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CENTRO UNIVERSITARIO UNIARAGUAIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL


DISCIPLINA DE GESTÃO DE PROJETOS

JULIE LOPES DE SOUZA

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

GOIÂNIA – GO
2021
JULIE LOPES DE SOUZA

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho apresentado Centro Universitário


UniAraguaia, como parte das exigências do
curso de Engenharia Civil para obtenção de
nota referente à N1 da displina de Gestão de
Projetos.

Profª. Ma. Ádila Batista de Souza

Goiânia - 2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 4

2.1. MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DE PERDA DE PRODUTIVIDADE .................. 5

2.2. ORIENTAÇÃO PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROCESSO


PRODUTIVO ............................................................................................................... 6

3. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 9

4. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 10
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1. INTRODUÇÃO

A construção civil é conceituada como o segmento que abrange toda e


qualquer atividade relacionada à produção de obras. Visto que se trata de um dos
principais setores industriais e com impacto direto na economia e fatores sociais do
país, automaticamente com potencial para um mercado altamente competitivo.
Para se manter em destaque, os empresários desse ramo procuram maneiras
de conquistar o mercado executando obras com o menor custo e espaço de tempo
possível, sem deixar de atender aos padrões de qualidade e necessidades dos
clientes. Mas alcançar as metas estabelecidas tem sido um grande desafio para os
profissionais da área, que apontam a existência de muitas dificuldades.
A pauta em questão é a queda da produtividade, fator visível no desempenho
de obras em geral, mas com destaque considerável no Brasil. Resultados de estudos
da Fundação Getúlio Vargas, encomendados pelo Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo (2015), revelam que a construção brasileira
é, em média, 30% menos produtiva que outros segmentos da economia do país. Esse
quadro é considerado por muitos, situação proveniente de mão de obra desqualificada
e ausência de treinamento para os profissionais envolvidos.
A falta de qualificação dos empregados realmente tem uma relação direta
entre a menor produtividade e consequentemente valorização da remuneração do
trabalho, é nítido que o crescimento mais expressivo da remuneração da mão de obra
requer avanço da produtividade e qualificação. A presença desses aspectos é
analisada pelo cliente para que ele possa decidir se vale a pena ou não o investimento
de seu capital com a empresa que oferece os serviços (COELHO,2013).
Por outro lado, o sucesso de um projeto não depende unicamente da mão de
obra, a ausência de planejamento e gestão adequada tem peso direto nos resultados
da execução bem-sucedida na indústria da construção. Durante o planejamento são
tomadas decisões essenciais para evitar erros e prejuízos.
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2. DESENVOLVIMENTO

A produtividade na construção civil tem se apresentado como um enigma que


desperta o interesse de diversos pesquisadores. Essa curiosidade persiste devido à
ausência de eficiência nos processos construtivos, considerando que esse fator tem
impactos desastrosos no orçamento da execução de projetos.
Para Araújo (2000), “conhecer a produtividade da mão de obra e seu
comportamento funciona como uma importante ferramenta de gerenciamento,
auxiliando na tomada de decisões”. E, dentre os benefícios possíveis de serem
alcançados com o estudo da produtividade, o autor Carraro (1998), menciona os
seguintes: “previsão do consumo da mão de obra, previsão da duração dos serviços,
avaliação e comparação dos resultados, e desenvolvimento ou aperfeiçoamento de
métodos construtivos”.
Segundo o Procon (2013), aproximadamente 31% das queixas recebidas nos
primeiros meses do ano 2013, estão relacionadas com o descumprimento de contrato
de construtoras com relação ao prazo de entrega dos serviços. Ou seja, se tratando
de planejamento quanto à estimativa tempo, os profissionais da área tem cometido
muitos equívocos, o que consequentemente põe em dúvida seu conhecimento dentro
do nicho de atuação.
Nesse sentido é importante salientar a necessidade do domínio de cada etapa
do processo construtivo, pois cada uma irá implicar significativamente na agilidade ou
demora do processo. Para reverter esse problema, é imprescindível a mobilização e
investimento de tempo das construtoras, com estudos de margem assertiva para o
aumento de credibilidade de empresas e valorização dos profissionais envolvidos
(AMARAL; JÚNIOR, 2008).
Procurando suprir deficiências específicas, o setor empresarial compreende a
necessidade de qualificação de mão de obra, acreditam ser a medida fundamental
para reviravolta no cenário, porém encontram empecilhos, como por exemplo, a falta
de interesse de aprendizado dos funcionários que não veem benefícios em elevar a
produtividade para receber o mesmo salário.
Analisando o impacto negativo da baixa produtividade e o caos gerado ao
tentar identificar o causador de tamanha deficiência, percebe-se que é válido o estudo
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na busca por conhecimentos precisos que possam adotar soluções adequadas para
otimização do desempenho de mão de obra e aumento de produtividade.

2.1. MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DE PERDA DE PRODUTIVIDADE

Apenas um estreito segmento de empresas da construção civil utilizam


corretamente durante o processo produtivo, o uso sistemas de medição que
possibilitam a melhoria quanto a preços e prazos. Sink e Tutile (1993), baseados em
suas experiências com desenvolvimento de sistemas de medição, relatam que o maior
obstáculo a implantação das medições de serviços está no comportamento dos
gerentes. Segundo eles a maior parte dos gerentes, senão todos, prefere agir baseado
na intuição, impulso, experiência a trabalhar para melhorar seus sistemas de informa
ção.
De acordo com Schwartzkopf (2008), o método mais eficaz para apuração de
perda de rendimento é renomado em toda a indústria como Measured Mile
(Produtividade natural). Esse tipo de cálculo contrasta atividades semelhantes em
pontos do projeto que passaram e que não passaram por impactos para averiguar a
perda de produtividade decorrente do impacto de um conjunto conhecido de eventos.
O cálculo Measured Mile é elegido porque discorre apenas o efeito real do impacto
alegado, ela não confia somente na estimativa de produtividade de proposta da
contratada, uma vez que é realizado o uso de dados reais para o período utilizado
como linha de base e para o período impactado.
Lantelme (2001), relaciona o conceito de perdas à noção de agregar valor e,
assim sendo, não seria limitado ao consumo excessivo de materiais.
Consequentemente, as perdas são associadas ao consumo de recursos de qualquer
natureza, entre eles: materiais, mão de obra, equipamentos e capital. Estando esses
itens acima da quantidade mínima necessária para atender os requisitos dos clientes
internos e externos.
Para os autores Souza e Araújo (2001), faz-se necessário o uso do indicador
de perda de produtividade de mão-de-obra (PPMO) para avaliar um serviço de
construção. Esse método pode ser calculado da seguinte forma: o índice PPMO
quantifica a perda de produção utilizando à razão unitária de produção (RUP), fator
dado à partir de coleta de informações de homens-hora trabalhadas e de dados de
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saída a quantidade de serviço executada ou informações relativas ao serviço


potencial.
A RUP pode ser medida com relação a diferentes intervalos de tempo, sendo:
diária, cíclica, cumulativa e potência. A diferença entre as RUP cumulativa e RUP
potencial são os indicativos da perda de produtividade de mão de obra. O resultado
encontrado tem grande valia, pois é indicativo da possibilidade da adoção de novos
planos de ação para melhorar problemas de gestão, que podem ser resolvidos de
maneira simples como o uso de equipamentos para facilitar o transporte do material,
execução de planejamento de curto prazo baseado em medições de produtividade
coerente a realidade, entre outros processos.

2.2. ORIENTAÇÃO PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROCESSO


PRODUTIVO

Ponderar desempenho significa conferir algo que já aconteceu. Dentro de uma


organização, a medição de desempenho é a parte que constitui diversas atividades e
fornece informações sobre seu estado para muitas finalidades. Sua operacionalização
ocorre através de buscas para quantificar o desempenho do objeto de estudo
(OLIVEIRA, 2006).
A norma ISO 9001:2008 preconiza medidas para obtenção da análise dos
resultados desejados, ela estabelece requisitos para o sistema de gestão da qualidade
da organização. Incluindo processos de controle de documentos e registros, ações
corretivas e preventivas, realização de auditorias internas e controle de produções que
apresentam não conformidades.
A abordagem de medições de desempenho de acordo com a ISSO 9001:2008
também é baseada na transformação de entradas em saídas, com base nisso é
adotado o que é chamado de “abordagem de processo”, onde um sistema trabalha de
maneira conjunta à identificação e interação dos mesmos. A vantagem vista é o fato
de oferecer controle contínuo entre processos individuais dentro do sistema
especificando sua combinação e interação. Abaixo, na figura 1, é demonstrado o
passo a passo à ser seguido desde o início ao resultado final.
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Figura 1 – Representação esquemática dos elementos de um processo individual

Fonte: Google Imagens, 2021.

Os sistemas produtivos ao conceberem produtos ou serviços originam dados


que são convertidos de informação em informações úteis. As mesmas são analisadas
pelo sistema de tomada de decisão para alocar recursos e tomar ações. E assim
consequentemente a organização toma as decisões de forma a usar os recursos
previamente alocados, produzindo bens e serviços. Sendo assim, medir o
desempenho e gerar dados importantes contribuem para o pleno funcionamento da
empresa.

THOMAS e GEMMEL (2016) afirmam que sobre o Measure Miles não há


maneiras exatas para definir como administra-lo, porém os autores sugerem etapas
para direcionar e auxiliar durante a execução buscando bom desempenho, são essas
etapas:

− Produção de convergência de dados;

− Definição sobre o escopo de análise;

− Divisões realizadas em períodos;

− Corporificar curvas de desempenho;


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− Estabelecer claramente períodos impactados e não impactados;

− Legitimar porcentagem de produção;

− Somar desperdício de tempo durante horário de trabalho;

− Verificar causas de acordo com o que foi levantado;

- Validar análise final dos itens.

O conhecimento resultante da aplicação de medição de desempenho pode


ser importante para diversos fins gerenciais, como: planejamento, coordenação,
motivação, avaliação e educação, e todos esses fatores interferem diretamente na
produtividade (SIMONS, 2000).
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3. CONCLUSÃO

O Brasil ainda tem um déficit habitacional enorme e a indústria da construção


precisa encontrar mecanismos para continuar crescendo, ao passo que a
competitividade vem aumentando e a mão de obra qualificada vai ficando escassa. A
busca de uma maior produtividade e qualidade dos processos produtivos atuais se
mostra uma ferramenta importante para alcançar este crescimento, com uma margem
de melhorias bem abrangente, uma vez que grande parte destes processos ainda são
considerados altamente artesanais e improdutivos, cheios de improvisos e
apresentam altos índices de desperdício.

A melhor alternativa para obter ganhos de produtividade e qualidade nas


obras, se encontra na criação de métodos de gerenciamento embasados em
indicadores assertivos para o setor. A criação de sistemas de indicadores de
desempenho ainda está em um estado considerado inicial e não é implantado em
grande parte do processo organizacional das empresas construtoras.

As informações obtidas através deste estudo apontam que a indústria da


construção civil no Brasil, em termos de execução e gerenciamento de obras, é
considerada atrasada. Existe uma margem muito grande para implantação de
soluções que possibilitem ganhos significativos de produtividade e qualidade nas
obras e a consequente continuidade do crescimento da indústria, mas para que isso
ocorra é necessário empenho do setor da construção civil.
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4. BIBLIOGRAFIA

AACE. Prática Recomendada Internacional 25R-03 - Estimando a Produtividade


da Mão de Obra Perdida em Sinistros de Construção. West Virginia, EUA, 2004.

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - Relatório


Prospectivo Setorial: 2009. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos,
2009. Disponível em:
<http://www.abdi.com.br/Estudo/Panorama%20Setorial%20de%20Constru%C3%A7
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AMARAL, T.G., JÚNIOR, I.F., 2008, "Inovação Tecnológica e Modernização na


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ARAÚJO, Luís. O. C.; SOUZA, Ubiraci. E. L. Fatores que influenciam a


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Disponível em: < http://www.pcc.usp.br/files/text/publications/BT_00269.pdf >. Acesso
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CARRARO, Fausto. Produtividade da mão-de-obra no serviço de alvenaria.


Dissertação (mestrado). São Paulo, Universidade de São Paulo, 1998.

COELHO, H. O. (2003). Diretrizes e requisitos para o planejamento e controle da


produção em nível de médio prazo na construção civil (Dissertação de mestrado).
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre
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FUNDAÇÃO PROCON – SP. Incorporação - Construtoras e incorporadoras.


Disponível em: < http://www.procon.sp.gov.br/pdf/acs_construtoras_2008_2011.pdf>.
Acesso em 27 de março, 2021.

GEMMEL, R. J; THOMMAS, R. A milha medida: como conduzir a análise. Thomson


Reuters. Austrália 2016.

LANTELME, Elvira M. V. et al. Gestão da Qualidade na Construção Civil:


Estratégias e Melhorias de Processos em Empresas de Pequeno Porte.
Indicadores de Qualidade e Produtividade para a Construção Civil. Volume 2. 2001.
104 p. Núcleo Orientado para Inovação da Edificação, Universidade Federal do Rio
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Normas de gestão da qualidade e garantia - diretrizes para seleção e uso: NB 9000
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SIMONS, R. Sistemas de medição e controle de desempenho para estratégia de


implementação: texto e casos. Upper Saddle River, 2000.

SOUZA, Ubiraci E. L.; ARAÚJO, Luís O. C. Subsídios para a melhoria da


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âmbito da organização do trabalho, 2006, 18 p. Boletim Técnico – Departamento
de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2006.

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