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OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA POR CORPO ESTRANHO

(ENGASGO)
O presente trabalho apresenta uma análise comparativa entre os procedimentos
contidos nos manuais: Manual de primeiros socorros para leigos do SAMU (serviço de
atendimento móvel de atendimento de urgência) e o Manual de Primeiros Socorros da
Fundação Oswaldo Cruz (Brasil, 2003), apontando as semelhanças e diferenças entre os
mesmos e redigindo uma breve descrição de procedimento final a partir destas.
Embora o Manual de primeiros socorros para leigos do SAMU traga uma
definição sobre Obstrução das vias aéreas por corpo estranho: “impedimento do ar que
entra nas vias aéreas superiores (garganta e boca)” (p. 26), é na obra da Fundação
Oswaldo Cruz que encontramos um detalhamento maior sobre as vias e circunstancias
em que se pode encontrar corpos estranhos, em seu texto os autores indicam, ainda, que
é “importante o rápido reconhecimento do corpo estranho que tenha penetrado no corpo.
Em todos os casos de atendimento é preciso agir com precisão, manter a calma e
tranquilizar o acidentado” (Brasil, 2003 p. 80).
Quanto as definições e procedimentos o Manual de primeiros socorros para
leigos do SAMU (2013) categoriza as obstruções em dois grupos: Obstrução parcial,
onde há a passagem de algum fluxo de ar, cujos sinais incluem – presença de ruídos; e a
Obstrução completa, onde não há a passagem de ar.
Quando ocorre a Obstrução Completa definida nesse primeiro manual o
paciente consciente tentará falar e tossir, mas não será capaz de fazê-lo, enquanto que o
paciente inconsciente não apresentará qualquer movimento respiratório.
O Manual de primeiros socorros para leigos do SAMU (Brasil, 2013) aponta
como causas da obstrução aérea:
a) Obstrução causada pela língua: queda ou relaxamento da língua que pode
bloquear a passagem de ar pela garganta (frequente em casos de vítima inconsciente).
b) Obstrução causada por corpos estranhos: obstrução mecânica por objetos
que podem incluir pedaços de comida, gelo, brinquedos, dentaduras, vômitos, entre
outros.
O manual da Fundação Oswaldo Cruz (Brasil, 2003) destaca que, geralmente, as
pessoas engasgam-se com moedas, pequenos objetos, próteses dentárias, espinhas de
peixe, ossos de galinha e outros alimentos e até mesmo com saliva. Percebemos nesse
momento uma primeira diferença entre os dois manuais, embora voltado para o público
leigo o manual do SAMU traz uma divisão didática mais organizada onde conseguimos
facilmente distinguir e identificar as causas, sintomas e procedimentos necessários. O
manual da Fundação Oswaldo Cruz dispõe o conteúdo em forma de texto corrido
enquanto que o manual do SAMU organiza o conteúdo em tópicos, o que, inclusive,
facilita a leitura.
O manual para leigos do SAMU indica que em casos de acidente com corpos
estranhos na via aérea, deve-se:
a) Paciente consciente – estimular a tosse ou fazer a Manobra de Helmlich.
b) Paciente inconsciente – Compressões torácicas (RCP).

Segundo esse manual a Manobra de Helmlich “é um movimento feito com as


mãos de quem ajuda o corpo estranho a ser expelido do interior da via aérea da vítima”
(Brasil, 2013 p. 28). No caso de adultos, jovens e crianças para realização da manobra,
deve-se:
a) Posicionar-se atrás da vítima e abraçá-la;
b) Manter a mão esquerda aberta e a direita fechada; a mão direita encontra a
esquerda, sempre abraçando a vítima pelas costas. Aplicar a compressão como
um golpe para dentro e para cima do abdômen;
c) O objetivo é favorecer a saída de ar dos pulmões de forma rápida, expelindo o
corpo estranho e a vítima pode voltar a respirar normalmente.
No caso de bebês, deve-se:
a) Posicionar o bebê de barriga para baixo, em cima do seu antebraço;
b) Dar 5 pancadas com a parte de baixo da mão; se o corpo estranho não sair o bebê
deve ser virado de barriga para cima, deve-se por dois dedos no meio do esterno
e pressionar 5 vezes
Quanto aos procedimentos descritos no manual da Fundação Oswaldo Cruz
(Brasil, 2003) indica-se: “antes de qualquer coisa, o acidentado deve ser tranquilizado,
fazer com que respire o mais normalmente possível sem entrar em pânico. Isto É muito
importante, pois qualquer pessoa que engasga, seja com o que for, tende a ficar nervosa,
entrar em pânico e termina por perder o controle da respiração, o que pode ser
desastroso. Depois de tranquilizar o acidentado e fazer com que respire normalmente,
identificar o tipo de objeto que causou o engasgo. Passar imediatamente a aplicar as
técnicas para expelir o corpo estranho. As principais técnicas recomendadas são:
tapotagem, compressão torácica e compressão abdominal” (p. 84).
Observamos que o manual traz três técnicas, contudo, no capitulo que trata de
obstrução é detalhada apenas a técnica de tapotagem, as demais técnicas são descritas
em algum momento anterior ao capitulo, o que faz com que seja necessário que o leitor
resgate esse conteúdo nas páginas que antecedem o tema “obstrução” tornando a leitura
menos dinâmica quando comparada com o manual para leigos. Abaixo, apresentamos
uma tabela (Tabela 1) que descreve a técnica de tapotagem indicada pelo manual da
Fundação Oswaldo Cruz.

Tabela 1 – Técnica de tapotagem descrita no manual da Fundação Oswaldo Cruz (Brasil,


2003 p. 85)

No que se refere ao conteúdo ambos os manuais apresentam as definições e


procedimentos necessárias para o socorro básico em caso de obstrução da via
respiratória, cabe ao socorrista avaliar qual a melhor manobra para o momento da
situação de engasgo (tapotagem, manobra de Helmlich ou compressão). Dessa forma,
sentimos a necessidade de um cuidado maior dos manuais quanto os critérios que levam
a definir qual a melhor técnica para determinada situação.

Quanto ao procedimento final, destacamos:


1. Observar se o indivíduo se encontra consciente ou inconsciente;
2. Em caso de indivíduo inconsciente partir para manobra de compressão
torácica;
3. Em caso de indivíduo consciente avaliar se a obstrução é parcial ou
completa, e em caso de obstrução completa começar imediatamente para
o socorro a vítima;
4. Após avaliado o tipo de obstrução, estimular o indivíduo a tossir;
5. Realizar manobra de Helmlich ou a tapotagem.

BIBLIOGRAFIA

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Manual de


primeiros socorros para leigos- NEP SAMU 192. Porto Alegre: Núcleo de
educação permanente, 2013.
2. Brasil, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Núcleo de
Biossegurança. NUBio Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.
Fundação Oswaldo Cruz, 2003. 170p.

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