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Parte II
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Cominuição industrial
capítulo 5
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Britagem Prof. L. Marcelo Tavares (DMM-EP/UFRJ)
5.1 Britagem
A britagem representa o primeiro estágio do processo de cominuição. Ela
pode apresentar vários objetivos, como o de preparar o minério para a cominuição
fina (moagem), maximizar a produção de partículas com um tamanho específico e
com formato característico na produção de agregado para a construção civil,
calcário agrícola e minério de ferro para uso em alto forno, por exemplo, e até
mesmo o de reduzir o top size (tamanho máximo de partícula) do material a fim de
facilitar o seu transporte.
É uma operação que é sempre realizada a seco e em múltiplos estágios.
São vários os tipos de britadores utilizados na indústria, cuja aplicabilidade
depende do tipo de material, capacidade, e razão de redução desejada.
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Britadores de mandíbulas
São usados na britagem primária e encontram aplicações principalmente
em usinas de baixa e média capacidade. A britagem é realizada a seco e razões
de redução entre 2 a 3 são normalmente atingidas.
Eles consistem basicamente de uma mandíbula fixa e de uma móvel ligada
ao excêntrico, que produz o movimento de aproximação e afastamento entre elas.
Desta maneira, o bloco de rocha alimentado à boca do britador faz um movimento
descendente à medida que é sujeito à compressão que causa a quebra sucessiva
do material (Figura 5.2).
Britadores de
mandíbulas são classificados
de acordo com o movimento da
mandíbula móvel (ou,
alternativamente, pelo número
de alavancas). No britador do
tipo Blake (Figs. 5.2 e 5.3) –
que apresenta duas alavancas
– a mandíbula é pivotada no
topo e assim apresenta uma
área de abertura da
alimentação fixa e uma
abertura da descarga variável.
No britador do tipo Dodge – que
somente apresenta uma Figura 5.2. Britador de mandíbulas (tipo Blake)
alavanca – a mandíbula é
pivotada na base, dando uma área
da alimentação variável, mas uma
abertura do produto fixa. Britadores
do tipo universal (Figs. 5.4 e 5.5) são
aqueles nos quais o pivotamento se
dá na porção média da mandíbula,
resultando em aberturas da
alimentação e do produto variáveis.
Estes dois últimos são os mais
freqüentemente usados.
Os britadores do tipo Blake
(Figura 5.2) são normalmente os
mais indicados para britagem
primária de materiais extremamente
duros ou abrasivos em pedreiras, Figura 5.3. Diagrama esquemático do britador
Blake
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Britador giratório
O britador giratório consiste essencialmente de um longo eixo vertical (13)
que carrega um elemento cônico de aço de alta dureza (chamado de manto (9)) o
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Britadores de rolos
Consistem de dois rolos de aço que giram à mesma velocidade e em
sentido contrário, guardando entre si uma distância definida (Figura 5.8). São
caracterizados por uma baixa
capacidade de processamento,
apresentando somente a vantagem
da pequena geração de ultrafinos. A
sua razão de redução máxima é da
ordem de 3.
A granulometria máxima da
alimentação destes britadores é
limitada pela distância entre os
rolos. Considere uma partícula
esférica de diâmetro dp sendo
comprimida por um par de rolos de
diâmetro dr, e que o vão entre eles Figura 5.8. Britador de rolos
é igual a a (Figura 5.8). Se μ é
o coeficiente de atrito estático
entre os rolos e a partícula, θ é
o ângulo formado pelas
tangentes às superfícies dos
rolos nos seus pontos de
contato com a partícula, e F é a
força compressiva exercida
pelos rolos, agindo a partir do
centro dos rolos através do
centro da partícula, então a
condição mínima para que uma
partícula seja segura entre os
rolos pode ser determinada
pelo equilíbrio de forças Figura 5.9. Diagrama esquemático de um britador de
(desprezando-se a rolos
gravitacional) (Wills, 1997)
F senθ / 2 = μ cosθ / 2 (5.1)
então
μ = tanθ / 2 (5.2)
Considerando que o coeficiente de atrito entre aço e a maior parte de partículas
minerais situa-se entre 0,2 e 0,3, então o ângulo máximo θ nunca deve
ultrapassar os 30º, senão a partícula irá escorregar. Além disso, o valor do
coeficiente de atrito diminui com a velocidade, de modo que a velocidade de
rotação dos rolos depende do ângulo θ e do tipo de material a ser britado. Quanto
maior o ângulo θ (mais grosseiras as partículas da alimentação), menor será a
velocidade que os rolos precisarão para permitir que as partículas sejam
agarradas entre eles . Para menores ângulos θ (alimentações mais finas), a
velocidade dos rolos pode ser elevada, aumentando a capacidade. Velocidades
periféricas variam de 1 a 15 m/s, de acordo com o diâmetro dos rolos.
O valor do coeficiente de atrito entre a partícula e os rolos pode ser
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estimado por
⎛ 1 + 1,12μ ⎞
μc = ⎜ ⎟μ (5.3)
⎝ 1 + 6v ⎠
onde μc é o coeficiente de atrito dinâmico e v é a velocidade periférica dos rolos
(m/s).
A partir da Figura 5.8 e para valores de θ entre 25 e 30o, temos
dr + d p
cos(θ / 2) = ≈ 0,97 − 0,98 (5.4)
dr + a
Britadores cônicos
São os britadores mais usados na britagem intermediária e fina na indústria
mineral. Eles operam a razões de redução entre 3 e 4 e são usados mesmo a
cominuição de materiais duros, uma vez que a britagem ocorre
predominantemente por
compressão.
O britador cônico possui o
mesmo princípio de operação do
britador giratório. Entretanto ele se
diferencia do giratório porque o
manto e o cone apresentam longas
superfícies paralelas (Figura 5.10),
garantindo um tempo longo de
retenção do material nesta região.
No britador giratório a descarga se
dá pela ação da gravidade,
enquanto que no cônico, a descarga
é condicionada ao movimento do
cone. Além disso, a freqüência de
rotações é mais elevada no britador
cônico. Figura 5.10. Diagrama esquemático do
O perfil dos revestimentos do britador cônico
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Infelizmente, a
razão de redução é
baixa, sendo raramente
superior a 2. Ela
depende
significativamente do
tipo de rocha e das
condições operacionais,
tendo em vista que a
energia específica de
impacto à qual todas as
partículas estão
submetidas pode ser
estimada por:
ω 2D
Ecs = , (5.5)
2
sendo ω a freqüência de
rotações e D o diâmetro
do rotor. Figura 5.12. Britador de eixo vertical BARMAC®
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Wp1f
que reordenando dá: Mm1 =
1 − c1b11
Produto descarrega do = Wp1
= (1 − c1 )Mm1
Wp1f
= (1 − c1 )
1 − c1b11
=
1
1 − c2b22
(
Wp2f + c1Mm1b21 )
1 ⎛ ⎞
c b Wp f
= ⎜Wp2f + 1 21 1
⎟
1 − c2b22 ⎜⎝ ⎟
1 − c1b11
⎠
Produto descarregado = W p2 = (1 − c2 )M m2
W (1 − c2 ) ⎛ f c1b21p1f ⎞
= ⎜ p2 + ⎟
1 − c2b22 ⎜⎝ 1 − c1b11 ⎟⎠
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⎛ f i −1 ⎞
∑c y b
1 ⎜ pi + ⎟
yi =
1 − ci bii ⎜ j j ij ⎟
⎝ j =1 ⎠
e
pi = (1 − ci )y i
A fim de utilizar o procedimento acima na previsão de resultados de
britagem, precisamos conhecer as funções bij e cj, além da distribuição de
tamanhos da alimentação p if . A função c é também chamada de função de
classificação (Fig. 5.19). Uma forma funcional freqüentemente usada é dada por
b jj = 1 − B(D j ; d pj )
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O tamanho máximo de
blocos a ser alimentado à
britagem primária depende da
escala de produção e do método
de lavra, como mostra a Tabela
5.2. O tamanho máximo da
alimentação nos estágios
intermediários de britagem é
função das condições
operacionais dos estágios
anteriores. O tamanho máximo
da partícula que pode ser
alimentado a um britador é
normalmente limitado pelas suas
dimensões, como mostra a
Tabela 5.3.
A capacidade do britador
pode ser determinada pela
seguinte Equação
Figura 5.20. Fator de tamanho da alimentação (C)
Q = Q t ABC D (5.6)
sendo Qt é a capacidade
nominal do britador, obtida
em tabelas do tipo dada
na Tabela 5.4, e A, B, C e
D são fatores de correção
que dependem das
condições operacionais de
britagem.
A é o fator de densidade aparente e é aproximadamente dado por
A = 0,636 ρ a , onde ρa é a densidade aparente do material, em t/m3. O fator B
depende do índice de trabalho do material (Wi em kWh/t), e é dado por
B = 1,56exp( −0,0306 Wi ) . Os fatores de tamanho da alimentação C e umidade D
são estimados através das Figuras 5.20 e 5.21.
A análise granulométrica aproximada do produto pode ser obtida a partir de
curvas padronizadas como aquelas mostradas na Figura 5.22.
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Revestimentos
O movimento relativo dos corpos moedores é determinado pela ação de
tamboramento, a qual é muito influenciada pelo revestimento que é fixado dentro
da carcaça do moinho. O revestimento tem os propósitos de proteger a carcaça
do moinho do desgaste – uma vez que revestimentos podem ser substituídos –
assim como prevenir o escorregamento dos corpos moedores e da carga de polpa
no moinho em relação à carcaça do moinho. O escorregamento irá consumir
energia desnecessariamente.
Placas de revestimentos encontram-se disponíveis em uma variedade de
formatos, que incluem o liso, ondulado, alto-baixo (Hi-lo) e de degraus (step
liners) (Figura 5.24).
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Figura 5.26 Alimentador de calha (esq.), de tambor (centro) e “bico de papagaio” (dir.)
Alimentadores
Os moinhos dispõem de
diferentes sistemas para melhor
atender os requisitos de layout e de
processo. Alimentadores de bico de
papagaio (scoop feeder) são os mais
usados quando são empregados
classificadores espirais,
dispensando o emprego de bomba
de elevação de polpa (Figura 5.26).
Quando hidrociclones são utilizados
na classificação, o mais usado é o
alimentador de calha, o qual
necessita que os ciclones estejam
montados a uma altura suficiente
para garantir a alimentação direta no
moinho. É também utilizado o
alimentador de tambor, que requer
uma altura de queda para
alimentação menor que o exigido
pelo alimentador de calha.
Descarga
Diferentes tipos de descargas são empregadas em moinhos tubulares,
como mostra a Figura 5.27. Nos moinhos de barras os tipos de descarga mais
comuns são por transbordo, descarga periférica central e terminal. Na descarga
central, pouco usada em geral, a alimentação é realizada pelas duas
extremidades e a descarga do produto do moinho é realizada através de janelas
localizadas no centro da carcaça. A descarga periférica terminal ocorre por meio
de várias aberturas periféricas, sendo muito usada na moagem a seco ou na
moagem úmida grossa. Nos moinhos de bolas os tipos de descarga mais usados
são a descarga por grade (diafragma) e a descarga por transbordo. Aqueles com
descarga de diafragma possuem uma grelha entre o cilindro da carcaça e o cone
(trunnion) de descarga, permitindo a polpa passar livremente pelas aberturas da
grelha, mas não as bolas. Existe um dispositivo de elevação de polpa no
compartimento posterior à grelha que facilita o fluxo de polpa no moinho,
provocando maior velocidade do fluxo de polpa na descarga do moinho. Esses
moinhos têm um nível de polpa mais baixo do que os de transbordo, reduzindo
assim o tempo de residência das partículas e evitando a sobremoagem. Esse tipo
de descarga também é amplamente usado em moinhos autógenos e semi-
autógenos.
Corpos moedores
O tamanho e o tipo dos corpos moedores afeta significativamente os
resultados de moagem.
Quanto ao tipo, aço é o material normalmente preferido pela alta densidade
e relativamente baixo custo, embora tenha baixa resistência ao desgaste. Aços
tratados e endurecidos são usados, pois apresentam maior resistência ao
desgaste. De fato, o desgaste se deve tanto à abrasão quanto à corrosão,
principalmente na moagem a úmido. Em moinhos de bolas e na moagem a
úmido, o consumo de aço é da ordem de 0,1 a 1 kg/ton de minério processado (o
consumo de aço no revestimento é tipicamente 10% desse). Em alguns casos
particulares, quando a prevenção da contaminação por ferro no minério for
particularmente importante, alumina ou sílex (ou até porcelana) podem ser usados
como corpos moedores. Eles possuem elevado custo e normalmente só são
justificados economicamente na moagem de minerais industriais de elevado valor
agregado.
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Dm − d b
Fc = mbω 2 (5.7)
2
onde ω e Dm são a velocidade angular e o diâmetro do moinho, e mb e db são a
massa e o diâmetro dos corpos moedores, respectivamente. A força gravitacional
é dada por
Fg = mb g (5.8)
ω c2 (Dm − d b )
mb = mb g (5.10)
2
1/ 2
⎡ 2g ⎤
ωc = ⎢ ⎥
⎣ (Dm − d b ) ⎦
A velocidade crítica é normalmente expressa em termos do número de
rotações por unidade de tempo (freqüência).
1/ 2
ω 1 ⎡ 2g ⎤ 0,705
Nc = c = ⎢ ⎥ = rotações/s egundo
2π 2π ⎣ (Dm − d b ) ⎦ (Dm − d b )1 / 2
(5.11)
42,3
= rotações/m inuto
(Dm − d b )1 / 2
Figura 5.28. Estados de movimento de corpos moedores: (a) cascata; (b) catarata; (c)
centrífugo.
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Moinhos de bolas
Moinhos de bolas (Figura
5.23) são o tipo mais importante
dos moinhos tubulares. Eles são
construídos em diversos Figura 5.31. Ação moedora das barras
tamanhos, desde unidades de laboratório (com 15 cm de diâmetro) até moinhos
industriais de grande capacidade (um moinho de 6,5 m de diâmetro encontra-se
em operação na Noruega: Sydvaranger).
Moinhos de bolas tem normalmente razões C/D na ordem de 1,5 a 1. Para
moinho longos, com maiores relações C/D, (3 a 5) os mesmos são usados em
múltiplos compartimentos. Moinhos compartimentados são usados na indústria
do cimento e possuem separações entre os vários compartimentos e bolas com
tamanhos distintos.
Considerando que bolas possuem uma maior área superficial por unidade
de peso que barras, moinhos de bolas são mais adequados à moagem fina.
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Moinhos autógenos e
semi-autógenos
Moinhos autógenos
e semi-autógenos (Figura
5.32) são usados em
diâmetros de até 12
metros de diâmetro. Estes
moinhos utilizam
partículas do próprio
minério como corpos
moedores e são aplicados
a minérios competentes.
Sua aplicabilidade a um
determinado minério é
determinada por meio de
ensaio em planta piloto.
Caso o moinho autógeno Figura 5.32. Moinho autógeno
apresente uma
concentração de fragmentos de granulometria intermediária em seu produto, pode
ser usada uma pequena carga de bolas (até 10 % do volume), transformando-se
o moinho semi-autógeno. Moinhos autógenos e semi-autógenos têm seu uso
principal no primeiro estágio da moagem em instalações que usam moinhos de
bolas ou de seixos no segundo estágio.
Existem moinhos autógenos e semi-autógenos com diversas relações
diâmetro/comprimento. Os mais tradicionais, de baixa relação
comprimento/diâmetro e são chamados de moinhos “panqueca”, com C/D entre
0,3 e 0,6.
Circuitos com moagem autógena ou semi-autógena e moagem em bolas
são aqueles que apresentam o menor nível de investimento por dispensar a
britagem fina. O consumo energético é maior que nos tipos anteriores em cerca
de 20 a 30 %; para alguns minérios esse aumento de consumo de energia em
relação aos circuitos convencionais pode ser muito maior. O consumo de metal,
por outro lado, é ausente ou menor que na moagem convencional. Em geral,
considera-se que a moagem autógena torna-se vantajosa, quando o preço da
energia elétrica é menor que cinco centavos de dólar por kWh.
Moinhos de seixos têm características semelhantes às dos moinhos de
bolas, porém com menor capacidade devido à menor densidade dos seixos em
relação às bolas de aço. Moinhos de seixos são normalmente na moagem fina.
Neste moinho, seixos (ou cascalhos) maiores que 70 mm funcionam como corpos
moedores.
Atualmente, moinhos semi-autógenos competem diretamente com
britadores na tarefa de realizar a britagem fina (que também poderia ser chamada
de moagem grosseira) do minério. Algumas das vantagens da moagem SAG em
comparação com britadores são: menos poeira, baixa intervenção de pessoal
devido à automação, elevada capacidade unitária, mínimo de paradas não
planejadas, menor custo de instalação (economia de escala).
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Na prática, observa-se que o expoente 2,5 de Dm varia entre 2,3 até 3,0.
O efeito da variação da velocidade de rotação do moinho é mostrado
graficamente na Figura 5.33. O efeito da
velocidade de rotação do moinho se dá
por dois efeitos: o valor de N e o
deslocamento do centro de gravidade
com a velocidade. O centro de
gravidade inicialmente se desloca do
eixo para a periferia do tubo com o
aumento da velocidade, mas à medida
que a velocidade crítica se aproxima, o
centro de gravidade se move de volta
na direção do centro do moinho, uma
vez que uma proporção cada vez maior
Figura 5.33 Efeito da velocidade de rotação
na potência de moinhos
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5.2.6 Dimensionamento de
moinhos
O principal método de
dimensionamento de moinhos
Figura 5.35. Fatores para o cálculo da potência do
é o baseado na Equação de
moinho
Bond (Eq. 4.13) e na
definição do Índice de Trabalho (Wi), cuja metodologia de determinação foi
também estabelecida por Fred Bond na década de 50.
Bond definiu Wi como a energia específica (energia por unidade de massa)
necessária para cominuir um material de uma granulometria muito grosseira
(teoricamente infinita!) até 80% menor que 100 μm. Valores de Wi variam
tipicamente de 5 a 25 kWh/t para diferentes materiais. A equação (4.13) pode,
então, ser re-escrita como
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⎛ 1 1 ⎞
E = 10Wi ⎜ 1 / 2 − 1 / 2 ⎟ (5.16)
⎜ dp d a ⎟⎠
⎝
onde dp e da são os tamanhos representativos do produto e da alimentação do
moinho, respectivamente, em micrometros.
A energia determinada pela equação acima representa aquela para as
condições padrões de um moinho de barras, operando a úmido e em circuito
aberto com 2,44 m de diâmetro interno; ou no caso de um moinho de bolas de
2,44 m de diâmetro interno, operando a úmido em circuito fechado com um
classificador espiral e com carga circulante de 250%. Essa estimativa de energia
já inclui as perdas nos mancais e nas engrenagens do pinhão, mas não inclui as
perdas do motor ou em qualquer outro componente, tais como redutor e
embreagens.
Qualquer condição de moagem que seja distinta àquela padrão usada por
Bond, exige ajuste da equação da energia específica através de fatores de
correção. Esses podem ser encontrados, por exemplo, na publicação de Luz et al.
(1997). A energia específica obtida após o uso das correções adequadas,
multiplicada pela taxa de alimentação nova, dá a potência requerida do motor. As
dimensões do moinho devem ser escolhidas a partir da escolha das condições de
moagem (freqüência e grau de enchimento), com o auxílio da Equação 5.15.
∑ b s p (t ) para i = 1, 2 , 3, ... n
dpi
= −si pi (t ) + ij j j (5.17)
dt j = i +1
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onde s1 é a constante de
4
proporcionalidade que recebe o Declive = -s1/2,3
nome de velocidade específica 3
log[ p1(t ) / p1(o )] = s1t / 2,3 Figura 5.36. Exemplo de gráfico de primeira ordem
Bibliografia
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CETEM/CNPq, 1997.
SCHÖNERT, K., A first survey of grinding with high-compression roller mills, Int. J. Min. Process.,
Vol. 22, pp. 401-412, 1988.
SCHÖNERT, K., Advances in comminution fundamentals and impacts on technology.
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WILLS, B.A., Mineral Processing Technology, 6a edição, Butterworth-Heineman, 1997.
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Moagem ultrafina Prof. L. Marcelo Tavares (DMM-EP/UFRJ)
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Características construtivas
Moinhos atritores encontram-se disponíveis em diversos variantes, mas
que normalmente operam somente a úmido. Esses se encontram disponíveis com
eixos horizontais e verticais.
Um diagrama esquemático de um moinho popular na indústria mineral é
mostrado na Figura 5.41. Eles consistem de um tanque cilíndrico estacionário
dentro do qual um agitador gira a altas velocidades causando o cisalhamento dos
corpos moedores e a suspensão resultando em um fluxo turbulento dentro da
câmara do moinho. A alimentação pode ser introduzida tanto pela base quanto
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são necessários para uma moagem fina eficiente, então o tamanho mínimo de
bolas para um moinho de torre é limitado à velocidade máxima que o agitador irá
permitir. Moinhos industriais operam entre 40 e 50 rpm, que comparam com
algumas unidades de laboratório e em escala piloto que podem atingir
velocidades superiores a 2000 rpm.
Nos moinhos de torre o agitador de parafuso ergue os corpos moedores
em um padrão espiral até o topo do helicóide. Nesse ponto flui para o vão entre o
agitador e a carcaça e lentamente vai descendo em movimento espiral para baixo
na mesma direção de rotação do parafuso. Isso resulta em um movimento
semelhante ao de convecção dos corpos moedores dentro da câmara. Sob todas
as condições um leito empacotado de corpos moedores era observado e
conseqüentemente em nenhum momento condições de impacto foram
observadas.
Quando altas velocidades de rotação são empregadas, também pode
ocorrer a centrifugação da carga. Um movimento relativo entre os corpos
moedores é necessário para produzir a cominuição por atrição, de modo que
quando inicia a centrifugação o movimento cessa, sendo essa uma situação
claramente desvantajosa. Isso significa que o moinho de torre possui uma
velocidade limite, acima da qual o seu desempenho irá deteriorar.
Para uma mesma velocidade do agitador, corpos moedores de menor
diâmetro se movem a maiores velocidades que os maiores. Considera-se que
bolas menores oferecem mais sítios nos quais o escorregamento pode ocorrer, de
modo que ocorrerá uma menor transferência de quantidade de movimento do
agitador para a carga. Essa explicação é consistente com o fato que menores
corpos moedores requerem uma maior velocidade do agitador para mantê-las em
movimento. Por outro lado, se a velocidade de agitação é muito baixa para um
determinado tamanho de bolas, então existirão partes dos corpos moedores que
não estarão se movendo e obviamente não estarão moendo.
Considerando que o número de colisões entre os corpos moedores é
constante para um dado volume de carga e para uma dada velocidade de rotação
do moinho de esferas, então a única maneira de aumentar o número de colisões
entre corpos moedores é aumentar o seu número. Isso essencialmente
corresponde a reduzir o tamanho dos corpos moedores, dentro dos limites entre
dado pela razão entre tamanho inicial das partículas e o tamanho dos corpos
moedores, conforme mencionado previamente. Entretanto, também é possível e
usual misturar corpos moedores de diferentes tamanhos para atingir isso. Algum
aumento de eficiência pode ser atingido a partir do aumento da carga total
resultante de misturas de bolas de tamanhos diferentes, devido ao maior
empacotamento dos interstícios.
Potência
Uma estimativa da potência de moinhos de torre é oferecida pela equação
(Napier-Munn et al., 1996)
Potencia liquida (kW) = 0,0743HbNs ρc Db0,11Ds3,06T 0,57
sendo Hb a altura da carga de bolas (m), Ns a velocidade de rotação do agitador
(rpm), ρc a densidade da carga (t/m3), Ds o diâmetro da hélice (m), T = número de
voltas de cada hélice do agitador por hélice e Db o tamanho médio dos corpos
moedores.
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Bibliografia
NAPIER-MUNN, T.J., MORREL, S., MORRISON, R.D., KOJOVIC, T., Mineral Comminution
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Queensland, 1996.
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WILLS, B.A., Mineral Processing Technology, 5a edição, Pergamon, 1992.
113
Separação por tamanhos
capítulo 6
114
Separação por tamanhos Prof. L. Marcelo Tavares (DMT-EP/UFRJ)
prática, somente o curto-circuito das partículas finas para o produto grosseiro que
é significativo. Isto se caracteriza por um intercepto diferente de zero no eixo das
ordenadas da curva de partição no tamanho zero (α na Figura 6.1). Em um
hidrociclone este é resultante do arraste pela água das partículas muito finas até a
camada limite na parede da seção cônica e sua descarga com o underflow. Em
outros classificadores como o classificador espiral e peneiras, partículas finas são
fisicamente arrastadas com as partículas grosseiras para dentro do fluxo do
produto.
Se a ação ideal de classificação do equipamento é descrita pela função de
classificação e(dp) e uma fração α da alimentação sofre um curto-circuito
diretamente para o produto grosseiro, então um balanço de massas simples nos
dá a curva real de classificação
c(d p ) = α + (1 − α )e(d p ) (6.1)
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Tabela 6.1 Planilha de cálculo dos coeficientes de partição a partir das vazões mássicas
e das distribuições de tamanhos dos produtos (O = 20 t/h e U = 80 t/h)
Peneira % t/h Tamanho Fração da
Di Undersize Over- Undersize Oversize Alimentação represen- alim. ao
(μm) piu size u
U pi (d p ) o
O pi (d p ) u
U pi (d p ) + tativo dpi produto
pio
o ( μm) grosso ci(dp)
O pi (d p )
2360 0,07 42,6 0,06 8,52 8,58 - 0,99
1180 0,20 19,1 0,16 3,82 3,98 1668 0,96
600 2,35 11,6 1,88 2,32 4,20 841 0,55
300 3,38 9,7 2,70 1,94 4,64 424 0,42
150 4,42 3,8 3,54 0,76 4,30 212 0,18
75 3,29 1,7 2,63 0,34 2,97 106 0,11
-75 86,29 11,5 69,03 2,30 71,33 38 0,03
Total 100,00 100,00 80,00 20,00 100,00 - -
Rosin-Rammler:
e(d p ) = 1 − exp( −0,693 x λR ) (6.3)
Lynch:
exp(λL x )
e(d p ) = (6.4)
exp(λL x ) + exp(λL ) − 2
Rosin-Rammler:
IP = exp( −1,572 / λR ) (6.5)
Lynch:
ln[(exp λL + 2) / 3]
IP = (6.6)
ln[3 exp λL − 2]
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Grelha
A grelha é um tipo de peneira
estacionária utilizada no
peneiramento de material muito Figura 6.2. Grelha
grosseiro. Na sua forma mais
simples, ela consiste de uma série de barras paralelas colocadas em uma
estrutura (Fig. 6.2). Algumas grelhas empregam correntes ao invés de barras e
algumas são vibradas mecanicamente a fim de propiciar uma melhor separação
de tamanhos. A aplicação mais comum de grelhas no tratamento de minérios é na
preparação da alimentação de britadores primários, onde ela remove da
alimentação do mesmo o material menor que a abertura do britador.
As barras da grelha são inclinadas normalmente a ângulos entre 20 e 50o,
e quanto maior a inclinação, maior a capacidade, mas menor a eficiência.
Peneira DSM
É um tipo de peneira estacionária que foi desenvolvida na década de 50
pela Dutch State Mines. Ela tem encontrado importantes aplicações no
peneiramento fino de polpas minerais até granulometrias de 50 μm.
Ela consiste de uma peneira curva
composta de barras em forma de cunha
(Figs. 6.3 e 6.4). A polpa da alimentação
entra tangencialmente na superfície
superior da peneira e flui para baixo
perpendicularmente às aberturas entre as
barras. À medida que a polpa passa por
cada abertura, uma camada fina é retirada
do fluxo e direcionada ao undersize.
Partículas com tamanho de
aproximadamente a metade da distância
entre as barras passam sobre a superfície
da peneira. O diâmetro de corte depende
da percentagem de sólidos da polpa, de
modo que o controle desse parâmetro é
fundamental para uma operação estável Figura 6.3. Diagrama esquemático da
desse tipo de peneira. peneira DSM
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Peneira vibratória
As peneiras vibratórias são
as máquinas de peneiramento
mais importantes para aplicações
em tratamento de minérios. Foram
desenvolvidas no século 18 na
Holanda. Elas são capazes de lidar
com material entre 250 mm e 250
μm de tamanho. A sua principal
aplicação é em circuitos de
britagem, onde ela trata de
materiais geralmente entre 250 e 5
mm de tamanho.
A vibração é induzida
verticalmente, seja pela rotação de
um aparelho mecânico
reciprocante aplicado à estrutura
ou por dispositivos
eletromagnéticos operando
diretamente na peneira. Ela é
utilizada a fim de aumentar a sua Figura 6.4. Funcionamento da peneira DSM
eficiência, uma vez que o
entupimento é reduzido e
a segregação do material
da alimentação é induzida,
fazendo com que os finos
atravessem pelo leito até a
superfície de
peneiramento (Figura 6.5).
Uma vibração excessiva,
entretanto, poderá reduzir
a eficiência da peneira, em
decorrência da redução do
número de saltos e, Figura 6.5. Diagrama esquemático do peneiramento
portanto, do número de
chances da partícula atravessar
a superfície de peneiramento.
Altas taxas de vibração, em
geral, podem ser utilizadas com
altas taxas de alimentação,
uma vez que o leito mais
espesso de material tem um
efeito amortecedor que inibe a
projeção excessiva de
partículas.
Na prática é comum
utilizar freqüências mais
elevadas e amplitudes mais
baixas para partículas mais Figura 6.6. Peneira vibratória de duplo deque
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Barras perfiladas
Essas superfícies são feitas de barras paralelas ancoradas em membros
transversais mais pesados. Elas normalmente têm superfície plana e tem forma
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Placas perfuradas
Placas perfuradas
são normalmente mais
duráveis que telas, sendo
também mais resistentes e
mais rígidas. Entretanto,
uma vez que são mais
pesadas e tem menor
capacidade que telas, elas
são geralmente restritas a
separações mais grosseiras. Figura 6.8. Superfícies de peneiramento
Superfícies de
borracha ou poliuretano oferecem diversas vantagens sobre metal: maior
durabilidade, uma vez que borracha se deforma apenas temporariamente sobre
carregamento; menor entupimento, devido à elasticidade da abertura; menor
ruído; e menor degradação mecânica do material durante o peneiramento.
Algumas das desvantagens são a resistência limitada a altas temperaturas, e uma
menor percentagem de área aberta à medida que diminui a abertura da peneira.
Essas superfícies são geralmente produzidas aderindo borracha no topo de uma
placa de aço, ou até mesmo a uma outra placa de borracha de maior resistência.
Inicialmente o custo da borracha é de duas a quatro vezes superior ao do aço,
mas a potencialmente mais longa durabilidade pode resultar em custos totais
significativamente menores.
Telas
Representam aproximadamente ¾ das peneiras utilizadas na indústria,
tendo sido introduzidas pelos alemães no século 15. São constituídas por fios
metálicos trançados geralmente em duas direções ortogonais, de forma a
formarem uma “malha” de uma dimensão pré-determinada. Diversos materiais
são usados na confecção dessas malhas, incluindo aços (carbono, temperado e
inoxidável - para o peneiramento a úmido), cobre, bronze, borracha e poliuretano.
A escolha do tipo de malha irá depender do tipo de material a ser peneirado e do
regime de peneiramento (seco/úmido, se corrosivo ou não).
Diferentes formatos de aberturas da malha são também utilizados: a
abertura quadrada é a mais comum, mas possui menor área aberta e é, portanto,
mais utilizada no peneiramento grosseiro. A abertura retangular, que possui maior
área aberta, tem maior aplicação no peneiramento de partículas finas.
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que assume que não existe nenhum material grosseiro no undersize, o que é
verdadeiro quando a peneira não se encontra danificada. A eficiência de projeto
se encontra normalmente entre 92 e 95%. A umidade, a proporção de material
near-size, o formato de partícula e a densidade são alguns dos fatores que afetam
a eficiência.
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sendo
h2
Área aberta real = 100
(h + dw )2
Fator de oversize B
Uma peneira pode lidar com uma maior tonelagem de material que contém
grandes quantidades de material maior que a abertura da peneira (oversize) uma
vez que esse material passa diretamente sobre a peneira e não precisa ser
transmitido através dela. Isso é levado em consideração pelo fator de oversize C,
B = 1,6 − 1,2(1 − P (hT )) para P(hT) ≥ 0,13 (6.12)
B = 4,275 − 4,25(1 − P (hT )) para P(hT) < 0,13
Fator de finos C
Alimentações que contêm uma grande proporção de material que é
substancialmente menor que o tamanho de abertura da malha será manuseado
mais facilmente pela peneira. A condição padrão é definida como uma
alimentação que contém 25% menor que a metade da abertura da malha. Se a
alimentação tem mais que 25% que a metade da abertura da malha, então o fator
vai exceder a unidade, e vice-versa.
C = 0,7 + 1,2P (hT / 2) para P(hT/2) ≤ 0,3
C = 2,053P (hT / 2)0,564 para 0,3 < P(hT/2) ≤ 0,55 (6.13)
C = 3,35P (hT / 2)1,37 para 0,55 < P(hT/2) ≤ 0,8
C = 5,0P (hT / 2) − 1,5 para P(hT/2) > 0,8
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piu (d p ) =
[1 − c (d )]p (d )
i p
a
i p
∑ [1 − c (d )]p (d ) a
(6.20)
i p i p
i
6.3 Classificação
Classificação é a separação de partículas em fluidos de acordo com a sua
velocidade de sedimentação. De uma maneira simplista, um classificador
essencialmente consiste de uma coluna separadora, na qual o fluido (líquido ou
gasoso) ascende a uma velocidade uniforme. As partículas introduzidas nessa
coluna podem subir ou descer, dependendo das suas velocidades de
sedimentação. Classificadores geram dois produtos: um constituído de partículas
com velocidade terminal menor que a velocidade do fluido (chamado overflow), e
outro constituído de partículas com velocidade terminal maior que a velocidade do
fluido (denominado underflow). Considerando que a água é o fluido mais
freqüentemente utilizado no tratamento de minérios, classificadores a úmido são
analisados em maior detalhe a seguir.
De acordo com o método de remoção do material sedimentado,
classificadores podem ser classificados em mecânicos e não-mecânicos.
Classificadores mecânicos usam algum meio mecânico (que geralmente opera
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6.3.3 Hidrociclone
O princípio básico da separação empregado nos ciclones é a sedimentação
centrífuga. O desempenho de um ciclone é influenciado pelas suas variáveis de
projeto (dimensões) e pelas variáveis operacionais, assim como pelas
propriedades físicas dos sólidos e da polpa alimentada.
Um diagrama esquemático de um hidrociclone é mostrado na Figura 6.10.
Ele consiste de uma câmara cônica acoplada a um cone invertido, equipado com
uma entrada tangencial e duas saídas dispostas ao longo do eixo vertical do
equipamento. A polpa é injetada sob pressão no aparelho, através de um duto
(inlet) situado na parte superior da câmara cilíndrica e, como resultado de sua
entrada tangencial, é criado no seu interior um redemoinho. As partículas mais
grosseiras e mais densas são arremessadas às paredes e descarregadas pela
abertura inferior (chamada apex), constituindo o underflow. As partículas mais
finas e parte do fluido são dirigidas para o centro do ciclone e saem por um
cilindro na parte superior do aparelho, denominado vortex finder, vindo a constituir
o overflow.
O mais significativo
padrão de fluxo dentro do
hidrociclone é o da espiral
dentro de outra espiral,
ilustrado na Figura 6.8.
Essas espirais são
geradas pela alimentação
tangencial e revolvem na
mesma direção; a
reversão da velocidade se
aplica somente à
componente vertical. Isso
é mostrado na Figura
6.11, que mostra os três
componentes do fluxo
dentro do hidrociclone.
Algumas das Figura 6.10. Diagrama esquemático do hidrociclone
vantagens dos
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hidrociclones são:
a) elevada capacidade em relação ao seu volume e à área ocupada;
b) relativa facilidade de seu controle operacional;
c) pequeno custo de investimento;
Algumas das suas desvantagens, entretanto, são:
a) sua operação é muito afetada por oscilações na alimentação;
b) um controle estrito do processo exige instrumentação sofisticada;
c) o desgaste dos ciclones e bombas pode ser elevado quando o minério for
abrasivo;
d) incapacidade de armazenar grande volume de polpa e, portanto, atuar como
um regulador no circuito.
Modelagem matemática
Em geral, uma partícula dentro de um hidrociclone é sujeita a duas forças
opostas: uma força gravitacional e uma de arraste (vide capítulo 2). Se
considerarmos o caso de uma partícula esférica fina, temos que
πd 3 ( ρ s − ρf ) v ( t )
2
Fc = (6.22)
6 r
onde r é a distância instantânea do centro do hidrociclone. Se considerarmos que
condições de escoamento laminar predominam, temos que a força de arraste do
fluido pode ser dada pela Equação (2.7)
FD = 3πdμ v ( r ) (6.23)
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Dimensionamento
A capacidade e o diâmetro de corte do ciclone, que são os principais
parâmetros no dimensionamento de hidrociclones, dependem de uma série de
variáveis operacionais e de projeto – como mostram as Equações (6.25) a (6.28)
– mas são predominantemente ditadas pelo diâmetro do ciclone. A dependência
do d50 do diâmetro do ciclone se deve às velocidades tangenciais, as quais
estabelecem as forças centrífugas que – em última análise – produzem a
separação. Ciclones de pequeno diâmetro produzem altas velocidades e forças e,
portanto classificam mais fino. Uma vez escolhido o diâmetro do hidrociclone, é
possível (a princípio) adequar as outras variáveis operacionais e de projeto a fim
de obter o corte e a capacidade desejados. O procedimento comum consiste em
escolher, a partir de dados tabelados (ou de diagramas como aquele mostrado na
Figura 6.12), o diâmetro do ciclone capaz de produzir o tamanho de corte
desejado. O diâmetro do ciclone determina a capacidade, de modo que o número
de hidrociclones é determinado com base no volume de polpa a ser processada.
Uma relação entre vazão e diâmetro é dada por
Q = 0,0095 P Dc2 (6.30)
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Figura 6.12. Diagrama de seleção de hidrociclones (Krebs), assumindo uma polpa de menos
de 30% de sólidos e com partículas de densidade enter 2,5-3,2 g/cm3. O número do modelo
representa o diâmetro do ciclone, em polegadas
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