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A Habitação no Genoma da Urbanidade

Enquadramento no contexto do Islão Mediterrâneo

URBANISMO

MIA | D’ARQ | FCTUC | Março 2021


Grupo 9
André Bem Haja | André Martins | Mara Nogueira | Tânia Santos
I. O Físico e o Imaterial
1. A Unidade Conceptual
2. Princípios

II. Personalidades - os casos de estudo


3. A Habitação no Magreb, o caso de Fez, Marrocos
4. A Habitação na Síria, o caso de Aleppo, Síria

“a habitação como genoma urbano” | Urbanismo | 2020-2021 | Entrega Final | G9


I. O Físico e o Imaterial

1. A Unidade Conceptual

Da persistência de um modelo com séculos de história..

Imagem 1 - Gravura de “Çatal Huyuk”, hoje Turquia, 7100a.C. - 5700 a.C. Imagem 2 -Fotografia Aérea Cidade de Fez, Marrocos, 2000 d.C.

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I. O Físico e o Imaterial

1. A Unidade Conceptual

...aliado a preceitos jurídicos, sociais e religiosos...

● As leis divinas são em simultâneo as leis do estado

● Definição de normas de convivência e coesão para a Umma (comunidade)

● Umma: a cidade não existe como entidade individual

● Procura de um comportamento ideal para o homem

● Organização social baseia-se em clãs da mesma linhagem, em espaços

familiares livres, autónomos e plenos de uso sobre o seu parcelar privado

● Ideia de transformação da Dispersão em Saturação

Imagem 3 - Articulação Teocrática

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I. O Físico e o Imaterial

1. A Unidade Conceptual

...resulta uma interessante unidade estabelecida entre o significado das coisas e as coisas em si.

Público e Privado, Exterior e Interior, Mundano e o Divino refletem uma complementaridade análoga na afirmação desta unidade, nas suas:

- Dimensão Urbana;
- Dimensão Doméstica;
- Dimensão Humana.

É no interior que se descobre a vida, e a essência do valor Islâmico

Imagem 4 - Núcleo Religioso Imagem 5 - Núcleo Urbano, em Fez, Marrocos Imagem 6 - Preservação do Interior Humano

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I. O Físico e o Imaterial

1. A Unidade Conceptual
2. Princípios

Condicionantes Jurídicas, Sociais e Religiosas:

● A capacidade económica é um único requisito para adquirir uma


propriedade;
● O proprietário pode utilizar o seu terreno livremente, sendo a
única restrição não causar danos a outros;
● O estado tem pouca intervenção nas propriedades individuais;
● Finã - Espaço que se localiza junto a uma propriedade privada e
permite a sua utilização para várias actividades diversificadas.
● Socialmente a comunidade é organizada em clãs e tribos (famílias
numerosas);
● O livro sagrado do Corão evidencia como direito fundamental a
privacidade da família, sobretudo a mulher;
● Os eixos viários são dispostos segundo uma hierarquia funcional,
distingue assim o colectivo e o privado - shari (ruas abertas), darb
(ruas fechadas)
Imagem 7 - Esquemas conceituais que procuram explicar o conceito “Finã”.

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I. O Físico e o Imaterial

1. A Unidade Conceptual
2. Princípios

● Há um contraste entre a simplicidade da fachada externa e a ornamentação


da fachada interna:
● O desenho da habitação permite ocultar o que acontece no seu interior, não
apresentando janelas nas fachadas exteriores;
● As portas não se encontram a eixo, sendo obrigatório ficarem desalinhadas;
● Propriedades, família e religião são três características importantes para a
cultura islâmica;
● Edifícios introvertidos com pátios, que se desenvolvem no interior da
Imagem 8 - Núcleo Religioso
habitação, o que permite a privacidade dos seus utilizadores, a ventilação e
ainda iluminação natural. Geralmente contêm a presença de fontes ou zonas
verdes;
● A malha urbana densa inibe a existência de espaços públicos, o que se traduz
na grande proximidade de habitações entre bairros vizinhos.

Imagem 10 - Esquema que procura representar o desenho


desalinhado das portas que advém de uma preocupação
com a privacidade do interior.
Imagem 9- Núcleo Religioso

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. A Habitação no Magreb, o caso de Fez, Marrocos
4. A Habitação na Síria, o caso de Alepo

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II. Personalidades - os Casos de Estudo

3. O caso de Fez, em Marrocos

Geografia e evolução

Imagem 12 - Planta de Fez

Imagem 11 - Planta do bairro Mokhfiya

● A importância da cidade de Fez prende-se com a sua ● No séc. XV cidade de Fez recebeu muitas pessoas refugiadas como
localização perto do rio “Oued Fes” e com a presença de consequência da Guerra de Granada, o que se materializou numa
rotas comerciais no tempo da sua fundação; grande grande influência da Andaluzia na arquitetura e urbanismo
● O centro histórico (Fez Al Bali) desenvolve-se ao redor de da cidade, nomeadamente:
dois edifícios religiosos : As casas pátio;
Mulay Idris Mosque As materialidades;
Qairawiyyin University Mosque Ortogonalidade interior das habitações;

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, em Marrocos

O bairro Mokhfiya

● Vias que terminam em becos sem


saída;
● Vários aglomerados de habitações
(sub-comunidades) cujo fim é
pontuado pela casa mais rica.
● Ruas irregulares que resultam da
forma como se organizam os
edifícios (também eles com um
exterior despreocupado e
irregular)
● As ruas mais largas são ladeadas
por edifícios de grande
importância cultural e religiosa
(segunda figura, nº 2 e 3).
● Grande densidade de construção
que é aliviada com pátios interiores

Imagem 13 - Rua Tala’a Kebira Imagem 14 - Planta do bairro Mokhfiya

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, em Marrocos

O bairro Mokhfiya

Imagem 15. Diagrama da organização dos vários elementos arquitetónicos Imagem 16. Diagrama da organização dos vários elementos arquitetónicos
numa parte do bairro numa parte do bairro

● Contraste entre a irregularidade das formas exteriores e a ● Composição do tecido urbano através de padrões de
regularidade e simetria da organização interior; relação entre os vários elementos urbanos.

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos

4. O caso de Aleppo, Síria

Imagem 17 - Vista aérea Alepo Imagem 18 - Mapa Região

● Um dos mais antigos aglomerados de população


● Importância histórica como ponto na Rota da Seda
● Sob domínio de várias civilizações

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos
4. O caso de Aleppo, Síria

Evolução da Forma Urbana

Imagem 19 - Período Greco-Romano Imagem 20 - Período Bizantino Imagem 21 - Fim do séc. XI (Após conquista Islâmica)

● Grelha Ortogonal ● Crescimento intra-muros e extra-muros, ● Expansão da malha urbana


● Eixo principal da porta da cidade (Bab mantendo a grelha ortogonal ● Ainda se distingue o eixo romano
Antakia) à base da Citadela ● Vias secundárias mais irregulares

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos
4. O caso de Aleppo, Síria

Imagem 22 - Séc. XIII Imagem 23 - Séc. XVI Imagem 24 - Séc XIX

Continua a expansão urbana, desligando-se da matriz greco-romana com o passar dos séculos.

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos Bairro Jibb Qaraman
4. O caso de Aleppo, Síria

Imagem 26 - Ruas Jib Qaraman

Imagem 25 - Mapa Alepo Imagem 27 - Ruas Jib Qaraman

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos
4. O caso de Aleppo, Síria

Rodeado por ruas mais largas, de caráter mais público. O


interior é uma sucessão de ruas estreitas, labirínticas que
servem as entradas das habitações. A maioria destas ruas
termina em becos sem saída.
Mesmo as ruas mais largas (a cor-de-rosa) terminam em
becos sem saída. É o contrário da ideia de atravessamento
e de permeabilidade.
Estão também assinaladas as entradas das habitações onde
se nota o desfasamento das mesmas para garantir
privacidade.

Imagem 28 - Bairro Jibb Qaraman

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos Bairro Al-Jalloum
4. O caso de Aleppo, Síria

Imagem 30 - Vista aérea Al-Jalloum

Imagem 29 - Mapa Aleppo Imagem 31 - Rua Al-Jalloum

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II. Personalidades - os Casos de Estudo
3. O caso de Fez, Marrocos
4. O caso de Aleppo, Síria

Neste bairro interessou-nos mostrar outro princípio que


se encontra das culturas islâmicas que é uma ideia de
filtro. Neste caso filtro urbano.
Nesta imagem o que se nota é que existe uma via principal,
bem definida, que tem suqs ou outros espaços de comércio
e que servem de primeira barreira para as casas que se
encontram atrás.

Outro tema que nos interessa mostrar e que se pode


observar no perfil em baixo é a ideia de relação de cérceas
e que parece estar tudo um único telhado.

Imagem 32 - Bairro Al-Jalloum

Imagem 33 - Perfil Al-Jalloum

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Bibliografia
- Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres.
- Nooraddin, H. (1996). “Al-fina', in-between spaces as an urban design concept”. Norwegian University of Science and Technology. Trondheim
- Seara, M. (2016). “A Casa Islâmica como linguagem do ser - (des)continuidades”. Dissertação de Mestrado. FAUP. Porto

Fontes de Imagens
1 - https://mapsontheweb.zoom-maps.com/image/73606484429 acedido a 17/04/2021
2 - Acedido via Google Earth, em 17/04/2021
3 - https://christianpublishinghouse.co/2018/06/03/15138/ acedido a 17/04/2021
4 - https://mujahiddakwah.com/2018/03/mengenal-agama-islam/ acedido a 17/04/2021
5 - Acedido via Google Earth, em 17/04/2021
6 - https://moroccomaroc.com/page/view-post?id=165 acedido a 17/04/2021
7 - Jaber, S. (2013). “Urban Streets: Towards Mobility in Arabic Cities” University of Suttgart. Stuttgart. P. 8
8/9 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P.63
10 - Esquema da autoria do grupo
11 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 154
12 - (https://www.patriciasendin.com/2011/09/medina-of-fez-analysis-of-superb.html acedido em 17/04/2021)
13 - (https://en.wikipedia.org/wiki/Fes_el_Bali#/media/File:Souq_al-attarine.jpg acedido em 17/04/2021)
14 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 149
15 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 153
16 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 266
17 - https://www.thoughtco.com/architectural-treasures-of-the-middle-east-3992477 (acedido em 17/04/2021)
18 - https://www.britannica.com/place/Syria (acedido em 17/04/2021)
19 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P.. 12
20 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P. 13
21 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P. 15
22 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P. 17
23 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P. 19
24 - Jean Sauvaget in Miroglu, E. (2005). “The Transformation of Urban Space at the Conjunction of the Old and New Districts: The City of Aleppo”, P. 21
25 - Aleppo In Exile Archive - https://www.b-tu.de/middle-east-cooperation/research/research-projects/aleppo-archive-in-exile (acedido a 17/04/2021)
26 - Jaber, S. (2013). “Urban Streets: Towards Mobility in Arabic Cities” University of Suttgart. Stuttgart. P. 140
27 - Jaber, S. (2013). “Urban Streets: Towards Mobility in Arabic Cities” University of Suttgart. Stuttgart. P. 140
28 - Aleppo In Exile Archive - https://www.b-tu.de/middle-east-cooperation/research/research-projects/aleppo-archive-in-exile (acedido a 17/04/2021)
29 - Aleppo In Exile Archive - https://www.b-tu.de/middle-east-cooperation/research/research-projects/aleppo-archive-in-exile (acedido a 17/04/2021)
30 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 149
31 - Jaber, S. (2013). “Urban Streets: Towards Mobility in Arabic Cities” University of Suttgart. Stuttgart. P. 140
32 - Aleppo In Exile Archive - https://www.b-tu.de/middle-east-cooperation/research/research-projects/aleppo-archive-in-exile (acedido a 17/04/2021)
33 - Bianca, S. (2000). “Urban form in Arab World. Past and Present”. Thames and Hudson Ltd. Londres. P. 152, 153

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