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Assimilando de Sócrates, seu grande mestre, o método da reflexão por


diálogos, o ateniense Platão (427 - 347 a.c.) produziu numerosos escritos filosóficos,
notáveis pela profundidade e força lógica de suas idéias.

Descendente de família nobre, Platão recebeu educação primorosa e aos vinte


anos de idade passou a acompanhar as lições de Sócrates ao lado de quem
permaneceu até que a morte lhe tirasse o grande mestre. Mais tarde, já aos 40 anos,
após haver empreendido viagens ao Egito e ao sul da Itália, por on de conviveu com os
pitagóricos e com os dois dionísios, retornou a Atenas e ali fundou a sua academia, na
qual se cultivavam as ciências e a filosofia, permanecendo naquele centro de estudos
até o fim de sua existência.

Dos vinte e seis diálogos conhecido s, A República é a obra mais citada, pois nela
se acham reunidas as ideias do filosofo nos domínios da Ética, Estética, Psicologia,
Teologia e Metafísica.

Já no final de sua vida, devido aos ideais políticos que tinha, Platão foi
perseguido e feito escravo, sendo como tal vendido no mercado de Egina, acabando
por ser comprado por um dos seus amigos. Voltou a Atenas onde morreu em 347 a.C.

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A teoria das idéias é a característica basilar da filosofia platônica. Mas o que ela seria?
Vamos traçar as suas linhas gerais e tentar definí-la. Para Platão, o mundo em que vivemos,
por ele denominado de mundo sensível, não seria o único. Platão dizia que paralelamente ao
nosso mundo (sensível) haveria um mundo das ideias. Mas antes de diferenciá-los,
primeiramente vamos partir para os conceitos. O que seria um mundo sensível? Para o
filósofo, seria o mundo das aparências, da matéria, daquilo que vemos e observamos. E
quanto ao mundo das ideias? Na verdade, primeiro temos que afastar a definição habitual do
que se entende por ideia. Ideia aqui não tem o sentido derepresentação mental de uma
coisa concreta ou abstrata, mas sim de essência.

Para diferenciá-los, vamos exemplificar. No nosso mundo há um número imenso


de carros. Muitos são extremamente diferentes. Diferenças essas na cor, no modelo,
na altura, nos acessórios que comporta, no espaço interno, no consumo e tipo de
combustível, na quantidade suportada de ocupantes, no peso, etc. No entanto,
apesar de tais dessemelhanças, todos recebem o mesmo nome: carro. Veja que
apesar de apresentarem distinções quanto as suas características, todos
apresentam algo em comum, ou seja, sua essência, que faz com que sejam de
algum modo, idênticos. Todos têm aquilo que é simi lar ao que todos os carros têm,
sendo um veículo de rodas dotado de capacidade para transportar pessoas ou
carga. Para Platão, a essência do carro existiria em um mundo totalmente apartado
do nosso: o mundo das idei as. Para resumir, tudo o que existe em nosso mundo
(mundo sensível) em números exemplares, como carros, motos, casas e livros, por
exemplo, existe também no mundo das ideias, só que de maneira única e perfeita.

Outro exemplo interessante onde poderemos facilmente observar a diferença entre o


mundo em que vivemos e o mundo das ideias, está em uma própria obra de Platão:͞O Mito
da Caverna͟. Nessa obra, Platão conta o seguinte caso:

dois homens estão presos por argolas no fundo de uma caverna


escura. Sempre viveram ali, sem poder ao menos virar o pescoço. Por
trás deles, um fogo arde, a certa distância, irradiando uma luz que se
projeta no interior da caverna. Nas paredes, formas humanas, formas
que se movem.Os homens que estão no interior da caverna pensam
que o que veem é a realidade. Mas não é, eles veem apenas suas
próprias sombras. Pensam assim porque não conhecem outro mundo.
Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo sensível onde
vivemos, que é o mundo das aparências. Reflexos da luz verdadeira (as
idéias) projetam as sombras (coisas sensíveis que tomamos por
verdadeiras).

Ainda se faz necessária uma informação importante a cerca da teoria platônica


das ideias. Para Platão, o mundo das ideias, aquele constante e perfeito, existe antes
do mundo sensível. O mundo sensível seria apenas uma cópia imperfeita do mundo
das ideias.

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Vamos agora para o plano do conhecimento e ver como ele se forma. A tese
mais sustentada é a de que o conhecimento resulta da sensação. Essa tese é mais
conhecida por empirismo, que nada mais é do que buscar c onhecimentos práticos a
partir da experiência.Através do método da experimentação, podemos descobrir
simetrias, proporcionalidades, parâmetros,leis físicas, as próprias normas e
regulamentos, etc. Dessa forma, no exemplo do carro, se uma pessoa observa vários
deles por dezenas de vezes e ao compará-los notar que, embora variáveis na matéria e
tamanho, todos têm uma ideia geral, uma essência, ou seja, todos têm rodas e servem
para o transporte de pessoas, poderemos daí atribuí -los o nome de ͞carro͟.

Isso não vale somente para os carros. Todos os objetos possuem propriedades
que os identificam. Por exemplo, através de constantes experiências, sabemos que a
água, quando atingida a temperatura de 0°C, começará a solidificar-se. Esse fenômeno
é constatado a partir de diversos experimentos, todos com o mesmo resultado. Daí
inferimos que isso ocorrerá todas as vezes.
E o que Platão pensava disso? Na verdade, Platão rebatia o empirismo. Para
ele, não existia nada absolutamente igual no mundo sensível . Na matemática, por
exemplo, para Platão não existiam triângulos perfeitamente iguais, já que os seus
lados eram imperfeitos. Não só os triângulos, mas todos os objetos deste mundo eram
desiguais. Assim, Platão levantou a seguinte indagação: como chegar a verdadeira
igualdade se tudo que vemos é desigual?

Platão chegou a seguinte conclusão: a única maneira de chegarmosa um


verdadeiro conceito de triangulo ou mesmo de igualdade seria através da ascensão ao
mundo das ideias, onde lá estaria o verdadeiro triangulo ou a verdadeira igualdade, e
que através do conhecimento obtido no mundo das ideias poderíamos dizer se este ou
aqueles objetos se igualam.

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Ontologia é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da


existência dos entes e das questões metafísicas em geral. Para Platão, a primeira
maneira de conceituar o ser seria diferenciando-o da aparência. Assim, por exemplo,
não basta só ver um cachorro de três cabeças para concluir que ele existe. Platão
defendia que o ser precisa de uma certa estabilidade ou durabilidade para estarmos
diante de um ser e não de uma mera aparência. Com isso, chegamos a seguinte
indagação: como saber diferenciar um ser verdadeiro de uma mera aparência ou
alucinação? Simples. O que não é ser, simplesmente não perdura, ou seja, é uma
fantasia que logo vai desaparecer. Por fim, conclui-se que o ser é aquilo que é estável,
durável e principalmente imutável. Já o que não é ser, modifica -se e transforma-se,
sendo apenas uma ilusão ou aparência.

Heráclito já dizia o seguinte: ͞no mundo em que vivemos tudo flui, tudo muda,
nada permanece idêntico a si mesmo ͟. Esse postulado é confirmado pela própria
ciência. Tomemos como exemplo o nosso próprio corpo. O corpo humano está em
constante mudança. Isso por que as nossas células são a todo instante substituídas por
outras mais novas. Assim, de acordo com Platão, já que também somos mutáveis,
seríamos também ilusões ou meras aparências? Não seríamos um Ser? Bom, se
analisarmos do ponto de vista do mundo sensível, Platão diri a que o homem não é um
verdadeiro Ser, já que essa mutabilidade celular o faria uma mera aparência. Mas no
mundo das ideias, o homem, mesmo em constante mudança, guarda certas
características que o fazem ser denominado homem. Características essas como os
seus órgãos, suas células, material genético não mudam, apesar de estarem em
constante processo de substituição celular. Assim teríamos a sua verdadeira essência,
no mundo das ideias.
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