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o que afirma Köche (2003, p. 129): “[...] à medida que os seus conhecimentos vão se
ampliando em função das leituras efetuadas [...], o investigador começará a perceber o
complexo de varáveis (aspectos, elementos) que estão presentes no tema de pesquisa que
escolheu e, então, começará a decidir com quais irá trabalhar”.
(i) O projeto de pesquisa, como o próprio nome já diz, não é o produto final da pesquisa.
Trata-se, pois, de um roteiro, de um planejamento prévio que poderá sofrer alterações
ao longo do processo de investigação científica.
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(iii) As diferentes estruturas atendem à organização dos órgãos responsáveis pela seleção
e aprovação dos projetos. Normalmente, o processo de seleção estabelece, por meio
de editais, normas ou regulamentos, a estrutura para a apresentação e elaboração dos
projetos. Programas de pós-graduação, editais de Iniciação Científica, agências de
fomento à pesquisa (CNPq, CAPES, FAPEMIG) possuem exigências e formulários
próprios. O candidato disposto a apresentar um projeto deve estar atento à estrutura
exigida.
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D) Metodologia (Materiais e métodos) - Antes de tudo, é necessário ressaltar que o
delineamento metodológico, objeto deste tópico, está intrinsecamente ligado ao tipo de
pesquisa a ser realizado. O delineamento metodológico deverá explicitar o encaminhamento
da investigação destacando as técnicas e os materiais (se for o caso) que serão utilizados.
E) Plano de trabalho e cronograma - O cronograma pode ser elaborado em forma de
tabela e deve considerar o prazo máximo de entrega dos resultados finais da pesquisa.
F) Referências - As obras e artigos estudados para a elaboração do referencial teórico
devem ser listados em ordem alfabética e em conformidade com a NBR 6023 – ago. 2002 da
ABNT ou da APA.
De acordo com Gil (2002, p. 41) e Andrade (Cf. 2003, p. 124), a classificação das
pesquisas levando em consideração seus objetivos gerais permitem-nos identificar três
grandes grupos de estudos, a saber, os exploratórios, os descritivos e os explicativos.
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ANDRADE, 2003, p. 124). As pesquisas bibliográficas e os estudos de caso são os exemplos
mais comuns de pesquisa exploratória.
Essas pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das
coisas. Por isso mesmo, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer
erros aumenta consideravelmente.
(i) Caso se pretenda, por exemplo, explicar as variáveis que concorrem para o
aumento da violência contra jovens em uma determinada região, é preciso
levantar, por meio de estudos exploratórios e descritivos, os fatores
relacionados e os índices de violência de regiões similares. A partir daí, é
possível elaborar hipóteses capazes de ser verificadas e, assim, explicar o
problema.
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(ii) Pode-se explicar, por meio de testes, os efeitos benéficos ou maléficos do
consumo de determinadas substâncias para a saúde humana, considerando a
constituição química da substância e o que se sabe de fisiologia humana.
(iii) É possível explicar ocorrências atípicas na natureza pressupondo a descrição e
a caracterização dos diversos ecossistemas já estudados.
Bibliografia é o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores
conhecidos e identificados ou anônimos, pertencentes a correntes de pensamento
diversas entre si, ao longo da evolução da Humanidade. E a pesquisa bibliográfica
consiste no exame desse manancial, para levantamento e análise do que já se
produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa
científica.
Para Köche (1997, p. 122), a realização deste tipo de investigação exige que o
pesquisador examine o conhecimento disponível em sua área de atuação, identifique as teorias
produzidas, analise e avalie sua contribuição na compreensão ou explicação do problema
investigado. Nesse sentido, conforme Gil (2002, p. 44) e Ruiz (1976, p. 57), quase todos os
outros tipos de pesquisa exigem uma investigação desta natureza. Basta notar que os artigos
científicos de qualquer área apresentam o tópico “referencial teórico” ou “revisão de
literatura”.
Segundo Köche (1997, p. 122), as principais finalidades das pesquisas bibliográficas
são as seguintes:
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Por se tratar de um trabalho teórico, os procedimentos metodológicos da pesquisa
bibliográfica baseiam-se na leitura e fichamento/documentação. O material levantado acerca
do assunto pesquisado será submetido à análise e à apreciação, e as informações obtidas
devem ser armazenadas em “fichas”. Considerando Guerra e Castro (2002, p. 17-21), a boa
leitura deve sempre vir acompanhada de “técnicas de armazenamento. Todo apontamento, por
mais pessoal que seja, pode ser organizado em fichas e acumulado em arquivos”. Entre os
tipos de fichas mais úteis, destacam-se:
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A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa
bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores
sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de
acordo com os objetos da pesquisa.
Entre as principais áreas que se valem da pesquisa documental estão a filosofia, a história, a
sociologia, a ciência política, a psicologia social, a economia, os estudos literários e artísticos
entre outras.
As fontes utilizadas na pesquisa documental são diversificadas e dispersas. Conforme
Gil (2002, p. 46), existem dois tipos principais:
Documentos “de primeira mão” que não receberam tratamento analítico – Exemplos:
documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas
(Associações Científicas, Igrejas, Sindicatos, Partidos Políticos, etc.) e documentos de
natureza diversificada (cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos,
regulamentos, ofícios, boletins, etc.).
Documentos “de segunda mão” que já foram analisados – Exemplos: relatórios de
pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc.
Ao tratar da pesquisa bibliográfica, Ruiz (1976, p. 58) oferece uma distinção capaz de
ampliar um pouco mais a discussão acima apresentada:
Para Gil (2002, p. 47), dois pontos críticos devem ser considerados na avaliação das
pesquisas documentais. Em primeiro lugar, é necessário atentar para a “representatividade dos
documentos”. Para evitar o problema da representatividade, os pesquisadores “consideram um
grande número de documentos e selecionam certo número pelo critério de aleatoriedade”. Em
segundo lugar, é necessário considerar a séria questão da “subjetividade das fontes
documentais”. Nesse caso, pelo menos duas implicações devem ser consideradas: a) as fontes
documentais, por si só, não são capazes de oferecer um quadro objetivo e definitivo do
problema pesquisado; b) o próprio investigador pode estar “contaminado” com pressupostos
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de ordem teórica e moral que podem prejudicar sua interpretação. Por isso, o pesquisador que
utiliza fontes documentais precisa estar atento quanto aos limites de suas conclusões.
A realização de “pesquisas documentais” obedece às mesmas fases da pesquisa
bibliográfica: definição do assunto, levantamento bibliográfico, delimitação do problema,
elaboração do projeto, leitura e fichamento da documentação, e redação do texto. Entretanto,
ao delinear a metodologia da pesquisa, o investigador deverá estabelecer os critérios de
levantamento e seleção dos “documentos” a serem analisados. Além disso, deverá determinar
e justificar a abordagem teórica de sua análise, assim como as categorias ou os elementos que
serão analisados, isto é, responder às seguintes indagações: sob que perspectiva teórica os
documentos serão analisados? Quais elementos (as questões, as categorias) constituirão o
“objeto de investigação”? Em quais aspectos pretende-se deter a atenção? O que, realmente,
me interessa?
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de um plano de modificações sistemáticas das variáveis independentes,
relativamente a determinado evento, com o objetivo de descobrir as condições
antecedentes responsáveis pelo evento subseqüente, ou efeito, ou variável
dependente assumida como objeto de pesquisa.
Gil (2002, p. 48) destaca que embora a pesquisa experimental esteja associada àquela
realizada em laboratório, ela não se desenvolve, necessariamente, a um espaço determinado.
O que define este tipo de pesquisa são as condições estipuladas para controlar, observar e
manipular as variáveis, como já foi destacado acima. Sendo assim, é possível realizar
experimentos em inúmeras áreas desde que as condições essenciais para controlar o
experimento sejam estabelecidas. Em que pese o fato de Ruiz (1976) identificar pesquisa
experimental à pesquisa laboratório - o que, na avaliação de Gil (2002), é um equívoco -, sua
definição de pesquisa experimental é bastante satisfatória. Pensando nisso, retomemos a
situação apresentada no início deste tópico.
Depois de controlar, manipular e observar as diversas condições que poderiam
determinar a ocorrência do fenômeno Z, o pesquisador chegou às seguintes conclusões:
A, B e C produzem Z.
A, B e D não produzem Z.
B, C e D produzem Z.
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como explica Gil (2002, p. 52-53), um dos principais objetivos do estudo de campo é o
aprofundamento de questões propostas acerca das práticas, dos comportamentos e das crenças
de uma população específica. Na avaliação de Cruz Neto (2002, p. 53), a noção de “campo de
pesquisa” indica, com clareza, este aprofundamento: ao determinar o “campo”, o pesquisador
“recorta” o “espaço”, indica a “realidade empírica a ser estudada”.
Contudo, antes de determinar o “campo” a ser investigado e o problema da pesquisa, o
pesquisador deve realizar estudos bibliográficos prévios. Para Ruiz (1976, p. 51), tais estudos
servem para verificar o estado atual do problema, ou seja, os trabalhos de pesquisa já
realizados acerca do tema; estabelecer o quadro teórico que, posteriormente, será utilizado na
análise dos dados coletados; estabelecer as variáveis e a elaboração dos questionários. Assim,
torna-se fácil demonstrar as principais fases da pesquisa de campo: Fase 1 – Pesquisa teórica;
Fase 2 – Determinar o enfoque teórico e as técnicas de que serão utilizadas na coleta de
dados; Fase 3 – Elaborar os instrumentos de coleta de dados (questionários, entrevistas,
formulários); Fase 4 – Organização dos dados coletados; Fase 5 – Análise dos dados e
conclusões.
De acordo com Ruiz (1976, p. 51-52), as técnicas de coleta de dados normalmente
utilizadas nas pesquisas de campo são as seguintes:
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Falar pouco – o mínimo possível – e ouvir mais – o máximo possível;
Ser elegante e habilidoso para evitar que a entrevista seja desviada para
assuntos impertinentes;
Registrar tudo o que for possível e necessário, e não confiar na memória.
Nos estudos de campo, a análise dos dados coletados funda-se em dois tipos de
abordagem: a quantitativa e a qualitativa. Na abordagem quantitativa os dados são tratados
de maneira estatística, isto é, são elaborados gráficos e tabelas que distribuem os resultados
obtidos que serão, posteriormente, interpretados. Tal abordagem justifica-se, especialmente,
quando se pretende dar conta de conhecer e explicar o comportamento e as crenças de uma
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população mais ampla. Vale ressaltar que a realização deste tipo de abordagem depende de
um cuidadoso delineamento metodológico e estatístico.
Na visão de Minayo (2002, p. 21-22), a abordagem qualitativa preocupa-se com tudo
aquilo que não pode ser quantificado: “ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis”. De acordo com Gomes (2002), a abordagem qualitativa dos dados coletados pode
ser realizada, por exemplo, mediante o estabelecimento de categorias ou por meio da análise
do discurso.
No primeiro caso, o pesquisador procura organizar e classificar o discurso dos
informantes por meio de categorias estabelecidas antes do trabalho de campo, isto é, durante a
fase da pesquisa bibliográfica e da reflexão acerca dos objetivos da pesquisa. Vale destacar
que a abordagem qualitativa por meio de categorias é realizada com bastante frequência. Mas,
o que significa analisar o conteúdo de uma entrevista por meio de categorias? Eis o que
afirma Gomes (2002, p. 70):
3.2.6 Pesquisa-ação
A pesquisa-ação consiste num “tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e
no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 1985 apud GIL, 2002, p.
55). Note-se que essa modalidade de pesquisa se caracteriza pelo estreito relacionamento
entre o pesquisador e a comunidade ou situação investigada. Sendo assim, o cientista não só
procura compreender a realidade estudada, mas também procura desenvolver ações de
intervenção visando à solução dos problemas que dela emergem.
Referências
Além dos títulos citados ao longo do texto, acrescentamos outras referências para o
aprofundamento da discussão que, de forma muito singela, procuramos apresentar. Existem,
além desses que estamos indicando, muitos outros títulos que tratam dos assuntos que
abordamos. Vale a pena consultá-los.
ASTI VERA, Armando. Metodologia da pesquisa científica. 8. ed. São Paulo: Globo, 1988.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em Ciências Sociais. 3. ed. rev. ampl. São Paulo:
Atlas, 2014.
FAZENDA, Ivani (org.). Metodologia da pesquisa educacional. 8. ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis, RJ: Vozes,
1978.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo:
Atlas, 1976.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. atual. São
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