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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE - PPGEMA

MARILIA DAHER MARQUES

SELEÇÃO DE ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO


SANITÁRIO SIMPLIFICADO – ESTUDO DE CASO PARA
MUNICÍPIO DE GUAPÓ – GO.

Orientador: Professor Dr. Eraldo Henriques de Carvalho

Goiânia
2011
ii

MARILIA DAHER MARQUES

SELEÇÃO DE ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO


SANITÁRIO SIMPLIFICADO – ESTUDO DE CASO PARA
MUNICÍPIO DE GUAPÓ – GO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente -
PPGEMA, da Universidade Federal de Goiás, como
parte das exigências para obtenção do título de Mestre
em Engenharia do Meio Ambiente.

Área de Concentração:
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental

Orientador: Professor Dr. Eraldo Henriques de Carvalho

Goiânia
2011
iii

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


GPT/BC/UFG

Marques, Marília Daher.


M357s Seleção de área para implantação do aterro sanitário
simplificado [manuscrito]: estudo de caso para o município de
Guapó – GO / Marília Daher Marques. - 2011.
63 f. : il., figs, tabs.

Orientador: Prof. Dr. Eraldo Henriques de Carvalho.


Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,
Escola de Engenharia Civil, 2011.
Bibliografia.
Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas.
Apêndices.

1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Aterro sanitário simplificado.


3. Aterro sanitário – Guapó (GO). I. Título.

CDU: 628.472(817.3)
iv

MARILIA DAHER MARQUES

SELEÇÃO DE ÁREA PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO


SANITÁRIO SIMPLIFICADO – ESTUDO DE CASO PARA
MUNICÍPIO DE GUAPÓ – GO.

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Meio Ambiente


no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente da Escola
de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás, aprovada em 29 de agosto de 2011
pela seguinte Banca Examinadora:

_____________________________________________________
Professor Dr. Eraldo Henriques de Carvalho – UFG
Presidente da Banca Examinadora

_____________________________________________________
Professor Dr. Nilson Clementino Ferreira
Examinador Interno

_____________________________________________________
Professora Dra. Nélia Henriques Callado
Examinador Externo
v

AGRADECIMENTOS

À Deus.
Aos meus pais Aguinaldo e Cristina e ao meu marido, Wesley pelo apoio
incondicional e por acreditarem sempre em mim.
À minha querida irmã Elisa, simplesmente por estar sempre ao meu lado.
Ao professor Dr Eraldo Henriques de Carvalho pela orientação na realização
desse trabalho.
Aos professores Dr. Nilson Clementino Ferreira e Dra. Simone Pfeiffer pelas
orientações e sugestões durante o exame de qualificação.
Ao professor Ms. Osmar Mendes Ferreira pela indicação de referências
bibliográficas, pelas dúvidas sanadas e por todo apoio e contribuição na área profissional
desde minha graduação.
A todos os professores e colegas do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Engenharia do Meio Ambiente – PPGEMA da Universidade Federal de Goiás pela
oportunidade de crescimento profissional e pessoal.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro.
À Prefeitura do Município de Guapó que consentiu que a realização desse
trabalho.
À colega Juliana Almeida pela ajuda e por todo o apoio na realização deste
trabalho.
Às amigas Larissa Velho e Leonora Milagre, companheiras dessa jornada.
vi

RESUMO

A disposição final de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é hoje um dos grandes problemas de
saneamento básico encontrados no Brasil. O despejo destes resíduos em locais inadequados
traz transtornos sociais, ambientais e econômicos. Atualmente, o Estado de Goiás possui
baixíssimo índice de disposição adequada de RSU, principalmente nos municípios de
pequeno porte. Recentes instruções normativas da ABNT e da SEMARH-GO trouxeram
metodologia simplificada para a construção de aterro simplificado para municípios com até
50.000 habitantes, considerados como municípios de pequeno porte. Por possuírem estrutura
simplificada, a seleção de área para implantação destes aterros deve ser criteriosa a fim de
evitar possíveis danos ambientais e sociais. Diante disso, este trabalho teve o objetivo de
selecionar áreas viáveis para implantação de aterro sanitário simplificado tendo como
cenário de estudo o município de Guapó – GO, o qual atualmente dispõe seus resíduos em
aterro controlado. O horizonte de projeto determinado foi de 20 anos. A seleção das áreas
viáveis foi realizada utilizando o sistema de informações geográficas (SIG) ArcGis 9.3,
através do qual excluiu-se áreas inadequadas de acordo com a legislação vigente. Na
primeira etapa do trabalho foram utilizadas shapes fornecidas gratuitamente pelo Sistema
Estadual de Estatística e de Informações Geográficas do Estado de Goiás. Foram
identificadas cinco possíveis áreas para a implantação do aterro sanitário simplificado, que
foram submetidas à avaliação individual utilizando-se de matrizes de ponderação nas quais
as áreas foram avaliadas e pontuadas de acordo com aspectos exigidos pela legislação
ambiental vigente. Feita a hierarquização das áreas verificou-se a presença ou ausência de
reservas legais nas mesmas. Como resultado obteve-se as três melhores áreas para a
implantação do aterro sanitário simplificado do município de Guapó e constatou-se que a
seleção de uma área viável, que atenda aos parâmetros e exigências legais, pode e deve ser
realizada por todos os municípios de pequeno porte a fim de adequar a disposição final de
seus RSU e promover o bem-estar da população local e a preservação do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Urbanos; Disposição Final de Resíduos; Aterro


Sanitário Simplificado; Seleção de Área.
vii

ABSTRACT

The disposal of Municipal Solid Waste is one of the major sanitation problems found in
Brazil. The disposal of these wastes in inappropriate places brings social, environmental and
economic disorders. Currently the state of Goiás has extremely low rate of proper disposal
of MSW, especially in small cities. Recent regulatory instructions of ABNT and of
SEMARH – GO brought simplified methodology for the construction of simplified landfill
for municipalities with untill 50.000 inhabitants, considered as small municipalities. As
those have simplified structure, the area selection for deployment of those landfills must be
careful to avoid possible environmental and social damages. Therefore, this work aimed to
select viable areas for implementation of simplified landfill having as scenario the city of
Guapó – GO. It was determined a project horizon of 20 years. The selection of viable areas
was performed using the geographic information system (GIS) ArcGis 9.3, which was used
to exclude unsuitable areas according to current legislation. In the first stage of the study
were used shapes provided by the State System of Statistics and Geographic Information of
the State of Goiás. Were identified five possible areas for the implementation of simplified
landfill which were submitted for individual evaluation using weighting matrices in which
the areas were evaluated and scored according to aspects required by environmental
legislation. Done the hierarchy process was searched for the presence or absence of legal
reserves in them. As a result we obtained the three best areas for the implementation of
simplified landfill in the city of Guapó and concluded that the selection of viable areas that
meets the legal parameters can and should be done by all small municipalities in order to
adjust the final disposal of their MSW and promote the welfare of local people and the
preservation of the environment.

KEY-WORDS: Municipal Solid Waste; Final Waste Disposal; Simplified Landfill; Area
Selection.
viii

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 5-1 ............................................................................................................................ 36


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição percentual das formas de disposição final dos resíduos sólidos
urbanos por microrregião do Estado de Goiás. ........................................................................ 8
Figura 2: Funções de pertinência fuzzy. (A) Sigmoidal crescente. (B) Sigmoidal decrescente
(C) Sigmoidal simétrica. ........................................................................................................ 19
Figura 3: Solução proposta para o modelo conceitual. .......................................................... 22
Figura 4 – Localização do Aterro Controlado de Guapó. ...................................................... 33
Figura 5 – Entrada do Aterro Controlado do Município de Guapó – GO. ............................. 34
Figura 6 – Aterro Controlado de Guapó com presença de catador irregular. ........................ 34
Figura 7 – Disposição Inadequada dos Resíduos no Aterro Controlado de Guapó. .............. 34
Figura 8: Gráfico tipo Exponencial representativo da estimativa de crescimento populacional
................................................................................................................................................ 35
Figura 9: Gráfico tipo Logaritmo representativo da estimativa de crescimento populacional
................................................................................................................................................ 35
Figura 10: Gráfico tipo Linear representativo da estimativa de crescimento populacional ... 36
Figura 11 - Diagrama de descrição das etapas do processo de exclusão de áreas. ................ 38
Figura 12 – Áreas prioritárias de conservação ambiental com buffer de 10 km. ................... 39
Figura 13 – Delimitação dos perímetros urbanos com buffer de 5 km. ................................. 40
Figura 14 – Centro do perímetro urbano do município de Guapó com buffer de 25 km. ...... 41
Figura 15 – Mapa hidrográfico com buffer de 0,5 km dos corpos hídricos. .......................... 42
Figura 16 – Aeroportos e aeródromos nos municípios em estudo com buffer de 13 km....... 43
Figura 17 – Áreas viáveis para implantação do aterro sanitário. ........................................... 44
Figura 18 – Áreas viáveis para implantação do aterro sanitário no município de Guapó –
GO. ......................................................................................................................................... 45
Figura 19 – Rede viária do município de Guapó – GO.......................................................... 49
Figura 20 – Avaliação das áreas viáveis quanto à proximidade da malha viária de Guapó –
Go. .......................................................................................................................................... 50
Figura 21 – Avaliação da declividade das áreas. ................................................................... 52
Figura 22 - Localização do ponto de captação de água para abastecimento público do
município de Guapó. .............................................................................................................. 54
Figura 23 - Localização de áreas de Reserva Legal situadas nas áreas em estudo. ............... 57
Figura 24 – Mapa em A1 das áreas viáveis para implantação do aterro sanitário simplificado
do município de Guapó – GO ................................................................................................ 57
x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Requisitos e parâmetros técnicos observados para seleção de área de aterros


sanitários simplificados. ......................................................................................................... 16
Quadro 2: Resumo da aplicação das funções de pertinência Fuzzy e seus parâmetros: ........ 19
Quadro 3: Matriz de exclusão de áreas baseada em aspectos legais: ..................................... 28
Quadro 4 – Indicação das características dos mapas primários obtidos junto ao SIEG. ....... 29
Quadro 5: Matriz de ponderação das áreas referentes aos aspectos técnicos e ambientais. .. 30
Quadro 6: Matriz de ponderação das áreas referentes aos aspectos sociais. .......................... 31
Quadro 7: Matriz de ponderação com atribuição de pesos referente aos aspectos técnicos e
ambientais obtida após entrevistas: ........................................................................................ 47
Quadro 8: Matriz de ponderação com atribuição de pesos referente aos sociais obtida após
entrevistas:.............................................................................................................................. 47
Quadro 9: Avaliação quanto aos tipos de usos do solo nas áreas viáveis para a implantação
do aterro simplificado: ........................................................................................................... 48
Quadro 10: Caracterização da malha viária do município de Guapó – GO ........................... 48
Quadro 11: Avaliação das áreas quanto à distância e situação da malha viária..................... 51
Quadro 12 – Avaliação das áreas quanto a presença de energia elétrica. .............................. 51
Quadro 13: Avaliação das áreas quanto à declividade. ......................................................... 53
Quadro 14: Avaliação das áreas quanto à localização do ponto de captação de água para
abastecimento público. ........................................................................................................... 53
Quadro 15: Avaliação das áreas quanto ao impacto visual. ................................................... 55
Quadro 16: Matriz de avaliação final das áreas para implantação do aterro simplificado.... 55
xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Panorama das regiões goianas (agosto 2008 - abril 2009). ...................................... 7
Tabela 2: Panorama dos sistemas de disposição dos resíduos sólidos urbanos nos municípios
goianos (agosto 2008 - abril 2009)........................................................................................... 7
Tabela 3: Extensão das áreas de preservação permanente estabelecidas pela Lei Estadual nº
12.596/1995. ........................................................................................................................... 11
Tabela 4 – Matriz para cálculo do Peso da Importância Relativa. ......................................... 18
Tabela 5: Matriz de comparação pareada entre as variáveis do estudo de Samizava et al
(2008). .................................................................................................................................... 20
Tabela 6: Fatores e pesos utilizados no estudo de Pfeiffer (2001). ........................................ 21
Tabela 7: Valores populacionais do município de Guapó referentes a anos anteriores. ........ 35
Tabela 8 - Estimativa populacional do município de Guapó referentes aos anos de 2011 à
2031 utilizando o método dos mínimos múltiplos quadrados. ............................................... 36
Tabela 9: Estimativa da massa de resíduos gerada diária e anualmente no município de
Guapó, considerando o intervalo de 2011 à 2031. ................................................................. 37
Tabela 10: Dimensão das áreas viáveis para implantação do aterro sanitário simplificado de
Guapó. .................................................................................................................................... 46
xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
APP – Áreas de Preservação Permanente
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LAPS – Licenciamento Ambiental com Procedimento Simplificado
MDT – Modelo Digital do Terreno
PAH – Processo de Análise Hierárquica
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
SADES – Sistema de Apoio à Decisão
SEMARH-GO – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás
SIEG – Sistema Estadual de Estatística e Informações Geográficas de Goiás
SIG – Sistema de Informações Geográficas
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
UC – Unidades de Conservação
UFG – Universidade Federal de Goiás
xiii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 3
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 3
2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4


3.1 Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos .................................................................. 4
3.1.1 Disposição Final de Resíduos Sólidos em Municípios de Pequeno Porte ..................... 5
3.2 Panorama da Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos no Estado de Goiás ..................... 6
3.3 Abordagem dos Aspectos Legais Relacionados à Aterros Sanitários................................. 8
3.3.1 Áreas de Conservação e Preservação Ambiental ........................................................... 9
3.3.2 Licenciamento Ambiental de Aterros Sanitários Simplificados .................................. 11
3.4 Abordagem de Critérios Técnicos ..................................................................................... 12
3.4.1 Projeto, Construção e Operação de Aterros ................................................................. 12
3.5 Seleção de Áreas para Aterros Sanitários ......................................................................... 14
3.6 Características Observadas para a Seleção de Áreas ........................................................ 15
3.7 Ferramentas Utilizadas para a Seleção de Área ................................................................ 16
3.7.1 Análise Multicriterial ................................................................................................... 16
3.7.1.1 Processo de Análise Hierárquica (PAH) ...................................................................... 17
3.7.1.2 Método Fuzzy ............................................................................................................... 18
3.7.1.3 Estudo de caso – Processo de Análise Hierárquica e Lógica Fuzzy ............................ 19

3.7.1.4 Ponderação de Fatores .................................................................................................. 20


3.7.2 Sistema de Apoio à Decisão - SADES ......................................................................... 22
3.7.3 Sistemas de Informações Geográficas .......................................................................... 23
3.7.4 Associação de Ferramentas para Análise de Seleção de Áreas .................................... 23

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 25


4.1 Estimativa da Área Total de Disposição de Resíduos ....................................................... 25
4.2 Análise e Avaliação dos Critérios para a Seleção de Áreas .............................................. 27
4.2.1 Matriz de Exclusão de Áreas ........................................................................................ 27
4.2.2 Elaboração dos Mapas .................................................................................................. 28
xiv

4.2.3 Matriz de Ponderação – Hierarquização de Áreas ....................................................... 29


4.3 Seleção da Área ................................................................................................................. 31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 32


5.1 Características da Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos do Município de
Guapó ....................................................................................................................................... 32
5.2 Determinação da Área Total de Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos .................... 35
5.2.1 Estimativa populacional ............................................................................................... 35
5.2.2 Determinação da Massa de Resíduos Gerado .............................................................. 36
5.3 Determinação das Áreas Viáveis para Implantação do Aterro Sanitário Simplificado no
Município de Guapó ................................................................................................................. 38
5.3.1 Exclusão de Áreas ........................................................................................................ 38
5.3.2 Aplicação da Matriz de Ponderação ............................................................................. 46

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..................................................................................... 59

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 60


1

1. INTRODUÇÃO
A geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é contínua e, com o aumento
populacional, sua tendência é ser crescente. Os impactos mais graves gerados pelos RSU
estão associados à falta de tratamento e de disposição adequada destes, pois a decomposição
dos resíduos gera lixiviados e gases que levam à contaminação dos solos, do ar, das águas
subterrâneas e superficiais, além de gerar incômodo constante à população circunvizinha e
aumentar a proliferação de vetores.
De acordo com Weber e Hasenack (2002), a maior parte dos possíveis impactos
pode ser minimizada com a disposição correta em aterros. Entretanto, para a implantação
deste em um município, a escolha da área e da técnica mais adequada é essencial.
Normalmente, as opções de localização são limitadas pela dificuldade de avaliar,
simultaneamente, todo o território potencialmente utilizável.
A localização do aterro é um processo de decisão de natureza multicriterial, no
qual são considerados diversos atributos, e implica na avaliação e seleção de áreas aptas
entre várias alternativas possíveis. Desta forma, são necessários estudos realizados por
profissionais habilitados que indiquem a área mais propícia para a estocagem destes resíduos
(CALIJURI, MELO, LORENTZ, 2002).
A adequada seleção de área para implantação de aterros é de grande importância,
visto que reduz os impactos ambientais, sociais e financeiros relacionados à disposição final
dos resíduos sólidos, devendo atender à legislação vigente, bem como às necessidades da
população. Atualmente, existem critérios legais de seleção pré-definidos que devem ser
seguidos, mas uma avaliação individual do município no qual ocorrerá a implantação do
aterro é fundamental para que ocorra a adequação desses à realidade local.
De acordo com o Diagnóstico do Monitoramento dos Sistemas de Disposição do
Lixo Urbano dos Municípios Goianos, realizado pela Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Estado de Goiás (FERREIRA, 2009), dos 232 municípios do estado de
Goiás visitados, 146 ainda dispõem seus resíduos em lixões. Em muitos casos, a
implantação de um aterro nestes municípios é dificultada devido à escassez de corpo técnico
capacitado para a projeção, construção e operação do mesmo.
Visando auxiliar na adequação da disposição final dos resíduos sólidos urbanos
nos municípios de pequeno porte, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Estado de Goiás – SEMARH publicou a Instrução Normativa Nº. 05/2010, que traz o
procedimento simplificado para licenciamento de aterros de pequeno porte nos municípios
do Estado de Goiás.
2

Diante da simplificação nas exigências legais para a implantação e operação do


aterro nestes municípios, é essencial para a preservação da qualidade ambiental uma seleção
de área criteriosa, visto que esta representa o primeiro passo a ser tomado na adequação da
disposição final dos RSU de um município. Ocorre que, na maior parte destes,
especialmente os de pequeno porte, há escassez de profissionais habilitados para a
elaboração desse estudo, o que tem dificultado tal adequação.
Este estudo tem por finalidade colaborar com a definição de áreas tecnicamente
apropriadas para destinação de resíduos sólidos no município de Guapó – Goiás. A escolha
deste como cenário para estudo de caso ocorreu influenciada pelo fato de que no ano de
2010, em audiência pública realizada no município para implantação de aterro particular,
foram gerados questionamentos por parte da população local, dentre estes questionou-se a
viabilidade da área selecionada. Sendo a Universidade Federal de Goiás (UFG) instituição
isenta e transparente, este cenário foi sugerido como forma de contribuição à população de
Guapó e ao próprio município, ressaltando que cabe ao órgão ambiental responsável pelo
licenciamento ambiental no Estado de Goiás a aprovação final de viabilidade destas áreas.
3

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL


Selecionar áreas preliminares para implantação de aterro sanitário de resíduos
sólidos urbanos no município de Guapó, objetivando menor custo na instalação do
empreendimento, menor impacto ao meio ambiente e o atendimento às exigências legais do
Estado de Goiás.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Os objetivos específicos desta pesquisa são:
 Avaliar os critérios existentes para a seleção de áreas;
 Estimar a área necessária para a construção do aterro no município em
estudo;
 Elaborar uma matriz de exclusão de áreas, utilizando como ferramenta o
Sistema de Informações Geográficas;
 Elaborar uma matriz de ponderação para a seleção de áreas, utilizando como
ferramenta o Sistema de Informações Geográficas;
 Selecionar três possíveis áreas para implantação do aterro.
4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


A disposição adequada dos Resíduos Sólidos Urbanos - RSU é hoje um dos
grandes problemas enfrentados pelos municípios brasileiros, pois esta exige gastos e
conhecimento técnico que, muitas vezes, não estão disponíveis nos municípios. A destinação
final dos RSU é um aspecto que demanda o envolvimento de diferentes setores da
sociedade, sob o ponto de vista técnico, social e político (MELO, 2008).
O Art. 3º, Inciso XVI da Lei 12.305, que institui a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos define os resíduos sólidos como:
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou
se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível.”
(BRASIL, 2010)

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, por meio da NBR


15.849 (ABNT, 2010) define os RSU como resíduos sólidos provenientes de domicílios,
serviços de limpeza urbana, pequenos estabelecimentos comerciais, industriais e de
prestação de serviços, que estejam incluídos no serviço de coleta regular de resíduos e, que
tenham características similares aos resíduos sólidos domiciliares.
O Art. 3º, Inciso VIII da Lei 12.305/2010, define a disposição final
ambientalmente adequada como a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando
normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.
As três formas de disposição final de RSU utilizadas com maior frequência são:
lixões ou vazadouros, aterros controlados e aterros sanitários.
a. Lixões
Os resíduos são dispostos diretamente no solo sem qualquer tipo de preparação
ou tratamento. Este é um dos métodos mais utilizados por não exigir conhecimento técnico
na sua execução e por possuir menor custo; porém, é o mais prejudicial para o meio
ambiente e para a saúde pública.
b. Aterros Controlados
De acordo com a NBR 8849 (ABNT, 1985), trata-se de uma técnica que dispõe
5

os resíduos sólidos no solo preparado recobrindo-os com uma camada de material inerte ao
final de cada jornada de trabalho.
c. Aterros Sanitários
Segundo a NBR 8419 (ABNT, 1995), trata-se de uma técnica de disposição de
resíduos sólidos urbanos no solo que utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível
minimizando os impactos ambientais. Os resíduos devem ser cobertos com uma camada de
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. Há
ainda a drenagem dos gases e do chorume produzidos no processo de decomposição dos
resíduos, drenagem de águas pluviais e encaminhamento do chorume drenado para estação
de tratamento de efluentes. Por apresentar maior controle dos gases e do chorume, é o
método mais indicado para a disposição dos resíduos, porém sua implantação é a que exige
maior conhecimento técnico e possui custos mais elevados.
A operação inadequada das áreas para a disposição de resíduos sólidos nos
municípios brasileiros é preocupante, visto que os casos comprovados de contaminação em
locais de disposição inadequada de resíduos não param de crescer, enquanto a quantidade de
aterros adequados no país é ínfima (GUIZARD et al, 2006).
A escolha do local adequado para a instalação de um aterro é questão vital no
planejamento municipal, visto que assegura a manutenção da qualidade ambiental da região.
A avaliação destas áreas envolve estudos técnicos, legais, ambientais, econômicos, sociais e
operacionais, permitindo uma escolha segura da área em que será assentado o futuro aterro
municipal (LIMA e GUIMARÃES, 2001).

3.1.1 Disposição Final de Resíduos Sólidos em Municípios de Pequeno Porte


Os municípios de pequeno porte, muitas vezes, buscam solucionar os problemas
ambientais decorrentes da disposição inadequada de RSU com dificuldade, pois apresentam
carência de recursos técnicos e financeiros (SILVA, 2009).
A utilização de aterros como forma de disposição final de resíduos sólidos nos
municípios de pequeno porte pode ser considerada como método de grande aplicabilidade,
pois, quando comparado a outras técnicas de destinação final adequada de resíduos, como a
incineração, considera-se os aterros como de fácil operação e custos baixos (SILVA, 2009).
A NBR 15.849 (ABNT, 2010) define os aterros sanitários de pequeno porte
como:
6

“Aterro sanitário para disposição no solo de resíduos sólidos urbanos, até 20 t


por dia ou menos, quando definido por legislação local, em que, considerados os
condicionantes físicos locais, a concepção do sistema possa ser simplificada,
adequando os sistemas de proteção ambiental sem prejuízo da minimização dos
impactos ao meio ambiente e à saúde pública.”
(ABNT NBR 15.849, 2010, p.02)

A Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010) trata os aterros dos municípios de


pequeno porte como aterros simplificados e os define como “sistema de disposição de RSU
no solo pelo método de trincheiras, permitindo que a concepção possa ser simplificada
quanto à implantação e operação, considerando as condicionantes físicas locais, contendo os
elementos mínimos de proteção ambiental e do bem-estar da população”.
Embora a NBR 15.849 (ABNT, 2010) defina o aterro de pequeno porte pelo
volume diário de disposição final dos RSU, no Estado de Goiás a Instrução Normativa Nº.
05 (GOIÁS, 2010) preconiza em seu Art.1º, §1º que os critérios para implantação de aterro
sanitário simplificado aplicam-se aos municípios, associação de municípios ou consórcios
públicos, com população de até 50.000 (cinqüenta mil) habitantes, de acordo com a
estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística vigente.
Diante da influência direta sobre os possíveis impactos ambientais, sociais e
econômicos decorrentes da implantação de um aterro, a seleção adequada da área é
indispensável, especialmente no aterro de pequeno porte (SILVA, 2009).

3.2 PANORAMA DA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO


ESTADO DE GOIÁS
No ano de 2009 foi elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos do Estado de Goiás o Diagnóstico do Monitoramento dos Sistemas de Disposição
do Lixo Urbano dos Municípios Goianos. De acordo com Ferreira (2009), na elaboração
deste estudo, o Estado de Goiás foi subdividido em 10 regiões. A Tabela 1 apresenta o
panorama das regiões do estudo, contemplando a quantidade de municípios visitados em
cada região, a população total e o montante de resíduos gerados diariamente em cada região.
Já na Tabela 2 encontra-se apresentado o panorama dos sistemas de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos nestas regiões, sendo a análise destes feita quanto à disposição em
aterro sanitário, aterro controlado ou lixões em área aberta.
7

Tabela 1: Panorama das regiões goianas (agosto 2008 - abril 2009).


REGIÕES MUNICÍPIOS POPULAÇÃO RESÍDUOS
Total Visitados (hab.) GERADOS (t/dia)
Região Metropolitana de 20 20 2.141.731 1.814,50
Goiânia

Região Centro Goiano 31 28 610.784 389,90

Região Norte Goiano 26 25 277.156 189,30

Região Nordeste Goiano 20 17 170.521 97,80

Região Entorno do Distrito 19 18 999.628 615,50


Federal

Região Sul goiano 26 25 366.421 206,60

Região Sudeste Goiano 22 20 242.623 174,30

Região Sudoeste Goiano 26 25 510.754 404,30

Região Oeste Goiano 43 42 333.390 221,20

Região Noroeste Goiano 13 12 137.359 88.30

TOTAL 246 232 5.790.367 -


Fonte: Ferreira (2009).

Tabela 2: Panorama dos sistemas de disposição dos resíduos sólidos urbanos nos municípios goianos (agosto
2008 - abril 2009).
SISTEMAS UTILIZADOS NA DISPOSIÇÃO
REGIÕES MUNICÍPIOS
DO LIXO URBANO
Aterro Aterro Lixões em área
Total Visitados
Sanitário Controlado aberta
Região Metropolitana de Goiânia 20 20 4 9 7

Região Centro Goiano 31 28 2 6 20

Região Norte Goiano 26 25 0 7 18

Região Nordeste Goiano 20 17 0 3 14

Região Entorno do Distrito Federal 19 18 1 9 8

Região Sul goiano 26 25 0 9 16

Região Sudeste Goiano 22 20 0 7 13

Região Sudoeste Goiano 26 25 2 12 11

Região Oeste Goiano 43 42 0 12 30

Região Noroeste Goiano 13 12 0 3 9

TOTAL 246 232 9 77 146


Fonte: Ferreira (2009).
8

A Figura 1 mostra, em termos percentuais, a situação da disposição de resíduos


sólidos urbanos no estado de Goiás no ano de 2009.

80%
Metropolitana de Goiânia
70%
Centro Goiano
60% Norte Goiano
50% Nordeste Goiano
Entorno do Distrito Federal
40%
Sul goiano
30%
Sudeste Goiano
20% Sudoeste Goiano
10% Oeste Goiano
Noroeste Goiano
0%
Lixão Aterro Controlado Aterro Sanitário

Figura 1: Distribuição percentual das formas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos por microrregião
do Estado de Goiás.
Fonte: Modificado de Ferreira (2009).

3.3 ABORDAGEM DOS ASPECTOS LEGAIS RELACIONADOS À ATERROS


SANITÁRIOS
A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) determina em seu Art. 225 que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
O Art. 23 da CF/1988, em seu inciso VI, determina ser de competência comum
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a proteção do meio ambiente e
o combate à poluição em qualquer de suas formas. Já o Art. 30, inciso V, da CF/1988
estabelece a competência dos municípios para organizar e prestar, diretamente ou sob forma
de concessão ou permissão, o s serviços públicos de interesse local, o que inclui a destinação
final dos resíduos sólidos urbanos.
A disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos é uma das ferramentas que
asseguram a manutenção da qualidade ambiental e da qualidade de vida da sociedade.
Os Artigos 18 e 19 da Lei 12.305 de 2010 estabelecem que os municípios devem
elaborar um Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos contendo, dentre
outros aspectos:
9

 Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados na área do município,


contendo a origem, o volume, a caracterização dos resíduos e as formas de destinação e
disposição final adotadas;
 Identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente
adequada de rejeitos, observado o plano diretor de que trata o § 1o do Art. 182 da
Constituição Federal de 1988 e o zoneamento ambiental, se houver;
 Identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos,
incluindo áreas contaminadas, e respectivas medidas saneadoras.
A citada lei ressalta em seu Art. 19, §2º que para municípios com menos de
20.000 (vinte mil) habitantes, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos terá
conteúdo simplificado, na forma do regulamento, este mesmo artigo em seu §8º enuncia que
a inexistência do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos não pode ser
utilizada para impedir a instalação ou a operação de empreendimentos ou atividades
devidamente licenciados pelos órgãos competentes.
Quanto à disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos o Art. 47 da Lei
12.305/2010 proíbe:
 Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
 Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;
 Queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade;
 Outras formas vedadas pelo poder público.

3.3.1 Áreas de Conservação e Preservação Ambiental


A Lei Federal 9.985 de 2000, Capítulo III, Art. 2º define Unidades de
Conservação (UC) como espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
A citada lei divide as unidades de conservação integrantes do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC em dois grupos:
a. Unidades de Proteção Integral – tem como objetivo a preservação da
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Considera-se uso
indireto aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;
b. Unidades de Uso Sustentável – tem como objetivo compatibilizar a
10

conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos seus recursos naturais.
Considera-se uso sustentável a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade
dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e
os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável.
Ao contrário das Unidades de Conservação, nas Áreas de Preservação
Permanente (APP) não é permitido nenhum tipo de uso. A Lei Estadual nº 12.596, de março
de 1995, que institui a Política Florestal do Estado de Goiás, traz em seu Art.5º as áreas
consideradas de preservação permanente, sendo elas:
 Faixa marginal de 50 metros ao redor de lagoas ou reservatórios d‟água
naturais ou artificiais, cuja largura mínima seja de 30 metros, para os que estejam situados
em áreas urbanas e de 100 metros, para os que estejam em área rural, exceto os corpos
d‟água com até 20 ha (vinte hectares) da superfície;
 Raio mínimo de 50 metros nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos
chamados "olhos d‟água", qualquer que seja a sua situação topográfica;
 No topo de morros, montes e montanhas, em áreas delimitadas a partir da
curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima de elevação em relação à base;
 Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 100% ou 45º na sua
linha de maior declive;
 Nas bordas de tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo,
em faixa nunca inferior a 100 metros, em projeções horizontais;
 Em linha, em faixa marginal além do leito maior sazonal, medido
horizontalmente, de acordo com a inundação do rio e, na ausência desta, de conformidade
com a largura mínima de preservação permanente da mata ciliar exigida para o rio em
questão;
 Nas veredas (tipo de formação vegetal do cerrado);
 Em altitudes superiores a 1.200 (mil e duzentos) metros.
 Ao longo de rios ou qualquer curso d‟água, sendo a extensão destas áreas
descritas na Tabela 3.
A Lei Nº. 4.771 de 1965, que institui o Código Florestal Brasileiro, traz também
como área de conservação as reservas legais que são caracterizadas como área localizada no
interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente,
necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e
flora nativas.
11

Tabela 3: Extensão das áreas de preservação permanente estabelecidas pela Lei Estadual nº 12.596/1995.
Extensão da Área de Preservação Largura do Curso D´água
30 metros 10 metros
50 metros De 10 a 50 metros
100 metros De 50 a 200 metros
200 metros De 200 a 600 metros
500 metros Superior a 600 metros

A Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010) ressalta em seu Termo de


Referência, item 3.1, subitens „b‟ e „c‟ que as áreas de implantação dos aterros sanitários
simplificados devem situar-se fora de reservas legais e fora de unidades de conservação,
sendo que para as UC‟s deve-se respeitar uma distância mínima de 10 Km.

3.3.2 Licenciamento Ambiental de Aterros Sanitários Simplificados


A Resolução nº 001 de 23/01/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), define em seu Art. 1º (p. 01) impacto ambiental como sendo:
“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas, que direta ou indiretamente afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.”
(CONAMA n. 001, 1986, p. 01)

Os aterros são considerados atividades que impactam o meio ambiente e, desta


forma, devem estar legalmente licenciados.
A Resolução nº 404 de 11/11/2008 do CONAMA (p. 02-03), considerando as
dificuldades que os municípios de pequeno porte enfrentam na implantação e operação de
aterro sanitário de resíduos sólidos, estabelece em seu artigo 4º critérios mínimos para o
licenciamento ambiental de aterros sanitários de pequeno porte. São eles:
(...)
II - respeito às distâncias mínimas estabelecidas na legislação ambiental e normas
técnicas;
III - respeito às distâncias mínimas estabelecidas na legislação ambiental relativas
a áreas de preservação permanente, Unidades de Conservação, ecossistemas
frágeis e recursos hídricos subterrâneos e superficiais;
IV - uso de áreas com características hidrogeológicas, geográficas e geotécnicas
adequadas ao uso pretendido, comprovadas por meio de estudos específicos;
V - uso de áreas que atendam à Legislação Municipal de Uso e Ocupação do Solo,
desde que atendido o disposto no art. 5o e 10 da Resolução CONAMA nº 237, de
19 de dezembro de 1997, com preferência daquelas antropizadas e com potencial
mínimo de incorporação à zona urbana da sede, distritos ou povoados e de baixa
12

valorização imobiliária;
VI - uso de áreas que garantam a implantação de empreendimentos com vida útil
superior a 15 anos;
VII - impossibilidade de utilização de áreas consideradas de risco, como as
suscetíveis a erosões, salvo após a realização de intervenções técnicas capazes de
garantir a estabilidade do terreno;
VIII - impossibilidade de uso de áreas ambientalmente sensíveis e de
vulnerabilidade ambiental, como as sujeitas a inundações;
IX - descrição da população beneficiada e caracterização qualitativa e quantitativa
dos resíduos a serem dispostos no aterro;
X - capacidade operacional proposta para o empreendimento;
XI - caracterização do local;
XII - métodos para a prevenção e minimização dos impactos ambientais;
XIII - plano de operação, acompanhamento e controle;
XIV - apresentação dos estudos ambientais, incluindo projeto do aterro proposto,
acompanhados de anotação de responsabilidade técnica;
XV - apresentação de programa de educação ambiental participativo, que priorize
a não geração de resíduos e estimule a coleta seletiva, baseado nos princípios da
redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos urbanos, a ser executado
concomitantemente à implantação do aterro;
XVI - apresentação de projeto de encerramento, recuperação e monitoramento da
área degradada pelo(s) antigo(s) lixão(ões) e proposição de uso futuro da área, com
seu respectivo cronograma de execução;
XVII - plano de encerramento, recuperação, monitoramento e uso futuro previsto
para a área do aterro sanitário a ser licenciado;
XVIII - Apresentação de plano de gestão integrada municipal ou regional de
resíduos sólidos urbanos ou de saneamento básico, quando existente, ou
compromisso de elaboração nos termos da Lei Federal no 11.445, de 2007.
(CONAMA n. 404, 2008, p. 02-03).

Considerando a situação do Estado de Goiás quanto à quantidade de lixões, a


Instrução Normativa Nº 05 (GOIÁS, 2010) flexibilizou e facilitou os procedimentos de
licenciamento ambiental para municípios de até 50 mil habitantes para o saneamento
emergencial da situação estabelecendo critérios e procedimentos para o Licenciamento
Ambiental com Procedimento Simplificado – LAPS.
De acordo com o Art. 5º da citada instrução normativa, são exigidos para
liberação das licenças ambientais (prévia, de instalação e de funcionamento) os seguintes
estudos e projetos: Estudo de Seleção de Área, Estudo de Concepção de Projeto, Projetos
Básicos Executivos e Relatório Técnico de Monitoramento Ambiental. No Art. 6º se
estabelece a obrigatoriedade da apresentação semestral de Relatório de Monitoramento
Ambiental de operação do aterro sanitário simplificado a partir da obtenção da Licença de
Funcionamento.

3.4 ABORDAGEM DE CRITÉRIOS TÉCNICOS

3.4.1 Projeto, construção e operação de aterros


A NBR 13.896 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1997)
13

fixa as condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de


resíduos não perigosos. A citada norma determina que o local para a implantação de um
aterro deve ser tal que:
 O impacto ambiental gerado pela instalação seja minimizado;
 A aceitação da instalação por parte da população seja maximizada;
 Esteja de acordo com os parâmetros de zoneamento da região;
 Possua uma longa vida útil, necessitando do mínimo de obras para o início da
operação.
O Art. 3º da Instrução Normativa Nº.05 (GOIÁS, 2010) enuncia que nos aterros
sanitários simplificados pode ser admitida, desde que prevista na elaboração do projeto do
aterro sanitário simplificado, a codisposição de:
 Resíduos Industriais não perigosos conforme NBR 10.004 (ABNT, 2004),
exceto os oriundos da mineração;
 Resíduos de Serviços de Saúde dos Grupos A, D e E, conforme Resolução
Nº. 358 (CONAMA, 2005);
 Resíduos sólidos de demolição e construção civil dos grupos A, B e C,
conforme Resolução Nº. 307 (CONAMA, 2002);
 Resíduos oriundos de sistemas individuais de tratamento de esgoto
doméstico.
De acordo com o Termo de Referência apresentado na instrução normativa
supracitada, o aterro simplificado deve apresentar:
 Sistema de drenagem das águas superficiais que tendam a escoar para a área
do aterro, bem como das águas que precipitem diretamente sobre esta área;
 Sistema de drenagem e remoção do percolado gerado pela decomposição dos
resíduos sólidos;
 Sistema de tratamento do percolado, sendo que este poderá ser dispensado, a
critério da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, mediante fundamentação
técnica apresentada pelo projetista;
 Sistema de drenagem de gás, que poderá ser integrado ao sistema de
drenagem de líquidos percolados, sendo que este poderá ser dispensado, a critério da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, mediante fundamentação técnica
apresentada pelo projetista;
 Impermeabilização inferior e/ou superior, sendo que a impermeabilização
inferior poderá ser dispensada a critério da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
14

Hídricos, mediante fundamentação técnica apresentada pelo projetista;


 Acessos externos e internos protegidos e em bom estado de conservação,
permitindo sua utilização sob quaisquer condições climáticas;
 Cercamento da área construída de forma a impedir o acesso de pessoas
estranhas e animais;
 Portaria de controle da entrada de resíduos e acesso de pessoas ao local;
 Cinturão verde no perímetro da área;
 Faixa de proteção sanitária de no mínimo 10 metros de largura na área interna
do aterro para a implantação de trincheiras.
O aterro sanitário, para entrar em operação, dever ser devidamente licenciado
pelo órgão ambiental competente.

3.5 SELEÇÃO DE ÁREAS PARA ATERROS SANITÁRIOS


A disposição inadequada de resíduos sólidos pode ser evitada por um
planejamento prévio. A instalação de um aterro em local apropriado e com projetos
convenientemente desenvolvidos é essencial para a manutenção da qualidade ambiental do
município (LIMA e GUIMARÃES, 2001).
A localização adequada de um aterro é uma tarefa de difícil realização, visto que
a seleção da área é um processo que depende de diferentes fatores e condicionantes
(SENER, SUZEN e DOYURAN, 2006).
Em centros urbanos, esta seleção pode dificultar o processo de planejamento da
cidade devido ao envolvimento de diversos campos de conhecimento como a economia, a
ecologia e a qualidade do meio ambiente (CHANG, PARVATHINATHAN e BREEDEN,
2008). Em contrapartida, a escolha adequada deste local contribui para melhores condições
de proteção da qualidade ambiental e da saúde pública, além de atender aos interesses da
comunidade (SOARES, LUPATINI e CASTILHOS JUNIOR, 2002).
Devido ao crescente processo de urbanização, a disponibilidade de áreas
adequadas ambiental e economicamente torna-se cada vez menor, exigindo uma abordagem
técnica precisa. Uma avaliação criteriosa dessas áreas é importante a fim de garantir a
minimização dos impactos ambientais e sociais oriundos desse tipo de empreendimento
(CALIJURI, MELO e LORENTZ, 2002).
As administrações municipais, incumbidas do gerenciamento dos RSU,
geralmente optam por descartar estes resíduos em áreas de menor valor econômico, mas que
nem sempre são adequadas do ponto de vista ambiental (SAMIZAVA et al, 2008).
15

É necessário o desenvolvimento de estudos técnicos e ambientais que permitam


a seleção de áreas propícias para a implantação de aterros sanitários de forma a minimizar os
impactos ambientais, mas que também atendam à questão econômica (JUCÁ, 2010).
O processo de seleção de áreas pode ser dividido em duas etapas principais:
identificação das principais áreas potenciais por meio de estudo preliminar e a avaliação da
sustentabilidade das áreas, considerando aspectos como: custos, facilidade de acesso e
impactos ambientais (CHANG, PARVATHINATHAN e BREEDEN, 2008).
De acordo com Lealdine e Zaine (2008), a falta de planejamento na maior parte
dos municípios brasileiros dificulta a disposição final dos resíduos sólidos urbanos. As
maiores limitações são: restrições financeiras, descontinuidade político-administrativa, falta
de conscientização da população acerca dos problemas ambientais existentes, falta de
instrumentos de controle ambiental, dentre outros.
Outra dificuldade mencionada é que grande parte dos conhecimentos acerca dos
processos adequados de seleção de área ainda permanece distante da realidade das pequenas
comunidades, as quais dispõem de recursos técnicos e financeiros insuficientes (SOARES,
LUPATINI e CASTILHOS JUNIOR, 2002).

3.6 CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS PARA A SELEÇÃO DE ÁREAS


A NBR 13.896 (ABNT, 1997) estabelece normas para realização de projetos,
construção e operação de aterros sanitários. De acordo com esta devem ser observados
alguns aspectos para a seleção de área, como:
a. Topografia: é considerado como fator determinante para a escolha do
método construtivo e nas obras de terraplanagem para a construção do aterro;
b. Recursos hídricos: devido à importância da preservação de corpos d‟água,
deve-se avaliar a possível influência do aterro na qualidade e no uso das águas superficiais e
subterrâneas próximas ao aterro.
c. Vegetação: deve ser realizado um estudo macroscópico da vegetação visto
que esta influencia em aspectos como redução de erosão, formação de poeira e transporte de
odores;
d. Vias de acesso: devem ser verificadas por serem utilizadas durante toda a
operação do aterro. Locais com fácil acesso e vias em bom estado de conservação são mais
indicados.
e. Custos: variam de acordo com o tamanho do aterro e o seu método
construtivo, desta forma recomenda-se a elaboração de um cronograma físico-financeiro
16

para verificar a viabilidade econômica do empreendimento;


f. Distância mínima de núcleos populacionais: a distância do limite da área
útil do aterro e dos núcleos populacionais deve ser avaliada, recomendando-se que esta
distância seja superior a 500 m. Esta distância mínima visa reduzir os transtornos causados à
população pela instalação do aterro.
A Instrução Normativa Nº 05 (GOIÁS, 2010) traz como anexo um Termo de
Referência que contempla diretrizes para a seleção das áreas de instalação de aterros
sanitários simplificados. O Quadro 1 traz uma síntese dos parâmetros ressaltados pela NBR
13.896 (ABNT, 1997) e pela Instrução Normativa Nº 05 (GOIÁS, 2010):

Quadro 1: Requisitos e parâmetros técnicos observados para seleção de área de aterros sanitários simplificados.
REQUESITO PARÂMETROS RECOMENDADOS
Topografia Declividade máxima de 15%.
Distância mínima de 0,3 km de corpos hídricos.
Distância de corpos hídricos Distância mínima de 0,5 km de corpos hídricos utilizados
para abastecimento público.
Distância do ponto de captação de água Distância mínima de 2,5 km do ponto de captação.
para abastecimento público
Distância das áreas de conservação Distância mínima de 10 km das unidades de conservação.
Distância do perímetro urbano Distância mínima de 3 km
Distância dos domicílios rurais Distância mínima de 0,5 km
Distância de aeroportos e aeródromos Distância mínima de 13 km
Distância entre a cota inferior das Distância mínima de 5,0 m
trincheiras e o lençol freático
Vias de acesso Devem ser mantidas em bom estado de conservação,
permitindo o tráfego de veículos pesados durante todo o
ano.
Vida útil Mínimo de 15 anos.
Fonte: Adaptado de GOIÁS, 2010 e ABNT, 1997.

3.7 FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA A SELEÇÃO DE ÁREA

3.7.1 Análise Multicriterial


A análise multicriterial é uma das ferramentas que podem ser utilizadas para a
seleção de áreas de disposição final de resíduos sólidos urbanos.
De acordo com Malczewski* (1997) apud Sener, Suzen e Doyuran (2006), o
princípio deste método consiste em dividir os problemas de decisão em partes menores,
analisar cada parte separadamente e, então, integrar as partes de maneira lógica.
Na análise multicriterial são considerados diversos atributos que implicam na
avaliação e na seleção de áreas aptas dentre várias alternativas possíveis, levando-se em
* Malczewski, J. (1997) Propagation of errors in multicriteria location analysis: a case study. In: Fandel G, Gal
T (eds) Multiple criteria decision making. Springer, Berlin Heidelberg New York, pp 154–155.
17

conta a questão do risco associado à decisão (CALIJURI, MELO e LORENTZ, 2002).


Os autores supracitados ressaltam que a decisão baseia-se na consideração de
critérios que servem como normas para encontrar as melhores alternativas, representando
condições que podem contribuir para a tomada de decisão. Estes critérios podem ser de dois
tipos: restrições – que limitam a análise, diferenciando áreas aptas das não aptas – e fatores –
critérios que definem graus de aptidão para as regiões geográficas, realçando ou reduzindo a
importância de uma alternativa.
Os valores de diferentes critérios geralmente não são compatíveis entre si,
inviabilizando sua agregação, sendo necessária a padronização destes. Na análise
multicriterial esta padronização é feita através da atribuição de peso a estes critérios, sendo
que sua valoração equivale a quantificação da importância relativa de cada um deles no
processo de decisão (CALIJURI, MELO e LORENTZ, 2002).
Na abordagem multicriterial, a observação de diversos fatores de avaliação
influi, na maior parte das vezes, de forma positiva no processo de tomada de decisão, sendo
necessária a identificação dos elementos fundamentais que envolvem a tomada de decisão
(PFEIFFER, 2001).

3.7.1.1 Processo de Análise Hierárquica (PAH)


Samizava et al. publicaram em 2008 um trabalho de seleção de áreas no estado
de São Paulo no qual associa o uso do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ao
Processo de Análise Hierárquica - PAH, também denominado como Analytical Hierarchy
Process (AHP).
Este método de análise, proposto por Saaty* (1990) apud Samizava et al (2008),
consiste na comparação ou ponderação pareada das variáveis considerando-se o grau de
importância relativa entre os fatores.
No processo de análise é elaborada uma matriz para a avaliação das áreas. Esta
pode ser elaborada por um grupo de profissionais, permitindo que cada membro utilize de
seu conhecimento e experiência para determinar o peso e a importância de cada elemento na
matriz. O PAH, portanto, constitui-se em uma ferramenta de análise hierárquica que permite
a classificação das áreas em estudo de acordo com critérios prioritários selecionados
(CHANG, PARVATHINATHAN e BREEDEN, 2008).
Siddiqui, Everett e Vieux (1996) utilizaram o PAH para hierarquizar possíveis
*SAATY, Thomas L. How to make a decision: the analytic hierarchy process. European Journal of
Operational Research, North-Holland, v.48, p.9-26, 1990.
18

áreas viáveis para a instalação de aterros de RSU. A Tabela 4 traz o exemplo de algumas
variáveis utilizadas pelos autores para determinar a importância relativa de fatores no
processo de seleção de área, sendo que ao submeter as características de cada área a este
processe de análise é possível a definição da área mais adequada para a instalação do aterro.

Tabela 4 – Matriz para cálculo do Peso da Importância Relativa.


Estimativa dos Peso da
Característica ou Característica ou Característica ou Característica ou valores importância
Fator de Decisão Fator de Decisão Fator de Decisão Fator de Decisão médios relativa
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(a) Proximidade de Núcleos Populacionais
0 – 10 km 10 – 20 km >20 km
0 – 10 km 1 5 9 3,55 0,735
10 – 20 km 1/5 1 5 1,00 0,207
>20 km 1/9 1/5 1 0,28 0,058
(b) Tipo de Uso do Solo
Terras agrícolas Florestas -
Terras agrícolas 1 5 - 2,23 0,833
Florestas 1/5 1 - 0,44 0,166
(c) Limitações do Solo
Sem limitações Com limitações -
Sem limitações 1 7 - 2,65 0,87
Com limitações 1/7 1 - 0,38 0,13
Fonte: Adaptado de Siddiqui, Everett e Vieux, 1996.

Na Tabela 4 as colunas de (1) a (4) correspondem aos parâmetros avaliados. Os


valores médios da coluna (5) são dados pela equação √∑ , proposta por
Saaty (1990). Segundo Siddiqui, Everett e Vieux (1996) o peso da importância relativa a
cada elemento é determinado pela normalização do valor médio, que é dada pela divisão do
valor médio pelo somatório dos valores médios do elemento avaliado.

3.7.1.2 Método Fuzzy


O processo de aplicação do método Fuzzy inicia-se com a definição das
variáveis de entrada, que devem ser de natureza qualitativa e/ou quantitativa, sendo que as
de natureza qualitativa devem representar valores obtidos por conhecimento de especialistas,
enquanto as de natureza quantitativa assumem valores obtidos de leis, normas ou manuais
técnicos (MELLO, 2008).
Segundo Calijuri, Melo e Lorentz (2002), na lógica Fuzzy um conjunto de
valores expressos em uma dada escala é convertido em valores comparáveis expressos em
escala normalizada. Esta transformação dos dados auxilia na redução da subjetividade da
escolha, aumentando o raciocínio no processo de decisão.
19

3.7.1.3 Estudo de caso – Processo de Análise Hierárquica e Lógica Fuzzy


Samizava et al , em estudo publicado no ano de 2008, utilizaram no estudo de
seleção de áreas para aterros sanitários no município de Presidente Prudente – SP o
programa de Sistema de Informações Geográficas - SIG denominado Spring como
ferramenta para construção dos mapas de áreas. Com os mapas gerados os autores aplicaram
a lógica fuzzy para normalização e modelagem das variações imprecisas no espaço e o
método Processo de Análise Hierárquica – PAH para ponderar cada variável a partir do seu
grau de importância relativa.
De acordo com os autores, a conversão para uma única base de mensuração é
utilizada para padronizar todas as unidades dos mapas, atribuindo-lhe uma escala em
comum. O intervalo de padronização adotado foi de um byte (0-255).
Como mostra a Figura 2, foram utilizadas três tipos de funções de pertinência.
Na função sigmoidal crescente o ponto “a” representa o valor mínimo aceitável e o ponto
“b” o valor máximo aceitável. Na função sigmoidal decrescente o ponto “a” representa o
valor máximo aceitável e o ponto “b” o valor mínimo aceitável. Na função sigmoidal
simétrica o ponto “a” representa o valor mínimo, os pontos “b” e “c” representam os valores
médios aceitáveis e o ponto “d” representa o valor máximo aceitável.

Figura 2: Funções de pertinência fuzzy. (A) Sigmoidal crescente. (B) Sigmoidal decrescente (C) Sigmoidal
simétrica.
Fonte: Samizava et al, 2008.

A inferência fuzzy foi utilizada para a padronização/normalização das variáveis.


Todas as funções aplicadas e seus limites difusos foram sintetizados no Quadro 2:

Quadro 2: Resumo da aplicação das funções de pertinência Fuzzy e seus parâmetros:


Pontos de Controle
Critério Função a b c d
Declividade (%) Sigmoidal Decrescente 10 20 - -
Distância dos Cursos d'água (m) Sigmoidal Crescente 200 500 - -
Distâncias da rede viária (m) Sigmoidal Simétrica 0 200 500 1000
Distâncias de áreas urbanizadas (m) Sigmoidal Crescente 1000 2000 - -
Profundidade do nível freático (m) Sigmoidal Crescente 5 15 - -
Fonte: Samizava et al, 2008.
20

Feita a normalização das variáveis pelo método Fuzzy, as variáveis foram


ponderadas através do método de análise hierárquica – PAH. A escala de ponderação
utilizada varia de 1 a 9, sendo que o valor 1 representa importância idêntica entre fatores e, o
valor 9 para uma variável que tem importância infinitamente maior que outra. A Tabela 5
traz a matriz de comparação pareada das variáveis utilizadas pelos autores.

Tabela 5: Matriz de comparação pareada entre as variáveis do estudo de Samizava et al (2008).


Geomorfologia Solos/ Prof. Declividade Dist. Dist. Dist. Área
Geologia Nível Cursos Rede urbana
d‟água d‟água Viária
Geomorfologia 1

Solos/Geologia 1/3 1

Prof. Nível 2 3 1
d‟água

Declividade 2 3 1 1

Dist. Cursos 2 2 1 2 1
d‟água

Dist. Rede Viária ¼ 1/3 1/4 1/4 1/4 1

Dist. Área urbana ½ 1 1/2 1/2 1/2 3 1


Fonte: Samizava et al, 2008.

Após a aplicação dos métodos de hierarquização das variáveis os autores


concluíram que os conjuntos fuzzy tratam de maneira mais realística os conceitos imprecisos
e subjetivos, que são comuns nas análises do meio físico e que o processo de ponderação
pelo método PAH oferece a possibilidade de compensação de uma variável com a outra, por
grau de importância relativa, o que torna possível a geração de novos cenários para um
mesmo objetivo com a revisão e alteração da matriz de comparação pareada.

3.7.1.4 Ponderação de Fatores


Pfeiffer (2001) define a ponderação dos fatores como a atribuição de valores
numéricos às condições verificadas nas áreas em estudo. Este processo visa facilitar a
identificação de áreas adequadas, já que as características analisadas não possuem o mesmo
grau de importância.
Neste método há a atribuição de pesos aos fatores de seleção, ou seja, estes
fatores são substituídos por valores numéricos de acordo com uma escala comum de
classificação. Após a ponderação de todos os fatores, os resultados são combinados de forma
21

a atribuir uma classificação numérica a cada área sendo que a área mais favorável será a que
exibir classificação mais elevada (JUCÁ, 2010).
Na avaliação preliminar de áreas para disposição final de RSU alguns fatores são
considerados como elementos primários de avaliação (PFEIFFER, 2001).
Pfeiffer (2001) elencou em seu trabalho fatores comumente utilizados por
diversos autores, sendo eles: geologia / hidrogeologia, uso do solo, solo, topografia, recursos
hídricos superficiais, acessibilidade à área e distância de núcleos urbanos. Ao analisar a
relação entre os pesos atribuídos por alguns autores aos fatores por eles utilizados, Pfeiffer
(2001) constatou que há proximidade entre os pesos por eles atribuídos quando os fatores
envolvidos são classificados como técnico-ambientais (geologia, topografia, água superficial
e hidrogeologia).
Na ponderação de fatores são atribuídos pesos aos fatores e aos subfatores. A
Tabela 6 traz alguns exemplos dos pesos atribuídos às variáveis utilizadas por Pfeiffer
(2001) no estudo de seleção de áreas:

Tabela 6: Fatores e pesos utilizados no estudo de Pfeiffer (2001).


Fatores Pesos Subfatores Pesos
Formação Serra Geral 7
Geologia / Formação Botucatu 0
9,0
Hidrogeologia Formação Pirambóia 0
Cidades 0
< 2% 0
2 – 5% 10,0
Topografia 8,0 5 – 10% 9,0
10 – 30% 6,0
> 30% 0
< 500 m 0
Água Superficial 7,5
> 500m 10
< 3.000 m 0
Distância de Áreas
6,0 3.000 – 10.000 m 10,0
Urbanas
> 10.000 m 5,0
< 200 m 0
200 – 2.000 m 10
Infra-Estrutura 5,0
2.000 m – 4.000 m 8
> 4.000 m 4
Fonte: Adaptado de Pfeiffer (2001).

A área selecionada para a implantação do aterro sanitário deve ser aquela que
atenda ao maior número de critérios avaliados, sendo necessária a avaliação individual de
cada área com relação a cada um dos fatores analisados, considerando-se como melhor área
aquela que obtiver o maior número de pontos após a aplicação dos pesos a cada fator de
avaliação (LINS, 2008).
22

3.7.2 Sistema de Apoio à Decisão - SADES


Soares, Lupatini, Castilhos Junior (2002) desenvolveram um programa
computacional, denominado Sistema de Apoio à Decisão – SADES, a fim de atender aos
profissionais das pequenas comunidades envolvidos no processo de escolha de áreas para
implantação de aterros. Com base nos conhecimentos adquiridos e nas necessidades dos
usuários estudados, estabeleceu-se uma solução, em termos de modelo conceitual para o
sistema que foi dividido em quatro etapas (ver Figura 3), sendo elas:
Etapa 1: Caracterização do município – nesta etapa há o levantamento de dados
demográficos e a caracterização do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos local a fim de
avaliar as necessidades do município;
Etapa 2: Levantamento e triagem de áreas – a etapa é subdividida na análise
preliminar das áreas pretendidas e no cadastro das informações complementares para as
áreas classificadas como potenciais.
Etapa 3: Avaliação das áreas potenciais – há o cruzamento das informações das
áreas cadastradas na Etapa 2 com as referências contidas na base de conhecimentos do
programa, permitindo a avaliação da viabilidade ou não de uma área.
Etapa 4: Apoio à implantação – fornece elementos de apoio para o
dimensionamento do aterro, baseando-se no cruzamento das informações referentes ao
município, gerenciamento dos resíduos e características físicas das áreas escolhidas.

Figura 3: Solução proposta para o modelo conceitual.


Fonte: Soares, Lupatini, Castilhos Junior (2002).
23

O modelo computacional proposto por Soares, Lupatini, Castilhos Junior (2002)


permite a avaliação preliminar de áreas potenciais para disposição de RSU, visto que o
próprio programa conta com todos os parâmetros legais exigidos na seleção de áreas,
podendo, desta forma, servir como apoio em municípios. Mesmo sujeito a falhas, é uma
ferramenta que pode ser considerada em municípios de pequeno porte.

3.7.3 Sistemas de Informações Geográficas


A seleção de área de um aterro requer um processo de avaliação para identificar
o local de disposição que melhor atenda às exigências legais e normativas e que minimize
impactos econômicos, sociais e ambientais. Desta forma, diversos são os fatores a serem
analisados para a seleção de uma área adequada (SIDDIQUI, EVERETT, VIEUX, 1996).
De acordo com autores supracitados, o Sistema de Informações Geográficas
(SIG) é ideal para os estudos preliminares desta seleção devido à capacidade deste em
gerenciar dados espaciais de fontes variadas. Ele, eficientemente, armazena, analisa e exibe
informações de acordo com as definições feitas pelo usuário do programa.
A utilização de ferramentas computacionais, como softwares SIG para a seleção
de áreas é adequada visto que estes permitem a discriminação de áreas potenciais de maneira
mais rápida e eficiente (SAMIZAVA et al, 2008).
Segundo Lima e Guimarães (2001), o SIG permite a eliminação de áreas
impróprias para localização do aterro, sendo que esta redução pode abranger um percentual
de até 95%. A utilização do SIG fundamenta-se na análise de:
- informações espaciais, tais como mapas temáticos, topográficos, hidrológicos,
geológicos, hidrogeológicos, pedológicos e de vegetação;
- informações descritivas, como laudos geotécnicos, sondagens, aspectos
geológicos, monitoramento de aqüíferos.
As análises espaciais em ambientes SIG integradas com métodos de inferência
geográfica produzem informações que reduzem incertezas na tomada de decisão,
proporcionando maior agilidade e segurança no processo de seleção de áreas (SAMIZAVA
et al, 2008). Estas análises permitem a simulação de diversas alternativas para a seleção de
área, permitindo que se faça uma avaliação de cada uma destas alternativas considerando-se
aspectos técnicos, ambientais, legais, sociais e econômicos (LIMA e GUIMARÃES, 2001).

3.7.4 Associação de Ferramentas para Análise de Seleção de Áreas


Em estudo desenvolvido no ano de 2006 por Sener, Suzen e Doyuran, foi
24

realizada a integração das duas ferramentas – SIG e Análise Multicriterial. De acordo com o
citado autor a junção destas ferramentas é eficiente para solucionar o problema de seleção de
áreas, pois enquanto o SIG permite uma eficiente manipulação e apresentação dos dados, a
Análise Multicriterial elenca um ranking de áreas potenciais de acordo com os critérios
analisados.
Siddiqui, Everett e Vieux (1996) fizeram a associação do sistema de
informações geográficas e do processo de análise hierárquica para a seleção de áreas.
Segundo os autores a utilização destas ferramentas permitiu a exclusão de áreas restritas pela
legislação e pelas normas para a instalação de aterros com a ulitização do SIG e a posterior
hierarquização das áreas remanescentes com base na análise de seus tributos.
Melo (2008) cita a utilização da avaliação ambiental, que constitui-se no
conhecimento das potencialidades, das possibilidades e das limitações da área de estudo.
Esta avaliação é importante por permitir a identificação de variáveis que influenciam na
conservação e na degradação ambiental. No estudo de seleção de áreas, esta avaliação deve
ser realizada para a determinação das variáveis relacionadas ao meio ambiente no processo
de análise multicriterial.
Pfeiffer (2001) associou o SIG à análise multicriterial em estudo que buscou a
identificação de local ambientalmente viável para a instalação de aterro de resíduos sólidos
no município de Ribeirão Preto (SP). A autora concluiu que o SIG é uma ferramenta útil
para a seleção e hierarquização das áreas quando se estabelece critérios seletivos adequados
e que a abordagem multicriterial mostrou-se satisfatória no processo de seleção final das
áreas.
25

4. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi selecionado como cenário para aplicação da pesquisa o município de Guapó,
localizado no Estado de Goiás. Trata-se de um município com população inferior a 50.000
habitantes, enquadrando-se desta forma na Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010)
segundo a qual os municípios de pequeno porte, como Guapó, devem possuir Aterros
Sanitários Simplificados para disposição final dos Resíduos Sólidos Urbanos.
O município de Guapó localiza-se a 27 Km de Goiânia, capital do estado de
Goiás, entre as coordenadas 16° 49‟ 51‟‟ S e 49° 31‟ 55‟‟ O.
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE, o município possui 13.841 habitantes, sendo enquadrado
também neste número os habitantes do distrito de Posselândia, considerado como área
urbana de Guapó.
As etapas que compreenderam a metodologia de elaboração deste estudo são
apresentadas de forma detalhada abaixo.

4.1 ESTIMATIVA DA ÁREA TOTAL DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS


Na estimativa da área do aterro é imprescindível a adoção do horizonte de
projeto. A Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010) determina que a vida útil mínima do
aterro sanitário simplificado seja de 15 anos. Atendendo à exigência legal e visando
impactar apenas uma área do município por um maior período, determinou-se como
horizonte de projeto o período de 20 anos, desta forma, a previsão de funcionamento do
aterro será até o ano de 2031.
A estimativa da quantidade de resíduos gerada durante o período determinado
foi baseada no crescimento populacional e na geração per capita de resíduos sólidos.
O crescimento populacional foi projetado a partir de levantamento junto ao
censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, relativos aos anos de 1980,
1991, 2000 e 2010. Para a estimativa do crescimento populacional foi utilizado o método
matemático dos mínimos múltiplos quadrados.
Para a determinação da população pelo método dos mínimos múltiplos
quadrados utilizam-se os valores populacionais correspondentes a três censos populacionais
anteriores.
Na determinação destes valores fez-se uso do programa Microsoft Excel e
seguiram-se as seguintes etapas:
1) Selecionaram-se os valores dos censos populacionais obtidos;
26

2) Aplicou-se o gráfico tipo dispersão, sendo o eixo X determinado pelos


valores populacionais e o eixo Y determinado pela diferença entre o ano do censo inicial
utilizado e os demais;
3) Adicionou-se ao gráfico a linha de tendência, a equação do gráfico e o valor
de R²;
4) Selecionou-se a equação do gráfico de maior valor de R²;
5) Fez-se o cálculo da população para o ano desejado substituindo-se na equação
o valor de “X” pela diferença entre o ano inicial, neste caso 1991, e o ano desejado.
A estimativa populacional foi feita ano a ano.
De acordo com pesquisa realizada no ano de 2008 pela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a média nacional de
geração per capita de RSU é de 1,08 Kg/hab.dia. Já o Manual de Gerenciamento Integrado
de Resíduos Sólidos do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, publicado
em 2001 traz que municípios de pequeno porte, com até 30 mil habitantes, possuem geração
per capita de 0,5 kg/hab.dia. Sendo o município de Guapó de pequeno porte, para o
dimensionamento da área do aterro foi utilizado o valor de geração per capita de 0,5
kg/hab.dia.
Para a determinação da área de disposição dos RSU foi necessário o cálculo do
volume de resíduos gerado ao longo do período de projeto, sendo que o volume final do
aterro equivale ao somatório da massa de resíduos gerada anualmente, divididos pelo peso
específico do lixo, acrescidos do volume de terra utilizada para recobrimento.
Foi realizado o dimensionamento de área considerando-se dois cenários:
 Cenário 01: a estimativa da área foi realizada considerando que não haverá
compactação mecânica dos resíduos. Neste cenário adotou-se o peso específico do lixo solto
de 200 kg/m³.
 Cenário 02: a estimativa da área foi realizada considerando que haverá
compactação mecânica dos resíduos. Neste cenário adotou-se o grau de compactação de 700
kg/m³.
Para os dois cenários foram dimensionados aterros pelo método das trincheiras,
considerando cada vala com profundidade de 4,0 m.
Para a determinação da área total do aterro considerou-se também a área de
implantação da infra-estrutura básica exigida pelas normas, bem como o material de
recobrimento das trincheiras. Para suprir esta exigência foram acrescidos 20% para material
de recobrimento ao volume do lixo (compactado ou não) e 30% para implantação de infra-
27

estrutura ao valor encontrado para área útil em cada cenário.

4.2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE ÁREAS


Através de levantamento bibliográfico foram destacados fatores, critérios e
métodos de ponderação frequentemente utilizados nos processos de seleção de áreas de
aterros. Para aquisição do material bibliográfico foram realizadas consultas a livros, jornais
e revistas especializadas, legislação, normas técnicas, trabalhos de pós-graduação e sites da
internet.
Foram elaboradas duas matrizes:
a. Matriz de exclusão – foi elaborada utilizando-se como parâmetro exigências
legais que permitem a exclusão de áreas não adequadas para a disposição final de resíduos
sólidos urbanos.
b. Matriz de ponderação – foi elaborada com a hierarquização de critérios
técnicos e legais considerados relevantes na seleção de áreas no município em estudo, tendo
seus pesos estabelecidos de acordo com a importância/relevância do fator analisado. Esta
matriz foi utilizada para a hierarquização das áreas encontradas após a aplicação da matriz
de exclusão.
Alguns dos parâmetros das matrizes supracitadas foram aplicados à área de
estudo com o auxílio do Sistema de Informações Geográficas (SIG) – ArcGis 9.3.

4.2.1 Matriz de exclusão de áreas


Com o intuito de reduzir a quantidade de áreas analisadas, foi elaborada uma
matriz de exclusão com parâmetros legais referentes à seleção de área de aterros
simplificados para resíduos sólidos urbanos. Foram considerados como critérios de
exclusão:
a. Áreas de conservação
Foram excluídas para fins de recebimento do aterro. A distância mínima adotada
entre as unidades de conservação e a área de instalação do aterro foi de 10 km, conforme
Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010).
b. Aeroportos e Aeródromos
Foi adotada a distância mínima de 13 km entre aeroportos ou aeródromos e a
área do aterro, conforme Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010).
c. Distância de núcleos urbanos
A Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010) recomenda uma distância mínima
28

de 3,0 km entre o perímetro urbano e o local de instalação do aterro. Considerando o


crescimento horizontal do perímetro urbano ao longo do período de projeto, para o presente
estudo adotou-se uma distância mínima de 5,0 Km, sendo excluídas as áreas que se
encontram dentro deste perímetro.
d. Distância de nascentes, corpos d’água ou pontos de captação
A Instrução Normativa nº 05 (GOIÁS, 2010) recomenda uma distância mínima
de 0,3 km entre as margens de corpos hídricos e de nascentes e a área de implantação do
aterro sanitário simplificado. Se o corpo hídrico for utilizado para abastecimento público
esta distância deve ser de 0,5 km do manancial. Considerando que a perda na extensão das
áreas avaliadas seria mínima e visando maior preservação dos mananciais da região, optou-
se por adotar a distância mínima de 0,5 km das margens de corpos hídricos e de nascentes,
sendo estes utilizados para abastecimento público ou não.
e. Centro Geométrico de Coleta de Resíduos
A Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010) recomenda que o local de
disposição final dos RSU esteja a uma distância – medida em linha reta – máxima de 25 km
do centro geométrico da coleta. Sendo o município em estudo de pequeno porte, o centro
geométrico de coleta foi considerado como o centro do município e foi determinado com o
auxílio do programa SIG ArcGis 9.3.
Com os aspectos relacionados, tem-se a matriz de exclusão no Quadro 3:

Quadro 3: Matriz de exclusão de áreas baseada em aspectos legais:


CRITÉRIO PARÂMETRO AÇÃO NO SIG
Inferior a 10,0 km Excluir área
Distância das unidades de conservação
Superior a 10,0 km Selecionar área
Inferior a 5,0 km Excluir área
Distância do perímetro urbano
Superior a 5,0 km Selecionar área
Distância de nascentes e corpos Inferior a 0,5 km Excluir área
hídricos Superior a 0,5 km Selecionar área
Inferior a 13 km Excluir área
Distância de aeroportos e aeródromos
Superior a 13 km Selecionar área
Centro geométrico de coleta Perímetro de 25 km Selecionar área

4.2.2 Elaboração dos mapas


Com a matriz de exclusão de áreas foram criados mapas com áreas que atendam
aos parâmetros descritos no subitem anterior. As informações contidas em cada mapa foram,
então, sobrepostas resultando em um só mapa com as áreas remanescentes.
Os mapas primários foram obtidos junto ao Sistema Estadual de Estatística e
Informações Geográficas de Goiás – SIEG (Quadro 4), sendo estes mapas com escalas que
29

fornecem semi-detalhes. O programa de SIG utilizado para o tratamento dos dados foi o
ArcGis 9.3.

Quadro 4 – Indicação das características dos mapas primários obtidos junto ao SIEG.
Assunto Tema Geração Escala
Áreas especiais Áreas prioritárias para conservação 10/07/2007 1: 1.000.000
Cobertura e Uso do Solo Cobertura e Uso do Solo 22/07/2006 1: 250.000
Infra-Estrutura Aeródromos e Aeroportos 17/06/2009 1: 1.000.000
Infra-Estrutura Malha Viária Atualizada 17/06/2009 1: 250.000
Solo Solos 08/07/2005 1: 1.000.000
Base Cartográfica Drenagem 22/07/2006 1: 100.000
Base Cartográfica Perímetros Urbanos 22/07/2006 1: 250.000
Base Cartográfica Limites Municipais 17/06/2009 1: 250.000

4.2.3 Matriz de ponderação – hierarquização de áreas


A matriz de ponderação foi elaborada com os critérios técnicos e legais
considerados indispensáveis na análise das áreas, sendo estes:
a. Tipo de uso do solo
Foi realizado levantamento do tipo de uso do solo existente nas áreas avaliadas.
Este levantamento foi realizado através do mapa de solos obtido junto ao Sistema Estadual
de Estatística e Informações Geográficas de Goiás – SIEG.
b. Presença de rede viária
A Instrução Normativa nº 05 (GOIÁS, 2010) exige que a área de implantação do
aterro possua facilidade de acesso, permitindo o tráfego de veículos pesados ao longo de
todo ano, mesmo em período de chuvas intensas.
Como critério de ponderação na seleção das áreas foi verificado:
- Distância entre a área em estudo e vias de acesso principais (rodovias);
- Se a via de acesso é pavimentada ou não.
Estes quesitos foram verificados através do mapa de malha viária obtido junto ao
Sistema Estadual de Estatística e Informações Geográficas de Goiás – SIEG.
c. Topografia
A Instrução Normativa nº 05/2010 do Estado de Goiás determina que o terreno
de implantação do aterro sanitário simplificado tenha declividade máxima de 15%. Desta
forma, áreas que em sua totalidade possuíam declividade superior a 15% deveriam ser
excluídas. A declividade destas áreas foi identificada utilizando Imagem Raster contendo
Modelo Digital do Terreno (MDT) obtida no sítio da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) e com o auxílio do programa ArcGis 9.3.
Os intervalos percentuais de declividade considerados para a avaliação foram:
30

 (0,19 – 2,84)%
 (2,84 – 4,69)%
 (4,69 – 6,65)%
 (6,65 – 8,73)%
 (8,73 – 10,92)%
 (10,92 – 13,23)%
 (13,23 – 16)%
 (16 – 19,93)%
 (19,93 – 29,62)%
d. Ponto de captação de água de abastecimento
Foram identificados através de dados da empresa Saneamento de Goiás
(SANEAGO) locais de captação situados próximos às áreas de estudo a fim de avaliar o
posicionamento das áreas avaliadas quanto aos pontos de captação de água de
abastecimento.
e. Impacto Visual e Direção dos Ventos
Estes aspectos foram analisados a fim de reduzir a insatisfação e resistência da
população local diante da implantação do aterro.
Com os aspectos acima relacionados, foram elaboradas duas matrizes, sendo
uma com aspectos técnicos e ambientais e uma com aspectos sociais.
Cada matriz tem um peso específico para o grupo, sendo que o somatório destes
totaliza 100%. Cada aspecto considerado nas matrizes tem peso individual determinado de
acordo com a importância do mesmo. As matrizes estão representadas nos Quadros 5 e 6:

Quadro 5: Matriz de ponderação das áreas referentes aos aspectos técnicos e ambientais.
MATRIZ 1 – ASPECTOS TÉCNICOS E AMBIENTAIS
Aspectos Faixa de Avaliação
Favorável
Uso do solo
Não favorável
Rede Viária – Distância entre Inferior a 3,0 Km
a área em estudo e rodovias. Superior a 3,0 Km
Pavimentada
Peso da Rede Viária – Pavimentação.
Não-pavimentada
Matriz
Superior a 15%
Topografia
Inferior a 15%
Inexistente
Energia Elétrica
Existente
Ponto de captação de água de A montante da área
abastecimento A jusante da área
31

Quadro 6: Matriz de ponderação das áreas referentes aos aspectos sociais.


MATRIZ 2 – ASPECTOS SOCIAIS
Aspectos Faixa de Avaliação
Favorável
Direção dos ventos
Peso da Não Favorável
Matriz Alto
Impacto Visual Moderado
Baixo

Os pesos das matrizes e de seus aspectos foram estabelecidos através de


pesquisa realizada com três profissionais da área ambiental e três alunos de mestrado da
Universidade Federal de Goiás com o intuito de verificar a importância relativa a cada
aspecto por visões diferentes. Para elaboração da matriz de ponderação final fez-se a média
aritmética simples dos valores apresentados pelos profissionais e pelos estudantes.
Utilizando os quesitos com seus respectivos pesos, foi realizada a hierarquização
das áreas remanescentes.

4.3 SELEÇÃO DA ÁREA


Realizada a ponderação e hierarquização das áreas foi verificada a existência de
reserva legal dentro das mesmas, pois a Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS, 2010)
recomenda que o aterro sanitário simplificado seja implantado fora de reservas legais e,
preferencialmente, em áreas que não precisem ser desmatadas. Esta verificação foi realizada
por imagem de satélite gerada pelo Google Earth.
Feita a análise, foram selecionadas as três áreas de maior viabilidade técnica,
social e econômica para a instalação do aterro sanitário simplificado para a disposição final
dos RSU do município de Guapó - GO.
32

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERÍSTICAS DA DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


URBANOS DO MUNICÍPIO DE GUAPÓ
Atualmente, o município de Guapó não possui Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos Urbanos, sendo estes coletados e dispostos em um aterro controlado que
possui área e perímetro de aproximadamente 0,72 ha e 395 m, respectivamente. O Aterro
Controlado de Guapó, (Figura 4) situa-se na Rodovia Estadual GO 219 a cerca de 7,0 Km do
centro do perímetro urbano do município.
Durante o mês de abril de 2011, foi realizada uma visita ao aterro controlado do
município e verificou-se que o mesmo funciona com algumas irregularidades, tendo como
exemplos:
 Embora o aterro controlado seja cercado, não há nenhum tipo de segurança ou
porteiro no local, facilitando a entrada de pessoas não autorizadas no local (ver Figura 5).
 Constatou-se a presença de catador de lixo dentro da vala de resíduos do
aterro (ver Figura 6);
 Inadequação na disposição dos RSU, visto que os mesmos estavam dispostos
fora da vala e sem o devido recobrimento, facilitando a proliferação de vetores e gerando
maior impacto visual. Os resíduos estavam também sendo queimados, fato comum de
acordo com proprietário de chácara próxima à área do aterro controlado. Fatos estes
retratados pela Figura 7.
33

Figura 4 – Localização do Aterro Controlado de Guapó.


34

Figura 5 – Entrada do Aterro Controlado do Município de Guapó – GO.

Catador

Figura 6 – Aterro Controlado de Guapó com presença de catador irregular.

Fumaça proveniente
da queima dos RSU.

Resíduos fora
da vala de
disposição

Figura 7 – Disposição Inadequada dos Resíduos no Aterro Controlado de Guapó.


35

5.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA TOTAL DE DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS URBANOS
A determinação das dimensões da área do aterro depende, basicamente, de três
fatores: horizonte de projeto, população do município e geração per capita de RSU.

5.2.1 Estimativa populacional


No cálculo da estimativa populacional pelo método dos mínimos múltiplos
quadrados foram utilizados os valores populacionais de anos anteriores fornecidos pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE mostrados na Tabela 7:

Tabela 7: Valores populacionais do município de Guapó referentes a anos anteriores.


ANO POPULAÇÃO (habitantes)
1980 10.028
1991 11.785
2000 13.863
2010 13.841
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010)

Utilizando os dados da Tabela 7 obtiveram-se os gráficos de crescimento


populacional mostrados nas Figuras 8, 9 e 10:
20.000 y = 9196,9e0,0114x
15.000 R² = 0,8923
Habitantes

10.000

5.000 Série1
Exponencial (Série1)
0
0 10 20 30 40 50

Intervalo de tempo
Figura 8: Gráfico tipo Exponencial representativo da estimativa de crescimento populacional
15.000
y = 2988,2ln(x) + 3088,1
Habitantes

R² = 0,9402
10.000

5.000 Série1
Logaritmo (Série1)
0
0 10 20 30 40 50
Intervalo de tempo
Figura 9: Gráfico tipo Logaritmo representativo da estimativa de crescimento populacional
36

20.000
y = 136,51x + 8932,5
Habitantes 15.000 R² = 0,8948

10.000
5.000 Série1
Linear (Série1)
0
0 10 20 30 40 50
Intervalo de tempo

Figura 10: Gráfico tipo Linear representativo da estimativa de crescimento populacional

Verificando os valores de R² concluiu-se que o mais adequado é o gráfico tipo


Logaritmo por possuir valor de R² mais elevado. Desta forma a equação utilizada para a
estimativa populacional foi:
P = 2988,2*ln(x)+3088,1 (Equação 5-1)

A Tabela 8 traz os valores estimados de população para os anos de 2011 à 2031.

Tabela 8 - Estimativa populacional do município de Guapó referentes aos anos de 2011 à 2031 utilizando o
método dos mínimos múltiplos quadrados.
ANO POPULAÇÃO (habitantes) ANO POPULAÇÃO (habitantes)
2011 13.350 2022 14.257
2012 13.444 2023 14.327
2013 13.536 2024 14.396
2014 13.626 2025 14.463
2015 13.712 2026 14.529
2016 13.796 2027 14.593
2017 13.878 2028 14.656
2018 13.958 2029 14.718
2019 14.036 2030 14.778
2020 14.111 2031 14.837
2021 14.185

5.2.2 Determinação da Massa de Resíduos Gerado


Conforme descrito na metodologia do trabalho foi calculado o volume de
resíduos sólidos urbanos para dois cenários:
 Cenário 1
Foi estimado o volume de resíduos gerados ano a ano entre 2010 e 2031
considerando-se que no aterro não haverá compactação dos resíduos sólidos urbanos.
Utilizando os valores encontrados na estimativa populacional e a geração per capita de 0,5
kg/hab.dia tem-se na Tabela 9 a estimativa de geração de resíduos diária e anual:
37

Tabela 9: Estimativa da massa de resíduos gerada diária e anualmente no município de Guapó, considerando o
intervalo de 2011 à 2031.
Volume dos Resíduos Volume dos Resíduos
Massa de Massa de
População Compactados (m³/ano) Compactados (m³/ano)
Ano Resíduos Resíduos
(hab) Grau de compactação Grau de compactação
(kg/dia) (kg/ano)
200 kg/m³ 700 kg/m³
2011 13.350 6.675 2.436.291 12.181 3.480
2012 13.444 6.722 2.453.605 12.268 3.505
2013 13.536 6.768 2.470.386 12.352 3.529
2014 13.626 6.813 2.486.667 12.433 3.552
2015 13.712 6.856 2.502.475 12.512 3.575
2016 13.796 6.898 2.517.838 12.589 3.597
2017 13.878 6.939 2.532.780 12.664 3.618
2018 13.958 6.979 2.547.323 12.737 3.639
2019 14.036 7.018 2.561.489 12.807 3.659
2020 14.111 7.056 2.575.296 12.876 3.679
2021 14.185 7.092 2.588.762 12.944 3.698
2022 14.257 7.129 2.601.903 13.010 3.717
2023 14.327 7.164 2.614.736 13.074 3.735
2024 14.396 7.198 2.627.273 13.136 3.753
2025 14.463 7.232 2.639.528 13.198 3.771
2026 14.529 7.264 2.651.514 13.258 3.788
2027 14.593 7.297 2.663.243 13.316 3.805
2028 14.656 7.328 2.674.724 13.374 3.821
2029 14.718 7.359 2.685.969 13.430 3.837
2030 14.778 7.389 2.696.986 13.485 3.853
2031 14.837 7.419 2.707.786 13.539 3.868

A estimativa da geração total de resíduos pelo período de 20 anos foi de 54.237


toneladas. Considerando o grau de compactação de 200 kg/m³, acrescentando 20% ao
volume para material de recobrimento e que o aterro será do tipo trincheira tendo cada vala a
profundidade de 4,0 m, tem-se que a área mínima necessária é de 8,15 ha.
Acrescentando 30% à área encontrada para implantação da infra-estrutura do
aterro tem-se que a área necessária para o aterro no Cenário 1 é de 10,6 ha.
 Cenário 2
Foi estimado o volume de resíduos gerados ano a ano entre 2011 e 2031
considerando-se que no aterro haverá compactação dos resíduos sólidos urbanos.
Considerando o grau de compactação de 700 kg/m³ e a mesmo profundidade das
trincheiras apresentada no Cenário 1, tem-se que a área mínima necessária é de 2,32 ha.
Acrescentando 30% à área encontrada para implantação da infra-estrutura do
aterro tem-se que a área necessária para o aterro no Cenário 2 é de 3,02 ha.
38

5.3 DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS VIÁVEIS PARA IMPLANTAÇÃO DO


ATERRO SANITÁRIO SIMPLIFICADO NO MUNICÍPIO DE GUAPÓ

5.3.1 Exclusão de Áreas


A exclusão das áreas foi feita com o auxílio do programa ArcGis versão 9.3 e as
shapes foram obtidas junto ao banco de dados do SIEG. Os mapas foram gerados em
coordenadas UTM, na projeção SAD 69. Para a elaboração dos mapas, além do município
de Guapó, objeto deste estudo, foram analisados os municípios adjacentes ao mesmo, sendo
estes: Abadia de Goiás, Aragoiânia, Campestre de Goiás, Palmeiras de Goiás, Trindade e
Varjão.
A Figura 11 traz um diagrama com a representação das etapas seguidas para a
obtenção do mapa com as áreas viáveis.

Figura 11 - Diagrama de descrição das etapas do processo de exclusão de áreas.

As Figuras de 12 a 16 mostram as áreas inadequadas para a implantação do


aterro.
Na Figura 12 tem-se as áreas prioritárias de conservação delimitadas pelo banco
de dados do SIEG e o buffer de 10 km a partir do limite destas áreas. As áreas representadas
pela cor verde escura representam áreas com características de fauna e flora que visam maior
atenção quanto à sua conservação, desta forma estas áreas foram consideradas como
inadequadas para a implantação do aterro.
39

Figura 12 – Áreas prioritárias de conservação ambiental com buffer de 10 km.

Na Figura 13 tem-se a delimitação dos perímetros urbanos e o buffer de 5 km a


partir do limite destas áreas. A delimitação em amarelo representa as áreas que encontram-se
a até 5 km do perímetro urbano, sendo, desta forma, inadequadas para a implantação do
aterro.
40

Figura 13 – Delimitação dos perímetros urbanos com buffer de 5 km.

Na Figura 14, o ponto azul representa o centro do perímetro urbano do


município de Guapó e o círculo apresentado no mapa representa o buffer de 25 km a partir
deste ponto. Desta forma, visando otimizar e viabilizar o processo de transporte dos RSU, a
área do aterro sanitário simplificado de Guapó deve situar-se dentro dos limites do círculo.
41

Figura 14 – Centro do perímetro urbano do município de Guapó com buffer de 25 km.

Na Figura 15 tem-se os corpos hídricos presentes nos municípios em análise.


Conforme adotado na metodologia do presente estudo, fez-se um buffer de 0,5 km em todos
os corpos hídricos presentes na região. As áreas destacadas em azul não podem ser utilizadas
para a implantação do aterro.
42

Figura 15 – Mapa hidrográfico com buffer de 0,5 km dos corpos hídricos.

Na Figura 16, os pontos pretos destacam os aeroportos e aeródromos existentes


nos municípios em estudo. Conforme exigência da Instrução Normativa Nº. 05 (GOIÁS,
2010) fez-se um buffer de 13 km a partir destes pontos. As áreas destacadas são inadequadas
para a implantação do aterro.
43

Figura 16 – Aeroportos e aeródromos nos municípios em estudo com buffer de 13 km.

Após a delimitação das áreas inadequadas para a implantação do aterro sanitário


simplificado, fez-se a sobreposição destas em um só mapa a fim de identificar as áreas que
atendem aos cinco requisitos apresentados no Quadro 3 da metodologia deste estudo. A
Figura 17 traz um mapa com a representação de algumas áreas potenciais para a implantação
do aterro.
Conforme apresentado na Figura 17, foram identificadas áreas viáveis nos
municípios de Guapó, Varjão, Aragoiânia e Abadia de Goiás. Diante do foco deste estudo no
44

município de Guapó, foram excluídas as áreas presentes nos demais municípios, sendo as
matrizes de hierarquização aplicadas apenas nas áreas presentes no município de Guapó
(Figura 18).

Figura 17 – Áreas viáveis para implantação do aterro sanitário.


45

Figura 18 – Áreas viáveis para implantação do aterro sanitário no município de Guapó – GO.

Foram encontradas, no total, oito macro áreas que atendem aos parâmetros
mínimos determinados para a implantação do aterro sanitário simplificado. Dentre as oito
macro áreas, três são insuficientes para a necessidade do município de Guapó (ver Tabela
10), que seria uma área mínima de 10,6 ha (aterro sem compactação dos resíduos) ou de
3,02 ha (aterro com compactação dos resíduos):
46

Tabela 10: Dimensão das áreas viáveis para implantação do aterro sanitário simplificado de Guapó.
Área Tamanho das macro áreas (ha)
0 0,02
1 4,18
2 3.322,39
3 1.872,28
4 0,84
5 707,41
6 588,94
7 161,60

5.3.2 Aplicação da Matriz de Ponderação


Na avaliação das áreas identificadas foram utilizadas duas matrizes de
ponderação para hierarquização destas, sendo: uma matriz composta por aspectos técnicos e
ambientais e outra por aspectos sociais.
A atribuição de pesos aos aspectos mostrados é de avaliação individual, desta
forma para a elaboração da matriz de ponderação final deste estudo foram também
considerados os pesos atribuídos por seis profissionais da área de meio ambiente, sendo
estes:
(1)- Cinthia Martins dos Santos – Gestora Ambiental, Mestranda em Engenharia
do Meio Ambiente pela Universidade Federal de Goiás;
(2)Eraldo Henriques de Carvalho – Engenheiro Civil; Doutor em Hidráulica e
Saneamento; Professor da Universidade Federal de Goiás (UFG); Presidente da Comissão de
Resíduos Sólidos da UFG.
(3)Fernanda Almeida de Oliveira – Gestora Ambiental; MBA em Perícia,
Auditoria e Gestão Ambiental; Mestranda em Engenharia do Meio Ambiente pela
Universidade Federal de Goiás.
(4)Marília Daher Marques – Engenheira Ambiental; MBA em Perícia, Auditoria
e Gestão Ambiental; Mestranda em Engenharia do Meio Ambiente pela Universidade
Federal de Goiás.
(5)Osmar Mendes Ferreira – Engenheiro Sanitarista; Mestre em Engenharia do
Meio Ambiente; Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás;
(6)Simone Costa Pfeiffer – Engenheira Geóloga; Doutora em Hidráulica e
Saneamento; Professora da Universidade Federal de Goiás.
47

Os Quadros 7 e 8 trazem a avaliação de cada profissional quanto a importância


de cada aspecto analisado bem como a média destes valores. Nos quadros abaixo os
avaliadores foram representados por números de (1) a (6) conforme descrição feita acima.

Quadro 7: Matriz de ponderação com atribuição de pesos referente aos aspectos técnicos e ambientais obtida
após entrevistas:
MATRIZ 1 - ASPECTOS TÉCNICOS E AMBIENTAIS
Faixa de Pesos Individuais - Avaliação
Aspectos
Avaliação 1 2 3 4 5 6 MÉDIA
Favorável 2 2 2 2 2 1,15 1,9
Uso do solo
Não favorável 0 0,25 0 0 0 0,53 0,1
Rede Viária - Distância entre a Inferior a 3,0 Km 1 2 1 1,25 1 0,63 1,1
área de estudo e rodovias. Superior a 3,0 Km 0 0,25 0 0,5 0,5 1,03 0,4
Pavimentada 1,95 0,5 1 1 1 0,93 1,1
Rede Viária - Pavimentação
Não pavimentada 0 0,25 0 0,25 0,5 0,73 0,3
Existente 1 1 1 2 1 0,93 1,2
Energia Elétrica
Inexistente 0 0,25 0 0,25 0,5 0,73 0,3
Superior a 15% 0 0,25 1 0 0,5 0,63 0,4
Topografia
Inferior a 15% 2 1 0 1 1 1,05 1
Ponto de captação de água de A montante da área 0 2 4 1,5 1,5 0,93 1,7
abastecimento A jusante da área 1,95 0,25 0 0,25 0,5 0,73 0,6
Peso da matriz 7 6 7 7 7 7 7

Quadro 8: Matriz de ponderação com atribuição de pesos referente aos sociais obtida após entrevistas:
MATRIZ 2 - ASPECTOS SOCIAIS
Faixa de Pesos Individuais - Avaliação
Aspectos
Avaliação 1 2 3 4 5 6 MÉDIA
Favorável 4 3 5 3 3 2,3 3,4
Direção dos ventos
Não favorável 0 1 1 1 2 1,9 1,2
Alto 1 1 0 1 0,5 1,7 0,9
Impacto visual Moderado 2 2 1 2 1,5 1,9 1,7
Baixo 3 3 3 3 3 2,2 2,9
Peso da matriz 3 4 3 3 3 3 3

Os pesos utilizados na ponderação para a hierarquização das áreas correspondem


à média apresentada nos Quadros 7 e 8, que foi obtida através da média aritmética dos
valores apresentados nas colunas de 1 a 6. Elaboradas as matrizes, cada área foi avaliada
individualmente, conforme descrito abaixo:

 Avaliação quanto ao uso do solo:


Todas as áreas encontradas localizam-se na zona rural de Guapó. Conforme
mostrado no Quadro 9, das cinco áreas viáveis encontradas, três possuem uso para
pastagem, uma para agricultura e uma possui uso misto de pastagem e agricultura. Desta
48

forma, entende-se que todas as áreas em análise são viáveis quanto ao uso do solo para a
implantação do aterro simplificado.

Quadro 9: Avaliação quanto aos tipos de usos do solo nas áreas viáveis para a implantação do aterro
simplificado:
Área Tipo de uso do solo Faixa de avaliação Peso individual
02 Pastagem Favorável 1,9
03 Pastagem Favorável 1,9
05 Pastagem Favorável 1,9
06 Agricultura e Pastagem Favorável 1,9
07 Agricultura Favorável 1,9
Fonte adaptada: Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas de Goiás - SIEG.

 Avaliação quanto à rede viária:


Através dos dados obtidos junto ao SIEG, foi possível caracterizar a malha viária
que corta o município de Guapó apresentada na Figura 19. O Quadro 10 traz características
das rodovias quanto à jurisdição e extensão das mesmas.

Quadro 10: Caracterização da malha viária do município de Guapó – GO


Identificação Tipo Jurisdição Extensão (Km)
0 Rodovia (BR-060) Federal 5,242
1 Rodovia Municipal 24,326
2 Rodovia (BR-060) Federal 1,785
3 Rodovia (BR-060) Federal 13,573
4 Rodovia Municipal 22,434
5 Rodovia (GO-219) Estadual 2,768
6 Rodovia Municipal 14,17
7 Rodovia (BR-060) Federal 1,415
8 Rodovia Municipal 2,704
9 Rodovia Municipal 3,769
10 Rodovia Municipal 1,561
11 Rodovia Municipal 2,275
12 Rodovia Municipal 2,436
13 Rodovia (BR-060) Federal 14,095
14 Rodovia (GO-219) Estadual 1,509
15 Rodovia (GO-219) Estadual 14,83
16 Rodovia (GO-219) Estadual 9,327
17 Rodovia (GO-319) Estadual 18,859
49

Figura 19 – Rede viária do município de Guapó – GO.

Para a avaliação das áreas quanto à malha viária estabeleceram-se como


parâmetros a pavimentação das rodovias e a distância das mesmas com relação às áreas em
estudo. A Figura 20 apresenta o mapa relativo às distâncias entre as áreas em análise e a
malha viária. A área destacada no mapa representa a intersecção entre o buffer de 3 km das
áreas e o buffer de 3 km da malha viária.
50

Figura 20 – Avaliação das áreas viáveis quanto à proximidade da malha viária de Guapó – Go.

Após análise do mapa da Figura 20 e avaliação de dados obtidos junto ao SIEG,


elaborou-se o Quadro 11, o qual contém a avaliação das áreas em estudo quanto à distância
da malha viária e a situação de pavimentação das duas rodovias mais próximas à área em
análise.
51

Quadro 11: Avaliação das áreas quanto à distância e situação da malha viária.
Peso Pavimentação das Rodovias Mais Peso
Área Distância de Rodovia
Individual Próximas Individual
Rodovia nº. 17 – Leito Natural
02 Inferior a 3 km 1,1 0,3
Rodovia nº. 11 – Leito Natural
Rodovia nº. 06 – Leito Natural
03 Inferior a 3 km 1,1 0,3
Rodovia nº. 04 – Leito Natural
Rodovia nº. 16– Pavimentada Via Simples
05 Inferior a 3 km 1,1 1,1
Rodovia nº. 06 – Leito Natural
Rodovia nº. 16– Pavimentada Via Simples
06 Inferior a 3 km 1,1 1,1
Rodovia nº. 06 – Leito Natural
07 Superior a 3 km 0,4 Rodovia nº. 16 – Pavimentada Via Simples 1,1

 Avaliação quanto à energia elétrica:


Verificou-se que todas as áreas em estudo encontram-se na zona rural do
município de Guapó. Em consulta à empresa de distribuição de energia elétrica do
município constatou-se que a ligação de energia elétrica é possível em qualquer área. Desta
forma, considerou-se que todas as áreas possuem igual viabilidade da instalação de rede
elétrica, conforme mostrado pelo Quadro 12.

Quadro 12 – Avaliação das áreas quanto a presença de energia elétrica.


Área Faixa de avaliação Peso individual
02 Favorável 1,0
03 Favorável 1,0
05 Favorável 1,0
06 Favorável 1,0
07 Favorável 1,0

 Avaliação quanto à topografia:


A avaliação da topografia dos terrenos foi realizada considerando-se o parâmetro
de declividade de 15%. A Figura 21 destaca, dentre as áreas em estudo, os locais que
possuem declividade inferior a 15%.
52

Figura 21 – Avaliação da declividade das áreas.

No mapa da Figura 21 se destacam nas áreas 02, 03 e 05 alguns pontos brancos


que representam as áreas com declividade superior a 15%. Para a avaliação das áreas
apresentada pelo Quadro 13, considerou-se para as áreas 02, 03 e 05 um valor intermediário
entre o mínimo e o máximo para o peso individual, visto que estas são áreas com
declividade mista.
53

Quadro 13: Avaliação das áreas quanto à declividade.


Área Declividade Faixa de avaliação Peso individual
02 Mista Parcialmente Favorável 0,7
03 Mista Parcialmente Favorável 0,7
05 Mista Parcialmente Favorável 0,7
06 Inferior a 15% Favorável 1,0
07 Inferior a 15% Favorável 1,0

 Avaliação quanto à localização do ponto de captação de água para


abastecimento público:
O município de Guapó localiza-se na Bacia do Rio dos Bois e é abastecido pelo
Ribeirão dos Pereiras. A Figura 22 traz a localização do ponto de captação de água para
abastecimento público do município de Guapó em relação ao perímetro urbano do município
e quanto às possíveis áreas para a implantação do aterro sanitário simplificado.
Todas as áreas em estudo atendem à distância mínima de 500 m do ponto de
captação de água As áreas 06 e 07 encontram-se a montante do ponto de captação de água
mas atendem à distância mínima de 2.500 m deste. O Quadro 14 traz as distâncias mínimas
estimadas entre as áreas avaliadas e o ponto de captação de água, sendo estas verificadas
com o auxílio do ArcGis 9.3, bem como a avaliação de cada área quanto a este requisito.

Quadro 14: Avaliação das áreas quanto à localização do ponto de captação de água para abastecimento
público.
Área Distância estimada entre o ponto de Faixa de avaliação Peso individual
captação e a área (m)
02 10.000 Outra micro bacia 1,7
03 5.500 Outra micro bacia 1,7
05 4.500 Montante 1,7
06 4.000 Montante 1,7
07 5.000 Jusante 1,2
54

Figura 22 - Localização do ponto de captação de água para abastecimento público do município de Guapó.

 Avaliação quanto à direção dos ventos:


O perímetro urbano do município, quando observada a direção predominante dos
ventos, deve, preferencialmente, localizar-se a montante da área do aterro.
Diante da falta de dados sobre o município de Guapó, foi utilizada para esta
avaliação dados do Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás referentes à
estação de medição localizada no município de Goiânia (Latitude -15°18‟30‟‟ / Longitude -
55

49°35‟54‟‟ / Altitude 749) os quais determinaram que na maior parte do ano os ventos
predominantes sopram na direção sudeste.
Considerando, portanto, a direção predominante dos ventos como sudeste foi
verificado que o município de Guapó encontra-se a montante de todas as áreas analisadas.
Desta forma, adotou-se um peso igual nas cinco áreas, sendo este de 3,4.

 Avaliação quanto ao impacto visual:


As áreas 02 e 03 são cortadas por rodovias principais, desta forma toda a
extensão do aterro simplificado ficará às margens das rodovias, tendo um impacto visual
moderado. Já as áreas 05 e 06 possuem contato com rodovias apenas em um dos pontos das
áreas, enquanto a área 07 não é margeada por nenhuma rodovia principal, desta forma estas
três áreas terão menor impacto visual quanto da implantação do aterro sanitário
simplificado. O Quadro 15 traz a avaliação destas áreas:

Quadro 15: Avaliação das áreas quanto ao impacto visual.


Área Faixa de avaliação Peso individual
02 Moderado 1,7
03 Moderado 1,7
05 Baixo 2,8
06 Baixo 2,8
07 Baixo 2,8

 Avaliação Final das Áreas em Estudo:


Feitas as avaliações individuais das áreas analisadas quanto aos parâmetros
estabelecidos, fez-se o somatório dos pesos individuais já estabelecidos, aplicando-se o peso
especificado para as matrizes 1 e 2, obtendo-se a pontuação final de cada área avaliada,
conforme Quadro 16.

Quadro 16: Matriz de avaliação final das áreas para implantação do aterro simplificado.
AVALIAÇÃO FINAL DAS ÁREAS EM ESTUDO
Área 02 Área 03 Área 05 Área 06 Área 07
Pontuação quanto à 4,69 4,69 5,25 5,46 4,62
Matriz 01
Pontuação quanto à 1,53 1,53 1,86 1,86 1,86
Matriz 02
Pontuação Final 6,22 6,22 7,11 6,97 6,48

De acordo com o quadro tem-se a seguinte hierarquização das áreas viáveis para
a implantação do aterro simplificado no município de Guapó - GO:
56

1) Macro área 06
2) Macro área 05
3) Macro área 07
4) Macro área 02
5) Macro área 03
Apesar de das áreas 02 e 03 possuírem a mesma pontuação final na matriz de
hierarquização, considerou-se a área 02 preferencial quanto à área 03 devido à sua maior
proximidade ao centro urbano do município de Guapó, fato este que gera maior
economicidade quanto ao transporte dos resíduos do centro urbano ao aterro.

 Seleção das áreas


Com o auxílio da imagem de satélite fornecida pelo Google Earth, conforme
mostra a Figura 23, verificou-se que não há reservas legais nas áreas 06 e 07. Constatou-se a
possível presença de reservas legais nas áreas 02, 03 e 05 indicadas pelas regiões mais
escuras localizadas dentro da delimitação das áreas estudadas (em amarelo). Como as áreas
avaliadas possuem extensão superior à necessária para a implantação do aterro sanitário
simplificado de Guapó, a presença destas reservas legais não inviabiliza a implantação do
empreendimento nas áreas 02, 03 e 05, sendo necessária, quando da implantação do aterro
em uma das áreas, a avaliação do melhor posicionamento do aterro de forma a não
prejudicar as reservas legais.
Desta forma, identificam-se como áreas prioritárias para a implantação do aterro
sanitário simplificado do município de Guapó, verificando-se os aspectos ambientais, sociais
e econômicos as áreas 06, 05 e 07. Sendo que para a implantação do aterro é necessário e
recomendável a verificação da profundidade do lençol freático na época chuvosa. Como o
aterro sanitário simplificado deste estudo foi projetado para apresentar valas com 4,0m de
profundidade, o lençol freático, para atender a IN nº. 05 (GOIÁS, 2010) deve ter no mínimo
9,0m de profundidade.
57

Figura 23 - Localização de áreas de Reserva Legal situadas nas áreas em estudo.

Foi elaborado um mapa em A1 (Figura 24) com a representação de todas as


áreas viáveis para a implantação do aterro sanitário simplificado do município de Guapó no
qual se destacam as características individuais destas áreas ressaltadas no decorrer deste
trabalho.

Figura 24 – Mapa em A1 das áreas viáveis para implantação do aterro sanitário simplificado do município de
Guapó – GO
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59

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A possibilidade de implantar, nos municípios de pequeno porte, um aterro
sanitário simplificado é relevante no processo de adequação da destinação final de RSU no
Estado de Goiás e no país. Diversos são os municípios de pequeno porte que enfrentam
problemas financeiros e técnicos para a adequação de seus locais de disposição final de
RSU, dentre estes problemas está a seleção de uma área viável e adequada. Verificou-se a
existência de diversos processos que levam à seleção de uma área adequada, cabendo ao
município a escolha de um adequado à sua realidade.
Os resultados obtidos com este estudo mostram o SIG como ferramenta útil e
eficiente no processo de seleção de áreas por permitir a análise dos dados existentes de
maneira precisa e rápida, tendo como obstáculo para a utilização desta ferramenta pelos
municípios apenas a necessidade de um profissional com habilidade na utilização do
programa. A associação de uma matriz de exclusão de áreas, elaborada com embasamento
legal, ao uso do SIG permitiu que, com dados disponibilizados pelo próprio Estado de
Goiás, fosse possível reduzir de forma considerável a área de análise na busca por um local
adequado para a implantação do aterro sanitário simplificado. Apesar da utilização de mapas
primários disponibilizados pelo SIEG reduzir os custos no processo de seleção de áreas, esta
metodologia mostrou limitações pelo fato das escalas destes mapas serem muito altas,
representando desta forma apenas semi detalhes, desta forma ressalta-se que uma avaliação
mais minuciosa das macro áreas encontradas deve preceder a implantação do aterro sanitário
simplificado do município de Guapó.
A aplicação da matriz de ponderação para hierarquização das áreas mostrou que,
dificilmente, uma área atenderá em 100% as expectativas legais, sociais, econômicas e
ambientais, visto que nenhuma das áreas analisadas atingiu a pontuação máxima ou
pontuação próxima a este valor. Desta forma, destacamos como essencial a busca por uma
área legalmente adequada e que minimize ao máximo os impactos gerados pela disposição
final de RSU.
A macro área 06 – destacada como a melhor área para a implantação do aterro
sanitário simplificado – já sofre impactos ambientais resultantes da disposição de RSU em
suas adjacências, visto que o aterro controlado do município de Guapó encontra-se instalado
nesta macro área. É de interesse ambiental, social e econômico para o município de Guapó
que o aterro seja nela instalado, visando reduzir os impactos já gerados pela instalação do
empreendimento.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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