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PROJETO DE TEXTO
Sob tal viés, convém destacar que, em contextos de crise, as expressões artísticas se dão concordância com a
máxima filosófica nietzschiana, segundo a qual, “a arte existe para que a vida não nos destrua”. Exemplo disso foi
a animação, vista pela “internet”, em março de 2020, de uma vizinhança italiana, que, mesmo com a tristeza
oriunda da pandemia da Covid-19, entoou, coletivamente, a canção “Bella Ciao” – inspirando as milhares de
“lives” artísticas pelo mundo, que, de acordo com o Business Inder, aumentaram setenta por cento no “Instagram,
durante o período de colapso sanitário. Outrossim, vê-se a importância de projetos brasileiros como o “Teatro Já”,
que oferece espetáculos “online” a preços populares, para que , além da construção do “capital cultural” (conceito
do sociólogo Bourdieu, que trata de ativos intelectuais de mobilidade social) em meio ao isolamento, também
promova o alento emocional na hora da dor. Este aspecto também pode ser identificado na obra “A noite
Estrelada”, do pintor Vincent Van Gogh, cuja produção se deu no hospital psiquiátrico em que estava internado,
revelando como a arte pode ser uma espécie de escape mental.
Nesse contexto, o papel fundamental da arte como meio de “transcender o imediato” – pensamento do
historiador Howard Zinn - faz com que os movimentos artísticos, mesmo em condições adversas, tornem-se uma
espécie de porta-vozes da coletividade. A evidência está posta em momentos de Regimes de Exceção, como o do
Estado Novo, em que artistas como Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos tornaram-se importantes
expressões transcendentes da realidade imposta, ratificando o pintor Pablo Picasso: “A arte lava da alma a poeira
da vida diária”. De igual modo, a representatividade se expõe em organizações sem fins lucrativos, como a criada
pela cantora Lady Gaga, comprometida em trabalhar a saúde mental da juventude, promovendo debates sobre
depressão e males afins, longe do preconceito e da exclusão tão comuns nos dias atuais. Tamanha relevância (que
se estende à formação do PIB brasileiro, chegando a 4% do total), infelizmente, não corresponde à valorização
para a estabilidade dos artistas, que precisaram ser socorridos com a Lei Aldir Blanc, em todo o Brasil, para
conseguirem sobreviver em meio à pandemia da Covid-19.
Intervenção
Intervenção
Vê-se, diante de tal realidade, que a demanda social quanto à defesa da dignidade da infância, além de uma
realidade diária nos lares, cresce, também, no ritmo das tecnologias. Exemplo está no absurdo crescimento de
crimes “online” – aumento de 18% de denúncias sobre pornografia infantil durante a pandemia, no Brasil,
segundo a SaferNet Brasil. E o confinamento em casa, essencial para conter a transmissão da Covid-19, acabou
expondo crianças à violência doméstica - segundo a ONG World Vision, houve crescimento de quase 32% em todo o
mundo. Ademais, dados de 2019 mostram que, em 40% das denúncias de casos de violência sexual infantil, o
agressor é o pai, padrasto da vítima ou alguém próximo, que frequenta seu contexto familiar. Este ano, o caso do
garoto Henry Borel, assassinado pelo padrasto sob a negligência da mãe, fez surgir o projeto de lei que cria nova
modalidade de infanticídio, aumentando a pena e criando mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica
e familiar contra a criança e o adolescente (segundo a Agência Câmara). São desafios relevantes ante a urgência de
garantir um presente saudável e um futuro digno a esse segmento, correspondendo ao desejo sincero do poeta
Drummond, em seu poema “Canção Amiga”: “Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as
crianças”.