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Índice

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................2
A Ascensão de Salazar ao Governo.....................................................................................................................3
Resolução da questão financeira........................................................................................................................4
O Estado Novo e a Constituição de 1933............................................................................................................5
As Características do Estado Novo.....................................................................................................................6
A Influência fascista............................................................................................................................................7
A Política Externa...............................................................................................................................................7
ENTIDADES QUE CONTRIBUIRIAM PARA A CONTINUIDADE DO ESTADO NOVO:...............................................7
 A Mocidade Portuguesa.............................................................................................................................7
 A Censura...................................................................................................................................................8
 A Polícia Política.........................................................................................................................................8
 O Secretariado de Propaganda Nacional....................................................................................................8
 A Emissora Nacional...................................................................................................................................9
 União Nacional...........................................................................................................................................9
 A Legião Portuguesa...................................................................................................................................9
CONCLUSÃO.....................................................................................................................................................10
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................................................11

1
INTRODUÇÃO

A escolha deste tema vem de encontro a


uma perspectiva actual nos campos político e
económico. Pretende, de algum modo, fazer um
paralelismo, que assenta na importância de
Salazar ter conseguido recuperar o país de uma
grave crise económica. Esta caracterizada, entre
outros aspectos, por um elevado endividamento
por parte do Estado, assemelhando-se deste
modo à crise económica que o país atravessa
actualmente e, aparentemente, ninguém
consegue resolver. Também ao nível político
julga-se de elevada relevância referir
acontecimentos basilares que vieram afirmar e consolidar o Estado Novo como resposta à crise
política instalada. Ambiciona-se assim fazer uma abordagem ao período da governação de Salazar,
incidindo sobre os aspectos mais importantes das suas políticas que permitiram que o mesmo
governasse durante um tão grande período de tempo.

Ao longo desta abordagem pretende-se referir as circunstâncias que antecederam a ascensão


de Salazar ao Governo, focando aspectos da sua actuação aquando da tomada posse da pasta das
finanças do Governo vigente bem como a solução para o problema financeiro do país. Na mesma
linha e no desenvolvimento deste trabalho achou-se de extrema relevância fazer referências de
aspectos inerentes à constituição de 1933 e à sua importância para o estabelecimento do Estado
Novo. Refere-se igualmente a influência fascista do Estado Novo bem como alguns factos
referentes à política externa, seguindo-se algumas características deste regime. Finalmente, e de
modo a contextualizar a eficácia do Salazarismo, far-se-á uma breve caracterização das entidades
que contribuíram para a afirmação e prossecução do Estado Novo. Serão ainda apresentadas
algumas concepções de autores relativamente a esta temática.
Para a elaboração deste trabalho recorreu-se à análise alguns livros de história de diversos
autores, uma biografia política e à pesquisa de alguns artigos na internet. Esta última fonte revelou-
se infrutífera pois a informação era aparentemente redutora, simplista e carecia de fidedignidade ao
nível histórico, político e económico, sendo estes os contextos abordados neste trabalho.
A Ascensão de Salazar ao Governo

Na sequência do Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926,


a 10 de Junho do mesmo ano, Mendes dos Remédios deslocou-se
a Coimbra expressamente para encontrar-se com Salazar a fim de
o convidar para o novo Governo. No dia 12 Salazar está em
Lisboa, onde é empossado na pasta das finanças. Porém mal
acabara de triunfar militarmente a ditadura, começaram os ajustes
de contas entre facções. Perante tais disputas, Salazar, Mendes
dos Remédios e Manuel Rodrigues, os três membros civis do novo gabinete, devido à instabilidade
política criada, colocaram os seus lugares à disposição nos seguintes termos, constantes numa carta
presumivelmente escrita por Salazar: “Os ministros civis foram chamados a exercer uma
determinada acção administrativa e essa acção só se lhes afigura possível depois de resolvido o
problema político. Ora este problema, nos termos em que foi posto, não é a eles que compete
resolvê-lo. Nestes termos os signatários depõem nas mãos de V. Ex.ª os lugares que lhes confiaram,
aguardando a solução definitiva do problema político”. Em consequência Salazar fora ministro
apenas por 5 dias.

Em 9 de Julho de 1926, o General Sinel de Cordes dirigiu um golpe de estado militar, tendo
governado o país em típica ditadura militar juntamente com Óscar Carmona até 1928.

Cordes que detinha a pasta das finanças tentou equilibrar o orçamento e estimular a
economia, mas como não tinha qualquer preparação para um empreendimento de tal dimensão,
nada conseguiu a não ser resultados desastrosos: o deficit atingiu níveis inauditos e o Governo teve
de dirigir-se à Sociedade das Nações a fim de conseguir um patrocínio na negociação de um
empréstimo externo.

Pressionado pela opinião pública, o governo viu-se obrigado a rejeitar as condições da


Sociedade das Nações e a desinteressar-se da efectivação do empréstimo, por considerar aquelas
condições ofensivas da plena soberania nacional. Este facto significou o fim para a política de Sinel
de Cordes.

Impunha-se formar novo Governo. Para a considerada essencial pasta das finanças, o
desejado era Salazar, mas mantinha-se afastado. Para tal, Óscar Carmona, presidente da Republica,
mandou o Duarte Pacheco a Coimbra com a missão de convencer Salazar a aceitar a pasta das
finanças. Este começou por recusar, mas Pacheco insiste e consegue arrancar-lhe um compromisso:
só dará a resposta no dia seguinte.

Na manhã seguinte, Salazar faz o telefonema para Lisboa: aceita com as seguintes
condições: - “Nenhum ministério poderá ultrapassar a verba que lhe for atribuída; nem tomar
qualquer medida com impacto no orçamento sem o acordo prévio do ministro das finanças; o
ministro das finanças poderá vetar qualquer aumento da despesa; todos os demais ministérios
deverão colaborar com o ministro das finanças no estabelecimento de critérios para reduzir
despesas e aumentar receitas”.

Estas condições foram expostas no curto discurso de tomada de posse em 27 de Abril de


1928, que remata com uma frase muito publicitada: “sei muito bem o que quero e para onde vou,
mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o país estude, represente,
reclame, discuta, mas que obedeça quando chegar à altura de mandar”.

Resolução da questão financeira

Quando Salazar tomou conta do poder, em 1928, a questão financeira


constituía preocupação obsessiva. Equilibrar o orçamento era o ponto
cimeiro de praticamente todos os programas partidários. O primeiro
orçamento de Salazar, o de 1928-29, pôde realizar o “milagre”: as receitas
totalizaram 2115 mil contos, ao passo que as despesas se mantiveram em
1900 mil contos, com o resultado, portanto, de um saldo positivo de 275 mil
contos.

A política de Salazar consistira em reduzir substancialmente as despesas (270 mil contos)


mediante severas economias, e em ligeiramente aumentar as receitas (207 mil contos) através da
criação de alguns novos impostos de uma melhor administração dos dinheiros públicos. A partir de
l928-29 todos os orçamentos e contas públicas se apresentaram oficialmente equilibrados, embora
fosse posta em dúvida (pelo menos até 1940) até ao nível estatístico da Sociedade das Nações, a
validade do relatório financeiro seguido por Salazar para obter os seus famosos “susperavits”:
(excedentes resultantes da execução orçamentária que aferiu mais ganhos do que gastos).
A 24 de Agosto de 1929 anuncia ao país o seu triunfo: a execução do seu primeiro
orçamento produzira um superavit. Fá-lo em tom sarcástico e desafiador: ”Eu tenho de pedir
humildemente perdão aos discordantes da minha orientação financeira por as contas da gerência
finda em 30 de Junho não se limitarem a confirmar o equilíbrio previsto no orçamento, mas
apresentarem um saldo positivo de cerca de 300 mil contos”.

No dia 1 de Maio de 1929, em entrevista ao Novidades, Salazar delineia os grandes


princípios que propõe à ditadura, resumidos pelo seu biógrafo Franco Nogueira: “Inventariar os
vícios e os erros da sociedade portuguesa e extirpá-los; destruir a mentira, a hipocrisia e a
injustiça social na vida colectiva; liquidar os decadentes que se revelassem incapazes de
regeneração; retomar as grandes linhas de civilização cristã e latina; afirmar um nacionalismo
extremado; e caldear nesta visão todos os materiais vivos do País, e todos os homens, sem curar se
provinham das direitas, das esquerdas ou do centro”.

Até à eclosão da segunda Grande Guerra, as receitas mantiveram-se quase estacionárias. Por
sua vez, as despesas aumentaram um pouco dando em resultado que os saldos positivos nunca
voltaram a atingir o nível do primeiro ano da administração de Salazar.

A Segunda Guerra Mundial trouxe alguma prosperidade para o País. Portugal pôde vender
os seus produtos muito favoravelmente, sem grandes necessidades de despesas com armamento ou
defesa do território. As exportações de volfrâmio constituíam também receita apreciável para o
Estado. Em 1946 as receitas públicas haviam quase triplicado (em relação ao nível de 1939), ao
passo que a desvalorização da moeda não ia além dos 10%. As reservas de ouro atingiam níveis
elevados, alicerçando a estabilidade monetária. Esta tendência continuou. No final da década de
1940 e segundo as Contas Gerais, as receitas públicas ultrapassavam os 5 milhões de contos. Nos
anos de Setenta, as receitas foram do nível dos 17 milhões (1971) e dos 6l milhões (1974), dez
vezes números de 1952-53. Surgiram novos impostos, nomeadamente em 1965 (imposto de mais-
valia) e em 1966 (imposto de transacções), este último com
enorme e crescente impacte na estrutura das receitas do
Estado.

O Estado Novo e a Constituição de 1933

O chamado Estado Novo, assim como a União Nacional,


foram igualmente definidos durante 1930 e 1931. A política
da Ditadura em relação à África portuguesa teve, também, a sua expressão escrita pela mesma
época, numa espécie de código intitulado Acto Colonial.

No decorrer de 1932 e 1933, deram-se os últimos passos para a modelação do Estado


autoritário e corporativo. O ex-rei D. Manuel falecera em Inglaterra sem herdeiros directos, e
Salazar tornou bem claro que considerava a questão monárquica encerrada.

No Outono de 1929, Salazar caracterizou a futura organização constitucional como devendo


basear-se em nacionalismo sólido, prudente, conciliador, salientou o papel a desempenhar pela
família, a corporação moral e económica, a freguesia e o município e pronunciou o slogan que se
tornaria famoso: Nada contra a Nação, tudo pela Nação”.

Salazar rejeitou todo e qualquer acordo ou plataforma de entendimento com os grupos


oposicionistas e apelou para uma congregação política do País em torno da União Nacional, de que
se tornou o chefe. Em Fevereiro de 1933, foi publicado o texto da nova Constituição, sujeita a
plebiscito em 19 de Março seguinte e aprovada por grande maioria, onde se contavam as próprias
abstenções.

À Constituição seguiu-se o Estatuto do Trabalho Nacional e, posteriormente, toda uma série


de medidas de organização do Estado Corporativo. Os partidos políticos, as sociedades secretas e as
associações sindicais foram proibidos. Em finais de 1934, as primeiras eleições legislativas dentro
do novo esquema político trouxeram à Assembleia Nacional um grupo de 90 deputados, propostos
por uma única organização, a União Nacional.

A Constituição definia o Estado como unitário e corporativo. Classificava o exercício da


soberania em quatro órgãos: o Presidente da Republica, a Assembleia Nacional, o Governo e os
Tribunais. Concedia ao Presidente extensas atribuições, comparáveis às que a Carta Constitucional
garantia ao rei, e fazia ainda eleger por voto popular. Destas características poderia ter resultado um
regime presidencialista. Mas a manutenção de Salazar na chefia do ministério durante trinta e seis
anos deslocou os poderes presidenciais para o Governo e reduziu em quase nada a função do Chefe
do Estado.
As Características do Estado Novo

O termo “Estado Novo” foi cunhado por volta de 1930 e desde então nunca mais
abandonado, seria social e corporativo. A sua célula de base encontrar-se-ia na família, os seus
elementos fundamentais nas corporações morais, económicas e intelectuais, onde os interesses de
patrões e empregados se harmonizariam com vista a um interesse comum, nacional.

As Corporações propriamente ditas constituiriam segundo a lei que as criava, a organização


unitária das forças de produção, representando integralmente os seus interesses. Além destas
corporações económicas, existiriam também as corporações morais, para fins de assistência,
beneficência e caridade, hospitais, asilos, recolhimentos, creches, casas pias, misericórdias e as
corporações culturais, visando objectivos científicos, literários, artísticos ou de educação física
universidades, academias, associações científicas, literárias, artísticas e desportivas.

As características antidemocráticas do Estado Novo são outro aspecto a mencionar. Nos seus
discursos chave de 1930 Salazar rejeitou, sem sofismas, os conceitos de liberdade individual e de
organização partidária, embora insistindo nas legítimas liberdades individuais e colectivas. Nestes
termos, todos os partidos políticos e associações secretas foram proibidos (1935), pouco tempo
depois da entrada em vigor da nova Constituição, aceitando-se apenas uma União Nacional e
apresentada como não sendo um partido e opondo-se aos partidos.

A Influência fascista

A partir de 1936, o Estado Novo ganhou novos aspectos


fascistas. Ao antigo elemento integralista adicionou-se a crescente
influência dos grupos portugueses aparentados ao Fascismo,
nomeadamente a dos Nacionais Sindicalistas, muito activos em
1932-34, sob a chefia de Rolão Preto e, mais tarde, fundidos na
União Nacional e obviamente nas experiências fascistas por toda da Europa.

A Política Externa

O regime salazarista sem jamais pôr em causa a aliança com a Inglaterra, antes a
corroborando e valorizando, o Estado Novo tentou uma via mais independente e nacional, que aliás
se coadunava com as suas afinidades ideológicas. O surto da Alemanha nazi, da Itália fascista e da
Espanha de Franco favoreceu e condicionou, sem dúvida alguma, uma tal política.
Economicamente, também, e como base indispensável, a evolução da conjuntura e as modificações
das estruturas permitiam a Portugal libertar-se, a pouco e pouco, do excessivo peso inglês,
incentivando laços com outras nações e dependendo, mais estreitamente, do património colonial. As
condições internacionais durante a guerra de 1939-45 ajudaram a Nação a sair definitivamente da
órbita britânica permitindo-lhe opções e asserções de maior independência.

Portugal declarou-se neutral desde os começos, e pôde manter esta atitude devido à
conjunção de uma série de factores. Está fora de dúvida o hábil jogo diplomático realizado pelo
próprio Salazar. Mas a razão principal a impedir a invasão da Peninsula Ibérica pelas forças alemãs
prevista para o Outono ou inverno de 1940 foi provavelmente o ataque intempestivo de Mussolini à
Grécia e a sua incapacidade de levar os Gregos à derrota.

Em Março de 1939 Salazar assinou com Franco um tratado de não agressão e amizade,
surgindo assim o chamado Bloco Ibérico, uma inovação na política externa e espécie de
contrapartida da aliança tradicional com a Grã-Bretanha.

ENTIDADES QUE CONTRIBUIRIAM PARA A CONTINUIDADE DO ESTADO NOVO:

 A Mocidade Portuguesa

Outro grupo paramilitar de características fascistas, modelado de acordo com os exemplos


italiano e Alemão, foi a Mocidade Portuguesa, organização obrigatória que visava abranger toda a
juventude escolar, do ensino primário à universidade, mas que mais tarde, foi restringida às idades
de onze a catorze anos. A Mocidade fundia alguns aspectos interessantes de escutismo com
doutrinação política e religiosa.

 A Censura

A censura à imprensa periódica foi instituída em 24 de Junho de 1926 e mantida até 1974.
Aos poucos foi-se estendendo aos outros meios de comunicação, tais como o teatro, o cinema, a
rádio e a televisão. Nenhuma palavra ou imagem podia ser publicada, pronunciada ou difundida
sem prévia aprovação dos censores. De todos os mecanismos repressivos a censura foi sem dúvida o
mais eficiente, conseguindo manter o regime sem alterações estruturais durante quatro décadas.
Visou assuntos, não apenas políticos e militares, mas também morais e religiosos, normas de
conduta e toda e qualquer notícia susceptível de influenciar a população num sentido considerado
perigoso.

 A Polícia Política

A polícia política, cujas origens remontam a algumas, tímidas formas anteriores a 1926, foi
reorganizada na década de 1930. Primeiro chamada Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (P. V.
D. E.), passou a ser conhecida por Polícia Internacional e de Defesa do Estado (P. I. D. E.) a partir
de 1945, data em que viu as suas atribuições consideravelmente ampliadas. À maneira da
Inquisição, a Polícia secreta portuguesa alcançou, sob regime de Salazar em todas as esferas da vida
nacional, tais limites de poder e penetração que desafiaram a autoridade do próprio Estado.

A sua irrupção violenta em residências particulares e o seu confisco de livros e documentos


de toda a ordem, a violação exercida sobre a correspondência dos cidadãos, a sua presença em toda
a parte, tudo isto alicerçou o poder de Salazar durante décadas, ajudando a explicar a famosa
“ordem nas ruas” que ele tão orgulhosamente gostava de proclamar. A Polícia Secreta matou
centenas de indivíduos e encerrou nas suas prisões muitos milhares durante anos a fio.

 O Secretariado de Propaganda Nacional

A fundação Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), mais tarde crismado em


Secretariado Nacional de Informação (SNI), ajudou decisivamente a criar um estilo nacional de tipo
fascizante (muito influenciado por formas tradicionais que permeabilizou todas as artes, pelo menos
até à década de Cinquenta. Sob a direcção vigorosa de António Ferro (1895- 1956), o SPN /SNI
empreendeu esforços múltiplos em todos os campos artísticos, muitas vezes com fins de propaganda
mas muitas outras, também, com características do maior interesse na promoção das artes.

 A Emissora Nacional

O primeiro passo para a constituição da Emissora Nacional foi dado em 1930, aquando de
um decreto que criou, na dependência dos CTT, a Direcção dos Serviços Rádio eléctricos,
autorizando, em simultâneo, a aquisição dos primeiros emissores de onda média e onda curta em
Portugal. Em 1932, realizaram-se as primeiras emissões experimentais em Onda Média e em 1934 o
mesmo aconteceu relativamente à Onda Curta, que desde logo se assumiu como uma das vocações
naturais da jovem estação emissora. Três anos depois, a sua capacidade de emissão era alargada
para atingir a diáspora portuguesa. Data dessa altura o lançamento de um programa de referência - a
"Hora da Saudade" - destinado aos emigrantes no continente americano e aos pescadores da frota
bacalhoeira. Em 1940, libertou-se da tutela dos CTT, iniciando-se, nessa altura, o modelo de
implantação regional no continente e ilhas.

A Emissora Nacional foi essencialmente definida à imagem de congéneres europeias.


Concebida num quadro político interno e externo em que as rádios nacionais desempenhavam
sobretudo um papel de veículo dos interesses do Governo.

 União Nacional

O chamado Estado Novo, assim como a União Nacional, foram igualmente definidos
durante 1930 e 1931. Concebida como uma associação cívica de “todos os portugueses de boa
vontade” era um verdadeiro partido único que se encarregava de tarefas tipicamente partidárias,
manifestações de apoio ao regime, “montagem” de eleições, acções de “educação cívica”, etc.
Sendo constituída pelo Governo, esteve sempre na sua dependência. Como era o único partido
autorizado, pode-se falar do Estado Novo como uma ditadura de partido único. Em finais de 1934,
as primeiras eleições legislativas dentro do novo esquema político trouxeram à Assembleia
Nacional um grupo de 90 deputados, propostos por uma única organização, a União Nacional.

 A Legião Portuguesa

A eclosão da Guerra Civil Espanhola trouxe como resultado o nascimento da milícia do


regime, a Legião Portuguesa (1936), organização paramilitar que, nos seus começos, teve muito de
movimento espontâneo de voluntários. Os seus objectivos consistiam em “participar na cruzada
anti-bolchevista” e em defender o “património espiritual da nação” bem como o Estado corporativo.
CONCLUSÃO

Salazar conseguiu manter-se no Governo do país durante quarenta anos, com o regime
político que o próprio implementou. Este facto leva à seguinte questão: Porque motivos triunfou
Salazar?

Segundo Luís Farinha, Doutor em História Contemporânea e Director-Adjunto da Revista


História, a matriz do Estado Novo foi sempre essencialmente militar. Salazar soube dizer aos
militares da ditadura aquilo que estes queriam ouvir, enquanto que o Dr. Fernando Martins
(investigador em História Contemporânea na Universidade de Évora) sustenta que Salazar ascendeu
ao poder e nele se manteve pelas qualidades de técnico e de político excepcional que encontrou a
fórmula de saber durar, evitando sempre que se virassem contra si as forças que poderiam tê-lo
vulgarizado.

Na minha opinião Salazar teve a perspicácia e a inteligência que lhe permitiram deduzir
quais seriam os mecanismos que permitiriam mantê-lo no poder por tempo indefinido, os quais pôs
em prática com sucesso, sobretudo através das entidades que referi neste trabalho como as “que
contribuíram para a continuidade do Estado Novo”, contudo nem sempre os meios justificam os
fins.

Filipe Ribeiro de Menezes, na sua obra “Salazar – Uma Biografia Política”, refere que
atendendo ao facto que Salazar governou ao longo de quatro décadas e que durante esse período, a
sua principal prioridade foi manter-se no poder. Esta obra aponta a razão que levara Salazar a
querer Governar e o motivo por que entendia ser o único português capaz de reconhecer e zelar pelo
verdadeiro interesse nacional de Portugal, contra por vezes a opinião do resto do mundo. O autor
entende que pelo menos até 1961 havia duas razões essenciais subjacentes a esse desejo. A
primeira, e mais importante, era uma crença em si próprio como agente providencial; a segunda era
a percepção de que, sem ele no centro, o regime, assente numa aliança tecida de um delicado
equilíbrio entre forças conservadoras, desabaria. A partir de 1961 e do início da guerra em Angola
surgiu uma terceira motivação: manter intacta a África portuguesa até o Ocidente recuperar o bom
senso e começar de novo a defender os seus interesses estratégicos vitais.

Tendo em conta os princípios que Salazar delineou para a sua governação creio que o
mesmo tinha uma noção das características e defeitos da sociedade Portuguesa, e a convicção que
sem ele o regime ruiria, voltando ao estado de desordem em que se encontrava antes da sua
ascensão ao poder. Poder-se-ão fazer alguns paralelismos entre o estado financeiro e político actual
do país e o período que antecedeu o Salazarismo. Nesta ordem de ideias admito que só uma
governação assente em princípios éticos e de elevado rigor económico conseguirá ultrapassar a
actual crise, o retorno da acreditação e do respeito pelos poderes institucionais. O conhecimento da
nossa história permitiria a não repetição dos erros do passado.
BIBLIOGRAFIA

Marques, A.H. de Oliveira; História de Portugal; 1995 Editorial Presença;

Meneses, Filipe Ribeiro de; Salazar uma Bibliografia Política; 2010 Dom Quixote;

Paço, António Simões do; Samara, Alice; Louçã, António; Idem; Os Anos de Salazar – A
Ascensão de Salazar; 2008 Centro Editor PDA.

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