Anatomia arterial do lábio inferior: um estudo

cadavérico
Mete Edizer, MD, Orhan Mağden, MD, Volkan Tayfur, MD, Amaç Kiray, MD, İpek Ergür, MD, e Atay Atabey, MD

Izmir, Turquia

O objetivo do estudo foi investigar a anatomia arterial do lábio
inferior. A localização, curso, comprimento e diâmetro da artéria labial
inferior e da artéria sublabial foram revelados por dissecações
anatômicas meticulosas bilaterais em 14 cabeças de cadáveres
preservadas do sexo masculino. Outra cabeça de cadáver foi usada
para injeção de borracha de silicone para preencher a árvore arterial
regional. A artéria labial inferior era a artéria principal do lábio inferior e
em todos os casos se ramificava na artéria facial. O comprimento
médio da artéria labial inferior foi de 52,3 mm (variação de 16 a 98
mm). A distância média da origem da artéria labial inferior à comissura
labial foi de 23,9mm. O diâmetro externo médio da artéria labial inferior
na origem foi de 1,2 mm. A artéria sublabial estava presente em 10 (71
por cento) dos cadáveres.
27,6 mm para distância da comissura labial. A artéria sublabial pode
originar-se da artéria facial ou da artéria labial inferior. Este estudo
constatou que essa região não tem distribuição arterial constante, a
artéria labial inferior e a artéria sublabial (se existir) podem estar em
localizações diferentes unilateral ou bilateralmente, e o diâmetro e o
comprimento podem variar. ( Plast. Reconstr. Surg.
111: 2176, 2003.)
A reconstrução dos lábios é um problema desafiador,
pois tanto a função labial quanto a aparência estética
aceitável devem ser consideradas simultaneamente durante
o reparo. Para defeitos labiais, os retalhos axiais locais são
a alternativa mais preferida e fornecem resultados
satisfatórios nos resultados estéticos e funcionais. 1-6 Esses
retalhos são baseados principalmente em artérias labiais e /
ou artérias faciais. 1-5 Durante o planejamento e a retirada
desses retalhos axiais, é fundamental reunir dados
anatômicos detalhados da rede vascular. Após constatar
que a rede vascular não é constante ao redor dos lábios,
estudos anatômicos nesta região continuaram.
ued. 2,5,6 Concomitantemente, os cirurgiões plásticos vêm
estudando novas alternativas de retalhos axiais, devido à
importância da reconstrução labial. 4-6 Por outro lado, durante
a transferência livre do retalho ou reparo microcirúrgico dos
lábios, é obrigatório encontrar vasos receptores adequados
ao redor dos lábios. 7,8 Portanto, os cirurgiões devem estar
cientes da localização, curso, variação, diâmetro e conexões
das artérias regionais antes de realizar qualquer operação
nessa região.
O objetivo do presente estudo foi investigar a anatomia
arterial do lábio inferior e revelar a localização, o trajeto e
as medidas anatômicas da artéria labial inferior e da
artéria sublabial em cadáveres humanos.
M ATERIAIS E M ÉTODOS
Quatorze cápsulas de machos adultos preservados
com formalina foram usados no estudo. Dissecções
subdérmicas meticulosas da face inferior de cada cadáver
foram realizadas com instrumentos cirúrgicos finos com
aumento de 4 lupa. A artéria facial e seus ramos foram
dissecados por dissecção tangencial da pele, gordura
subcutânea, fáscia e camadas musculares. As artérias que
cursam em direção ao lábio inferior foram chamadas de
artérias labiais inferiores; as demais foram consideradas
artérias sublabiais ou acessórios. Foram avaliados os
seguintes parâmetros relativos à artéria labial inferior: (1)
localização (unilateral ou bilateral); (2) comprimento; (3)
distância da origem da artéria à comissura labial; (4)
distância da origem da artéria à borda inferior da
mandíbula; (5) diâmetro da artéria em seu

Do Departamento de Anatomia e do Departamento de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética da Faculdade de Medicina da Universidade Dokuz Eylül. Recebido para publicação em 12 de
março de 2002; revisado em 3 de setembro de 2002.

DOI: 10.1097 / 01.PRS.0000060110.18366.49

2176
Vol. 111, nº 7 / ANATOMIA ARTERIAL DO LÁBIO INFERIOR
origem; (6) profundidade da artéria nas faces anterior,
superior e posterior do vermelhão (quando aplicável) (fig.
1); e (7) características da artéria (comprimento, diâmetro,
trajeto e distância da origem da comissura labial e borda
inferior da mandíbula). Além disso, foram avaliadas as
principais conexões entre a artéria labial inferior e outras
artérias locais.
Outro cadáver foi usado para injeção de borracha de silicone para
mostrar claramente a árvore arterial do lábio inferior.
Técnica de injeção de borracha de silicone
Canulação e lavagem. Depois de separar
a cabeça e o pescoço do cadáver do corpo, ambas as artérias
carótidas foram canuladas com tubos de plástico de tamanhos
apropriados. 9 Após a tubagem, a rede vascular foi irrigada com
água quente da torneira para limpar o sangue coagulado e
fixador de formalina durante 15 a 20 minutos. No dia seguinte,
a irrigação foi repetida até que água limpa fosse vista nas
veias.
Preparando solução e injeção. Para cada
cabeça, cerca de 60 a 80 ml da mistura eram necessários
para a árvore arterial. A mistura consistia em 5 colheres de
chá da cor em pó (tinta em pó Red Crayola; Binney e Smith,
Easton, Pa.), 40 ml de diluente (200 fluido 5,0 CS; Dow
Corning, Midland, Michigan) e 40 ml de silicone (Borracha
de silicone 3110 RTV; Dow Corning). A cor em pó foi
adicionada à solução mais fina em um recipiente. A mistura
foi agitada fortemente até que os grânulos de cor se
dissolvessem. Em seguida, o silicone foi adicionado e
agitado até
F IG. 1. As distâncias de referência da área labial inferior
tery ( ILA) das superfícies do vermelhão do lábio inferior.
2177
atingindo uma cor uniforme. Finalmente, o catalisador (Catalyst
S; DowCorning) foi adicionado. Todos os vasos, exceto o a ser
injetado, foram pinçados. A mistura de silicone foi injetada em
um recipiente usando uma seringa de 60 ml. A injeção
continuou até que um fluxo livre de mistura escapou do
recipiente aberto. Como a mistura foi drenando para fora do
recipiente aberto, a braçadeira foi recolocada e a injeção foi
interrompida. Esse processo foi repetido para cada navio. As
pinças foram deixadas nos vasos sanguíneos e a cabeça do
cadáver foi colocada em um saco plástico. Após 48 horas, as
pinças foram retiradas e a dissecção realizada.
Todos os cadáveres foram fotografados após a dissecção
completa, as imagens foram transferidas para um computador
pessoal e todas as artérias principais do lábio inferior foram
traçadas usando essas imagens como fundos usando o
software Jasc Paint Shop Pro 7.02 (Jasc Software, Minn.). Os
desenhos da árvore arterial em todos os casos são
apresentados juntos na Figura 2.
R ESULTS
A artéria labial inferior era a principal artéria do lábio
inferior e estava evidente em todos os casos. Essa artéria
foi encontrada unilateralmente em nove casos (64 por
cento) e bilateralmente em cinco casos (36 por cento) (figs.
2 a 5); a artéria sublabial foi encontrada em 10 casos (71
por cento) (figs. 2 e 3). Anastomose término-terminal entre
as artérias labiais inferiores bilaterais foi encontrada em
apenas dois casos. No caso 13, a artéria labial inferior
anastomosou-se com a artéria submentoniana, que
também se originou na artéria facial (fig. 2). O
comprimento médio da artéria labial inferior foi de 52,3
mm. A distância entre a origem da artéria labial inferior e a
comissura labial foi de 23,9 mm. A distância entre a origem
da artéria labial inferior e a borda inferior da mandíbula foi
de 23,7 mm. O diâmetro externo médio da artéria labial
inferior em sua origem foi de 1,2 mm (variação de 1 a 1,8
mm). Ao longo do trajeto da artéria labial inferior no
vermelhão do lábio inferior, na secção sagital da linha
média do lábio inferior, as profundidades médias foram de
6,4 mm da superfície anterior, 5,9 mm da superfície
superior e
4,8 mm da face posterior (nos casos aplicáveis) (Fig. 1)
(Tabela I).
Na cabeça de cadáver injetada para demonstração da árvore
arterial, todos os vasos dos lábios podem ser preenchidos com
borracha de silicone colorida de forma satisfatória, mesmo em vasos
de 0,5 mm de diâmetro. As artérias labiais inferiores bilaterais
estavam todas
2178 CIRURGIA PLÁSTICA E RECONSTRUTIVA, Junho de 2003

F IG. 2. Aspecto esquemático das artérias do lábio inferior em todos os casos ( FA, artéria facial; ILA, artéria labial inferior; SLA, artéria sublabial; todas as outras artérias que
conduzem ao lábio inferior foram consideradas artérias labiais inferiores).

a maioria simétrica e anastomosada medialmente (Fig. 6). dados são apresentados na Tabela II. Entre os 10 casos, a artéria
sublabial foi encontrada bilateralmente em seis casos (60 por cento) e
As características anatômicas da área sublabial unilateralmente em quatro (40
Vol. 111, nº 7 / ANATOMIA ARTERIAL DO LÁBIO INFERIOR 2179

TABELA I
Medidas da artéria labial inferior *

Significar Mínimo Máximo

Medição (milímetros) (milímetros) (milímetros)

comprimento 52,3 16 98
Diâmetro externo na origem Distância de 1,2 1 1.8
origem do LC Distância de origem do LBM 23,9 6 39
Distância da superfície anterior do 23,7 12 51

vermelhão † 6,4 4 11
Distância da superfície superior de
vermelhão † 5,9 3 8,5
Distância da superfície posterior de
vermelhão † 4,8 3 6

* LC, comissura labial; LBM, borda inferior da mandíbula. † Apenas nos casos
F IG. 3. Aspecto frontal da face inferior do caso 3 aplicáveis; veja a Figura 1.

( ponta de flecha, artéria labial inferior; Estrela, artéria sublabial).

F IG. 6. Aspecto frontal da face inferior após colorido

F IG. 4. Aspecto frontal da face inferior da caixa 4 injeção de borracha de silicone ( pontas de flecha, artérias labiais inferiores).
( ponta de flecha, artéria labial inferior).

TABELA II
Medições da artéria subabial *

Significar Mínimo Máximo

Medição (milímetros) (milímetros) (milímetros)

comprimento 23,4 13 36
Distância de origem de LC Distância 27,6 18 47
de origem de LBM Diâmetro externo na 23,7 12 51
origem 1 0,4 1,7

* LC, comissura labial; LBM, borda inferior da mandíbula.

D ISCUSSION

A anatomia vascular do lábio inferior está se tornando mais

F IG. 5. Aspecto frontal da face inferior da caixa 11
( Setas; flechas, artérias labiais inferiores; , artéria sublabial).
por cento). A artéria sublabial sempre existiu junto com a
artéria labial inferior. Sete de 16 (44 por cento)
ramificaram-se na artéria labial inferior; o restante (56 por
cento) veio da artéria facial. Destes, em três casos a
artéria sublabial originou-se da artéria labial inferior de um
lado e da artéria facial do outro (fig. 2).
importante à medida que novos e delicados retalhos axiais são
definidos e técnicas microcirúrgicas são desenvolvidas. 1-3,5 Os
capítulos de livros didáticos sobre anatomia facial mencionam
apenas que as artérias labiais inferiores bilaterais criam um
arco e ficam ao longo da borda do lábio, ramificando-se da
artéria facial. 1,10 Por outro lado, os resultados de nossos
achados e de outros estudos anatômicos e clínicos mostram
grande variação na anatomia vascular dessa região. 2,5,6 Midy et
al. 11

apresentou quatro tipos de distribuição arterial de

2180
o lábio inferior: (1) a artéria labial inferior predominante em
um lado (35 por cento), (2) a artéria labial inferior em um
lado (30 por cento), (3) a artéria sublabial predominante (25
por cento), e (4) distribuição igual da artéria labial inferior
bilateral (10 por cento). Hu et al., 5 em seu estudo detalhado
sobre a artéria labial inferior, encontraram um arco arterial
constante na borda do lábio inferior em todos os casos.
Este arco pode ser constituído por (1) a artéria labial
inferior bilateral anastomizada (12 por cento), (2) a artéria
labial inferior unilateral (18 por cento), (3) os ramos
terminais da artéria sublabial (12 por cento) ), e (4) os
terminais da artéria labial inferior (bilateral ou unilateral) e
sub-labial (58 por cento). Shulte et al. 2 encontraram uma
única artéria labial inferior no lábio inferior em todos os
cadáveres dissecados. Em nosso estudo, foi encontrada
uma grande variedade de artérias labial e sublabial inferior,
e conexões abundantes entre elas. Em 10 casos (71 por
cento), as artérias labial inferior e sublabial foram
encontradas juntas. Ao contrário do conhecimento
anatômico convencional, e semelhante aos achados de
alguns estudos, 4,9 a artéria labial inferior bilateral foi
encontrada em apenas cinco dos nossos casos (36 por
cento); entre estes, dois casos apresentavam anastomose
término-terminal de ambas as artérias labiais inferiores. No
caso 7, a origem da artéria labial inferior era inferior à da
artéria sublabial ou facial (fig. 2). No caso 13, a artéria
labial inferior anastomosou-se com a artéria submental (fig.
2). Hu et al. 5 também sustentou que as artérias labial
inferior, sublabial, mental e submentoniana podem se
anastomosar umas com as outras.
Embora o diâmetro externo da artéria labial inferior seja
geralmente conhecido como 1
milímetros, 1 este valor pode mudar de 0,5 a 1,7
milímetros. 1,5–8 O valor médio de seu diâmetro foi de 1,2
mm no estudo atual (Tabela
EU).
Park et al. 6 encontraram a artéria sublabial (denominada
por eles como ramo mental) em quatro dos nove
cadáveres, e os diâmetros externos mediam de 1,2 a 2,0
mm. O diâmetro externo médio da artéria sublabial foi de 1
mm no estudo atual (Tabela II).
Defeitos no lábio inferior resultantes de anomalias
congênitas, trauma ou excisão de câncer perioral requerem
reparo do retalho para obter melhores resultados estéticos e
funcionais. As abas mais preferidas em torno dos lábios são
abas axiais, como o
CIRURGIA PLÁSTICA E RECONSTRUTIVA, Junho de 2003
Abbé, Estlander ou alguns retalhos de design recente que se
relacionam intimamente com a circulação arterial. 1,3-5
Iwahira et al. 4 realizaram um retalho de vermelhão
deslizante baseado na artéria labial inferior para defeitos
no vermelhão inferior. Hu et al. 5 apresentou retalho de
Abbé em um estágio após estudo anatômico detalhado;
eles enfatizaram que o arco arterial deve ser avaliado no
pré-operatório com fluxômetro Doppler. Nosso estudo
fornece critérios objetivos mensuráveis para a
distribuição arterial do lábio inferior, o que é crucial
durante a cirurgia de retalho. Foi demonstrado aqui que a
distribuição arterial do lábio inferior é variável e que a
localização, o curso e as dimensões da artéria labial
inferior e da artéria sublabial não são constantes. Deve-se
considerar que algumas pequenas alterações no curso
das artérias podem ser feitas involuntariamente durante a
dissecção anatômica.
Em conclusão, considerando as variações da anatomia
arterial, antes de qualquer retalho axial perioral ou
procedimento de reparo microcirúrgico, o cirurgião deve
avaliar os vasos por meio de arteriografia ou ultrassonografia
Doppler. Nossos achados podem ser usados durante as
reconstruções periorais para uma operação mais segura e
eficaz.
Atay Atabey, MD
Dokuz Eylül Üniversitesi
Tıp Fakültesi, Plastik Cerrahi 35340
İnciraltı
Izmir, Turquia
atabey@lycos.com
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