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AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO NA

CONFIGURAÇÃO DE INICIATIVAS DE FORMAÇÃO


CONTINUADA DE PROFESSORES CENTRADAS NA ESCOLA

Por: Olinda Paula de Barros do Nascimento

Orientadora: Geni Lima

Rio de Janeiro
2012
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM

AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO NA


CONFIGURAÇÃO DE INICIATIVAS DE FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES CENTRADAS NA ESCOLA

Apresentação de monografia à Faculdade


Integrada Vez do Mestre como requisito
parcial para obtenção do grau de
especialista em
Orientação Pedagógica e Educacional

Rio de Janeiro
2012
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus companheiros nessa


trajetória: meus amigos Flávia e Tibe;
Á minha orientadora Geni Lima, pela
dedicação e carinho nesta etapa.
4

RESUMO

Essa pesquisa tem como temática a formação continuada de professores.


Trata-se de uma investigação que busca, também, identificar as contribuições
do orientador pedagógico no processo de desenvolvimento docente a partir da
sistematização de iniciativas de formação continuada centradas na escola e
nos projetos de ação que emergem desse contexto.
De acordo com a literatura que embasa tais reflexões na contemporaneidade,
as estratégias de formação continuada devem estruturar-se á luz do modelo
interativo-reflexivo (DEMAILLY, 2000) ou da forma construtivista, conforme o
entendimento de Nóvoa (2000). Nessa direção, pretende-se oportunizar que os
professores assumam-se como auto-formadores, visto que, essa estratégia
traduz uma perspectiva de formação compartilhada, entre os pares, que busca
encontrar, através do acesso ao conhecimento científico, da reflexão
compartilhada e da socialização de vivências, soluções coletivas para as
problemáticas que emergem do cotidiano escolar. É nesse cenário que o
Orientador Pedagógico assume grande significado, uma vez que a tal
profissional, cabe organizar e propor a instauração dessa prática.

Este trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro,apresento


algumas conceituações de autonomia. No segundo, situo, em perspectiva
histórica, a profissão do Orientador Pedagógico. No terceiro capítulo,debruço-
me sobre a questão da formação continuada, apresentando uma conceituação,
seus modelos teóricos e as principais problemáticas constatadas neste âmbito
na contemporaneidade. E, por fim, apresento, na conclusão, as possíveis
contribuições do Orientador Pedagógico face ao desenvolvimento docente,
mediante a configuração de iniciativas de formação continuada centradas na
escola.

No sentido de subsidiar minhas reflexões, apoio-me nas produções de Nóvoa


(2000, 2002), Candau (2003), Garcia (2003) e Demailly (2000).

Palavras-chave : formação continuada, orientação pedagógica, cotidiano


escolar.
5

METODOLOGIA

Esse estudo,configurou-se como uma pesquisa de natureza qualitativa, tendo


em vista,refletir sobre as ações do Orientador Pedagógico na configuração de
iniciativas de formação continuada de professores
Para o desenvolvimento de trabalho, tomei por base as obras de Nóvoa (2005),
Demailly (2006) e Candau (2008).
6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I – Autonomia e seus múltiplos conceitos 12

CAPÍTULO II – Orientação Pedagógica em perspectiva histórica 20

CAPÍTULO III – Formação Continuada conceito,modelos problemáticas 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45
7

INTRODUÇÃO

“Nenhum homem é uma ilha, um todo, completo em si


mesmo:todo homem é o pedaço de um continente, uma parte
do conjunto.”
John Donne

As sociedades têm sido marcadas por grandes transformações,


especialmente no cenário educativo, o qual denuncia a existência de políticas
educacionais destinadas a favorecer uma classe hegemônica e sustentar o
status quo vigente.

Observa-se, nesse cenário, que uma pequena parcela da sociedade tem


acesso às mais variadas formas de poder, e assim, os objetivos da educação ,
suas conseqüentes práticas bem como a função desempenhada pelos seus
atores, encontram-se em consonância com esta ideologia.

Nessa perspectiva, ao analisar a função desempenhada pelos


Orientadores Pedagógicos a partir de uma perspectiva histórica, é possível
identificar tal premissa, visto que, esses profissionais ao longo da trajetória da
Educação Brasileira, teciam práticas pautadas, sobretudo, no ato de
inspecionar as ações docentes constituindo-se, dessa maneira, como
detentores de um poder maior nos interiores das instituições escolares.

Com isso, verifica-se a fragmentação do trabalho pedagógico no âmbito


dessas instituições, as quais estruturaram seu funcionamento, durante um
significativo período de tempo, a partir dos pressupostos do modelo econômico
taylorista/fordista1 , o qual negava a unicidade das ações desempenhadas
pelos

1
Ao fazer referência a tal modelo, pretende-se sinalizar a presença da classe docente apenas como
executora das dinâmicas estabelecidas pelos Supervisores Educacionais (Especialistas em educação).
8

profissionais, afirmando que cada sujeito deveria “dominar” apenas uma


parte da atividade produtiva (há nesse contexto, o impedimento do domínio
integral do processo).

É fato pois, que tal estrutura se materializou em um determinado


momento da história, pois havia, nesse contexto, uma intensa presença do
Estado direcionando as ações dos Orientadores Pedagógicos e à estes
profissionais, cabia, entre outras atribuições, inviabilizar o exercício de
autonomia dos professores diante de seu saber fazer educativo
(NÓVOA,2000). Dessa forma, tais Orientadores, assumiam-se como
especialistas em educação, cuja função primordial era fiscalizar e prescrever
as ações da classe do magistério (sinaliza-se aqui a existência de duas classes
separadas hierarquicamente no interior das escolas : os Orientadores como os
sujeitos que planejavam as ações pedagógicas (e que portanto, ocupavam
posição privilegiada nas organizações) e os professores concebidos como
executores dos “pacotes” pedagógicos que lhes eram apresentados prontos) .

No entanto, no âmbito da sociedade Pós-Moderna, onde os dogmas são


contestados, onde a fragmentação do saber cede espaço para a instauração
de uma perspectiva holística, é possível perceber um novo paradigma em
supervisão educacional, principalmente, a partir do movimento proposto pela
Corrente Transformadora2 iniciado na década de 90, o qual postulava que todo
e qualquer supervisor imerso nos cenários escolares, deveria se constituir,
sobretudo como um educador, negando, assim, sua postura técnico-burocrata
observada até então.

Em consonância com o ideário desse novo paradigma em Orientação


Pedagógica, Gandin (1985) afirma que “O ideal de orientação deveria ser
exatamente o de estimular a liberdade, a competência profissional, a clareza de
posicionamentos, o conhecimento da realidade a fim de que cada pessoa,
dentro do seu grupo ... alcance sua identidade para sua felicidade e a felicidade

2
Os pressupostos sustentados por tal Corrente, bem como seus objetivos, serão abordados nos capítulos
seguintes.
9

dos outros.” (p. 196), premissa essa fundamental para o desenvolvimento da


autonomia dos professores.

É portanto, nesse contexto inovador, porém dicotômico (observa-se


ainda um grande número de Orientadores que negam qualquer possibilidade
de mudança diante de seus saberes/fazeres), que aponta para o fato da
necessidade da existência da ressignificação da ação do Orientador, que
surgiu meu interesse acerca da temática em questão. Tal interesse foi também
motivado pelos constantes questionamentos que efetuei durante vários
momentos de minha trajetória profissional enquanto orientadora pedagógica
acerca das atribuições dessa função impostas pela direção das instituições
onde atuei 3, fato esse que me permite apontar uma dicotomia ( a prática
pensada difere da prática efetivada) norteando as ações desempenhadas
pelos profissionais da Orientação Pedagógica.

O sentido dessa pesquisa encontra-se também atrelado às reflexões


sobre o Orientador Pedagógico e sua conseqüente função social enquanto um
agente transformador de seu espaço , oportunizadas durante minha trajetória
profissional e no curso de Pós-Graduação em Orientação Pedagógica e
Educacional na Faculdade Integrada Vez do Mestre.

Com bases nesses questionamentos que permeiam a profissão dos


Orientadores Pedagógicos, bem como suas atribuições – ainda não bem
internalizadas por grande parte dos sujeitos que trabalham com Educação -
torna-se recorrente abordar as especificidades dessa categoria, pensando-a
numa perspectiva histórica e, posteriormente, situando-a na
contemporaneidade, a fim de tecer reflexões acerca de suas práticas,
funções e de seu relacionamento para com a classe docente.

3
Grande parte dos dirigentes de instituições escolares ainda exige que o Supervisor Educacional se
posicione como inspetor do trabalho docente.
10

A partir do pressuposto acima citado, delineou-se a questão a ser


investigada : De que maneira o Orientador Pedagógico pode contribuir para o
desenvolvimento da autonomia docente no Ensino Fundamental ?

Nessa perspectiva, ao formular tal questionamento, penso que emerge


no contexto atual, a urgência pela renovação da prática supervisora, devendo
esta configurar-se como:

“uma prática reflexiva, uma prática capaz de identificar


os problemas, de resolvê-los (...) uma prática
coletiva(grifo meu), uma prática construída
conjuntamente por grupos de professores e de
supervisores.” (CANDAU,2000,p.56).

A importância dessa pesquisa reside na possibilidade de demonstrar a


relevância do Orientador Pedagógico enquanto educador ”comprometido com o
significado e as implicações sociopolíticas da educação” (Rangel, 1997, p.148)
e que nesse sentido é capaz de ro como agente fiscalizador, tornando tal
categoria sem identidade própria; Mas que, à procura de sua identidade, é
capaz de ressignificar sua função contribuindo para o desenvolvimento de
professores “ ... fortes intelectualmente, ajustados emocionalmente, capazes
tecnicamente e ricos de caráter.” (Ferreira, 1998,p. 113).

O objetivo geral desse estudo é demonstrar as contribuições do


Orientador Pedagógico para o desenvolvimento da autonomia docente no
Ensino Fundamental a partir da sistematização da formação em serviço dessa
categoria (premissa convergente com os ideários da Corrente Transformadora).

Os objetivos específicos desta pesquisa são:

Ø Conceituar autonomia numa perspectiva pedagógica ;


Ø Apresentar o histórico da Orientação Pedagógica;
Ø Caracterizar as concepções de Orientação Pedagógica no Brasil;
Ø Conceituar Formação Continuada;
11

Ø Apontar os modelos de formação continuada percebidos nos


cenários educativos contemporâneos;
Ø Analisar as ações desempenhadas por Orientadores Pedagógicos
em uma instituição de ensino da rede privada do município do Rio
de Janeiro.

O estudo é composto por uma pesquisa bibliográfica, cujos dados


baseiam-se em literatura contemporânea relacionada à temática pertinente ao
assunto abordado. No que concerne às obras consultadas, destacaram-se as
de Nóvoa (2000), Schön (2001), Demailly (2000), Freire (2000), Candau
(2001), Porto (2000), Nascimento (2000), Ferreira (2000), Savianni (2001).

O trabalho está organizado em quatro etapas. A primeira apresenta a


introdução, que agora finalizo. A segunda apresenta a conceituação de
autonomia (remetendo-se à idéia de autonomia pedagógica), relacionando-o
aos aspectos de profissionalização e emancipação docente no cenário escolar.
A terceira apresenta a questão da Orientação Pedagógica em perspectiva
histórica, bem como as principais tendências (correntes) nas quais tal profissão
se fundamentou ao longo da trajetória da Educação brasileira. A quarta aponta
os conceitos, os modelos teóricos e as problemáticas da formação continuada
a partir da literatura consultada. as fundamentaram. E, finalmente, tecem-se
algumas considerações que podem servir para a reflexão sobre a ação
orientação frente ás estratégias de formação continuada de professores.
12

CAPÍTULO I - AUTONOMIA E SEUS MÚLTIPLOS CONCEITOS

Só devassamos o mistério na medida em que o encontramos


no cotidiano...

Walter Benjamin

Compreende-se que uma das atribuições dos profissionais de


Orientação Pedagógica, no âmbito do mundo globalizado, é favorecer a
autonomia docente (competência negada à categoria do magistério ao longo
da história), tornando-se, pois, necessário, num primeiro momento, apresentar
um conceito de autonomia e estabelecer confluências com algumas
dimensões percebidas nos contextos escolares. Portanto, este capítulo se
propõe a apresentar as relações entre autonomia / democracia ; autonomia /
posicionamento político; autonomia / cultura docente, dinâmicas nem sempre
vislumbradas no interior desses espaços.

A palavra autonomia, de origem grega, significa auto governo, governar-


se a si mesmo.

Ao recorrer ao dicionário da língua portuguesa Houaiss (2000, p.194),


autonomia assume o seguinte significado: “direito de um indivíduo tomar
decisões livremente, liberdade, independência moral ou intelectual.”

O conceito de liberdade anteriormente explicitado, nos faz estabelecer


uma íntima associação com a concepção de democracia enquanto regime
político que pressupõe a participação ativa dos atores que integram o mesmo
espaço social; estando estes, desta forma, inseridos nesse cenário.

Ao discorrer sobre democracia, Oliveira (2000,p.11) afirma que esta


é “um sistema social que penetra em todos os espaços da sociedade, inclusive
no cotidiano da escola.”
13

Nesta direção, Freire (2002) concede especial relevância à questão da


autonomia do professor, aspecto este que implica no comprometimento do
docente para com seu ofício ( dimensão política ), constituindo-se, assim, como
um profissional capaz de saber-ser e de saber-fazer.

Para Freire (2002, p.20) o professor é a:

“Presença que se pensa a si mesma, que se sabe


presença, que intervém, que transforma, que fala do que
faz mas também do que sonha, que constata, compara,
avalia, valora, que decide, que rompe.”

Subjacente a este discurso reside a idéia da liberdade na prática


pedagógica do educador, o qual, a partir desta concepção é capaz de dialogar
com sua práxis, negando toda e qualquer prescritividade tão comum nos
espaços escolares; preescritividade essa efetuada quase sempre, pelos
Orientadores Pedagógicos.

A autonomia do professor, segundo o pensamento freiriano, deve, então


sustentar-se em uma prática profissional fomentada, sobretudo, pelo seu
“engajamento político” expressado em suas ações pedagógicas e pelas
ressignificações que estas ações podem efetuar em sua prática docente;
mediado em primeira instância pelos profissionais que tem grande contato com
tal categoria e que ocupam posição hierarquicamente superior à classe
docente – os Supervisores Educacionais, os Orientadores Pedagógicos, ...Os
“Especialistas em Educação”.

Espera-se que o professor – consciente de seus reais objetivos -, então,


crie, ouse, reflita e, sobretudo, construa / reconstrua os saberes que orientam
suas ações.

Tal pressuposto nos permite pensar autonomia em constante


associação com os princípios que fundamentam a questão da democracia, na
medida em que os espaços escolares – quando democráticos – motivam o
professor a participar, de sua organização política e pedagógica. Assim, a
14

participação é entendida como “a possibilidade de pensar, de tomar a palavra


em igualdade de condições, de gerar diálogo e acordos.”
(CARBONELL,2000,p.91).

Percebe-se, então, que a autonomia é conquistada através da constante


interação com o outro, da tomada de consciência do professor perante sua
função na sociedade, de sua postura crítica, cidadã, de seu respeito para com
a coletividade e de sua efetiva intervenção e participação no espaço em que
atua.

Na perspectiva de Bordenave ( 1998 ) a participação dos sujeitos é vista


como condição inerente às relações sociais que estes estabelecem ao longo
dos tempos, tendo esta dimensão ( participativa ) :

“ ... acompanhado sua evolução desde a tribo e o clã dos


tempos primitivos até a associações, empresas e partidos
políticos de hoje. Neste sentido, a frustração da necessidade
de participar constitui uma mutilação do homem social. Tudo
indica que o homem só desenvolverá seu potencial pleno
numa sociedade que permite e facilite a participação de todos.
O futuro ideal do homem só se dará numa sociedade
participativa.” ( p. 51 )

Verifica-se que Arroyo (2001) aponta a instalação de uma postura


docente autônoma a partir da conscientização política ( possibilitando assim,
significativas intervenções em busca de uma participação efetiva ) desta classe
e de sua sólida formação acadêmica, resultando na redefinição da profissão de
professor, e, conseqüentemente, na ampliação de sua visão de mundo.
Observa-se que o permanente desenvolvimento deste profissional, ocorrido
nas múltiplas instâncias de formação existentes (escolas, universidades,
cinemas, Internet, etc...) representam possibilidades de construção de novos
valores e posturas quando estimulados e viabilizados pelos agentes educativos
(em especial pelos Orientadores Pedagógicos) que concebem os professores
como sujeitos produtores de suas ações e práticas.
15

No que se refere à conscientização política, Arroyo (2001,p.204) afirma


que o professor percebeu “ seu ofício, a educação, determinados por estruturas
e lógicas extra-escolares, mais global ”, tornando-se ser ciente de seu espaço
na sociedade, das problemáticas sociais e de suas possíveis intervenções, o
que nega o perfil alienado e despolitizado antes lhe imposto (à classe
Supervisora,também cabia essa tarefa) , percebido em sua prática pedagógica.

A partir de tais afirmativas, pensar autonomia implica, então, no


estabelecimento de uma estreita ligação com emancipação e transgressão;
dimensões responsáveis pela configuração de um profissional crítico-reflexivo
e, principalmente, sujeito partícipe de sua história ( remete-se aqui à idéia de
inetelectual orgânico proposto por Gramsci), de sua cultura e de sua
identidade.

Ainda segundo Arroyo (2000) o segundo fator que contribui para a


autonomia do professor diz respeito à formação teórica, à sua contínua
“capacitação”, tornando-se capaz de exercer uma prática dialética para com
estes mas, também, desenvolvendo sua formação política (novamente faço
alusão às premissas defendidas por Gramsci).

Em oposição a este paradigma explicitado, pautado na autonomia,


emancipação docente e na prática reflexiva –, a lógica da racionalidade técnica
norteia, em alguns espaços escolares, o cotidiano pedagógico do professor e
do, Orientador Pedagógico ,visto que, inúmeras prescrições acerca de seus
saberes e valores ( de ambas as categorias) são produzidas externamente á
realidade desses profissionais, obrigando ao Orientador Pedagógico excluir o
professor desta dinâmica.

Segundo Giroux, (2000, p.157) :

“Quando os professores de fato entram no debate é


para serem objeto de reformas educacionais que os
reduzem ao status de técnicos de alto nível cumprindo
ditames e objetivos decididos por especialistas um tanto
afastados da realidade cotidiana da vida em sala de aula.
A mensagem parece ser que os professores não contam
16

quando trata-se de examinar criticamente a natureza e


processo de reforma educacional.”

Entende-se que a questão da autonomia fundamenta as profissões


socialmente legitimadas, responsáveis por aferir um certo status a quem as
pratica e, analisando a realidade do magistério no Brasil, observa-se que a
categoria do professor não está enquadrada. Constata-se uma desvalorização
da profissão docente (materializada também, a partir das ações sustentadas
pela classe dos Orientadores em referência de um poder maior), e ser
professor constitui-se como “uma profissão cuja competência apresenta falhas,
não dispõe de autonomia, não tem controle e o reconhecimento é bastante
precário”. (Tambine,1979, p.39 apud Ludke,2002,p.75) e portanto, faz-se
necessário que a presença dos orientadores pedagógico se fundamente a
partir de uma perspectiva de gerenciamento das práticas docentes.

Diante desta premissa, é possível afirmar que um dos aspectos


responsáveis pela ausência de autonomia da profissão docente é a falta de
engajamento do professor para com sua profissionalização, com sua formação
permanente; permitindo, com isso, sua desvalorização enquanto profissionais
do magistério no processo produtivo.

Nesta perspectiva, à categoria do professor, remete-se a idéia de


ausência de identidade4. O professor é situado historicamente como reprodutor
de uma ideologia dominante – um ser que não reflete, que não cria, que não
constrói; somente executa (perspectiva da instrumentalização técnica), sendo
da responsabilidade dos Supervisores agregar as tarefas mais complexas, tal
como o ato de planejar .

4
O conceito de identidade encontra-se atrelado à idéia de identidade profissional explicitado por
Ludke(2000)
5
LUDKE, M. A socialização profissional dos professores.RJ/PUC, 1994.
17

Contrapondo-se a esta visão reprodutora do professor, Pimenta


(2000,p.18) afirma que “professorar não é uma atividade burocrática para a
qual se adquire conhecimentos e habilidades técnico – mecânicas”, visto que,
espera-se do docente a unificação teoria / prática na efetiva construção e
reconstrução de seus saberes-fazeres, capazes de emancipá-lo diante dos
desafios que sua realidade profissional lhe impõe e que tais profissionais
precisam encontrar uma espécie de parceria entre seus pares, incluindo aí, os
Supervisores.

Ser professor, neste sentido, é ter autonomia para ler o mundo à sua
maneira, é ser emancipado para “tecer seu próprio fio”, é sentir-se seguro para
mobilizar dimensões até então não cogitadas nas dinâmicas escolares.

Ser professor é conceber-se como ser crítico, com identidade


profissional, consolidada a partir de sua intervenção e atuação no espaço
social, competências que podem ser desenvolvidas pela mediação
oportunizada pelos Supervisores Educacionais no lócus de atuação docente.

Segundo Pimenta (2000, p.19), urge que a categoria dos chamados


Especialistas em Educação se comprometa com o processo de construção de
identidade profissional docente, dinâmica essa que se concretiza...

“a partir da significação social da profissão; da revisão


constante dos significados sociais da profissão; da
revisão das tradições. (...) Constrói-se, também, pelo
significado que cada professor, enquanto ator e autor,
confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de
seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de
sua história de vida, de suas representações, de seus
saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que
tem em sua vida o ser professor.”

Vale acrescentar que os processos de reflexão na ação, de reflexão


sobre a ação e de reflexão sobre a reflexão na ação (SCHÖN) – inerentes ao
professor reflexivo e também ao Supervisor “Emancipado”– contribuem para a
18

efetivação da autonomia destes profissionais, tornando-os capazes de


posicionarem-se dialeticamente diante das práticas escolares; fazendo emergir
uma nova epistemologia acerca de suas práticas pedagógicas.(SCHÖN,2000).

Nesse sentido, é possível afirmar que :

“...a formação deve estimular uma perspectiva crítico-


reflexiva, que forneça aos professores os meios de um
pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de
auto-formação participada.” (NÓVOA,2000,p.25).

Recorrendo mais uma vez a Schön (2000,p. 103) vislumbra-se o


professor autônomo a partir da sistematização da reflexão em sua prática
pedagógica, entendida como “... uma orientação para a ação”, integrando “ ....
as relações entre o pensamento e a ação nas situações históricas em que nos
encontramos.”

O conceito de professor autônomo faz emergir a idéia de “intelectuais


transformadores5 (p.191), tal como Moreira (2001) concebe e – “profissionais
reflexivos”6 (SCHÖN, 2000) acerca de suas experiências, dos significados
culturais e políticos presentes em sua realidade, dos ditames que aí imperam-,
produtores de saberes e, sobretudo, capazes de contribuir para uma nova
organização social, refletida através de um trabalho docente inovador e
emancipado.

Acredita-se que a socialização do professor (principalmente quando


oportunizadas pelos Supervisores) é aspecto fundamental para a configuração
de ações pedagógicas transformadoras, autônomas e emancipadas, onde o
docente é concebido como elemento principal da construção de sua identidade.
19

Se a autonomia do professor se constrói através de uma prática reflexiva


acerca da própria ação pedagógica, da realidade que vivencia e de seu
comprometimento com seu ofício, torna-se recorrente a implementação de
programas de formação permanente para o professor do ensino fundamental,
objetivando a conquista de sua autonomia pedagógica. Vale ressaltar que
neste processo, a valorização do saber docente aliado ao seu constante
desenvolvimento constituem-se dimensões relevantes.
20

CAPÍTULO II – ORIENTAÇÂO PEDAGÓGICA EM PERSPECTIVA


HISTÓRICA

“ A formação não se constrói por acumulação ( de conhecimentos ou


de técnicas ), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica
sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma
identidade pessoal.”
Antônio Nóvoa

2.1 –Orientação Pedagógica: múltiplos significados,variadas atuações.

No âmbito da sociedade pós-moderna, onde os dogmas são contestados,


onde a fragmentação do saber cede espaço para a instauração de uma
perspectiva holística, é possível perceber um novo paradigma em orientação
pedagógica.

Nesta direção, é preciso que o orientador se constitua, sobretudo como um


educador, negando sua postura técnico-burocrata observada em alguns
momentos da história.

Desta forma, entende-se como orientador pedagógico aquele educador


capaz de orientar as dinâmicas educativas, em sua totalidade, coletivamente;
efetuando mediações entre os vários agentes observados no cenário
educativo; o qual, a partir da apropriação crítica de um corpo teórico que
fundamenta sua prática, busca a instauração de ações pertinentes à sua
realidade.

Cabe também ao orientador, contribuir para o efetivo desenvolvimento


profissional daqueles que compõem seu cenário, oportunizando, assim, a
existência de relações dialéticas destes para com o conhecimento e sua
realidade profissional.
21

De acordo com Gandin (1985) “O ideal de orientação deveria ser


exatamente o de estimular a liberdade, a competência profissional, a clareza de
posicionamentos, o conhecimento da realidade a fim de que cada pessoa,
dentro do seu grupo ... alcance sua identidade para sua felicidade e a felicidade
dos outros.”

Freire (19998,p.81) aponta para a necessidade da existência de uma


perspectiva dialógica orientando as práticas do orientador pedagógico como
possibilidade de uma constante reconstrução da práxis pedagógica ,quando
nos diz que :

“ Não há diálogo, se não há uma intensa fé no


seu poder de fazer e refazer ...Não
existe,tampouco,diálogo sem esperança ...não
há diálogo verdadeiro se não há nos seus
sujeitos um pensar verdadeiro.”

Comungando com este ideário, é possível apontar a relevância do


posicionamento político necessário ao supervisor educacional, visto que é a
partir de sua compreensão e leitura de mundo, que este sujeito poderá efetuar
intervenções significativas em seu espaço, na medida em que possibilita uma
nova organização da estrutura e do trabalho escolar pautados num movimento
crítico-reflexivo.

2.2 - Perspectiva Histórica da Orientação Pedagógica

A função do Orientador pode ser percebida desde as origens da ação


educativa (SAVIANNI,2000), configurando-se como característica fundamental
para “...bem mais tarde, se colocar a questão da ação supervisora como
profissão, isto é, como uma especialidade com contorno definidos implicando
determinadas qualificações que exigem uma formação específica.”( p. 14 )

Nas sociedades tribais – Idade Antiga - a idéia de supervisão é verificada a


partir do acompanhamento do aprendizado das crianças efetuado pelos
22

adultos, já que não havia, neste momento da história, educação como prática
intencional, sistematizada.

Na Grécia antiga, à figura do pedagogo (como o escravo responsável por


conduzir a criança até seu mestre) e , posteriormente como o próprio
educador remete-se a idéia da função supervisora, visto que, cabia a este,
vigiar, controlar e supervisionar as atitudes da criança .

Nesse contexto é possível também verificar a função supervisora na


presença do intendente, o qual conduzia a “educação” dos escravos em
consonância com os objetivos da classe dominante – educação no trabalho - ;
tornando-os com isso, seres submissos e alienados.

A Idade Média é marcada por um forte domínio religioso, onde os objetivos


da educação direcionam-se para o desenvolvimento do espírito, e os sistemas
de ensino religiosos configuram-se como os principais modelos de educação.

A partir de uma nova fase no processo produtivo – percebido sobretudo


com a incorporação da ciência neste processo através das atividades
industriais - , da propagação da linguagem escrita e da presença da imprensa (
a qual exigia, de certa forma, a prática da leitura ), a necessidade por uma
nova organização escolar começa a se instaurar, e, conseqüentemente, pela
presença de um agente responsável por supervisionar este espaço.

De acordo com Savianni ( 2000 ), a partir da institucionalização da escola a


idéia de supervisão educacional é presenciada, evidenciada principalmente na
organização da educação pública nos séculos XVIII e XIX.

Em 1549, com a chegada dos jesuítas ao Brasil, e a conseqüente


organização do ensino, a função supervisora é percebida, sendo pois, a idéia
de supervisão verificada com a implementação do Plano Geral dos Jesuítas – o
Ratio Studiorum.
23

O plano em questão prevê todas as regras e normas responsáveis por


orientar as atividades dos agentes ligados ao ensino, dentre os quais, o
prefeito geral de estudos ( o qual desempenhava a função de supervisor
educacional enquanto função específica,desvencilhada das demais funções
educativas ), sendo responsável por prestar auxílio ao reitor, ordenar os
estudos,orientar e dirigir as aulas,etc...

Com as reformas pombalinas, em 1759, foram criadas as aulas régias ,


surgindo, com isso, duas novas figuras no cenário educacional – o diretor geral
e o comissário. Nesta direção, a idéia de supervisão abarcava as dimensões
político-administrativa ( inspeção e direção ),tarefa esta executada pelo diretor,
configurando-se as dimensões de fiscalização, coordenação e orientação do
ensino de cada localidade , tarefas inerentes ao comissário ou diretor de
estudos.

Com o Brasil independente , em 1827, verifica-se a existência das escolas


de primeiras letras, cabendo ao professor executar as funções de docência e
supervisão – o ensino mútuo.

As reformas Couto Ferraz determinam que ao inspetor geral cabe


supervisionar os estabelecimentos de ensino públicos ou particulares, além de
“presidir os exames dos professores e lhe conferir o diploma, autorizar a
abertura de escolas particulares e até mesmo rever os livros, corrigi-los ou
substitui-l-os por outros.” (SAVIANNI, 2000 , p. 23).

A estruturação do sistema nacional de educação apontava duas indicações


que fizeram emergir a idéia de orientação: a necessidade de diretrizes
pedagógicas, de inspeção e de coordenação para a educação e a
reorganização das instituições escolares como “grupos escolares”, sendo
fundamental para sua operacionalização um supervisor pedagógico.

Entre 1892 e 1896 com a instituição do Conselho Superior da Instrução


Pública, a Diretoria Geral da Instrução Pública e os Inspetores de Distrito,
percebe-se uma burocratização da atividade do inspetor escolar em detrimento
24

do aspecto técnico – pedagógico inerente à sua função, onde a este cabe,


somente, fiscalizar o trabalho educativo.

A década de 20 marca o início dos profissionais da educação, fomentando,


com isso, a figura dos técnicos em educação.

A reforma Pernambucana em 1928 prevê a separação entre a dimensão


administrativa e a dimensão técnica, aspecto fundamental para a instauração
do supervisor enquanto profissional da educação exercendo atividades
distintas das efetuadas pelo diretor e pelo inspetor.

Em 1930 surge o Ministério da Educação e Saúde Pública, seguido pela


reforma Francisco Campos ( 1931 ) e pela reforma Capanema ( 1942 / 1946 )
responsáveis pela reestruturação do ensino brasileiro.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,


em 1961, percebe-se a exigência de especificidades norteando o trabalho dos
profissionais da educação a serem contempladas pelas faculdades de
Pedagogia, que deverão formar agentes capazes de operar a máquina
burocrática.É o que chamamos de pedagogos generalistas (técnicos de
educação).

O período militar, com seus objetivos explícitos, tentou “ ajustar a educação


à nova situação por intermédio de novas reformas de ensino.”
(SAVIANNI,2000, p. 29), reformulando com isso o curso de pedagogia. A
vertente tecnicista de educação se faz presente nesse cenário, onde pode-se
perceber a organização da educação pautada nos pressupostos taylorista.

Nota-se aí a presença das habilitações, onde cada agente educativo


desempenhava sua função específica, a saber : administrar, inspecionar,
supervisionar e orientar, numa perspectiva de fragmentação do trabalho.
25

O parecer n.° 252/69 afere status de profissão à categoria da supervisão


educacional, imprimindo determinadas características concernentes à sua
atividade.

No âmbito do século XXI, constituir-se como supervisor educacional,


implica, em primeira instância, no estabelecimento de sua consciência política,
de sua sólida formação acadêmica bem como de sua contínua formação, da
apropriação crítica que este profissional é capaz de estabelecer com o corpo
teórico responsável por subsidiar sua prática, pelas intervenções coletivas que
consegue imprimir em seu espaço de atuação, fomentando, assim, um
processo de educativo legítimo.

2.3 – Concepções de Orientação Pedagógica

As concepções de Orientação Pedagógica estão pautadas em três


correntes ideológicas, que segundo Franz (1990, apud Cardoso,1996) podem
ser sistematizadas da seguinte forma :

Ø Corrente Ideológica Conservadora – O Orientador tem a


função de controlar e fiscalizar o trabalho pedagógico, sendo
visto também como implantador e implementador do
currículo.Nesta perspectiva, cabe ao Orientador, em
consonância com a ideologia dominante, sustentar um projeto
educacional destinado a manter o status quo, o discurso
hegemônico dominante.

Ø Corrente Ideológica Opositora – Esta visão nega a presença do


Orientador no ensino público, afirmando que este profissional
constitui-se como elemento responsável por manter a
hegemonia na educação. A figura do Orientador é sustentada
nos moldes capitalistas, havendo nesse sentido, a
fragmentação do trabalho educativo ( perspectiva Taylorista ).O
Orientador é o especialista em educação capaz de expropriar o
26

saber do professor ; prescrevendo as ações pedagógicas que


este deverá executar.

Ø Corrente Ideológica Transformadora – Esta corrente preconiza


a mudança na organização do trabalho escolar e
conseqüentemente na estrutura social. No que concerne à
função Orientador, sinaliza que este deverá conceber-se como
“intelectual orgânico” capaz de propor reflexões acerca do
trabalho pedagógico, visando desburocratizar as relações antes
percebidas no interior da escola. O Orientador como o
professor configuram-se agentes de transformação social, os
quais pautam suas práticas a partir de seu engajamento político
e comportamento dialético.

Esta última concepção aponta para o fato de um movimento de


ressignificação do trabalho pedagógico no âmbito das
instituições escolares, convidando todos aqueles que
trabalham com educação, a lançarem um novo olhar diante de
seu objeto de trabalho – o processo ensino / aprendizagem.

2.4 - Âmbito de Atuação / Papel do Orientador Pedagógico

O âmbito de atuação do Orientador Pedagógico, a partir das necessidades


impostas pela sociedade pós-moderna e pelas modificações previstas pela
legislação, configura-se para além das instituições escolares, ampliando-se
para empresas, ONGs, igrejas, Conselhos Tutelares,etc.

A trajetória histórica dos cursos de formação dos profissionais de educação


– faculdades de pedagogia e cursos de magistério – e, conseqüentemente nos
papéis desempenhados por tais profissionais nos espaços escolares denuncia
a fragmentação do trabalho pedagógico até então efetuado.
27

Com as políticas educacionais vigentes, e uma constante indefinição diante


da função do pedagogo, a ANFOPE posiciona-se neste cenário no sentido de
... tomar a docência como base da formulação do pedagogo, buscando com
isso, a identidade desses profissionais.

Em verdade, emerge a necessidade de formar profissionais da educação


com uma visão global do processo pedagógico, a partir da apropriação crítica
de conhecimentos múltiplos, abrangentes e complexos, eliminando assim, a
perspectiva polarizada entre especialistas (orientadores,coordenadores,etc) e
professores.

Os desafios da escola da contemporaneidade exigem sobretudo do


Orientador Pedagógico que este posicione-se como “intelectual orgânico”
(reflexivo, pesquisador/investigativo), capaz de organizar-se coletivamente com
os professores , construindo os saberes-fazeres que orientam as ações
pedagógicas, buscando, com isso, alternativas e soluções para as
problemáticas observadas na comunidade escolar.

De acordo com Savianni (2000), ao exercício legítimo da função


supervisora torna-se fundamental o comprometimento político deste para com
seu ofício , resultando em um trabalho educativo capaz de mobilizar a
população para possíveis mudanças no espaço social.

Diante desse contexto inovador, a questão da formação dos professores


– inicial e continuada - assume expressividade para os Orientadores
Pedagógicos, e uma das estratégias que devem ser adotadas por tais
profissionais (antigos Especialistas em educação) é a sistematização de
momentos destinados ao desenvolvimento integral da classe do magistério em
seu lócus de atuação – formação em serviço ou formação permanente.

Assim, o próximo capítulo apresentará a conceituação, as


especificidades e as confluências entre a prática da formação continuada
destinadas aos docentes e mediada pelos Supervisores e o desenvolvimento
28

da autonomia de ambas as categorias – aspecto legitimado pela Corrente


Transformadora .
29

CAPÍTULO III – FORMAÇÃO CONTINUADA: CONCEITO, MODELOS E


PROBLEMÁTICAS
“ A formação não se constrói por acumulação ( de conhecimentos ou
de técnicas ), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica
sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma
identidade pessoal.”
Antônio Nóvoa

3.1 – Conceituação

A questão da formação continuada pode ser percebida em todas as


tentativas de renovação pedagógica ao longo da história, permitindo com isso,
várias leituras acerca de seu conceito.

Apropriando-se do pensamento de Demailly (2000), formação


continuada é entendida como uma das possibilidades formais de
desenvolvimento dos indivíduos.

Nascimento (2000) compreende a formação continuada de professores


como:

“ ... toda e qualquer atividade de formação do professor que


está atuando nos estabelecimentos de ensino, posterior à sua
formação inicial, incluindo-se aí os diversos cursos de
especialização e extensão oferecidos pelas instituições de
ensino superior e todas as atividades de formação propostas
pelos diferentes sistemas de ensino.” (idem,p.70)

Assim, entende-se por formação continuada de professores todos os


programas de formação destinados aqueles já profissionalizados, visando,
principalmente a ampliação de seus conhecimentos e competências,
contribuindo para a efetivação de seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Os referenciais curriculares para a formação do professor


(SEF/MEC,1999) institui que todos os programas de formação continuada
devem considerar como marco inicial para sua implementação :
30

Ø Análise da realidade onde se pretende agir;


Ø Avaliação de formação obtidas em outras instâncias;
Ø Novas demandas, considerando as diretrizes do MEC, bem como
as dos conselhos de Educação e os objetivos institucionais da
Secretaria de Educação.

A partir das orientações observadas nos referenciais acima citados,


verifica-se também que cabe à formação continuada promover nos professores
“...o desenvolvimento da capacidade de reflexão sobre o trabalho educativo...”
(idem, p.131). Tal premissa nos permite sinalizar a existência de modelos
teóricos, com diferentes concepções, de formação continuada, sendo possível
destacar também a formação em serviço (onde a escola configura-se como
lócus privilegiado para realização das atividades de formação) como uma das
estratégias de organização desta prática.

3.2 – Modelos Teóricos

Os modelos de formação continuada de professores são agrupados, na


perspectiva de Demailly (2000), da seguinte forma :

Ø A forma universitária – Caracteriza-se pela adesão voluntária de


seus participantes, tendo como objetivo a transmissão do saber
teórico produzido pelos mestres.

Ø A forma escolar – Composta pelos “cursos” de caráter obrigatório


que são organizados por um poder legítimo (estado,nação ou
igreja), sendo ministrados pelos seus representantes,tendo em
vista à propagação de seus objetivos.

Ø A forma contratual – É caracterizada pela relação contratual entre


os pares observados nesta dinâmica: formador e formando,
31

existindo parceiros tanto, uma relação contratual que permite a


seleção do programa, e das modalidades materiais e pedagógicas
da aprendizagem .

Ø A forma Interativa-reflexiva – Observada nos processos de


formação que pretendem encontrar soluções para os problemas
reais observados no cotidiano profissional dos agentes
participantes, estimulando assim, um empenho mútuo pautado num
movimento teórico e reflexivo. Neste modelo de formação os
formandos assumem-se também como formadores.

A autora acredita que no plano coletivo, a forma “interativa-reflexiva”


parece adequar-se mais às demandas presenciadas no cotidiano pedagógico
dos professores, visto que estimula “... a capacidade de resolução de
problemas, isto é, um misto de saberes com estatutos muito diversos, que são
produzidos e não transmitidos na relação pedagógica que caracteriza a
formação.” (idem, p. 145).

Neste sentido, novos saberes são produzidos a partir da atividade


reflexiva, da análise das problemáticas vivenciadas em uma constante relação
com o aporte teórico, admitindo a efetiva participação dos professores que
integram esse cenário; constituindo os chamados saberes do ofício.

Nóvoa (2000) agrupa estes modelos teóricos de formação continuada


em duas categorias :

Ø Os Modelos Estruturantes – Pautados na lógica da racionalidade


técnica,objetivando a transmissão de saberes. Estão incluídos
nessa perspectiva as formas universitária e escolar apontadas por
Demailly;

Ø Os Modelos Construtivistas – Concebidos a partir de um


movimento reflexivo e contextualizado para a organização dos
dispositivos de formação continuada. Enquadram-se neste grupo
32

as formas contratual e interativo-reflexivo apresentadas por


Demailly.

Cabe apontar que as diretrizes para a formação continuada de


professores propostas pelos curriculares (SEF/MEC,1999) estão baseadas nos
pressupostos dos “modelos construtivistas” (NÓVOA,2000) ou “interativo-
reflexivo” (DEMAILLY,2000), na medida em que instituem a necessidade da
instauração desse processo como prática sistemática visando analisar as
situações vivenciadas no âmbito das escolas, bem como trocar experiências
profissionais, planejar as atividades coletivamente,e, sobretudo, refletir sua
práxis. Afirmam, ainda, que nesse contexto cada professor participante tem
legitimados e considerados relevantes seus saberes, crenças e valores,” ...não
só porque essa é uma postura educativa democrática, mas porque é condição
para a aprendizagem significativa.” (SEF/MEC, 1999, p.132).

De acordo com Nóvoa (2000) e Demailly (2000), os “modelos


estruturantes” apresentam resultados mais eficientes a curto prazo. Nóvoa
(2000) afirma que os modelos construtivistas representam grandes
possibilidades de contribuição para a ressignificação das ações do professor e,
conseqüentemente, da “profissão docente”.

Nascimento (2000) sinaliza que os apontamentos de Demailly e Nóvoa:

“... devem ser entendidos e servir aos educadores como


modelos teóricos de análise e não como modelos
práticos de intervenção, já que os próprios autores
reconhecem a impossibilidade desses modelos se
encontrarem isolados na prática de formação dos
professores.” (p. 72)

De posse das constatações efetuadas nos parágrafos anteriores, é


possível afirmar a existência de formas mistas de organização dos programas
de formação continuada de professores, visto que, a partir das exigências e
necessidades de cada contexto procura-se adaptar os modelos teóricos
existentes, mesclando-os entre si. Em verdade, busca-se as especificidades
33

de cada modelo para, com isso, compor uma proposta formadora de acordo
com os objetivos pretendidos.

3.3 – Problemáticas

A sistematização de propostas de formação continuada nos espaços


escolares denuncia a tentativa de renovação da prática pedagógica, buscando,
com isso, encontrar soluções para a qualificação do professor.

Ao analisar as estratégias de formação utilizadas nas instituições de


ensino da atualidade é possível perceber em sua maioria, que estas consistem
em “treinamentos, reciclagens e encontros de vivências.”

De acordo com Kramer (1989), os “pacotes de treinamentos” têm por


finalidade provocar inovações, enfatizando “... a transmissão de um conjunto
de conteúdos ou técnicas.” ( p. 194). Nesse sentido, cabe à instância central
das redes educacionais, conceber, planejar, propor, elaborar os materiais a
serem utilizados bem como, aprofundar-se teoricamente no conteúdo em
questão. Estas propostas são repassadas para a equipe da própria instância
central que repassa estes pacotes para as instâncias intermediárias. Os
profissionais que atuam nesses espaços – nas instâncias intermediárias – por
não terem participado da elaboração das propostas em questão, não detendo,
por sua vez os conhecimentos que as fundamentaram, acabam por simplificá-
las quando as repassam para os professores. Consolida-se desta forma o
“efeito multiplicador” ou “ efeito de repasse” que, na opinião de Kramer, afere a
teoria caráter de discurso, tornando o professor cada vez mais avesso “ ...a
pesquisas ou contribuições acadêmicas no seu trabalho.” (p. 195), como
também, avesso a qualquer proposta de inovação em seu contexto de trabalho,
visto que, não há aprofundamento teórico e nenhuma proximidade com a
prática pedagógica. Kramer aponta para o fato de que a efetividade dessa
estratégia é bastante reduzida.
34

Os treinamentos atitudinais ou encontros de vivências aferem relevância


aos aspectos sócio-afetivos dos participantes, visando questionar preconceitos
e valores. Busca-se, com isso, estimular a instauração de novas posturas e
ações do professor para com seus alunos. Para tanto, são estabelecidas ações
como: laboratórios de sensibilidade, análise de casos, oficinas de artes,
músicas. Enfim, seu maior objetivo é “...produzir um estado de relaxamento no
professor e de congraçamento ou cooperação com seus pares.”
(KRAMER,1989,p.196) fato que, supostamente, o tornará mais ativo e
dinâmico com seus alunos.

Segundo Kramer (1989), esta estratégia apresenta dois problemas: o


caráter dicotômico com a prática pedagógica e a postura de “evento”
totalmente desvencilhada do trabalho do professor.

Constata-se, assim, que:

“... a maioria das propostas no campo da formação em


serviço, incluíndo-se aí as palestras, os debates, as
conferências, seminários, etc, promovidos pelos
sistemas educacionais e, eventualmente, por
associações profissionais de professores, têm sido
concebidas dentro destas perspectivas metodológicas
apontadas por Kramer. Não se pode deixar de
considerar a importância de algumas destas ações e os
ganhos que podem proporcionar. Entretanto, torna-se
importante salientar que, por seu caráter esporádico,
estas intervenções não atendem a projetos globais de
formação, tendo em vista um processo seqüenciado e
coerente.”( NASCIMENTO, 2000, p. 78 ).

Diante desta afirmação, é possível constatar que toda proposta de


formação continuada precisa sustentar-se numa ação prolongada e contínua,
pautada em movimentos de reflexão acerca das questões que permeiam o
trabalho pedagógico.Conseqüentemente, busca-se, nesta perspectiva,
proporcionar o efetivo desenvolvimento do professor para que este, a partir da
apropriação do corpo teórico que fundamenta suas ações bem como da
realidade em que está submerso, possa intervir neste espaço.
35

Na perspectiva de Kramer (1989), pode-se constatar que os projetos de


formação utilizados pelos sistemas de ensino, desvencilham o aspecto teórico
do aspecto prático, estando organizados sobretudo a partir da lógica da
racionalidade técnica, os quais demonstram a predominância dos “ modelos
estruturantes “ apontados por Nóvoa e a forma escolar identificada por
Demailly.

Nóvoa (2000) afirma também que as estratégias de formação


continuada assumem o aspecto de reciclagem ou adaptação da classe dos
professores, não sendo organizadas num projeto coletivo, direcionando-se ao
professor de maneira individual.

Partilhando da mesma posição, Nascimento (2000) apresenta outros


fatores que integram o quadro das problemáticas percebidas nessa questão,
sistematizadas da seguinte forma:

Ø Resistência do professor a pacotes de treinamentos organizados


por agentes distantes do cotidiano escolar;

Ø Desvalorização, por parte dos sistemas de ensino, dos


conhecimentos produzidos pelo professor:

Ø Descontinuidade das propostas;

Ø O custo oneroso dos seminários, cursos,etc.;

Ø O caráter obrigatório que assume a formação, na medida em que


esta encontra-se desarticulada da prática escolar.

Ø A realização de atividades destinadas à formação docente em


ambiente externo ao local de trabalho .
36

Tendo em vista o tema deste trabalho, enfatiza-se o último item, que


aponta para a escola como lócus privilegiado para a implementação de
propostas potencialmente formadoras, visto que esta constituí-se cenário de
efetivas construções e significações ao professor.
37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“ Não se trata de formar o educador, como se ele não existisse.


Como se houvesse escolas capazes de gerá-lo, ou programas que
pudessem trazê-lo à luz. Eucaliptos não se transformarão em
jequitibás, a menos que em cada eucalipto haja um jequitibá
adormecido.”
Rubem Alves

Considerando as reflexões sistematizadas nesse trabalho,foi possível


constatar a relevância do Orientador Pedagógico na configuração de
estratégias de formação continuada de professores centradas na escola e nos
seus projetos de ação, tendo em vista, o desenvolvimento dos profissionais que
aí atuam.

De acordo com seu objetivo maior – o desenvolvimento da autonomia do


professor – os saberes e valores necessários ao desenvolvimento dessa
postura devem ser concebidos, sobretudo, a partir de reflexões significativas
acerca das problemáticas percebidas em seu cotidiano profissional.

Em verdade, é através da socialização dessas múltiplas vivências,


articulada às leituras críticas de teorias pertinentes a tais questões, e
constantes reflexões, que o professor torna-se capaz de efetuar modificações
na comunidade escolar.

A formação em serviço é , neste sentido, uma das principais estratégias


de formação validadas por esta escola, visto que o ambiente de trabalho
configura-se como local privilegiado de trocas, contatos, divergências, críticas,
comunhões e desafios. E este cenário – complexo e diversificado - torna-se
espaço oportuno para que os professores se assumam como formandos e
formadores.
38

Nascimento ( 2000 , p. 240 ) aponta para o fato de que”... os professores


precisam adquirir margens maiores de autonomia dentro da sua própria
profissão e esta autonomia passa, efetivamente, pela possibilidade de
definirem, eles próprios, seus programas de desenvolvimento pessoal.” Esse
paradigma é verificado nesta instituição escolar, entretanto, tal atividade é
percebida como processo contínuo, tendo sido implementado na escola na
década de 90; fato pelo qual afirmamos que a prática de formação docente
deve estar integrada ao cotidiano profissional dos professores.

Romper com posturas tão arraigadas no professor, as quais o limitavam


à execução de projetos pré-concebidos por outros agentes, constituíu-se um
desafio para esta escola. Desafio esse que vem sendo superado ,
continuamente, a partir das ações contínuas de formação continuada.

Na luta pela valorização da profissão docente, vislumbra-se nos projetos


de formação continuada uma das possibilidades de construção de uma nova
face da educação, visto que é também a partir de uma formação integral que o
homem constituí-se ser social, ou seja, “ o professor é a pessoa, e uma parte
importante da pessoa é o professor.”( NÓVOA, 2000, p. 91 ).

Nesse sentido, a proposta de formação docente oportunizada na e pela


escola, privilegia as múltiplas dimensões necessárias à formação global do
professor, fato pelo qual podemos entender a formação continuada como
processo multidimensional. Nesta direção, verificamos que o desenvolvimento
docente constituí-se mecanismo fundamental para a ressignificação das
práticas pedagógicas, sendo enfatizado por tal instituição. Entretanto,
subjacente à instauração de posturas docentes autônomas (um dos objetivos
dessa prática de formação), reside a urgência do desenvolvimento social,
cultural , pessoal e, sobretudo, político dos profissionais que atuam nesse
contexto; fato pelo qual a ação reflexiva torna-se constante nas dinâmicas
desta escola.
39

Candau (2000,p. 65) nos traz uma adaptação construída por Nóvoa
(2000) acerca de um trabalho de Mary-Louise Holly e Caven McLoughlin (1990)
que parece ilustrar bem a proposta de formação docente efetuada pela escola
pesquisada :

“ já começamos, mas ainda estamos longe do fim.


Começamos por realizar ações pontuais de formação
continuada, mas evoluímos no sentido de as enquadrar num
contexto mais vasto do desenvolvimento profissional e
organizacional.

Começamos por encarar os professores isolados e a título


individual, mas evoluímos no sentido de os considerar
integrados em redes de cooperação e de colaboração
profissional.

Passamos de uma formação por catálogos para uma reflexão


na prática e sobre a prática.

Modificamos a nossa perspectiva de um único modelo de


formação dos professores para programas diversificados e
alternativos de formação contínua.

Mudamos as nossas práticas de investigação sobre os


professores para uma investigação com os professores e até
para uma investigação pelos professores.

Estamos evoluindo no sentido de uma profissão que


desenvolve os seus próprios sistemas e saberes, através de
percursos de renovação permanente que a definem como uma
profissão reflexiva e científica.”
40

Em síntese, entende-se, que no âmbito de uma sociedade permeada


por políticas que desvalorizam cada vez mais a classe do magistério, onde os
fazeres são concebidos desvinculados dos saberes, assim como os
executores diferenciam-se dos planejadores, a formação continuada é
percebida como uma das possibilidades de significativas e legítimas
contribuições para valorização da profissão docente , sendo esta capaz de
produzir com autonomia seus saberes - fazeres e com isso, contribuir para a
construção de um espaço social democrático.

Nesse sentido,a ação do Orientador Pedagógico torna-se relevante, uma


vez que, enquanto líder, tal profissional, poderá organizar estratégias de
formação continuada centradas na escola e em seus projetos de ação, tendo
em vista, oportunizar o desenvolvimento docente.
41

BIBLIOGRAFIA

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______. Saberes docentes e formação profissional. São Paulo : Cortez,
2001.
44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – AUTONOMIA E SEUS MÚLTIPLOS CONCEITOS

CAPÍTULO II – ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA EM PERSPECTIVA


HISTÓRICA
2.1 – Orientação Pedagógica: múltiplos significados,variadas atuações

2.2 – Perspectiva Histórica da Orientação Pedagógica

2.3 – Concepções de Orientação Pedagógica

2.4 – Âmbitos de Atuação do Orientador Pedagógico

CAPÍTULO III – FORMAÇÃO CONTINUADA: CONCEITO,MODELOS E


PROBLEMÁTICAS
3.1 – Conceituação

3.2 – Modelos Teóricos

3.3 – Problemáticas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

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