Você está na página 1de 24

A Cultura Lúdica

A cultura lúdica é um conjunto vivo, diversificado conforme


os indivíduos e os grupos. As regras da cultura lúdica são
bastante singulares: esquemas de brincadeiras, ou seja, a
criança desenvolve uma habilidade que se torna hábito,
quando brinca, acumula experiências que vão constituindo
uma cultura lúdica.

Essa experiência vai se enriquecendo na medida em que a


criança participa de brincadeiras com amigos. A brincadeira
é um processo de relações/interações da criança com o
brinquedo, mas é também uma interação com outras
crianças, bem como, com adultos.

Brougère um pesquisador da infância referenda que a


cultura lúdica é composta de esquemas que possibilitam
iniciar a brincadeira e distanciá-la da realidade cotidiana.
Todos estes procedimentos, referências e esquemas de
regras que o indivíduo conhece, ou seja, suas experiências
são individualizadas e particularizadas. Desse modo,
concebe-se a cultura lúdica não como um bloco monótono e
sim um conjunto vivo e diversificado em constante mudança
e sempre com novos significados em função dos hábitos
lúdicos. (BROUGÈRE, 2000 p. 52).
 

Pedro e Lívia – Arquivo pessoal – 10/02/2010

Toda interação pressupõe uma interpretação, e toda


interpretação tem um significado. A criança age em função
da significação que dá aos objetos da interação, adaptando-
se à reação dos outros sujeitos da interação, para produzir
significações que se transformam em conhecimento.

Quando brinca, a criança entra num mundo de


comunicações: comunicação com o amigo, com o professor,
com brinquedos e com seu mundo particular e imaginário.
Essa comunicação aparentemente complexa pode ser
utilizada no contexto, como forma de compreender o
universo da criança e também para ensinar. Brincar não é
apenas uma atividade natural da criança, é também uma
aprendizagem social.

As brincadeiras dos adultos com crianças bem pequenas são


essenciais para a aprendizagem. A infância em tempos
modernos foi “inventada” ou “recriada”. O reconhecimento
da infância como fase específica da vida, com suas
características e necessidades, foi o que possibilitou
identificar o brinquedo como objeto infantil. Esse novo olhar
para a criança e para o brinquedo é resultado de um longo
processo histórico que não pode ser esquecido.

A infância é necessária para todos, e, além de casa, comida,


carinho, saúde e educação, é necessário que haja tempo e
espaço para brincar. É bom lembrar ao professor que, para
trabalhar de forma lúdica, também precisa considerar esse
fazer prazeroso para desenvolver a: brincadeira, atividade
ou jogo.

A cultura lúdica é, então, composta de certo número de


esquemas que permitem iniciar a brincadeira, já que se trata
de produzir uma realidade diferente daquela da vida
quotidiana: os verbos no imperfeito, as quadrinhas, os
gestos estereotipados do início das brincadeiras compõem
assim aquele vocabulário cuja aquisição é indispensável ao
jogo. (BROUGÈRE, 2000, p. 5).

Brincar é uma característica humana! A infância integra os


adultos que somos hoje, não é coisa do passado. Valorizar a
brincadeira não é apenas permití-la, é também, suscitá-la. As
crianças vivem em um mundo de fantasia, de
encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e, o
faz-de-conta acontece independente de época, cultura,
condição social, pois, os jogos e as brincadeiras fazem parte
da vida delas. A importância do brincar está em enfrentar os
desafios da infância.
As brincadeiras são atividades fundamentais para que se
desenvolva na criança: a autonomia, a identidade e o
imaginário. E muito embora, a história nos mostra que o
brincar já foi tido apenas como mera diversão, sem cunho
pedagógico. Estudos apontam o contrário em que
brincadeiras evidenciam-se como fontes promotoras de
desenvolvimento e da aprendizagem.

De acordo com Áries (1981, p. 278), Até o final da Idade


Média, a sociedade não reconhecia a infância enquanto um
período de vida inerente aos homens, pois a criança era
considerada como um “adulto em miniatura”. Dessa forma,
os modos de vestir, as conversas, os jogos e as brincadeiras
e até o trabalho realizado pelas crianças não as distinguiam
do “mundo” dos adultos.

No Brasil foi só a partir das idéias escolanovistas de: Anísio


Teixeira, Lourenço Filho e Mário de Andrade, que
acreditavam que os jogos e brincadeiras infantis eram
atividades livres e, por meio delas, as crianças manifestavam
uma força criadora. Mario de Andrade foi um idealizador
dos parques infantis na cidade de São Paulo, em que se
efetivou a valorização das brincadeiras infantis na educação
das crianças brasileiras é o que assevera Kuhlman (2000 p.
55).

Segundo Kishimoto (1997 p. 27), as atividades lúdicas, mais


especificamente, o jogo imaginativo, teve seu início apenas
no século XIX, antes este jogo já existia de maneira simples,
mas passava despercebido para o mundo adulto nas
experiências da infância.

Sobre o brincar acredita-se que o lúdico é uma necessidade


básica da personalidade do ser humano, pois, faz parte das
atividades essenciais da dinâmica, não só das crianças. O
elemento lúdico pode ser uma ligação no sentido de facilitar
a aprendizagem, daí a necessidade de relacionar a utilização
dele como um agente motivacional também nas escolas.

colorfull-ballons-2-1385006-m Disponível
em: http://www.arthritis.org/washington/publications/afamil
ies/afamilies-archived-issues/afamilies-winter-2014 . Acesso
9 de jun de 2014

Froebel, Maria Montessori, entre outros pedagogos,


estudaram as crianças durante anos e chegaram à
conclusão de que o jogo educativo tem a intenção de distrair
e instruir ao mesmo tempo. Sendo assim, o jogo educativo
tem duas funções: uma função lúdica, na qual a criança
encontra prazer ao jogar, e outra educativa, que colabora
para aprimorar o conhecimento da criança e a sua
apreensão de mundo.

Ao buscar sinônimos ou definições para o Lúdico foram


encontradas as seguintes palavras: forma de desenvolver a
criatividade, os conhecimentos, através de jogos, música e
dança. O lúdico é um aspecto do brincar, do jogar, do
entreter, de forma definida. A ludicidade se apresenta como
fonte colaboradora que desenvolve saberes para vida
pessoal, além de, levar a criança e o adulto a interagirem
com o meio de forma prazerosa, significativa e
contextualizada.

A palavra lúdico vem do latim ludus: e quer dizer: jogo,


divertimento, distração, como adjetivo é relativo a jogo ou
divertimento, ou seja, recreativo que serve para divertir ou
dar prazer. Quando pensamos em lúdico na maioria das
vezes pensa-se no jogo, seria interessante também enfatizar
o divertimento, a recreação e mais que isso – a
aprendizagem.

O lúdico tem levado contribuições para todas as faixas


etárias, já que proporcionam novas aquisições culturais,
sociais, linguísticas e emocionais, durante toda a vida é o
que assevera Kishimoto em sua obra: Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação:

Na educação infantil, o brincar estará sempre presente, pois


é brincando que a criança entende o seu mundo. É
brincando que ela aprende. Por meio da brincadeira a
criança interage com o meio (objeto, pessoas). A brincadeira
pode ou não ter regras. Ela oportuniza a imaginação e suas
regras são “abertas” e sugere participação mais livre e
descontraída, bem dentro do espírito da atividade lúdica. É a
ação que a criança desempenha ao concretizar as possíveis
regras, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o
lúdico em ação. Dessa forma brinquedo e brincadeira
relacionam-se com a criança e não se confunde com jogo
(KISHIMOTO, 2010 p.36).

Para as crianças, brincar é coisa séria, as brincadeiras são


dotadas de sentido além de colaborar para o
desenvolvimento mental, físico e social.  É também uma
forma de autoterapia para a criança, alem de servir como
linguagem - um simbolismo que muitas vezes, substitui as
palavras. Nem sempre as crianças são capazes de se
expressar verbalmente - por isso, utilizam a brincadeira para
se comunicarem e também para formular e assimilar aquilo
que experienciam.

“O jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele deve ser


para nós um meio de educar, de onde seu nome jogo
educativo que toma cada vez mais lugar na linguagem da
pedagogia maternal” (GIRARD, 1908 p. 199).

Castelo. http://www.downloadswallpapers.com/papel-de-
parede/castelo-infantil-12176.htm. Acesso 25 de mai de
2014.

Vimos que as crianças constroem a Cultura Lúdica por meio


de interações sociais. As brincadeiras são atividades
fundamentais para que se desenvolva na criança: a
autonomia, a identidade e o imaginário.

O lúdico tem trazido contribuições para todas as faixas


etárias, já que proporcionam novas aquisições culturais,
sociais, linguísticas e emocionais. A criança não é um adulto
em miniatura, portanto, o brinquedo e o jogo são
fundamentais aos pequenos aprendizes e estão muito além
do divertimento. A fantasia do brincar na educação
determina o espaço para o lúdico e tal ação é essencial para
a atividade criadora.

A cultura lúdica é produzida pelo homem-criança e é


interativa, dinâmica e repleta de significados. É um conjunto
de procedimentos que fazem o brincar – acontecer.

Lúdico: uma proposta interdisciplinar

Realizar um trabalho sobre interdisciplinaridade no ensino


tornou-se particularmente necessário, na medida em que é um
tema bastante atual e, no Brasil, é admitido como possibilidade
para uma sistematização da educação. Tal situação suscita a
necessidade de uma investigação mais acurada e de uma
análise mais atenta do significado desta interdisciplinaridade.

Delacir Poloni

A interdisciplinaridade vem sendo tratada como uma das


soluções para que haja o restabelecimento de uma nova
ordem na educação e no ensino, no país. Na área
pedagógica – interdisciplinaridade é quando uma ou mais
disciplinas relacionam seus conteúdos com a finalidade de
aprofundar conhecimentos.

Por isso, um grupo interdisciplinar compõe-se de pessoas


que receberam uma formação em diferentes domínios do
conhecimento. A interdisciplinaridade pode ser considerada
o ponto de encontro que estabelece uma articulação entre o
universo epistemológico e o universo pedagógico.

A formação lúdica interdisciplinar se assenta em propostas


que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a
busca da afetividade proporcionando aos educadores
vivências lúdicas, experiências que se utilizam da ação do
pensamento e da linguagem.

Quanto mais o educador vivenciar a ludicidade, maior será a


chance desse profissional trabalhar com uma criança de
forma prazerosa, enquanto atitude de abertura às práticas
inovadoras. Tal formação permite ao educador saber de
suas possibilidades e limitações, desbloquear resistências e
ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do
brinquedo para a vida da criança.

Essa proposta de trabalho propõe uma prática de ensino


com possibilidades de aproveitamento do lúdico na
metodologia, do fazer docente, com ênfase à formação
lúdica da criança.
 

Lápis - Disponível em http://pt.dreamstime.com/fotografia-


de-stock-arco-%C3%ADris-colorido-do-desenho-de-l
%C3%A1pis-image10775472

Dentro de um projeto interdisciplinar a proposta do lúdico


se assenta sobre a exploração de novas práticas no
ambiente escolar que se utilizam o brincar para a
construção da aprendizagem. Com isso, é possível perceber
que se o professor tiver conhecimento e prazer pelo
exercício da função, maior será a probabilidade de uma
criança usufruir desse modelo de aula.

O lúdico, a imagem, os jogos e as brincadeiras dentro do


universo escolar não possuem apenas o objetivo de
proporcionar ao educando momentos de recreação, mas
sim, o de praticar pedagogicamente a interdisciplinaridade
se considerarmos que o aprendiz é sujeito de suas ações:
alguém que aprende criando e vivenciando saberes dentro
de uma perspectiva plural de um currículo escolar.

A utilização de diferentes recursos como: trabalhar com a


realidade das crianças e com conhecimentos prévios delas,
acabam tornando-se mecanismos pouco utilizados pelos
professores que na maioria das vezes aderem aos métodos
tradicionais. No ensino interdisciplinar busca-se
desfragmentar o ensino do conhecimento científico através
da articulação entre os conteúdos didáticos.

[...] o entreter, o brincar, faz parte também da nossa vida.


Mas, normalmente estamos tão envolvidos com nossas
questões sérias do mundo real, que ficamos desatentos a
essas particularidades tão preciosas. – Silvia Segatto (Citação
livre)

Conforme as considerações de Gontijo (2010 p. 87) “As


crianças são sujeitos que organizam e produzem formas
lúdicas de entendimento em relação ao mundo, procurando
entendê-lo e transformá-lo”. Desde os primeiros meses de
vida a criança brinca e, logo começam a desenvolver, num
processo continuo e complexo: a aprendizagem de
habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, tendo a
linguagem como sua principal dimensão. Isso significa que, a
relação das crianças com os ambientes que participam
possibilita a estruturação da sua capacidade de pensar e
construir conhecimentos, caracterizando sua humanização.

 Ser criança pressupõe processos de desenvolvimento de


potencialidades. A escola é um ambiente mediador
privilegiado do processo de humanização das crianças.
Dentro de uma abordagem interdisciplinar pode-se
interligar as diversas áreas do saber para que não haja
fragmentação do conhecimento.

A formação lúdica interdisciplinar se assenta em propostas


que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a
busca da afetividade proporcionando aos educadores
vivências lúdicas, experiências que se utilizam da ação do
pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte
dinamizadora. MARQUES (2013 p. 34)

A visão de interdisciplinaridade foi pesquisada e sugerida


por Piaget que tinha na concepção construtivista “que o
sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja
transmitido a ele por um ato de benevolência” (PIAGET, 1971
p, 53). A criança aprende por meio de suas próprias ações
sobre o objeto de estudo, enquanto sujeito autônomo, que
constrói suas próprias categorias de pensamento. Edgar
Morin ao formular a “Teoria da Complexidade” sugere a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade como
estratégias cognitivas para analisar e compreender a
realidade do mundo. O conceito de complexidade é definido
pelo autor como “aquilo que está tecido junto, aquilo que
está ligado”, ou seja, são interações que caracterizam os
fenômenos bio-físico-culturais, mas também têm suas
incertezas, pois nada é absoluto na ciência. Segundo Morin
(1999 p. 59), “conhecer e pensar não é chegar a uma
verdade absolutamente certa, mas dialogar com a
incerteza”. Esses princípios de incerteza é o que leva o
aprendiz a ação-reflexão, do disciplinar ao interdisciplinar.

Acerca disso Severino Antônio em sua obra (Uma nova


escuta poética da Educação e do Conhecimento) relata que
uma das crises mais graves de nosso tempo é a extrema
fragmentação do conhecimento, que dissocia sujeito e
objeto. E dissocia no sujeito a inteligência assim como
dissocia o objeto de seu contexto e de suas interações e
interdependências [...] “Precisamos de uma ética de
religação”. (ANTONIO, 2009 p. 89)
A interdisciplinaridade substitui a concepção fragmentária,
momento em que ocorre um diálogo possível entre as
diversas áreas do conhecimento. Dentro da questão lúdica
existem inúmeras atividades que podem ser desenvolvidas
com duas ou mais disciplinas. As brincadeiras, para as
crianças estão repletas de experimentos que trazem consigo
a vivência de uma situação anterior, a descoberta de novas
possibilidades, ou a resolução de uma dificuldade nova.

[...] o lúdico pode estar presente em sala de aula, como uma


importante metodologia na prática docente, favorecendo o
processo de ensino e de aprendizagem. No entanto, em
algumas escolas o lúdico se restringe somente às aulas de
Recreação e de Educação Física, sendo tratado como forma
de entretenimento, divertimento e lazer. O lúdico não é
explorado de forma adequada e nem utilizado quando se
observam necessidades educacionais específicas.

Contudo, todo professor interessado em promover


mudanças na sua prática em sala de aula deveria encontrar
na proposta do uso do lúdico uma importante metodologia,
a qual tem condições de contribuir para a melhoria das
ações realizadas no ambiente escolar no que se refere à
promoção de ações inclusivas. (MARQUES, 2013)

Brincar na infância é um meio pela qual a criança organiza


suas experiências, descobrindo e recriando seu olhar sobre
o mundo: das pessoas e das coisas com as quais convive.
Pode parecer contraditório, mas os jogos e as brincadeiras
fazem com que as crianças procedam com seriedade frente
aos conteúdos escolares, pois, o ensino quando utilizado
por meios lúdicos, cria um ambiente gratificante e atraente,
servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da
criança.

A brincadeira cria para as crianças uma “zona de


desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a
distância entre o nível atual de desenvolvimento,
determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível atual de
desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema sob a orientação de um adulto
ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.
(VIGOTSKI, 1984, p.97)

Como referenda Vygotsky o desenvolvimento de uma


criança está alicerçado sobre o plano das interações.
Quando uma criança pede para um adulto um brinquedo o
foco está na relação/interação com o outro e não com o
objeto.

A utilização de dos instrumentos/recursos auxiliam o


desenvolvimento das atividades educacionais: a
interdisciplinaridade proporciona o intercâmbio de
informações e estimula à consciência crítica: de forma mais
ágil, concreta e agradável para o aluno, em que o
conhecimento vem de várias direções.

O lúdico como diferencial para a educação infantil

 
Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste
ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados
enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor
para a formação do homem.

Carlos Drummond de Andrade

Professores e educadores têm buscado metodologias para o


“ensinar e aprender” em sala de aula. Porém, sabe-se que
são poucos os professores que fazem o uso de atividades
lúdicas em sala de aula como diferencial na educação. Na
maioria das vezes a proposta do professor é tentar “passar
um conteúdo”, um ensinamento e uma informação.

As vezes a teoria é cansativa para as crianças, mesmo as


escolas mais renomadas são bastante voltadas para o
conteudismo, tentando preparar a criança para o futuro, o
que faz com que a maioria dos métodos ou procedimentos
adotados sejam mais tradicionais.

 
Winter Holiday Disponível
em: http://www.nscece.ca/2014/01/Acesso 25 de mai de
2014.

A ludicidade pode e deve ser trabalhada com todas as áreas


do saber. Não há nada de mais prazeroso juntar dois
professores de diferentes áreas e trabalhar com pesquisa,
interação e a ligação dos saberes.

Porém, o uso do brincar, utilização de jogos e a criatividade


para se ter o lúdico em sala de aula não possui fórmula
mágica. O fazer lúdico requer técnica, sensibilidade e muitas
vezes – prática – nunca o improviso.

Muitas vezes um jogo ou atividade lúdica precisam ser


planejados e pensados de modo a atingir o objetivo da aula,
porque no fundo o objetivo é ensinar de forma divertida.
Não existem fórmulas, este ensino requer técnica,
sensibilidade e prática. Lembrando que as crianças não são
iguais: o que funciona para um, muitas vezes não funciona
para outro.

Isso me faz lembrar os meus “momentos lúdicos” com as


crianças em uma oficina de leitura. Eu levava um pré-projeto
achando que o seguiria passo a passo, então sempre ocorria
uma situação inusitada, isso quer dizer que o professor deve
ter consigo o plano “B”, considerando que existem crianças
não sociáveis, ou muito tímidas, ou muito sentimentais, em
um jogo, por exemplo, existem muitas crianças que não
sabem perder.

Os pais ensinam que o filho é o maior, o grande campeão,


mas ao jogar, perder faz parte. As crianças que não
aprendem a perder mergulham no mar das frustrações e às
vezes tornam-se até violentas. Os jogos são artefatos lúdicos
muito eficazes para ensinar que a vida não é um campo de
batalha. Pela brincadeira, pelos jogos, as crianças assimilam
valores, crenças, regras e hábitos, por isso, trabalhar
ludicamente é uma estratégia tão poderosa.

Puzzle-time-2-1186820-m. http://www.freeimages.com/phot
o/1186820

Cabe ressaltar que já foi comprovado cientificamente que


por meio de atividades lúdicas ocorre o desenvolvimento da
motricidade, autoestima, raciocínio lógico, para que a
criança se organize, aprenda a respeitar, sensibilizar e
principalmente divertir-se.

Negrine afirma que:

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento


integral da criança indicam que elas contribuem
poderosamente no desenvolvimento global e que todas as
dimensões estão ligadas intrinsecamente vinculadas.
(NEGRINE, 1994 p. 19).

 
A qualquer momento durante a aula podem ocorrer
atividades ou momentos lúdicos, muitos podem ser
planejados e outros podem espontaneamente ser
suscitados pelas crianças, é um bom momento para ensinar.

Ruzzi, Haydet (1987 p. 5) asseveram que “uma criança que


se entrega a uma brincadeira não tem como não aprender
algo, não desenvolver alguma habilidade ou conhecimento. ”

Oliveira (2000, p 26) afirma que, o brincar não significa


apenas recrear, pois o desenvolvimento acontece por meio
de trocas e reciprocidade”.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da


Educação Infantil:

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o


papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros
papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade
de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas
ações cotidianas pelas ações e características do papel
assumido, utilizando-se de objetos substitutos. (BRASIL,
1998, p. 27, v.01)

“O ser que brinca é o ser que joga, o ser que age, pensa,
aprende e se desenvolve”. (Teixeira 1995, pg. 23)

Não existe fórmula mágica para dar uma boa aula lúdica,
mas, existe planejamento, interdisciplinaridade e
sensibilização. Não há como mudar certas situações e a
personalidade de uma criança, mas, existe a interação, o
brincar e a inclusão. Esses procedimentos colaboram para a
autoestima, segurança e empatia.

Existem ambientes estimulantes como as brinquedotecas,


videotecas, salas de leitura, mas a válvula que impulsiona o
estímulo são os sentimentos de ensinar recriando e
recreando. A felicidade de uma criança não pode ser
inventada, mas pode ser estimulada, motivada e suscitada.

Para lugares que não existem brinquedotecas, existem os


pátios, as quadras, campinhos de futebol. Onde não há
brinquedo utilize a criatividade para “criar brincadeiras”:
aquelas que brincávamos na nossa infância: amarelinha,
cantigas de roda, roda de leitura, contação de estórias.

A aprendizagem em si deve ser prazerosa Vigotski (1984, p.


97) considera que o ato de brincar é essencial na
constituição do pensamento infantil. Ou seja, uma criança
brinca demonstra alegria em aprender, pois acontece a
oportunidade de lidar com suas energias em busca da
satisfação de seus desejos.

Dessa forma é interessante que o educador concilie a alegria


da brincadeira com a aprendizagem escolar uma vez que o
aspecto afetivo se encontra implícito no ato de jogar.

Referências Bibliográficas

ANTONIO, S. Uma nova escuta poética da educação e do


conhecimento: Diálogos com o Prigogine, Morin e outras
vozes. São Paulo: Paulus, 2009.

 
ALMEIDA, A.Recreação - Ludicidade como instrumento
pedagógico. Disponível
em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso 25 de
mai de 2014.

ANTUNES, C. Jogos para a Estimulação das Múltiplas


Inteligências. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

ARIÈS, Philippe. A História Social da Criança e da


Família. Tradução de Dora Flaksman. 2ª  edição. Rio de
Janeiro, 1981.

BRASIL, Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,


1998, p. 27, v.01.

BROUGÈRE, Gilles. Ninguém nasce sabendo brincar. É


preciso aprender. Revista Nova Escola. São Paulo: ano XXV n.
230, p. 32-35, Março 2000.

CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: SUMMUS,


1987.

GIRARD. Jean. A Importância Dos Jogos Nas Séries Iniciais.


Artigos. netsaber.com.
br/resumo_artigo_6262/artigo_sobre_a_importancia_dos_jog
os_nas_series_iniciais. 1908, p 199.
 

GONTIJO, Cynthia Rúbia Braga. Da história das crianças e


das crianças que produzem história. Disponível em:
http://www.lenderbook.com/infancia/index.asp>. Acesso
em: 20/09/2010.

KISHIMOTO, M.T(Org) Jogo, brinquedo, brincadeira e a


educação. São Paulo: Cortez, 2010.

Kuhlman Jr., M. Histórias da educação infantil brasileira.


Revista Brasileira de Educação, n.14, mai-ago, pp.5-18, 2000.

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. 2º ed.


Paris: Instituto Piaget, 1990.

NETO, C. A. F Motricidade e jogo na infância. Rio de Janeiro:


Sprint, 2001.

NUNES, A. R. S. C. A. O Lúdico na Aquisição da Segunda


Língua. (2004) Disponível on-line em:
<http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_
linguas.htm>. Acesso em 30-04-2006.

PIAGET, J. A construção do real na criança. São Paulo: Editora


Ática, 2003.
 

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo,


sonho, imagem e representação de jogo. São Paulo: Zanhar,
1971.

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretária
de Educação Fundamental-Brasília: MEC/SEF, 1998.

RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na


educação da criança. São Paulo: Ática, 1987.

ROJAS. L. O lúdico: Hora de ensinar x hora de brincar,


Disponível em: http://www.anped.org.br. Acessado no dia 25
de junho de 2011.

SCHOENMAKER, R. A. Brincar é coisa séria. Disponível em:


http://www.aliancapelainfancia.org.br/artigos.php?
id_artigo=47. Acesso 9 de jun de 2014.

SEGATTO, S. (in Citação livre).

SANTOS, P. S. M. Brinquedoteca: A criança, o adulto e o


lúdico. Petrópolis – RJ: Vozes, 2000.

 
TEIXEIRA, C. E. J. A Ludicidade na Escola. São Paulo: Loyola,
1995.

MARQUES, T. M. A caminho de uma realidade possível.


Revista Unimontes Científica, Montes Claros-MG, 2013.

VIGOTSKI, L. S. A formação Social da mente: O


desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.

Imagens:

Castelo. http://www.downloadswallpapers.com/papel-de-
parede/castelo-infantil-12176.htm

Colorfull-ballons-2-1385006-m Disponível em:


http://www.arthritis.org/washington/publications/afamilies/a
families-archived-issues/afamilies-winter-2014/. Acesso 9 de
jun de 2014

Music-in-action. Disponível
em: http://www.freeimages.com/photo/1439015.Acesso 25
de mai de 2014.
 

Pedro e Lívia – Arquivo pessoal – 10/02/2010

Puzzle-time-2-1186820-m. Disponível
em: http://www.freeimages.com/photo/1186820. Acesso 9
de jun de 2014.

Winter Holiday Disponível


em: http://www.nscece.ca/2014/01/Acesso 25 de mai de
2014.

Neste item, você deve apresentar o referencial teórico que sustenta a


elaboração do seu Projeto de Ensino.
Leia, atentamente, as orientações apresentadas no Manual do Projeto
de Ensino, conforme as especificidades do seu Curso.
Esta parte do Projeto deverá conter, no mínimo, cinco (5) e, no máximo,
sete (7) laudas.
Apague essas informações após incluir o seu texto.

Você também pode gostar