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Julia Naomi Ito Prof.

Dicler Forestieri Direito Civil

Programa

LIVROS

Parte Geral Das Pessoas


Código Civil
(art. 1º - 232) Dos Bens
(Lei nº. 10.406/02) Dos Fatos Jurídicos

Das Obrigações
Parte Especial
Dos Contratos
 Em Geral
 Em Espécie
Da Responsabilidade Civil
Dos Direitos Reais
 Das Sucessões
Edital passado Do Direito de Família
Regime de Bens
 Inventário
 Partilha

Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto Lei nº. 4.657/42)

Leis Especiais

Lei dos Registros Públicos

Lei Uniforme (Direito Comercial) – títulos de crédito, aval...

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Julia Naomi Ito Prof. Dicler Forestieri

Lei de Introdução ao Código Civil


Decreto Lei nº. 4.657/42
Assuntos
1) Vigência da Lei no Tempo e no Espaço
2) Conflito de Leis no Tempo Artigos 1º ao 6º
3) Conflito de Leis no Espaço (Princípio da Territorialidade)
4) Critérios Hermenêuticos (de Interpretação)
5) Critérios de Integração do Ordenamento Jurídico
Art. 7º ao 19
6) Normas de Direito Internacional Privado

Vigência da Lei no Tempo

Lei de Introdução ao Código Civil


Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo
o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

Edição Sanção Promulgação Publicação Vigência


Processo Legislativo Nascimento Conhecimento Obrigatoriedade
da Lei pela sociedade
Ciência da lei pelos
Operadores do Vacatio Legis
Direito, aqueles que No país: 45 dias
aplicam a lei Exterior: 3 meses
(não é de 90 dias!!)
Inclui o dia do início e inclui o dia do fim

Lei Complementar nº 95/98


Art. 8º. § 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no
dia subseqüente à sua consumação integral

Exemplo: Publicação em 02 de Janeiro


Vacatio Legis de 15 dias.

1 02 2 03 3 04 4 05 5 06 6 07 7 08
8 09 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15
2
15 16 17
17 de Janeiro. Início da vigência no dia seguinte ao fim do Vacatio Legis.

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Vigência x Eficácia
Vigência Eficácia

A Lei pode estar em vigência, porém não ser A Lei está sendo efetivamente aplicada.
aplicada, não tem eficácia.
Exemplo: O Código Penal, até 2004, previa a
prisão do adúltero. A Lei estava em vigência,
porém nenhum adúltero era preso mais,
portanto não tinha mais eficácia

Lei de Introdução ao Código Civil. Artigo 1º.


§ 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu
texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos
anteriores começará a correr da nova publicação.

Correção (nova publicação)


Edição Sanção Promulgação Publicação Vigência
Processo Nascimento da Conhecimento pela Obrigatoriedade
Legislativo Lei sociedade
Ciência da lei pelos Operadores
do Direito, aqueles que Vacatio Legis
aplicam a lei O prazo zera
45 dias da correção (nova
publicação)

Lei de Introdução ao Código Civil. Artigo 1º.


§ 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Correção
Edição Sanção Promulgação Publicação Vigência
Processo Nascimento da Conhecimento Obrigatoriedade
Legislativo Lei pela sociedade

Vacatio Legis Nova Lei


Terá um novo número de lei, outro
processo legislativo, outro período
de vacatio legis.

Durante o Vacatio Legis, a Lei ainda não é obrigatória.


3
Princípio da Vigência Sincrônica: A Lei entra em vigor em todo o território nacional a um
só tempo.

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Questão: (TCE/MG – Procurador do Ministério Público/2007) [FCC].


Considere as seguintes afirmações:
I. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco
dias depois de oficialmente publicada.
II. A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,
entrando
ndo em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.
(A) As afirmações I e II são corretas.
(B) Somente a afirmação I é correta.
(C) Somente a afirmação II é correta.
(D) As afirmações I e II são incorretas.
(E) As afirmações I e II são colidentes entre
en si e nenhuma delas corresponde a regra
jurídica em vigor.
A

Lei de Introdução ao Código Civil


Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.

Princípio da Continuidade
Em regra, a lei produzirá
produzi efeitos até ser revogada por outra.
Exceto quando for uma lei temporária, ou seja, com data certa para “morrer”.

Tipos de Revogação

§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente


o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule
regul
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
anterior

⎘ Expressa: “expressamente
expressamente o declare”
declare
⎘ Tácita: “quando seja com ela incompatível”
incompatível

⎘ Global: “quando
“quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”
anterior
Exemplo: A lei nº. 11.343/06,, que institui o Sistema Nacional de
Exemplo
Drogas, tratou inteiramente sobre o assunto de Combate ao
Políticas sobre Drogas,
Drogas revogou Total e Globalmente (tácita) a Lei nº. 6.368/76
Tráfico de Drogas,

FCC – A Global já está inserida dentro da forma tácita de revogação. 4

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Quanto à extensão da lei


 Total – Ab-rogação
 Parcial – derrogação

Princípio da Conciliação

§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais


a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

 Lei Especial (específica)

 Lei Geral

Exemplo: Código Tributário Nacional = Lei Geral sobre matéria Tributária


Legislação Tributária do Município de São Paulo = Lei Específica
Se houver contrariedade entre a Lei Geral e a Lei Especial, prevalecerá a Especial, pelo
Princípio da Especialidade.
Estando uma lei a par da outra, ambas as leis podem coexistir. Não haverá
revogação.

Repristinação

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se


restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Lei A só volta à vida


Revogação Tácita Revogação Expressa se Lei C expressar
essa vontade

Lei A Lei B Lei C

Pode Não Pode


O fato de a Lei C ter revogado a Lei B, a Lei A não volta à vida automaticamente.
Em regra, a Lei A não volta à vida.
Exceto se houver disposição expressa na Lei C da vontade de volta da Lei A.

Questões.
1) (TRE/PB – Analista Judiciário – Administrativa – 2007) No que concerne à vigência
e aplicação das leis, de acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil, é correto
afirmar que:
(a) Salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
5
(b) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.

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(c) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes
modifica a lei anterior.
(d) A obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida nos Estados estrangeiros, se inicia
dois meses depois de oficialmente publicada.
(e) As correções a texto de lei já em vigor não consideram-se lei nova.
B

2) (TRT 2ª – Analista Judiciário – Execução de Mandado – 2008). A respeito da Lei de


Introdução ao Código Civil Brasileiro, considere:
I. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país na data da sua
publicação.
II. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia 45 dias depois de oficialmente publicada.
III. As correções de texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
IV. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
É correto o que conta apenas em:
(a) I e II
(b) III e IV
(c) I e IV
(d) II e III
(e) I, III e IV
B

3) (TRT 11ª – Juiz Substituto – 2007) Considere as seguintes afirmativas:


I. No Direito Brasileiro, não haverá repristinação da lei, salvo disposição expressa em
contrário.
II. A lei geral sempre revogará tacitamente a lei especial que tratar de matéria pertinente
ao mesmo ramo do direito.
III. Somente haverá revogação tácita da lei quando a lei nova for incompatível com a lei
anterior.
IV. Se a lei nova regular inteiramente a matéria de que tratava lei anterior, haverá
revogação tácita desta.
V. A lei nova que estabelecer disposição especial a par de lei geral já existente não
revogará a esta.
Está correto o que se afirma APENAS em:
(a) I, II e III.
(b) I, IV e V
(c) II, III e IV
(d) II, IV e V
(e) III, IV e V
B
6

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Tanto incompatibilidade quanto globais
Obs.:
III. Somente haverá revogação tácita da lei quando a lei nova for incompatível com a lei
anterior
Então, há revogação tácita tanto quando há incompatibilidade com a lei nova quanto
quando a lei nova regular totalmente a matéria tratada pela lei anterior.

Princípio da Obrigatoriedade

Leii de Introdução ao Código Civil


Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece.

IGNORANTIA JURIS NEMINEM


NEMINEM EXCUSAT
Objetivo: Segurança Jurídica.

Exceção Lei de Contravenções Penais


Exceção:
CESPE
DECRETO
DECRETO-LEI Nº 3.688/41
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei,
quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada.

Integração do Ordenamento Jurídico

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de


acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.

Princípio da Indeclinabilidade de Jurisdição


Na ausência de Lei regulando determinado fato, o Juiz deve utilizar os Mecanismos de
Integração do Ordenamento Jurídico,
Jurídico, não se escusando de não proferir sentença por falta
da norma.

Legis – Analogia Legal.


CESPE
ESAF Analogia Utiliza-se uma lei (norma) que regule um caso
semelhante.
(aplicação de uma
norma que regula Juris – Analogia Jurídica
matéria semelhante)
Extrai-se um conceito de um conjunto de leis (normas)
para se aplicar em um caso concreto.

Repetição
epetição de uma conduta de maneira:
Costumes ou
 Contínua 7
Regras  Uniforme Características
Consuetudinárias dos Costumes
 Diuturna (constante)

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Obs.: A equidade não é um mecanismo de integração do ordenamento jurídico!


O Código de Processo civil prevê a equidade apenas nos casos previstos em Lei
(como por exemplo, a equidade no Código Tributário Nacional).

Discutido na doutrina Aceitos pela doutrina


Características dos Costumes
Contra a Lei Segundo a Lei Na falta da Lei
Contra Legem Secundum Legem Praeter Legem

Característica: A norma existe, Característica: Supre a falta, a


Contraria a Lei.
porém o costume suplementa, ausência da Norma.
auxilia a esclarecer o Integração do Ordenamento
conteúdo da norma. Jurídico

Exemplo: Código Civil Exemplo: Cheque pré-datado


Art. 569. O locatário é Não existe lei regulando o
obrigado: cheque pré-datado, porém a
repetição da prática contínua,
II - a pagar pontualmente o
aluguel nos prazos ajustados, uniforme e diuturna
e, em falta de ajuste, segundo (constante) de uma conduta
torna a mesma um Costume.
o costume do lugar;

Consuetudo Ab-Rogatória Desuetudo


A lei continua a ser utilizada. Porém, em uma situação, a lei é A lei passa a ser letra
contrariada. morta, perde a eficácia.
O Costume cria regra contrária à lei.

Código Civil.
Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova
exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram
celebrados.

As negociações acima de 10 salários mínimos devem ser


celebradas por escrito.

Exemplo: O Mercado de gado de Barretos e Araçatuba (SP)


realiza todas as suas negociações de forma verbal. Já faz parte
do costume, independentemente do valor negociado.
Em outras regiões que não for parte do costume local esse 8
tipo de realização, o negócio deve ser regido pela Lei.

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Questões.
1) (TRT 15ª – Analista Judiciário – Execução de Mandatos – 2009).
Denomina-se Vacatio Legis:
(a) O período de tramitação da lei no Congresso Nacional.
(b) O instituto de direito não regulamentado por lei.
(c) O período de vigência da lei temporária.
(d) O intervalo entre a data da publicação da lei a da sua entrada em vigor.
(e) A situação jurídica dos fatos regulamentados por lei revogada.
D
2) (Pref. SP/ Auditor Fiscal Tributário Municipal – 2007).
Na lacuna da lei, o juiz:
(a) Decidirá com base na analogia, nos costumes e nos princípios gerais de direito
(b) Decidirá com base na equidade e na jurisprudência.
(c) Decidirá o caso apenas se houver precedentes judiciais vinculantes dos tribunais
superiores.
(d) Arbitrará a solução que lhe parecer mais justa, de forma motivada.
(e) Poderá escusar-se de proferir decisão.
A
3) (TRE/MG – Técnico de Controle Externo I – Direito – 2007).
No direito brasileiro, quando a lei for omissa, o juiz:
(a) Não poderá deixar de decidir o caso, e deverá valer-se de outras fontes ou formas de
expressão do direito.
(b) Não poderá proferir sentença, tendo de extinguir o processo sem resolução de
mérito.
(c) Somente poderá decidir o caso valendo-se da analogia.
(d) Não poderá julgar por equidade, salvo quando autorizado por lei e a matéria versar
sobre direito indisponível.
(e) Deverá, necessariamente, julgar o caso de acordo com os precedentes
jurisprudenciais.
A
4) (PGE-PE – Procurador – 2004).
Estabelecendo a Lei de Introdução ao Código Civil que “quando a lei for omissa, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (art.
4º), é correto afirmar que:
(a) Somente se admite o costume secundum legem.
(b) É admitido amplamente o costume contra legem.
(c) O costume praeter legem desempenha função supletiva à lei. 9

(d) O costume é meio de interpretação do direito, mas não pode ser considerado fonte ou
forma de expressão do direito.

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(e) O costume constitui apenas regra de hermenêutica.


c
5) (DPE/PA – Defensor Público – 2009).
Em nossa legislação pátria:
(a) A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior. Entretanto, caso estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
(b) A lei começa a vigorar em todo o país, salvo disposição contrária, na data de sua
publicação.
(c) A lei, sem exceção, terá vigor até que outra a modifique, revogue ou que ela caia em
desuso.
(d) Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências
do bem comum, sendo certo que, ao interpretá-la, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
(e) Se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto destinada a
correção, ainda que mantida a vacatio legis, o início de sua vigência ocorrerá no dia
da nova publicação.
a

Interpretação das Leis - Hermenêutica


Interpretação Sociológica

Lei de Introdução ao Código Civil Interpretação Teleológica

Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela
se dirige e às exigências do bem comum.

ESAF Formas de Interpretação da Lei

Quanto à Fonte Quanto aos Resultados Quanto ao Meio Utilizado

Autêntica: interpretação Declarativa: a lei é Gramatical: observa o


feita pelo legislador, por exatamente igual ao sentido. sentido da linguagem
quem fez a lei. (ortografia, semântica).

Doutrinária: interpretação Restritiva: a lei é maior do Histórica: deve-se observar


feita pelos doutrinadores, os que o seu sentido real. o momento histórico no qual
estudiosos das respectivas
O texto da lei foi escrito de a lei foi criada.
áreas de direito.
forma muito genérica. O
interpretador deve ler de 10
forma restritiva.

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Jurisprudencial: Extensiva: a lei é menor do Lógica: observa-se os fatores


interpretação dada pelas que o seu sentido real. racionais
decisões reiteradas dos
A forma gramatical não
tribunais.
conseguiu abranger todo o
sentido esperado pelo
Sociológica/ Teleológica:
legislador.
observa-se os fins sociais
Para que a lei seja aplicada
de forma a atingir de forma Sistemática: comparação
mais ampla do que se com outras normas legais.
consegue interpretar
diretamente do texto, deve-
se fazer uma interpretação
extensiva do texto.

Interpretação X Integração

Interpretação Integração

A Lei Existe, porém deixa dúvidas. A Lei não existe. Existe uma Lacuna no
Ordenamento Jurídico e o mesmo deve ser
Fonte Resultado Meio integrado (lacuna deve ser preenchida) para
Utilizado que o juiz não se escuse de proferir sentença
alegando a falta da lei.
Autêntica Declarativa Gramatical

Doutrinária Restritiva Histórico Analogia Mecanismos de


Integração no
Jurisprudencial Extensiva Lógico Costumes Ordenamento Jurídico

Sociológico Princípios Gerais do Direito


Sistemático

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Princípio da Irretroatividade

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o


ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Efeitos Retroativos (para trás) Efeitos Pró-ativos (para frente)

Vigência

Os efeitos retroativos são permitidos apenas no caso de não prejudicar:


 O Direito Adquirido,
 O Ato Jurídico Perfeito, e
 A Coisa Julgada.

Questão (TCE/Alagoas – Procurador – 2008).


O servidor X contava com 13 (treze) anos de serviço público estadual, quando entrou em
vigor nova lei, que aboliu adicionais sobre os vencimentos a cada 05 (cinco) anos de
serviço. Neste caso, X:
(a) Manterá sem seu patrimônio o equivalente aos 02 (dois) adicionais pelos 10 (dez
anos) completos e mais 30% do adicional pelo período seguinte de 05 anos que
estava em curso.
(b) A partir da nova lei, perderá os adicionais que havia conquistado, pois só tem direito
adquirido aqueles vencidos, que, eventualmente, estivessem pendentes de
pagamento.
(c) Continuará adquirindo o direito aos adicionais a cada 05 anos de serviço, que se
completarem.
(d) Adquirirá apenas mais um adicional, quando se completar o terceiro período de 05
anos.
(e) Manterá em seu patrimônio 02 adicionais, mas não obterá o terceiro.
e
Lei

1º quinquênio 2º quinquênio 3º quinquênio 4º quinquênio 5º quinquênio

Não adquirirá o 3º quinquênio em diante


Direito Adquirido
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Código Civil

Relação Jurídica no Direito Civil

Devedor Prestação Credor


Sujeito Passivo OBRIGAÇÃO Sujeito Ativo

Pessoas de Direito: De Dar Coisa Pessoas de Direito:


Pessoas Físicas De Fazer Pessoas Físicas
Pessoas Jurídicas De Não Fazer Algo Pessoas Jurídicas

O Sujeito Passivo (Devedor) tem uma OBRIGAÇÃO com o Sujeito Ativo (Credor)
da Relação Jurídica.

Código Civil.
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
ci
Capacidade de Direito – Capacidade de Gozo

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com


vida1; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos
da vida civil:

1
Docimasia Hidrostática de Galeno.
Galeno (http://www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/verbetesbiobio/verb-docimasia.htm)
(http://www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/verbetesbiobio/verb

A palavra docimasia tem origem no grego dokimasia e no francês docimasie (experiência, prova).
Trata-se de medida
edida pericial, de caráter médico-legal,
médico legal, aplicada com a finalidade de verificar se uma criança
nasce viva ou morta e, portanto, se chega a respirar.
Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados numa vasilhame com água, flutuam;
não
ão acontecendo o mesmo com os pulmões que não respiram. Se afundarem, é porque não houve respiração;
se não afundarem é porque houve respiração e, conseqüentemente, vida. Daí, a denominação docimasia
pulmonar hidrostática de Galeno.
No âmbito jurídico a docimasia
cimasia é relevante porque contribui para a determinação do momento da morte, pois
se a pessoa vem à luz viva ou morta, as conseqüências jurídicas serão diferentes em cada caso.
Exemplos:
Quando um homem, ao morrer, deixa a mulher grávida e a criança vêm à luz morta, o patrimônio do de cujus 13
transmitir-se-áá aos herdeiros deste, que poderão ser seus genitores.
Se, por outro lado, a criança nascer viva e morrer imediatamente após o nascimento, o patrimônio do pai
passará aos seus herdeiros, no caso, a mãe da criança.

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I. os menores de dezesseis anos;


II. os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos;
III. os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os
exercer:
I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II. os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III. os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV. os pródigos.
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I. pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial,
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis
anos completos; Emancipação

II. pelo casamento;


III. pelo exercício de emprego público efetivo;
IV. pela colação de grau em curso de ensino superior;
V. pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria.
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-
se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.
Art. 9º Serão registrados em registro público:
I. os nascimentos, casamentos e óbitos;
II. a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III. a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV. a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu 14
exercício sofrer limitação voluntária.

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Pessoa Natural / Pessoa Física Fim da


A capacidade de fato (de exercício) pode
Personalidade
☺ Voluntária  Morte Real
ser adquirida de forma antecipada
☺ Judicial  Morte Civil
Teoria da Concepção Teoria Natalista (código) Emancipação  Morte
Personalidade Jurídica Personalidade Jurídica (art. 5º, § 2º) ☺ Convencional Presumida
Formal Material (Art. 2º)
 Comoeriência

concepção Nascimento (inicia a personalidade) 16 anos 18 anos Morte

nascituro Incapacidade Absoluta (Total) (art. 3º) Incapacidade Relativa (Parcial) Capacidade Civil Plena
Possui alguns Capacidade de Direito ou Menor Púbere (art. 4º) Capacidade de Fato
direitos. Porém de Gozo (art. 1º) (maior de 16 anos, menor de 18 anos)
Ainda não possui a Capacidade de Exercício
ainda não possui
personalidade, Capacidade de Fato
Necessita de ASSISTÊNCIA
portanto não goza de (18 anos)
O próprio incapaz pratica o ato, porém
todos os direitos
com a presença no assistente (sem a
inerentes a uma Menor Impúbere
pessoa normal qual, o ato é anulável)
(menor de 16 anos)

Necessita de REPRESENTAÇÃO
 Ébrios Habituais
O Representante pratica o ato no lugar  Toxicômanos
do incapaz (sem a qual, o ato é nulo)  Deficiência Mental com Processo de Interdição:
 Enfermidade discernimento reduzido (Parcial) Nomeado Curador.
 Deficiência Mental (Total)  Excepcionais sem desenvolvimento Critério: questões
 Falta de vontade por causa mental Completo (Parcial) psicológicas, que dependem
transitória (coma)
de discernimento da pessoa.
 Pródigos (apenas para atos
patrimoniais)
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Questões.
1) (TJ/PA – Analista Judiciário – Direito – 2009).
Sendo o ser humano sujeito de direitos e deveres, nos termos do disposto no artigo 1º do
Código Civil, pode-se afirmar que:
(a) Capacidade se confunde com legitimação
(b) Todos possuem capacidade de fato
(c) Capacidade é a medida da personalidade
(d) Não existe mais de uma espécie de capacidade
(e) A capacidade de direito é sinônimo de capacidade limitada.

c
 A capacidade não se confunde com legitimação. Esta é a posição que a pessoa ocupa na relação
jurídica (no ato negocial), ou seja, quem pratica o ato negocial deve estar ligado, ter relação com
o ato (proprietário, possuidor do bom reclamado, por exemplo). A pessoa pode ser plenamente
capaz com relação à vida civil, porém não ter legitimidade para realizar o ato jurídico.
Capacidade ≠ Legitimidade
 A capacidade de fato se adquire apenas ao se completar os 18 anos ou na emancipação. Todos
possuem capacidade de direito (ou de gozo).
 A personalidade é medida através da capacidade de direito (de gozo)
 Existe mais de uma espécie de capacidade.
Capacidade de Direito (de Gozo) e Capacidade de Fato (de Exercício)
 A capacidade de direito (gozo) é sinônimo de capacidade ilimitada.
 A capacidade de Fato (exercício) é uma capacidade limitada, pois não são todos que a possuem.

2) No Direito Brasileiro NÃO existe incapacidade de direito. Daí decorre que:


(a) As incapacidades civil e relativa não podem ser superadas, ainda que observados os
requisitos da representação e da assistência
(b) Há várias espécies de incapacidade
(c) Incapacidade absoluta pode ser confundida com a relativa, dependendo das
circunstâncias
(d) A incapacidade relativa não permite que o incapaz pratique alguns atos da vida civil
desassistido
(e) Existe apenas incapacidade de fato ou de exercício.

e
 Sendo a pessoa incapaz, sua incapacidade, sendo absoluta ou relativa, pode ser superada através
da figura do representante ou do assistente, respectivamente. 16
 Existe a incapacidade absoluta e a incapacidade relativa, porém nada tem a ver com incapacidade
de direito (caput da questão).

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 A incapacidade absoluta e a incapacidade relativa são totalmente distintas uma da outra, não se
confundindo jamais.

 O relativamente incapaz pode sim praticar atos da vida civil sem assistência. Por exemplo: o
pródigo não pode realizar atos de natureza patrimonial sem assistência, como comprar ou
vender bens, porém pode ser testemunha, além de outros atos em que a assistência seja
desnecessária.
Direito Brasileiro NÃO existe incapacidade de Incapacidade de Fato (de exercício)
direito
Capacidade de Direito (de gozo) Capacidade de Fato (de exercício)

Capacidade Civil Plena


Adquire-se por meio de:

☺ Maioridade (18 anos)


☺ Emancipação (não adquire a capacidade penal, apenas a civil)
☺ Levantamento (extinção) da Interdição

Emancipação

Código Civil. Adquire a Capacidade Civil Plena – Capacidade de Fato (ou Exercício)
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos
atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais,


pais ou de um deles na falta do outro,
mediante instrumento público, independentemente de homologação
judicial, ou por sentença do juiz,
juiz ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de


relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria.

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• Voluntária: concedida pelos pais


☝ Mínimo de 16 anos
Emancipação ☝ Concedida através de Instrumento público
☝ Não necessita de aprovação de juiz

• Judicial: concedida por sentença do juiz


 Mínimo de 16 anos
 Concedida se o menor estiver sob tutela
 Concedida se houver divergência entre os pais
• Legal: situações descritas na lei; independe da vontade de
qualquer pessoa.
 Exercício de Emprego Público Efetivo Cargo em Comissão Não
Pode menor de 16
anos  Colação de Grau em Curso de Ensino Superior
(inclusive tecnólogo reconhecido pelo MEC)

 Casamento (se vier a se separar ainda menor, não perde


Mínimo 16 anos a capacidade civil plena)
 Economia própria (exercida com habitualidade)

Código Civil.
Art. 974. Poderá o incapaz,
incapaz por meio de representante ou
devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1º
1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após
exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da
conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada
pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor
ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

§ 2º
2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o
incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde
que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do
alvará que conceder a autorização.

 Se pessoa exercia a atividade de empresário e, por algum motivo, se tornou incapaz (absoluto
a pessoa
ou relativo), poderá continuar a exercer a atividade por meio de representante ou assistente.

 Se os pais exerciam a atividade ou se estabelecimento foi herdado.

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Morte
Fim da Personalidade
Morte

 Morte Real
 Morte Civil (não se usa mais – a pessoa só morre juridicamente)
 Morte Presumida
Prova  Comoriência (Morte simultânea)

Direito Civil.

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


Art. 7º

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois
anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.

CAPÍTULO III
DA AUSÊNCIA
Seção I
Da Curadoria dos Bens do Ausente

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento
de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.

Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes
forem insuficientes.

Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as
circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais
de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1º
1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

§ 2º
2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3º
3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

Seção II
Da Sucessão Provisória
Provisória
Art. 26.
26 Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante
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ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a
ausência e se abra provisoriamente a sucessão.

Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:

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I. o cônjuge não separado judicialmente;


II. os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III. os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV. os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e
oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à
abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse
falecido.

§ 1º
1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.

§ 2º
2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta
dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória,
proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts.
1.819 a 1.823.

Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens
móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.

Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem2 na posse dos bens do ausente, darão garantias da
restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.

§ 1º
1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida
neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a
administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
garantia.

§ 2º
2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de
herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.

Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar,
quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.

Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e
passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de
futuro àquele forem movidas.

Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus
todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém,
deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo
com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.

Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios,
requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.

Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente,
considerarse-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.

Art.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse
provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia,
obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.

Seção III
Da Sucessão Definitiva

Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
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2
meio de adquirir a posse a que se tem direito por um título qualquer. Imissão é a concessão judicial da posse de
algum bem.

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provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções


prestadas.

38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta
Art. 38
anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado
em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais
interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao
domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.

Morte Presumida Com Decretação De Ausência (art. 6º)

Etapas:

Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação I – declara-se a pessoa como ausente


dos bens do ausente, ou, se ele deixou
1) Faz-se a curadoria dos bens (junta, arrecadação dos
representante ou procurador, em se
bens do ausente e entrega dos mesmos para um
passando três anos, poderão os
curador)
interessados requerer que se declare a
ausência e se abra provisoriamente a a. Em regra, tem duração de 01 ano
sucessão.

Art. 37. Dez anos depois de passada em 2) Abre-se a sucessão provisória


julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão a. Em regra, tem duração de 10 anos.
os interessados requerer a sucessão
definitiva e o levantamento das cauções
prestadas.
3) Tem-se a sucessão definitiva (quando o ausente é
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão
definitiva, também, provando-se que o considerado MORTO)
ausente conta oitenta anos de idade, e
que de cinco datam as últimas notícias

dele.

Para que o indivíduo seja Sem Decretação De Ausência (art. 7º)


declarado MORTO, não será
necessário realizar a curadoria dos  Perigo de Vida (sendo extremamente provável a morte
bens, a sucessão provisória nem a
sucessão definitiva, pois a da pessoa)
probabilidade de morte é maior.  Guerra (não sendo encontrada em até dois anos após o 21
Basta que se espere o fim das
fim da guerra)
buscas e averiguações.

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Com Decretação de Ausência (art. 6º, 38) Propriedade


Resolúvel Propriedade
Ausente já tem 80 anos
10 anos PLENA
+
Adiantar a Sucessão Definitiva: ausência de pelo menos 5 anos (art. 38)
MORTE

Decretação da Curadoria dos Bens Sucessão Provisória Sucessão Definitiva


ausência

Duração REGRA: 10 anos. HERDEIROS: DEIXAM DE


REGRA: 1 ano HERDEIROS: imissão na TER A POSSE, e adquirem a
EXCEÇÃO: 3 anos (se o ausente deixa posse. propriedade definitiva dos
procurador) bens
Prestação de GARANTIA
Serão publicados editais a cada 2 meses
chamando o ausente para que retome a
(caução, pois, ocorrendo o
posse de seus bens. retorno do ausente, este tem
de volta a totalidade dos
CURADOR: (art. 25)
bens): não atinge os
1. Cônjuge
herdeiros necessários
2. Ascendentes (pais)
(cônjuge, ascendentes e
3. Descendentes
descendentes).
4. Curador Dativo (nomeado pelo
juiz)

Comoriência – Morte Simultânea

Código Civil.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião,
não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Falece 2º bens Falece 1º

bens

100% Comoriência 0%
primo 50% 50% irmã

DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA: a comoriência pode ocorrer em situações (locais)


diferentes. 22

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Pessoas Jurídicas

Código Civil
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou
externo, e de direito privado.
Art. 41.
41 São pessoas jurídicas de direito público interno:
I. a União;
II. os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III. os Municípios;
IV. as autarquias;
V. as autarquias, inclusive as associações públicas;
VI. as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de
direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-
se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste
Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I. as associações;
II. as sociedades;
III. as fundações.
IV. as organizações religiosas;
V. os partidos políticos.

Pessoa Jurídica

ᴥ interno • Administração Direta (União, Estados, DF, Municípios


Direito Público e territórios);
• Administração Indireta (Autarquias, inclusive
Criação Por:
Associações Públicas e demais entidades de caráter público –
≛ Lei Fundações Públicas)

≛ Fatos ᴥ externo • Estados Estrangeiros


Históricos
• Pessoas regidas pelo Direito Público
≛ Tratados Internacional (ONU, FMI, OIT, FAO, Santa Sé)
Internacionais
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 Criação através do ato Prazo Decadencial para o Direito de


Direito Privado Anulação de ato constitutivo viciado:
constitutivo
(art. 44)
 Registro 3 anos3
 Autorização ou aprovação do Poder Executivo Quando necessário
Fundações Universitas Bonorum Patrimônio Personalizado
(art. 62) (Conjunto de Bens) (Personalização do Patrimônio)
Criação:
Não podem ter fins lucrativos.  Por Escritura Pública, ou
 Testamento

Fases da Fundação
 Ato Constitutivo
1. Dotação especial de bens livres (indica
quais bens farão parte da Fundação)
2. Elaboração do ato constitutivo
4 fases
3. Aprovação pelo Ministério Público4
(obs.: na inércia do MP, será aprovado
pelo JUIZ, art. 67, III).
 Registro

Corporações Universitas Personarum


(Conjunto de Pessoas)
 Sociedades (fim econômico)
 Associações (fim não econômico) (art. 44)
• Associações (propriamente ditas)
• Partidos Políticos (do Direito Eleitoral)
• Organizações Religiosas (art. 44, § 1º)
Art. 44. § 1º São livres a criação, a organização, a
estruturação interna e o funcionamento das organizações
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e
necessários ao seu funcionamento.

3 Art. 48. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo,
quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
4O Ministério Público é o órgão responsável pela fiscalização das Fundações. Por este motivo, para que a
Fundação seja Registrada é necessária a prévia aprovação pelo Ministério Público. Porém, se o mesmo
permanecer inerte, se denegue, o juiz poderá supri-la, a requerimento do interessado.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz 24
supri-la, a requerimento do interessado.
A Fiscalização das Fundações cabe ao Ministério Público Estadual onde estiver em funcionamento. Se em mais
de um Estado, os respectivos MPEs serão os responsáveis, se no DF, MPDFT (Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios).

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Fundações

Código Civil. Escritura deve apresentar a dotação especial


Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando
o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo Único. A fundação somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Não podem ter fins lucrativos.
O parágrafo Único consiste em uma lista não exaustiva. Exemplo, pode-se criar uma
Fundação Esportiva, desde que sem fins lucrativos.

Fases da Fundação:
 Ato Constitutivo
1. Dotação especial de bens livres (indica quais bens farão parte da Fundação)
2. Elaboração do ato constitutivo
3. Aprovado pelo Ministério Público (obs.: na inércia do MP, será aprovado pelo
JUIZ, art. 67, III).
 Registro

Associação

Código Civil.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se
organizem para fins não econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações


recíprocos.

Os Direitos e Obrigações dos associados estão voltados à finalidade


da associação, e não a reciprocidade de direitos e obrigações entre as
pessoas (típico de sociedade).

direitos mas o estatuto poderá


Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos,
instituir categorias com vantagens especiais.

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não


dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do
Quota ou Fração
patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per
Ideal é
si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao
Transmissível herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
estatuto
25
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa,
assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de
recurso, nos termos previstos no estatuto.

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Organizações Religiosas
Art. 44
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e
o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao
poder público negar-lhes
lhes reconhecimento ou registro dos atos
constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

Despersonificada (irregular, de fato)


Sociedades Pessoa Jurídica
 Sociedade em Comum
Irregular
 Sociedade em Conta de Participação
Personificada (regular, de direito)

Simples Empresária

 Simples (propriamente
( dita)  Limitada
 Cooperativa  Anônima
 Comandita Simples
 Comandita por Ações
 Em Nome Coletivo

Desconsideração da Personalidade Jurídica


O Registro para a Pessoa Jurídica tem o efeito Constitutivo. A Finalidade do Registro
(Personificação da Sociedade) é a separação patrimonial dos bens particulares
par dos bens da
sociedade; e sem essa separação, os bens de confundem.

Bens Particulares dos Sócios e Bens da Pessoa Jurídica


Administradores

desconsideração (art. 50)

desconsideração inversa (doutrina)

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
26
sócios da pessoa jurídica.
jurídica

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Abuso de Personalidade Jurídica


 Desvio de Finalidade Ministério
Parte
 Confusão Patrimonial Público
provocam

Não pode
agir de ofício
JUIZ

A parte ou o Ministério Público (quando couber) devem


intervir (provocar o juiz).
O Juiz não pode intervir de ofício (no Direito Civil).

Lei nº. 8.078/90. Caso em que o Juiz poderá agir de Ofício.


Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica provocados por má administração.

1. abuso de direito,
2. excesso de poder,
3. infração da lei,
4. fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
5. quando houver falência,
6. estado de insolvência,
7. encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por
má administração

§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que


sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

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