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EDUCAÇÃO POR
ESCRITO
Educação por escrito, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 1-12, jul.-dez. 2020
e-ISSN: 2179-8435
http://dx.doi.org/10.15448/2179-8435.2020.2.38898
SEÇÃO - ARTIGO
Introdução
A pandemia causada pela COVID-19 – doença altamente contagiosa
e com baixa taxa de mortalidade (LIMA et al., 2020) – está acarretando
mudanças no cotidiano, e seu impacto global ainda é desconhecido
(SINGAHL, 2020). O tratamento da doença tem sido unicamente de as-
sistência aos sintomas, já que não há remédios específicos para tratar
a doença ou vacina para preveni-la (SINGAHL, 2020). Entretanto, “sua
Artigo está licenciado sob forma de uma licença
Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. alta velocidade de disseminação e capacidade de provocar mortes em
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.
2
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil.
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populações vulneráveis geram incertezas quan- o acesso às tecnologias é mais fácil devido aos
to à escolha das melhores estratégias a serem recursos financeiros, minimizando os impactos da
utilizadas para o enfrentamento da epidemia” pandemia. Os autores evidenciam que apenas o
(BARRETO et al., 2020, p. 2). Singahl (2020) aponta espaço da educação no seu modelo presencial
o isolamento social como forma de prevenção pode atender a necessidades específicas, como
à doença uma vez que todas as idades estão “o atendimento especial para os deficientes, a
suscetíveis à infecção, enquanto Barreto et al. garantia da merenda tão importante a inúmeras
(2020, p. 4) enfatizam que “as medidas drásticas crianças, a proximidade, a interação direta, o
de isolamento social horizontal em vigência no toque e as práticas corporais com os colegas
país são essenciais para a limitação dos efeitos nas aulas” (2020, p. 152). Todavia, não são apenas
da epidemia nesse momento”. as escolas de educação básica que se viram
Essas medidas de isolamento têm provocado obrigadas a repensar as estratégias de acesso
mudanças significativas na maneira com que a às aulas. As universidades públicas, privadas e
sociedade se organiza, mesmo que de forma demais instituições de ensino superior também
temporária. Há um grande desafio posto neste precisaram se adequar à nova realidade, em que
momento, em especial no que diz respeito à edu- a aglomeração de pessoas em um ambiente não
cação, já que todos os níveis sofrem o impacto é possível, o que acabou por inviabilizar todos os
do isolamento social. Uma alternativa para isto tipos de aulas presenciais. Diante disso, a maior
tem sido pensar em estratégias vinculadas às tec- parte das instituições privadas adotou o regime
nologias da informação, mas o acesso à internet de aulas a distância (UNIVERSIDADES…, 2020),
no país ainda é restrito. A Pesquisa Nacional por reacendendo uma discussão acerca dos prós e
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2018 mostrou contras dessa modalidade de ensino que vem
que 74,9% dos domicílios do país possui acesso crescendo de forma significativa no Brasil. Este
à internet, e, desses, 99,2% utilizava o telefone estudo, portanto, visa contribuir com esses deba-
celular como meio de conexão. Apenas 48,1% tes, dando ênfase a três aspectos: o modo como
dos domicílios com acesso à internet, no país, os formatos remotos ganharam expressividade
utilizavam o microcomputador para esse fim nas instituições particulares de ensino superior
(PNAD, 2018, p. 39). Tal dado significa que a falta durante pandemia de COVID-19, a relação disso
de acesso ao ensino remoto, dentro do atual com a crescente mercantilização da educação e
contexto, passa a figurar como mais um aspecto alguns dos prejuízos acarretados à aprendizagem
de segregação de classe, que consolida expe- em um ambiente de ensino não presencial.
riências tão desiguais no âmbito da educação, A descrença sobre a relevância do ensino
seguindo a mesma lógica excludente de toda a oferecido nas universidades públicas e os cons-
sociedade brasileira. Desta forma, não raro, “as tantes ataques que estas vêm sofrendo, como
dificuldades econômicas associam-se outras, contingenciamento de gastos e desvalorização
relacionadas ao quadro complexo da condição da ciência (OS ATAQUES.... 2019), são parte de
estudante” (ZAGO, 2006, p. 10), criando reais um processo intencional de enxugamento do
entraves à disseminação da educação superior. Estado e de, portanto, desestatização. Tal pers-
Sousa, Borges e Colpas (2020) apontam para pectiva faz parte de uma ideologia que sustenta
a possibilidade de se pensar outras tecnologias a inviabilidade do acesso gratuito e universal ao
inclusivas para que os alunos de educação básica ensino superior e defende a mercantilização da
tenham acesso à escola. Entretanto, afirmam sa- educação, tornando-a um produto que pode
ber que há modelos de educação básica focados ser vendido e comprado (PEREIRA, 2009). Como
apenas no mercado financeiro, com ações na objeto passível de venda, a educação sofre alte-
bolsa de valores, e que para as pessoas que fre- rações, como a implementação das tecnologias
quentam essas instituições privadas de educação incorporadas ao ensino pela globalização, onde
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Desafios à implementação do ensino remoto no ensino superior brasileiro em um contexto de pandemia 3/12
as universidades aparecem como ferramentas Como resultado, alunos em todo país reclamam
para motorizar as mudanças sociais que ocorrem das condições de aprendizagem, pedem redu-
em razão do mercado (SOBRINHO, 2005). ção nas mensalidades ou abandonam os cursos
As instituições de ensino superior que oferecem (PALHARES, 2020), reafirmando o fato de que a
majoritariamente cursos a distância são voltadas educação superior não é prioridade em um cená-
para o mercado e têm como objetivo a obtenção rio de crise econômica. A insatisfação dos alunos
de lucro, atraindo alunos através, entre outras com a modalidade de educação a distância pode,
coisas, de investimentos em marketing com pro- também, ser resultado da falta de instruções que
messas referentes à carreira e à rápida entrada as universidades passaram aos professores para o
do mercado de trabalho (CARVALHO, 2013). Com uso de ferramentas on-line (BARBOSA et al., 2020).
o isolamento social decorrente da pandemia, o
governo precisou buscar soluções para possibilitar As modalidades de educação on-line e
que as instituições de ensino –especialmente as o acesso dos estudantes universitários
privadas – sigam ofertando as aulas, “tendo em
Quando Barbosa, Viegas e Batista (2020) dis-
vista a quebra de contrato na relação de consu-
correm sobre qual a modalidade de ensino que
mo, caso deixem de ofertar, aos alunos, o ensino”
se está operacionalizando atualmente, apontam
(BARBOSA et al., 2020, p. 257). Com isso, as insti-
que o que está vigente é o ensino híbrido. Na
tuições de ensino presencial foram autorizadas a
concepção dos autores, há uma lógica diferente
operar na modalidade presencial remota, dando
do ensino a distância e o ensino híbrido uma vez
continuidade aos planos de ensino. A maioria das
que o ensino híbrido, onde está contextualizado
universidades públicas, por sua vez, optou por
o ensino remoto, tem o “entendimento como um
suspender temporariamente as aulas da gradu-
propósito de mudança significativa para caminhos
ação (MAIORIA…, 2020). Desta forma, a retomada
pedagógicos, bem como de uma organização di-
das atividades de grande parte das universidades
dática para ensino aprendizado, reunindo o melhor
públicas só aconteceu na segunda metade de
dos dois mundos, ou seja, o presencial e à distân-
2020, depois de esgotadas discussões coletivas
cia” (2020, p. 263). Nesse contexto, é entendido o
acerca do Ensino Remoto Emergencial (ERE).
Ensino a Distância (EaD) enquanto “modalidade
Com as aulas on-line e a consequente depen-
educacional na qual alunos e professores estão
dência da rede de internet, os debates em sala
separados, física ou temporalmente” (2020, p.
de aula são comprometidos, o que torna a aula,
263), e que, por esse motivo, precisam dos meios
por vezes, apenas uma explanação do professor,
tecnológicos para poderem se comunicar. Já o
centrada na figura do professor. A ausência do
ensino remoto utiliza as ferramentas de platafor-
debate na universidade é preocupante no sen-
mas on-line para que ocorra o encontro síncrono,
tido de poder vir a transformar o conhecimento
em tempo simultâneo, entre alunos e professores,
em algo deslocado da sociedade e considerado
mas há também a gravação e disponibilização
dispensável pelo aluno. Sobre isso, Sobrinho
da aula para aqueles que não puderam acessar
(2005, p. 165) aponta que
a plataforma, impulsionando o potencial da fer-
Para que o ensino a distância, na modalidade na EaD” (2020, p. 9). Para os autores, é necessário
EaD ou ERE, seja bem sucedido, “é necessário que o professor saiba seu papel como educador
que as instituições de ensino e seus alunos te- enquanto agente de produção do conhecimento,
nham preparo, condições pedagógicas, humanas mas apontam que o estudante em ambiente vir-
e tecnológicas” (CAMACHO et al., 2020, p. 10). tual deve ser “compreendido e estimulado a ser
Camacho et al. (2020) enfatizam a importância de também responsável por sua formação intelectual”
condições adequadas de ensino e do preparo do- (CASTAMAN; RODRIGUES, 2020, p. 9).
cente para tal, se atentando às necessidades de Embora o ensino remoto favoreça um ambiente
alunos em condições de vulnerabilidade social, mais próximo do modelo de sala de aula, uma
uma vez que “colocar disponível disciplinas em pesquisa realizada por Barbosa et al. (2020) com
EaD de forma irrestrita sem essas considerações professores de nível superior público e privado
coloca em risco a proposta de ensino de forma apontou que 8,1% deles afirmaram não ter re-
responsável em um cenário atual da pandemia” cursos necessários para ministrar aulas remotas.
(CAMACHO et al., 2020, p. 10). Quando questionados sobre os acessos às aulas,
Martins, Quintana e Quintana, ao falarem do uso 21% disseram que os alunos não possuem compu-
de ferramentas de webconferências para o ensino tador ou outro equipamento para acompanhar as
remoto, postulam que “as estratégias didáticas aulas on-line, 33,9% responderam que a conexão
dos cursos e a atuação dos professores são os de internet que o aluno tem disponível não atende
principais atores na evolução desse tipo de ensino às demandas de acesso, 11,3% respondem que
virtual” (2020, p. 183). Para eles, “as metodologias seus alunos não possuem recursos para áudio,
a serem estabelecidas para o desenvolvimento e apenas 19,4% não reclamam de dificuldades
dessa nova abordagem devem ter o consentimen- para a participação nas aulas. Dos participantes
to de ambos, no sentido de validar essa forma de da pesquisa, 67,7% afirmam que não ocorreram
aquisição de conhecimento” (2020, p. 183). Os auto- ações inclusivas direcionadas aos alunos com
res apontam que a modalidade de ensino remoto dificuldades de acesso (BARBOSA et al., 2020).
onde há videoconferências valoriza o conteúdo, A pandemia reacendeu o debate sobre o uso
abrindo possibilidades para o diálogo e fazendo das tecnologias de informação como possibili-
com que os estudantes sejam ativos no processo dade de estratégia educacional em um período
de aprendizagem. Em suma, a diferença entre o de isolamento social físico. Assim com algumas
EaD e o ensino remoto é que o segundo abre a universidades, as escolas de ensino básico tam-
possibilidade de debates e diálogos, favorecendo bém debatem a adoção dessas ferramentas. Para
a academia enquanto espaço para construção Sousa, Borges e Colpas as pessoas contrárias ao
de um pensamento crítico. Entretanto, o ensino uso dessa tecnologia afirmam que “além da falta
remoto possui as desvantagens relativas à falta de preparo de professores e a eventual explo-
de estrutura e de preparo dos docentes para ração de seu trabalho pelo aumento de carga
tal modelo de ensino, dado que “a EaD envolve horária, que uma parcela dos alunos, devido à
planejamento anterior, consideração sobre perfil pobreza, não possui acesso às tecnologias, princi-
de aluno e docente, desenvolvimento a médio e palmente àquelas que exigem acesso à internet”
longo prazo de estratégias de ensino e aprendi- (2020, p. 152). Isso implica que os alunos que não
zagem” (ARRUDA, 2020, p. 265). É destacado por tivessem acesso à internet “estariam excluídos
Castaman e Rodrigues a importância da alfabe- da possibilidade de acompanhar as atividades a
tização digital dos professores, para que haja o distância e, inclusive, de serem avaliados sobre
domínio de técnicas, tecnologias, metodologias as atividades” (2020, p. 152). Os autores apontam
e “estratégias de ensino que promovam uma que também há uma preocupação com a ma-
autonomia, um empoderamento e uma autode- neira com que as aulas serão conduzidas, já que
terminação do estudante em relação aos estudos o EaD é uma maneira conteudista de educação.
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Desafios à implementação do ensino remoto no ensino superior brasileiro em um contexto de pandemia 5/12
Embora os autores do trabalho referido estejam comparado com os dados da década anterior,
debatendo as dimensões da educação básica, onde em 2006 apenas 4,2% dos alunos realizavam
essas mesmas reflexões podem ser feitas no cursos a distância, e 7% em 2007 (PEREIRA, 2009).
âmbito da educação superior. Esses dados são reflexos das mudanças sociais
Ainda que a população de baixa renda seja ocorridas desde o século XX, especialmente na
mais suscetível ao vírus devido, entre outros fato- segunda metade, no qual “o amplo desenvol-
res, à maior exposição em locais públicos como o vimento do aparelho escolar [...] respondeu às
transporte, aos problemas de saneamento básico, exigências produtivas de um maior nível educa-
à falta de acesso à saúde e à maior incidência cional” (PEREIRA, 2009, p. 269), voltado à produ-
de doenças crônicas, sendo afetada de forma ção e consumo em massa após a instituição do
mais fatal pela COVID-19 (PIRES et al., 2020), padrão industrial fordista. Esse desenvolvimento
não há como precisar os prejuízos acarretados foi também uma resposta “às lutas da classe
à educação das pessoas que se encontram em trabalhadora pela socialização do conhecimento
situações de vulnerabilidade. É necessário que gerado pela humanidade” (PEREIRA, 2009, p. 269).
seja feita uma avaliação crítica a respeito da rea- A popularização da educação superior, entretan-
lidade de professores e alunos para a viabilidade to, tomou um rumo diferente com a expansão das
desse modo de educação adotado (CASTAMAN; políticas neoliberais no mundo a partir de 1980:
RODRIGUES, 2020). Quando as instituições pú-
No contexto de aprofundamento do projeto
blicas e privadas desconsideram ou minimizam neoliberal, políticas sociais como saúde, pre-
as dificuldades de acesso dessa população, o vidência e educação - antes implementadas
através da ação estatal e com cunho universal
princípio da equidade é desconsiderado, e - foram relegadas a último plano, com ações fo-
calistas dos Estados e, ao mesmo tempo, ampla
[...] mais uma vez os vulneráveis têm o seu direito abertura para a exploração mercadológica de
cerceado. Afirmações de que o acesso às aulas tais necessidades sociais. Saúde, previdência
será garantido porque essas ficarão arquivadas e e educação passaram a ser concebidas como
poderão ser acompanhadas em outro momento “serviços”, cujos objetivos pautam-se na lógica
são repetidas pelas universidades que oferece- mercantil e têm como finalidade última a obten-
ram o referido formato. No entanto, o que se pode ção do lucro (PEREIRA, 2009, p. 269).
observar é um ensino a distância sem qualidade,
sem tutor, sem possibilidade de retroceder e es-
clarecer dificuldades, ao tempo que o semestre O ensino superior tornou-se um negócio lu-
finaliza e com ele perde-se a possibilidade de crativo a ser explorado por corporações e grupos
aprendizado (TORRES et al., 2020).
empresariais, tendo como meio de expansão
algumas bases ideológicas que ignoram a divisão
de classes existente e fomentam a ideia de um
Os efeitos da mercantilização do ensino
mundo globalizado através da educação e am-
superior
plamente dependente da tecnologia, vista como
Os censos educacionais realizados anualmente
solução dos problemas da sociedade (PEREIRA,
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
2009). De acordo com Lima e Martins (2005, apud
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), pertencente
PEREIRA, 2009), a desconsideração das classes
ao Ministério da Educação, têm mostrado um
sociais abre espaço para novas ideologias base-
crescimento significativo entre alunos do ensino
adas na manutenção do capitalismo, na defesa
superior que estudam através da modalidade de
de ideias liberais e nas atitudes individuais para
educação a distância. Em 2017 mais de 33% dos
a resolução de problemas sociais. Neste modelo
alunos ingressaram na graduação através dessa
ideológico liberal, a educação tem o objetivo de
modalidade (BRASIL, 2019a), número que cres-
formar profissionais essencialmente técnicos e
ceu 27,9% no ano seguinte, chegando a 40% dos
reduzidos a atividades de treinamento, sem “a
estudantes de ensino superior (BRASIL, 2019b).
possibilidade da crítica ao status quo” (PEREIRA,
O aumento de estudantes e cursos oferecidos
2009, p. 270). Assim, a autora fala que “a EaD
nessa forma de ensino é ainda mais visível quando
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configura-se, portanto, como uma via extrema- obterem uma formação por um valor reduzido.
mente lucrativa para a expansão capitalista e a As instituições de ensino superior privadas
formação de intelectuais necessários à ordem são incentivadas também por programas go-
burguesa” (PEREIRA, 2009, p. 270). vernamentais, cujas peculiaridades “reforçam,
No Brasil, a educação superior mercantilizada com um verniz democratizante, o processo de
é uma realidade comprovada pelos dados do mercantilização da educação superior” (PEREIRA,
censo da educação superior. Em 2018 existiam 2009, p. 272). Alguns dos programas e alterna-
199 universidades no país, correspondentes a tivas utilizados são o Programa Universidade
apenas 7,8% do total de Instituições de Ensino para Todos (ProUni), o Fundo de Financiamen-
Superior (IES). Nesse ano, 93,8% do total de vagas to ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e as
oferecido ocorreu nas instituições privadas (BRA- parcerias público-privadas nas universidades
SIL, 2019b). O maior número de IES correspondia públicas, de modo que o governo “mantém o
a faculdades (81,5%), que não são obrigadas a setor privado como central na oferta de vagas
realizar pesquisas (PEREIRA, 2009), e esse número no nível superior de ensino, majoritariamente
de faculdades chega a 86,2% ao considerar-se em IES não universitárias, passando ao largo da
apenas as organizações privadas (BRASIL, 2019b). dimensão da pesquisa” (PEREIRA, 2009, p. 272).
A partir de 2007 as empresas educacionais Através desses programas, diversas instituições
abriram capital na bolsa de valores, manifestando com fins lucrativos tiveram a desoneração fiscal
o caráter mercantilista da educação oferecida restabelecida, podendo simultaneamente receber
por elas, e deste ano em diante diversas fusões, recursos públicos indiretos e lograr os benefícios
aquisições e transações foram realizadas no de estarem no mercado financeiro (CARVALHO,
setor, o levando à terceira posição no ranking 2013). Diante disso, a educação a distância – mes-
econômico nacional em 2008 (CARVALHO, 2013). mo com possíveis prejuízos à aprendizagem – se
Conforme Carvalho (2013, p. 765), mostra uma modalidade de ensino mais barata
para o consumidor e menos custosa à empresa,
[...] nas instituições mercantis, a escolha pro-
gramática é limitada e a maioria dos cursos é cujo objetivo é a obtenção de lucro.
orientada para os negócios, sendo que essas
evitam perspectivas teóricas que não sejam
imediatamente aplicáveis e relevantes ao tra- Perspectivas do ensino presencial e a
balho, da mesma forma que não há necessi- distância na aprendizagem
dade de pesquisa por parte dos professores,
nem existe qualquer expectativa de serviço à Com o início da pandemia de COVID-19 as
comunidade.
instituições de ensino superior se viram obriga-
das a suspender as aulas presenciais em todo
Uma das estratégias utilizadas pelas empresas
o país, de modo a possibilitar o distanciamento
educacionais é o investimento em marketing,
social essencial à contenção da doença. Diante
criando peças publicitárias que abordam prin-
desse cenário, houve a necessidade da autori-
cipalmente assuntos como a entrada rápida ao
zação do ensino a distância para as instituições
mercado de trabalho e que divulgam descontos
com aulas presenciais, dada pelo Ministério da
e promoções nas mensalidades, “em clara com-
Educação (MEC) através da portaria nº 343 de 17
petição predatória com o intuito de baratear para
de março de 2020, permitindo a substituição das
obter ganho em escala, sendo que o consumidor
aulas presenciais por aulas que favoreçam os
fica seduzido pelo preço a despeito da qualida-
meios e as tecnologias de informação e comu-
de do serviço oferecido” (CARVALHO, 2013, p.
nicação (BARBOSA et al., 2020). A portaria valia,
768). Com isso, pessoas que não têm condições
inicialmente, por trinta dias, sendo prorrogada
financeiras de se estabelecerem em universida-
até dezembro (MEC…, 2020) face às orientações
des com pesquisa e qualidade comprovada de
dos órgãos competentes, como Ministério da
ensino sentem-se atraídas pela possibilidade de
Saúde e demais secretarias de Saúde estaduais
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Desafios à implementação do ensino remoto no ensino superior brasileiro em um contexto de pandemia 7/12
os projetos pedagógicos de cursos e seus com- necessário for reconstruir suas ideias e apren-
dizado, pois só assim terão embasamento para
ponentes curriculares, para que façam sentido no formular seus ideais e realizar ações (BARBADO;
processo ativo de aprendizagem do aluno e para FERNANDES, 2020, p. 4).
que o conhecimento não seja meramente técnico.
Para tal, é necessário que os educadores e
A pandemia trouxe à tona aquilo que de fato, na educadoras não olhem “para o educando como
práxis, tem que constantemente reavaliar: de
cada conteúdo trabalhado, o que os estudantes um simples receptáculo de conteúdo e sim como
devem se apropriar e que será indispensável uma pessoa, um ser com conhecimentos e sa-
para a vida deles? Como abordar os conteúdos
de modo a empoderá-los, potencializando a beres, com percepções e entendimentos sobre
curiosidade e o desejo pelo conhecimento? Que coisas, pessoas, lugares” (BARBADO; FERNAN-
habilidades e competências são necessárias
para que sejam bons cidadãos? (CASTAMAN; DES, 2020, p. 3).
RODRIGUES, 2020, p. 12). Nas universidades públicas, cujas aulas da gra-
duação foram suspensas pelo menos no primeiro
Para Freire (2000, p. 33), “transformar a experi-
semestre de 2020 em decorrência da pandemia
ência educativa em puro conhecimento técnico
de COVID-19, algumas atividades continuaram
é amesquinhar o que há de fundamentalmente
acontecendo, como as aulas da pós-graduação,
humano no exercício educativo: o seu caráter
as pesquisas e projetos de extensão. Desse modo,
formador”. Esse caráter formador é possibilitado
mesmo com a paralisação da graduação, as uni-
através das discussões que podem obrigar o
versidades públicas seguem ativas e presentes
professor a incluir novos conhecimentos, conside-
em diversas comunidades, mostrando, inclusive,
rados essenciais à formação e até então ausentes
a importância central da ciência no combate à
na composição da disciplina. Nessa perspectiva,
pandemia. O papel desempenhado por elas tem
o debate, a discussão e os demais formatos de
se mostrado essencial, podendo-se citar como
troca em sala de aula, seja dos alunos entre si,
exemplos a produção e doação de equipamen-
seja por intermédio do professor, devem ser in-
tos de proteção individual (ALUNOS…, 2020), a
centivados e provocados enquanto um método
realização de testes da doença (UFRGS…, 2020)
de ensino central. Esse método
e até mesmo a produção de vacinas (NANOVA-
constatado que 41,9% dos professores de redes Sobre a mercadorização do ensino, há diversas
públicas e privadas não sabiam utilizar os recur- universidades, mesmo que privadas e pouco
sos eletrônicos para a aula on-line. A pesquisa acessíveis no sentido financeiro, que ainda ofe-
ainda apontou que 79% dos professores não re- recem um ensino de caráter crítico, alinhado às
ceberam nenhum tipo de auxílio financeiro para necessidades da comunidade e da sociedade
ministrarem as aulas, dependendo apenas de como um todo e produzem ciência através das
recursos próprios. 59,7% dos professores respon- pesquisas. Por outro lado, há corporações de en-
deram que os alunos estão frequentando menos sino superior, especialmente as que são ligadas
os espaços de ensino-aprendizagem on-line do ao capital aberto, que promovem a massificação
que o presencial. Quanto aos recursos de acesso, de um conteúdo questionável, na maior parte das
“49,9% [dos alunos] disseram ser o celular o mais vezes transmitido à distância e que, ainda que
utilizado, e dentre as dificuldades apresenta- comercializado a preços módicos, costuma não
das para assistirem as aulas, 33,9% atrelaram ao ser referenciado teoricamente e sistematiza mera-
acesso a rede de internet” (BARBOSA;VIEGAS; mente um rol de práticas homogêneas. Tal prática
BATISTA, 2020, p. 273). pode vir a ser acentuada com a propagação das
Cabe salientar que muitas das universidades modalidades remotas em tempos de pandemia.
privadas de caráter comunitário, que são embasa- Nas instituições que não visam o lucro, os
das por programas de pesquisa, embora tenham valores elevados das mensalidades custeiam
mantido as aulas no modelo presencial remoto, os salários de professores qualificados e toda
apresentam-se atentas às questões sociais emer- a estrutura física oferecida, fato que não ocorre
gentes do momento. Universidades da Região em instituições cuja necessidade de lucro per-
Metropolitana de Porto Alegre, como a Pontifícia passa a qualidade do ensino, de modo a tratar
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU- os professores e os demais funcionários como
CRS) (BIOLOGIA…, 2020), a Universidade do Vale meros custos de produção. Com o aumento
do Rio dos Sinos (UNISINOS) (UNISINOS…, 2020) de empresas de educação voltadas ao ensino
e a Universidade Feevale (FEEVALE) (FEEVALE…, superior, há casos em que quem passa a ser
2020) estão diretamente envolvidas na busca de valorizado é o professor com menor grau de
recursos para auxiliar as universidades públicas formação, unicamente por ter um salário inferior.
nas pesquisas de contenção da disseminação No cenário posto pela pandemia, os alunos
do vírus e na busca da cura. A mercantilização é que passaram a ter aulas a distância vivenciam
um movimento que se apresenta com uma maior a ausência dos debates e das trocas de conhe-
expressividade a cada ano, porém, as universida- cimento proporcionados nas salas de aula, e
des particulares tradicionais ligadas à filantropia experienciam o esvaziamento de sentido daquele
preservam-se conectadas à comunidade em espaço de aprendizagem, que se torna um mero
momentos como este. local para a absorção de conteúdos. A manuten-
ção do espaço virtual enquanto possibilidade de
Considerações finais debate cabe à prática de cada professor, mas
torna-se mais difícil de ser mantida devido às
A pandemia de COVID-19 fez com que estu-
intercorrências tecnológicas, como problemas de
dantes da graduação na modalidade presencial
rede e de aparelhos eletrônicos. As instituições
pudessem experimentar as dificuldades e os be-
privadas, no entanto, não parecem ver alternativa
nefícios da educação remota, enquanto os alunos
para continuar mantendo as contas em dia, uma
das universidades públicas tiveram que adiar os
vez que estão imbuídas na lógica do mercado,
planos de formatura. Essa situação atípica em um
onde o que as sustentam são os valores em di-
contexto global fez com que o ensino superior,
nheiro pagos pelos alunos ou pelo governo nos
assim como demais instâncias da sociedade,
programas de acesso ao ensino superior.
tivesse que ser revisto amplamente.
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Nas universidades e instituições públicas, por BARBOSA, Andre Machado; VIEGAS, Marco Antônio
Serra; BATISTA, Regina Lucia Napolitano Felício Felix.
outro lado, a suspensão das aulas parece ser a Aulas presenciais em tempos de pandemia: relatos de
forma mais adequada de passar por esse período experiências de professores do nível superior sobre as
aulas remotas. Revista Augustus, v. 25, n. 51, p. 255-280,
em que a manutenção da saúde das pessoas é 2020. https://doi.org/10.15202/1981896.2020v25n51p255
uma prioridade. Há movimentos mais recentes de
BARRETO, Mauricio Lima et al. O que é urgente e ne-
consolidação de programas de ensino remoto nas cessário para subsidiar as políticas de enfrentamento
universidades federais, mas que são acompanha- da pandemia de COVID-19 no Brasil? Revista Brasileira
de Epidemiologia, 2020. https://doi.org/10.1590/1980-
dos por treinamentos aos discentes e docentes, 549720200032
programas de apoio técnico para aquisição de
BIOLOGIA molecular: desvendando a Covid-19 através
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12/12 Educação por escrito, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 1-12, jul.-dez. 2020 | e-38898
Marina Guerin
Graduanda em Psicologia pela Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (UNISINOS), em São Leopoldo, RS, Brasil.
Bolsista de iniciação científica CNPq no Laboratório de
psicologia Clínica do Trabalho (LABORClínica-UNISI-
NOS), em São Leopoldo, RS, Brasil.
Marina Guerin
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Av. Unisinos, 950, sala E01 222
Cristo Rei, 93022-750
São Leopoldo - RS, Brasil.