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Como podem verificar na capa apresenta-se o Zezé (personagem principal deste livro),
também podemos observar uma planta relacionada com a história do livro porque passo a
contar…
A história
Num menino chamado Zezé, um menino comum, de cinco anos, natural de Bangu, que fica no
Rio de Janeiro.
Era muito esperto e independente, conhecido pela sua malandrice e é ele quem narra a
história.
O Zézé era tão esperto que acabou, inclusive, aprendendo a ler sozinho. A primeira parte do
livro se debruça sobre a vida do menino, as suas aventuras e as consequências das mesmas.
Ele aprendia descobrindo sozinho e fazendo sozinho, fazia errado e fazendo errado, acabava
sempre tomando umas palmadas.
A vida de Zezé era boa, tranquila e estável. Ele vivia com a família em uma casa confortável e
tinha tudo o que era preciso em termos materiais, até que o pai perdeu o emprego e a mãe
viu-se obrigada a trabalhar na cidade, mais especificamente no Moinho Inglês. Zezé tem vários
irmãos: Glória, Totoca, Lalá, Jandira e Luís.
Empregada numa fábrica, a mãe passava o dia no trabalho enquanto o pai, desempregado,
ficava em casa. Com a nova condição da família, eles se viam obrigados a mudar de casa e
passaram a ter uma rotina muito mais modesta. Os Natais fartos de outrora foram substituídos
pela mesa vazia e por uma árvore sem presentes.
Como a nova casa tinha um quintal, cada filho escolheu uma árvore para chamar de sua. Como
Zezé foi o último a escolher acabou ficando com um modesto pé de laranja lima.
E é a partir desse encontro com uma árvore nada vistosa que surge uma forte e genuína
amizade.
—Tu arranjaste um nome que se parece muito com ele. Tu és danado para achar as coisas.
Como ele vivia fazendo asneiras, era recorrente o Zezé ser encontrado numa das travessuras e
apanhar dos pais ou dos irmãos. Depois lá ia ele se consolar com Minguinho, o pé de laranja
lima. Numa das vezes que fez asneira, apanhou tanto da irmã e do pai que precisou ficar uma
semana sem ir à escola.
Além do Minguinho, o outro grande amigo de Zezé era Manuel Valadares, também conhecido
como Portuga, e é sobre ele que gira a segunda parte do livro.
O Portuga tratava o Zezé como filho e dava toda a paciência e afeto que não recebia em casa.
A amizade entre os dois não era partilhada com o resto da família.
O Zezé, por sua vez, adoeceu. E para piorar a vida do menino ainda decidem cortar o pé de
laranja lima, que vinha crescendo mais do que era suposto no quintal.
A situação muda quando o pai arranja um emprego depois de um longo período em casa. Zezé,
entretanto, apesar dos seus quase seis anos, não se esqueceu da tragédia:
Já cortaram, Papai, faz mais de uma semana que cortaram o meu pé de Laranja Lima.
— A primeira flor de Minguinho. Logo ele vira uma laranjeira adulta e começa a dar laranjas.
Fiquei alisando a flor branquinha entre os dedos. Não choraria mais por qualquer coisa. Muito
embora Minguinho estivesse tentando me dizer adeus com aquela flor; ele partia do mundo
dos meus sonhos para o mundo da minha realidade e dor.
— Agora vamos tomar um mingauzinho e dar umas voltas pela casa como você fez ontem. Já
vem já.
Apreciação crítica
Apesar da sua pouca extensão, o livro O meu pé de laranja lima toca em temas-chave para
pensarmos sobre a infância. Percebemos ao longo das breves páginas como os problemas dos
adultos podem acabar por negligenciar as crianças e como elas reagem a esse abandono
refugiando-se num universo particular e criativo.
Notamos também o caráter transformador do afeto quando essa mesma criança negligenciada
é abraçada por um adulto capaz de trazer acolhimento. Aqui, essa personalidade é
representada pelo Portuga, sempre disposto a partilhar com Zezé.
Muitos leitores identificam-se com o fato do menino escapar do cenário real esmagador, rumo
a um imaginário feito de possibilidades felizes. Vale lembrar que o Zezé não era apenas vítima
de violência física como também psicológica por parte dos mais velhos. As piores punições
vinham, inclusive, de dentro da própria família.
O livro abre os olhos do leitor para o lado sombrio da infância, muitas vezes esquecido diante
da enorme quantidade de material que tem como tema a infância idealizada.
E eu desse um final alternativo ao livro o Portuga não teria morrido, pois ele foi um grande
auxilio na vida do Zézé e a morte deste só causou mais dor ao menino.