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UNIDADE 7 - DIREITOS HUMANOS

MECANISMOS DE MONITORAMENTO –
TUTELA/PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO
SISTEMA GLOBAL (ONU)

7.1) CONCEITO
Compreendem os diversos instrumentos que os órgãos
e/ou organismos internacionais possuem para
ACOMPANHAR E SUPERVISIONAR o cumprimento dos
tratados internacionais de direitos humanos.

Classificações:

1) QUANTO À PREVISÃO/ORIGEM

a) Mecanismos convencionais: são todos aqueles


mecanismos previstos de forma específica (expressa)
nos tratados internacionais de direitos humanos (ex.
Relatórios, petições, investigações).
b) Mecanismos extraconvencionais: são aqueles
previstos nas normativas gerais de organização da
ONU – resoluções do ONU, portarias, Carta da ONU
(Ex. Conselho de Direitos Humanos, AG-ONU, CIJ e
etc, TPI).
2) QUANTO AO MODO DE CONTROLE

a) Não judiciais/não contenciosos: são instrumentos


nos quais não vai existir um litígio/lide de natureza
internacional. Costumam a ser instrumentos de
acompanhamento apenas (Relatorias).
b) Quase judiciais/quase contenciosos: são
instrumentos que previamente não apresentam
um lide internacional, porém ela pode se
desenvolver em um campo de solução
extrajudicial (Ex. Petições).
c) Judiciais/contenciosos: já são instaurados por
meio de atuação da jurisdição internacional de
direitos humanos, logo eles pressupõem uma
“lide internacional” (ex. atuação da CIJ por meio
das sentenças internacionais).
7.2) MECANISMOS CONVENCIONAIS – (TEATRY-
MONITORING BODIES)

A)RELATÓRIOS - REPORTS

- Eles são o modelo padrão de mecanismos de


monitoramento, isso porque estão previstos em
praticamente todos os tratados de DH – MODELO
STANDART
- Tem por finalidade o acompanhamento e a
realização de diagnóstico sobre a proteção dos DH
>> SISTEMA DE COLETA DE DADOS
- Eles são exigidos por meio de periodicidade,
conforme o tratado que o prevê. OBS: é possível
relatorias extraordinárias.
- PROCEDIMENTO: inicialmente é elaborado um
relatório pelo Estado-parte, ele é encaminhado
para análise de algum órgão de monitoramento –
via de regra eles são os COMITÊS INTERNACIONAIS

Comitê contra a Tortura - CAT


Comitê Desaparecimentos Forçados - CED
Conselho Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
– CESCR - - CARTA DA ONU
Comitê Direitos Humanos - CCPR
Comitê Direitos da Criança - CRC
Comitê Pessoas com Deficiência- CRPD
Comitê Trabalhadores Migrantes - CMW
Comitê para Eliminação da Discriminação contra
Mulheres - CEDAW
Comitê para Eliminação da Discriminação Racial -
CERD
Subcomitê de Prevenção à Tortura - SPT

- Consequências da análise dos relatórios: eles


não impõem nenhuma sanção normativa, já que
na verdade servem ao sistemas de coletas de
dados, de informações para ONU.
OBS: Possibilidade de uma sanção “sui generis” :
POWER OF SHAME (Poder da Vergonha): a
publicização do Relatório Final, demonstrando a
situação de violação dos DH pelo Estado-parte.
- Também se permite a participação de
organismos da sociedade civil do Estado-parte
(ONGs, Universidade, Categorias de Classe e etc)
na complementação desses relatórios>>
Relatórios-sombra (shadows reports)>> objetiva
evitar a OMISSÃO DOLOSA (falseamento de
informações pelos Estados).

B) COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS – PETIÇÕES


ESTATAIS

- Se pautam na concepção de cooperação entre


os Estados-parte
- Possibilidade de um Estado-parte acionar
outro Estado indicando possíveis violações de
DH e, consequentemente, cobrar-lhe
informações e ações
- É um sistema praticamente em desuso,
sobretudo diante da problemática das relações
internacionais diplomáticas entre os países
(“evitar o desconforto diplomático), bem a
exigência de recíproca assinatura entre o
Estado-denunciante o Estado-denunciado.
- Um vez que um Estado-parte é denunciado
nesse sistema, ocorrerá a mediação por meio
de um órgão de monitoramento (Comitês, Alto
Comissariado de Dh da ONU.
PROCEDIMENTO:
O Estado-comunicante notifica o Estado-
denunciado (essa notificação é realizada por
meio de REGISTRO NO ORGÃO DE
MONITORAMENTO, como se fosse um
“protocolo”)>>> uma vez registrado o órgão de
monitoramento solicita as informações ao
Estado-denunciado, terão um prazo de até 6
meses para que esse Estado apresente os
dados>> Caso a solução/as medidas não sejam
apresentadas ao Estado-comunicamente, será
novamente notificado o Estado-denunciado
para que no prazo de até 3 meses, dê nova
resposta>>> PUBLICAÇÃO DE UM RELATÓRIO
FINAL (12 meses após as informações prestadas
pelo Estado-denunciado).

PODE SE JUDICIALIZAR>>>
Se houver fortes indícios de graves violações
de D.H, os Comitês podem encaminhar esse
relatório como uma “denúncia” a ser apurada
pela Corte Internacional de Justiça ou para o
Alto Comissariado de D.H da ONU.

C) COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS – PETIÇÕES


INDIVIDUAIS

É o direito de os indivíduos ou organismos


internacionais (grupo de pessoas, associações,
ONGs) de PETICIONAR PERANTE OS ORGÃOS DE
MONITORAMENTO.
-Também prevê a necessidade de aceitação
EXPRESSA DO ESTADO PARTE como signatário.

- REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DAS


PETIÇOES
 Requisitos FORMAIS
- Identificação da vítima (não se admite
denúncia anônima X tramitar em sigilo)
- Identificação dos supostos
envolvidos/denunciados
- Data e lugar da violação (contextualização
fática do caso)
- Descrição detalhada do evento
- Pode ser em língua portuguesa:
- Requisitos de ADMINISSIBILIDADE
PROPRIAMENTE DITOS
 Ausência de litispendência internacional (a
questão não pode já estar sendo discutida
na esfera internacional);
 Prévio esgotamento das instâncias internas
do país de origem da petição (primeiro
deve se buscar as soluções no
ordenamento jurídico interno do país).
OBS: EXCEÇÕES: no caso de
desarrazoabilidade com essa exigência de
esgotamento interno (ex. demora
injustificada, corrupção na atuação interna
e etc.)

PROCEDIMENTO:
Inicialmente há o protocolo da petição
individual> recebido por um órgão de
monitoramento (Comitês)>> Nomeado um
Relator Especial (Special Rappoutteur)> ele
realiza um primeiro juízo de
admissibilidade>> Realiza uma notificação
ao Estado-denunciado para que em 2
meses ele apresente informações
(preliminar)>> Se a defesa do Estado não
for acatada, então abre-se novo prazo para
que ele apresente em 6 meses a sua
CONTESTAÇÃO> ao final se publica um
RELATÓRIO FINAL (é o mesmo das
comunicações estatais).
>>> Também é possível a demanda se
judicializar.

D)INVESTIGAÇÕES

- Aquele no qual se realiza atividades de


investigação/visita in loco no países, desde que
haja essa previsão no tratado internacional.
- Tem caráter excepcional>> quando há grave
violação de D.H
- PROCEDIMENTO: é nomeado um Relator
Especial para acompanhar as investigações e
também criará grupos de trabalho investigativo
(contratar profissionais especiais da área)
- Também se produz um relatório final que visa
complementar a base de dados da ONU

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