no que se refere à doutrina (Caio Mario da
Silva Pereira, Sílvio Rodrigues , Sílvio de Salvo Venosa).

∙ CRÍTICAS - O grande problema da teoria natalista é que ela não consegue responder à
seguinte constatação e pergunta: se o nascituro não tem personalidade, não é pessoa;
desse modo, o nascituro seria uma coisa? A resposta acaba sendo positiva a partir da
primeira constatação de que haveria apenas expectativa de direitos. Além disso, a teoria
natalista está totalmente distante do surgimento das novas técnicas de reprodução
assistida e da proteção dos direitos do embrião. Também está distante de uma proteção
ampla de direitos da personalidade, tendência do Direito Civil pós-moderno.

∙ Teoria da Personalidade Condicional – o nascituro possui direitos sob uma condição


suspensiva (Arnold Wald, Miguel Maria de Serpa Lopes).

∙ CRÍTICAS - O grande problema da corrente doutrinária é que ela é apegada a questões


patrimoniais, não respondendo ao apelo de direitos pessoais ou da personalidade a favor
do nascituro. Ressalte-se, por oportuno, que os direitos da personalidade não podem estar
sujeitos a condição, termo ou encargo, como propugna a corrente. Além disso, essa linha

∙ de entendimento acaba reconhecendo que o nascituro não tem direitos efetivos, mas
apenas direitos eventuais sob condição suspensiva, ou seja, também mera expectativa
de direitos.

∙ Teoria Concepcionista – Foi influenciada pelo Direito Francês e contou com diversos adeptos
(DOUTRINA MODERNA DO DIREITO CIVL). Seu pensamento está atrelado à noção de que
o nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a sua concepção, sendo, assim,
considerado pessoa. Esta é a posição de renomados doutrinadores como Teixeira de
Freitas, Clóvis Beviláquia, Limongi França, Francisco Amaral dos Santos, Pablo Stolzen e
Rodolfo Pamplona.

∙ Conselho da Justiça Federal (CJF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Consigne-se que a
conclusão pela corrente concepcionista consta do Enunciado n. 1 , do Conselho da Justiça
Federal (CJF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), aprovado na 1 Jornada de Direito Civil,
e que também enuncia direitos ao natimorto, cujo teor segue: "Art. 2 A proteção que o
Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da
personalidade, tais como nome, imagem e sepultura".

∙ Considerações da Maria Helena Diniz ;


∙ Personalidade jurídica formal - é aquela relacionada com os direitos da personalidade, o que
o nascituro já tem desde a concepção.

∙ Personalidade jurídica material - mantém relação com os direitos patrimoniais, e o nascituro


só a adquire com o nascimento com vida.

∙ Julgados do STJ:
"Direito civil. Danos morais. Morte. Atropelamento. Composição
férrea. Ação ajuizada 23 anos após o evento. Prescrição inexistente.
Influência na quantificação do quantum. Precedentes da turma.
Nascituro. Direito aos danos morais. Doutrina. Atenuação. Fixação
nesta instância. Possibilidade. Recurso parcialmente provido. I – Nos
termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano
moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não
transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na
fixação do quantum. II - O nascituro também tem direito aos danos
morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo
conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III -
Recomenda- se que o valor do dano moral seja fixado desde logo,
inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e
evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional"
(STJ, REsp 399.02 8/SP, Rei. M in. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4.ª
Turma, j . 26.02 .2002, DJ 1 5 .04.2002 , p. 232).

"Recurso especial. Direito securitário. Seguro DPVAT. Atropelamento


de mulher grávida. Morte do feto. Direito à indenização. Interpretação
da Lei n. 6 1 94/74. 1 . Atropelamento de mulher grávida,
quando trafegava de bicicleta por via pública, acarretando a morte
do feto quatro dias depois com trinta e cinco semanas de gestação.
2. Reconhecimento do direi "Recurso especial. Direito securitário. Seguro
DPVAT. Atropelamento de mulher grávida. Morte do feto. Direito à
indenização. Interpretação da Lei n. 6 1 94/74. 1 . Atropelamento de
mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por via pública, acarretando
a morte do feto quatro dias depois com trinta e cinco semanas de
gestação.
2. Reconhecimento do direito dos pais de receberem a indenização
por danos pessoais, prevista na legislação regulamentadora do
seguro DPVAT, em face da morte do feto. 3 . Proteção conferida pelo
sistema Jurídico à vida intrauterina, desde a concepção, com fundamento
no princípio da dignidade da pessoa humana. 4. Interpretação sistemático-
teleológica do conceito de danos pessoais previsto na Lei n. 6. 1 94/74
(arts. 3 .0 e 4.º). 5. Recurso especial provido, vencido o relator, julgando-
se procedente o pedido" (STJ, REsp 1 1 20676/SC, 3 .ª Turma, Rei. Min.
Massami Uyeda, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 07 .
1 2 . 20 1 0, DJe 04.02 .20 1 1 ) .to dos pais de receberem a indeniza ção
por danos pessoais, prevista na legislação regulamentadora do seguro
DPVAT, em face da morte do feto. 3 . Proteção conferida pelo sistema
jurídico à vida intrauterina, desde a concepção, com fundamento no
princípio da dignidade da pessoa humana. 4. Interpretação sistemático-
teleológica do conceito de danos pessoais previsto na Lei n. 6. 1 94/74
(arts. 3 .0 e 4.º). 5. Recurso especial provido, vencido o relator, julgando-
se procedente o pedido" (STJ, REsp 1 1 20676/SC, 3 .ª Turma, Rei. Min.
Massami Uyeda, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 07 .
1 2 . 20 1 0, DJe 04.02 .20 1 1 ) .
∙ Conclusão - A adoção da linha concepcionista foi confirmada em julgamento mais
recente, de 2014, publicado no Informativo n. 547 da Corte Superior. Consta
expressamente da sua publicação que "o ordenamento jurídico como um todo (e não
apenas o CC) alinhou-se mais à teoria concepcionista - para a qual a personalidade
jurídica se inicia com a concepção, muito embora alguns direitos só possam ser
plenamente exercitáveis com o nascimento, haja vista que o nascituro é pessoa e,
portanto, sujeito de direitos - para a construção da situação jurídica do nascituro,
conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea. Além
disso, apesar de existir concepção mais restritiva sobre os direitos do nascituro,
amparada pelas teorias natalista e da personalidade condicional, atualmente há de se
reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito
à vida é o mais importante, uma vez que garantir ao nascituro expectativas de direitos,
ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido
também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os
demais. Portanto, o aborto causado pelo acidente de trânsito subsume-se ao comando
normativo do art. 3º da Lei 6 . 1 94/ 1 974, haja vista que outra coisa não ocorreu,
senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina" (STJ, REsp 1 .
4 1 5 . 727/SC, Rei . Min. Luis Felipe Salomão, j . 04.09.20 14) .

∙ Lei dos Alimentos Gravídicos - O debate das teorias relativas ao nascituro ganhou reforço
com a entrada em vigor no Brasil da Lei 1 1 . 804, de 5 de novembro de 2008,
conhecida como Lei dos Alimentos Gravídicos, disciplinando o direito de alimentos
da mulher gestante (art. l .º). Os citados alimentos gravídicos, nos termos da lei,
devem compreender os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período de gravidez e que sejam dele decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as
referentes à alimentação especial, assistências médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas
e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes (art. 2º). Em verdade, a norma emergente em nada inova, diante dos
inúmeros julgados que deferiam alimentos durante a gravidez ao nascituro (nesse
sentido, ver, por exemplo: TJMG, Agravo 1 . 0000.00.207040-7 /000, Araxá, 4.ª Câmara
Cível, Rei . Des. Almeida M elo, j. 0 1 .03 .200 1 , DJMG 05 . 04.200 1 ). A doutrina
entende que deveria chamar de Lei dos alimentos do nascituro (TARTUCE, 2018, p. 82)

∙ Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) - A Lei 11 .105/2005, conhecida como Lei de


Biossegurança, tutela a integridade física do embrião, reforçando a teoria
concepcionista. Isso, diante da proibição da engenharia genética em embrião humano,
como regra. O art. 5º da referida lei autoriza a utilização de células-tronco
embrionárias para fins científicos e terapêuticos, desde que os embriões sejam
considerados como inviáveis. Além dessa situação, é possível a utilização das células
embrionárias nos casos de embriões congelados há três anos ou mais, na data da
publicação da lei, ou já congelados na data da publicação da norma, depois de
completarem três anos, contados a partir da data do congelamento. A lei exige
autorização dos genitores do embrião, para que sejam utilizados para tais fins. Como
se pode notar, a utilização de células-tronco embrionárias é exceção e não regra. ∙
Posicionamento do STF - Em maio de 2008, o Supremo Tribunal Federal discutiu a
constitucionalidade do dispositivo, em ação declaratória de inconstitucionalidade
proposta pela Procuradoria-Geral da República (ADin 3 .5 1 0). Seguindo a relatoria do
Ministro Carlos Ayres Britto, por maioria de votos prevaleceu o entendimento de sua
constitucionalidade, autorizando a pesquisa com células-tronco em nosso País. ∙
Posicionamento da doutrina – “Destaque-se que, apesar da filiação à tese concepcionista,
este autor é favorável à constitucionalidade do comando em análise. Primeiro, porque a lei
acaba trazendo uma presunção de morte do embrião, autorizando a utilização de suas
células-tronco se eles forem inviáveis à reprodução. Segundo, porque a partir de uma
ponderação de valores constitucionais, os interesses da coletividade quanto à evolução
científica devem prevalecer sobre os interesses individuais ou de determinados grupos,
sobretudo religiosos. A utilização de células-tronco para fins de terapia representa uma
chama de esperança para inúmeras pessoas que enfrentam doenças e problemas de
saúde. Por fim, insta repisar que os critérios para a utilização das referidas células são
rígidos, o que traz a conclusão do seu caráter excepcional”(TARTUCE, 2015, p. 82).

∙ Em todas as considerações expostas no decorrer da aula e as divergências doutrinárias a


respeito do tema, podemos concluir nos seguintes termos:

∙ a) O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à proteção


do pré-natal, alimentos gravídicos )

∙ b) Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão “inter


vivos”.

∙ c) pode ser beneficiado com legado ou herança.


∙ d) pode ser nomeado representante para a defesa de seus interesses. ∙
e) o Código Penal tipifica o crime de aborto.

∙ f) direito a alimentos.
2 – Capacidade de Direito, Capacidade de Fato e Legitimidade

∙ Uma vez adquirida a personalidade jurídica, toda a pessoa passa a ser capaz de direitos
e obrigações. Possui, portanto, uma capacidade de direito ou de gozo. Assim, todo
ser humano possui capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é
atributo inerente à sua condição. No entanto, nem toda
pessoa possui aptidão para exercer os seus direitos pessoalmente, em razão de
limitações orgânicas ou até mesmo patológica (capacidade de fato). ∙ Conclusão – Todo
ser humano é pessoa na acepção jurídica. Assim a capacidade jurídica atribuída pelo art. 1º
CC/02, todos a possuem, é a chamada capacidade de direito. Porém, nem todos os
homens são detentores da capacidade de fato ou de exercício, pois é a aptidão para
pessoalmente o indivíduo adquirir direitos e contrair obrigações. Sob esse manto
encontram diversos fatores relevantes, como a idade e o estado de saúde da pessoa, sob o
qual trataremos nas aulas seguintes, quando do estudo da incapacidade absoluta e a
incapacidade relativa.

∙ Importante – Com o nascimento com vida há a aquisição da personalidade jurídica e,


neste mesmo instante, adquire-se em virtude de um ato único, tanto a personalidade
jurídica , quanto à capacidade de direito ou de gozo. Nestes termos, a existência da
personalidade e da capacidade de direito da pessoa natural se dá por toda a vida, ou
seja, só haverá perda da personalidade e da capacidade de direito com o evento
morte. Para isto, é preciso esclarecer o momento de sua ocorrência. Nesse sentido,
faremos um estudo aprofundado sobre o tema nas aulas posteriores.

∙ Capacidade de Direito x Capacidade de Fato – “A capacidade de direito confunde-se,


hoje, com a personalidade, porque toda pessoa é capaz de direitos. Ninguém pode ser
totalmente privado dessa espécie de capacidade. E mais: “A capacidade de fato
condiciona-se à capacidade de direito. Não se pode exercer um direito sem ser capaz
de adquiri-lo. Uma não se concebe, portanto, sem a outra. Mas a recíproca não é
verdadeira. Pode-se ter capacidade de direito, sem capacidade de fato; adquirir o
direito e não poder exercê-lo por si. A impossibilidade do exercício, é tecnicamente,
incapacidade”. (Orlando Gomes)

∙ Capacidade x Legitimidade – “Não se confunde o conceito de capacidade com o de


legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante
determinada situação jurídica, tenha ou não capacidade para estabelecê-la. A
legitimação é uma forma específica de capacidade para determinados atos da vida
civil. O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado para agir em
determinada situação jurídica quem a lei determinar. Por exemplo, toda pessoa tem
capacidade para comprar ou vender. Contudo, o art. 1132 do Código Civil estatui: ’os
ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os outros descendentes
expressamente consintam’. Desse modo, o pai, que tem a capacidade genérica para
praticar em geral, todos os atos da vida civil, se pretender vender um bem a um filho,
tendo outros filhos, não poderá fazê-lo sem a anuência dos demais filhos. Não estará
ele, sem tal anuência, ‘legitimado’ para tal alienação. Num conceito bem aproximado
da ciência do processo, legitimação é a pertinência subjetiva de um titular de um
direito com relação a determinada relação jurídica. A legitimação é um “plus” que se
agrega a capacidade em determinadas situações”. (Sílvio de Salvo Venosa).

∙ CAPACIDADE DE DIREITO (GOZO) + CAPACIDADE DE FATO (EXERCÍCIO) = CAPACIDADE


CIVIL PLENA .

∙ Alterações quanto a teoria das incapacidades com o Estatuto das Pessoas com
Deficiência – Lei 13146, de julho de 2015.

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