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FACULDADE INDEPENDENTE DO

NORDESTE
Credenciada pela Portaria MEC n° 1.393, de 04/07/01 – Publicada no DOU de 09/07/01.

CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA
PROF.ª ROSILDA COSTA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2011
FACULDADE INDEPENDENTE DO
NORDESTE
Credenciada pela Portaria MEC n° 1.393, de 04/07/01 – Publicada no DOU de 09/07/01.

1. Princípios de Contabilidade

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e

regimentais, CONSIDERANDO a necessidade de prover fundamentação apropriada para

interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, Constituem PRINCÍPIOS

DE CONTABILIDADE (PC) os enunciados por esta Resolução CFC nº. 1.282/10.

A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e

constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Na

aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a essência das

transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.

Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à

Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e

profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de

ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.

São Princípios de Contabilidade:

I) o da ENTIDADE;

II) o da CONTINUIDADE;

III) o da OPORTUNIDADE;

IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;

V) o da COMPETÊNCIA; e

VI) o da PRUDÊNCIA.
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2. Regime de Competência x Regime de Caixa

A fim de atingir seus objetivos, a Contabilidade registra as modificações ocorridas no


patrimônio das entidades, segundo dois regimes contábeis o Regime de Competência e o
Regime de Caixa.

Segundo o Regime de Competência ou Regime Econômico, as Receitas e Despesas são


reconhecidas no momento em que ocorrem, independentemente de recebimentos ou de
pagamentos. Ou seja, as transações são contabilizadas de acordo com o Princípio da
Competência, que leva em consideração a data do evento e não a entrada ou saída efetiva de
caixa.

As Demonstrações Contábeis preparadas pelo regime de competência informam aos


usuários, não somente, as transações passadas envolvendo o pagamento e recebimento de
caixa ou outros recursos financeiros, mas também sobre obrigações de pagamentos no
futuro.

Para Marion (2003, p. 95),

Diante do Regime de Competência dos Exercícios (ou Regime Econômico), a


Contabilidade considera a Receita gerada em determinado exercício social, não
importando seu recebimento. Importa, portanto, o período em que a receita foi ganha
(fato gerador) e não seu recebimento.

É preciso entender que, neste regime, o registro contábil muitas vezes não coincide com o
pagamento. E este nem sempre ocorre ao mesmo tempo em que o consumo.

Imagine uma empresa que adquire uma grande quantidade de material de uso e consumo,
que serão consumidos durante muitos meses nas mais diversas atividades operacionais,
entre eles: papel, caneta, material de limpeza, etc, a prazo (obrigação), no valor de $
1.340,00, na data de 16.02.09. Sabendo-se que o consumo do material será no mês de Março
de 2009 e o pagamento em Abril.

Pergunta-se: em que data deve-se registrar a operação?

Primeiramente os materiais devem ser registrados como Ativo, pois são bens e propiciam
benefícios futuros. Somente no momento do consumo efetivo é que o Ativo se transforma em
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Despesa e é apropriado no Resultado do exercício. Da mesma forma acontece com a


Receita: a contratação de um serviço de manutenção preventiva nas máquinas da fábrica no
mês de Abril, e realizado em Junho com recebimento de 50% do valor adiantado em Março.
Pergunta-se: a Receita é de Março, Abril ou Junho?

A Receita compete a Junho, pois o serviço foi efetivamente realizado em Junho embora a
Contabilidade a tenha registrado como adiantamento em Março. Ou seja, a relação que se
deve fazer entre Receita e Despesa é considerar a Receita efetivamente ganha (gerada) e a
Despesa realmente consumida em um período, independente de pagamento ou recebimento.

No Regime de Caixa ou Regime Financeiro, as transações são reconhecidas, diferentemente


do regime anterior, no momento do pagamento ou do recebimento. Obviamente, fere o
Principio Contábil da Competência, principalmente, por que não considera os recebimentos e
pagamentos futuros que afetarão, com certeza, o resultado.

Marion (2003), afirma que “embora não aceito oficialmente como um regime perfeito, ele é
desenvolvido nas empresas como contabilidade auxiliar, adaptado ao Livro Caixa ou a outros
processos, como valioso instrumento de controle e decisão”. Entretanto, todas as
organizações controlam seu caixa, independentemente do seu porte, sejam micro, pequena
ou grande empresa. Portanto, a opção por um regime ou outro altera o resultado do exercício.

Acompanhe o exemplo:

Uma empresa teve uma Receita, no período, de $ 17.500,00, mas apenas 50% foram
realmente recebidos e Despesa de $ 12.000,00, sendo $ 8.750,00 pagos à vista.

O resultado pelos dois regimes será:

REGIME DE
CONTAS REGIME DE CAIXA
COMPETÊNCIA
Receita 17.500,00 8.750,00 Recebidos (entrada de caixa)
(-) Despesa (12.000,00) (8.750,00) Pagos (saída de caixa)
Lucro 5.500,00 ZERO Não houve lucro
Valores expressos em Reais.
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Fica claro que o Regime de Competência permite uma visão mais precisa da real situação em
que a organização se encontra, pois leva em consideração tanto os direitos, bem como os
compromissos assumidos, sejam eles referentes a Receitas ou Despesas.

3. Balancete de Verificação

Todos os fatos administrativos de uma empresa são lançados, pelo Método das Partidas
Dobradas, no livro Diário Geral, em ordem cronológica e transcritos para o Razão. Partindo
do saldo das contas do Razão, extraímos a maioria das informações necessárias para a
elaboração Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial.

3.1. Verificação da Exatidão dos Lançamentos Contábeis

Entretanto, antes da elaboração dessas Demonstrações Financeiras, é levantado um


demonstrativo preliminar denominado Balancete de Verificação. O Balancete de
Verificação irá conter todas as contas com saldo e as que tiverem movimentação no
período, o que possibilita verificar possíveis erros existentes, já a soma dos saldos devedores
deve ser igual a soma dos saldos credores. O principal objetivo é o de testar se o método das
partidas dobras foi respeitado.

ESQUEMA
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM ___/___/20XX

CONTAS SALDOS
DEVEDORES CREDORES
TOTAIS .................... -------------------- -----------------------

3.2 Técnicas do Balancete

O Balancete de Verificação tem como base o método das partidas dobradas. Não haverá
débito(s) sem crédito (s) correspondentes. Portanto, somando-se todos os débitos e
todos os créditos, teremos o mesmo total.

3.3. Apresentação do Balancete


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Os elementos mínimos que devem constar do balancete são:


a) Identificação da entidade:
b) Data a que se refere;
c) Abrangência;
d) Identificação das contas e respectivos grupos;
e) Saldos das contas, indicando se devedores ou credores;
f) Soma dos saldos devedores e credores;
O balancete que se destinar a fins externos à entidade deverá conter nome e assinatura do
contabilista responsável, sua categoria profissional e número no registro no CRC. O balancete
deverá ser levantado, no mínimo, mensalmente.

3.4. Balancete como Instrumento de Decisão

Em virtude da impossibilidade de levantar o Balanço Patrimonial em períodos mais curtos, o


balancete torna-se um poderoso instrumento para tomadas de decisões. Através de
balancetes mensais, a administração da empresa terá um resumo de todas as operações,
bem como todos os saldos existentes no final do período.
Tendo conhecimento do resultado econômico e financeiro, sem a necessidade de estruturar o
balanço, a administração da empresa disporá de dados para a tomada de decisão.

4. Ajustes de Encerramento

Pelo menos uma vez por ano, toda empresa necessita fazer a apuração do resultado, pois o
lucro ou prejuízo depende do confronto entre as receitas e despesas geradas no período.
Para que isso ocorra, ao final de cada período deve-se proceder ao encerramento das
contas de resultado. O encerramento é realizado pela transferência dos saldos credores
através de débitos em seus respectivos saldos e dos saldos credores através de débitos em
seus saldos credores para a conta Resultado.
Em função do Regime de Competência, as receitas e Despesas são considerada sem função
do seu fato gerador e não em função do recebimento ou pagamento.As receitas do período
são aquelas ganhas, não importando se foram recebidas ou não, enquanto que as
Despesas são aquelas incorridas, independentes do seu pagamento ou não. No regime de
Competência, o fato gerador, por exemplo, da despesa com material de escritório é o
mês de se consumo e não o mês da compra ou pagamento.

4.1. Despesas a Pagar e Receitas a Receber


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Uma despesa a pagar é a despesa que incorreu (o fato gerador ocorreu) dentro do período
contábil, mas ainda não foi paga. Uma receita a receber é a que foi ganha, mas ainda não foi
recebida. A ocorrência dessas despesas e receitas altera o patrimônio Líquido e, apesar de
não terem sido pagas ou recebidas, é necessário que, ao final do período contábil ocorra
o registro desses fatos, através do lançamento de ajustes.

4.2. Gastos Antecipados

Existem certos ativos oriundos de gastos realizados no período corrente que beneficiarão o
exercício seguinte, como por exemplo, um seguro pago antecipadamente. O pagamento
é, geralmente, efetuado antecipadamente, cobrindo um período futuro. Nesse caso temos
um exemplo de Despesa paga Antecipadamente, que deverá ser classificada no Ativo
Circulante.

4.3. Estoque de produtos e outros materiais


Os estoques de mercadorias figuram no Ativo da empresa e quando forem vendidos irão
compor o custo das vendas.

4.4. Consumo de Ativo não Circulante

Os ativos não circulante são adquiridos para servir à empresa e são necessários para
atingir os fins a que ela se propõe. São também chamados de ativos fixos e não se destinam
à venda. Todo item do ativo fixo possui um tempo de vida útil limitado e estimável, que
servirá de base de rateio da despesa naquele espaço de tempo. A distribuição da despesa
por vários períodos é feita pelo procedimento denominado depreciação para itens do Ativo
Imobilizado.

4.5. Adiantamento de Receitas


Adiantamento de Clientes representam recebimentos adiantados que vão gerar um Passivo,
por representarem a obrigação de prestação de serviço futuro, ou de entrega posterior de
bens.
4.6. Receitas realizadas (ganhas) e não recebidas

Uma venda a prazo representa uma receita ganha e ainda não recebida, que vai gerar um
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direito a receber e será debitado no Ativo.

4.7. Partidas de Encerramento

No final do período, as contas de resultado serão encerradas contra uma conta denominada
Apuração do Resultado do Exercício (ARE), onde será apurado o resultado, ou seja, se
a empresa teve lucro ou prejuízo ou resultado nulo num determinado exercício social. As
contas relativas às receitas têm saldo credor e serão encerradas debitando-se a
respectiva conta pelo valor do saldo e creditando-se a conta ARE.
As contas relativas a despesas, por possuírem saldo devedor, serão encerradas creditando-
se o respectivo saldo e debitando-se a conta ARE. Se ao final, a conta ARE apresentar um
saldo credor, significará que as receitas foram maiores e a empresa obteve, portanto, lucro
com suas atividades. Se o saldo for devedor, significará que as despesas foram maiores que
as receitas e a empresa teve prejuízo com suas atividades. A conta ARE, por sua vez,
também é uma conta de resultados e deverá ser encerrada ao final do período e o seu
saldo será transferido para uma conta patrimonial denominada Lucros ou Prejuízos
Acumulados, onde ficará acumulado o resultado do período.
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5. REFERÊNCIAS

EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10 ed.


São Paulo: Atlas, 2008.

IUDíCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

IUDÍCIBUS, Sérgio de, MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de


Contabilidade das Sociedades por Ações, aplicável também às demais
Sociedades. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. Suplemento de atualização (Lei nº
11638/07).

KAM, Vernon. Accounting Theory. New York: Wiley, 1990.

MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

____________. Contabilidade empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

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