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1.

Ordem direta

Para começo de conversa, é importante que você saiba que a língua portuguesa tem uma
ordem natural – sujeito + verbo + complemento – e que as palavras, quando usadas na
ordem direta, não precisam de vírgula.

Se você tem dúvidas quanto a isso, é importante revisar o conteúdo de análise sintática.
Combinado?

2. Separação de frases e orações intercaladas

Sem intercalação: Meu pai vive me corrigindo.


Com intercalação: Meu pai, que é professor de português, vive me corrigindo.
(Não é preciso analisar a intercalação, ou seja, saber se ela é um aposto, adjunto
adverbial, conjunção, etc., para pontuar corretamente. Basta analisar se há ou não uma
quebra na estrutura lógica da frase.)

3. Elementos explicativos

Use a vírgula para separar qualquer elemento que serve apenas para fazer uma explicação,
como “isto é”, “com efeito”, “a propósito”, “além disso”, “ou seja”, etc.

Exemplos: O que sinto, isto sim, é um grande alívio na alma.


Não aceitamos documentos originais, ou seja, você precisa nos enviar uma cópia.

4. Pequenas intercalações
Quando se tratam de intercalações de frases curtas, advérbios, pequenas explicações, a
vírgula é opcional, como nos seguintes exemplos:

Ele não se comporta assim por maldade, mas, sim, por inexperiência.
Ele não se comporta assim por maldade mas sim por inexperiência.

5. Vocativo

Deve-se sempre usar a vírgula para separar o vocativo. Confira:

Senta lá, Cláudia.


Percebe, Ivair, a petulância do cavalo?

6. Verbos de elocução

São verbos que caracterizam a fala ou a forma como alguém se expressa. Veja exemplos:

Não aceito, respondi eu, e desliguei o telefone.


Que chatice, resmungou o menino.

7. Coordenação

A vírgula é usada para indicar a coordenação de elementos, sejam eles símbolos, palavras,
expressões ou orações com mesmas funções sintáticas mas independentes entre si. Como
nos seguintes exemplos:

Discutem de noite, de dia, de madrugada.


(Vários adjuntos)
O amor, a saúde e o sucesso são fundamentais.
(vários substantivos formando o sujeito)
10, 25, 47, 52, 69 e 78 foram os números do último sorteio da Mega-Sena.

8. Conjunção “e”

Agora vamos lhe surpreender! Aposto que você passou a vida inteira achando que a
conjunção “e” não pode ser precedida por vírgula, mas não é bem assim!

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Caso 1: usa-se vírgula depois da conjunção “e” quando ela separa orações coordenadas com
sujeitos distintos, como neste exemplo:

A guerra (sujeito 1) mata os filhos, e as mães (sujeito 2) choram desesperadas.


Caso 2: há vírgula antes do “e” quando há intercalação entre dois termos que ele coordena.
Veja:

Acabei de ouvir o álbum Lemonade, da Beyoncé, e outras músicas pop.

9. A conjunção “mas”

Não há razão para usar vírgula quando a conjunção “mas” liga dois termos de mesma
função sintática na frase. Como neste exemplo:

Esperava que confessasse não um pecado mas uma infâmia.


No entanto, quando inicia uma nova oração no mesmo período (se não lembra o que é
“oração” e o que é “período”, corre para pesquisar!), mas vem precedido por vírgula, como
nesse exemplo:

Não sei o motivo, mas acho que Katy ficou aborrecida com Taylor.
Para tudo e segura essa dica:

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Nunca teremos vírgula à direita da conjunção, pois, dessa forma, estaríamos separando o
conectivo mas daquilo que une, ou seja, da oração que encabeça.

Exemplo: Não gosto de você, mas, quero que tenha sucesso.


Correto: Não gosto de você, mas quero que tenha sucesso.

10. Outras conjunções coordenativas

Adversativas: As conjunções adversativas “porém”, “contudo”, “todavia”, “entretanto” e


“no entanto” podem aparecer no início ou no fim de uma oração, ou até mesmo
intercaladas. Como nesses exemplos:

Gosto de chá, porém gosto ainda mais de café.


Não gosto, porém, de chimarrão.
Conclusivas: Exemplos: logo, por isso, assim, portanto. Veja uma frase com este tipo de
conjunção:

Estou escrevendo. Logo, quero silêncio.


Se a oração anterior for separada por vírgula, evite usar outra vírgula depois da conjunção
para não caracterizar uma intercalação. Confira:

Ele está meditando, logo não quer barulho.


No entanto, há conjunções conclusivas que também se usam intercaladas. Como no
exemplo a seguir:

A princípio, portanto, não tenho planos para hoje.


11. Pois e porque

As orações que são introduzidas pelas conjunções pois e porque, independente de sua
classificação, não precisam ser precedidas de vírgula quando aparecem depois da oração
principal. Ou seja, ela é facultativa, como nos seguintes exemplos:

Chega de açúcar pois a massa já está bem doce.


Não foi ao jogo(,) pois estava doente.
Há muitos novos casos de HIV no Brasil (,) porque as pessoas não se previnem.

12. Orações subordinadas adverbiais

Lembra que a língua tem uma ordem natural? Usamos a vírgula quando uma oração
subordinada adverbial quebra tal ordem. Olha só:

Quando a palestra acabou, todos se levantaram.


(Ordem natural: Todos se levantaram quando a palestra acabou.)
Relembrando: oração adverbial expressa circunstância, complementando a oração
principal.

Oração principal: Todos se levantaram


Circunstância: quando a palestra acabou.

13. Reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo

Às vezes as orações reduzidas de gerúndio, de particípio ou de infinitivo se comportam


como orações adverbiais e vêm antes da oração principal. Nesses casos, usamos a vírgula
para separá-las. Confira alguns exemplos:

Sabendo disso, ele se afastou. = quando soube disso


(Reduzida de gerúndio: sabendo disso/ Oração principal: ele se afastou)
Passada a chuva, um novo sol surgiu. = quando ou depois que passou a chuva
(Reduzida de particípio: Passada a chuva/ Oração principal: um novo sol irá surgir)
Ao receber a notícia, passou mal. = quando recebeu a notícia
Reduzida de infinitivo: Ao receber a notícia/ Oração principal: passou mal)

14. Oração adjetiva explicativa

Nesse caso, a regra é clara, Galvão: toda oração adjetiva explicativa deve ser precedida por
vírgula. Como nos seguintes exemplo:

Comprei o último livro do Jorge Amado, que encantou o público e a crítica.


Gosto de Caetano, cuja a música me faz relaxar.
As orações adjetivas explicativas são termos acessórios. Ou seja, podem ser eliminados da
frase sem prejudicar o sentido dela. Confira:

Comprei o último livro do Jorge Amado.


Gosto de Caetano.

15. Oração adjetiva restritiva

Ao contrário das orações adjetivas, as orações restritivas são indispensáveis, pois definem,
particularizam ou identificam um nome expresso anteriormente, e não são separadas por
vírgula. Aliás, se você fizer isso, pode mudar o sentido da frase.

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Vamos lá:

A banda que toca aos domingos na praça nasceu por acaso. = Identificamos, qualificamos e
restringimos a banda em um mundo de possíveis bandas.
A banda, que toca aos domingos na praça, nasceu por acaso. = O autor dessa frase traz uma
informação adicional, informando quando a banda toca. A ideia principal, aqui, é frisar que a
banda nasceu por acaso.

16. Expressões de circunstâncias

Não se coloca entre vírgulas o advérbio (expressão de circunstância) situado no meio frase,
pois essa é sua posição natural. Veja um exemplo:

Eu geralmente trago algo para o meu lanche.

17. Adjunto adverbial

Agora vamos falar do adjunto adverbial que altera o sentido da oração inteira, que é usado
com vírgula:

Pelo que eu saiba, Justin Bieber fez show no Brasil mês passado.
Justin Bieber fez show no Brasil mês passado, pelo que eu saiba.
Justin Bieber, pelo que eu saiba, fez show no Brasil mês passado.
Quando o adjunto é colocado no início do período e é de pequena extensão, a vírgula é
dispensável:

Felizmente a chuva parou.


Mas, se houver necessidade de ênfase, a vírgula pode ser usada:

Felizmente, a chuva parou.

18. Verbo subentendido

Na feira compramos fruta e no supermercado compramos café =


Na feira compramos fruta, no supermercado café.
Ou

Na feira compramos fruta; no supermercado, café.

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