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Análise de Investimentos

Profª. Estelamaris Reif


Prof. Péricles Ewaldo Jader Pereira

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Profª. Estelamaris Reif
Prof. Péricles Ewaldo Jader Pereira

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

R361a

Reif, Estelamaris
Análise de investimentos. / Estelamaris Reif; Péricles Ewaldo Jader
Pereira. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
204 p.; il.

ISBN 978-85-515-0377-5

1. Investimentos - Análise. - Brasil. I. Pereira, Péricles Ewaldo Jader.


II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 658.152

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Você já deve ter ouvido a famosa expressão: “Não
sei se caso ou se compro uma bicicleta”? Essa ilustração serve como exemplo
para os vários dilemas pelos quais passamos no dia a dia ao longo de nossas
vidas quando pensamos em investimentos.

No âmbito dos negócios empresariais, a situação não é muito


diferente. Várias são as dúvidas sobre investimentos, tais como: aquisição de
maquinários, abertura de novas unidades, entrar no mercado de franquias,
aquisição de inovações tecnológicas, equipamentos modernos, softwares
e soluções de TI e por aí vai. Todos esses investimentos são feitos com o
objetivo de melhorar o desempenho de uma empresa.

Como se não bastassem todas essas possibilidades de investimentos,


existe ainda a opção de investir o dinheiro no mercado financeiro para fazê-
lo render.

Porém, com tantas opções, como saber qual é o melhor investimento


para sua empresa? O que é preciso para que um investimento crie valor?
Este livro didático busca auxiliar na resposta dessas perguntas utilizando
das várias ferramentas da análise de investimentos.

O conhecimento destas ferramentas se faz necessário para contribuir


com os gestores que estão à frente das tomadas de decisões, pois evidencia
os prós e contras de um determinado projeto ou investimento. Seu estudo é
imprescindível, pois auxiliará os gestores nas projeções presentes e futuras.

Nesse sentido, esse material tem a missão de não só auxiliar na análise


de investimentos, mas também trazer dicas e mostrar algumas das melhores
práticas para garantir que suas ações e metas planejadas sejam alcançadas.

Ótimos estudos.

Profª. Msª Estelamaris Reif


Prof Me. Péricles Ewaldo Jader Pereira

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS.............. 1

TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS......................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 INVESTIMENTO: TOMADA DE DECISÃO.................................................................................. 5
3 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO........................................................................................... 10
3.1 INFLAÇÃO........................................................................................................................................ 12
3.1.1 História da inflação brasileira................................................................................................ 15
4 INDICADORES ECONÔMICOS ...................................................................................................... 17
5 FONTES DE FINANCIAMENTO...................................................................................................... 20
5.1 FONTES PARA FASE INICIAL...................................................................................................... 21
5.2 FONTES DE CAPITAL PRÓPRIO.................................................................................................. 21
5.3 FONTES COM PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA.......................................................................... 22
5.4 FONTES COM CAPITAL ONEROSO .......................................................................................... 25
5.5 CUSTO DE CAPITAL....................................................................................................................... 25
5.6 PRINCIPAIS: AGENTES E CONFLITOS...................................................................................... 28
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 31

TÓPICO 2 – TAXAS E JUROS................................................................................................................ 35


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 35
2 CONCEITOS: CAPITAL, JUROS E TAXA DE JUROS................................................................... 35
2.1 JUROS SIMPLES............................................................................................................................... 39
2.2 JUROS COMPOSTOS....................................................................................................................... 41
2.2.1 Juros Simples x Juros Compostos.......................................................................................... 44
2.3 TAXA EFETIVA................................................................................................................................. 45
2.4 TAXA NOMINAL............................................................................................................................. 46
2.4.1 Taxa efetiva x taxa nominal ................................................................................................... 47
2.5 CET – CUSTO EFETIVO TOTAL.................................................................................................... 50
3 EQUIVALÊNCIA ENTRE TAXAS DE JUROS................................................................................. 53
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 58

TÓPICO 3 – ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS.......................................................................... 61


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 61
2 FLUXO FINANCEIRO.......................................................................................................................... 62
2.1 FLUXO DE CAIXA........................................................................................................................... 63
3 LIQUIDEZ X RENTABILIDADE........................................................................................................ 65
4 VALORAÇÃO DE ATIVOS (VALUATION)...................................................................................... 70
5 EFEITOS TRIBUTÁRIOS .................................................................................................................... 72
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 74
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 77
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 78

VII
UNIDADE 2 – MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS............... 81

TÓPICO 1 – PROJETOS DE INVESTIMENTO.................................................................................. 83


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 83
2 INDICADORES FINANCEIROS DE INVESTIMENTO............................................................... 83
2.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA).............................................................................. 84
2.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)............................................................................................ 85
2.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ANUALIZADO (VPLa)............................................................. 88
2.4 ÍNDICE DE BENEFÍCIO / CUSTO (IBC)....................................................................................... 90
2.5 RETORNO ADICIONAL SOBRE O INVESTIMENTO (ROIA)................................................. 91
2.6 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)......................................................................................... 92
2.7 PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DO INVESTIMENTO (Payback)............................................. 94
3 MONETIZAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO.............................................................. 97
3.1 O EFEITO SUNK COSTS EM UM PROJETO DE INVESTIMENTO......................................... 98
3.2 VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS DE INVESTIMENTO...................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 100
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 101

TÓPICO 2 – CUSTOS DE TRANSAÇÃO


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 103
2 CONCEITO DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO................................................................................ 103
3 CUSTO DE CAPITAL......................................................................................................................... 106
3.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO.................................................................................................. 107
3.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS....................................................................................... 111
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 112
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 116

TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO................. 119


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 119
2 FLUXO DE CAIXA LIVRE................................................................................................................. 120
2.1 FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA
(SÓCIOS).......................................................................................................................................... 123
2.2 CAPM. FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO.................................................................... 124
2.3 FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA (SÓCIO):............................................................. 124
3 FLUXO DE CAIXA INCREMENTAL .............................................................................................. 125
4 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO................................................................................................ 127
5 PLANEJAMENTO .............................................................................................................................. 129
5.1 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO (OPERACIONAL).................................................... 130
5.2 PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO (TÁTICO)................................................................... 131
5.3 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO (ESTRATÉGICO)..................................................... 132
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 134

VIII
UNIDADE 3 – ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE
INVESTIMENTOS..................................................................................................... 137

TÓPICO 1 – TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS.............. 139


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 139
2 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE....................................................................................................... 139
2.1 DIAGRAMA DE TORNADO........................................................................................................ 143
3 ANÁLISE DE CENÁRIOS.................................................................................................................. 144
4 ÁRVORE DE DECISÃO..................................................................................................................... 151
5 ANÁLISE DE RISCO X RETORNO................................................................................................. 155
5.1 RISCO SISTEMÁTICO X RISCO NÃO SISTEMÁTICO............................................................ 158
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 160
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 161

TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS....................... 165


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 165
2 FLEXIBILIDADE GERENCIAL........................................................................................................ 165
2.1 TEORIA DE OPÇÕES..................................................................................................................... 167
2.1.1 Opções reais x opções financeiras....................................................................................... 168
3 VISÃO DO PROJETO......................................................................................................................... 175
4 INVESTIMENTOS NA PRODUÇÃO............................................................................................. 180
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 185

TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO...................................... 187


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 187
2 CICLOS OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO...................................................... 187
3 PONTO DE EQUILÍBRIO.................................................................................................................. 190
4 PLANEJAMENTO DE CURTO E LONGO PRAZO..................................................................... 193
4.1 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO..................................................................................... 194
4.2 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO.................................................................................... 195
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 196
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 199

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 201

IX
X
UNIDADE 1

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A


ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer e analisar decisões de investimentos;

• entender o impacto da inflação no mercado;

• aprender sobre os indicadores financeiros;

• conhecer as diversas fontes de financiamentos;

• compreender a diferença entre as taxas de juros mais utilizadas;

• analisar o fluxo financeiro empresarial;

• comparar informações empresariais como: Liquidez x Lucratividade e Ci-


clo Operacional x Ciclo Financeiro.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

TÓPICO 2 – TAXAS E JUROS

TÓPICO 3 – ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

1 INTRODUÇÃO
O mercado financeiro brasileiro apresentou uma enorme evolução nas
últimas décadas, principalmente no que se refere aos instrumentos disponíveis
para investimento.

Afinal, o que vem a ser investimento? Títulos de Renda-Fixa, Taxa DI, Taxa
SELIC, Ações, Fundos de Investimento Multimercados, Clubes de Investimento e
Ações? Ou ainda, Investimento em Máquinas, Equipamento, Produção, Abertura
de uma nova unidade? Se você respondeu a alguma das opções acima, está
correto! O investimento é tudo isso e muito mais. É todo capital desprendido no
desejo de se obter lucro.

Nesse sentido, a análise de investimentos torna-se necessária visando


contribuir com os gestores que estão à frente das tomadas de decisões, pois
buscam evidenciar os prós e contras de um determinado projeto ou investimento.

Seu estudo é imprescindível, pois auxiliará os gestores nas projeções


presentes e futuras, contribuindo nas tomadas de decisões.

Aproveite ao máximo esta unidade e lembre-se da pirâmide de Glasser


(1925).

3
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 1 – PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM DE GLASSER (1925)

COMO APRENDEMOS

Pirâmide de aprendizagem
de William Glasser

Ler

Escutar

Ver

Ver e ouvir

Conversar,perguntar,repetir,
relatar,numerar, reproduzir,
recordar, debater, nomear
Escrever,interpretar,traduzir,
expressar,revisar,identificar,comunicar,
ampliar,utilizar,demonstrar,praticar,
diferenciar,catalogar.

Explicar,resumir,estruturar,definir,
generalizar,elaborar,ilustrar

FONTE: <https://media.licdn.com/dms/image/C4E22AQHKdYdT-B9A3g/feedshare-shrink_1280/
0?e=1562198400&v=beta&t=hN7-bEvHsEWYR9PTeeuQHfOzXM-otITf3juyzgFJTSg>. Acesso em:
5 jun 2019.

William Glasser foi um psiquiatra americano que teve suas teorias


aplicadas na educação. Segundo a pirâmide, nós aprendemos e assimilamos 10%
quando lemos, 20% quando ouvimos, cerca de 30% quando observamos e 50%
quando vemos e ouvimos o conteúdo. Porém, a efetividade aumenta cerca de
70% quando nós debatemos o conteúdo.

Por isso, temos à disposição vários materiais para lhe auxiliar nesta
caminhada, além da nossa central de atendimento.

Lembre-se: Não basta saber, é preciso saber fazer.

Mãos à obra e Bons Estudos!

4
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2 INVESTIMENTO: TOMADA DE DECISÃO


Em um mundo globalizado, com mercados mais dinâmicos e interligados,
em que o capital já não tem mais fronteiras, as inovações tecnológicas são
cada vez mais frequentes e a concorrência cada vez maior, não há espaço para
investimentos malsucedidos, pois estes podem comprometer a saúde financeira,
a imagem e a credibilidade das empresas, bem como a continuidade dos seus
negócios (CAMLOFFSKI, 2014).

Souza e Clemente (2009, p. 1) descrevem que “empresas são organizações


que envolvem recursos humanos, materiais e financeiros, e que podem ser
analisadas segundo diferentes pontos de vista”.

Para os autores, entre os mais variados exemplos, podemos considerar


uma empresa como uma entidade de natureza política, privilegiando a análise da
luta pelo poder e das formas como este é exercido.

Ou ainda, alternativamente, encarar a empresa como unidade


sociocultural, ressaltando-se o contexto em que as pessoas interagem e a forma
como isso influencia a sobrevivência e o crescimento da empresa.

Se analisarmos desse ponto de vista, os valores, os símbolos, os códigos,


os costumes e a tradição que caracterizam a empresa e lhe emprestam certa
personalidade ganham destaque.

O que é preciso deixar claro aqui, é que a análise do processo decisório de


uma empresa deve levar em conta essas e demais considerações pertinentes sobre
o ambiente que as cercam.

Quando falamos em tomada de decisão na análise de investimentos,


um passo importante é identificar qual a maneira mais eficiente de se investir,
minimizando os riscos da operação. Afinal, uma decisão errada pode trazer um
grande prejuízo financeiro.

Mas por onde começar?

Primeiramente deve-se realizar a análise da viabilidade econômica da


empresa, na qual os seguintes fatores devem ser analisados:

• Conhecer os números reais da empresa e os valores a serem investidos.

Aqui o gestor deve ter uma clara compreensão dos principais


demonstrativos contábeis e financeiros utilizados pela empresa. Porém, torna-
se necessário saber interpretá-los. Atualmente os principais demonstrativos
contábeis são o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício.
Vejamos um pouco sobre cada um deles.

5
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O Balanço Patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser


entendida. É muito utilizada por usuários externos à empresa: bancos, governo,
fornecedores, clientes, sindicatos ou qualquer outro usuário que tenha de
alguma forma interesse pela situação patrimonial da empresa (IUDÍCIBUS;
MARION, 2018).

Vejamos no quadro a seguir as informações que pertencem ao Balanço


Patrimonial (BP).

QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL E SUAS CONTAS

ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Circulante*
Circulante*
São contas que estão constantemente
São obrigações exigíveis que serão
em giro – em movimento – sendo que a
liquidadas no próximo exercício social:
sua conversão em dinheiro ocorrerá, no
nos próximos 365 dias após o levantamento
máximo, até o próximo exercício social.
do balanço.
Não circulante
Não circulante
Compreendem todas as contas que não
Compreendem todas as obrigações exigíveis
serão realizadas no próximo exercício
que não serão liquidadas no próximo
social.
exercício social.
– Realizável a longo prazo
– Exigível a longo prazo
Incluem-se nessa conta bens e direitos
São obrigações exigíveis que serão
que se transformarão em dinheiro após o
liquidadas com prazo superior a um ano –
exercício seguinte.
dívidas a longo prazo.
– Investimentos
Patrimônio líquido
São as participações permanentes em
São recursos dos proprietários aplicados na
outras sociedades e os direitos de qualquer
empresa. Os recursos significam o capital
natureza, não classificáveis no ativo
mais o seu rendimento – lucros e reservas. Se
circulante, e que não se destinem à
houver prejuízo, o total dos investimentos
manutenção da atividade da companhia
dos proprietários será reduzido.
ou da empresa.
– Imobilizado
São os direitos que tenham por objeto
bens corpóreos (palpáveis) destinados à
manutenção da atividade fundamental da
companhia ou da empresa ou exercidos
com essa finalidade, inclusive os
decorrentes de operações que transfiram
à empresa os benefícios, riscos e controle
desses bens.
– Intangível
São direitos que tenham por objetos bens
incorpóreos, isto é, que não podem tocar,
destinados à manutenção da empresa ou
exercidos com essa finalidade, inclusive o
fundo de comércio adquirido.

* Na entidade em que o ciclo operacional tiver duração maior do que o período de 12 meses, a
classificação como circulante ou não circulante terá por base o prazo do ciclo.
FONTE: Iudícibus e Marion (2018, p. 16)

6
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Agora é a hora de conhecermos a Demonstração do Resultado do


Exercício (DRE), que é uma das principais demonstrações contábeis utilizadas
na tomada de decisões por parte dos gestores das empresas independentemente
de seu tamanho. Tem como foco principal compilar as informações do passado
e dar uma visão abrangente sobre como a empresa vem se desenvolvendo. Suas
informações são de grande relevância para o planejamento estratégico que
vai definir que caminho a empresa vai seguir. A DRE é um resumo ordenado
das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses) e é
apresentada de forma dedutiva (vertical).

QUADRO 2 – ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTO DO EXERCÍCIO

FONTE: Iudícibus e Marion (2018, p. 17)

QUADRO 3 – INFORMAÇÕES QUE PERTENCEM A DRE

CONTA INFORMAÇÕES

Neste grupo incluem-se todos os valores que não


representam sacrifícios financeiros (esforços) para
Receita Operacional Bruta a empresa, mas que são meros ajustes para se
(=)Total Geral das Vendas chegar a um valor mais indicativo que é Receita
–) Deduções Líquida, como, por exemplo, Impostos cobrados do
consumidor no momento da venda, as devoluções
e cancelamentos de vendas.

CPV – Custo dos produtos vendidos são


somente os gastos da  fábrica  (gastos de
produção), incluindo matéria-prima, mão de
Receita Operacional Líquida obra, depreciação de bens da fábrica, aluguel
–) Custos do período da fábrica, energia elétrica da fábrica etc.
CMV – Custo das mercadorias vendidas.
CSP – Custo dos serviços prestados (mão de obra,
despesas necessárias para fazer os serviços).

7
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

São os gastos de escritório, gastos para administrar


(despesas administrativas) a empresa como um
Lucro Bruto todo: desde o esforço para colocar os produtos
–) Despesas ao cliente (despesas de vendas: propaganda,
comissão), até a remuneração ao capital de terceiros
(despesa financeira: juros).
Geralmente, são gastos imprevisíveis, anormais,
extraordinários, que não contribuem para a
Lucro Operacional
obtenção de receita (vendas), por exemplo, perdas
–) Perdas
em recebimentos de crédito, quebra e obsolescência
de estoque, sinistros com roubos, incêndios etc.

Há pessoas que, voluntária ou involuntariamente,


terão uma “fatia do lucro”: Governo (por meio do
(–) Partic. Terceiros
Imposto de Renda); administradores, empregados
(gratificação) etc.
Lucro Líquido à Disposição da
Empresa (ou Prejuízos) Sócios/Acionistas – distribuição do lucro para os
(–) Participação dos sócios/ sócios e dividendos no caso de acionista.
acionistas
FONTE: Adaptado de Iudícibus e Marion (2018, p. 17)

• Entender a fundo o mercado de atuação da companhia.

É somente a partir do conhecimento e envolvimento gerado a respeito do


mercado e do público-alvo da companhia que se pode ter êxito no negócio. Isso
demanda que a companhia conheça mais sobre o mercado em que está inserido, e
sobre seus consumidores (anseios e dores do seu público em questão).

8
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 2 – ENTENDENDO O MERCADO

PESQUISA DE MERCADO
Entenda o Conceito e saiba porque é importante para sua empresa de Turismo

O QUE É?
O estudo de mercado diz respeito à
pesquisa realizada por empreendedores
que estão criando sua empresa ou
se situando melhor em seu mercado
de atuação. Seu objetivo é analisar o
segmento de uma empresa e aplicar
estratégias com maior precisão.

POR QUE FAZER?


É através dessa análise que você saberá
quem é seu público-alvo, quem são
seus principais concorrentes, além de
estudá-los a fundo. Assim, você consegue
identificar as dificuldade, vantagens,
desafios e oportunidades em seu nicho
de atuação.

COMO FAZER?
Para fazer uma pesquisa de mercado,
é necessário que você analise alguns
pontos, como a análise macro-ambiental,
necessidades do mercado, análise da
concorrência e questão regulamentação.
Esse são os principais itens!

FONTE: <http://envisiontecnologia.com.br/pesquisa-de-mercado/>. Acesso em: 16 fev. 2019.

• Montar o fluxo de caixa, com projeções de ganhos e eventuais perdas.

Em um cenário de crise e concorrência acirrada, a empresa que mantiver


melhor organização financeira sairá na frente. Não é possível uma administração
eficaz sem um fluxo de caixa de alto nível. A distância entre o fracasso e o sucesso
é determinada pelos detalhes.

Entende-se como fluxo de caixa projetado aquele que é a feito com base
na estimativa de entradas e saídas, diferente do fluxo de caixa tradicional, que é
elaborado utilizando-se as entradas e saídas de dinheiro que já aconteceram na
empresa.

9
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

E
IMPORTANT

O fluxo de caixa é uma projeção e não uma adivinhação. Por isso, ele deve estar
baseado em dados reais. Para isso, solicite à contabilidade uma descrição dos pagamentos e
recebimentos organizados por períodos.

• Definir a taxa mínima de atratividade

A taxa mínima de atratividade (TMA) é o retorno mínimo que o investidor


espera ter em relação a um determinado investimento. Definir esta taxa torna-se
complexa pelo fato de não existir uma regra específica para isso.

E
IMPORTANT

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é um conceito utilizado nas Ciências


Econômicas. Representa basicamente a taxa mínima que um investidor se propõe a ganhar
quando faz um investimento. Sua formação é feita utilizando-se o custo de oportunidade, o
risco do negócio e a liquidez do negócio.

• Avaliar os riscos de sucesso ou fracasso do investimento

Esse fator deve levar em consideração o planejamento, para que se possa


visualizar o futuro e prever as adversidades que serão enfrentadas durante a
execução das atividades. Não temos certeza do que acontecerá no futuro, porém,
com o planejamento é possível identificar e mensurar alguns riscos, bem como
minimizar as incertezas.

3 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO


Bruni (2013) escreve que o dinheiro representa um denominador comum
nas análises e decisões tomadas com o auxílio da matemática financeira. Com o
intuito de facilitar o processo de tomada de decisões, todos os aspectos inerentes
à decisão são convertidos e apresentados sob a forma de dinheiro.

Exemplo: se uma empresa pensa em construir uma nova fábrica, todos os


aspectos relativos a essa decisão devem ser apresentados sob a forma de dinheiro:

10
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

as obras a serem feitas, as máquinas e equipamentos a serem comprados, os


estoques de matérias-primas e produtos acabados e o treinamento dos novos
funcionários. Da mesma forma, todos os benefícios e gastos decorrentes da
decisão de investimento precisariam ser convertidos em dinheiro. As receitas e os
gastos incrementais associados à nova fábrica precisariam ser apresentados sob a
forma de dinheiro, bem como os lucros e fluxos de caixa decorrentes da decisão.

Porém, o autor complementa que só faz sentido analisar o dinheiro se esta


análise for feita com base no estudo da evolução do dinheiro no tempo, variável
fundamental quando se fala em dinheiro.

Mas o valor do dinheiro no tempo não é um conceito novo, pois Benjamim


Franklin já teve um entendimento de como ele funcionava quando deixou de
presente para as cidades de Boston e Filadélfia nos EUA, o valor de $1.000 para
cada uma. Junto ao presente, deixou instruções para que as cidades emprestassem
o dinheiro, com a taxa de juros em vigor no país para os aprendizes merecedores.
Então, depois que o dinheiro tivesse sido investido deste modo durante 100 anos,
eles deveriam usar uma porção do investimento para construir algo de benefício
para a cidade e guardar alguma parte para o futuro. Nos 213 anos em que isto
foi feito, o presente de Benjamim Franklin para Boston resultou na construção do
Franklin Union e ajudou incontáveis estudantes de medicina com empréstimos.
Na cidade de Filadélfia, igualmente, colheu recompensas significantes. Tenha em
mente que tudo isto veio de um presente combinado de $2.000 e um pouco de
ajuda séria do valor do dinheiro no tempo.

O estudo da evolução no tempo do capital emprega raciocínios, métodos


e conceitos matemáticos, por isso, este estudo é conhecido também como
MATEMÁTICA FINANCEIRA. Vejamos agora um exemplo prático desse
conceito por meio da matemática.

Vamos supor que o preço da gasolina em 02/2019 seja R$ 3,50 por litro.
Logo, com R$ 140,00 podemos abastecer nosso carro com 40 litros da gasolina
Fórmula = 140,00/3,50 = 40 litros.
Agora, se daqui há 1 ano o preço da gasolina estiver R$ 4,00 por litro, teremos
duas opções:
1ª - Ou abastecemos menos combustível, com o mesmo valor de 02/2019
(140,00/4,00 = 35 litros), ou
2ª - Pagamos mais pela mesma quantidade de litros (40 litros x R$ 4,00 = 160,00)
O que podemos concluir? A expectativa de aumento do combustível ocasionou
uma perda no nosso poder de compra. Isso é a inflação, neste caso específico
temos um aumento no preço equivalente a 14,29%, ou seja, de R$ 3,50 para R$
4,00.

FONTE: <https://calculadorajuroscompostos.com.br/o-valor-do-dinheiro-no-tempo/>. Acesso


em: 18 fev. 2019.

11
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

A maneira mais simples de entender finanças envolvendo considerações


não apenas de dinheiro e tempo, mas sim de dinheiro no tempo, ou, simplesmente,
o conceito de rentabilidade ou retorno, pode ser representado pelo quadro a
seguir (BRUNI, 2013):

QUADRO 4 – DINHEIRO NO TEMPO E RETORNO

Dinheiro
= Retorno
Tempo

FONTE: Bruni (2013, p. 25)

Quando um investidor compra ações, os resultados financeiros da sua


decisão devem ser apresentados sob a forma da evolução do seu dinheiro no
tempo.

DICAS

Você certamente já ouviu a expressão “TEMPO É DINHEIRO”.


Sabia que Benjamin Franklin é o protagonista desta frase? Ele a escreveu em um curto artigo
chamado Advice to a Young Tradesman (Conselhos para um Jovem Negociante) em 1748.
Saiba mais em: <https://founders.archives.gov/documents/Franklin/01-03-02-0130>.

3.1 INFLAÇÃO
Inflação é um dos conceitos econômicos mais comentados pelos brasileiros.
E o motivo é notório, pois a alta dos preços tem influência direta no bolso do
consumidor e nos custos das empresas.

Acompanhar as mudanças na taxa de inflação é essencial para qualquer


investidor. Seu conceito é muito mais abrangente do que pode parecer à primeira
vista, e compreendendo-a, você certamente terá chances de obter melhores
rendimentos nos investimentos.

Os índices que medem a variação dos preços, como o IGP-M, o IPCA e


o INPC (sobre os quais vamos falar no próximo item), traçam uma análise do
cenário econômico e refletem as medidas aplicadas pelo governo para controlar
as finanças do país.

12
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Mas o que é inflação? É o aumento generalizado nos preços de bens


e serviços. A inflação é medida por meio de uma taxa que se refere a uma
média do crescimento de valores de um conjunto de bens e serviços em um
determinado período.

Exemplos: nas frutas mais caras no supermercado e na mensalidade mais


alta na academia. Ou seja, na prática, se a inflação aumentar e o seu salário não,
você vai perder o que chamamos de poder de compra.

FIGURA 3 – IMPACTO DA INFLAÇÃO NO PODER DE COMPRA

FONTE: <https://cdn.mises.org.br/images/articles/e3fd81325c3e4999aa5d64061e499e51.jpg>.
Acesso em: 22 fev. 2019.

Tendo o mesmo dinheiro você comprará menos, pois os itens vão estar
mais caros, pois seu dinheiro está desvalorizado. Esse é um dos motivos pelos
quais ninguém gosta da inflação.

Para compreendermos melhor, vamos entender primeiro a história da


inflação no Brasil. Especialmente antes do Plano Real, o Brasil vivenciou um
período de hiperinflação, entre as décadas de 1980 e 1990. Dados da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) demonstram que, durante esse período,
a inflação média no país foi de 233,5% ao ano.

Os principais motivos que levaram a inflação a sair do controle foram


internos e externos:
• Elevação dos gastos públicos durante o governo militar.
• Endividamento externo (ainda mais agravado por conta de uma crise mundial
derivada do aumento dos preços do petróleo).
• Retração na taxa de expansão da economia.

13
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Nesse período, a vida da população brasileira foi fortemente


impactada, pois a hiperinflação chegou a superar os 80% ao mês. Nem mesmo
os supermercados davam conta de atualizar os preços – tinham de colar uma
etiqueta por cima da outra.

FIGURA 4 – INFLAÇÃO. A MÁQUINA DE ETIQUETAR EM AÇÃO: PREÇOS REMARCADOS


DIARIAMENTE E PRATELEIRAS VAZIAS

FONTE: <https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/dragao-da-inflacao-assombrou-os-
brasileiros-ao-longo-de-quatro-decadas-8999171>. Acesso em: 22 fev. 2019.

As prateleiras rapidamente esvaziavam-se, pois o consumidor comprava


tudo em grandes quantidades, com medo da alta nos custos dos produtos que
apareceria no mês seguinte.

Hoje em dia, dificilmente contemplamos esse cenário, porém, isso é um


demonstrativo do quanto à inflação é capaz de impactar em um país, denotando a
importância dos governantes estarem sempre atentos a ela na hora de estabelecer
suas medidas econômicas.

DICAS

Quer saber mais sobre Inflação e seus impactos? Assista ao vídeo proposto que
explica de maneira fácil e lúdica esse conceito. Acesse o link: <https://www.youtube.com/
watch?v=ZZEFReskU0Y>. Acesso em: 23 maio 2019.

14
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

3.1.1 História da inflação brasileira


Para entendermos melhor o histórico da inflação brasileira, temos que
analisar dois cenários: antes e após a implementação do Plano Real, em 1994.

FIGURA 5 – HISTÓRIA DO DINHEIRO BRASILEIRO

FONTE: <https://escolinhadahora.blogspot.com/2011/02/pequena-historia-do-dinheiro-
brasileiro.html>. Acesso em: 22 fev. 2019.

No ano de 1980, a inflação já apresentava sinais preocupantes de


descontrole, a variação anual do IPCA apontou registros de aumento de 99,7%.
Nos anos seguintes, entre quedas e elevações estrondosas, a variação anual do
IPCA chegou a 1972,9% em 1989 e atingiu seu ápice de 2.477,15% em 1993, logo
antes do Plano Real.

15
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 6 – HISTÓRICO DA INFLAÇÃO DESDE O PLANO REAL

FONTE: <https://f.i.uol.com.br/folha/mercado/images/1801043.png>. Acesso em: 6 abr. 2019.

Observando a figura anterior, é possível se ter uma ideia de como a nova


moeda (que substituiu o Cruzeiro Real) ajudou no controle inflacionário.

A inflação influencia diretamente na análise de investimento, podendo


conduzir a erros. Por isso, torna-se essencial o conhecimento e o acompanhamento
de indicadores econômicos financeiros para uma análise mais precisa.

16
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 7 – VARIAÇÃO ANUAL DO IPCA (DEPOIS DO PLANO REAL)

FONTE: <https://f.i.uol.com.br/folha/mercado/images/1801046.png>. Acesso em: 6 abr. 2019.

Observe na figura anterior, que a inflação encerrou no ano de 2017 em


2,95%, ou seja, abaixo da meta estabelecida pelo governo que é de 4,5%.

4 INDICADORES ECONÔMICOS
A ADVFN – Advanced Financial Network (2019) relacionou os
principais indicadores econômicos do Brasil utilizados para o cálculo de taxa de
juros, inflação, aluguéis e demais valores contratuais. 

Os dados são obtidos diretamente das fontes dos dados: Banco Central
do Brasil (BCB), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fundação
Getúlio Vargas (FGV). 

Os indicadores econômicos permitem a análise do desempenho econômico


e as previsões de desempenho futuro. O primeiro indicador econômico que
abordaremos é o INPC.

17
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor

Produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o


Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é um dos principais indicadores
brasileiros da variação mensal dos preços. O INPC mede a variação do custo de
vida das famílias com chefes assalariados e com rendimento mensal compreendido
entre 1 e 5 salários mínimos mensais, o que representa aproximadamente 50% das
famílias brasileiras.

O INPC é calculado de 1979 pelo IBGE e é muito utilizado pelo Governo


como parâmetro para o reajuste de salários em negociações trabalhistas.

Taxa Selic

A Taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira. Esta taxa


básica é utilizada como referência para o cálculo das demais taxas de juros
cobradas pelo mercado e para definição da política monetária praticada pelo
Governo Federal do Brasil.

Criado em 1979 o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) é


um sistema informatizado destinado ao registro, custódia e liquidação de títulos
públicos federais.

Somente as instituições credenciadas no mercado financeiro têm acesso


ao SELIC. Este sistema opera basicamente com títulos emitidos pelo Banco
Central e pelo Tesouro Nacional, tais como: Letra do Tesouro Nacional e Nota
do Tesouro Nacional.

Comumente a Taxa Selic é utilizada em operações de curto prazo entre


os bancos, que, quando querem tomar recursos emprestados de outros bancos
por pequenos prazos (geralmente um dia), oferecem títulos públicos como
garantia, objetivando reduzir o risco, e, consequentemente, a remuneração da
transação (juros).

  Quem estabelece a meta para a taxa SELIC é o Comitê de Política


Monetária (COPOM).

DICAS

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão decisório da política


monetária do Banco Central do Brasil (BC) e o responsável por estabelecer a meta para a Taxa
Selic. O Copom foi constituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer um
ritual adequado ao processo decisório de política monetária e aprimorar sua transparência.
FONTE: <https://br.advfn.com/indicadores>. Acesso em: 23 maio 2019.

18
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

IGPM – Índice Geral de Preços – Mercado

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é calculado mensalmente


pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice registra a inflação de produtos
agropecuários e industriais vendidos no atacado, de bens e serviços vendidos ao
consumidor no varejo e dos custos relacionados à construção civil. O IGP-M é
utilizado como referência para o reajuste dos aumentos da energia elétrica e dos
contratos de aluguéis.

Este índice tem como objetivo monitorar a variação dos custos para
verificar a movimentação dos preços. Isso quer dizer que: quanto maior o valor
desses itens em relação ao mês anterior, maior será o indicador. A mesma coisa
se dá para o contrário, ou seja, tendo diminuição do valor desses itens de um mês
para o outro, menor será o índice.

Na linguagem dos investidores, o aumento no IGP-M significa que seu


dinheiro valerá um pouco menos, visto que a maioria dos rendimentos não são
corrigidos de acordo com a inflação.

E
IMPORTANT

Você costuma acompanhar mensalmente a evolução do IGPM? Se ainda não


acompanha, deveria começar a fazê-lo, pois esse indicador afeta diretamente a vida de todo
cidadão brasileiro.

IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

Criado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice


Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPCA) também é conhecido como
IPCA, e é o indicador oficial do Governo Federal para avaliação das metas
inflacionárias.

Inicialmente o índice IPCA foi constituído com a finalidade de corrigir as


demonstrações financeiras das companhias de capital aberto.

Atualmente, o IPCA mede a variação do custo de vida das famílias com


chefes assalariados e que tenham seu rendimento mensal entre 1 e 40 salários
mínimos mensais.

Os preços utilizados nesse índice são os praticados ao consumidor, para


pagamento à vista. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais,
prestadores de serviços, domicílios e concessionárias de serviços públicos.

19
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

INCC – Índice Nacional da Construção Civil

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é o principal indicador


de custo da construção civil no Brasil. Criado pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV), o índice tem a função de medir a evolução dos custos de construções
habitacionais nas sete principais capitais de estados do país.

Consolidou-se como o primeiro índice oficial de custo da construção civil


do Brasil e teve sua primeira divulgação realizada em 1950 (porém, sua série
histórica retroage a janeiro de 1944). Inicialmente, o indicador cobria apenas a
cidade do Rio de Janeiro e sua sigla era ICC (Índice de Custo da Construção). Em
fevereiro de 1985, a sigla ICC foi substituída pela sigla INCC (Índice Nacional de
Custo da Construção).

Como nas décadas seguintes, a atividade econômica da construção civil


se descentralizou-se, o indicador passou a acompanhar os custos de construções
em outras localidades.

O INCC é uma estatística contínua, de periodicidade mensal, calculado


entre o primeiro e o último dia de cada mês, e é divulgado em três diferentes
versões: INCC-DI, INCC-10 e INCC-M.

Além dos indicadores mencionados acima, outros também poderão


ser utilizados como: Salário Mínimo, Balança Comercial, PIB (Produto Interno
Bruto) etc.

5 FONTES DE FINANCIAMENTO
Pode-se caracterizar as fontes de financiamento como sendo um conjunto
de capitais internos e externos à organização utilizados para financiamento das
aplicações e investimentos realizados.

Quando há necessidade de uma fonte de financiamento, a primeira grande


escolha a ser feita é analisar se o financiamento deverá ser externo ou interno.
Além disso, outras questões também devem ser analisadas, como: a perda ou
ganho de autonomia financeira, a facilidade ou possibilidade de acesso às fontes
de financiamento, exigibilidade/prazo para a sua restituição, garantias exigidas e
o custo financeiro (juros) desse financiamento.

De acordo com o site ValoreBrasil (2017). as principais fontes de


investimentos de capital podem ser divididas em quatro grupos:

• Fontes para a fase inicial de um negócio (IDEIA), normalmente startups.


• Fontes de capital próprio (bootstrapping) ou subsidiado (por terceiros ou pela
operação da empresa).
• Fontes com participação societária, normalmente os fundos.
• Fontes com capital oneroso, normalmente os empréstimos e financiamentos.
20
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Vejamos cada uma dessas fontes de forma detalhada.

5.1 FONTES PARA FASE INICIAL


Seed Capital – Também conhecido como capital semente, é a primeira
rodada de capital para um negócio de startup. A base do nome vem da ideia no
estágio inicial que planta uma semente para permitir que a pequena empresa
cresça. O empresário deve estar comprometido e entusiasmado na busca de
dinheiro semente, uma vez que ele tem pouco mais para atrair investidores.

Os únicos investidores com probabilidade de investir no novo negócio


são aqueles que respeitam o julgamento e as habilidades do empreendedor. Essas
pessoas são as que conhecem melhor o empreendedor. Isso se deve ao fato de
ser quase impossível prever o sucesso do projeto em questão e os investidores
sementes esperam participar do sucesso do empreendedor e realizar um retorno
saudável, pois seu investimento se valoriza ao longo do tempo.

Aceleradoras – são empresas que têm como objetivo principal apoiar,


criar atalhos e investir no rápido desenvolvimento e crescimento de empresas
nascentes. Elas recrutam e selecionam empresas em fase inicial e orientadas
para o crescimento, e além de recurso financeiro, oferecem também educação e
mentoria.

O processo de aceleração é intenso, rápido e imersivo, pois visa acelerar


o ciclo de vida das novas empresas, reduzindo anos de aprendizado para poucos
meses. Como exemplo de aceleradoras temos: Dropbox e Airbnb.

5.2 FONTES DE CAPITAL PRÓPRIO


Capital próprio (boot strap) significa “recursos próprios do
empreendedor”. Compreende-se em um conjunto de ações e estratégicas para
iniciar um negócio sem utilizar capital oneroso. Sua expressão vem do inglês
“apertar a fivela das botas”. Sem ajuda financeira externa.

Ex.: finanças pessoais, subsídios ou das receitas operacionais da própria


empresa.

FFF ou 3 F’s (Family, Friends and Fools) – Os três “F” são amigos,
familiares e tolos. Um jeito popular de mostrar a importância das redes informais
para se conseguir capital.

Esse público normalmente oferece ajuda financeira a custos baixos,


confiável e relativamente rápida de ser adquirida. Destaca-se a importância de
tomar cuidado apenas, para que as relações de negócio não prejudiquem as
relações pessoais.

21
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Capital subsidiado (subvenção) – são fontes de recursos que disponibilizam


capital ao empreendedor e que não têm o compromisso de devolver no futuro,
oferecendo algo em troca para a sociedade. O empreendedor tem o compromisso
de realizar o projeto e atingir os objetivos previamente acordados.

Exemplo de principais fontes com subsídio: fundações de grandes causas


específicas, Governos, Fundos soberanos. Agências federais ou estaduais e ONGs.

Parcerias estratégicas – são ações comerciais com empresas que se


relacionem com seu negócio. Primeiro identifica-se a complementariedade
(quem mais pode se beneficiar com seu produto?) e depois faz uma proposta com
diferencial para as duas empresas.

Exemplos de parcerias: Tudo Azul e Master Card – Gol e Mãe Terra.

5.3 FONTES COM PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA


São processos de negociações entre organizações ou pessoas físicas
(cotistas) que objetivam a transferência de cotas sociais de uma empresa para
outra empresa ou pessoa física. Divide-se em dois grandes grupos:

Investidor financeiro: quando o comprador tem interesse focado em


maximizar o retorno por meio da retirada de dividendos e ganho de capital na
venda do ativo em curto e médio prazos.

Investidor estratégico: quando o comprador opera no mesmo segmento


da vendedora e tem interesse operacional na empresa com intuito de manter o
investimento no longo prazo.

Os principais tipos de investidores dessa modalidade são:

Investidor Anjo (Angel Money) – é uma modalidade de fonte de


financiamento regida pela Lei Complementar nº 155/16 e investe em pequenas
startups ou empresários.

Os investidores anjos fornecem condições mais favoráveis em comparação


a outros credores, tanto para o empreendedor como para o próprio investidor.
Esses investidores estão focados em ajudar nos primeiros passos, e não somente
nos possíveis lucros que podem obter do negócio em curto prazo.

São indivíduos que injetam capital em troca de participação societária ou


dívida conversível em participação. Alguns investidores anjos também podem
investir através de plataformas de crowdfunding on-line ou criam suas próprias
redes de investidores para um grupo de capital.

22
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Exemplos de investidores anjos e empresas que já foram investidas: Anjos


do Brasil e Angels Club.

Crowdfunding Equity – é uma modalidade considerada ainda nova no


Brasil. É conhecida como financiamento coletivo, pois sua captação é feita por
meio de micro investidores (normalmente via internet) e esses investidores
recebem participação da sociedade.

As plataformas dessa modalidade de investimento, normalmente,


liberam o recurso após atingir um valor predefinido (diminuindo o risco do
micro investidor). Esse financiamento coletivo, também pode praticar outras
modalidades de investimento como: ONGs, filantropia, cultura, caridade,
pequenos negócios, ativismo, artes, games, entre outros.

Corporate Venture – é a expressão utilizada para caracterizar o


investimento de empresas (geralmente de grande porte) em negócios nascentes.
Nessa modalidade de investimento especial de capital de risco as empresas não
financeiras investem em empresas-alvo, como startups ou negócio com tecnologia
agregada.

O foco é inovação, porém também olham para o retorno sobre o


investimento, ou seja, perseguem objetivos estratégicos no desenvolvimento de
tecnologias ou campos comerciais novos ou complementares para aqueles em
que a empresa já está na ativa.

Os objetivos dessas empresas compreendem o acesso ao financiamento


adicional e o fortalecimento dos canais de pesquisa e desenvolvimento ou
marketing e distribuição.

Exemplos de empresas com  Corporate Venture: Google Ventures e Intel


Capital.

Venture Capital – resume-se basicamente em uma classificação de capital


de risco, na qual um investidor aplica em um negócio. Funciona como uma
espécie de subsídio para que o pequeno empreendedor recebe para viabilizar a
sua criação e transformá-la em rentável.

O capital de risco geralmente vem de investidores, bancos de investimento


e outras instituições financeiras. Esse tipo de investidor poderá agregar não
apenas financeiramente, mas também em gestão, governança, estratégias etc.
Normalmente neste tipo de investimento a participação do fundo é minoritária.

Private Equity – é uma modalidade destinada a empresas que já tenham


faturamento, sejam de porte médio e tenham boa capacidade de crescimento. Em
muitos casos, esse investimento antecede a entrada dessas empresas na bolsa, em
que as ações, valorizadas, podem ser negociadas em condições melhores.

23
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O private equity é uma fonte de capital de investimento de pessoas


e instituições de alto patrimônio líquido com o objetivo de investir e adquirir
participações em empresas de médio e grande porte.

Gestores de fontes private equity coletam fundos e gerenciam este capital


para produzir retornos favoráveis para seus clientes acionistas, geralmente com
um horizonte de investimento entre quatro e sete anos. Esses fundos podem ser
usados na compra de ações de empresas privadas ou públicas.

O montante mínimo de capital necessário para os investidores varia


dependendo da empresa e do fundo arrecadado.

Exemplos de fundos de Private Equity: Pátria Investimentos e Gávea


Investimentos.

Observe na figura a seguir a relação entre o seed money, venture capital e


private equity.

FIGURA 8 – RELAÇÃO ENTRE O SEED MONEY, VENTURE CAPITAL E PRIVATE EQUITY

3- Private Equity:
apontam recursos em empresas já
bem desenvolvidas, em processo de
consolidação de mercado, para ajudá-las
a se preparar para abrir capital, fundir-se
ou serem adquiridas por outras grandes
empresas.

2- Venture Capital
Investem em empresas
que já estão faturando
bem, mas ainda estão em
processo de crescimento
e desenvolvimento.
1- Seed Capital:
apostam na fase inicial
dos negócios e, por
isso, são chamados de
seed capital ou capital
semente. Eles fornecem
recursos para estruturar
e fazer essas empresas
deslancharem.

FONTE: <http://www.valorebrasil.com.br/2017/09/28/quais-sao-as-principais-fontes-de-
investimento-de-capital/>. Acesso em: 22 fev. 2019.

24
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

5.4 FONTES COM CAPITAL ONEROSO


Para analisar se um investimento é positivo ou negativo a uma empresa,
é necessário utilizarmos como indicador o seu Valuation pelo método do fluxo de
caixa descontado. Ele contemplará todas as nuances desta decisão: mostrará a
capacidade de futura geração de caixa e o risco de sua utilização.

Outra forma financeira mais simples para identificar se esse capital é


viável ou não é o indicador chamado ROI (Return on Investment), que significa
retorno sobre o investimento.

Independentemente do indicador utilizado, esse tipo de fonte exige saber


se o retorno que ele gerará compensa seu custo (juros).

Então, para analisar a viabilidade de investimento de capital oneroso,


basta ter em mente que para cada real investido em meu negócio, deverá retornar
mais que o custo desse capital junto ao financiador.

Agora vejamos as principais fontes de financiamento disponíveis no


mercado de capital oneroso.

Empréstimos e financiamentos – são fontes convencionais de capital


oneroso, em que a empresa passa por um processo de aprovação para determinar
o valor, condições e custos do capital. São formados principalmente por bancos
comerciais públicos e privados e por bancos de fomento. Exemplo de bancos de
fomento: BID e BNDES.

Peer-to-Peer Lending (Lending Money) – também conhecido como


empréstimo social. O P2P Lending é uma modalidade financeira, possível graças
à tecnologia, que permite a um grupo de indivíduos com capital (investidores)
emprestarem para indivíduos que precisam do capital (tomadores), sem o uso
de uma instituição financeira oficial como intermediário. A concessão peer-to-peer
remove o intermediário do processo, mas envolve mais tempo, esforço e risco do
que os cenários gerais de empréstimos convencionais. Exemplos de Peer-to-Peer
Lending: Nexoos e LendingClub.

5.5 CUSTO DE CAPITAL


As decisões de financiamento de uma empresa são refletidas pelo custo
de oportunidade dos recursos nela investidos. Da ponderação dos custos das
diferentes fontes por suas participações na estrutura de financiamento de longo
prazo da entidade surge a definição de custo médio ponderado de capital também
conhecido como custo de capital (BRUNI; FAMÁ, 2017).

É comum as definições de capital empregadas em finanças serem


diferentes. Porém, um dos conceitos gerais mais utilizados expressa o capital

25
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

como os fundos de longo prazo usados para financiar os ativos da empresa e suas
operações. As fontes de recursos da empresa podem ser classificadas quanto ao
prazo de quitação ou quanto à origem dos recursos.

Vejamos essa classificação por meio do quadro a seguir.

QUADRO 5 – FORMAS DE CLASSIFICAÇÕES DO CAPITAL DA EMPRESA

Prazo de quitação da fonte


Origem dos recursos
de recursos
Curto prazo:  geralmente com
vencimento dentro de um horizonte de 12 Capital de terceiros:  recursos
meses. Como exemplos citam-se: contas obtidos por meio de financiamentos ou
a pagar, salários a pagar, empréstimos de dívidas.
curto prazo e impostos a pagar.
Longo prazo:  geralmente com
vencimento dentro de horizonte superior
a 12 meses. Como exemplos podem ser
Capital próprio:  recursos dos
mencionados os empréstimos de longo
sócios empregados na empresa.
prazo, e as contas do patrimônio líquido:
ações preferenciais, ações ordinárias e lucros
retidos.

FONTE: Bruni e Famá (2017, p. 26)

Outra forma de visualizarmos as formas de classificação do capital da


empresa é analisando a figura a seguir, que apresenta a Estrutura do Balanço
Patrimonial.

FIGURA 9 – ESTRUTURA DE CAPITAL E CUSTO DE CAPITAL

PASSIVO Capital de
CIRCULANTE Curto Prazo
Capital de
Terceiros
ATIVO EXIGÍVEL A
LONGO PRAZO Capital
Permanente
e de
PATRIMÔNIO Longo Prazo
Capital
LÍQUIDO Próprio

FONTE: <http://livrozilla.com/doc/228714/custo-de-capital--estrutura-de-capital-e-
pol%C3%ADtica-de---cr...>. Acesso em: 22 fev. 2019.

26
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

• O capital de uma empresa está todo investido no Ativo para gerar retornos.
• O custo de capital é um fator de produção consequentemente é a importância
de determinar tal custo.

Os autores Bruni e Famá (2017) escrevem que o custo de capital pode ser
conceituado como a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus
projetos de investimentos, para manter o valor de mercado de suas ações e atrair
os recursos necessários para a empresa.

Habitualmente representa o custo médio ponderado das fontes de


financiamento futuras da empresa. Quando as estimativas futuras não estão
disponíveis, os dados passados ou atuais são empregados. Nesse caso, assume-
se o futuro como uma continuação linear do passado e do presente – o que nem
sempre pode ser verdadeiro.

Como a estimativa dos custos das fontes de curto prazo é complexa, já


que boa parte das contas não destaca o valor dos juros ou encargos financeiros
incorporados, no processo de cálculo do custo de capital apenas as fontes de
longo prazo são analisadas.

A determinação do custo de capital envolve análises dinâmicas de riscos


e impostos, afetados por fatores econômicos e empresariais. Os principais
componentes avaliados no processo de estimativa do custo de capital são:

Risco do negócio ou risco operacional: risco que a empresa corre de não


cobrir os custos operacionais.

Risco financeiro: risco que a empresa corre de ser incapaz de cumprir


os compromissos financeiros exigidos (juros, pagamento de empréstimos,
dividendos de ações etc.). Da superposição dos riscos do negócio e financeiro
resulta o risco total da empresa.

Imposto de Renda: os custos são considerados relevantes depois dos


impostos. Despesas, especialmente financeiras, contribuem para a redução da
carga fiscal. Logo, o custo do capital é medido após a incidência do Imposto de
Renda.

Para obter o custo de capital da empresa, torna-se necessário obter o


custo de cada fonte individual de recursos. O custo específico de cada fonte de
financiamento corresponde ao custo de obtenção dos fundos, hoje e com previsão
para o futuro, após o imposto de renda, e não seu custo histórico, baseado na
estrutura de financiamento atual da empresa.

Vejamos as fontes de financiamento das empresas e os custos associados


a sua captação:

27
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Custo do capital de terceiros: corresponde ao custo das dívidas de longo


prazo, estimado de forma atual e considerando as perspectivas futuras. Deve
ser calculado após o Imposto de Renda, já que os juros são despesas financeiras
dedutíveis e reduzem a carga fiscal. A forma de obtenção do custo relativo aos
capitais de terceiros difere em relação ao mecanismo empregado na captação de
recursos: empréstimos efetuados ou obrigações emitidas (títulos de dívidas).

Custo do capital próprio: representa o custo das fontes de financiamento


fornecidas pelos sócios por meio do patrimônio líquido. Existem, basicamente,
dois procedimentos distintos para a obtenção do custo do capital próprio: o
modelo de crescimento constante de dividendos e o modelo de precificação de
ativos financeiros, CAPM (iniciais de capital asset pricing model).

5.6 PRINCIPAIS: AGENTES E CONFLITOS


Decisões financeiras envolvem aspectos de investimentos e financiamentos.
Sob o ponto de vista das decisões de investimentos, busca-se ganhar mais
aumentando os retornos dos investimentos, considerando os riscos corridos. Já os
objetivos das decisões de financiamentos associam-se a pagar menos, reduzindo
os custos dos financiamentos, considerando, da mesma forma, os riscos corridos
(BRUNI, 2013).

FIGURA 10 – DECISÕES DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS

Objetivo das decisões de investimentos Objetivo das decisões de financiamentos

Ganhar mais, aumentar os retornos Pagar menos, reduzir os custos


dos investimentos dos financiamentos

Criar e maximizar valor e riqueza

FONTE: Bruni (2013, p. 26)

Bruni (2013) escreve que melhores decisões de investimentos e


financiamentos resultariam na criação e maximização de valor da empresa e,
principalmente do valor dos donos, dos sócios ou acionistas da empresa.

Dessa forma, as atribuições dos gestores de finanças poderiam ser


apresentadas pela busca da maximização da riqueza e pelo fato de tomar melhores
decisões de financiamento e investimentos (BRUNI, 2013).

Porém, devido à separação entre a propriedade e a gestão, quem exerce,


efetivamente, o controle são os administradores das companhias, ocorrendo

28
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

assim a assimetria informacional. Nesses casos, o agente tem acesso a dados a


que o principal não tem. A hipótese fundamental dessa teoria é que as pessoas
têm interesses diferentes e cada uma busca maximizar seus próprios objetivos.

A teoria da agência, criada em 1976 por Jensen e Meckling, aborda


exatamente estas relações econômicas bilaterais entre o principal e o agente, e
apresenta três condições: o agente dispõe de vários comportamentos possíveis de
adoção; a ação dos agentes afeta não apenas seu próprio bem-estar, mas também
o do principal; as ações do agente dificilmente são observáveis pelo principal, por
haver assimetria informacional entre as partes.

FIGURA 11 – CONFLITO DE AGÊNCIA

FONTE: <http://inovaemgestao.blogspot.com/2012/06/teoria-da-agencia-e-governanca.html>.
Acesso em: 22 fev. 2019.

A questão é que, os conflitos de interesse geram custos, pois são necessárias


medidas para monitorar os administradores, as quais incluem: contratação de
auditoria independente; implementação de medidas de controle; gastos com
seguros contra danos provocados por atos desonestos de administradores;
estabelecimento da remuneração dos agentes vinculada ao aumento da riqueza
dos acionistas, como a concessão de ações ou opções de ações aos administradores
e outros incentivos ao alinhamento dos interesses entre estes e a administração.

Estes custos são denominados de custos de agência e merecem a mesma


atenção que os demais custos de capital.

29
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Investimentos são Títulos de Renda-Fixa, Taxa DI, Taxa SELIC, Ações, Fundos
de Investimento Multimercados, Clubes de Investimento e Ações, ou ainda,
Investimento em Máquinas, Equipamento, Produção e Abertura de uma nova
unidade.

• Só faz sentido analisarmos o dinheiro se esta análise for feita com base no
estudo da evolução do dinheiro no tempo, variável fundamental quando se fala
em dinheiro. O estudo da evolução no tempo do capital emprega raciocínios,
métodos e conceitos matemáticos, por isso, este estudo é conhecido também
como MATEMÁTICA FINANCEIRA.

• Sobre a inflação, estudamos seu conceito e história, conceituando-a como o


aumento generalizado nos preços de bens e serviços. O controle da inflação só
foi possível depois da implantação do plano real em 1994. Utilizam-se como
indicadores econômicos e de inflação o INPC, Selic, IGPM, IPCA e INCC.

• Sobre as fontes de financiamentos, que podem ser caracterizadas como


um conjunto de capitais internos e externos à organização utilizados para
financiamento das aplicações e investimentos realizados. Destacando-se como
principais fontes: fonte para fase inicial, fonte de capital próprio, fonte com
participação societária e fonte de capital oneroso.

• Nos custos de capital, vimos sobre os de curto prazo e longo prazo, bem como
a definição de capital de terceiros e capital próprio.

• Por fim, destacou-se a importância da inclusão dos custos de agência nos custos
de capital.

30
AUTOATIVIDADE

1 A análise da viabilidade econômica da empresa deve ser feita levando-se em


consideração alguns fatores como:

Analise as sentenças a seguir atribuindo V para as verdadeiras e F para as falsas.


( ) Conhecimento dos números reais da empresa.
( ) Realização do Fluxo de Caixa Direto.
( ) Conhecimento sobre o mercado onde atua.
( ) Conhecimento da taxa mínima de atratividade.

Agora assinale a sequência correta:


a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – V – V – V.

2 Sobre a taxa mínima de atratividade, assinale a alternativa que corresponde


à alternativa correta.

a) ( ) É a taxa básica de juros da economia brasileira.


b) ( ) Mede a variação do custo de vida das famílias.
c) ( ) É o retorno mínimo que o investidor espera ter em relação a um
determinado investimento.
d) ( ) Monitora a variação dos custos para verificar a movimentação dos
preços.

3 Qual das alternativas a seguir realiza o estudo da evolução no tempo do


capital?

a) ( ) Gestão financeira.
b) ( ) Matemática financeira.
c) ( ) Economia.
d) ( ) Métodos quantitativos.

4 Entre as alternativas apresentadas, qual delas define a palavra inflação?

a) ( ) Aumento generalizado nos preços de bens e serviços.


b) ( ) Aumento específico nos preços de bens e serviços.
c) ( ) Aumento na oferta de bens e serviços.
d) ( ) Aumento exagerado dos produtos importados.

31
5 Sobre os principais motivos que levaram a inflação a sair do controle na
década de 1980 e 1990, considerando os internos e externos, qual deles não
elevou a inflação?

a) ( ) Retração na taxa de expansão.


b) ( ) Elevação de gastos públicos.
c) ( ) Endividamento externo.
d) ( ) Aumento do turismo brasileiro.

6 Em 1994 o governo Itamar Franco instituiu como moeda do Brasil que


dinheiro?

a) ( ) Cruzado.
b) ( ) Real.
c) ( ) Cruzeiro Real.
d) ( ) Cruzado Novo.

7 Em relação aos principais  indicadores econômicos  do Brasil utilizados


para o cálculo de taxa de juros, inflação, aluguéis e demais valores contratuais,
relacione os indicadores de acordo com seu conceito.

( ) Registra a inflação de produtos agropecuários e industriais


(1)INPC vendidos no atacado, de bens e serviços vendidos ao consumidor
no varejo.

(2) TAXA SELIC ( ) Principal indicador de custo da construção civil no Brasil.

( ) É um dos principais indicadores brasileiro da variação


(3) IGPM
mensal dos preços.

( ) É o indicador oficial do Governo Federal para aferição das


(4) IPCA
metas inflacionárias.

( ) É utilizada como referência para o cálculo das demais taxas


(5) INCC de juros cobradas pelo mercado e para definição da política
monetária.

8 Sobre as principais fontes de investimentos de capital que podem ser


divididas em quatro grupos, qual grupo não pertence à categoria?

a) ( ) Fontes de capital próprio.


b) ( ) Fontes com participação societária.
c) ( ) Fontes de capital em permuta.
d) ( ) Fontes com capital oneroso.

32
9 O que vem a ser investidor anjo (angel money)? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) São indivíduos que injetaram capital em startups em troca de participação


societária ou dívida conversível em participação.
b) ( ) Modalidade de investimento conhecida como financiamento coletivo.
c) ( ) Modalidade de investimento especial de capital de risco em que as
empresas não financeiras investem em empresas-alvo.
d) ( ) Fontes de recursos que disponibilizam capital ao empreendedor e que
não têm o compromisso de devolver no futuro.

10 Sobre as formas de classificações do capital da empresa, como são definidas


as principais origens de recursos? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Capital de terceiros e capital financiado.


b) ( ) Capital de terceir os e público.
c) ( ) Capital próprio e de investidores.
d) ( ) Capital de terceiros e próprio.

33
34
UNIDADE 1
TÓPICO 2

TAXAS E JUROS

1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo ao Tópico 2! Agora que já estudamos toda a parte conceitual
sobre investimentos, é hora de começarmos a estudar os fatores que impactam
diretamente no investimento, como taxas e juros.

Inúmeras são as taxas utilizadas em investimentos. Para cada diferente


opção financeira, utilizam-se diferentes tipos de taxas. Existem taxas para
descontos de duplicatas, taxas para cartões de crédito, taxas para financiamentos
de curto prazo, taxas para financiamentos de longo prazo, taxas mínimas
de retorno exigidas para diferentes tipos de investimento etc. (SOUZA;
CLEMENTE, 2009).

Intentando para o fato de que a matemática financeira utiliza como


informação básica a taxa de juros, sua especificação rigorosa é fundamental para
que se obtenham os resultados desejados.

O profundo conhecimento sobre as taxas e juros torna um bom profissional


apto a trabalhar em qualquer área financeira. Então, mãos à obra!

2 CONCEITOS: CAPITAL, JUROS E TAXA DE JUROS


Sobrinho (2018) define por capital, do ponto de vista da matemática
financeira, qualquer valor expresso em moeda e disponível em determinada
época.

O termo “capital” também é conhecido como “principal” e refere-se ao


valor de uma quantia em dinheiro “na data zero”, ou seja, no início de uma
aplicação. O capital pode ser apresentado de várias formas: dinheiro investido
em uma atividade econômica, o valor financiado de um bem, ou de um
empréstimo tomado.

35
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O capital pode ser apresentado sob várias siglas e sinônimos: C (de


Capital); P (de Principal); VP (Valor Presente); PV (Present Value); ou C_0
(Capital Inicial).

Exemplo: imagine que você poupou todo mês certa quantia durante um
ano. Ao final deste ano você possui R$ 2.000,00 e resolve aplicar esse dinheiro
em um banco que renderá 2% ao mês pelo tempo que estiver aplicado. Nesse
exemplo, o seu capital será o valor de R$ 2.000,00, ou seja, é o valor na “data
zero”, antes da efetiva aplicação.

E o que vêm a ser os juros? “Juro é a remuneração do capital emprestado,


podendo ser entendido, de forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo
uso do dinheiro” (SOBRINHO, 2018, p. 1).

A origem da cobrança de juros é antiga e se perde na escuridão dos


tempos. Sempre provocou críticas, restrições e até mesmo proibições, em
diferentes épocas e civilizações. Dentre as diversas teorias que tentam explicar a
existência dos juros, a mais citada é a de que os juros existem pela necessidade ou
preferência dos consumidores em consumir bens e serviços no presente a poupar
para consumi-los no futuro.

Assim, na sua origem, o juro pode ser justificado como uma compensação
que o possuidor do capital exige pelo seu não uso durante o tempo do
empréstimo, além de um prêmio pelo risco de não receber o seu dinheiro de
volta (SOBRINHO, 2018).

Atualmente existem dois tipos de juros distintos, embora inter-


relacionados: o juro pago pelo banco na captação dos recursos e o juro cobrado
pelo banco no empréstimo concedido.

O tamanho do juro pago pelo banco aos aplicadores de recursos


normalmente é fixado pelo mercado, enquanto o juro cobrado dos tomadores de
crédito depende deste e de outros fatores (SOBRINHO, 2018).

O juro diferencia-se do capital porque é consequência da aplicação ou


empréstimo financeiro. Eles são expressos em unidades monetárias e representam
o montante financeiro referente a uma aplicação.

Considerando o exemplo mencionado anteriormente sobre capital, os


juros seriam o valor correspondente aos 2% sobre os R$ 2.000,00, que resultaria
em R$ 40,00 ao mês.

Os juros podem ser classificados de duas formas – simples ou compostos:

JUROS SIMPLES: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado


sobre o capital inicial emprestado ou aplicado.

36
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

JUROS COMPOSTOS: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a


partir do saldo no início de correspondente.

Mais adiante nos aprofundaremos sobre esses dois tipos de juros.

Em resumo, juros são a remuneração pelo empréstimo ou investimento


do dinheiro. Fatores como tempo, risco e a quantidade de dinheiro definem qual
deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de juros.

E a taxa de juros, o que vem a ser?

Taxa de juros, ou taxa de crescimento do capital é a taxa de lucratividade


recebida em um investimento ou aplicada em um empréstimo. Geralmente é
apresentada em bases anuais, porém nada impede que seja utilizada em bases
semestrais, trimestrais, mensais ou diárias, e representa o percentual de ganho
realizado na aplicação do capital em algum empreendimento.

Nos mercados financeiros, brasileiro e mundial, mesmo entre os


professores, técnicos e executivos, reina muita confusão quanto ao conceito e à
classificação das taxas de juros, principalmente no que se refere às taxas nominal,
efetiva e real.

Uma das razões para isso era, e ainda é, a insistência em se classificar as


taxas de juros como nominal ou efetiva nos casos em que o período de capitalização
dos juros não coincide com o período à que se refere a taxa (SOBRINHO, 2018).

Exemplo: taxa de juros de 12% ao ano com capitalização mensal dos juros.
Nesse caso, se dividiria a taxa anual por 12 e a taxa mensal obtida de 1% seria
capitalizada por 12 meses, resultando em uma taxa de 12,68% ao ano, sendo esta
denominada efetiva e a taxa de 12% de nominal.

A origem dessa classificação remonta ao século XVII ou XVIII, ou antes,


quando a taxa combinada entre as partes sempre se referia ao período de um ano.
Para se calcular a taxa para períodos inferiores, o costume que ainda perdura
na maioria dos países é o de se dividir a taxa anual pelo número de períodos
unitários contidos em um ano, obtendo-se com isso a taxa semestral, trimestral,
mensal, diária, por hora, por minuto, por segundo e até se chegar a uma taxa
imaginária, a taxa instantânea.

Essas taxas cada vez menores, se capitalizadas pelo número de períodos


unitários, gradativamente maiores, resultariam em taxas anuais crescentes, as
quais seriam tanto maiores quanto maior fosse o número de períodos unitários de
capitalização contidos em um ano, como nos mostra o quadro a seguir, construída
com base em uma taxa de juros de 12% ao ano. E foi a partir desse entendimento
que surgiu o conceito de capitalização contínua (ou capitalização instantânea), ou
seja, uma taxa infinitamente pequena, que, capitalizada por um número infinito
de períodos unitários, resultaria em uma taxa máxima (SOBRINHO, 2018).

37
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

QUADRO 6 – CONVERSÃO DA TAXA

Unidade de Tempo Número de Unidades Taxa Anual Efetiva (%)

Ano 1 12,00000

Semestre 2 12,36000

Trimestre 4 12,55088

Mês 12 12,68250

Dia 365 12,74746

Hora 8.760 12,74959

Minuto 525.600 12,74968

Instantânea Infinitas 12,74969

FONTE: Os autores

Essa taxa, resultante da capitalização instantânea de uma taxa de 12% ao


ano, é a taxa efetiva máxima para o período de um ano.

Constata-se hoje uma verdadeira “poluição” de taxas de juros, o que


dificulta o entendimento por parte do aluno. Além das taxas nominal e efetiva,
mencionam-se várias outras como real, aparente, equivalente, proporcional, a
simples (ou linear), a composta (ou exponencial), sem se falar nas taxas de desconto
“por fora” (ou comercial, ou bancário) e “por dentro” (ou racional). Como vimos,
as causas da confusão reinante são antigas e numerosas (SOBRINHO, 2018).

Para Viera Sobrinho (2018, p. 1) “taxa de juros é uma relação matemática,


ou seja, é o resultado da divisão do valor dos juros pelo capital emprestado”.

Voltando ao nosso exemplo, onde tínhamos R$ 2.000,00 e resolvemos


aplicar esse dinheiro em um banco, a taxa oferecida para essa aplicação foi de 2%
ao mês, o que representa uma taxa anual de 24% ano.

A taxa de juros é classificada em taxa nominal e taxa efetiva.

TAXA NOMINAL: é aquela que possui valor de face. Imagine uma nota
de R$10,00 quanto ela vale? A resposta que parece ser óbvia é que uma nota de
R$10 vale R$10. Mas será que vale mesmo? Uma nota de R$10 somente vale R$10
porque você acredita que ela vale os R$10, em outras palavras, o valor é fiduciário
e mais nada.

TAXA EFETIVA: como o nome sugere, é a taxa efetivamente paga ou


recebida. Se um investimento paga uma taxa mensal de 1% e este é o valor final
recebido; então, esta é sua taxa efetiva. Por outro lado, se a taxa fosse cotada como
sendo anual nominal teríamos 12% de taxa efetiva anual.

38
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

Adiante aprofundaremos mais esses conceitos.

A taxa de juros pode ser definida também como a razão entre os juros,
cobrável ou pagável, no fim de um período e o dinheiro devido no início do
período. Habitualmente, utiliza-se o conceito de taxa de juros quando se paga
por um empréstimo, e taxa de retorno quando se recebe pelo capital emprestado.

DICAS

Valor fiduciário advém da moeda fiduciária, que é qualquer título não conversível,
ou seja, não é lastreado a nenhum metal (ouro, prata) e não tem nenhum valor intrínseco.
Seu valor advém da confiança que as pessoas têm de quem emitiu o título. Exemplos de
moeda fiduciária: ordem de pagamento, cheques, títulos de crédito e notas promissórias.

Em relação às formas de remuneração do capital, ela é calculada como


uma taxa sobre o valor emprestado ou aplicado, por período de tempo. Se for
considerado um único período de tempo, o juro sempre será calculado pela
seguinte fórmula (SOUZA; CLEMENTE, 2009).

Juro = Taxa * Capital

Se a transação envolver a imobilização do capital por mais de um


período, então resultam duas possibilidades para a acumulação do capital: o
capital permanece constante ou o capital é atualizado a cada período (SOUZA;
CLEMENTE, 2009).

DICAS

A forma unitária da taxa e prazo devem sempre ter a mesma base, ou seja, taxa
ao mês, prazo em número de meses. Caso taxa e prazo estejam em bases diferentes, deve-se
ajustar o prazo para a unidade da taxa (BRUNI, 2013).

2.1 JUROS SIMPLES


No regime de juros simples, apenas o capital inicial (também conhecido
como principal) rende juros. Juros e capital não se misturam, são tratados de
forma isolada.

39
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Nesse regime, os juros de cada período que não são pagos periodicamente
não são somados ao capital para o cálculo dos juros nos períodos subsequentes.
Consequentemente esses juros não pagos não são capitalizados nem rendem
juros, pois não participam da base de cálculo dos juros, apesar de estarem retidos
pelas instituições financeiras para serem pagos de uma só vez no final do prazo
da operação (PUCCINI, 2017).

Sobrinho (2018) corrobora escrevendo que capitalizar significa adicionar


juros ao capital. Podemos conceituar capitalização simples como sendo o cálculo
de obtenção dos juros em que a taxa definida para o período unitário (dia, mês ou
ano) incide sempre sobre o capital inicial, não incidindo sobre os juros que vão se
acumulando. O cálculo do valor mensal dos juros e do total acumulado pode ser
visualizado através do exemplo a seguir.

Exemplo: calcular o valor dos juros correspondente a um empréstimo de


$1.000,00, contratado a uma taxa de juro de 5% ao mês, pelo prazo de 4 meses.

Mês Juros Mensais Juros Acumulados


1 0,05 × 1.000,00 = 50,00 50,00
2 0,05 × 1.000,00 = 50,00 100,00
3 0,05 × 1.000,00 = 50,00 150,00
4 0,05 × 1.000,00 = 50,00 200,00

DICAS

“A expressão “capitalização simples” se refere ao crescimento do dinheiro no


regime de juros simples, apesar de não haver a capitalização de juros nesse sistema de
cálculo de juros” (PUCCINI, 2017, p. 20).

No regime de capitalização simples, o valor total dos juros a ser pago no


final de um certo prazo é determinado com base na fórmula:

J=P×i×n

Em que: J é o valor total dos juros.


P o capital inicial.
i a taxa de juros.
n o prazo.

40
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

No exemplo anteriormente apresentado, utilizamos o seguinte cálculo:

J = 1.000,00 × 0,05 × 4 = 200,00

AUTOATIVIDADE

Vamos praticar um pouco!

1 Qual é o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de 10.000,00,


pelo prazo de 8 meses, sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% ao mês?
P = 10.000,00.
n = 8 meses.
i = 3% ao mês.
J=?

2 Um capital de 25.000,00, aplicado durante 7 meses, rende juros de $ 7.875,00.


Determinar a taxa correspondente.
P = 25.000,00.
J = 7.875,00.
n = 7 meses.
i=?

DICAS

A capitalização quando feita de forma linear, dizemos que a capitalização é


simples, e quando feita exponencialmente dizemos que ela é composta (SOBRINHO, 2018).

2.2 JUROS COMPOSTOS


No regime de juros compostos, os juros de cada período que não forem
pagos no final do período são somados ao capital e passam a fazer parte da base
de cálculo dos juros para os períodos consecutivos. Nesse caso, as parcelas de
juros que não são pagas passam automaticamente a ser capitalizadas e a render
juros nos próximos períodos.

Ressalta-se que, nesse regime, a capitalização ou não de juros só existe


quando os juros do período não são integralmente pagos, pois havendo o

41
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

pagamento integral deles no fim do período correspondente, não existe a


possibilidade fática de serem capitalizados (PUCCINI, 2017).

Sobrinho (2018) corrobora escrevendo que capitalização composta é


aquela em que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros
acumulados até o período anterior. Nesse regime de capitalização, o valor dos
juros cresce exponencialmente em função do tempo.

O conceito de capital e a simbologia utilizada na capitalização composta é


a mesma já apresentada na capitalização simples.

Porém, a dedução da fórmula do montante para um único pagamento é


pouco mais complexa que aquela já vista para a capitalização simples.

Para facilitar o entendimento, vamos analisar o exemplo:

Calcular o montante de um capital de $ 1.000,00, aplicado à taxa de 5% ao


mês, durante 4 meses.
P = 1.000,00
n = 4 meses
i = 5% ao mês
S=?

Como ainda não conhecemos uma fórmula para a solução fácil e rápida
desse problema, e sabendo que a taxa de juros para cada período unitário incide
sobre o capital inicial mais os juros acumulados, vamos calcular o montante da
forma mais primária possível, em que Sᵀ é o valor do montante no final de cada
período unitário, que em nosso exemplo é o mês.

Vejamos o cálculo a seguir que permite que visualizemos claramente o


cálculo do montante mês a mês.

Capital do Início Juros Correspondentes Montante Final


Mês
do Mês ao mês do Mês
1 1.000,00 1.000,00 × 0,05 = 50,00 1.050,00
2 1.050,00 1.050,00 × 0,05 = 52,50 1.102,50
3 1.102,50 1.102,50 × 0,05 = 55,13 1.157,63
4 1.157,63 1.157,63 × 0,05 = 57,88 1.215,51

Valor do montante no final do 4º mês é de R$ 1.215,51.

Observe que o montante no final de cada mês constitui-se no capital inicial


do mês seguinte. Entretanto, essa forma de cálculo é extremamente trabalhosa
e demorada. Vamos deduzir uma fórmula que permita um cálculo mais fácil e
rápido, partindo do desenvolvimento anterior, mas sem que sejam efetuadas as
operações de multiplicação e soma, apenas usando o processo de fatoração, ou
seja, colocar o número comum em evidência. Assim, temos que:

42
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

S0 = 1.000,00
S1= 1000,00 + 0,05 x 1.000,00= 1000,00 x (1 + 0,05)= 1000,00 x 1,05
S2 =
1000,00 x 1,05 + 0,05 x 1000,00 x 1,05 = 1000,00 x 1,052
1.000,00 x 1,05 x 1,05 =
1000,00 x 1,052 + 0,05 x 1000,00 x 1,052 =
S3 = 1000,00 x 1,052 x 1,05 = 1000,00 x 1,053
1000,00 x 1,053 + 0,05 x 1000,00 x 1,053 =
S4 = 1.000,00 x 1,053 x 1,05 =
1000,00 x 1,054

O valor do montante no final do quarto mês é dado pela expressão:  S4 =


1.000,00 × 1,054.

Como 1,054 = 1,21551 => S4 = 1.000 × 1,21551 = 1.215,51, que confere com o
valor determinado anteriormente.

Substituindo cada número da expressão  S4  =1.000,00 - 1,054  pelos seus


respectivos símbolos, temos: Sn = P (1 + i)n. Como não há possibilidade de confusão,
para simplificar vamos fazer Sn = S.

Assim, a fórmula final do montante é dada pela equação  S = P  (1 +  i)


n
 ou simplesmente S = P (1 + i)n em que a expressão (1 + i)n é chamada fator de
capitalização ou fator de acumulação de capital para pagamento simples ou único.

S = P (1 + i)n

Onde: S é montante
P o capital inicial
1 Fator de Capitalização
i a taxa de juros
n o prazo.

AUTOATIVIDADE

1 Calcular o montante de uma aplicação de 15.000,00, pelo prazo de 6 meses,


à taxa de 3% ao mês.

P = 15.000,00
n = 6 meses
i= 3% ao mês
S=?

43
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2 No final de dois anos, Pedro deverá efetuar um pagamento de 200.000,00


referente ao valor de um empréstimo contraído hoje, mais os juros devidos,
correspondentes a uma taxa de 4% ao mês. Pergunta-se: qual o valor
emprestado?

S = 200.000,00
n = 2 anos = 24 meses
i = 4% ao mês
P=?

2.2.1 Juros Simples x Juros Compostos


Bruni (2013) escreve que há uma crença comum que, como no regime
dos juros compostos existe a incidência dos juros sobre juros, o valor dos juros
compostos seria sempre maior que o valor dos juros simples. Porém, essa
compreensão é equivocada. Observe gráfico a seguir.

GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

VF

Juros Compostos

Juros Simples

Prazo

n=1

FONTE: Bruni (2013, p. 32)

Ao observarmos a figura, veremos que para um período igual a 1, o valor


futuro ou o valor dos juros simples e o valor dos juros compostos é o mesmo.
Porém, para períodos menores que um, o valor dos juros compostos é menor
que o valor dos juros simples. Para períodos maiores que um, o valor dos juros
compostos é maior. Ou seja, isso depende muito do período da aplicação/
empréstimo (BRUNI, 2013). “No Brasil, os juros não podem ser capitalizados em
períodos inferiores a um ano, exceto em situações específicas autorizadas pelo
governo” (PUCCINI, 2017, p. 35).

44
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

Portanto, o regime de juros compostos não é um sistema de cálculo que


implica obrigatoriamente “juros sobre juros”, ou anatocismo, que é legalmente
proibido no Brasil, em períodos inferiores a um ano.

Um exemplo simples quanto à diferença desses dois regimes de cálculos


de juros é o sistema de amortização americano, que obedece ao regime de juros
compostos. Nesse sistema, os juros de cada período são integralmente pagos no
final desses períodos e o principal é integralmente pago no final do prazo da
operação (PUCCINI, 2017).

E
IMPORTANT

Em um futuro não muito remoto as taxas de juros definidas para períodos


inferiores a um ano, calculadas com base no critério de juros simples, deixarão de ser utilizadas
no Brasil e nos demais países. Obviamente, a taxa de referência para efeito de comparação
continuará sendo a anual (SOBRINHO, 2018).

2.3 TAXA EFETIVA


Taxa efetiva é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo
coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização.

São exemplos de taxas efetivas:

2,00% a.m., capitalizados mensalmente;


3,00% a.t., capitalizados trimestralmente;
6,00% a.s., capitalizados semestralmente;
10,00% a.a., capitalizados anualmente.

Nesses casos, tendo em vista a coincidência nas unidades de medida


dos tempos da taxa de juros com os períodos de capitalização, costuma-se
simplesmente dizer: 2,00% a.m., 3,00% a.t., 6,00% a.s. e 10,00% a.a. (PUCCINI,
2017).

Sobrinho (2018) complementa abordando que taxa efetiva é a taxa de juros


calculada com base no valor efetivamente emprestado ou aplicado e no valor
efetivamente recebido ou resgatado, o qual leva em conta eventuais despesas do
contrato, como taxas de administração, comissões, impostos e outras.

No caso de empréstimos ou financiamentos, é a taxa aplicada sobre o


valor contratado, excluídas as comissões e outras despesas cobradas na data da
operação que reduzem o valor efetivamente emprestado, ou somadas aos valores
pagos ao longo do contrato.

45
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Já nas aplicações financeiras, é a taxa calculada sobre o valor aplicado,


adicionado das taxas, comissões e outras despesas cobradas no ato da operação,
ou deduzidas dos valores recebidos ao longo da operação ou por ocasião do
resgate, como imposto, taxas e outros.

DICAS

A taxa efetiva é a taxa utilizada nas calculadoras financeiras e nas funções


financeiras das planilhas eletrônicas para a realização de cálculos financeiros no regime de
juros compostos (PUCCINI, 2017).

2.4 TAXA NOMINAL


Taxa nominal é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu
tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A
taxa nominal é sempre referente ao ano e os períodos de capitalização podem ser
semestrais, trimestrais, mensais ou diários. São exemplos de taxas nominal:

12,00% a.a., capitalizados mensalmente;


24,00% a.a., capitalizados semestralmente;
10,00% a.a., capitalizados trimestralmente;
18,00% a.a., capitalizados diariamente.

A taxa nominal, bastante utilizada no mercado, não representa uma taxa


efetiva e, por isso, não deve ser usada nos cálculos financeiros, no regime de juros
compostos (PUCCINI, 2017).

A palavra nominal diz respeito ao que está nominado, ao que está escrito.
No mundo financeiro corresponde ao valor monetário escrito em um título de
crédito ou especificado em um contrato de empréstimo ou financiamento. Assim,
se uma duplicata for emitida por R$ 500,00, diz-se que o seu valor nominal é de
R$ 500,00 porque esse é o valor que está escrito no título. E se em um contrato de
financiamento estiver especificado que o valor financiado é de R$ 20.000,00, esse
é o valor nominal financiado.

Da mesma forma, se em um título de crédito constar que o mesmo paga


juros de 15% ao ano, essa é a taxa nominal de juros; e se no caso de um empréstimo
estiver escrito no contrato que a taxa de juros é de 3% ao mês, essa é a taxa nominal
de juros, independentemente do período de tempo a que se refere.

46
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

DICAS

Taxa nominal é a taxa de juros calculada com base no valor nominal do empréstimo
ou da aplicação, ou seja, com base no valor explicitado no contrato e ou no título; se conhecida,
é a taxa que incide sobre o valor nominal do empréstimo ou da aplicação (SOBRINHO, 2018).

2.4.1 Taxa efetiva x taxa nominal


Puccini (2017) resume a diferença de taxa efetiva x taxa nominal da
seguinte forma:

• Taxa efetiva é a taxa utilizada nos cálculos financeiros, a juros compostos, pelas
calculadoras financeiras e pelas funções financeiras das planilhas eletrônicas.
• Taxa nominal tem uma taxa efetiva implícita em seu enunciado, que depende
do número de períodos de capitalização. Essa taxa efetiva implícita é a que
deve ser utilizada nos cálculos financeiros, a juros compostos.

Observe a figura a seguir.

FIGURA 12 – TAXA NOMINAL X TAXA EFETIVA

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/475411304410552125/visual-search/?x=0&y=0&w=564
&h=845.6163265306122>. Acesso em: 27 fev. 2019.

47
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Os exemplos a seguir esclarecem melhor essa classificação.

Exemplo de uma operação de empréstimo:

Um mutuário contrata um empréstimo no valor de $ 1.000,00 para ser


quitado por $ 1.250,00 ao final de um ano. Sabendo-se que o banco desconta do
valor emprestado 2,13% referente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
e mais 2% como despesa de cadastro, e que a taxa de inflação no período foi de
6,35%, calcular as taxas anuais nominal, efetiva e real.

Solução:
Valor nominal financiado: $ 1.000,00
Valor do IOF + cadastro: (2,13% + 2,00%) × 1.000,00 = 41,30
Valor efetivamente recebido pelo mutuário: $ 1.000,00 – 41,30 = 958,70
Valor efetivamente recebido e corrigido: 958,70 × 1,0635 = 1.019,58
As taxas anuais são obtidas como segue:

1.250,00
Taxa nominal de juros: =− 1 1,2500 − 1,0000
= 0,25 ou 25,00%
1.000,00
1.250,00
Taxa efetiva de juros: =− 1 1,3038 − 1,0000
= 0,3038 ou 30,38%
958,70
1.250,00
Taxa real de juros: = = 0,2260 ou 22,60%
− 1 1,2260 − 1,0000
1.019,58

A partir das taxas anuais, pode-se determinar as taxas mensais, como


mostramos a seguir:

Com base no critério de juros compostos (ou capitalização composta):

Taxa nominal de juros: 1,25001/12 – 1 = 0,0188 ou 1,88% ao mês


Taxa efetiva de juros: 1,30381/12 – 1 = 0,0224 ou 2,24% ao mês
Taxa real de juros: 1,22601/12 – 1 = 0,0171 ou 1,71% ao mês

Com base no critério de juros simples (ou capitalização simples)

25,00%
Taxa nominal de juros: = 2,08% ao mês
12
30,38%
Taxa efetiva de juros: = 2,53% ao mês
12
22,60%
Taxa real de juros: = 1,88% ao mês
12

48
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

Exemplo de uma aplicação financeira:

Uma aplicação em LTN (Letra do Tesouro Nacional) no valor de $


18.058,30 deverá ser resgatada por $ 20.000,00 ao final de 305 dias. Sabendo-se
que a instituição financeira escolhida para intermediar essa operação cobra uma
comissão antecipada de 0,85% (0,5% de custódia e 0,35% de administração), que
o rendimento obtido paga imposto de renda de 20% descontado no resgate e que
a inflação no período foi de 5,84%, calcular as taxas anuais nominal, efetiva e real.

Solução:
Valor das comissões cobradas no ato: 0,85% × 18.058,30 = 153,50
Valor desembolsado: 18.058,30 + 153,50 = 18.211,70
Valor do imposto de renda: (20.000,00 – 18.058,30) × 20% = 388,34
Valor líquido resgatado: 20.000,00 – 388,34 = 19.611,66
Valor desembolsado corrigido pela inflação do período:
18.211,70 × 1,0584 = 19.275,26

As taxas anuais são obtidas como segue:

20.000,00 365/305
Taxa nominal: ( ) −1= 0,1300 ou 13,00% ao ano
18.058,30
19.611,66 365/305
Taxa efetiva: ( ) − 1=0,0927 ou 9,27% ao ano
18.211,70
19.611,66 365/305
Taxa real: ( ) −1= 0,0209 ou 2,09% ao ano
19.275,26

Para se calcular as taxas mensais de acordo com os regimes de capitalização


simples e composta, basta repetir os cálculos feitos anteriormente para o exemplo
de uma operação de empréstimo.

DICAS

É importante lembrar que, se não houver cobrança de nenhum encargo além da


taxa de juros, e se a inflação for zero, as taxas nominal, efetiva e real serão iguais.

49
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2.5 CET – CUSTO EFETIVO TOTAL


Sobrinho (2018) aborda que o CET – Custo Efetivo Total nada mais
é do que a taxa efetiva de juros cobrada em uma operação de empréstimo ou
financiamento, calculada com base no regime de capitalização composta.

A sua divulgação tornou-se obrigatória no nosso país a partir da Resolução


nº 3.517, de 6/12/2007, do Banco Central do Brasil. Essa taxa é uma cópia fiel da
TAEG (Taxa Anual Efetiva de Encargos Globais) implantada em Portugal através
do Decreto-lei 359 de 1o de setembro de 1991 e adotada por todos os 19 países
integrantes da zona do Euro.

O CET é calculado com base em uma equação relativamente complexa,


especificada no anexo da Resolução nº 3.517. Ele consiste em uma taxa efetiva de
juros cobrada em operações de empréstimos ou financiamentos para pagamento
em uma ou mais prestações iguais ou diferentes.

Deve ser expresso na forma de taxa percentual anual (ano de 365 dias)
e inclui todas as taxas e despesas relativas à operação, isto é, engloba a taxa
contratual de juros, tarifas, tributos, seguros e outras despesas cobradas do
cliente, definidas na data do contrato.

No site do SERASA há uma explicação bem simples sobre o CET,


acompanhe o raciocínio.

Você já tentou simular um empréstimo ou financiamento e apareceu uma


porcentagem de CET? Muitas vezes, quando buscamos crédito, só prestamos
atenção na taxa de juros ou no tamanho das parcelas. E deixamos de lado o custo
total, que é muito importante em qualquer pedido de crédito. Mas afinal, o que é
isso e para que ele serve?

Observe quando você compra ingresso pela internet e aparece um valor


a mais chamado de ‘‘taxa de conveniência’’. Essa taxa está inclusa nos ingressos
tanto para show, teatro ou cinema, e normalmente aparece quando você vai
finalizar a compra.

A taxa de conveniência é o valor que a empresa cobra pela prestação do


serviço. Assim, na compra de um ingresso, você não pode levar em consideração
somente o preço do evento, é preciso somar também o valor da taxa.

Do mesmo jeito funciona o CET, que é o Custo Efetivo Total. O CET


contém todos os encargos, tributos, taxas e despesas de um empréstimo ou
financiamento. Ou seja, os juros são apenas uma parte que compõe o valor da
contratação de um serviço.

50
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

De forma resumida, o CET corresponde ao valor total da negociação:


JUROS + TAXAS + ENCARGOS + TRIBUTOS + SEGUROS.

Mas para que ele serve?

Quando você busca crédito, é fundamental ter o máximo de clareza do


que você vai pagar. Por isso, é importante olhar o CET. Ele serve para você saber
quais são todos os custos envolvidos na operação.

O CET é quem vai informar qual é o valor total que você vai pagar em um
empréstimo ou financiamento.

Mas como funciona?

Todas as empresas são obrigadas a informar o CET na assinatura do


contrato. Por isso, quando comparar ofertas de empréstimo, não olhe somente a
taxa de juros, observe também o Custo Efetivo Total de cada proposta.

Nem sempre o empréstimo com juros menores é o mais barato ou mais


vantajoso. As tarifas, encargos e seguros podem deixar o custo final maior, apesar
dos juros menores.

Porém, como saber qual a melhor proposta? Simples. Quando pesquisar


algo, utilize sempre o mesmo valor e prazo como base. Assim, você conseguirá
olhar pelo CET qual é o melhor. Cada instituição tem sua política, por isso as
tarifas podem variar.

Como é calculado?

O CET é a soma de taxas de juros, tributos, tarifas, gravames, IOF, registros,


seguros e demais despesas do contrato. Ele é apresentado como um percentual
(%) anual. Use esse percentual para ter maior clareza de qual proposta é mais
vantajosa para você!

51
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 13 – IMPACTO DO CET

52
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

FONTE: <http://f.i.uol.com.br/folha/mercado/images/13035256.jpeg>. Acesso em: 27 fev. 2019.

DICAS

CET – Custo Efetivo Total: O que é e como funciona? – Serasa Ensina.


Acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=A7LzmWagNrs>. Acesso em: 23 maio 2019.

3 EQUIVALÊNCIA ENTRE TAXAS DE JUROS


Ferreira (2014) define taxas equivalentes como sendo as taxas de juros
que, mesmo pertencendo a diferentes períodos de capitalização, quando incidem
sobre um mesmo capital, resultam em rendimentos ou valores acumulados
idênticos, ao fim de um mesmo período financeiro.

O autor aborda que a equivalência poderá efetivar-se tanto a juros simples


como a juros compostos, conforme o regime de capitalização adotado nos diversos
esquemas do mercado financeiro.

No mercado financeiro, sob o prisma do valor temporal do dinheiro,


podemos substituir um ou mais capitais por outros conjuntos de capitais,
utilizando-se uma determinada taxa de juros que é o que se denomina de Princípio
Fundamental da Equivalência.

“Dois ou mais esquemas financeiros (fluxos de caixa) são ditos equivalentes,


a uma determinada taxa de juros, quando apresentam o mesmo valor atual ou o

53
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

mesmo valor de montante em qualquer data, denominada de data focal, data de


equivalência ou data de comparação” (FERREIRA, 2014, p. 63).

Assim, dentro do mesmo regime de capitalização e da mesma taxa de


juros, os capitais envolvidos deverão ser descontados ou acumulados conforme
a data focal escolhida.

E para que servem as taxas equivalentes?

Quem tem dívidas ou quem tem investimentos precisa saber as taxas


equivalentes para fazer comparações e tomar boas decisões.

O site Clube dos Poupadores (2019) aborda de uma forma bem simples
a necessidade das taxas equivalentes, vejamos: para os investidores: é muito
comum bancos e corretoras informarem a rentabilidade anual de um determinado
investimento, porém, o investidor precisa descobrir a taxa equivalente mensal
para fazer a comparação.

Uma rentabilidade acumulada por vários meses pode ser convertida para
uma taxa equivalente mensal que por sua vez pode ser convertida em taxa anual,
diária etc.

Para os devedores: quando você adquire algo e paga em prestações ou


parcelas, você estará fazendo um empréstimo ou financiamento. Os bancos ou
demais fornecedores costumam informar uma taxa mensal pequena para não
assustar o consumidor. É importante saber transformar essa taxa mensal em uma
taxa anual para que você possa fazer comparações.

A expressão matemática básica utilizada para encontrar a taxa equivalência


de uma determinada taxa é:

período da taxa
1+ taxa equivalente = (1 + taxa de juros)
equivalente/ período da taxa atual

DICAS

Tenha acesso ao simulador de taxa equivalente do Clube dos Poupadores,


acessando: <https://www.clubedospoupadores.com/simulador-taxas-equivalentes>. Acesso
em: 23 maio 2019.

54
TÓPICO 2 | TAXAS E JUROS

Vejamos algumas simulações utilizando-se do simulador de taxa


equivalente do Clube dos Poupadores (2019).

Exemplo 1:

Taxas equivalentes: Períodos

Taxa de juros 6,17% 12

Taxa equivalente 0,5002% 1

Taxa anual para mensal: no exemplo acima temos a taxa de 6,17% ao ano
(12 meses) e queremos saber qual é a taxa mensal (1 mês) equivalente a essa.
No campo “taxa de juros” preenchemos o valor de 6,17. No campo “Períodos”
preenchemos que essa taxa é referente a 12 meses. Depois preenchemos que a
taxa equivalente que queremos encontrar é referente a um mês. O resultado será
0,5002% ao mês.

Exemplo 2:

Taxas equivalentes: Períodos

Taxa de juros 1,00% 1

Taxa equivalente 12,6825% 12

Taxa mensal para anual: vamos imaginar que você tenha uma taxa de
juros de 1% ao mês e queira saber quanto isso equivale anualmente (12 meses).
No campo “taxa de juros” preencha o número 1,00%. No campo período, digite
o número um, pois essa taxa de 1% é referente a um período de um mês. No
período da taxa equivalente devemos preencher 12, pois queremos saber qual é a
taxa equivalente em 12 meses. O resultado será 12,6825%. Podemos dizer que um
investimento que rende 1% ao mês tem rentabilidade anual equivalente a 12,68%.

Exemplo 3:

Taxas equivalentes: Períodos

Taxa de juros 800,00% 60

Taxa equivalente 3,7299% 1

55
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Taxa acumulada em x meses para taxa mensal: Vamos imaginar que um


determinado investimento rendeu 800% em 5 anos (60 meses). O seu objetivo é
descobrir qual foi a rentabilidade equivalente de um único mês. No campo “taxa
de juros” você deve preencher 800%. No campo de período você deve informar
60. No campo de período da taxa equivalente você deve preencher o número um.
O resultado será 3,7299%. Podemos dizer que o investimento que rendeu 800%
em 60 meses teve uma rentabilidade mensal equivalente a 3,7299% ao mês.

DICAS

Saiba mais sobre Equivalência de Taxas acessando o vídeo no YouTube


Matemática Financeira – Equivalência de Capitais. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=CisWiFEi24o>.

56
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O termo capital também é conhecido como principal e refere-se ao valor de


uma quantia em dinheiro “na data zero”, ou seja, no início de uma aplicação.

• Juros é a remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de


forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro. Os juros
podem ser classificados de duas formas: simples ou compostos.

• JUROS SIMPLES são os juros de cada intervalo de tempo e que sempre são
calculados sobre o capital inicial emprestado ou aplicado.

• JUROS COMPOSTOS são os juros de cada intervalo de tempo e são calculados


a partir do saldo no início de correspondente.

• A taxa de juros é a taxa de lucratividade recebida em um investimento ou


aplicada em um empréstimo. Geralmente é apresentada em bases anuais, porém
nada impede que seja utilizada em outras bases, e representa o percentual de
ganho realizado na aplicação do capital em algum empreendimento. A taxa de
juros é classificada em taxa nominal e taxa efetiva.

• A taxa nominal é aquela que possui valor de face. Imagine uma nota de
R$10,00, quanto ela vale? A resposta que parece ser óbvia é que uma nota de
R$10 vale R$10. No entanto, será que vale mesmo? Uma nota de R$10 somente
vale R$10 porque você acredita que ela vale os R$10, em outras palavras, o
valor é fiduciário e mais nada.

• A taxa efetiva é aquela efetivamente paga ou recebida. Se um investimento


paga uma taxa mensal de 1% e este é o valor final recebido; então, esta é sua
taxa efetiva. Por outro lado, se a taxa fosse cotada como sendo anual nominal,
teríamos 12% de taxa efetiva anual.

• Quando comparamos os juros simples e os juros compostos, existe uma crença


comum de que, como no regime dos juros compostos, existe a incidência dos
juros sobre juros, o valor dos juros compostos seria sempre maior do que o
valor dos juros simples. No entanto, essa compreensão é equivocada.

• O CET consiste em uma taxa efetiva de juros cobrada em operações de


empréstimos ou financiamentos para pagamento em uma ou mais prestações
iguais ou diferentes. Deve ser expresso na forma de taxa percentual anual e
inclui todas as taxas e despesas relativas à operação.

• As taxas equivalentes são as taxas de juros que, mesmo pertencendo a diferentes


períodos de capitalização, quando incidem sobre um mesmo capital, resultam
em rendimentos ou valores acumulados idênticos, ao fim de um mesmo
período financeiro.
57
AUTOATIVIDADE

1 O termo “capital” também é conhecido como “principal” e refere-se ao


valor de uma quantia na data zero. O capital pode ser apresentado de várias
formas. Assinale a alternativa que não representa uma dessas formas:

a) ( ) Dinheiro Investido.
b) ( ) Capital Intelectual.
c) ( ) Valor Financiando.
d) ( ) Empréstimo tomado.

2 Analise o exemplo a seguir e assinale a alternativa que corresponde ao valor


do capital. O preço de custo de uma mercadoria é de R$ 210,00. Para que
se tenha um lucro de 20% na venda dessa mercadoria, devo vendê-la a R$
252,00. Ou seja, o lucro será de R$ 42,00.

a) ( ) 210,00.
b) ( ) 20%.
c) ( ) 252,00.
d) ( ) 42,00.

3 Analise o exemplo a seguir e assinale a alternativa que corresponde ao valor


do capital. Uma calça custa R$ 82,00. O desconto para pagamento à vista e
no dinheiro é de 15%. O preço da calça dentro dessa condição ficará em R$
69,70. Ou seja, terei uma economia de R$ 12,30.

a) ( ) 12,30.
b) ( ) 69,70.
c) ( ) 82,00.
d) ( ) 15%.

4 Analise o exemplo a seguir e a classifique em juros simples ou juro composto.


Tendo um capital de R$ 6.000,00 que aplicado durante um ano, à uma taxa
de 3,5% ao mês, gerará pra mim um montante de R$ 9.066,41.

a) ( ) Juro simples.
b) ( ) Juro composto.

5 Analise o exemplo a seguir e classifique em juros simples ou juro composto.


Temos uma dívida de R$ 1.000,00 que deve ser paga com juros de 8% a.m. Ela
deve ser paga em 2 meses e resultará para mim R$ 160,00 de juros.

( ) Juro simples.
( ) Juro composto.

58
6 Uma aplicação de $ 50.000,00 pelo prazo de 180 dias obteve um rendimento
de $ 8.250,00. Indaga-se: quais as taxas diárias e mensais correspondentes a
essa aplicação?

7 A loja “Topa Tudo” financia a venda de uma mercadoria no valor de R$


16.000,00, sem entrada, para pagamento em uma única prestação de 22.753,61
no final de 8 meses. Qual a taxa mensal cobrada pela loja?

S = 22.753,61.
P = 16.000,00.
n = 8 meses.
i=?

8 É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo não coincide com
a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Este conceito pertence a
que tipo de taxa?

a) ( ) Taxa efetiva.
b) ( ) Taxa nominal.
c) ( ) CET – Custo Efetivo total.
d) ( ) Equivalência entre taxas.

9 São taxas de juros que, mesmo pertencendo a diferentes períodos de


capitalização, quando incidem sobre um mesmo capital, resultam em
rendimentos ou valores acumulados idênticos, ao fim de um mesmo período
financeiro.

a) ( ) Taxa efetiva.
b) ( ) Taxa nominal.
c) ( ) CET – Custo Efetivo total.
d) ( ) Equivalência entre taxas.

10 É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo coincide com


a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Este conceito pertence a
que tipo de taxa?

a) ( ) Taxa efetiva.
b) ( ) Taxa nominal.
c) ( ) CET – Custo Efetivo total.
d) ( ) Equivalência entre taxas.

59
60
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

1 INTRODUÇÃO
Entende-se por investimento inicial todo o aporte de capital necessário
para colocar um projeto em funcionamento. Usualmente, ele é composto pelos
investimentos em ativos fixos, despesa pré-operacionais e aporte inicial de
capital de giro, também denominados de entrada e saída de recursos (SOUZA;
CLEMENTE, 2009).

Uma entrada de recurso pode ser definida como qualquer transferência de


dinheiro que vem para as mãos da empresa. A maioria das entradas de dinheiro
de uma empresa advém de clientes, fornecedores de crédito (como bancos ou
acionistas) e investidores que adquirem uma participação societária na empresa.
Eventualmente, as entradas de recursos incluem acordos legais ou ainda a venda
de imóveis ou equipamentos pertencentes à empresa.

Já uma saída de recurso decorre da transferência de fundos da empresa,


para outro agente (seja física ou eletronicamente). Essa transferência pode ser
feita por vários motivos (pagar empregados, fornecedores e credores, ou adquirir
ativos e investimentos de longo prazo, ou ainda, pagar por despesas legais ou
acordos relativos a processos judiciais).

Porém, a entrada de recursos na empresa, por si só não significa que


ela esteja obtendo lucro, nem a saída de recurso significa que ela esteja tendo
prejuízo. Com o propósito de elucidar questões como estas, o Tópico 3 abordará
esta e outras temáticas relacionadas ao gerenciamento dos investimentos.

Bons estudos!

61
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

2 FLUXO FINANCEIRO
Para Hoji e Luz (2019), o crescimento e o desenvolvimento econômico
de um país estão diretamente ligados à capacidade empreendedora de seus
cidadãos, com a sua capacidade de organizar os fatores de produção (recursos
naturais, capital e trabalho) para a produção e distribuição de bens e serviços.

Decisões equivocadas, em relação ao que os consumidores desejam


consumir e quanto à forma de produção, podem levar o negócio ao fracasso,
resultando na perda dos fundos nele investidos.

Embora o sucesso da empresa dependa de todas as áreas que a compõem,


o administrador financeiro tem papel fundamental na alocação adequada dos
recursos. A alocação eficiente dos recursos é decisiva para o atingimento do lucro
desejado e o aumento da riqueza do proprietário da empresa (acionista ou sócio).

Com o intuito de melhorar a compreensão de como as atividades


realizadas em uma empresa se relacionam e se impactam, os autores as agrupam
de três formas:

• Operações.
• Investimentos.
• Financiamentos.

Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas divisões:

Atividades de operações - são aquelas realizadas em função do negócio da


empresa. Em empresas comerciais, as atividades operacionais estão relacionadas,
basicamente, a compras e vendas de mercadorias, além das atividades comerciais
e administrativas que dão suporte a essas transações. Em empresas industriais,
acrescentem-se as atividades de transformação de matérias-primas em produtos
acabados. Empresas de prestação de serviços não são muito diferentes das
empresas comerciais e industriais quanto às atividades operacionais, pois
prestam serviços e, para executá-los, incorrem em custos de prestação de serviços
e despesas de natureza comercial e administrativa. Atividades como o transporte
de mercadorias, a emissão de pedidos, a administração de almoxarifado,
a manutenção de instalações, o controle de pessoal etc. geram despesas e são
posteriormente pagas. As compras de mercadorias e maquinários, por exemplo,
não geram despesas imediatamente e são contabilizadas em ativo, sendo baixadas
em parcelas como custo de produtos vendidos (parte que se incorpora ao custo de
produção) ou despesas de depreciação.

Atividades de investimentos: as atividades de investimentos são


relativas a transações que envolvem participações em outras empresas,
gastos com pesquisas e desenvolvimento e ativos imobilizados empregados
na comercialização ou produção de bens e prestação de serviços. Exemplos:
compra de participação societária, recebimento de dividendos, compra de
maquinários etc.
62
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

Atividades de financiamentos: as atividades de operações e de


investimentos consomem recursos e as atividades de financiamentos suprem
essas necessidades. Compreendem a captação de recursos dos acionistas ou sócios
(proprietários) e a sua remuneração na forma de dividendos ou distribuição de
lucros, respectivamente. A captação de empréstimos e financiamentos também
faz parte desse grupo de atividades, bem como a sua liquidação e remuneração
na forma de juros. Exemplos: integralização de capital social, pagamento
de dividendos, captação de empréstimos, amortização de financiamentos,
pagamento de juros etc.

A atividade financeira de uma empresa necessita de um acompanhamento


permanente de seus resultados, visando avaliar seu desempenho, bem como
proceder a ajustes e correções quando necessário. O objetivo básico da função
financeira é prover a empresa recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os
vários compromissos assumidos e promover a maximização da riqueza (ASSAF
NETO; SILVA, 2012).

Neste contexto, se destaca o fluxo de caixa como um instrumento que


possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa.
O fluxo de caixa é uma ferramenta gerencial indispensável em todo o processo de
tomada de decisões financeiras.

2.1 FLUXO DE CAIXA


Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os
ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários de uma empresa em
determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é
possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-
se medidas saneadoras a serem tomadas (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Os autores abordam ainda, que o fluxo de caixa não deve ser enfocado como
uma preocupação exclusiva da área financeira. Deve haver comprometimento de
todos os setores empresariais com os resultados, destacando-se:

• Área de produção – ao fazer alterações nos prazos de fabricação dos produtos,


novas alterações nas necessidades de caixa são necessárias. De forma idêntica,
os custos de produção têm importantes reflexos sobre o caixa.
• As decisões de compras – devem ser feitas de maneira ajustada com os saldos
disponíveis em caixa. Em outras palavras, deve haver preocupação com
relação à sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos concedidos
para pagamento das compras com aqueles estabelecidos para recebimento das
vendas.
• Políticas de cobrança – devem ser ágeis e eficientes, permitindo colocar os
recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se
em um importante reforço de caixa.

63
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

• Área de vendas – junto com a meta de crescimento da atividade comercial,


deve preservar um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos
de pagamentos dos clientes, visando não pressionar negativamente o fluxo de
caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda decisão envolvendo vendas
deve ser tomada somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre
os resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança, despesas com publicidade
e propaganda etc.).
• Área financeira – deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento,
de forma que os desembolsos necessários ocorram de forma simultânea à
geração de caixa da empresa.

Uma adequada administração dos fluxos de caixa permite uma presunção


da obtenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser evidenciada
como um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de
geração de recursos de caixa promove, entre outros benefícios à empresa, menor
necessidade de financiamento dos investimentos em giro, reduzindo assim, seus
custos financeiros.

Vejamos um exemplo para entender o fluxo de caixa: uma determinada


empresa vendeu bastante, porém, o primeiro recebimento será somente daqui a
60 dias. As contas de água, luz, telefone e aluguel vencem daqui a 30 dias.

Perceba que será necessário pagar os seus fornecedores antes de receber


dos seus clientes. Para resolver este problema, pode-se fazer a venda à vista para
outros clientes, recorrer a empréstimos ou pagar a multa por tempo de atraso.
Porém, despesas com multas e juros nunca é uma boa ideia.

FIGURA 14 – COMPORTAMENTO DO FLUXO DE CAIXA

Vende para o cliente a prazo

Recebe de Recebe de Recebe de


compras compras compras
à vista à vista à prazo

Paga Conta Paga Conta Paga Conta

Compra do fornecedor a prazo


Paga fornecedor

FONTE: <https://controlefinanceiro.granatum.com.br/wp-content/uploads/2012/07/fluxo-caixa-
ilustra.jpg>. Acesso em: 3 mar. 2019.
64
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

Em se tratando de administração financeira a questão “risco e retorno”


está presente. Cabe ao administrador financeiro buscar o nível adequado de saldo
de caixa que leve ao equilíbrio entre os benefícios e os custos de sua manutenção.
Normalmente, os problemas de baixa liquidez ou até de insolvência nas empresas
têm como causa principal a gestão ineficiente do fluxo de caixa, que depende
fortemente da eficiência com que são desenvolvidas as atividades de compras,
estocagem dos produtos, venda e recebimento.

As atividades da empresa devem sempre ficar dentro do limite da


capacidade de obtenção de caixa da empresa. Ao exceder esse limite, a empresa
poderá enfrentar sérias dificuldades financeiras, comprometendo a continuidade
de suas atividades (HOJI; LUZ, 2019).

DICAS

Weston e Brigham (2000, p. 400) apud Hoji e da Luz (2019) comparam o caixa
ao “óleo que lubrifica as rodas dos negócios. Sem um óleo adequado, as máquinas rangem
até parar, e o mesmo acontecerá com uma empresa sem um nível de caixa adequado”.

3 LIQUIDEZ X RENTABILIDADE
Historicamente, o lucro sempre foi considerado o elemento mais
importante para a avaliação do retorno financeiro de uma empresa. Contudo, ele
pode apresentar uma deficiência do ponto de vista de um investidor, no aspecto
de liquidez do investimento: não havendo suficiência de recursos disponíveis no
caixa da empresa, o poder do investidor em tomar decisões sobre o lucro apurado
fica limitado ou reduzido.

Dessa forma, para que se apresente atratividade perante os investidores,


o lucro deve possuir atributo de caixa. Isso significa que não basta haver lucro: é
preciso que haja também liquidez (BROM; BALIAN, 2007).

Mas o que vem a ser Liquidez? Liquidez é um conceito que corresponde à


facilidade e velocidade com as quais um ativo pode ser convertido em caixa. Ou,
em uma definição mais simples, é a capacidade de transformar um ativo (bens ou
investimentos) em dinheiro.

Quanto mais rápida for a conversão do ativo em dinheiro, mais líquido ele
será. Um ativo com pouca liquidez é aquele que é mais difícil de ser convertido
em dinheiro, seja pela falta de compradores ou até mesmo pelo tempo necessário
para liquidar o investimento.

65
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

A liquidez, na verdade, envolve duas dimensões: a facilidade de conversão


e a perda de valor. Qualquer ativo pode ser convertido em caixa rapidamente,
desde que seu valor seja reduzido. No entanto, um ativo com boa liquidez é
aquele que pode ser convertido em dinheiro com rapidez, sem que haja uma
perda significativa de valor (BTGPactual, 2019).

Vejamos alguns exemplos de investimentos e sua respectiva liquidez:

• Poupança: liquidez alta, pois o resgate do dinheiro é feito quase que


instantaneamente. Basta solicitar o resgate e o dinheiro está na sua conta.
• Títulos públicos: liquidez média, pois as vendas só ocorrem uma vez por
semana e, mesmo assim, não é garantido que você conseguirá vender. Existe
uma data final para o resgate.
• Fundos de investimentos: liquidez de alta para média, pois, dependendo do
fundo, é necessário entre um a quatro dias úteis para o dinheiro estar disponível
em sua conta.
• Imóveis: liquidez baixa, pois muitas vezes demora dias ou meses para vender
um imóvel pelo preço que ele realmente vale.
• Ações: depende do ativo, mas a liquidez geralmente é alta. Quando o papel é
muito negociado (ex.: Petrobras e Vale), a venda é praticamente instantânea e,
na maioria das vezes, pelo preço que você sugere. Já em papéis pouquíssimos
negociados, é difícil vender pelo preço sugerido com facilidade. Muitas vezes,
faz-se necessário baixar a pedida para conseguir vendê-lo.

Para saber lidar com a liquidez, é necessário saber quais são os seus planos
e suas necessidades. Qual é a função do dinheiro que você está investindo? Formar
uma reserva de emergência? Construir um patrimônio? Busque opções pensando
no retorno, sem negligenciar qual é a liquidez do investimento para adequar aos
seus prazos. E não se esqueça de ficar atento ao risco!

Para Bruni (2013) a associação entre maior retorno e maior sacrifício de


liquidez ou tempo é imediata. Ou seja, um investimento por maior tempo tem
que estar associado a um maior retorno. Uma aplicação na poupança por um ano
tem que gerar um retorno maior que uma aplicação por apenas um mês.

Um dos ditados populares mais famosos fala que “quem não arrisca não
petisca”. Ou seja, para petiscar mais e obter maior retorno, o investidor deveria
estar disposto a correr maior risco.

Observe a figura a seguir que faz a associação entre este tripé: Risco X
Rentabilidade x Liquidez.

66
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

FIGURA 15 – ASSOCIAÇÃO RISCO X RENTABILIDADE X LIQUIDEZ

FONTE: <https://i1.wp.com/taurusacademy.com.br/wp-content/uploads/2017/07/2-IMAGEM-1.
png?w=795>. Acesso em: 3 mar. 2019.

A rentabilidade nada mais é que o retorno de um investimento, ao


fazermos uma aplicação em um ativo financeiro, seja em um título público, em
um CDB ou até em uma ação, é comum existir uma diferença entre o valor que
investimos e a quantia que resgatamos. Essa será a rentabilidade do investimento.

Isso acontece quando fazemos um investimento, pois estamos levando


nosso dinheiro do presente para o futuro, por não usar esse valor agora, receber
uma remuneração, ou melhor dizendo um prêmio sobre isso.

O retorno sobre o capital investido (rentabilidade) pode ser definido


por meio de taxa de juros prefixadas, pós-fixadas, mistas ou ainda baseada na
valorização (como no caso das ações, que a diferença entre o preço de compra e
o preço de venda determina a rentabilidade, podendo ser positiva ou negativa).

Geralmente, a rentabilidade é expressa em valores percentuais.

A figura a seguir apresenta alguns exemplos de investimentos e suas


respectivas rentabilidades.

Observação: na projeção dos produtos pós-fixados foi levado em


consideração o valor da taxa Selic de 6,5% a.a.

67
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

FIGURA 16 – COMPARATIVO DE INVESTIMENTO

FONTE: <https://www.outrosquinhentos.com/wp-content/uploads/2019/01/comparacao.png>.
Acesso em: 3 mar. 2019.

Mas atenção! Rentabilidade é diferente de lucratividade.


É comum as pessoas associarem o mesmo significado para rentabilidade
e lucratividade, isso porque ambos trabalham em cima do lucro líquido da
empresa. Os dois são indicadores importantíssimos para quem se preocupa com
a saúde financeira de uma empresa e é por isso que se faz necessário um claro
entendimento da diferença entre eles.

Como já vimos anteriormente, a rentabilidade serve para medir o retorno


que um investimento pode proporcionar ao negócio. Se baseia no lucro líquido e
tem seu resultado em valor percentual.

A diferença é que o cálculo de rentabilidade é realizado desta maneira:

Rentabilidade = (lucro líquido/investimento) x 100

Já a lucratividade é utilizada para apontar o ganho de uma empresa


em relação a sua atividade. Ela indica se o negócio está justificando ou não a
operação da empresa, ou seja, se as vendas são suficientes para pagar os custos e
as despesas e ainda gerar lucro.

A lucratividade é apurada em valor percentual, em um cálculo que


considera o lucro líquido e a receita bruta do empreendimento.

Esta é a fórmula utilizada para o cálculo de lucratividade:

Lucratividade = (lucro líquido/receita bruta) x 100


68
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

Vejamos um exemplo de rentabilidade x lucratividade: imagine que, em


uma fábrica que produz eletrodomésticos, cada ventilador é vendido por R$
120,00. Deste valor, R$ 30,00 acabam custeando os impostos, R$ 25,00 se referem
à matéria-prima e outros R$ 25,00 custeiam a mão de obra. Dessa forma, a cada
peça vendida, R$ 80,00 são utilizados para o pagamento de custos e despesas
e o que sobra corresponde ao lucro líquido que, nesse caso, é de R$ 40,00 por
mercadoria vendida.

Cálculo do Custo do Produto (unitário)


Preço de Venda 120,00
(-) Impostos 30,00
(-) CMV (matéria-prima) 25,00
(-) Desp. c/mão de obra 25,00
(=) Lucro líquido por unidade 40,00

Assim, se em um mês a empresa vende 200 ventiladores, sua receita bruta


(total das vendas) corresponde a R$ 24 mil, enquanto que seu lucro líquido é de
R$ 8 mil.

Cálculo do Lucro Líquido


Receita bruta (200 x120,00) 24.000,00
Lucro líquido (200 x 40,00) 8.000,00

Aplicando a forma da lucratividade, o cálculo seria feito desta maneira:


Lucratividade = (lucro líquido/receita bruta) x 100.
Lucratividade = (8.000,00/24.000,00) x 100.
Lucratividade = 33,33 %.

Agora imagine que essa mesma empresa tenha investido R$ 20.000,00 em


marketing para impulsionar a venda dos ventiladores durante o verão, gerando a
venda de 1.500 unidades na estação a R$ 120,00 cada.

Cálculo do Lucro Líquido


Receita bruta (1.500 x120,00) 180.000,00
Lucro líquido (1500 x 40,00) 60.000,00

Agora aplicamos a fórmula da rentabilidade:


Rentabilidade = (lucro líquido/investimento) x 100.
Rentabilidade = (60.000,00/20.000,00) x 100.
Rentabilidade = 300%.
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UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Isso quer dizer que, para cada R$ 1,00 investido, a empresa obteve um
retorno de R$ 3,00. Mas atenção! uma empresa com 300% de rentabilidade pode
vir a ter uma lucratividade pequena, isso no caso dos custos e despesas da sua
operação serem muito altos e consumirem grande parte da receita, interferindo
no lucro líquido.

4 VALORAÇÃO DE ATIVOS (VALUATION)


Valuation, em inglês, significa valoração. Consiste em um processo no qual
são aplicados métodos e técnicas de avaliação para determinar se uma empresa
ou um ativo tem o valor justo e se vale a pena investir neles.

Para esse processo acontecer, leva-se em consideração o comportamento


histórico de preço do alvo da avaliação e dos seus pares (exemplo: outras ações e
ativos de empresas similares), assim como outras variáveis do mercado financeiro.

Cada ativo possui características específicas que determinarão o que


será levado em conta na hora da sua valoração, ou seja, isso depende das suas
especificidades e incertezas associadas, que vão pesar no momento de atribuir
valor e de julgar as probabilidades de retorno positivo.

O valuation tem como propósito descobrir se o preço de uma empresa ou


de um ativo está justo, baixo ou alto, o que vai auxiliar o investidor a decidir se
está ou não na hora de investir nessa ação ou ativo.

As técnicas de avaliação das decisões de investimentos podem ser


agrupadas em dois grandes grupos: avaliação contábil ou avaliação financeira.
Elas são baseadas nos conceitos da Lei nº 11.637/07, voltada para a contabilização
ou apuração de tributos e geralmente não é utilizada em tomada de decisões
gerenciais. Já as técnicas de avaliação contábil empregam números e dados
extraídos primordialmente de relatórios contábeis básicos, como o Balanço
Patrimonial (BP) e o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).

Já as técnicas de avaliação financeira tentam refletir o benefício futuro que


este ativo gerará, e é aplicado em decisões de investimento, abertura de capital,
entre outras negociações. Entre as circunstâncias que se faz necessário, a avaliação
de empresas e ativos, destacam-se:

• Escolha de investimentos para uma carteira.


• Decisão sobre o preço apropriado a pagar ou receber em uma aquisição ou
fusão.
• Realização de investimentos.
• Liberação de financiamentos.
• Distribuição de dividendos.
• Abertura de capital de uma empresa - necessário para realizar a primeira oferta
pública de ações, ou IPO (Initial Public Offering).

70
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

• Adoção da gestão baseada em valor (que permite fazer projeções quanto a


lucros e resultados futuros de uma organização).
• Consultoria financeira.
• Outras transações do mercado de capitais.

Vejamos os métodos mais utilizados no processo de valuation.

FIGURA 17 – PRINCIPAIS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

FONTE: <https://www.valorebrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/07/Metodos-de-avaliacao-
de-empresas-1024x533.png>. Acesso em: 3 mar. 2019.

Destaca-se que o processo de valuation exige conhecimento técnico,


estratégico, de mercado, além das circunstâncias que envolvem uma empresa,
pois tudo isso influenciará na escolha dos métodos que determinarão o valor de
uma organização. Além disso, o resultado do valuation pode variar em função do
avaliador escolhido e da sua experiência, bem como sua percepção do mercado e
das perspectivas de crescimento da empresa nos próximos anos.

DICAS

Quer saber mais sobre o Valuation? Assista ao vídeo Em 2 minutos, "o que
é avaliação de empresas (valuation)". Conceitos e métodos de avaliação. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?time_continue=152&v=oed4atVQp-U>.

71
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

5 EFEITOS TRIBUTÁRIOS
É comum no mundo dos investimentos (principalmente os iniciantes)
cometerem erros graves, como o de só pensar em rentabilidade e serem
impacientes quando o assunto é enriquecer a médio e longo prazo, utilizando-
se dos juros compostos. Eles pensam apenas em ter o melhor retorno de forma
mais rápida.

Isso acaba cegando o investidor para outros cuidados tão importantes


quanto o lucro, e ainda, as taxas e tributos para se investir.

Pode parecer pouco, mas a rentabilidade de um investimento pode ser


corroída caso você não tenha feito um planejamento desse investimento de curto
prazo e precise do dinheiro rapidamente.

Isso porque a maioria dos investimentos possui incidência de dois


impostos: o IOF e o IR (Imposto de Renda).

De acordo com o site SerasaEnsina (2019), IOF é a sigla de Imposto sobre


Operações Financeiras. Entre as mais comuns estão crédito, câmbio e seguros.
Além dessas, o IOF também está presente em qualquer operação titular e de
valores mobiliários, como bolsa de valores ou fundo imobiliário.

O imposto federal tem com intuito ser um regulador da economia nacional.


A taxa cobrada em cada operação é vista como um recolhimento proporcional
dos investimentos, dando conhecimento da demanda e oferta de crédito.

Vejamos algumas operações e seus respectivos percentuais de IOF:

• Câmbio: quando você compra moeda estrangeira, física ou usando o cartão


internacional, cai sobre 6,38% do valor.
• Seguro: o valor cobrado é de aproximadamente 7,38%, podendo chegar até
25%.
• Cartão de crédito, empréstimo e financiamento: é cobrado 0,38% de IOF e tem
um limite de 3%.
• Títulos e fundos imobiliários: é1,5% ao dia.

Já o IR (Imposto de Renda) tem uma alíquota que varia de acordo com o


tipo de fundo de investimento e incide sobre o total de rendimento das aplicações.

A grande maioria dos fundos de investimento sofrem dedução do


imposto de renda na fonte, em dois períodos do ano. São os chamados come-
cotas, que incidem sobre os fundos de investimento de curto prazo e de longo
prazo. O imposto de renda que incide sobre estes fundos pode variar de 15% a
22,5%, dependendo do prazo que o dinheiro permanece aplicado no fundo de
investimento.

72
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

QUADRO 7 – INCIDÊNCIA DE IR

Alíquota Prazo Aproximado


22,5% Até 180 dias até 6 meses
20% de 181 dias a 360 dias Até 1 ano
17,5% de 361 dias a 720 dias Até 2 anos
15% acima de 720 dias Acima de 2 anos

FONTE: O autor

Os fundos de investimento de ação, entretanto, têm uma tributação fixa


de imposto de renda de 15% sobre o lucro, que é debitada apenas no momento do
resgate do investimento (ADVFN, 2019).

Vejamos um exemplo a seguir.

FIGURA 18 – SIMULAÇÃO CDI COM IR

FONTE: <https://www.avistafinanceira.com.br/investimentos/simulador>. Acesso em: 3 mar. 2018.

E
IMPORTANT

Atenção! Deve-se ficar muito atento à cobrança de Imposto de Renda (IR) e IOF,
pois ela incidente sobre os fundos de investimento. Na hora de investir, investimentos de
prazo mais curto pagam mais impostos. Além do mais, investimentos como a poupança e o
LCI/LCA são isentos de impostos.

DICAS

Quer aprender mais sobre o efeito tributário nos investimentos? Assista ao vídeo:
Qual IMPACTO do Imposto de Renda nos Investimentos de LONGO PRAZO? Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?time_continue=173&v=KckrbXJvxMk>.

73
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

VALE A PENA INVESTIR NA POUPANÇA?

Contra fatos não há argumentos: a poupança é o investimento preferido


dos investidores brasileiros. 109 milhões de pessoas deixam o dinheiro nesse
tipo de aplicação. Sim, 109 milhões! É muita gente, né? Mas será que todas essas
pessoas estão fazendo um bom negócio?

A poupança é conhecida por ser simples, segura e prática. Precisou do


dinheiro? É só resgatar! Quer aplicar um pouco mais? É só transferir! Por essa fama
estar muito enraizada na cultura dos brasileiros, poucas pessoas se perguntam se
é um investimento que vale a pena.

Como tudo no mundo das finanças, é preciso analisar. Se você não sabe
nem por onde começar, fique calmo! Estamos aqui para te ajudar com isso.
Neste post, vamos passar por todas as características da poupança e, no final, te
responder se é um investimento que vale a pena ou não.

Inflação: a inimiga

Para falar sobre poupança, nós precisamos falar sobre a inflação. Inflação,
em poucas palavras, significa um processo de aumento de preços. Sabe quando
você vai ao mercado em dois dias seguidos e os preços já estão diferentes? É o
efeito da inflação. No Brasil, o índice oficial que mede a inflação é o IPCA.

“Mas o que isso tem a ver com a poupança?” Tudo! A inflação é a maior
inimiga da poupança. Dependendo de como estiver o IPCA do Brasil, o rendimento
da poupança pode ser tão baixo que parece que você está ganhando dinheiro,
mas na verdade está perdendo. Para sermos mais exatos, você perde “poder de
compra”. Isso significa que o seu dinheiro perde valor diante das situações do
mercado.

Exemplo simples e prático para você entender: você guardou R$100,00 para
comprar uma roupa, mas, ao invés de comprar, coloca o dinheiro na poupança.
Um ano depois, você ficou com R$ 105,00, ou seja, rendeu R$ 5,00. Quando vai
comprar a roupa, percebe que agora ela custa R$110,00! O seu dinheiro não tem
mais o poder para comprar aquele item.

Nesse caso, o que aconteceu? O valor da roupa foi reajustado de acordo


com a inflação. A poupança teve um rendimento tão baixo que nem foi capaz de
manter o seu poder de compra. Você perdeu dinheiro.

Vale lembrar que um dos maiores objetivos dos investimentos é fugir da


inflação. Aliás, é mais do que manter o seu poder de compra e sim aumentá-lo
para você ganhar ainda mais. Só por aí já dá para perceber que a poupança não é
um investimento tão bom assim, né?
74
TÓPICO 3 | ENTRADA E SAÍDA DE RECURSOS

Rentabilidade e liquidez

Se a poupança pode render menos que a inflação, ela rende muito pouco.
O cálculo é feito da seguinte forma:

Se a Selic (taxa de juros básica) for menor ou igual a 8,5% ao ano, a


poupança rende 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial).

Se a Selic for superior a 8,5% ao ano, ela tem rentabilidade fixa: 0,5% mais
a TR.

Para você ter uma ideia, o CDI (outra taxa de juros que move o mundo
financeiro) sempre acompanha o valor da taxa Selic. No Yubb, você encontra
investimentos em renda fixa que são tão seguros quanto a poupança e que rendem
até 150% do CDI (ou até mais)! Se a poupança rende só 70% da Selic, isso significa
que a rentabilidade é muito baixa.

Vale lembrar que a TR é um valor super baixo e que não influencia em


praticamente nada no rendimento da poupança.

Já que estamos falando sobre rentabilidade, é muito importante passarmos


pela questão da liquidez. No caso da poupança, a liquidez é imediata. Muita
gente gosta de deixar o dinheiro na poupança para conseguir resgatar esse valor
a qualquer momento. Realmente, isso é uma característica muito bacana.

Se você decidir resgatar o seu dinheiro, basta transferi-lo para a sua conta
corrente e pronto. Em questão de minutos ele já estará lá disponível para ser
usado. Mas vale dizer que outros investimentos também oferecem uma boa
liquidez.

Existem CDBs que pagam bem mais de 100% do CDI e que oferecem
liquidez diária. Ou seja, você pode resgatar o seu dinheiro a qualquer momento e,
no próximo dia útil, ele estará na sua conta. Claro que não é tão imediato quanto
a poupança, mas é muito válido.

“Vou deixar meu dinheiro na poupança mesmo! Posso retirá-lo a qualquer


momento e vou ganhar meus rendimentos, é perfeito”.

Pera, pera, pera! Não é bem assim. É aí que está o X da questão!

Na maioria dos investimentos que existem com liquidez diária, a


rentabilidade também é diária. Ou seja, todos os dias você está ganhando
rendimentos em cima do valor aplicado e, se tirar antes do prazo definido, ganha
o correspondente para o período que ficou investido.

Na poupança, a história é outra. Existe um conceito que se chama


“aniversário da poupança” e isso significa que a sua rentabilidade só chega uma
vez ao mês.
75
UNIDADE 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Por exemplo: se você colocou R$ 1.000,00 na caderneta no dia 15 de abril,


ela só vai render no dia 15 de maio. Se você resolver resgatar o dinheiro no dia 14
de maio, já era! Não vai ter rendimento nenhum.

Isso é uma desvantagem muito grande, concorda? O conceito essencial


dos investimentos é sempre ganhar dinheiro com rendimentos e se você ficou 29
dias com o dinheiro aplicado e não ganhou nada, você praticamente nem investiu!

Segurança

Um dos pontos mais positivos da poupança é a segurança. Ao transferir


o seu dinheiro para a poupança, o brasileiro não tem medo de perder dinheiro já
que o seu investimento está garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Isso significa que, se a instituição financeira quebrar e você perder o


dinheiro que estava na poupança, o FGC te devolve essa quantia. Sempre dentro
das regras de utilização: R$ 250 mil por CPF/por grupo financeiro e sob um teto
de R$ 1 milhão. Sim, você não corre o risco do banco quebrar; se tiver qualquer
problema, o FGC está aí.

Mas é aí que entra a “pegadinha”: existem muitos outros investimentos


em renda fixa que também são garantidos pelo FGC e que têm uma rentabilidade
muito maior. Entre eles, estão os CDBs, RDBs, LCIs e LCAs. Além disso, também
existem os títulos públicos do Tesouro Direto que são garantidos por ninguém
mais ninguém menos do que o próprio governo federal!

Não tem como negar que a segurança da poupança é incrível. Mas,


como já vimos ali em cima, sua rentabilidade é muito ruim. Se existem outros
investimentos com a mesma segurança, por que não tirar seu dinheiro da
poupança e aplicar em um deles?

Conclusão

Respondendo à pergunta do post: Investir na poupança vale a pena?

Não, não vale! Pedimos desculpas por te decepcionar, mas é a verdade. A


poupança, na realidade, nem pode ser considerada investimento!

Se você tem um dinheirinho guardado na poupança, que tal colocá-lo em


outros tipos de investimentos em renda fixa?

Agora que você já sabe de tudo isso, é hora de botar a mão na massa e
começar a ganhar mais dinheiro!

FONTE: <https://www.bussoladoinvestidor.com.br/vale-a-pena-investir-na-poupanca/>. Acesso


em: 3 mar. 2019.

76
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Investimento inicial é todo o aporte de capital necessário para colocar um


projeto em funcionamento. Usualmente, ele é composto pelos investimentos
em ativos fixos, despesa pré-operacionais e aporte inicial de capital de giro,
também denominados de entrada e saída de recursos.

• Uma entrada de recurso pode ser definida como qualquer transferência de


dinheiro que vem para as mãos da empresa. Já uma saída de recurso, decorre
da transferência de fundos da empresa, para um outro agente (seja física ou
eletronicamente).

• A atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente


de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como proceder
aos ajustes e correções necessários.

• Entre os meios utilizados para acompanhar a vida financeira da empresa está


o Fluxo de Caixa, que é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas
(desembolsos) de recursos monetários de uma empresa em determinado
intervalo de tempo.

• A diferença entre liquidez e rentabilidade está na sua classificação, sendo:


liquidez a capacidade de um ativo se transformar em dinheiro e rentabilidade
o valor final que se espera receber por investir o dinheiro.

• Valuation consiste em um processo no qual são aplicados métodos e técnicas de


avaliação para determinar se uma empresa ou um ativo têm o valor justo e se
vale a pena investir neles.

• A maioria dos investimentos possui incidência de dois impostos: o IOF e o IR


(Imposto de Renda). Ambos os impostos possuem várias taxas que devem ser
aplicadas de acordo com o tipo, prazo e valor do investimento.

77
AUTOATIVIDADE

1 Considerando-se que o sucesso de uma empresa depende de todas as


áreas que a compõem, é necessário o conhecimento de todas as atividades
realizadas dentro dela, que podem ser agrupadas de três formas. Assinale a
alternativa que apresenta a reposta correta:

a) ( ) Operações, Financiamento e Administrativo.


b) ( ) Operações, Investimentos e Financiamento.
c) ( ) Operações, Investimentos e Capitalização.
d) ( ) Operações, Capitalização e Sociedade.

2 Relacione as atividades realizadas nas empresas de acordo com seu conceito.

( ) Compreendem a captação de recursos dos


(1) Operações acionistas ou sócios, bem como a sua remuneração
na forma de dividendos ou distribuição de lucros.

( ) São relativas a transações que envolvem


(2) Investimentos participações em outras empresas, gastos com
pesquisas etc.

( ) São aquelas realizadas em função do negócio da


(3) Financiamentos
empresa.

3 Conceitue fluxo de caixa

4 O que vem a ser liquidez?

5 O que vem a ser rentabilidade?

6 Considerando que a liquidez de um investimento está diretamente


ligada à rapidez com ele pode ser convertido em dinheiro, classifique os
investimentos a seguir em:

(1) Liquidez baixa.


(2) Liquidez média.
(3) Liquidez alta.

( ) Ações.
( ) Poupança.
( ) Títulos públicos.
( ) Imóveis.
( ) Fundos de investimentos.

78
7 Qual é a diferença entre rentabilidade e lucratividade?

8 A valoração de Ativos (Valuation) consiste em um processo no qual são


aplicados métodos e técnicas de avaliação para determinar se uma empresa
ou um ativo têm o valor justo e se vale a pena investir neles. Entre os métodos
de avaliação de empresas, qual deles não pertence ao valuation?

a) ( ) Espontânea.
b) ( ) Contábil.
c) ( ) Mercado.
d) ( ) Múltiplos.

9 Dentre os investimentos isentos de impostos no Brasil, assinale a alternativa


que não se encaixa nessa situação.

a) ( ) LCI.
b) ( ) Poupança.
c) ( ) LCA.
d) ( ) CDI.

10 Os fundos de investimento de ação possuem uma tributação fixa de imposto


de renda sobre o lucro, que é debitada apenas no momento do resgate do
investimento. Qual é essa tributação?

a) ( ) 15%.
b) ( ) 17,5%.
c) ( ) 20%.
d) ( ) 22,5%.

79
80
UNIDADE 2

MÉTODOS E CRITÉRIOS DE
AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender como são tomadas as decisões de investimentos;

• visualizar os indicadores financeiros de investimento;

• identificar o conceito da Taxa Mínima de Atratividade – TMA;

• entender os conceitos de termos como: VPL, VPLa, IBC, TIR, PAYBACK;

• aprofundar-se na monetização de projetos de investimentos;

• compreender os custos de transação;

• conhecer o custo do capital próprio e de terceiros;

• assimilar os princípios qualitativos de capital;

• identificar o fluxo de caixa livre e os valores incrementais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PROJETOS DE INVESTIMENTO

TÓPICO 2 – CUSTOS DE TRANSAÇÃO

TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS QUANTITATIVOS DE ANÁLISE


DE INVESTIMENTO

81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1

PROJETOS DE INVESTIMENTO

1 INTRODUÇÃO
Projetos de investimentos fazem parte das necessidades das empresas
que buscam alcançar seus objetivos. Para que um projeto seja bem-sucedido, é
necessária a utilização de várias ferramentas que serão abordadas nesta unidade.

Iniciaremos dando ênfase aos indicadores financeiros, uma poderosa


ferramenta de controle que permite analisar os riscos, o retorno e a geração futura
de valor e demais informações relacionadas aos investimentos.

Entender o que está por trás de cada um desses indicadores é o que faz
eles serem tão importantes, podendo tornarem-se divisores de águas entre um
projeto de investimento bem-sucedido e um malsucedido.

Fique conosco nessa jornada intrigante dos números!

2 INDICADORES FINANCEIROS DE INVESTIMENTO


Quando se fala em um investimento, existe a necessidade de uma
avaliação criteriosa do que chamamos de indicadores financeiros. Não podemos
deixar de colocar que, quando se faz um investimento, espera-se um ganho
sobre o valor investido. Esse ganho pode estar associado à criação de riqueza,
mas também pode estar associado ao risco. Associado à criação de riqueza estão
o Valor Presente Líquido (VPL), o Valor Presente Líquido anualizado (VPLa), o
Índice Benefício/Custo (IBC) e o Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA).
Já sobre o risco estão associados a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Período de
Recuperação de Investimento (Pay-back) (SOUZA; CLEMENTE, 2009).

Na literatura ainda se encontram outros indicadores, porém os descritos


anteriormente são os mais utilizados e são os que serão abordados em maior
profundidade neste tópico. Devemos também lembrar que, como visto na
Unidade 1, para toda a decisão de investimento, devemos calcular a Taxa Mínima
de Atratividade (TMA).

83
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

2.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)


A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é entendida como a melhor taxa,
com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital que está sendo
analisado. A decisão de investimento sempre terá pelo menos duas alternativas que
serão avaliadas: investir no projeto ou “investir na Taxa Mínima de Atratividade”.
Sempre fica subentendido que o capital para investimento não ficará no caixa e
sim aplicado à TMA.

A taxa mínima de atratividade (TMA) representa o ganho mínimo que um


investidor se dispõe a receber ao decidir investir seus recursos em um projeto.
Por outro lado, essa taxa é o custo máximo que um tomador se dispõe a pagar
ao captar recursos no mercado. Para que um investimento seja interessante, é
preciso que proporcione rentabilidade maior ao investidor do que oferecem as
alternativas que ele tem a sua disposição (HOJI; DA LUZ, 2019).

Falando de outra forma, a taxa mínima de atratividade (TMA) é um


índice muito utilizado no processo de análise de viabilidade econômica de um
determinado projeto. Esse índice permite analisar se um investimento é ou
não viável. Em outras palavras, para que seja investido em um novo projeto, a
rentabilidade deve ser maior que o custo que a empresa possui em manter seus
recursos circulando dentro dela (independentemente de ser capital próprio ou de
terceiros).

Sempre antes de investir em um projeto, o investidor deve analisar a taxa


mínima de atratividade para tomar a decisão de executá-lo ou não. Para se ter
uma estimativa base da TMA, normalmente são utilizadas algumas das taxas de
juros praticadas no mercado, por exemplo: Taxa Referencial (TR); Taxa de Juros a
Longo Prazo (TJLP) e Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC).
A aplicação da TMA não agrega valor algum para a empresa, portanto, entende-
se que dinheiro em caixa não agrega riqueza (SOUZA; CLEMENTE, 2009). Para
entender melhor, veja a figura a seguir que mostra de forma ilustrativa essa
afirmação.

84
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

FIGURA 1 – RIQUEZA GERADA PELA APLICAÇÃO NA TMA OU NO PROJETO

to Riq
op roje uez
a ge
ão n rad
Aplicaç a=
0

Riq
uez
a ge MA
rad
a= ão na T
VPL
Ap licaç

Caixa de
surpresa

FONTE: Souza e Clemente (2009, p. 8)

A figura mostra que a riqueza aplicada na TMA gera uma riqueza de


valor igual a zero. Isto é, riqueza nenhuma. Enquanto que a riqueza aplicada em
um projeto gerará a riqueza igual ao Valor Presente Líquido (VPL).

Agora que você já conhece a importância e o significado da taxa mínima de


atratividade (TMA), não deixe de utilizar esse conhecimento na hora de investir
em um novo projeto. Esse pode ser um ponto fundamental ao definir um projeto
que trará retorno financeiro ou que poderá fracassar.

2.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)


O Método do Valor Presente Líquido (VPL) é das técnicas robustas de
análise de investimento a mais conhecida, além de ser a mais utilizada. Como o
próprio nome diz, o Valor Presente Líquido nada mais é do que todos os valores
esperados de um fluxo de caixa na data zero (SOUZA; CLEMENTE, 2009).

No VPL não podemos apenas somar ou subtrair valores futuros que


entrarão e sairão do caixa (fluxo de caixa) em um projeto de investimento, isso
porque deve-se considerar o  valor do dinheiro no tempo. Um dos princípios
básicos da matemática financeira que já estudamos na Unidade 1.

Em outras palavras, podemos dizer que o VPL é um método que baseia-se


em trazer para a data zero todos os fluxos de caixa de um projeto de investimento e
somá-los ao valor do investimento inicial, utilizando como taxa de desconto a taxa
mínima de atratividade (TMA) da empresa ou projeto. A fórmula matemática
para o VPL é a seguinte:

FC1 FC2 FCn


VPL =− Investimento Inicial + + + ... +
(1 + i ) (1 + i ) 2
(1 + i )n

85
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Onde:
FC = Fluxo de Caixa
1, 2, .... (n) = Representam o período ou o (tempo).
i = Taxa Mínima de Atratividade

Em termos de comparação com outros métodos de análise de investimentos


que veremos mais a frente, como o payback descontado e a taxa interna de retorno,
o VPL é o método mais recomendado sob o ponto de vista econômico. Veja
um exemplo para melhor entendimento: uma empresa cuja Taxa de Mínima
Atratividade, antes de imposto de renda, é de 12% ao ano e está analisando a
viabilidade financeira de um novo investimento. O Fluxo de Caixa anual do
projeto de investimentos em análise está representado no quadro a seguir.

QUADRO 1 – FLUXO DE CAIXA

FONTE: Souza e Clemente (2009, p. 8).

Vamos calcular o VPL:

30 50 70 90 110 130 130 130 130


VPL =
−380 + 1
+ 2
+ 3
+ 4
+ 5
+ 6
+ 7
+ 8
+
(1,12) (1,12) (1,12) (1,12) (1,12) (1,12) (1,12) (1,12) (1,12)9

Resolvendo o cálculo, chegamos ao valor do VPL = R$ 80,14. Esse mesmo


resultado será encontrado se for usada uma calculadora financeira HP 12C ou
uma planilha eletrônica como o Excel. Na calculadora HP 12C, temos que fazer os
seguintes procedimentos como são demonstrados no quadro a seguir.

86
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

QUADRO 2 – CÁLCULO VPL PELA HP12C

-380 → g CF0

30 → g CFj

50 → g CFj

70 → g CFj

90 → g CFj

110 → g CFj

130 → g CFj

4 → g Nj

12 → 1%

f NPV → 80,14

FONTE: Souza e Clemente (2009, p. 9).

E agora? O que esse número significa? Ele é bom ou ruim? Vamos a


interpretação: pela definição de VPL, significa que o projeto consegue recuperar
o investimento inicial (R$ 380), remunera também aquilo que teria sido ganho
se o capital para esse investimento (R$ 380) tivesse sido aplicado na TMA (12%
a.a.) e ainda sobram, em valores monetários de hoje, R$ 80,14 (excesso de caixa).
Agora, resta saber se esse número (R$ 80,14) é bom ou é ruim. Em princípio,
nenhum número é bom ou ruim, a menos que possa ser comparado com alguma
referência. Para o VPL a regra primária de referência é a seguinte:

VPL > 0 → indica que o projeto merece continuar sendo analisado.

Para que seja tomada a decisão de investimento, somente o indicador


anterior pode não ser suficiente. Continuando na mesma linha de raciocínio,
vamos entender um pouco mais de um outro indicador: o Valor Presente Líquido
anualizado (VPLa).

DICAS

Quer saber mais sobre o VPL? Acesse o link: <https://www.youtube.com/


watch?time_continue=25&v=EW-QyWPq5MM>.

87
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

2.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ANUALIZADO (VPLa)


O Valor Presente Líquido Anualizado (VPLa), também conhecido como
Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE), é uma variação do Método do Valor
Presente Líquido. Enquanto o VPL concentra todos os valores do fluxo de caixa na
data zero, no VPLa o fluxo de caixa representativo do projeto de investimento é
transformado em uma série uniforme (SOUZA; CLEMENTE, 2009). Por exemplo:
se em uma determinada data você possui dois investimentos para analisar, sendo
que cada qual possui uma duração diferente, ao utilizar-se do  Valor Presente
Líquido (cuja função é trazer ao valor presente um valor futuro) será possível
chegar a um resultado para cada projeto.

Todavia, como os projetos não possuem o mesmo tempo de vida útil,


será necessária a comparação dos resultados por período de forma anual. Para
isso, o que você precisa é do Valor Presente Líquido Anualizado (VPLa). Quando
se tem projetos de longo prazo, o VPL pode não ter uma interpretação muito
fácil para comparação, neste caso, a melhor maneira de avaliar a viabilidade do
investimento é ter informações relacionadas ao ganho por período (anual). Sendo
assim, podemos dizer que o VPLa (Valor Presente Líquido Anualizado) é o VPL
transformado em uma série de pagamentos anuais equivalentes.

Antes de partirmos para o exemplo, precisamos verificar a fórmula


matemática para o cálculo do VPLa:

 i(1 + i )n 
VPLa = VPLx  n 
 (1 + i ) − 1 

Onde:
VPLa = Valor Presente Líquido Anualizado
VPL = Valor Presente Líquido
i = Taxa de atratividade
t = Tempo de duração

Para que consigamos entender melhor o VPLa, usaremos os mesmos


dados do exemplo que usamos para o cálculo do VPL. No exemplo anterior, o
projeto teria um tempo de duração de 9 anos, TMA (12% a.a.) e o valor do VPL
encontrado foi de R$ 80,14. Então como ficaria o cálculo do VPLa para o mesmo
projeto?

Aplicando os valores na fórmula teríamos:


VPLa = R$ 80,14 * 0,18768
VPLa = R$ 15,04

Aqui está a diferença, enquanto o VPL mostra todos os valores do fluxo de


caixa concentrados em uma data zero, no VPLa, o fluxo de caixa representativo
do projeto de uma série de investimento é transformado em uma série uniforme,
essa série é mostrada a seguir:
88
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

A mesma regra aplicada ao VPL, se aplica também ao VPLa, portanto:

VPLa > 0 → indica que o projeto merece continuar sendo analisado.

Vejamos um exemplo: considerando que temos os seguintes projetos:


projeto A – Investimento de R$ 1.000,00 (duração de 4 anos); projeto B –
Investimento de R$ 1.000,00 (duração de 3 anos). Para chegarmos ao valor do
VPLa (Valor Presente Líquido Anualizado), primeiramente, temos de encontrar o
VPL, que será o seguinte:

VPL = Projeto A – 426,44


Projeto B – 367,77

Agora, para diluirmos o resultado do VPL de cada projeto por ano,


utilizamos a fórmula de VPLa já mostrada anteriormente. O resultado
encontrado será:

VPLa = Projeto A = R$ 134,53


Projeto B = R$ 147,89

Entendendo os resultados: podemos observar que o Projeto B gera


anualmente um resultado maior do que o Projeto A (R$ 147,89 e R$ 134,53), sendo
assim a opção mais viável é o Projeto B. Utilizando-se apenas do resultado do
VPL não teríamos uma visão clara do rendimento do projeto por ano.

DICAS

Entenda o cálculo do VPLa desses dois projetos por meio da HP12c acessando o
link: <https://www.youtube.com/watch?v=FTD0PsE1yxo>. Acesso em: 7 jun. 2019.

E da mesma forma que o VPL, somente a referência apresentada


anteriormente não é suficiente para que se tome a decisão se o projeto é ou não
atrativo. Para que se continue analisando um projeto de investimento, vamos
conhecer mais um indicador: o Índice de Benefício / Custo (IBC).

89
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

2.4 ÍNDICE DE BENEFÍCIO / CUSTO (IBC)


O Índice de Benefício/Custo é um indicador que faz a relação de quanto
se espera ganhar para cada unidade de capital investido. Este índice é uma razão
simples entre o Fluxo Esperado de Benefícios de um projeto e o Fluxo Esperado
de Investimentos necessários para realizá-lo. O (IBC), também é conhecido como
índice de lucratividade é calculado pela seguinte fórmula.

Valor presente do fluxo de benefícios


IBC =
Valor presente do fluxo de investimentos

Para que se encontre o valor presente do fluxo de benefícios, podemos


continuar com o exemplo no qual encontramos o VPL de R$ 80,14. Basta somar
esse valor ao valor investimento inicial de nosso exemplo, no caso, R$ 380,00. Essa
soma dá o valor de R$ 460,14. Já o valor presente do fluxo de investimentos nada
mais é do que os R$ 380,00, valor do investimento inicial. Para resolvermos, basta
fazermos a seguinte divisão:

$ 460,14
=IBC = 1,21089
$ 380

Teremos um IBC de R$ 1,21 arredondando, portanto, sempre que tivermos


um VPL > 0, necessariamente, teremos um IBC > 1. Portanto, para aceitarmos ou
rejeitarmos um projeto, temos que necessariamente analisar essas duas situações.
Da mesma maneira que os outros indicadores, a regra primária para o IBC é a
seguinte:

IBC >1 → indica que o projeto merece continuar sendo analisado.

Continuando a nossa análise de projetos de investimento baseada no


nosso exemplo inicial, temos o seguinte: o valor do IBC igual a 1,21 significa
que, para cada R$ 1 imobilizado no projeto, espera-se retirar, após o horizonte
de planejamento do projeto (no caso do exemplo são nove anos), R$ 1,21 após
retirado o ganho que se teria caso esse R$ 1 tivesse sido aplicado na TMA.
Pode-se raciocinar em termos de uma rentabilidade real esperada de 21,01%
em nove anos.

Nota-se que essa taxa não permite comparação imediata com a TMA
(12% ao ano) por enquanto ela se refere a um período de nove anos. No entanto,
existe uma alternativa para se encontrar a taxa equivalente para o mesmo período
da TMA. Essa alternativa apresentará a rentabilidade esperada do projeto
para o mesmo período da TMA. Ela é chamada de (Retorno Adicional sobre o
Investimento) ROIA.

90
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

2.5 RETORNO ADICIONAL SOBRE O INVESTIMENTO (ROIA)


O Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA) pode ser considerada a
melhor estimativa de rentabilidade para um projeto de investimento, e representa
em termos percentuais, a riqueza gerada pelo projeto, já retirada o efeito da
TMA. Dessa forma, pode-se afirmar que o ROIA, que deriva da taxa equivalente
ao Índice Benefício/Custo (IBC) para cada período do projeto, é semelhante ao
percentual obtido através do conceito de Valor Econômico Agregado (SOUZA;
CLEMENTE, 2009). A fórmula matemática para o cálculo do ROIA é a seguinte:

n
ROIA
= IBC − 1

Onde:

ROIA = Retorno Adicional sobre o Investimento


IBC = Índice Benefício / Custo
n = número de períodos

Para calcularmos o ROIA, com base no exemplo visto até aqui, temos que
aplicar os valores na fórmula a seguir:

ROIA
= 9
1,21089 − 1

Para a solução dessa equação, devemos lembrar a maneira como se


calculam as taxas equivalentes vistas na Unidade 1 e apresentada a seguir.

1
ROIA = 1,21089 9 −1
ROIA = 2,15%

Chegando ao indicador do ROIA, no valor de 2,15% a.a. além da TMA


(12% a.a.), teremos essa informação como a melhor estimativa de rentabilidade
de um projeto de investimento. Sabemos que, para o exemplo iniciado, teremos
um retorno além da Taxa mínima de atratividade de 2,15% a.a. Isso nos
possibilita, considerando todos os dados que os indicadores de criação de riqueza
apresentaram, tomar a decisão de correr o risco. Em relação ao risco, existem dois
indicadores que são muito utilizados, eles são a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o
Período de Recuperação do Investimento (Payback).

91
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

2.6 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)


A análise de um projeto de investimento pelo método da Taxa Interna de
Retorno (TIR) acontece com a apuração da rentabilidade que o projeto deverá
proporcionar ao investidor, para poder comparar com a TMA.

A TIR é a taxa que iguala o valor presente dos fluxos de caixa esperados
com o valor presente dos custos do projeto. Uma TIR maior que a TMA indica um
aumento na riqueza dos acionistas. De outra forma, uma TIR menor que a TMA
mostra que os acionistas terão a sua riqueza diminuída, já que o projeto deverá
render menos do que o mínimo esperado (HOJI; LUZ, 2019).

A tomada de decisão de “aceitar ou rejeitar” um projeto quando avaliado


pelo método da TIR leva em consideração o seguinte critério: se a TIR for igual ou
maior do que a TMA, o projeto será economicamente viável; se a TIR for menor
do que a TMA, o projeto será economicamente inviável (HOJI; LUZ, 2019). A
Taxa Interna de Retorno deve ser considerada a taxa de crescimento esperado
de um projeto. Ou seja, projetos que tenham uma TIR maior que outros terão
chances de crescimento melhor. Uma de suas principais aplicações na análise de
investimentos está em: estabelecer novas operações ou expandir as já existentes?

Vejamos um exemplo: considere que uma companhia de energia está


decidindo se abre uma nova usina ou renova e expande uma que já existe. Mesmo
que as duas opções sejam viáveis, a opção que apresentar a maior taxa interna de
retorno provavelmente será a escolhida. No entanto, tenha atenção, mesmo que a
TIR seja uma métrica atraente para muitos, ela deve sempre ser usada em conjunto
com o VPL para se obter uma imagem mais clara do projeto ou investimento.
Lembrando que o conceito de VPL já foi visto nos tópicos anteriores e que ele
era um indicador que envolvia especialmente a rentabilidade. Agora veremos o
papel de um indicador de risco a TIR. A fórmula da TIR é apresentada a seguir.

N
Ft
VP = capital + ∑ (1 + i)
t =1
t

Onde:

VP = valor presente
Capital = valor do investimento
N = quantidade de períodos
Ft = entrada de capital no período t
i = taxa interna de retorno.

Explicando a fórmula: o VP é sempre igual a zero (afinal a TIR calcula


a taxa de desconto que deve ter um fluxo de caixa para que seu VPL seja igual
a zero). O capital equivale ao valor do investimento inicial e deve ser sempre
negativo. Se você olhar o exemplo que demos acima, verá que colocamos o valor
92
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

de -R$ 100 na fórmula (correspondente aos R$100 mil de investimento). O N é a


quantidade de períodos a serem analisadas, por exemplo, 6 meses, 1 ano etc. O
Ft é o valor da entrada de dinheiro no período t, por exemplo, se no quarto mês
entrar R$ 20 mil, informe esse valor.

Para se calcular a TIR, torna-se necessária uma calculadora financeira ou


então uma planilha eletrônica. Calcular sem uma dessas ferramentas tornaria
o trabalho extremamente cansativo e fatigante (SOUZA; CLEMENTE, 2009).
Portanto, como se calcula a Taxa Interna de Retorno (TIR) na calculadora HP
12C? Vamos utilizar para fins de exemplo os mesmos valores que usamos para
encontrar o VPL, somente substituindo o valor da Taxa Mínima de Atratividade
por “i”.

30 50 70 90 110 130 130 130 130


0=
−380 + 1
+ 2
+ 3
+ 4
+ 5
+ 6
+ 7
+ 8
+
(1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i )9

Na calculadora HP 12C, temos que fazer os seguintes procedimentos


conforme demonstrado a seguir.

DICAS

Você pode usar uma calculadora HP 12C on-line gratuitamente, ela pode ser
encontrada em diversos sites, um exemplo deles é seguinte: <https://epxx.co/ctb/hp12c.
html>. Acesso em: 7 jun. 2019.

-380 → g CF0

30 → g CFj

50 → g CFj

70 → g CFj

90 → g CFj

110 → g CFj

130 → g CFj

4 → g Nj

f IRR → 16,1865%

93
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Neste exemplo temos como resultado TIR: 16,1865%. Esse resultado


significa que o investimento em questão tem uma taxa de retorno de 16,1865%.
Assim, você deve compará-lo à Taxa mínima de Atratividade (TMA), que seria o
retorno mínimo esperado na empreitada, no caso do nosso exemplo, temos TMA
12 a.a.

O resultado também pode ser comparado com outros retornos financeiros


como investimentos em fundos, mas também pode ser visto em relação ao risco
da operação, capacidade de se desfazer do negócio e outras oportunidades.

A regra primária de referência para o uso da TIR como medida de retorno


é a seguinte:

TIR >TMA → indica que há mais ganho investindo-se no projeto do que na TMA.

Por ser uma taxa percentual, permite que você compare o retorno dos
mais diferentes tipos de investimentos dentro de um mesmo critério. A TIR é
uma taxa que é mais indicada para fluxos de caixas mais simples (por exemplo,
primeiro período negativo e os futuros positivos). Além disso, em alguns casos,
podem existir conflitos entre o VPL e a TIR. Quando isso ocorrer, sugere-se seguir
o VPL.

DICAS

Ao analisarmos um projeto, por meio da TIR, conseguimos verificar pelo seu


retorno o nível de risco. Normalmente projetos com retornos mais baixos têm riscos menores
do que projetos com retornos mais altos.

2.7 PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DO INVESTIMENTO


(Payback)
O último indicador que vamos analisar se chama Payback, que significa
“retorno”. Trata-se de uma estratégia, um  indicador, um método  usado nas
empresas para calcular o período de retorno de investimento em um projeto. Em
palavras mais técnicas, payback é o tempo de retorno desde o investimento inicial
até aquele momento em que os rendimentos acumulados tornam-se iguais ao
valor desse investimento.

94
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

Para a tomada de decisão de “aceitar ou rejeitar” um projeto quando


avaliado pelo método do payback considera-se o seguinte critério:

• Se o período de retorno calculado for menor que o período máximo aceitável pelo
investidor para recuperar o capital investido, o projeto será economicamente
viável.
• Se o período de retorno calculado ultrapassar o período máximo que o
investidor está disposto a esperar para ter de volta o valor investido, o projeto
será economicamente inviável (HOJI; LUZ, 2019).

Os cenários econômicos de incertezas são frequentes e, por isso, quem


investe seu dinheiro em um negócio deseja reduzir o fator risco e aumentar a sua
liquidez. Prazos maiores em momentos de incertezas acarretam maiores riscos de
a situação econômica do país mudar e o que foi planejado pode não ser realizado.
Nesse caso, o método do payback dá preferência a períodos menores para o retorno
dos investimentos, o que lhe confere um viés em favor da liquidez.

Existem duas formas de se calcular o payback:

• Payback simples, que mostra o prazo suficiente para que o somatório das


entradas líquidas de caixa futuras em valores nominais seja igual ao valor total
investido. Esse método, no entanto, não leva em conta o valor do dinheiro
no tempo, além de não considerar os fluxos de caixa que ocorrem após o
período de payback. Outro fator importante é que, ao comparar dois projetos de
investimentos mutuamente excludentes, não é levada em consideração a forma
como os retornos estão distribuídos nos fluxos de caixa.
• Payback descontado, que mostra o prazo necessário para que o valor investido
seja recuperado, mas é calculado com base em “valores descontados”, ou seja,
com os valores nominais de diferentes períodos convertidos para valores de
uma mesma data, no caso, do momento inicial.

Vamos a um exemplo: uma empresa “x” fez um investimento de R$


5.000,00 e tem os seguintes Fluxos de Caixa anuais projetados para os cinco anos
subsequentes. Ano 1: R$ 2.000,00;

Ano 2: R$ 2.000,00;
Ano 3: R$ 1.000,00;
Ano 4: R$ 1.500,00;
Ano 5: R$ 2.500,00.

Essa empresa precisa saber em quanto tempo recuperará o investimento.


Para facilitar a visualização, vamos transformar em um quadro todo o problema:

95
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Períodos
0 1 2 3 4 5 Total
(anos)

Retornos
2.000 2.000 (1.000) 1.500 2.500 7.000
esperados
(-) Investimento
(5.000) (5.000)
inicial
Saldo de
(5.000) (3.000) (1.000) (2.000) (500) 2.000
investimento

Nota-se que a empresa recuperará o investimento em quatro anos e alguns


meses, pois no quinto ano o saldo já estará positivo em R$ 2.000,00. O número de
meses podemos calcular como segue:

 500 
Número de meses =   x 12 = 2,4 meses
 2.500 

O raciocínio é o seguinte: no final do Ano 4, existe um saldo de investimento


de R$ 500,00, ainda a recuperar e, no Ano 5, o retorno esperado é de R$ 2.500,00.
Portanto, dividem-se R$ 500,00 de saldo pelo retorno esperado de R$ 2.500,00,
assumindo que o valor do retorno será igual em todos os meses do ano. De outra
forma: percebe-se que, considerando as entradas de caixa até o Ano 4, faltam
apenas R$ 500,00 para que o investimento inicial seja integralmente recuperado.
Então, dividindo-se o retorno do Ano 5 por 12 (R$ 2.500,00 ÷ 12 meses), obtém-se
o retorno médio de R$ 208,33 por mês. Portanto, com o período de quatro anos
mais e no período equivalente a 2,4 meses (R$ 500,00 ÷ R$ 208,33 = 2,4 meses), o
investimento será integralmente recuperado. Assim, o payback simples calculado
é de quatro anos e dois meses, aproximadamente.

Já para o cálculo do payback descontado, temos que utilizar uma Taxa


Mínima de Atratividade, nesse caso vamos usar TMA de 10% a.a. e vamos
demonstrar novamente em um quadro.

Período
0 1 2 3 4 5 Total
(ano)

(-) Investimento
(5.000) (5.000)
inicial
Retornos
esperados em 1.818 1.653 (751) 1.025 1.552 5.297
valor presente
Saldo de
(5.000) (3.182) (1.529) (2.280) (1.255) 297
investimento

96
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

Os valores descritos no quadro são os mesmos do anterior, só que trazidos


a valor presente, como já vimos como se faz no primeiro exemplo que você viu
para o cálculo do VPL. Por esse método, o prazo de recuperação do investimento
é de quatro anos e dez meses, aproximadamente. O número de meses é calculado
como segue, seguindo a mesma lógica do exemplo anterior.

 1.255 
Número de meses =   x 12 = 9,7 meses
 1.552 

Então temos como resultado:

Payback simples (que não considera o valor do dinheiro no tempo):


quatro anos e dois meses aproximadamente.
Payback descontado (que considera o valor do dinheiro no tempo): quatro
anos e dez meses aproximadamente.
A diferença entre os dois modelos está justamente na consideração do
valor do dinheiro no tempo.

DICAS

Relembre o efeito do dinheiro no tempo, visto desde a primeira unidade.


O payback descontado, quando considerado o período todo, reflete exatamente os cálculos
realizados pelo método do VPL.

3 MONETIZAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO


Vimos, até o momento, diversos indicadores e as suas diferentes
dependências e semelhanças. A partir desse momento, podemos fazer
comparações entre projetos e temos ferramentas que podem auxiliar na tomada
de decisão.

No entanto, para que se tome uma decisão de se investir ou não em


um projeto, precisamos antes de mais nada nos atentar ao fluxo de caixa. Esse
assunto já foi abordado de forma inicial na Unidade 1. Agora vamos analisar a
importância e os tipos de fluxo de caixa que devem ser analisados e como eles
se comportam enquanto um projeto vai se desenvolvendo, pois o fluxo de caixa
de um projeto de investimento deve representar, com maior probabilidade de
realização possível, as entradas e saídas efetivas de recursos financeiros ao longo
do horizonte estabelecido (HOJI; LUZ, 2019).

97
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

3.1 O EFEITO SUNK COSTS EM UM PROJETO DE


INVESTIMENTO
A avaliação de um projeto de investimento com a utilização de técnica
de fluxo de caixa descontado (FCD) considera relevantes as entradas e saídas de
caixa (WESTON; BRIGHAM, 2000). Se um custo ou despesa existente continuar
inalterado depois da implantação do projeto, ele não é incremental e, por essa
razão, não deve compor o fluxo de caixa para a avaliação. Da mesma forma,
devem ser considerados os efeitos adicionais, positivos ou negativos, produzidos
por um novo projeto em outras partes da empresa, as chamadas externalidades.
Por exemplo: se o novo projeto provocar aumento das vendas de outros produtos
ou redução no valor total de custos fixos da empresa, esses efeitos devem ser
considerados na avaliação do projeto. Por outro lado, se o investimento gerar
novas receitas, mas reduzir outras, somente o valor líquido deverá ser levado em
conta no projeto.

Além disso, existem os chamados  sunk costs, ou custos “afundados”,


que são gastos já incorridos e que não serão recuperados mesmo que o projeto
seja implantado. Por ser um tipo de custo já incorrido, o sunk cost não impacta a
análise e decisão de aceitar ou rejeitar o projeto (HOJI; LUZ, 2019). Suponha que
uma empresa esteja avaliando a viabilidade de lançamento de um novo produto
e, no ano anterior, pagou um valor a uma empresa de pesquisa para fazer teste de
mercado para esse produto. Trata-se de um custo que, independentemente de o
produto ser lançado ou não, já ocorreu e, nessa condição, é irrecuperável. Tendo a
empresa incorrido na despesa, o desembolso não mais é relevante para a decisão
do investimento.

3.2 VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS DE


INVESTIMENTO
Os fluxos incrementais de caixa são basicamente aqueles valores, positivos
ou negativos, que ocorrem e que têm sua origem no investimento realizado. São
esses fluxos incrementais que permitem a avaliação da viabilidade econômica de
um investimento.

Assim, os valores que compõem o fluxo incremental de caixa representam


os valores especificamente decorrentes da implantação do projeto. Tais valores
representam a diferença entre os fluxos de caixa do projeto e valores que são
gerados pela empresa sem a implantação do projeto. São incrementais por
representarem fluxos de caixa adicionais, tanto de entradas quanto de saídas,
que se espera ocorrer se o projeto de investimento for implementado (HOJI;
LUZ, 2019).

98
TÓPICO 1 | PROJETOS DE INVESTIMENTO

Como exemplo, temos a depreciação, que é deduzida do lucro bruto para


efeito de cálculo dos impostos incidentes sobre o lucro, mas, como não se trata de
uma saída efetiva de dinheiro, seu valor é excluído do fluxo de caixa.

DICAS

A depreciação nada mais é do que a desvalorização do ativo (veículo,


equipamento, móveis, utensílios etc.) em função do seu desgaste ao longo do tempo,
valor esse que é apropriado como despesa no Demonstrativo de Resultado do Exercício.
Entretanto, como não há o efetivo desembolso da depreciação, não há movimentação de
caixa (CAMLOFFSKI, 2014).

É necessário ainda considerar as variações da necessidade de capital de


giro, uma vez que esses valores impactam o fluxo de caixa do projeto. Estas podem
ser estimadas pela diferença entre as contas operacionais, ou cíclicas, do ativo
(contas a receber e estoques) e as contas operacionais do passivo (fornecedores,
salários e encargos sociais, impostos, contribuições, fretes etc.).

O início de um projeto requer um investimento inicial em capital de giro.


Esse valor vai se alterando de acordo com variações que ocorrem nos níveis de
produção e vendas, por aumento ou redução, por isso são relevantes para o fluxo
de caixa (HOJI; LUZ, 2019).

No último ano do projeto, os estoques são vendidos e as contas a receber


são cobradas, mas não haverá reposições. Por essa razão, o valor do capital de
giro operacional líquido é devolvido ao projeto. Considere-se também que os
ativos podem ser vendidos ao final do período e o valor residual (valor líquido)
deve compor o fluxo de caixa do projeto.

99
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Quando se fala em um investimento, existe a necessidade de uma avaliação


criteriosa do que se chama indicadores financeiros.

• Só faz sentido analisarmos esses indicadores financeiros em projetos após


entendermos o conceito de Taxa Mínima de Atratividade – TMA.

• Existem indicadores financeiros de investimentos atrelados à rentabilidade


como o Valor Presente Líquido – VPL, o Valor Presente Líquido Anualizado
– VPLa, o Indicador Benefício Custo – IBC e o Retorno Adicional Sobre O
Investimento – ROIA.

• Os indicadores mais voltados ao risco do projeto são: a Taxa Interna de Retorno


– TIR e o Período de Recuperação do Investimento – Payback.

• Os conceitos e a forma de cálculo de cada um dos indicadores apresentados


devem ser usados para que tragam informações sobre viabilidade e retorno de
um investimento em um projeto.

• A monetização de projetos de investimento e o efeito sunk costs ou custos


afundados são os gastos já incorridos e não serão recuperados mesmo que o
projeto seja implantado.

100
AUTOATIVIDADE

1 O que vem a ser a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)?

2 Sobre a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), assinale a alternativa que não


corresponde a uma característica dessa taxa.

a) ( ) É o índice que será utilizado no processo de análise de viabilidade


econômica do projeto.
b) ( ) Deve-se analisar a taxa mínima de atratividade para tomar a decisão de
investir em um projeto ou não.
c) ( ) A aplicação da TMA agrega valor para a empresa, por isso se faz
necessária sua utilização.
d) ( ) Representa o ganho mínimo que um investidor se dispõe a receber.

3 O que vem a ser o Método do Valor Presente Líquido (VPL)?

4 Para que seja calculado o Valor Presente Líquido (VPL) de um investimento,


deve-se levar em consideração qual fator? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Distribuição das receitas e gastos.


b) ( ) Valor do dinheiro no tempo.
c) ( ) Capital de giro.
d) ( ) Aportes financeiros de financiamentos.

5 Assinale a alternativa que corresponde à regra primária utilizada como


referência no cálculo do VPL.

a) ( ) VPL < 0 = indica que o projeto consegue recuperar o investimento inicial.


b) ( ) VPL ≤ 0 = indica que o projeto está no seu ponto de equilíbrio.
c) ( ) VPL > 0 = indica que o projeto merece continuar sendo analisado.
d) ( ) VPL ≥ 0 = indica que o projeto não consegue recuperar o investimento
inicial.

6 O que vem a ser o Índice de Benefício/Custo?

7 O que vem a ser o ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento?

8 A análise de um projeto de investimento pelo método da Taxa Interna de


Retorno (TIR) acontece com a apuração da rentabilidade que o projeto
deverá proporcionar ao investidor, para poder comparar com a TMA.
Nesse sentido, assinale a alternativa que representa o critério de análise da
TIR.

101
a) ( ) Uma TIR menor que a TMA indica um aumento na riqueza dos
acionistas.
b) ( ) Uma TIR maior que a TMA indica um aumento na riqueza dos acionistas.
c) ( ) Uma TIR igual que a TMA indica problemas futuros no investimento.
d) ( ) Uma TIR maior que a TMA indica uma diminuição na riqueza dos
acionistas.

9 Payback refere-se ao tempo de retorno do investimento inicial até o


momento em que os rendimentos acumulados se tornam iguais ao valor do
investimento. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta o critério
de situação favorável à utilização desse indicador.

a) ( ) Período de retorno calculado ultrapassar o período máximo que o


investidor está disposto a esperar.
b) ( ) Período de retorno calculado ultrapassar o período de 12 meses.
c) ( ) Período de retorno calculado for maior que o período máximo que o
investidor espera receber seus rendimentos.
d) ( ) Período de retorno calculado for menor que o período máximo aceitável
pelo investidor para recuperar o capital investido.

10 O payback utiliza-se de duas formas de cálculos para aceitar ou rejeitar ou


projeto de investimento. Sobre estas duas formas, descreva a principal
característica de ada um bem como a diferença entre eles.

102
UNIDADE 2 TÓPICO 2

CUSTOS DE TRANSAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Tópico 2. No tópico anterior
aprendemos os indicadores financeiros de investimento e sua aplicabilidade na
tomada de decisão de um projeto. Dando continuidade ao objetivo da Unidade
2, que visa analisar os métodos e critérios de avaliação de investimentos, não
podemos deixar de falar sobre os custos de transação.

Custos de transação podem ser compreendidos como todo sacrifício


necessário para que uma certa atitude (investimento) seja concretizada. Sua
importância está no fato de que eles podem ser extremamente abusivos,
dificultando a implantação de um projeto de investimento, ou até mesmo
inviabilizando-o.

2 CONCEITO DE CUSTOS DE TRANSAÇÃO


A teoria dos custos de transação foi proposta por Ronald Coase (1937),
um economista britânico que coloca a transação como unidade básica de análise,
que lhe rendeu um prêmio Nobel de Economia. Suas afirmações contrariaram
as ideias da economia clássica vigente na época de Adam Smith (CASTRO et al.,
2016).

A questão levantada por Coase (1937) originou a discussão sobre os custos


de transação, explicando por que as firmas estabelecem sistemas de organização
que substituem a ação do mercado, sendo que a minimização dos Custos da
Transação pode tender a um menor valor para as transações de médio e longo
prazo (CASTRO et al., 2016).

Em outras palavras, se não houvesse os custos para usar o mercado, as


firmas/empresas não existiriam, pois, as pessoas fariam transações diretas. No
entanto, o fato de existir custos envolvidos no uso do mercado faz com que o
processo de produção seja mais eficiente (CASTRO et al., 2016).

103
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Williamson (2003) apresenta que a Teoria dos Custos de Transação


comporta a amplitude dos aspectos organizacionais e o processo de governança
como unidade de análise que gera ordem, e assim, mitigar conflitos e alcançar
maiores ganhos. O autor conduz uma abordagem contratual comparativa baseada
em seis tópicos apresentados a seguir.

Atores humanos: a economia dos custos de transação considera os aspectos cognição,


racionalidade limitada, autointeresse, oportunismo e previsão.
Unidade de análise: a unidade natural é a transação, dependendo do propósito, possui
três dimensões: especificidade de recursos, incerteza e frequência.

Transformações intertemporais: o grau de especificidade de recursos encontra-se


relacionado ao momento em que há comparações de investimentos no momento inicial
e final da análise da frequência das transações.

Objetivo operacional: a adaptação, como problema central da economia organizacional,


cria ações oportunistas de mercado a partir de mudanças de preços, diferentes às da
própria administração da firma, ambas definidas como mecanismos de governança.

Estruturas de governança: é uma síndrome de atributos consistentes internamente sobre


os quais cada força e fraqueza adaptativa se acumulam.

Alinhamento discriminante: a regularidade básica está na medida em que aumenta


a especificidade dos recursos, criando uma relação diretamente proporcional às
consequências de possíveis distúrbios (as partes se dirigem fora da curva contratual),
gerando a necessidade de incremento na adaptação cooperativa.

Os custos de transação são os custos totais associados a uma transação,


executando-se o mínimo preço possível do produto. A análise de transações visa
obter eficiência na gestão destas ou, em outras palavras, visa à minimização dos
custos de transação. As transações e os custos, ao se recorrer ao mercado, são
exatamente os principais determinantes da forma de organização das empresas
produtoras de bens ou serviços.

Scherr (1989) escreve que para que as empresas obtenham os melhores


retornos possíveis, elas não deveriam manter ativos improdutivos e seus
financiamentos deveriam ser contratados com as menores taxas possíveis, porém
as empresas operam em um mundo imperfeito, apresentando, consequentemente,
um mercado imperfeito. Este mercado se caracteriza por considerações incertas
sobre demanda, preços, qualidade, disponibilidade de seus próprios produtos e
dos de seus fornecedores.

Nesse mercado, existem informações privilegiadas, spreads entre aplicar


e captar recursos por meio de financiadoras e custos para a negociação de ativos
diversos. Outra condição que torna o mercado imperfeito está diretamente
relacionada com os custos de transação, que são estudados dentro dos conceitos
da nova economia institucional (SCHERR, 1989).

104
TÓPICO 2 | CUSTOS DE TRANSAÇÃO

DICAS

Spread refere-se à diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta)


de uma ação, título ou transação monetária.

Os custos de transação são classificados em: ex-ante e ex-post. Os custos “ex-


ante” estão relacionados com o custo de redigir (preparar), negociar e estabelecer
salvaguardas em um contrato, constando de:

Preparação Negociação Definição de salvaguardas

Envolve as atividades
São todas as atividades de Envolve a escolha das
de negociação entre as
planejamento necessárias, estruturas de governança e
duas ou mais partes do
executadas anteriormente as respectivas salvaguardas
contrato, objetivando
à fase de negociação que objetivam prever os
acomodar os interesses
propriamente dita do problemas contratuais e
conflitantes dos agentes
contrato. suas respectivas soluções.
envolvidos.

Já os custos “ex-post” estão relacionados ao monitoramento, adaptação e


renegociação das novas realidades ocorridas durante a execução do contrato e
envolvem o que é relacionado a seguir (WILLIAMSON, 2012).

• Os custos relacionados às providências para resolver os desvios ocorridos ao longo


da execução do contrato.
• Os custos resultantes dos novos arranjos oriundos da solução dos conflitos contratuais.
• Os custos de operar e manter as estruturas de governança.
• Os custos das garantias que asseguram o cumprimento do contrato.

DICAS

Esses dois custos são interdependentes e devem ser considerados de maneira


concomitante.

105
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Destaca-se que os custos de transação são de difícil mensuração e, mais


importante do que determiná-los em termos absolutos, é proceder uma análise
comparativa entre as formas alternativas dos contratos (WILLIAMSON, 2012).

3 CUSTO DE CAPITAL
De acordo com Materlanc, Pasin e Pereira (2014), o conceito de custo de
capital pode ser entendido como:

• Taxa de demanda da empresa pelas suas fontes de capital.


• Taxa mínima de retorno que os projetos de investimentos devem auferir.
• Taxa de desconto utilizada para converter o valor esperado de fluxos de caixa
futuros em valor presente.
• Taxa de retorno que deixa o acionista indiferente à aceitação ou não de um
projeto.

O capital de uma empresa é constituído do capital de terceiros, que


representam os empréstimos recebidos, e do capital próprio, que são os recursos
aportados pelos sócios, como já estudado na Unidade 1 e que podemos relembrar
na figura a seguir.

FIGURA 2 – ESTRUTURA DE CAPITAL E CUSTO DE CAPITAL

PASSIVO Capital de
CIRCULANTE Curto Prazo
Capital de
Terceiros
ATIVO EXIGÍVEL A
LONGO PRAZO Capital
Permanente
e de
PATRIMÔNIO Longo Prazo
Capital
LÍQUIDO Próprio

FONTE: <http://livrozilla.com/doc/228714/custo-de-capital--estrutura-de-capital-e-
pol%C3%ADtica-de---cr>. Acesso em: 22 fev. 2019.

Portanto, o custo de capital reflete o custo da dívida e do capital próprio


na proporção utilizada para financiar o investimento. O retorno exigido pelos
investidores é determinado de duas formas: custo de capital próprio e custo de
capital de terceiros.

106
TÓPICO 2 | CUSTOS DE TRANSAÇÃO

Independentemente da origem dos recursos (próprio e/ou de terceiros),


eles terão que ser remunerados por meio das aplicações de recursos no ativo da
empresa, possibilitando assim um retorno mínimo. Qualquer resultado que cubra
a geração de recursos capaz de remunerar o custo de capital gerará uma riqueza
adicionada a empresa. Vamos entender mais sobre cada um desses custos.

3.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO


Custo de capital próprio é o retorno exigido pelos proprietários da
empresa em relação ao investimento por eles efetuados. A estimação do custo
de capital próprio das empresas utilizada como componente do custo médio de
capital (WACC) possui pelo menos duas aplicações práticas frequentes e bastante
importantes:

• como taxa de desconto em processos de avaliação;


• como taxa justa regulatória de retorno em esquemas de concessão de serviços
de utilidade pública.

Nas duas aplicações utiliza-se como prática generalizada a inclusão de


um prêmio por risco-país, representando basicamente o retorno adicional que
um investidor exigiria, em acréscimo à taxa de retorno livre de risco no mercado
internacional, em um investimento que ocorre em algum setor da economia
brasileira (SANVICENTE, 2015).

DICAS

O prêmio de risco é um dos fatores mais importantes e é considerado por todos


os grandes investidores que aplicam no mercado de capitais. O prêmio de risco é quanto um
investimento com risco rende mais do que um investimento considerado sem risco. Esse
prêmio está diretamente ligado ao risco país. Saiba mais sobre risco país acessando o link
<https://www.youtube.com/watch?v=9j6VSMnJmmw>. Acesso em: 14 jun. 2019.

O custo de capital próprio é utilizado como medida de avaliação da


atratividade econômica de um investimento, de referência para análise de
desempenho e viabilidade operacional e de definição de uma estrutura ótima de
capital (ASSAF NETO; LIMA; ARAÚJO, 2008). A estimação do custo de capital
próprio pode ser obtida por meio de diversos modelos e sua verificação é feita
por meio dos custos de transação classificados em: ex-post ou ex-ante.

Como estudamos anteriormente, os custos ex-post estão relacionados ao


monitoramento, adaptação e renegociação às novas realidades ocorridas durante

107
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

a execução do contrato. Dentro desse custo, o capital asset pricing model (CAPM) é
um dos mais aplicados no mercado.

O CAPM (capital asset pricing model) é um modelo de apreçamento de


ativos, no entanto, o que isso significa? Significa que o CAPM pode ser utilizado
para estimar o custo do capital próprio de uma empresa. Ele ainda se utiliza de
dados históricos para calcular o prêmio pelo risco, que é a diferença entre os
retornos médios sobre ações e os retornos médios sobre títulos livres de risco
por um período histórico (SANVICENTE, 2015). A equação do CAPM pode ser
descrita da seguinte forma:

Ke =R f + â ( Rm − R ' f ) + Rp (2)

Onde:

𝐾𝑒 = retorno esperado da ação (custo de capital próprio).


𝑅𝑓 = retorno do ativo livre de risco.
𝑅′𝑓= retorno histórico do ativo livre de risco.
β = sensibilidade da ação em relação ao mercado de ações.
𝑅𝑚= retorno esperado para a carteira de mercado.
𝑅𝑝 = risco país.

A seguir apresenta-se uma descrição conceitual das variáveis que integram


o cálculo do custo de capital próprio pelo método do CAPM (MINISTÉRIO DA
FAZENDA, 2018).
• Taxa livre de risco: na escolha da taxa livre de risco, deve-se considerar um
ativo que atenda aos seguintes requisitos:
o seja virtualmente livre de risco;
o tenha liquidez;
o seja livremente negociado no mercado.
• Taxa de inflação norte americana: a taxa de inflação americana é utilizada no
modelo para deflacionar o custo de capital próprio obtido através do CAPM. A
exemplo da taxa livre de risco busca-se também a melhor forma de aferição da
expectativa futura para o comportamento desse parâmetro.
• Prêmio pelo risco de mercado: tem como metodologia de cálculo mais utilizada
a que se utiliza do comportamento histórico do prêmio pelo risco.

Vejamos um exemplo para entender melhor o CAPM: Considere as


seguintes informações:
Taxa Selic (livre de risco) = 6,5%
Taxa de remuneração do mercado = 12%
Beta = 1,2

E(R) = 0,065 + 1,2 x (0,12 - 0,065) = 0,131

Nesse exemplo, o retorno esperado para o investimento deve ser de 13,1%.

108
TÓPICO 2 | CUSTOS DE TRANSAÇÃO

DICAS

Este livro didático não tem a intenção de aprofundar-se no cálculo do CAPM e


sim trazer a compreensão dele e aplicabilidade na análise de investimentos.

Como calcular o custo médio de capital (WACC)? O que indica?


Inicialmente é importante destacar que o cálculo do custo médio de capital não é
simples nem direto, mas precisa ser feito. Para determinar o WACC em situações
reais, a única variável difícil de ser mensurada é o custo do capital próprio. O
custo de capital de terceiros é uma informação fácil de ser extraída, visto que o
setor financeiro da empresa sabe o quanto paga de juros em cima das suas linhas
de crédito.

O WACC indica o nível de atratividade mínimo de um investimento, ou


seja, ele é o retorno que você esperaria ter em outros investimentos mais seguros
que o atual. Vejamos a fórmula do WACC depois dos impostos, ou seja, considera
o custo efetivo da dívida descontado do benefício tributário:

E D
WACC = rE + r (1 − T )
E+D E+D D

Onde:
E: corresponde ao valor do capital próprio.
D: corresponde ao valor do capital de terceiros.
rE: é a taxa de custo do capital próprio.
rD: é a taxa de custo do capital de terceiros.
T: é a taxa de imposto.

O cálculo resume-se a:
1 – Encontrar a proporção de capitais próprios e alheios no total do ativo, cálculo
que facilmente se efetua a partir da análise do Balanço.
2 – Encontrar a taxa de custo do capital alheio, que só obtém igualmente a partir
das demonstrações financeiras ou então, se disponível, a partir dos dados de
cada financiamento e respetiva taxa, calcular o custo médio dos capitais alheios.
3 – Encontrar a taxa de custo do capital próprio.
4 – Encontrar a taxa efetiva de imposto, também disponível a partir das
demonstrações financeiras.

Na internet, você já encontra sites que realizam o cálculo do WACC de


forma on-line e rápida. Basta você inserir as informações necessárias e obterá o
resultado de forma prática. Veja um exemplo na figura a seguir.

109
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

FIGURA 3 – CÁLCULO DO WACC ON-LINE

FONTE: <https://www.calkoo.com/pt/custo-de-capital-medio-ponderado>. Acesso em:


28 mar. 2019.

Interpretando o resultado: o custo médio ponderado do capital é uma


média, ou seja, a média do custo de capitais alheios (terceiros) e o custo de
capitais próprios, permitindo concluir as fontes de financiamento da empresa.
Considerando que no cálculo feito anteriormente, a empresa apresente retornos
de 18% e tenha um WACC de 10.8%, significa que a empresa está gerando 7,2%
de retorno sobre cada real que a empresa investe.

Por isso, o que realmente importa no WACC são suas interpretações


contextuais, por exemplo, se a tomada de crédito em uma certa proporção de
fontes é onerosa demais para a empresa, ela poderá modificá-la utilizando as
informações do WACC, que nesse caso servem como um comparativo, indicando
quais são as fontes de crédito mais vantajosas. Observação: o custo de capital
próprio deve incorporar incertezas relativas ao risco-país em que o investimento
está sendo feito, risco esse inerente à economia daquele país. Nos casos em
que o prêmio de risco é medido em um mercado (país) diferente daquele que
o investimento é realizado, faz-se necessário um ajuste a fim de que o custo de
capital reflita adequadamente os riscos da jurisdição em que ocorre o investimento
(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2018).

110
TÓPICO 2 | CUSTOS DE TRANSAÇÃO

DICAS

Entenda mais sobre o custo médio ponderado de capital WACC acessando o


link: <https://www.youtube.com/watch?v=60WB_sBxsgM>.

3.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS


O custo de capital de terceiros é o retorno exigido pelos credores de dívida
de uma empresa. O custo do capital de terceiros representa a remuneração que a
empresa paga para instituições financeiras nos empréstimos obtidos. A princípio,
a obtenção do custo do capital de terceiros é relativamente fácil, por exemplo, se
uma empresa contratou um empréstimo de R$ 700,00 e teve despesas financeiras
de R$ 56,00, o custo do capital de terceiros será obtido dividindo-se as despesas
financeiras pelo valor contratado, ou seja:

56,00/700,00 *100 = 8%

Na teoria, obter o custo do capital de terceiros é simples, porém, na prática


não. Isso por que deve-se levar em considerações duas razões:

1) Benefício da dívida: a contratação de empréstimos pode trazer diversos


benefícios para a empresa. De modo geral, ao contrair um empréstimo, uma
empresa provavelmente terá uma maior disciplina financeira, pois terá que
pagar este empréstimo ao final do contrato. Além disto, o relacionamento com
uma instituição financeira poderá trazer benefícios sob a forma de melhoria
nos controles gerenciais, acesso a conhecimentos sobre gestão financeira, entre
outros aspectos. O problema é que temos muita dificuldade de medir esses
benefícios.
2) Custos da dívida: ao assumir um empréstimo, a empresa tem custos adicionais.
Um dos custos citados na literatura financeira é o denominado custo de
falência. O aumento de endividamento aumenta a possibilidade de falência
de uma empresa, esse custo, a exemplo de alguns dos benefícios citados
anteriormente, também é difícil de ser mensurado. Outro custo decorrente
do empréstimo é a reciprocidade. Quando uma empresa capta recurso, a
instituição financeira pode exigir contrapartidas por parte da empresa (compra
de um seguro, investimento em um fundo, recursos para saldo médio, entre
outros). Nessas situações é necessário levar estes custos da reciprocidade para
análise. O fato dessas razões serem qualitativas, dificulta o cálculo do custo do
capital de terceiros. Por isso, para se calcular o custo de capital de terceiros,
deve-se efetuar uma boa análise do contexto geral e só então aplicar os valores
na fórmula proposta.

111
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

CAPITAL PRÓPRIO OU DE TERCEIROS: O QUE É MELHOR


PARA SUA EMPRESA?

Saiba o que considerar na hora de escolher entre capital próprio e capital


de terceiros para promover a expansão da sua empresa.

Equilibrar as finanças da empresa geralmente é um desafio para o


empreendedor, especialmente se há a pretensão de expandir o negócio. Nessa
situação, é comum que surja a dúvida sobre como iniciar e manter esse crescimento
constante, principalmente quando estão envolvidas necessidades econômicas.
Afinal, é preciso investir para um aumento das operações, o que causa a seguinte
dúvida: usar capital próprio ou de terceiros?

Para ajudar a responder a essa pergunta, separamos a seguir as principais


características dessas duas estruturas de capital e para que situações elas são mais
recomendadas. Confira!

O que é e como funciona o capital próprio?

O capital próprio nada mais é do que os recursos provenientes dos sócios,


acionistas ou investidores da empresa, bem como de sua atividade econômica por
meio dos lucros. Quando uma empresa usa o capital próprio, ela, basicamente,
está se valendo do dinheiro relacionado ao patrimônio líquido (PL), que não é
necessário ser devolvido.

Grande parte das organizações começa com capital próprio para bancar
suas operações e até expansão. Nessa modalidade, considera-se o fluxo de caixa
como residual, quando acionistas/sócios detém o controle integral ou parcial da
administração do negócio. Esse instrumento é representado pelo pagamento de
dividendos, o que pode ocorre indeterminadamente.

O que é e como funciona o capital de terceiros?

O capital de terceiros é vinculado ao passivo exigível (obrigações


da organização junto a terceiros) e ao passivo real. Também representa os
investimentos realizados através de recursos de agentes externos. Com exemplos,
temos debêntures, empréstimos e financiamentos de curto, médio ou longo prazo.

Nessa modalidade, o fluxo de caixa é contratual, sendo representado pela


obrigatoriedade do pagamento do principal e da quitação de encargos contratuais,
não sendo uma função do desempenho operacional da companhia. Ele tem maior
prioridade legal do que o residual e há um prazo de maturidade, ou seja, a data
em que o pagamento dos valores obtidos deve estar realizado.

Vale destacar que os gastos financeiros provenientes de capital de terceiros


são dedutíveis do IR (Imposto de Renda), o que não ocorre no pagamento de

112
TÓPICO 2 | CUSTOS DE TRANSAÇÃO

dividendos. No fluxo de caixa contratual, muitas vezes, os acionistas têm papel


passivo, às vezes só com poder de veto a decisões financeiras da gestão da empresa.

O que considerar para fazer essa escolha?

A primeira coisa a considerar para a escolha entre as duas modalidades


apresentadas é o Custo de Capital da empresa. Isso corresponde ao retorno
mínimo exigido por acionistas/sócios ou credores, que são os financiadores
de recursos, o que é importante para definir a viabilidade de investimento na
empresa. Além disso, é preciso avaliar aspectos como:

• aceitação para o risco;


• facilidades de relacionamento com sócios, especialmente para quem for
empregar capital próprio;
• necessidade de transparência e disposição para compartilhar informações
estratégicas, críticas e secretas com outras pessoas. Isso pode ser necessário na
hora de contratar empréstimos com instituições bancárias;
• versatilidade para trabalhar conforme orientações externas, que não se
encontravam no planejamento. Pode ser preciso caso se obtenha dinheiro com
investidores/sócios, os quais podem querer interferir nos rumos da empresa.

Antes de decidir, também é necessário demarcar corretamente a área de


atuação da companhia no mercado e todas as características do negócio para
descobrir se o segmento é de alto risco ou não. É preciso observar:

• se há demanda elevada e que traga bons retornos para o negócio, facilitando o


pagamento do capital utilizado;
• se a demanda é pulverizada ou concentrada;
• se há um mercado consolidado para os produtos/serviços;
• se o público compra de forma volátil;
• se há sazonalidade no segmento;
• se a manutenção da estrutura da empresa é dispendiosa;
• se é preciso muito investimento em tecnologia;
• se o setor se atualiza constantemente, gerando obsolência de mercadorias;
• se é preciso se atualizar tecnologicamente de modo constante.

Para quais situações cada tipo é indicado?

Realizar investimentos com capital próprio é indicado para quem deseja


ter controle completo das operações do negócio, podendo decidir sobre o que
fazer, quem contratar, como gastar os recursos etc. Contudo, há a desvantagem
de crescer mais lentamente, pois a expansão fica limitada ao que o capital entrante
permite, exceto se os lucros forem muito altos e haver muito giro de mercadorias.

Existem alguns riscos também, como o de complacência, ou seja, de se


acostumar a um determinado mercado ou modo de operação, mesmo que pouco
eficiente. Também pode não perceber ameaças de concorrentes, mudanças no
comportamento do consumidor ou surgimento de novos produtos ou modelos
de negócios que deteriorem os lucros.

113
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Em relação a acionistas, pode haver divergências no modo de administrar


a empresa, até mesmo com perda de autonomia do administrador perante
investidores. Ao longo do tempo, os lucros pagos podem superar o valor que
seria direcionado para a quitação de empréstimos.

O capital de terceiros, por sua vez, é indicado para quando a empresa


deseja aproveitar alguma oportunidade e obter crescimento rápido, o que não
pode ser sustentado pelo caixa atual. Contudo, é preciso ter em mente que será
necessário separar um bom valor para o pagamento periódico de parcelas e
juros do recurso obtido, sob risco de se tornar inadimplente. Isso significa que o
faturamento deverá ser bem maior do que antes.

Por que optar pelo capital de terceiros?

Como visto, recursos de terceiros possibilitam a expansão das atividades


em tempo acelerado, indo além do que os saldos próprios permitiriam. Caso tudo
ocorra conforme o previsto, os lucros resultantes poderão ser consideravelmente
maiores do que se conseguiria sem esse recurso externo.

Além disso, há certa previsibilidade, pois você obtém total conhecimento


do valor a ser pago, bem como de que forma isso deve ser feito. Isso permite um
orçamento mais preciso e maior estabilidade em relação a quais obrigações pagar,
o que otimiza o controle financeiro.

Vale destacar que há maior autonomia para o empreendedor, já que


instituições financeiras dificilmente interferem no comando e na operação da
empresa. Ao contrário de recursos obtidos com sócios e acionistas, que podem
querer participar e até determinar os rumos da companhia, o capital de terceiros
concede maior liberdade para o empresário administrar seus negócios.

Contudo, é preciso ficar atento aos encargos e juros pagos, especialmente


em mercados mais dinâmicos. Muitas instituições bancárias cobram caro pelo
capital disponibilizado, de modo que é preciso analisar alternativas mais em
conta.

Uma delas é o empréstimo coletivo, o qual é fornecido por meio de uma


plataforma digital, como a Biva. Ele faz parte da economia colaborativa, pois
aqueles que buscam capital (tomadores de crédito) conseguem empréstimos com
aqueles que têm recursos (investidores). Tudo isso ocorre de forma rápida, com
pouca burocracia e juros consideravelmente menores do que as alternativas mais
tradicionais de crédito no mercado.

Saber escolher entre o capital próprio e o capital de terceiros é importante


para garantir um crescimento organizacional sustentável e contínuo, além de
evitar desafios e dificuldades na gestão da empresa.

FONTE: <https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-
para-sua-empresa/>. Acesso em: 28 mar. 2019.

114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Custos de transação podem ser compreendidos como todo sacrifício necessário


para que uma certa atitude (investimento) seja concretizada. A teoria dos custos
de transação foi proposta por Ronald Coase (1937), um economista britânico
que coloca a transação como unidade básica de análise.

• Os custos de transação podem ser definidos ainda de duas formas: custos


“ex-ante” e custos “ex-post”. Custos “ex-ante” relacionados com o custo de
redigir (preparar), negociar e estabelecer salvaguardas em um contrato; custos
“ex-post” relacionados ao monitoramento, adaptação e renegociação às novas
realidades ocorridas durante a execução do contrato.

• As empresas operam em um mundo imperfeito, apresentando,


consequentemente, um mercado imperfeito. Este mercado se caracteriza por
considerações incertas sobre demanda, preços, qualidade, disponibilidade de
seus próprios produtos e dos de seus fornecedores.

• A estrutura de capital de uma empresa, onde o capital de uma empresa é


constituído do capital de terceiros, que representam os empréstimos recebidos
e do capital próprio, que são os recursos aportados pelos sócios.

• Essa recapitulação de conceito se deu para entendermos melhor sobre os custos


de capital, que refletem o custo da dívida e do capital próprio na proporção
utilizada para financiar o investimento.

• Os custos de capital podem ser divididos de duas formas: custo de capital


próprio, que é o retorno exigido pelos proprietários da empresa em relação
ao investimento por eles efetuados, dentro desse custo, o mais utilizado para
sua mensuração é o capital asset pricing model (CAPM); e custo de capital de
terceiros.

• O WACC, indica o nível de atratividade mínimo de um investimento, ou seja,


o retorno que você esperaria ter em outros investimentos mais seguros que o
atual.

• Por fim, estudamos custo de capital de terceiros, que é o retorno exigido pelos
credores de dívida de uma empresa. Representa a remuneração que a empresa
paga para instituições financeiras nos empréstimos obtidos.

• O custo de capital de terceiros é o retorno exigido pelos credores de dívida de


uma empresa e representa a remuneração que a empresa paga para instituições
financeiras nos empréstimos obtidos.

115
AUTOATIVIDADE

1 A teoria dos custos de transação foi proposta por Ronald Coase (1937), um
economista britânico que coloca a transação como unidade básica de análise.
Em outras palavras, custos de transação significa?

a) ( ) Aqueles que podem ser identificados e diretamente apropriados a cada


tipo de custo no projeto. 
b) ( ) Aquele que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de bem ou
função de custo no momento de sua ocorrência.
c) ( ) Todo sacrifício necessário para que uma certa atitude (investimento)
seja concretizada.
d) ( ) Também chamado de custeio integral, é utilizado pelas empresas de
forma a considerar todos os custos de produção.

2 A teoria dos custos de transação foi proposta por quem?

a) ( ) Ronald Coase.
b) ( ) Adam Smith.
c) ( ) Luca Bartolomeo de Pacioli.
d) ( ) Frederick Taylor.

3 Os custos de transação são classificados em: ex-ante e ex-post. A afirmativa:


estão relacionados ao monitoramento, adaptação e renegociação durante a
execução de um contrato, refere-se à qual das classificações?

a) ( ) Custos de transação ex-ante.


b) ( ) Custos de transação ex-post.

4 Os custos de transação são classificados em: ex-ante e ex-post. A afirmativa:


estão relacionados com o custo de redigir, negociar e estabelecer salvaguardas
em um contrato, refere-se à qual das classificações?

a) ( ) Custos de transação ex-ante.


b) ( ) Custos de Transação ex-post.

5 Entre as alternativas a seguir, qual delas não pode ser considerada um


conceito de custo de capital?

a) ( ) Taxa mínima de retorno que os projetos de investimentos devem auferir.


b ( ) Taxa justa regulatória de retorno em esquemas de concessão de serviços
de utilidade pública.
c) ( ) Taxa de desconto utilizada para converter o valor esperado de fluxos de
caixa futuros em valor presente.
d) ( ) Taxa de retorno que deixa o acionista indiferente à aceitação ou não de
um projeto.

116
6 Analisando o balanço patrimonial, conseguimos calcular o capital próprio e
de terceiros de uma empresa. Quais grupos de contas pertencem ao capital
de terceiros e quais pertencem ao capital próprio?

7 Descreva o que vem a ser o custo de capital próprio.

8 Assinale a alternativa que representa o conceito de prêmio por risco-país.

a) ( ) Causados por falta de pessoal qualificado e de profissionais preparados


para exercer suas funções.
b) ( ) Deficiência dos processos internos já utilizados pela organização, como
indicadores de desempenho inadequados e controles ineficientes.
c) ( ) Conjunto de eventos que podem ocorrer sob a forma de ameaças ou de
oportunidades.
d) ( ) É quanto um investimento com risco rende a mais do que um
investimento considerado sem risco.

9 Qual a função do CAPM (Capital Asset Pricing Model)?

a) ( ) Está atrelado ao grau de credibilidade econômica para melhorar a


imagem do Brasil frente às agências de risco.
b) ( ) É um parâmetro que serve para analisar o retorno sobre qualquer tipo
de investimento.
c) ( ) É um indicador de atratividade do negócio, pois mostra o tempo
necessário para que o empreendedor recupere tudo o que investiu.
d) ( ) Estima o custo do capital próprio de uma empresa.

10 Para que serve o custo médio de capital (WACC)?

a) ( ) Indicar o nível de atratividade mínimo de um investimento.


b) ( ) Relacionar o lucro operacional da empresa com o valor de um
investimento.
c) ( ) Estimar o custo do capital próprio de uma empresa.
d) ( ) Apresentar o tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento
no qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento.

117
118
UNIDADE 2 TÓPICO 3

PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

1 INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao último tópico da Unidade 2. O segmento de
investimento de capital é bastante complexo e amplo, envolvendo inúmeros
critérios e métodos de análise. E o processo de análise de investimentos demanda
uma série de informações financeiras, enunciadas segundo diversos critérios
(ASSAF NETO, 2014).

Da mesma forma, diferentes estados de mercado e da economia interferem


nos critérios de análise de investimentos. As decisões financeiras podem ser
separadas em decisões de investimento e decisões de financiamento. E a melhores
decisões de investimento e melhores decisões de financiamento convergem na
direção do objetivo de criar e maximizar valor (BRUNI, 2013).

De maneira geral, os efeitos dos investimentos são mensurados sob a


forma dos fluxos de caixa livres (FLC), enquanto as decisões de financiamento
têm seus efeitos captados na taxa mínima de atratividade (TMA). Vamos analisar
a figura a seguir.

FIGURA 4 – PASSOS NECESSÁRIOS PARA A AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FONTE: Bruni (2013, p. 322)

119
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

1º passo – fluxo de caixa livre (FLC): envolve a projeção dos ganhos associados
aos ativos ou aos investimentos feitos no projeto. Financeiramente, os ganhos
devem ser apresentados na forma de dinheiro no tempo ou fluxo de caixa.
O adjetivo LIVRE expressa que são fluxos de caixa dos ativos. Ou seja, não
incorporam juros ou amortizações das dívidas contraídas.
2º passo – taxa mínima de atratividade (TMA): está associada ao cálculo do custo
dos financiamentos, apresentado como taxa mínima de oportunidade. Deve
representar uma média ponderada dos custos individuais de cada uma das
fontes, líquidas de impostos e considerando eventuais custos de oportunidade.
3º passo – técnicas: envolve a aplicação das diferentes técnicas que comparam os
ganhos dos ativos, apresentados sob a forma de fluxos de caixa livres, com os
custos dos passivos, representados sob a forma de taxa mínima de atratividade.
Técnicas podem envolver a análise de prazos, valores ou taxas (BRUNI, 2013).

2 FLUXO DE CAIXA LIVRE


O aspecto mais importante de uma decisão de investimento concentra-
se no dimensionamento dos fluxos previstos de caixa a serem produzidos pelas
propostas em análise. A confiabilidade sobre os resultados de determinado
investimento é, em grande parte, dependente do acerto com que seus fluxos de
entradas e saídas de caixa foram projetados (ASSAF NETO; LIMA, 2017).

Na análise de investimentos, é fundamental o conhecimento não só de


seus benefícios futuros esperados de caixa, mas também de sua distribuição
ao longo da vida prevista do projeto. Por exemplo, considerar unicamente que
determinado investimento propiciará, ao longo de cinco anos, resultado líquido
total de caixa de R$ 10 milhões é insatisfatório para a análise. É imprescindível
que se apure também como será esse valor distribuído ao longo do tempo, ou
seja, qual o fluxo de caixa previsto para cada ano do período (ASSAF NETO;
LIMA, 2017). Daí é que se dá a relevância dos fluxos de caixa nas decisões de
investimentos.

O fluxo de caixa livre de uma empresa deve ser igual ao seu fluxo de caixa
de financiamento. Ou seja, o total de dinheiro gerado pelas operações da empresa
(mais fluxo de caixa não operacional, se existir) precisa ser igual ao pagamento
líquido para todos os credores e acionistas da empresa. Caso o fluxo de caixa
livre seja negativo, ele precisa ser igual aos investimentos (descontados impostos)
providos pelos credores e acionistas (SILVA, 2018).

O autor ainda define o fluxo de caixa livre sobre outros aspectos


relacionados a seguir:

• Representa o dinheiro que uma empresa é capaz de gerar após separar o


dinheiro necessário para manter ou expandir sua base de ativos.
• É importante porque permite que uma empresa busque oportunidades que
aumentam o valor do acionista.

120
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

• É o dinheiro disponível para pagar tanto os detentores de dívida quanto os


acionistas.
• Utiliza o fluxo de caixa operacional, ou seja, o fluxo proveniente das operações
da empresa após os impostos sem considerar a estrutura de financiamento da
empresa (empréstimos).
• É o total de dinheiro disponível na empresa após considerar os investimentos
(ativos permanentes) e necessidades de capital de giro, assumindo que não
existe pagamento de juros (despesas financeiras).
• Adiciona também as despesas que não geram saídas de caixa, por exemplo, a
depreciação, exaustão e a amortização.

Mas você deve se perguntar, qual é a diferença entre Fluxo de Caixa


(estudado na Unidade 1) e Fluxo de Caixa Livre?

A relação Fluxo de Caixa x Fluxo de Caixa Livre pode parecer semelhante,


porém, trata-se de dois termos bem diferentes listados a seguir:

• Fluxo de Caixa: é o fluxo de dinheiro entrando e saindo de um negócio durante


um certo período de tempo.
• Fluxo de Caixa Livre: representa a quantidade de dinheiro disponível em uma
empresa que sobra após todos os gastos serem quitados. O FCL é considerado
o valor atual em dinheiro da empresa.

Vejamos como aplicar a fluxo de caixa livre a seguir.

QUADRO 3 – FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA LIVRE

( =) Re ceitas líquidas de vendas


(-) Custo de vendas
(-) Despesas Operacionais
( =) Lucro antes de juros e impostos sobre o lucro ( EBIT )
( +) Ajustes de despesas operacionais que não promove saída de caixa
( =) Lucro antes de juros , impostos sobre o lucro , depreciação , amortização e exaustão ( EBITDA)
(-) Impostos sobre o lucro
( =) Caixa Gerado pelas operações
(-) Investimentos :
Permanentes
Circulantes (Capital de Giro)
( =) Fluxo de caixa Livre - FCL
FONTE: Silva (2018, p. 194)

121
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Gambetta (2016) aborda que é notória a diferença da estruturação do FCL


com o tradicional DRE. Os componentes pertencentes a cada estruturação de
resultado são imprescindíveis para uma boa e correta avaliação, ou seja, saber o
que se deve ou não considerar.

O fluxo de caixa livre corresponde à movimentação do caixa com as


atividades operacionais mais o fluxo decorrente dos investimentos de capital
realizados. Ele proporciona a obtenção do montante movimentado livre dos
custos e despesas operacionais. Em outras palavras, a análise do fluxo de caixa
livre vai dizer se houve realmente entrada ou saída de dinheiro da empresa no
período. Esse método é importante para definir o valor a ser repassado para
acionistas ou subsidiar decisões quanto a possíveis investimentos. Observe na
figura a seguir as alternativas disponíveis para a utilização do fluxo de caixa livre.

FIGURA 5 – ALTERNATIVAS DISPONÍVEIS PARA A UTILIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA LIVRE

Fluxo de Caixa Livre

Reter Desembolsar

Investir em Aumentar Recomprar Pagar


novos projetos as reservas Ações dividendos
de caixa

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=7CyIzkx9bf4>. Acesso em: 28 mar. 2019.

Aconselha-se analisar os períodos passados a fim de analisar se eventuais


resultados negativos são esporádicos ou se repetem constantemente, sinalizando
se a empresa será capaz ou não de honrar seus compromissos no futuro, aspecto
muito importante para a saúde econômica da empresa (SILVA, 2018).

Veja a seguir observações importantes do FCL:

• No longo prazo, o FCL precisa ser positivo.


• Caso a companhia apresente, ano após ano, FCL negativos, pode significar que
a companhia não é viável financeiramente.
• Empresas cíclicas, na maioria das vezes, em períodos de alta, costumam
apresentar FCL positivos por um tempo, mas quando os negócios passam por
um período difícil, seus FCLs ficam negativos, pois o FCO da companhia cai,
no entanto, seus investimentos continuam sendo necessários para manter o
negócio funcionando.
122
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

• Quando a empresa tem dificuldades de gerar caixa das operações, existe uma
tendência a reduzir o volume de investimento. Apesar disso permitir que o
fluxo de caixa livre seja positivo em um determinado exercício social, esta
opção pode comprometer a participação da empresa no mercado.

DICAS

FLUXO DE CAIXA × LUCRO: a regra básica descrita é que todo projeto de


investimento deve ser avaliado em termos de fluxos de caixa e não com base nos lucros
contábeis. Essa escolha tem sua razão de ser, uma vez que é por meio dos resultados de caixa
que a empresa assume efetiva capacidade de pagamento e reaplicação dos benefícios gerados
na decisão de investimentos. É mediante os fluxos de caixa, e não os lucros, que se mede
o potencial efetivo da empresa em implementar suas decisões financeiras fundamentais:
investimento, financiamento e distribuição de dividendos (ASSAF NETO; LIMA, 2017).

2.1 FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO FLUXO DE CAIXA


LIVRE DO ACIONISTA (SÓCIOS)
Duas definições fundamentais de fluxo de caixa são utilizadas na
avaliação de projeto de investimentos. A primeira, fluxo de caixa livre para o
acionista (FCLA), enfoca o fluxo de caixa que está disponível para distribuição
aos acionistas da empresa. Consequentemente, o FCLA é usado para avaliar
os direitos dos acionistas no projeto. A segunda definição de fluxo de caixa é o
fluxo de caixa livre do projeto (FCLP). Essa definição combina os fluxos de caixa
disponíveis para distribuição tanto para os credores da firma quanto para os
acionistas. O FCLP torna-se a base para cálculo do valor do projeto como um todo
(TITMAN; MARTIN, 2010). A diferença entre o cálculo do FCLA e do FCLP é
decisiva e os analistas frequentemente usam a definição errada de fluxo de caixa.

FIGURA 6 – OS FLUXOS DE CAIXA LIVRES DO PROJETO E DOS ACIONISTAS

Fluxo de caixa Fluxo de caixa


Projeto Credores Acionistas
do Projeto dos Acionistas

FONTE: Sá (2004, p. 32)

123
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Na figura anterior, podemos perceber que o valor da empresa é diferente do


valor da participação dos acionistas. O valor da empresa é avaliado descontando-
se o fluxo de caixa livre da empresa pela taxa correspondente ao custo médio
ponderado do capital. Já o valor da participação dos acionistas é avaliado
descontando-se o fluxo de caixa livre dos acionistas pela taxa de atratividade
mínima para o acionista calculada, entre outros, pelo método CAPM (SÁ, 2004).

2.2 CAPM. FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO


Alternativamente, podemos pensar no FCLP como a soma de todos os
fluxos de caixa, depois de pagas as despesas operacionais, os impostos e os novos
investimentos de capital de giro e investimento em imobilizado, mas antes que
qualquer pagamento seja feito aos demandantes do projeto (acionistas e credores).

QUADRO 4 – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO

Resultado operacional antes do resultado financeiro líquido (EBIT)


( + ) Depreciação e amortização
( = ) Geração de caixa da atividade principal (EBITDA)
( - ) Necessidade de capital de giro
( = ) Fluxo da atividade operacional
( - ) IRPJ e CSSL
( - ) Fluxo das atividades de investimento
( = ) Fluxo de caixa livre do projeto
FONTE: Adaptado de Sá (2004)

Observe que no quadro anterior, em vez de partirmos do lucro líquido,


partimos do lucro operacional antes do resultado financeiro do EBIT. Além disto,
o IRPJ e a CSSL são tratados de forma segregada para que se possa avaliar os
efeitos que o benefício fiscal dos juros sobre financiamentos possa ter sobre o
projeto (SÁ, 2004).

2.3 FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA (SÓCIO):


O fluxo de caixa livre do acionista é igual à quantidade de dinheiro que
resta após o pagamento de todas as despesas, inclusive qualquer investimento
adicional do projeto. A empresa pode, então, distribuir o saldo, pois não irá,
por definição, precisar dele. Nesse caso, os números apresentados no fluxo de
caixa são livres de quaisquer ônus ou comprometimentos e podem, portanto, ser
distribuídos para as fontes de capital utilizadas para financiar o investimento,
portanto, representam o caixa gerado pelo projeto que pode ser distribuído para
os acionistas ou sócios. Essas distribuições podem ter a forma de dividendos em
dinheiro ou recompra de ações.

124
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

Os fluxos de caixa livre enfatizam a análise do caixa gerado pelas


operações da empresa e que poderão ser destinados ao pagamento de credores e
sócios. Consiste na metodologia mais recomendada para a avaliação de projetos
de investimentos, permitindo uma clara separação entre decisões de investimento
e decisões de financiamento. Tendo em vista que é apenas o destino de recursos
para o acionista, os fluxos de caixa deverão estar liberados de obrigações com juros
e amortizações. O fluxo de caixa do sócio (FCS) deverá considerar o pagamento
de juros e amortizações.

QUADRO 5 – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA

Fluxo de caixa livre da empresa


(+) Fluxo de caixa da atividade de financiamento
(=) Fluxo de caixa livre do acionista

FONTE: Adaptado de Sá (2004)

O fluxo de caixa livre do acionista é calculado somando-se o fluxo de caixa


livre do projeto ao fluxo de caixa da atividade de financiamento.

3 FLUXO DE CAIXA INCREMENTAL


Um fluxo de caixa relevante em um projeto é aquele que provoca uma
mudança no fluxo geral de caixa da empresa que está vinculado à questão de
se aceitar ou não este projeto. Desse contexto é que surgem os fluxos de caixa
incrementais, ou seja, a diferença entre os fluxos de caixa futuros da empresa
que podem ser obtidos com o novo projeto e aqueles que seriam possíveis sem o
projeto.

Hoji e Luz (2019) escrevem que os fluxos incrementais de caixa são


basicamente aqueles valores, positivos ou negativos, que ocorrem e que têm sua
origem no investimento realizado. São esses fluxos incrementais que permitem a
avaliação da viabilidade econômica de um investimento.

Assim, os valores que compõem o fluxo incremental de caixa representam


os valores especificamente decorrentes da implantação do projeto. Tais valores
representam a diferença entre os fluxos de caixa do projeto e valores que são
gerados pela empresa sem a implantação do projeto. São incrementais por
representarem fluxos de caixa adicionais, tanto de entradas quanto de saídas, que
se espera ocorrer se o projeto de investimento for implementado.

A depreciação é deduzida do lucro bruto para efeito de cálculo dos


impostos incidentes sobre o lucro, mas, como não se trata de uma saída efetiva
de dinheiro, seu valor é excluído do fluxo de caixa. Assaf Neto e Lima (2017)
abordam que um dos aspectos mais relevantes na apuração dos fluxos de caixa

125
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

incrementais é a identificação dos efeitos colaterais decorrentes do projeto em


avaliação sobre os demais resultados da empresa. Por exemplo, ao lançar um
novo produto no mercado, o efeito colateral da decisão pode ser a transferência
de consumidores dos produtos já existentes para o novo lançamento. Nesse caso,
tem-se uma transferência dos fluxos de caixa correntes da empresa (provenientes
das vendas dos produtos já negociados) para o novo projeto. É fundamental que
esses valores colaterais sejam mensurados e descontados dos fluxos de caixa do
novo projeto, de forma a determinar-se seu valor incremental. Podemos entender
um pouco mais sobre o fluxo de caixa incremental por meio da figura a seguir.

FIGURA 7 – METODOLOGIA DO FLUXO DE CAIXA INCREMENTAL

Situação Situação
sem Projeto com Projeto

Fluxo de Fluxo de
Caixa 1 Caixa 2

FC2 - FC1

Fluxo de Caixa
Incremental

FONTE: <https://player.slideplayer.com.br/80/14190077/data/images/img17.jpg>. Acesso em:


28 mar. 2019.

Vejamos um exemplo prático da aplicação do fluxo de caixa incremental


a seguir.

QUADRO 6 – EXEMPLO DE CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA INCREMENTAL

FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/14190077/>. Acesso em: 28 mar. 2019.

126
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

Observe que o fluxo de caixa incremental é a diferença entre os fluxos de


caixa associados a essas duas situações (novo e velho) e é o insumo básico para os
estudos pretendidos.

DICAS

Todo fluxo de caixa que se modifique em razão de uma decisão de


investimento é tido como relevante. Todo fluxo de caixa que mantenha seu valor inalterado,
independentemente de se aceitar ou não um projeto de investimento, é irrelevante para a
análise de investimentos (ASSAF NETO; LIMA, 2017).

4 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO


A ideia por trás da análise de avaliação de fluxos de caixa descontados
(FCD) é simples. O valor de um investimento é determinado pela magnitude e
pelo cronograma de pagamento ou recebimento dos fluxos de caixa esperados. A
abordagem da avaliação FCD fornece uma base para estimar o valor desses fluxos
de caixa e, consequentemente, é uma pedra fundamental da análise financeira
(TITMAN; MARTIN, 2010).

A popularização do FCD para análise de projeto de investimentos é


geralmente atribuída a Joel Dean (1951). Entretanto, as raízes da análise de
FCD são bem mais antigas. Por exemplo, a matemática financeira remonta aos
primeiros manuscritos de Leonardo de Pisa em 1202. Gerações de diplomados em
escolas de administração fizeram do FCD uma das ferramentas mais amplamente
utilizadas no arsenal do profissional de finanças atual.

Vejamos um exemplo: lavadora de carros (TITMAN; MARTIN, 2010).


Para ilustrar o papel das avaliações FCD na análise de uma oportunidade de
investimento, vamos considerar que você vai investir em uma lavadora de carros.
A lavadora de carros gera entradas de caixa, cada vez que um cliente paga por
uma lavagem, e saídas de caixa, quando a empresa compra suprimentos, paga
impostos, salários e assim por diante. Além disso, algumas vezes, você tem que
fazer consertos nos equipamentos, resultando em saídas de caixa não rotineiras.

Agora, vamos assumir que você abriu uma conta corrente para a
empresa em um banco, que os recebimentos em dinheiro entram nessa conta
e que os desembolsos saem dessa conta. Depois de um ano de operação, você
construiu um saldo de caixa de, digamos, R$10.000,00, depois de pagar todas
as suas despesas (inclusive os consertos nos equipamentos). Se considerarmos,
por enquanto, que você não tomou emprestado valor algum para investir na
lavadora de carros, você tem R$10.000,00 que pode distribuir para você mesmo

127
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

como único proprietário. Esse dinheiro pode ser gasto imediatamente ao fim do
primeiro ano de atividades, antecipando os próximos dois, três anos, e assim por
diante, e fazendo um cálculo semelhante, podemos determinar fluxos de caixa
futuros – calculados depois de pagar todas as despesas operacionais da firma e de
fazer qualquer dispêndio adicional. Esses fluxos de caixa são os elementos-chave
que determinam o valor do negócio. Basicamente, a utilização da avaliação de
FCD exige um processo de três passos, conforme podemos visualizar no quadro
a seguir (TITMAN; MARTIN, 2010).

QUADRO 7 – PASSOS NA EXECUÇÃO DE UMA ANÁLISE DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

FONTE: Titman e Martin (2010, p. 78)

Dentre todos os instrumentos de precificação de ativos, o Fluxo de Caixa


Descontado (FDC) é considerado o mais completo e melhor, porque retrata e
evidencia a capacidade de geração de riqueza de um negócio. Contrapondo as
deficiências dos tradicionais modelos contábeis, limitados a certos princípios e
normas legais, esse modelo consegue mensurar o mais próximo possível qual
seria o verdadeiro valor da empresa.

Como indicador da capacidade de geração de riqueza, encontramos


no fluxo de caixa a evidência da eficiência esperada de determinado negócio.
Assim, são superadas algumas das dificuldades existentes no lucro contábil. Ele
propõe retratar o potencial econômico dos itens patrimoniais de determinado
empreendimento (GAMBETTA, 2016). Em outras palavras, o FCD é uma projeção
daquilo que sua empresa poderá produzir no futuro, com os descontos do tempo
que isto levará e dos riscos assumidos. Vejamos um exemplo a seguir.

128
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

Suponha que sua empresa tenha a seguinte projeção de faturamento ao


longo de quatro anos:

1º ano – R$ 58.400,00
2º ano – R$ 64.200,00
3º ano – R$ 73.800,00
4º ano – R$ 87.500,00

Agora, imagine que você queira aproximar este resultado do presente,


com uma taxa anual de juros de 12%. A partir disso, calcule o retorno de cada ano
trazendo a valor presente com a taxa de juros e some as partes:

1º ano: R$ 58.400/(1,12) = R$ 52.143


2º ano: R$ 64.200/(1,12)² = R$ 51.180
3º ano: R$ 73.800/(1,12)³ = R$ 52.530
4º ano: R$ 87.500/(1,12)⁴ = R$ 55.610
Total: 211.463,00
O valor da sua empresa com base no FCD é de R$ 211.46300.

É importante observar que este é um cálculo bastante simples e imediato.


Existem outros cálculos de Fluxo de Caixa Descontado que são muito mais
complexos.

5 PLANEJAMENTO
O mercado exige que as empresas sejam competitivas e se mantenham
tecnologicamente atualizadas. Nenhuma companhia pode se sentir completamente
segura, pois existe a possibilidade de algum concorrente chegar com um novo
produto melhor e mais barato. Assim, as empresas são levadas a desenvolver
novos projetos e implementá-los. Isso representa investimentos e a necessidade
de grandes somas adicionais, além de um aumento no risco do empreendimento
(SILVA, 2009).

Nesse sentido, cabe analisar os planejamentos empresariais na visão do


curto, médio e longo prazo. Para melhor entendermos os planejamentos, vamos
dividi-los em três etapas: Planejamento Estratégico – Planejamento Tático –
Planejamento Operacional. Essa divisão faz-se necessário devido ao prazo que
cada um dos planejamentos atinge, conforme a figura a seguir mostra.

129
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

FIGURA 8 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL

• Visão da empresa
• Forte orientação externa
Estratégico Alta Administração • Foco no longo prazo
• Objetivos gerais
• Planos genéricos

• Visão por unidades de


negócio ou departamentos
Tático Gerentes • Foco no médio prazo
• Definições das principais
ações por departamento

• Visão por tarefas rotineiras


• Foco no curto prazo
Operacional Supervisores • Definições de objetivos e
resultados bem específicos

FONTE: < https://www.treasy.com.br/blog/planejamento-estrategico-tatico-e-operacional/>.


Acesso em: 28 mar. 2019.

5.1 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO (OPERACIONAL)


Fazer planejamento de curto prazo significa formular um ou mais planos
(caminhos de ação) para atingir metas e objetivos a serem atingidos em um
futuro próximo (SILVA, 2009). Nesse sentido, o planejamento operacional tem
seus planos focados no curto prazo, geralmente, elaborados para períodos mais
curtos, de três a seis meses, com as definições de métodos, processos e sistemas a
serem utilizados para alcançar os objetivos globais (TREASY, 2015).

Este planejamento é bem mais detalhado que os demais (tático e


estratégico) que estudaremos logo à frente, pois especifica as pessoas envolvidas,
suas responsabilidades, atividades, funções e divisão de tarefas, além dos
equipamentos e recursos financeiros necessários para colocar os planos em
prática. Como resultado dessa etapa, teremos planos de ações e cronogramas das
atividades que precisam ser desenvolvidas dentro do período de tempo que está
sendo planejado. Recomenda-se a utilização da ferramenta 5W2H nesta etapa,
pois auxilia a empresa a montar os Planos de Ações sem esquecer algum detalhe
importante. Observe na figura a seguir como o 5W2H é composto.

130
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS QUALITATIVOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

FIGURA 9 – 5W2H

FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-pjiZz_UI3Oo/Vr03gcW-lGI/AAAAAAAAMm8/RT2ZeVzC_XA/
s640/5W2H.jpg>. Acesso em: 28 mar. 2019.

A ferramenta 5W2H funciona na forma de uma lista de perguntas e


respostas para execução e controle de atividades em que são atribuídos tanto
os prazos como as responsabilidades de cada um. Desta maneira determina-se
como o trabalho deverá ser conduzido e realizado. É uma abordagem simples das
diretrizes envolvidas em cada fase do plano a que se propõe a ação. Em outras
palavras, nada mais é que um checklist de determinadas atividades que precisam
ter clareza por parte de todos os envolvidos (TREASY, 2015).

5.2 PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO (TÁTICO)


O próximo planejamento é o tático que traça seus planos com foco no
médio prazo e apresenta um pouco menos de detalhes, mas ainda se mantém
enxuto e com uma boa visão holística. Ele apresenta mais orientações às áreas e
aos departamentos da empresa, sendo o detalhamento com os meios para atingir
os objetivos e metas.

No planejamento tático, as projeções são feitas para um período geralmente


de um a três anos. É nessa etapa que se tem os planos de marketing, os planos
de produto, planejamento de pessoal e tudo isso resultando no planejamento
financeiro empresarial, com a visão geral de entradas e saídas da companhia para
o período que está sendo planejado (TREASY, 2015). A partir do planejamento
tático temos como saída os objetivos táticos para cada unidade específica da
organização (marketing, vendas, desenvolvimento de produto etc.).

131
UNIDADE 2 | MÉTODOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

5.3 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO (ESTRATÉGICO)


O Planejamento Estratégico geralmente é feito para um período de cinco
a dez anos e, por se tratar de um período tão longo, é bastante complicado e
muito pouco provável acertar todos detalhes para um período tão futuro, porém
o importante nesse planejamento é levar em conta todos os fatores internos e
externos, por exemplo, o cenário econômico global e a situação do mercado em
que a empresa atua (TREASY, 2015).

As decisões de longo prazo ou de investimentos de capital, por sua


importância, exigem a adoção de técnicas complexas de análise de projetos.
Investimentos em novos ativos significam efeitos longos sobre a vida da
companhia e uma decisão errada pode comprometer seriamente o seu futuro; e
tais investimentos, em geral, implicam a injeção de novos recursos no capital de
giro. Enfim, é preciso refletir e avaliar com cautela as propostas de investimentos
em novos projetos (SILVA, 2009).

132
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O segmento de investimento de capital é bastante complexo e amplo,


envolvendo inúmeros critérios e métodos de análise.

• Os efeitos dos investimentos são mensurados sob a forma dos fluxos de caixa
livres (FLC), enquanto as decisões de financiamento têm seus efeitos captados
na taxa mínima de atratividade (TMA).

• O fluxo de caixa livre (FLC) proporciona a obtenção do montante movimentado


livre dos custos e despesas operacionais. Em outras palavras, a análise do fluxo
de caixa livre vai dizer se houve realmente entrada ou saída de dinheiro da
empresa no período.

• Dentre as opções de distribuição do fluxo de caixa livre tem-se: reter ou


desembolsar.

• O fluxo de caixa possui duas definições fundamentais utilizadas na avaliação


de projeto de investimentos. A primeira trata-se do fluxo de caixa livre para o
acionista (FCLA) e a segunda, trata do fluxo de caixa livre do projeto (FCLP).
Ambos possuem objetivos diferentes.

• Os fluxos de caixa incrementais representam a diferença entre os fluxos de


caixa futuros da empresa que podem ser obtidos com o novo projeto e aqueles
que seriam possíveis sem o projeto.

• Quanto a abordagem da avaliação do fluxo, destaca-se sua importância devido


ao fato de ser um instrumento de precificação de ativos. O Fluxo de Caixa
Descontado (FDC) é considerado o mais completo e melhor porque retrata e
evidencia a capacidade de geração de riqueza de um negócio.

• O planejamento empresarial deve ser feito na visão do curto, médio e longo


prazo, podendo ser dividido em três etapas: planejamento estratégico –
planejamento tático – planejamento operacional.

133
AUTOATIVIDADE

1 Disserte sobre o fluxo de caixa livre.

2 Por meio da fórmula para cálculo do fluxo de caixa livre, conseguimos obter
informações como o EBIT e EBITDA. O que vem a ser isso?

3 O saldo apresentado no fluxo de caixa líquido pode ser utilizado para:


reter ou desembolsar. Para as alternativas a seguir, assinale R (reter) e D
(desembolsar) de acordo com suas características.

a) ( ) Investir em projetos.
b) ( ) Recomprar ações.
c) ( ) Pagar dividendos.
d) ( ) Aumentar as reservas de caixa.

4 Entre as características importantes do FCL listadas a seguir, qual delas não


está correta?

a) ( ) No longo prazo, o FCL precisa ser positivo.


b) ( ) CL negativos significam que a companhia está em recuperação judicial.
c) ( ) Empresas cíclicas costumam apresentar FCL positivos por um tempo.
d) ( ) Representa a quantidade de dinheiro disponível em uma empresa que
sobra após todos os gastos serem quitados.

5 Assinale a alternativa que apresenta o conceito de fluxo de caixa livre para


o acionista (FCLA).

a) ( ) Enfatiza a análise do caixa gerado pelas operações da empresa.


b) ( ) É a soma de todos os fluxos de caixa depois de pagas as despesas
operacionais e os impostos.
c) ( ) É aquele que provoca uma mudança no fluxo geral de caixa da empresa.
d) ( ) Enfoca o fluxo de caixa que está disponível para a distribuição aos
acionistas da empresa.

6 Fluxo incremental de caixa representa o valor especificamente decorrente


da implantação de um projeto. Considerando-se os valores a seguir, qual
será o valor do fluxo incremental?

ANO X1 ANOX2 ANOX3


Investimento A 360.000 250.000 900.00
Investimento B 320.000 230.000 180.000

134
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) ( ) 40.000, 20.000 e 720.000.
b) ( ) 30.000, 20.000 e 740.000.
c) ( ) 50.000, 30.000 e 720.000.
d) ( ) 40.000, 30.000 e 740.000.

7 O Fluxo de Caixa Descontado (FDC) é considerado o mais completo e


melhor porque retrata e evidencia a capacidade de geração de riqueza de
um negócio. Qual é sua utilidade?

a) ( ) Indicador da situação financeira da empresa.


b) ( ) Indicador da capacidade de geração de riqueza.
c) ( ) Indicador de capacidade de faturamento.
d) ( ) Indicador da capacidade de pagar as dívidas por um período.

8 Relacione o tipo de planejamento de acordo com seu prazo:

(1) Planejamento Estratégico ( ) Longo Prazo


(2) Planejamento Tático ( ) Curto Prazo
(3) Planejamento Operacional ( ) Médio Prazo

9 A ferramenta 5W2H é basicamente um formulário para execução e o controle


de tarefas em que são atribuídas as responsabilidades e é determinado como
o trabalho deverá ser conduzido e realizado. Por que ela recebe esse nome e
o que significa cada termo.

10 Considerando o planejamento operacional de curto prazo, de que espaço


temporal estamos falando?

a) ( ) 3 a 6 meses.
b) ( ) Até 6 meses.
c) ( ) 6 a 10 meses.
d) ( ) Até 12 meses.

135
136
UNIDADE 3

ELABORAÇÃO, ANÁLISE E
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE
INVESTIMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender como funcionam a análise de sensibilidade e a árvore de


decisão;

• conhecer e analisar os cenários de investimentos;

• compreender a análise de risco x retorno;

• estudar sobre a flexibilidade gerencial;

• aprofundar-se nas opções financeiras de investimentos;

• compreender a diferença entre ciclo operacional e ciclo financeiro;

• conhecer o ponto de equilíbrio operacional, além do econômico.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades, que reforçarão o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE


INVESTIMENTOS

TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE


INVESTIMENTOS

TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

137
138
UNIDADE 3
TÓPICO 1

TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE


INVESTIMENTOS

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Chegamos à última unidade! Após conceituados e
abordados vários exemplos sobre fundamentos de investimentos, métodos e
critérios de avaliação dos investimentos, chegou a hora de analisarmos como
funcionam na prática. Contudo, na prática, a tarefa dos gestores vai muito
além dos conceitos abordados anteriormente nas Unidades 1 e 2. Na análise e
avaliação de um projeto de investimento, é necessário entender onde e por que
um investimento pode falhar (SAMANEZ, 2007). Após conhecidos os possíveis
pontos de falha, poderemos decidir se vale ou não o investimento e saber se é
possível reduzir essas incertezas (SAMANEZ, 2007).

Agora que você já sabe que um investimento não é feito apenas de


questões quantitativas, ou seja, apenas por cálculos matemáticos e financeiros,
vamos adentrar na questão qualitativa dos investimentos.

2 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Construir cenários é uma das principais ferramentas de gestão, pois é
uma ação que possibilita que o gestor tenha a possibilidade de tomar medidas
de contingência para diferentes situações futuras que um projeto pode enfrentar,
prevendo uma situação esperada, uma situação melhor ou, ainda, uma situação
pior. Assim, tomando como base tais pressupostos, podemos identificar pontos
de melhoria das atividades antes mesmo de haver qualquer tipo de impacto
negativo nos resultados esperados.

Uma boa maneira para começar a programar as intervenções necessárias


e eficientes sobre o desenho operacional é entender a perspectiva da Análise de
Sensibilidade.

139
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Segundo Bruni (2013), a análise de sensibilidade é uma das formas mais


usuais de tratamento da incerteza em um projeto de investimento. Possibilita o
estudo das alterações de variáveis significativas do projeto e suas consequências
sobre indicadores, como receitas, lucros ou VPL e TIR, por exemplo. Geralmente,
utiliza-se a análise de sensibilidade no estudo de possíveis variações do custo
de capital do projeto ou para o possível crescimento dos fluxos de caixa futuros
(BRUNI, 2013). A seguir, um exemplo para entender melhor a aplicação da análise
de sensibilidade em um projeto de investimento.

Considere que o Projeto de Investimentos é de R$ 500,00 e rende dois


fluxos anuais nos valores de R$ 200,00 e R$ 350,00. A depender do valor do custo
do financiamento, TMA, diferente será o Valor Presente Líquido obtido.

QUADRO 1 – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE (TMA X VPL)

TMA 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14%

VPL 50,00 32,49 15,90 0,18 (14,75) (28,93) (42,41) (55,25)

FONTE: Bruni (2013, p. 387)

Analisando os valores obtidos e de forma aproximada para valores de


TMA superiores a 6%, teríamos VPLs negativos, devendo o projeto ser recusado.
Assim, a análise de sensibilidade possibilita uma primeira aproximação,
representando uma tentativa de consideração de incertezas no projeto. Além da
TMA, outras variáveis poderiam ser analisadas.

Como vantagens da utilização da análise de sensibilidade, podemos citar


a flexibilidade fornecida ao gestor para que monte cenários a fim de ajustar o
orçamento disponível do projeto diante das eventualidades e intercorrências
futuras. Ainda, alterando as variáveis, é possível identificar as potencialidades
e as oportunidades de melhoria dentro de um planejamento de atividades do
projeto, permitindo que o gestor do projeto responda a questões importantes,
como:

• São confiáveis os resultados de uma projeção de custos?


• Qual será a variação de resultados se determinado fator for alterado?

Já como desvantagens, podemos citar:


a) Precisão dos dados: pode-se considerar a Análise de Sensibilidade um dos
indicadores mais dependentes de dados precisos e adequados, pois seu método
de cálculo depende de um número significativo de variáveis.
b) Inter-relações de variáveis: na análise de um novo cenário em que todas as
demais variáveis que possam influenciar o problema em estudo serão mantidas
constantes, ignora-se a influência de uma variável sobre outra.

140
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Exemplo: caso se ofereça um desconto sobre o preço do produto, pode haver


aumento na quantidade vendida, ou mesmo a redução nos gastos variáveis
poderia refletir no descontentamento dos funcionários, impactando no volume
de produção ou nas vendas.
c) Montagem de cenários: existe uma certa dificuldade na criação de cenários
devido às incertezas do futuro. Como dificuldade encontra-se a de analisar
níveis de cortes, pois são de difícil estimativa. Ainda, elencar as prioridades
para a execução inicial.
d) Variabilidade de produtos: maior o portfólio de produtos esperados em um
projeto, mais difícil é apurar o peso de seus custos dentro da totalidade dos
gastos de um grupo de entregas previstas e, portanto. No caso, é complicado
definir estratégias de intervenção.

Vejamos um exemplo prático da aplicação da análise de sensibilidade.

Um empresário do ramo de entretenimento quer programar um evento


de rock, em uma noite, com uma banda famosa. Pela sua experiência, ele prevê os
seguintes números:

Público: 20.000 pessoas.


Ingressos: R$100,00.
Aluguel do espaço por uma noite: R$300.000,00.
Cachê da banda: R$200.000,00.
Usualmente despende em publicidade: R$200.000,00.

Então, sua expectativa de lucro é:

Lucro = Receita (Público x ingresso) – Aluguel – Cachê – Publicidade


Lucro = 20.000 x R$100 – R$300.000 – R$200.000 – R$200.000 = R$1.300.000

Portanto, é o lucro esperado, porém, você sabe que alguns fatores podem
afetar, positiva ou negativamente, o resultado: a variação de preço pode trazer
mais ou menos gente para o evento, pois pode ocorrer chuva, pode haver um
evento concorrente no mesmo dia e, ainda, você pode investir mais ou menos em
publicidade.

A sua experiência em eventos anteriores indica que, para o preço de


R$100, a expectativa de público é de 20.000 pessoas, mas se você baixar o ingresso
para R$ 80, poderá ter um público de 30.000 pessoas. Ainda, aumentando o preço
para R$ 120, o número cai para 15.000 pessoas. Apesar da expectativa de um
público de 20.000 pessoas, caso chova, o número despenca para 13.000. Também,
se você economizar na publicidade, e gastar apenas R$ 100.000, você terá um
público de cerca de 16.000 pessoas, porém, gastando mais, investindo R$300.000
em publicidade, você espera contar com um público de 28.000 pessoas. Por fim,
as 20.000 pessoas normalmente esperadas para o evento serão reduzidas a 18.000,
caso haja, no mesmo dia, um evento concorrente.

141
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Todas as variações, cada uma individualmente, podem ser analisadas a


seguir, juntamente com o lucro esperado.

FIGURA 1 – VARIAÇÕES
Concorrente

Tempo bom
Publicidade

ou Chuva

Preço do
Ingresso
Evento

R$ 100
R$ 100

R$ 100

R$ 80
Preço Mínimo
R$ 100

R$ 120
R$ 100

R$ 100

Preço Máximo

Tempo bom

Tempo ruim
R$ 200.000

R$ 200.000
R$ 200.000

R$ 300.000

Muita Publicidade
R$ 200.000

R$ 200.000
R$ 200.000

R$ 100.000

Pouca Publicidade

Evento Concorrente

Sem Evento Concorrente


13.000

15.000
18.000

16.000

Público Mínimo
20.000

30.000
20.000

28.000

Público Máximo
R$ 1.300.000

R$ 1.700.000
R$ 1.300.000

R$ 2.000.000

Lucro Máximo
R$ 1.100.000
R$ 1.100.000

R$ 1.000.000

R$ 600.000

Lucro Mínimo

FONTE: O autor

142
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Portanto, verifica-se que, para maximizar o retorno financeiro, a variável


mais sensível é a publicidade.

2.1 DIAGRAMA DE TORNADO


Bruni (2013) escreve que uma forma gráfica de apresentar as análises de
sensibilidade construídas é geralmente apresentada por meio dos diagramas
tornado.

O Diagrama de Tornado está ligado à análise de sensibilidade. A análise


de sensibilidade é utilizada para determinar como a variação de um fator, uma
variável ou um risco, impacta um objetivo e o diagrama mostra graficamente o
resultado da análise.

Vejamos, a seguir, o diagrama de tornado elaborado para exemplo do


ramo de entretenimento abordado.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE TORNADO

FONTE: O autor

Para melhor evidenciar os resultados, ou para poder mais convincentemente


apresentar os resultados em uma apresentação, foi elaborado o diagrama de
tornado.

No exemplo, a linha vertical indica o resultado esperado, que, no nosso


caso, é um lucro de R$1.300.000. A linha é atravessada por todas as extensões

143
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

das variáveis e, a partir dela, pode-se ter a comparação dos limites máximos e
mínimos de cada variável.

Quanto mais longa a barra, maior a sensibilidade do objetivo do projeto


para o fator. A incerteza no parâmetro associado com a barra mais longa tem
o máximo impacto no resultado. Cada barra sucessiva tem menor impacto. As
extremidades das barras horizontais indicam o valor mais alto e o mais baixo
do fator. Em geral, em análise de decisão, foca-se a atenção em variáveis que
apresentam limites distantes do resultado esperado, pois podem resultar em
grandes lucros ou possíveis prejuízos.

No diagrama de tornado, verifica-se que, para maximizar o retorno


financeiro, a variável mais sensível é a publicidade. Assim, é melhor investir em
publicidade do que procurar mitigar efeitos da chuva, ou ainda atuar no preço
dos ingressos.

Caro acadêmico! Estudamos que a análise de sensibilidade possibilita


o estudo das mais diversas variações: preços, quantidades, custo de capital etc.
Contudo, é importante ressaltar que, quanto maior o número de variáveis inclusas
na análise de sensibilidade, maior será a complexidade na busca de informação
para a tomada de decisões (BRUNI, 2013). Outro ponto a se ressaltar consiste no
fato de que nem sempre as análises de sensibilidade construídas fazem sentido
racional. Por exemplo: volume expressivo de vendas ao mesmo tempo em que
ocorre a prática de elevação de um preço.

Determinado tipo de informação gera conflito de informação, tornando-


se necessária a utilização da análise de cenários, assunto que abordaremos no
tópico a seguir.

3 ANÁLISE DE CENÁRIOS
A análise de cenários evita os conflitos destacados no parágrafo anterior.
É preciso definir, inicialmente, cenários mutuamente excludentes e coletivamente
exaustivos. Usualmente, os cenários são definidos como: realista (ou mais
provável), pessimista e otimista (BRUNI, 2013).

a) Cenário realista: é o que surge naturalmente das estimativas realizadas por


analistas com experiência no ramo de negócios. Valor esperado ou média da
estimativa.
b) Cenário otimista: apresenta a perspectiva de uma situação melhorada. Para
alguns autores, suas estimativas deveriam ter uma probabilidade de 5% de
serem excedidas ou melhoradas ou de 95% de serem pioradas.
c) Cenário pessimista: apresenta a perspectiva de uma situação em condições
piores. Para alguns autores, suas estimativas deveriam ter uma probabilidade
de 5% de serem pioradas ou de 95% de serem excedidas ou melhoradas.

144
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Vejamos um exemplo prático da aplicação desses cenários obtido do site


Luz Planilhas Empresariais (2015).

Normalmente, a análise de cenário ou o estudo de viabilidade econômica


compreende três variáveis importantes:

• Investimentos;
• Custos fixos;
• Receitas (e custos diretos).

Para ingressar em um determinado investimento, é essencial que você


conheça o mercado em que pretende entrar, possibilitando, assim, fazer uma
projeção das variáveis mencionadas e ter uma visão dos principais indicadores
de viabilidade (VPL, TIR e Payback).

Vamos considerar, no exemplo em questão, os seguintes valores:

FIGURA 3 – PROJEÇÃO DE INDICADORES DE VIABILIDADE

Indicadores de retorno

Defina a taxa de desconto atual 5%

VLP (Valor Presente Líquido) R$ 594.981,86

TIR (Taxa Interna de Retorno) 186%

Payback (tempo necessário até começar a ter lucro) 17 Meses

Investimento inicial R$ 95.000,00

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

Analisando pelos valores apresentados, parece ser um bom negócio:

• Payback = 17 meses (pouco mais de um ano).


• VPL = 594.981,86 (positivo)
• Investimento Inicial = R$95.000 (relativamente baixo)

Agora, vejamos uma projeção geral dos dados de receitas, custos e lucros
por ano:

145
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 4 – DADOS DE RECEITAS, CUSTOS E LUCROS POR ANO

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

Uma pergunta que nem todo mundo faz e que é essencial: você vai
acreditar 100% no seu dinheiro e esforço na projeção? E se algo diferente do que
você planejou acontecer? Se, ao invés de vender dez produtos por dia, você só
conseguir vender cinco? E se, simplesmente, o governo não mantiver as taxas
que você estava utilizando na projeção para aquele ano? Enfim, muita coisa
pode mudar e pode impactar positivamente ou negativamente no seu estudo de
viabilidade econômica. É aqui que entra a análise de cenários!

Aplicando um CENÁRIO OTIMISTA: aumentamos em 20% as receitas,


reduzimos em 5% os custos e, em 10%, os investimentos. As ações vão gerar
novos indicadores de retorno para a análise de cenário otimista do estudo de
viabilidade econômica:

FIGURA 5 – PREVISÕES EM UM CENÁRIO OTIMISTA

Previsão de receita maior em 20%

Previsão de custo menor em 5%

Previsão de investimento menor em 10%

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

146
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 6 – INDICADORES DE RETORNO

Indicadores de retorno

Defina a taxa de desconto atual 5%

VLP (Valor Presente Líquido) R$ 1.077.301,11

TIR (Taxa Interna de Retorno) 333%

Payback (tempo necessário até começar a ter lucro) 10 Meses

Investimento inicial R$ 85.500,00

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

Veja que de 17 meses de payback, passamos para apenas 10 meses e que


de mais ou menos meio milhão de VPL, passamos para um pouco mais de um
milhão. Só tome cuidado para não se encantar demais com os números, porque,
como já falamos, eles são uma projeção e podem não se concretizar.

Aplicando um CENÁRIO PESSIMISTA: diminuiu-se as receitas em 20%


e aumentou-se os custos em 15% e investimentos em 10%. Essas alterações nos
nossos números originais geram esses indicadores de viabilidade do negócio.

FIGURA 7 – PREVISÕES EM UM CENÁRIO PESSIMISTA

Previsão de receita menor em 20%

Previsão de custo maior em 5%

Previsão de investimento maior em 10%

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

FIGURA 8 – INDICADORES DE RETORNO

Indicadores de retorno

Defina a taxa de desconto atual 5%

VLP (Valor Presente Líquido) R$ 6.618,18

TIR (Taxa Interna de Retorno) 8%

Payback (tempo necessário até começar a ter lucro) Superior a 36 Meses

Investimento inicial R$ 104.500,00

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

147
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Veja que, apesar do VPL e TIR serem pontos positivos (bons indicadores),
o payback está acima do limite de 36 meses da nossa análise, o que indica que
pode demorar muito tempo para recuperar o dinheiro investido. Por fim, falta
só consolidar todos os cenários em um único lugar para poder ter uma boa
visão do todo.

Observe, a seguir, um gráfico que mostra o lucro ou prejuízo acumulado


para os três anos em cada um dos cenários (1ª coluna – pessimista, 2ª coluna –
realista, 3ª coluna – otimista):

GRÁFICO 1 – LUCRO OU PREJUÍZO ACUMULADO


Lucro ou Prejuízo Acumulado

R$ 1.214.436,64

R$ 676.854,26
R$ 591.649,56

R$ 301.755,30
R$ 148.662,15
R$ 39.251,82 R$ 20.807,49
Ano 1 -R$ 50.599,37 Ano 2 Ano 3
-R$ 92.487,49

FONTE: <https://bit.ly/2JFanWS>. Acesso em: 30 abr. 2019.

De forma resumida, são três as faces de uma mesma situação que podem
vir a ocorrer no futuro. É importante salientar que não existe decisão certa ou
errada. Tudo vai depender da quantidade de risco que você está disposto a
aguentar e o quanto você se dedicará.

Marcial e Grumbach (2008) apontam três pontos para a aplicação de


cenários: global, focalizado e de projeto.

FIGURA 9 – CLASSIFICAÇÃO DE APLICAÇÃO DE CENÁRIOS


Questões
•políticas Cenários Estratégias
•macroeconômicas globais globais
•tecnológicas
•sociais
Implicações
para o país ou
para o negócio
Questões
•concorrência Cenários
Estratégias regionais
•mercado focalizados ou setoriais
•riscos tecnológicos
e de investimentos
Implicações
no nível dos
projetos
Questões
•investimentos que Cenários
envolvam grande Decisões de
incerteza ou de projetos investimento
que exijam longo
prazo de
maturação

FONTE: Marcial e Grumbach (2008, p. 122)

148
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

• Os cenários globais focam seu conteúdo em questões políticas, macroeconômicas,


sociais e tecnológicas, sejam elas nacionais ou mundiais.
• Os cenários focalizados preocupam-se com questões regionais ou setoriais, como
movimentos da concorrência, preços e riscos tecnológicos e de investimentos.
• Os cenários de projeto são utilizados para a tomada de decisão de investimentos
quando existem incertezas e um longo prazo de maturação (MARCIAL;
GRUMBACH, 2008).

Com base nos cenários, projeta-se, então, o comportamento das demais


variáveis (BRUNI, 2013).

Vejamos mais um exemplo: as Fábricas de Bugigangas Ltda. estudavam


as possibilidades de investimento em uma nova linha de produção. As principais
variáveis associadas ao investimento sob condições de certeza estão apresentadas
a seguir.

O horizonte de projeção é igual a cinco anos e o valor residual deve ser


acrescido ao fluxo de caixa do ano 5. Para facilitar as análises, considere alíquota
de IR nula e despreze a depreciação na modelagem do fluxo de caixa. Considere
que as informações até aqui apresentadas estão sendo analisadas em um enfoque
de certeza.

QUADRO 2 – PARÂMETROS

Investimento 600,00

Valor residual 40,00

Custos fixos (30,00)

Custos variáveis 40%

FONTE: Bruni (2013, p. 391)

Além dos parâmetros já informados, temos as seguintes informações que


são caracterizadas por incertezas: receitas estimadas e custo de capital.

As receitas anuais podem ser iguais a R$260,00, R$300,00 ou $360,00, a


depender das prerrogativas assumidas. O custo médio ponderado de capital
pode ser igual a 16%, 18% ou 22% a.a.

Na análise das variáveis determinadas, a empresa verificou que a


ocorrência simultânea de determinados valores, como custo de capital mais
elevado (característica de um ambiente econômico recessivo) e vendas maiores
(mais fáceis de ocorrerem em cenários expansionistas da economia) seria
improvável. Diante da informação, a empresa optou por apresentar as variáveis
segundo alguns cenários.

149
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

QUADRO 3 – VARIÁVEIS SEGUNDO DETERMINADOS CENÁRIOS

Parâmetro/ Cenário Otimista Realista Pessimista

Receitas 420,00 380,00 320,00

Custos de capital 16% 18% 22%

FONTE: O autor

Empregando os parâmetros fornecidos, é possível obter os seguintes


valores presentes líquidos para cada um dos cenários. Apenas no cenário
pessimista o VPL seria negativo, sugerindo a rejeição da proposta de investimento.

QUADRO 4 – VALORES PRESENTES LÍQUIDOS PARA CADA UM DOS CENÁRIOS

Descrição/Cenário Otimista Realista Pessimista

Receitas 420,00 380,00 320,00

(–) CF (30,00) (30,00) (30,00)

(–) CV (168,00) (152,00) (128,00)

FC 222,00 198,00 162,00

Investimento (600,00) (600,00) (600,00)

Valor residual 40,00 40,00 40,00

Custo de capital (TMA) 16% 18% 22%


VPL 145,94 36,66 (121,29)

FONTE: O autor

Caso as probabilidades de ocorrência possam ser associadas aos cenários


previstos, a decisão de investimento deixaria de ser caracterizada por incerteza.
Valores esperados e medidas de dispersão poderiam ser obtidos. A decisão
passaria a ser uma situação de análise sob risco (BRUNI, 2013).

DICAS

Quer saber mais sobre a análise de cenários? Acesse o link e assista ao vídeo
a seguir. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=41&v=WFwr_sqp2jY>.
Acesso em: 31 jul. 2019.

150
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

4 ÁRVORE DE DECISÃO
Conceitualmente, a árvore de decisão é um mapa que apresenta os
possíveis resultados de uma série de escolhas relacionadas. Permite a comparação
de possíveis ações com base em seus custos, probabilidades e benefícios.

Vejamos os elementos que compõem a árvore de decisão:


Representado por um quadrado, e deve-se selecionar uma
alternativa no conjunto finito de ações disponíveis. As
Pontos de
alternativas são representadas pelas arestas (ramificações)
decisão
da árvore. Cada aresta deve estar conectada a um ponto de
decisão, a um ponto de risco ou a um resultado.

Representado por um círculo. É um vértice que indica que


um evento é esperado. Eventos são descritos nas arestas que
Pontos de risco
saem dos pontos de risco e cada uma delas é associada a
uma probabilidade de ocorrência.

São vértices, representados por um retângulo. Este indica


Resultados os ganhos ou perdas resultantes das alternativas e eventos
escolhidos.

A árvore de decisão pode ser utilizada tanto para conduzir diálogos


informais quanto para mapear um algoritmo que prevê a melhor escolha,
matematicamente.

Bruni (2018) escreve que, em situações de risco, as probabilidades


associadas aos resultados modelados podem ser calculadas. Nos casos, técnicas
estatísticas, como a obtenção de médias e valores esperados, facilitam o processo
de tomada de decisão.

O uso de árvores de decisão consiste em técnica facilitadora da análise de


riscos de projetos de investimentos. Nas árvores, as decisões são apresentadas
sequencialmente, da esquerda para a direita. É costume representar os pontos
de decisão, simbolizados por meio de pequenos quadrados, e os pontos de risco,
simbolizados por meio de pequenos círculos, conforme podemos ver a seguir
(BRUNI, 2018).

151
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE PONTOS DE DECISÃO E PONTOS DE RISCO

Ponto de decisão Ponto de risco

FONTE: Bruni (2018)

FIGURA 11 – ELEMENTOS DE UMA ÁRVORE DE DECISÃO

Ponto P1 Resultado
de Risco

Alternativa 1 P2
Resultado
Ponto de
Decisão A Ponto
de Risco P3 Resultado

Alternativa 2 P4
Resultado

Pk= probabilidade de ocorrência

FONTE: <https://bit.ly/2UNTZH3>. Acesso em: 29 abr. 2019.

O conceito de árvores de decisão proporciona uma aproximação sistemática


para muitos problemas que a gerência de uma organização tem que resolver.
O primeiro passo é desenhar um diagrama com o formato de uma árvore, que
representa a estrutura do problema. Os ramos representam os diversos fatos que
podem ocorrer e, os nós, os pontos onde aparecem as alternativas (BRUNI, 2018).
É necessário decidir entre alternativas excludentes e calcular as probabilidades
condicionais de sucesso ou fracasso.

Vejamos um exemplo do uso de árvores de decisão: Juliana precisava


decidir sobre onde realizar, em sua casa, a sua festa de formatura. Três locais
distintos estavam disponíveis, com vantagens e desvantagens: o jardim, a
varanda e o ambiente interno da residência. O sucesso da festa dependeria das
condições climáticas no dia da recepção. Dados da meteorologia indicavam que
poderia chover, com uma probabilidade igual a 60%, e poderia fazer sol, com
uma probabilidade igual a 40%.

A representação da árvore do caso está exposta a seguir.

152
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 12 – EXEMPLO DE ÁRVORE CONSTRUÍDA PARA A DECISÃO DE JULIANA

FONTE: Bruni (2018, p. 373)

Tendo decidido sobre o local de realização da festa previamente, os


resultados variariam em função do clima:

• Se optar pela festa no jardim e houver sol, o resultado será ideal. Clima
ensolarado e festa no jardim.
• Caso a festa seja no jardim e chova, o resultado será péssimo. A chuva impedirá
a festa no jardim e, talvez, inviabilize-a.
• Se Juliana fizer a festa na varanda e houver sol, o resultado poderá ser
classificado como bom, com restrições em função do menor espaço da varanda
em relação ao jardim.
• Caso a festa ocorra na varanda e chova, o resultado será bom com restrições em
função dos respingos que, eventualmente, poderão molhar os convidados.
• Se a festa ocorrer dentro de casa e houver sol, o resultado será ruim em função
do calor exagerado.
• Por outro lado, se a festa for dentro de casa e chover, o resultado será bom, com
a temperatura amena e sem respingos para chatear os convidados.

No caso, a árvore de decisão ajuda a visualizar o problema e seus


resultados sequenciais (BRUNI, 2018).

Vejamos um outro exemplo:

Para uma pessoa neutra em relação ao risco foram oferecidas duas opções:

153
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

1ª opção – Um ganho certo de R$8,00.


2ª opção – Participação no jogo, que consiste no lançamento de uma moeda
(cara e coroa), sendo que: cara ele ganha R$10,00, coroa ele não ganha nada).

Por meio do uso de árvore de decisão, as alternativas poderiam ser


representadas da seguinte forma:

FIGURA 13 – EXEMPLO DE ÁRVORE DE DECISÃO SIMPLES

FONTE: Bruni (2018, p. 374)

A alternativa de decisão é apresentada por meio do quadrado.

Duas escolhas encontram-se disponíveis: o ganho certo, que resultará em


um resultado de R$8,00, ou o jogo da moeda, que remete a uma situação sob risco,
com resultados cara, com ganho de R$10,00, ou coroa, com ganho nulo.

Quando um ponto de risco é apresentado, é costume exibir as probabilidades


de cada resultado logo abaixo do traço horizontal, este que representa o resultado
possível. Se quisermos, podemos enriquecer a árvore e o seu uso em decisões de
investimentos, acrescentando os valores esperados calculados para cada um dos
pontos de risco.

FIGURA 14 – ÁRVORE DA MOEDA COM VALORES ESPERADOS

FONTE: Bruni (2018, p. 375)

154
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Sendo neutra em relação ao risco, a pessoa poderia ponderar os valores


esperados do jogo da moeda e encontraria um valor esperado igual a R$5,00 (média
ponderada pelas probabilidades dos valores R$0 e R$10, com probabilidades
iguais a 50% para cada). O valor esperado do ganho certo seria igual a R$8,00.

Teríamos, então, a seguinte situação:

Jogo da moeda: E(x) = 0,50 × 10 + 0,50 × 0 = R$5,00


Ganho certo: E(x) = 8 × 1 = R$8,00

Naturalmente, a melhor escolha, com maior valor esperado, seria o ganho


certo de R$8,00, pois apresenta um valor esperado igual a R$8,00 e nenhum risco
associado.

E
IMPORTANT

A árvore de decisão é a representação de uma tabela de decisão sob a forma de uma


árvore, porém poderão haver outras aplicações. A árvore de decisão trata-se de uma maneira
alternativa de expressar as mesmas regras que são obtidas quando se constrói uma tabela.

5 ANÁLISE DE RISCO X RETORNO


Geralmente, as decisões financeiras deixam de ser tomadas em ambientes
de total certeza com relação a seus resultados. Por estarem essas decisões
fundamentalmente voltadas para o futuro, é imprescindível que se introduza a
variável incerteza como um dos mais significativos aspectos de estudo (ASSAF
NETO, 2014).

Toda vez que a incerteza associada à verificação de determinado evento


pode ser quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos
diversos resultados previstos, diz-se que a decisão está sendo tomada sob uma
situação de risco. Assim, o risco pode ser entendido como a capacidade de se
mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das
probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores.

Assaf Neto (2014) escreve que a ideia de risco, de forma mais específica,
está diretamente associada às probabilidades de ocorrência de determinados
resultados em relação a um valor médio esperado. É um conceito voltado para
o futuro, revelando uma possibilidade de perda (ou ganho) nos retornos de um
ativo. Em outras palavras, pode-se dizer que o conceito de risco está vinculado
com o conceito de probabilidade. “O conceito básico de probabilidade refere-se
à possibilidade (ou chance), expressa normalmente em porcentagem, de ocorrer
determinado evento” (ASSAF NETO, 2014, p. 220).

155
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Existe risco sempre que a probabilidade de um evento ocorrer for menor


que 100%. Assim, para um contexto determinístico em que a probabilidade de
um evento for de 100% (certeza total), não há risco.

Observe a figura a seguir, que apresenta a probabilidade para cada um


dos cenários propostos em uma avaliação de risco em investimento A e B.

FIGURA 15 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO A E B

FONTE: Assaf Neto (2014, p. 99)

A partir do cenário, podemos começar a entender como funciona a relação


risco x retorno.

Primeiramente, deve-se calcular o valor esperado (o valor esperado


representa uma média dos vários resultados ponderados) pela probabilidade
atribuída a cada um desses valores.

Possível resultado * Probabilidade de acontecer = Valor esperado

Aplicando a fórmula, chegaríamos aos seguintes valores esperados para


os Investimentos A e B:

FIGURA 16 – VALORES ESPERADOS

FONTE: Assaf Neto (2014, p. 100)

156
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

O valor esperado, por si só, não demonstra o risco associado às propostas.


É necessário conhecer o grau de dispersão dos resultados em relação ao valor
esperado.

GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS PROBABILIDADES

FONTE: Assaf Neto (2014, p. 100)

Observe que, quanto maior a dispersão, maior será o risco.


Consequentemente, quanto menor a dispersão, menor será o risco.

É importante destacar que a preferência por risco ou retorno é algo


pessoal para cada investidor. A preferência é abordada pela teoria da preferência,
que demonstra como um investidor se posiciona diante de investimentos que
apresentam diferentes combinações de risco e retorno. No caso, a decisão do
investidor estará em maximizar sua satisfação ou maximizar sua utilidade
esperada. O cenário pode ser representado também pela escala (curva) de
preferências.

GRÁFICO 3 – ESCALA DE PREFERÊNCIAS

aversão ao risco neutralidade gosto pelo risco

FONTE: <https://bit.ly/2VG9Lsa>. Acesso em: 31 jul. 2019.

157
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

A escala de preferências pode, então, ser definida da seguinte forma:

• 1º gráfico – retrata, de maneira clara, um comportamento de aversão ao risco.


• 2º gráfico – há neutralidade em relação ao risco.
• 3º gráfico – demonstra propensão (gosto) pelo risco.

Contudo, na prática, as decisões de investimentos e a distribuição de


probabilidades não se resumem geralmente a um único resultado (evento)
esperado, mas a diversos valores possíveis.

O raciocínio básico é dividir os resultados esperados (elementos de


incerteza da decisão) pelos valores possíveis de se verificar. Ainda, identificar, em
cada um deles, uma probabilidade de ocorrência (ASSAF NETO). No caso, há um
conjunto de eventos incertos (variáveis aleatórias), representado pelos resultados
possíveis de serem gerados e estruturados sob a forma de uma distribuição de
probabilidades.

E
IMPORTANT

A incerteza é considerada em situações em que não é possível a atribuição de


probabilidades de ocorrência de um evento. Uma situação de risco admite o conhecimento
das possibilidades de verificação (probabilidades) de todos os estados de natureza (ASSAF
NETO, 2014).

DICAS

Quer saber mais sobre risco x retorno em investimentos? Acesse o link a seguir.
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=MtOInNH6oGs>. Acesso em: 31 jul. 2019.

5.1 RISCO SISTEMÁTICO X RISCO NÃO SISTEMÁTICO


Risco sistemático: refere-se ao sistema como um todo (é o risco geral), no
qual todas as empresas estão inseridas. Uma variável que afeta o risco sistemático
irá afetar todas as empresas componentes do sistema. Também é conhecido como
risco não diversificável. Diferentemente do risco não sistemático, ele não pode ser
anulado. Exemplo: crise que afeta toda a economia brasileira. Esta, então, afetaria
todas as empresas brasileiras, não importando o setor que a companhia atue. A
crise sistêmica afeta, de uma forma ou de outra, todos os componentes do sistema.

158
TÓPICO 1 | TÉCNICAS PARA ANÁLISES DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Risco não sistemático é o oposto do sistemático, pois não diz respeito ao


sistema como um todo. Também é conhecido como risco diversificável, pois diz
respeito a empresas/setores específicos. Exemplo: Imagine que você seja dono
de uma empresa e que 90% de sua receita venha de apenas um cliente. O cliente,
então, cancela o contrato com a sua empresa. Suas empresas estarão, agora,
em imensa dificuldade. No entanto, nada ocorreu com as outras empresas da
economia, pois foi um efeito que afetou apenas a sua. Assim, o risco total de um
investimento é composto pelo risco sistemático acrescido do risco não sistemático.

Risco Total = Risco Sistemático + Risco Não Sistemático

O risco sistemático incide sobre todo e qualquer tipo de investimento:


de um título financeiro qualquer a uma empresa de qualquer natureza. O risco
não sistemático, entretanto, depende das características e do contexto de cada
investimento de forma específica. Em outras palavras, quanto mais elevado o
risco, maior tende a ser a exigência de retorno que compensa a exposição mais
elevada (BROM; BALIAN, 2007).

GRÁFICO 4 – RELAÇÃO RISCOS SISTEMÁTICO E NÃO SISTEMÁTICO COM O RETORNO

Retorno exigido (%)

Risco não
sistemático

Risco
Risco (%)
sistemático
Título Empresa
Empresa Renda fixa X Y

FONTE: Brom e Balian (2007, p. 104)

Acadêmico, é de extrema importância a fixação dos dois conceitos em sua


mente, inclusive a diferença entre eles. Ter tal conhecimento faz muita diferença
no processo de análise de investimentos, pois o risco diversificável e o risco não
diversificável afetam diretamente a rentabilidade dos seus investimentos.

159
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um investimento não é feito apenas de questões quantitativas, mas também de


questões qualitativas.

• A análise de sensibilidade, uma das formas mais usuais de tratamento da


incerteza em um projeto de investimento, possibilita o estudo das alterações
de variáveis significativas do projeto e suas consequências sobre indicadores
de viabilidade econômico-financeira.

• Como vantagens, citamos a flexibilização das variáveis, estas que podem ser
incorporadas à análise. Já como desvantagens, apresentamos a variabilidade
de produtos, pois quanto maior o portfólio de produtos esperados em um
projeto, maior será a dificuldade em definir estratégias de intervenção.

• O diagrama de tornado é uma forma gráfica de apresentar as análises de


sensibilidade construídas.

• O cenário realista consiste no valor esperado ou média da estimativa.

• O cenário otimista apresenta a perspectiva de uma situação melhorada.

• O cenário pessimista apresenta a perspectiva de uma situação em condições


piores.

• Ainda, a classificação de aplicação de cenários é dividida em cenários globais,


focalizados e de projeto. Com base nos cenários é que será projetado o
comportamento das demais variáveis do negócio.

• A árvore de decisão é um mapa que apresenta os possíveis resultados de uma


série de escolhas. Permite a comparação de possíveis ações com base em seus
custos, probabilidades e benefícios.

• A árvore de decisão é composta por pontos de decisão, pontos de risco e


resultados.

• A árvore de decisão pode ser utilizada tanto para conduzir diálogos


informais quanto para mapear um algoritmo que prevê a melhor escolha,
matematicamente.

• O conceito de risco está vinculado com o conceito de probabilidade.

• Quanto maior a dispersão, maior será o risco e, consequentemente, quanto


menor a dispersão, menor será o risco.
160
AUTOATIVIDADE

1 Sobre a análise de sensibilidade, qual é a principal contribuição dela nos


investimentos?

2 Sobre as vantagens e desvantagens da análise de sensibilidade, classifique V


para as vantagens e D para desvantagens.

( ) Flexibilidade fornecida ao gestor para a montagem de cenários de acordo


com o orçamento disponível.
( ) Dependente de dados precisos e adequados.
( ) Alterando as variáveis, permite a identificação das potencialidades e das
oportunidades de melhoria dentro de um planejamento de atividades do
projeto.
( ) Ignora a influência de uma variável sobre outra.

3 O diagrama de tornado é uma forma gráfica de se apresentar que tipo de


análise?

a) ( ) análises de sensibilidade.
b) ( ) análise de cenários.
c) ( ) análise de risco x retorno.

4 A análise de cenários trabalha com três tipos de cenários. Quais são e o que
cada um representa?

5 A análise de cenários pode ser dividida em três formas: cenários globais,


focalizados e de projetos. Sobre as características a seguir, classifique-as em:
G (cenários globais), F (cenários focalizados) e P (cenários de projetos).

Concorrência
Investimentos de grande incerteza
Políticas
Riscos de investimentos
Macroeconômicas
Investimentos com longo prazo de maturação
Mercado
Riscos tecnológicos
Tecnológicas
Sociais

6 O que vem a ser a árvore de decisão?

7 Sobre os elementos que compõem a árvore de decisão, relacione:

161
(1) Pontos de decisão ( ) representados por um círculo
(2) Pontos de risco ( ) representados por um quadrado
(3) Resultados ( ) representados por um retângulo

8 Utilize as seguintes informações para elaborar sua árvore de decisão.

Uma empresa de mineração, dentro de sua política de crescimento,


deverá optar por um projeto de ampliação. Há diferentes possibilidades:

Uma das alternativas avaliadas é a de construção de uma fábrica de


produtos acabados e semiacabados, próxima das jazidas que explora. A ação
agregaria mais valor aos seus produtos. Conseguindo construir a fábrica em
um prazo de três anos, o Valor Presente Líquido (VPL) da alternativa seria de
US$ 45 MM.

Contudo, há a possibilidade, estimada em 20%, de uma empresa


concorrente, nas proximidades, se antecipar e construir em prazo menor uma
fábrica com as mesmas características. Como o mercado não comporta duas
fábricas ofertando produtos similares, isso representaria um VPL negativo, da
ordem de –US$ 20 MM.

Outras alternativas em estudo são aumentar a produção e aumentar o


escoamento de minério, para exportação, sem construir a unidade de produtos
acabados e semiacabados. Para aumentar a capacidade de escoamento, há duas
possibilidades: duplicar a ferrovia já existente, o que representa um VPL de
R$30 MM, ou um ousado projeto de mineroduto até o porto. A duplicação da
ferrovia não esbarra em problemas ambientais, pois já se trata da expansão de
um serviço existente. Contudo, a construção do mineroduto, com um traçado
diferente da ferrovia, implica em questões ambientais, as quais devem ser
cuidadosamente analisadas.

Aproximam-se as eleições estaduais. Caso a situação vença, a empresa


mineradora já tem com o governo uma boa relação, não sendo previstos
obstáculos para o licenciamento ambiental. No caso, o aumento da produção
e o respectivo escoamento pelo mineroduto representam um VPL de US$60
MM. Contudo, há a possibilidade, estimada em 40%, de a oposição vencer as
eleições, e devido à plataforma fortemente baseada em questões ambientais,
há duas possibilidades equiprováveis (mesma probabilidade). Uma das
possibilidades significa a imposição de pesadas compensações ambientais, o
que reduziria o VPL para US$20 MM. A outra possibilidade é a da não obtenção
do licenciamento ambiental, o que acarretaria um VPL negativo da ordem de
–US$ 8 MM.

162
9 Na análise de riscos, podemos observar que, quanto maior a dispersão,
maior será o risco. Consequentemente, quanto menor a dispersão, menor
será o risco. Como se dá a preferência pelo risco x retorno?

10 Utilizando a escala de preferência, a imagem a seguir representa qual


cenário?

Retorno
Esperado
Rp UA

RA

0 σA Desvio Padrão
do Retorno
σp

163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 2

AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

1 INTRODUÇÃO
Martins et al. (2001) escrevem que um projeto de investimento pode ser
avaliado por meio de diversas técnicas, inclusive, utilizando modelos usuais
de avaliação (que não deixam de ser técnicas de avaliação de projetos), como a
compra, fusão ou incorporação de empresas. Os autores afirmam que a escolha
do método deve considerar o propósito da avaliação e as características próprias
do empreendimento, classificando em: técnicas comparativas de mercado,
técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados e técnicas baseadas no
desconto de fluxos futuros de benefícios.

A flexibilidade gerencial torna possível tanto capitalizar futuras


oportunidades que são favoráveis ao negócio quanto diminuir perdas. A
flexibilidade aumenta o valor de oportunidade de um investimento, pois
melhora o potencial de ganhos e limita seu potencial de perdas relativas a um
gerenciamento passivo ligado às expectativas iniciais (MINARDI, 2000).

2 FLEXIBILIDADE GERENCIAL
É fato que qualquer negócio empresarial está sujeito a fenômenos como
globalização, inovação tecnológica constante e desregulamentação. O cenário
empresarial é altamente competitivo e incerto, e alguns dos negócios podem estar
se transformando drasticamente com novas formas emergentes de relacionamento
entre clientes e fornecedores e novos competidores. Rever a estratégia inicial e
alterar o plano de investimento de acordo com as novas condições econômicas
são ações chamadas de flexibilidades gerenciais (MINARDI, 2004).

É imprescindível gerenciar empresas e investimentos de maneira flexível


e rever constantemente estratégias e planos. A adaptação rápida e mesmo
a antecipação às mudanças do ambiente empresarial são necessárias para a
sobrevivência da empresa em longo prazo (MINARDI, 2000).

Minardi (2000) escreve que as tomadas de decisão realizadas hoje


influenciam diretamente o futuro da empresa. Infelizmente, as técnicas
quantitativas de avaliação de projetos (fluxo de caixa descontado ou o método do

165
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

valor presente líquido) nem sempre conduzem à melhor solução estratégica. Assim,
surgiram os modelos alternativos para correção das deficiências quantitativas e
captação do valor de flexibilidade gerencial (análise de sensibilidade, árvore de
decisão e análise de cenário).

Minardi (2000) ainda menciona que a flexibilidade gerencial e as formas


de adaptação às mudanças do ambiente empresarial são opções reais, algumas
inerentes aos projetos e outras construídas mediante um custo maior de
investimento, como:

a) Postergar um projeto: o investimento em um projeto pode ser postergado


para serem obtidas melhores informações sobre o mercado, resolvendo
algumas incertezas. No caso de o mercado indicar um desempenho pior que
o inicialmente previsto, o desembolso com o investimento será poupado.
b) Expandir ou contrair a escala de produção: se as condições do mercado se
tornarem melhores, é possível ampliar a escala de produção mediante um
investimento adicional, aumentando o ganho do projeto. Caso as condições
do mercado se tornem piores, é possível diminuir a escala de produção,
limitando as perdas do projeto.
c) Abandonar temporária ou definitivamente um projeto: caso as condições
de mercado se tornem muito desfavoráveis ao projeto, é possível abandoná-
lo temporariamente, na espera de melhores condições de mercado, ou até
mesmo abandoná-lo por completo.
d) Abandonar o projeto ainda em fase de construção: na maior parte das vezes,
o desembolso de um projeto não ocorre todo de uma só vez, mas à medida
que o projeto vai sendo construído. Caso as condições de mercado se tornem
muito piores, é possível abandonar as outras etapas da construção do projeto,
poupando parcelas do investimento previsto.
e) Alterar as matérias-primas ou os produtos finais de um projeto: um processo
mais flexível permite que se altere o uso de matérias-primas conforme as
condições do mercado. Por exemplo, um boiler (um tanque para aquecer água),
que pode utilizar tanto gás como energia elétrica, permite que a empresa
utilize gás quando este estiver mais barato que a energia elétrica quando esta
estiver mais barata que o gás. Processos mais flexíveis possibilitam também
que seja alterado o produto final e que haja adaptação diante da demanda do
mercado.
f) Realizar outros investimentos dependentes de um projeto inicial (opções
de crescimento): muitas vezes, um projeto é pré-requisito para investimentos
subsequentes. Se não ocorrer investimento no primeiro projeto, os demais não
poderão ocorrer.

Por exemplo, mesmo que haja valor presente líquido negativo, a


infraestrutura de experiência e potencial criada com o desenvolvimento da
primeira geração de um produto serve como trampolim para o desenvolvimento
a baixo custo ou para a qualidade melhorada de futuras gerações de novos
produtos e novas aplicações em áreas diferentes. A primeira geração do produto

166
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

trará uma vantagem competitiva. Minardi (2004, p. 21) destaca que “a flexibilidade
gerencial é uma possibilidade, mas não uma obrigação de alterar um projeto em
diferentes etapas de sua vida útil operacional”.

2.1 TEORIA DE OPÇÕES


A teoria de opções é a melhor abordagem para avaliar projetos que
possuem opções operacionais e estratégicas significativas, integrando estratégia
e finanças (MINARDI, 2000).

A teoria de opções tenta superar as limitações dos métodos tradicionais.


Considera as flexibilidades gerenciais na avaliação e utiliza como taxa de desconto
a taxa de retorno do ativo livre de risco, não se preocupando em determinar uma
taxa de desconto de acordo com o risco do projeto.

Minardi (2004) destaca que a subjetividade da teoria de opções é reduzida


em relação às outras técnicas, mas não é totalmente eliminada. O valor das
opções é dependente do valor do projeto. O comportamento do valor do projeto
é considerado como uma variável estocástica, ou seja, há um comportamento
aleatório e regido por alguma distribuição de probabilidade, normalmente
a distribuição normal ou a lognormal. A variável-chave da distribuição de
probabilidade é a volatilidade do comportamento do ativo-objeto, ou seja, o
desvio das taxas de retorno do projeto.

A volatilidade do projeto pode ser obtida de duas maneiras:

a) histórica: por meio de uma série histórica. No caso, a volatilidade futura do


projeto será a mesma que a volatilidade passada;
b) implícita: quando existem opções sobre o ativo-objeto comercializadas no
mercado, é possível determinar sua volatilidade implícita por meio do modelo
Black-Scholes. Como existe, normalmente, mais de uma opção emitida sobre
um mesmo ativo-objeto, será encontrada mais de uma volatilidade, sendo
necessário utilizar alguma forma de ponderação para se obter uma média
entre as diversas volatilidades. A ponderação é sempre subjetiva.

E
IMPORTANT

A fórmula de Black-Scholes foi desenvolvida na década de 70 por Fisher Black,


Robert Merton e Myron Scholes e é um dos modelos mais usados no mundo para determinar
o preço de derivativos de ações no mercado financeiro.

167
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

A teoria de opções, quando aplicada a projetos de investimento, integra


estratégias e finanças. Considera, analiticamente, as flexibilidades gerenciais e as
opções de crescimento, que são o cerne da estratégia empresarial (MINARDI, 2000).

2.1.1 Opções reais x opções financeiras


Estudamos, anteriormente, que flexibilidade gerencial e as formas de
adaptação às mudanças do ambiente empresarial são opções reais, mas o que são
as opções reais?

Dias (2005) aborda que as opções reais são o direito, mas não a obrigação,
que um agente possui quando toma decisões sobre um ativo real. O agente pode
ser um gerente, um consumidor, um planejador social ou qualquer tomador de
decisão.

O ativo real pode ser uma oportunidade de investir em um projeto ou


um ativo já existente, tal como uma fábrica. A opção real enfatiza o valor da
flexibilidade, que é uma opção mais valiosa sob condições de incerteza.

Vejamos um exemplo adotando o caso fictício de uma companhia


petrolífera, cuja produção origina-se da perfuração e exploração de campos
petrolíferos. Estes precisam ser de sua propriedade, segundo a regulamentação
da agência nacional responsável (CERBASI, 2009):

A empresa depara-se com a necessidade de tomar uma importante


decisão estratégica: detectou-se a oportunidade de adquirir um grande campo
petrolífero, porém o negócio pode não ser vantajoso caso os preços de venda
do petróleo mantenham-se nos níveis atuais. A grande oportunidade do negócio
está na aquisição do terreno, mas o vendedor deseja vendê-lo imediatamente. Os
dados da operação são os seguintes:

• preço do campo é de R$10.000,00 para venda imediata;


• custos iniciais de perfuração totalizam R$500.000,00;
• a extração esperada é de 10.000 barris/ano por um prazo muito longo (pode-
• se assumir perpetuidade);
• preço atual de venda do barril está estimado em R$20,00, sendo que os custos
de extração são de R$16,00 por barril, gerando um lucro por barril de R$4,00.

Para avaliarmos o negócio proposto, consideramos as seguintes premissas:

• existem créditos fiscais em montante suficiente para o não pagamento de


• impostos sobre os lucros com o campo;
• a taxa de desconto (WACC) apropriada ao projeto é de 10% a.a.;
• todos os valores estão em termos reais, ou seja, já descontada a inflação.

168
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Uma avaliação rápida do valor do campo para a nossa empresa


petrolífera traria o seguinte resultado para o Valor Presente Líquido do projeto
de expansão:

$4x10.000
VPL= -$10.000 -$500.000 +
10%
VLP= -$110.000

Em outras palavras, o resultado decorrente de um lucro de R$4,00 por


barril não é suficiente para cobrir o custo do terreno e mais o custo de perfuração,
mesmo que para uma exploração perpétua. No caso, o projeto mostra-se inviável
e seria abortado antes mesmo de seu início (um cálculo simples, tornando o
VPL igual a zero, dá um lucro por barril superior a R$5,10, valor suficiente para
viabilizar o projeto). Contudo, alguns estudos indicam que existem possibilidades
de mudanças do preço do barril no mercado. Se o preço do barril diminuir, nossa
situação não muda e o projeto seria abortado da mesma forma. Contudo, se o
preço aumentar, caberia uma nova análise de viabilidade.

Seria um caso típico para negociar uma opção de compra, mas uma
proposta assim poderia influenciar o vendedor de forma a aumentar o preço do
terreno. De qualquer forma, ele pretende vender o terreno imediatamente, e se
não fizermos a operação, podemos perder o terreno definitivamente.

As probabilidades de mudanças de preços seriam as seguintes:

QUADRO 5 – PROBABILIDADES DE MUDANÇAS DE PREÇOS

Probabilidade Mudança Prevista

50% Manutenção dos preços atuais.

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo está


considerando um acordo de longo prazo que elevaria o preço
25%
do petróleo para R$35,00 por barril em termos reais durante
vários anos.

Uma grande montadora está testando automóveis que utilizam


água como combustível. Se o desenvolvimento for bem-
25%
sucedido, o preço real do petróleo deve cair para R$5,00 em
termos reais.

FONTE: O autor

As decisões resultantes dos novos preços são mostradas na árvore de


decisão a seguir:

169
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 17 – DECISÕES RESULTANTES DOS NOVOS PREÇOS

FONTE: O autor

Se houver a possibilidade de adquirir o terreno para decidir, daqui a


um ano, a continuidade ou não do projeto, haveria uma situação diferente da
inicial. Caso o preço seja desfavorável daqui a um ano, abortaríamos o projeto e
teríamos perdido o valor do terreno, ou seja, R$10.000. Contudo, se o preço do
barril estiver em R$35,00 daqui a um ano, o que equivale a um lucro de R$19,00
por barril, poderíamos tocar o projeto e auferir os resultados provenientes de seu
fluxo de caixa.

Então, o VPL de nosso projeto, considerando a probabilidade de


continuidade em 25% e a decisão sendo tomada em um ano (o fluxo é descontado
em um período), seria:

1
VLP = -$10.000 + x
(1+10% )
  ( $35 -$16 ) x10.000  
0,25x -$500.000 + 
 10%  

VLP ≈ $308.182

A perfuração e o fluxo só ocorrem se o preço aumentar. Assim, os outros


75% de probabilidades não aparecem na equação, pois multiplicam fluxos nulos.

O que é importante notar:

• o projeto teria um VPL negativo nas condições atuais;

170
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

• devido às incertezas (risco) sobre o valor futuro do ativo, abriu-se a possibilidade


de a perspectiva futura do negócio ser bem mais vantajosa;
• a empresa pode adquirir o direito de tomar a decisão no futuro desde que
adquira o terreno. Pagou um prêmio, que foi o valor do terreno;
• o risco do projeto passou a ser o de perder os R$10.000 investidos no terreno (o
prêmio). É uma situação bem mais confortável que deixar de ganhar mais de
R$300.000 por uma decisão mal formulada.

A operação é configurada exatamente como uma operação de opções. O


diferencial é que o prêmio pago pode ainda ser recuperado com a venda posterior
do terreno, praticamente anulando a perda.

DICAS

O exemplo abordado foi elaborado por Gustavo Cerbasi (consultor financeiro).


Pode ser acessado pelo link a seguir. FONTE: <http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/
UpToDate104.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2019.

Observemos agora os tipos de opções reais.

FIGURA 18 – TIPOS DE OPÇÕES REAIS

 Simples (caso clássico)


Espera (Timing) Com tempo de construção (time-to-build models)

Composta (interação com outras opções)

 Expansão
 Contração  Insumo (switch-input)
 Troca/ Modificação  Produto (switch-output)
Operacionais (Switch)  Uso (switch-use)
Opções Reais
 Parada Temporária  Localização (switch-place)
(Shut-down)
 Abandono

 Bayesiana tradicional
 Endógena
(learning  Processos de revelação (Dias)
Aprendizagem
by doing)
 Exógena  Incerteza de mercado (= OR de espera)
 Incerteza estratégica (teoria dos jogos)

FONTE: Dias (2005, p. 189)

171
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

O primeiro grupo é relacionado com o investimento; o segundo ocorre


após o investimento; e o terceiro se refere à aprendizagem, geralmente exercida
antes de grandes investimentos.

• Opções reais de espera (“timing”, opção de postergar): pode-se esperar


(espera ativa) para obter novas informações. Na indústria, pode-se adiar um
investimento até que os preços melhorem ou até que haja uma demanda que
justifique o investimento.
• Opções reais operacionais: incluem a de expansão (com investimento adicional)
e a de contração (diminuindo o custo operacional) de paradas temporária e
permanente (abandono) etc.
• Opções reais de aprendizagem: geralmente, são realizadas antes de considerar
os investimentos em escala industrial. Tipicamente, o uso é feito por métodos
bayesianos.

E
IMPORTANT

O método bayesiano consiste na avaliação de hipóteses pela máxima


verossimilhança. Além da sua utilidade singular para implementações, lida com problemas reais.

Ainda, a opção financeira, o que vem a ser?

As opções financeiras fazem parte de um conjunto de instrumentos


denominados “derivativos”. Os derivativos possuem tal nome porque não têm
valor próprio – seu valor deriva do valor de algum outro ativo básico (ativo
subjacente). Surgiram da necessidade de reduzir a incerteza, limitando os riscos
de flutuações inesperadas nos preços dos ativos subjacentes. Os contratos de
opções são títulos derivativos. Estes são escritos sobre ações ordinárias, índices
de bolsas, câmbio estrangeiro, mercadorias agrícolas, metais preciosos e taxas
futuras de juros.

As opções financeiras são fundamentalmente diferentes dos contratos a


termo e futuros. Dão, ao seu detentor, o direito, mas não a obrigação de fazer
alguma coisa no futuro. Dessa forma, o possuidor de uma opção pode escolher
exercê-la ou não, da maneira que julgue mais interessante. Nos contratos a termo,
as duas partes são obrigadas a comprar/vender os montantes estipulados no
futuro.

Uma segunda diferença entre os contratos futuros e de opções é que


entrar em um contrato futuro não implica em qualquer custo inicial, enquanto
a opção exige um pagamento adiantado (prêmio), este que reflete o valor da sua
flexibilidade.

172
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

As opções financeiras existem porque existe a incerteza, que é justamente


o que torna uma opção valiosa. No caso das opções, o risco, que se traduz pela
incerteza, tem um valor positivo.

Vejamos, agora, a classificação das opções financeiras:

FIGURA 19 – CLASSIFICAÇÃO DAS OPÇÕES FINANCEIRAS

Classificação Opção de Compra Opção de Venda

In-the-money Preço do objeto é maior do Preço do objeto é menor do


(dentro do dinheiro) que o preço de exercício que o preço de exercício
At-the money Preço do objeto é igual Preço do objeto é igual ao
(no dinheiro) ao preço de exercício que o preço de exercício

Out-of-the money Preço do objeto é menor do Preço do objeto é maior do


(fora do dinheiro) que o preço de exercício que o preço de exercício

FONTE: O autor

* Preço do exercício é o preço de um contrato em que o seu comprador pode


adquirir (Call) ou vender (Put) o ativo subjacente na data de vencimento.
* Data de vencimento é a data especificada no contrato, também conhecida como
a data de exercício ou strike date.

Apesar de existirem semelhanças entre as opções reais e financeiras,


devemos destacar as distinções entre elas.

• Primeiro: a opção financeira tem como ativo básico um valor mobiliário (ativo
negociado no mercado financeiro), enquanto a opção real tem por base algo
tangível, como um projeto.
• Segundo: a maioria das opções financeiras é composta por apostas secundárias.
O emissor da opção não, necessariamente, é o dono da ação que compõe o
ativo básico, ou seja, ele não tem influência sobre o que a empresa faz e sobre
o preço de suas ações. Por outro lado, a opção real é gerenciada pelos mesmos
agentes que detêm o ativo subjacente, tendo, portanto, poder sobre a mudança
do seu valor.

Grande parte das opções financeiras pode ser avaliada pelo modelo Black-
Scholes. No entanto, opções reais são muito mais complexas (MINARDI, 2000).

Vejamos as principais diferenças entre opções reais e financeiras:

a) Opções financeiras típicas têm vida curta (menos de um ano para expiração,
embora existam algumas de cinco a dez anos). Opções reais têm vida longa,
sendo perpétuas, em alguns casos.

173
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

b) Embora opções financeiras possam ser exercidas antecipadamente (antes do


vencimento), a análise do exercício é secundária. Dada a vida curta da opção,
o custo de não a exercer no momento ótimo não é significativo. Em opções
reais, no entanto, a decisão de exercer antecipadamente uma opção ou de
adotar um projeto é crítica.

c) Os ativos-objetos de opções financeiras são comercializados em vários


mercados e, como seus preços nunca serão negativos, a escolha dos processos
aleatórios para a precificação do ativo-objeto é mais limitada. Em opções reais,
o ativo-objeto (projeto) geralmente não é comercializado e nada garante que
seu valor não se torne negativo, o que pode implicar em trabalhar com uma
maior gama de processos aleatórios para o valor do ativo-objeto. Além disso,
se não for possível encontrar um ativo negociado no mercado perfeitamente
correlacionado com o projeto analisado, a avaliação da teoria de opções perde
sua acurácia, uma vez que a volatilidade do projeto é estimada subjetivamente,
sem uma base fundamentada.

d) Opções financeiras têm um preço de exercício determinado e único. O preço


de exercício de opções reais, geralmente o valor do investimento no projeto,
pode variar ao longo do tempo, podendo até variar de maneira aleatória.

e) Opções financeiras geralmente envolvem uma única opção. Opções reais


geralmente são compostas. Por exemplo: o setor de P&D cria uma opção
para adotar uma tecnologia com benefícios desconhecidos. Se a tecnologia
desenvolvida for bem-sucedida, existe uma opção para expandir a linha
de produto se houver sucesso no mercado final. Se o produto, no entanto,
se tornar obsoleto, existe a opção de abandonar sua produção. Uma análise
adequada de P&D deve incluir o valor de opções subsequentes de expansão e
abandono. Infelizmente, o valor de opções múltiplas é diferente da soma dos
valores individuais das opções, porque opções reais interagem entre si.

f) Opções financeiras são exclusivas do investidor. Nenhuma outra pessoa pode


exercer a opção possuída por ele. O mesmo não ocorre com opções reais, em
que o grau de exclusividade depende da estrutura de mercado. Se o mercado
for monopolista, a empresa tem a exclusividade total de investimento em seu
setor. Se o mercado for perfeitamente competitivo, o direito de investimento é
um bem público de toda indústria, e o valor da opção real se deteriora com o
passar do tempo. Por exemplo, o setor de P&D de uma determinada empresa
desenvolveu um produto inovador. O valor para lançar o produto hoje pode
ser maior que o valor de amanhã, pois outras empresas concorrentes poderão
desenvolver produtos similares. No caso, o valor da opção de postergar o
lançamento deteriora-se com o tempo.

g) A eficiência do mercado financeiro ajusta os preços rapidamente, refletindo


todas as informações correntes. Retornos acima do mercado não são duradouros
e o que prevalece é a taxa de equilíbrio. No entanto, mercados de bens e serviços
são, geralmente, menos eficientes, permitindo a uma empresa ter ganhos acima
do equilíbrio de mercado enquanto houver vantagem competitiva.
174
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

3 VISÃO DO PROJETO
Brito (2011) escreve que fazer um projeto só tem sentidos econômico
e social se o resultado for a produção de bens e/ou serviços. Existem vários
caminhos que variam de acordo com a atividade da empresa e a finalidade do
empreendimento.

O projeto vem com o investimento e, no geral, fazer um projeto de


investimento é uma tarefa trabalhosa e necessária, já que existirão riscos e
incertezas. Contudo, o objetivo é assegurar diretrizes que conduzam à produção
de bens e/ou serviços de forma eficiente. Apesar da necessidade de diretrizes
para a condução do projeto, ao mesmo tempo ele deve ser flexível, adaptável e
com roteiro simplificado.

Planejamento, planificação, programação, plano, política, programa, polo


e projeto são palavras afins, estas que traduzem a necessidade de organização do
sistema econômico, objetivando o desenvolvimento.

• Planejamento: é o processo de definição de diretrizes. Ele é estratégico


quando fixa paradigmas estáticos para serem implantados. Pretende alcançar
o desenvolvimento econômico, que é um processo de mudanças estruturais,
que se materializa pela melhoria das condições de vida da população. Logo, o
planejamento é o conjunto de planos, programas e projetos.
• Programação: é um subconjunto do planejamento.
• Plano: é o documento global do planejamento.
• Política econômica: é a arte de resolver conflitos. É a decisão.
• Programa: é o documento global da programação. Os planos e os programas
podem ter alcance nacional, regional, estadual e municipal.
• Polo: é o documento exclusivamente do planejamento regional.
• Projeto: é o documento que visa, em última instância, produzir bens e/ou
serviços. É o planejamento da unidade produtiva. Tem função determinada.

Em um sentido amplo, o plano contém o programa e o projeto. Em um


sentido restrito, as três palavras vêm seguidas de outro termo designativo. Por
exemplo, o projeto de uma empresa é o documento maior e contém o planejamento
administrativo da firma, seu programa de financiamento, o projeto do centro de
computadores e o plano físico das inversões (BRITO, 2011).

Segundo Buarque (1985) apud Brito (2011), um projeto tem cinco fases: a
ideia, a pré-viabilidade, a viabilidade, a engenharia e a execução. Demais autores
colocam, de uma forma parecida, as mesmas fases, classificando-as em: estudos
preliminares, anteprojeto, projeto, execução e acompanhamento.

Como objetivos ao fazer um projeto, Brito (2011) aborda: criar, expandir,


modernizar, relocalizar, fundir, incorporar, mudar de atividade, sanear
financeiramente e redimensionar o capital de giro permanente.

175
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

No Brasil, devido a uma série de distorções no mercado financeiro,


agravadas pela indexação que existiu durante, aproximadamente, 30 anos, foram
criados incentivos fiscais, subsídios, isenção de tributos, surgindo vários projetos
para aproveitamento das vantagens. É comum empresários motivarem-se com a
publicidade das linhas de crédito oficiais claramente beneficiadas. Contudo, há o
limite do prazo de financiamento, assim como o das isenções de tributos.

Quando o projeto é feito sem a devida competência, cessando os benefícios


incentivados, a empresa não mais se sustenta. Essa não é uma boa prática, pois
à medida que o país tem se democratizado, ela tende a desaparecer. Assim, o
projeto tem que ser competente.

Um projeto, em sua elaboração, precisa analisar os seguintes aspectos,


conforme Brito (2011):

QUADRO 6 – ASPECTOS ESSENCIAIS

dirigentes (com funções, nacionalidade, residência, domicílio,


qualificação, experiência profissional, data de eleição da
diretoria e prazo do mandato);
.......................................................................................................
grupo econômico (breve histórico e descrição das atividades
atuais);
.......................................................................................................
Administrativos
organograma (a estrutura matricial geral e o delineamento
até o terceiro escalão);
.......................................................................................................
assessoria e auditoria (qualificação dos assessores e da
auditoria externa independente);
cadastros (indicação de órgãos em que a empresa e seus
dirigentes possuem cadastro).

capital social (apresentar quadro do capital social autorizado,


subscrito e integralizado, especificando quantidade, valor
das ações ou cotas por categorias);
.......................................................................................................
evolução do capital social (apresentar quadro com os aumentos
do capital social);
Legais
.......................................................................................................
controle da empresa (relacionar os principais sócios. Se o
controle pertencer a pessoas jurídicas, estas também deverão
apresentar a discriminação de seus controles);
estatutos ou normas internas (anexar ao projeto, além das
alterações).

176
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

situações financeira e patrimonial (apresentar os três últimos


balanços e demonstrativos de resultados. Se empresa nova,
balanço de abertura. Em qualquer caso, incluir último
balancete);
Contábeis situações de endividamento (relacionar as obrigações por
empréstimos de longo prazo, especificando: valor; saldo
devedor; saldo credor; vencimento; juros; prestação;
esquema de amortização; vencimento final);
tipo de contabilidade (descrever o processo sucintamente).

1º - o levantamento da oferta e da demanda globais (quando


se identifica a existência de déficit (ou não) da oferta);
Mercado 2º - as projeções da demanda e da oferta globais;
3º - o programa de produção do projeto;
4º - a análise do regime de mercado para o projeto.

Cada setor expressa seu tamanho de acordo com suas


necessidades. Podemos expressar o tamanho pelo número
Tamanho
de turnos de produção, pelo regime do trabalho. Ainda, pela
capacidade de produção).

O estudo locacional deve ser um dos mais criteriosos,


pelo fato de existirem zonas determinadas, distritos
industriais incentivados pelo governo, áreas prioritárias
Localização aos desenvolvimentos econômico e de propaganda para
localização de certos projetos em certas áreas. Assim, deve-
se fazer um estudo locacional criterioso, visando à eficiência
econômica.

funcionalidade (permite processos produtivos mais rápidos


e seguros;
Arquitetura
economia de custos (evita obras desnecessárias ou nada
práticas).

construção e funcionamento do projeto (definição dos


Engenharia estimadores dos parâmetros, como os coeficientes técnicos
de produção e realização das obras civis).

inversões fixas (terrenos, edificações, equipamentos, móveis,


instalações, despesas de implantação, marcas, patentes,
Investimentos veículos, semoventes);
inversões em capital de trabalho (necessidades permanentes de
estoques, créditos, descontos e encaixes).

177
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

recursos próprios (constituídos por patrimônio líquido e pelos


recursos recebidos como incentivos fiscais para capitalização
da empresa, investimentos espontâneos (doações), além da
Financiamentos
formação de lucros futuros);
recursos de terceiros: constituídos pelos financiamentos de
longo prazo. Portanto, estáveis na empresa).

receitas operacionais (é a multiplicação de preços pelas


quantidades de venda);
receitas não operacionais (são as que escapam aos objetivos
primordiais do projeto, tais como as receitas financeiras);
Receitas
receitas extras e operacionais (decorrentes da flexibilidade
dos centros de produção, mediante melhor aproveitamento
da planta industrial, quando surge oportunidade de usos
ocasionais).

realização dos investimentos (os custos de investimentos se


constituirão em estoques de capital);
Custos
custos operacionais (serão os fluxos sobre tais estoques);
custos operacionais (são fixos e variáveis a curto prazo).

O fluxo de caixa é o melhor guia para a administração


Fluxo de caixa financeira. Deve ser um levantamento diário de dados, assim
como deve ser a contabilidade fundamental da empresa.

É a síntese do projeto no tempo. Ocorre durante a implantação


Cronograma da empresa e é fundamental um cronograma físico, que fixa
Físico- prazos das obras, de recebimento dos equipamentos, usa os
Financeiro coeficientes técnicos de engenharia para determinação das
requisições de materiais etc.).

FONTE: Brito (2011, p. 223)

O projeto também deve ser visualizado sob dois níveis distintos.

O primeiro é relativo ao diagnóstico, que compreende as análises do


passado ao presente. A situação atual deve, então, ser comparada com a análise
da conjuntura econômica.

O segundo é relativo ao prognóstico, que deve guardar coerência com


o diagnóstico e deve contemplar projeções em um horizonte temporal que dê,
no mínimo, para amortização dos financiamentos. Portanto, tornou-se praxe
trabalhar com um fluxo de caixa de dez anos. Contudo, dependendo da atividade
econômica, o fluxo de caixa poderá apresentar grandes variações (BRITO, 2011).

178
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 20 – RELAÇÃO DIAGNÓSTICO-PROGNÓSTICO

Cenário ideal
Prognóstico

,
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ua la
at mp
I
Cenário atual
Diagnóstico

FONTE: <https://bit.ly/2vDgRiq>. Acesso em: 1 ago. 2019.

Já em relação aos tipos de projetos, podem ser:

• Agrícolas;
• Pecuários;
• Agropecuários;
• Industriais;
• Agroindustriais;
• De serviços básicos (agua, saneamento, energia, transportes, estradas,
comunicações, telefones);
• De serviços sociais (escolas, habitações, lazer);
• Outros serviços.

Enfim, todos podem ser classificados de acordo com a definição dos três
setores da economia: primário, secundário e terciário.

Acadêmico! Quando falamos de visão de projeto, o importante é você


analisar todo o contexto no qual seu investimento está ou estará inserido. A visão
mais ampla facilita em muito a viabilidade e o sucesso de qualquer projeto de
investimento.

179
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

4 INVESTIMENTOS NA PRODUÇÃO
Em economia, investimento significa a aplicação de capital com a
expectativa de um benefício futuro. As empresas tendem a fazer investimentos
com alguma frequência. Alguns investimentos são necessários para o
funcionamento quotidiano de um negócio (como a compra de computadores).
Outros são realizados visando à obtenção de lucros no futuro, como a compra de
uma custosa máquina que permita incrementar a produção.

Neste tópico, daremos ênfase ao segundo tipo de investimento abordado


no parágrafo anterior (investimentos na produção visando à obtenção de lucros
no futuro). Um exemplo é a compra de uma máquina que pode ajudar no
aumento da produção ou a aquisição de um automóvel para realizar a entrega das
mercadorias e produtos diretamente para os clientes. Entretanto, é importante,
antes de tudo, definirmos alguns conceitos que acabam se confundindo quando
falamos em investimentos na produção: custos, despesas e investimentos.

• Gastos: podem ser consideradas todas as saídas de dinheiro da empresa. A


classificação pode variar de uma empresa para outra, assim, não é recomendável
que sejam enquadrados os gastos de uma empresa em outra. Para uma correta
classificação, é essencial entender o processo da empresa e, assim, conseguir
classificar os gastos de forma efetiva.
• Custos: estão diretamente relacionados à produção e estão atrelados à atividade-
fim da empresa. Para identificar um custo, podemos pensar da seguinte forma:
tudo o que você gasta para levar o produto ou serviço a um ponto de venda é
custo. Os custos são classificados de duas formas:
o Custo direto: está ligado à construção do produto ou serviço que é oferecido
pela empresa. Exemplo: matéria-prima, mão de obra, insumos etc. É o mais
fácil de identificar.
o Custo indireto: está ligado à produção dos bens ou serviços oferecidos, de
maneira indireta. Exemplo: manutenção, limpeza, almoxarifado, logística,
energia elétrica, alimentação.

Ao categorizarmos por setor, podemos dizer que:

• Nas indústrias: são os gastos ligados à produção.


• No comércio: são os gastos para adquirir, gerir, armazenar e tratar as
mercadorias (exemplo: embalagens).
• Nos prestadores de serviço: são os gastos relacionados ao que a empresa gastou
para produzir o serviço final.
• Despesas: é tudo o que uma empresa precisa para manter sua estrutura
funcionando (exemplo: recursos humanos, administrativos, comerciais e
marketing). As despesas não estão ligadas diretamente com a produção de
novos produtos, estes que serão distribuídos e vendidos. As despesas podem
ser classificadas de duas formas:
o Fixas: não variam com a quantidade de bens ou mercadorias que é vendida
pela empresa.
180
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

o Variáveis: variam de acordo com o número de produtos que é produzido


pela empresa.

Por fim, temos o investimento.

• Investimentos: são os gastos realizados com o objetivo de aumento da receita


da empresa. Os investimentos sempre têm como principal foco o retorno para
a empresa.

Vejamos os conceitos aplicados de forma resumida.

FIGURA 21 – GASTOS - CUSTOS, DESPESAS E INVESTIMENTOS

Gasto

Investimento Despesa
Custo
(Benefícios (Administrar
(Produzir)
futuros) e vender)

FONTE: O autor

DICAS

Aprenda mais sobre a diferença entre despesa, investimento e custo


assistindo ao vídeo a seguir. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?time_
continue=33&v=zIiwDuo6ixI>. Acesso em: 1 ago. 2019.

Agora que já vimos a diferença de cada conceito, vamos falar sobre os


investimentos na produção.

Quando pensamos no crescimento de um negócio, os investimentos são


os principais gastos que devem ser realizados pela gestão da empresa. Contudo,
os investimentos na produção também devem seguir uma análise criteriosa, pois
existe um conceito extremamente importante que deve ser abordado, que é a
capacidade produtiva.

A capacidade produtiva está diretamente ligada às condições da planta/


equipamento e a profissionais disponíveis para a produção dos produtos. Assim,
o processo de produção é um conjunto de elementos que deve funcionar em
perfeito equilíbrio.
181
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Para um melhor conceito de capacidade produtiva, pensemos da seguinte


forma: eu posso adquirir uma máquina que tem capacidade de produzir dez
peças por minuto, porém, para um desempenho eficiente da máquina, tenho
que analisar a cadeia produtiva. Será necessário ter os insumos, a matéria-prima,
os colaboradores necessários e treinados para que contemplem a capacidade
de produção da máquina. Em outras palavras, se qualquer um dos itens da
cadeia produtiva não tiver capacidade suficiente (exemplo: não há mão de obra
qualificada suficiente ou a matéria-prima é escassa), de nada adiantará investir na
máquina, pois a produção não aumentará.

FIGURA 22 – SUBFATORES QUE DETERMINAM A CAPACIDADE DE PRODUÇÃO

Capacitação instalada

Mão de obra disponível


Capacitação
de produção
Matéria-prima disponível

Recursos financeiros

FONTE: <https://sistemasprodutivos.wordpress.com/planejamento-producao/>. Acesso em:


1 ago. 2019.

Como podemos observar, a capacidade de produção da empresa depende


de quatro subfatores: a capacidade instalada, a mão de obra disponível, a matéria-
prima disponível e os recursos financeiros.

• Capacidade instalada: é a quantidade de máquinas e equipamentos que a


empresa possui e o potencial de produção.
• Mão de obra disponível: é a quantidade de pessoas com que a empresa pode
contar para executar o plano de produção.
• Matéria-prima disponível: representa a matéria-prima básica, os materiais
e insumos que os fornecedores entregam à empresa para abastecimento da
produção.
• Recursos financeiros disponíveis: a capacidade financeira de fazer investimento
em produção, em matérias-primas. Adquirir máquinas e equipamentos é um
importante subfator da capacidade produtiva.

Acadêmico! É comum imaginar que, quanto maior a capacidade


produtiva, melhor. Contudo, isso é um erro. A capacidade produtiva deve ser a
mais alinhada possível com a sua demanda, proporcionando um melhor custo x
benefício, além da certificação de que o investimento foi útil.

182
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Um projeto de investimento pode ser avaliado por meio de diversas técnicas,


inclusive, utilizando modelos usuais de avaliação de empresa. A escolha do
método deve considerar o propósito da avaliação e as características próprias
de cada empreendimento.

• Os negócios empresariais estão sujeitos a fenômenos como globalização,


inovação tecnológica constante e desregulamentação, tornando necessária a
utilização da flexibilidade gerencial.

• A flexibilidade gerencial se refere às opções reais construídas para a adaptação


às mudanças do ambiente empresarial: a) postergar um projeto, b) expandir
ou contrair a escala de produção, c) abandonar temporária ou definitivamente
um projeto, d) abandonar o projeto ainda em fase de construção, e) alterar
as matérias-primas ou os produtos finais de um projeto, e f) realizar outros
investimentos dependentes de um projeto inicial.

• Dentro da flexibilidade gerencial é que se aplica a teoria das opções. É a melhor


abordagem para avaliarmos projetos que possuem opções operacionais e
estratégicas significativas, integrando estratégia e finanças.

• As opções podem ser classificadas em reais ou financeiras. As opções reais se


referem ao direito, mas não à obrigação, que um agente possui quando toma
decisões sobre um ativo real. O agente pode ser um gerente, um consumidor,
um planejador social ou qualquer tomador de decisão. Já as opções financeiras
fazem parte de um conjunto de instrumentos denominados “derivativos”. Os
derivativos possuem tal nome porque não têm valor próprio – seu valor deriva
do valor de algum outro ativo básico (ativo subjacente).

• Um projeto só tem sentidos econômico e social se o resultado for a produção de


bens e/ou serviços.

• Um projeto, além das necessidades de diretrizes, precisa ser flexível, adaptável


e com roteiro simplificado. Fazem parte do roteiro: planejamento, programação
plano, política, programa, polo e projeto.

• Um projeto precisa analisar os seguintes aspectos: administrativos,


legais, contábeis, mercado, tamanho, localização, arquitetura, engenharia,
investimentos, financiamentos, receitas, custos, fluxo de caixa e cronograma.

183
• Investimento significa a aplicação de capital com a expectativa de um benefício
futuro.

• Alguns investimentos são necessários para o funcionamento quotidiano de um


negócio (como a compra de computadores). Outros são realizados visando à
obtenção de lucros no futuro, como a compra de uma custosa máquina que
permita incrementar a produção.

• Os investimentos na produção também devem seguir uma análise criteriosa,


principalmente no que se diz respeito à capacidade produtiva.

184
AUTOATIVIDADE

1 O que vem a ser flexibilidade gerencial?

2 Analise a seguinte afirmação: um projeto é pré-requisito para investimentos


subsequentes. Se não ocorrer investimento no primeiro projeto, os demais
não poderão ocorrer. A afirmação corresponde à que opção de flexibilidade
gerencial?

a) ( ) Postergar um projeto.
b) ( ) Abandonar o projeto ainda em fase de construção.
c) ( ) Abandonar temporária ou definitivamente um projeto.
d) ( ) Realizar outros investimentos dependentes de um projeto inicial.

3 A flexibilidade gerencial é uma possibilidade, mas não uma obrigação


de alterar um projeto em diferentes etapas da vida útil operacional. A
afirmativa é correta ou falsa?

a) ( ) Correta.
b) ( ) Falsa.

4 A teoria de opções, quando aplicada a projetos de investimento, integra


quais setores?

a) ( ) Contábil e Financeiro.
b) ( ) Estratégico e Finanças.
c) ( ) Legal e Jurídico.
d) ( ) Estratégico e Legal.

5 Sobre os conceitos de opções reais e opções financeiras, assinale R (Reais) e


F (Financeiras)

a) ( ) Fazem parte de um conjunto de instrumentos denominados


“derivativos”.
b) ( ) São o direito, mas não a obrigação que um agente possui quando toma
decisões sobre um ativo real.
c) ( ) São exclusivas do investidor.
d) ( ) São classificadas em: espera, operacional e aprendizagem.

6 Ainda sobre as opções reais e financeiras, analise as sentenças e classifique


V (verdadeiras) e F (falsas).

a) ( ) Opções financeiras têm vida longa. Opções reais têm vida curda.
b) ( ) Ativos-objetos de opções financeiras são comercializados em vários
mercados e nunca serão negativos.

185
c) ( ) Opções financeiras têm um preço de exercício determinado e único.
d) ( ) Opções financeiras geralmente envolvem uma única opção. Opções
reais geralmente são compostas.

7 Sobre as fases de um projeto, podemos classificá-las como:

8 Sobre os aspectos que devem ser analisados em um projeto, associe:

Construção e funcionamento do projeto.


(1) Legais ( ) Coeficientes técnicos de produção e realização
das obras civis.
Situações financeira e patrimonial, situações de
(2) Contábeis ( )
endividamento e tipo de contabilidade.
Inversões fixas: terrenos, edificações,
equipamentos. Inversões em capital de trabalho:
(3) Localização ( )
necessidades permanentes de estoques, créditos,
descontos.
Capital social, evolução do capital social,
(4) Engenharia ( )
controle da empresa, estatutos ou normas.

Estudo locacional. Áreas prioritárias aos


desenvolvimentos econômico e de propaganda
(5) Investimentos ( )
para localização de certos projetos em certas
áreas.

9 Quanto aos conceitos de gastos, custos, despesas e investimentos, associe:

Estão diretamente relacionados à produção e


(1) Gastos ( )
estão atrelados à atividade-fim da empresa.

São os gastos realizados com o objetivo de


(2) Custos ( )
aumento da receita da empresa.

São consideradas todas as saídas de dinheiro da


(3) Despesas ( )
empresa.

É tudo o que uma empresa precisa para manter


(4) Investimentos ( )
sua estrutura funcionando.

10 A capacidade de produção de uma empresa depende de quatro subfatores.


Conceitue cada um deles.

186
UNIDADE 3
TÓPICO 3

PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, chegamos ao último tópico da Unidade 3! Nos tópicos
anteriores, estudamos questões qualitativas aplicadas aos investimentos e
sobre a flexibilidade gerencial, uma importante ferramenta que torna possível a
capitalização de futuras oportunidades favoráveis ao negócio, além da diminuição
das perdas.

Agora chegou a vez de abordarmos alguns princípios básicos sobre


aplicação do capital de giro.

Segundo Assaf Neto e Silva (2012), o capital de giro tem participação


relevante no desempenho operacional das empresas, cobrindo, geralmente, mais
da metade de seus ativos totais investidos. A administração inadequada do capital
de giro resulta, normalmente, em sérios problemas financeiros, contribuindo
efetivamente para a formação de uma situação de insolvência.

Começaremos abordando a diferença entre os ciclos operacional,


econômico e financeiro.

2 CICLOS OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO


O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa,
geralmente classificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no
prazo máximo de um ano (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

A delimitação de um ano não costuma ser seguida por empresas cujo ciclo
(produção-venda-produção) ultrapasse caracteristicamente o prazo (exemplo:
estaleiros, atividade rural etc.).

Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação


(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. O incremento
de atividade no capital de giro proporciona, de forma favorável à empresa,
menor necessidade de imobilização de capital no ativo circulante e consequente
incentivo ao aumento da rentabilidade.

187
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

As empresas buscam, sistematicamente, a produção e venda de bens e


serviços, produzindo determinados resultados para satisfazer suas expectativas
de retorno de várias fontes de financiamento. Assim, é identificado, de forma
natural e repetitiva, o ciclo operacional da empresa. O processo inicia na aquisição
da matéria-prima para produção (caso de uma empresa industrial) e finaliza no
recebimento (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora sequencialmente todas


as fases operacionais presentes no processo empresarial.

FIGURA 23 – CICLO OPERACIONAL DE UMA EMPRESA INDUSTRIAL


Compra de
Início da Fim da Recebimento
Matéria-
Fabricação Fabricação Venda da Venda
prima

PME (Mp) PMF PMV PMC

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 35)

Em que:

PME (Mp) = prazo médio de estocagem de matérias-primas;


PMF = prazo médio de fabricação;
PMV = prazo médio de venda (prazo médio de estocagem).

Cada uma das fases operacionais retratadas apresenta uma determinada


duração. Assim, a compra de matérias-primas denota um prazo de estocagem, a
fabricação, o tempo que se despende para transformar os materiais em produtos
acabados, os produtos acabados, o prazo necessário à venda, o recebimento e o
período de cobrança das vendas realizadas a prazo.

Evidentemente, de acordo com as características operacionais da


empresa, uma ou mais das fases pode não existir. Por exemplo, se as vendas
são realizadas somente à vista, o prazo médio de cobrança é considerado
nulo. Da mesma forma, empresas que produzem somente sob encomenda não
apresentam prazo de estocagem de produtos acabados, e assim por diante
(ASSAF NETO; SILVA, 2012).

A soma dos prazos operacionais indica o tempo médio decorrido desde


a compra de matéria-prima até́ o momento do recebimento do valor da venda.
Quanto mais longo se apresentar o período, maior será, evidentemente, a
necessidade de recursos para financiamento do giro da empresa (ASSAF NETO;
SILVA, 2012).

188
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

E
IMPORTANT

O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das características


de atuação da empresa. Inúmeras empresas têm ciclo operacional com prazo inferior a
um ano. Entende-se, em tais situações, que o ciclo operacional se repete várias vezes no
ano, evidenciando maior giro (rotação) para os investimentos operacionais (ASSAF NETO;
SILVA, 2012).

A gestão de uma empresa é um processo dinâmico, requisitando um


sistema de informações gerenciais objetivo e intuitivo. Não é suficiente conhecer
somente as durações das fases operacionais da empresa para chegar a efetivas
necessidades de financiamento e ao montante ideal de capital de giro. A demanda
por financiamento para capital de giro precisa estar vinculada a algum parâmetro
que a transforme, sempre que necessário, em valores monetários.

É, a partir do ciclo operacional, que podemos identificar o ciclo financeiro


(de caixa) e o ciclo econômico.

FIGURA 24 – CICLOS OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 36)

Assim, o ciclo operacional, o ciclo financeiro e o ciclo econômico


correspondem às seguintes expressões:

189
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

FIGURA 25 – EXPRESSÕES

FONTE: O autor

Assaf Neto e Silva (2012) escrevem que o ciclo financeiro mede,


exclusivamente, as movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido
entre o desembolso inicial de caixa (pagamento de materiais a fornecedores)
e o recebimento da venda do produto. Em outras palavras, o ciclo financeiro
representa o intervalo de tempo que a empresa irá necessitar de financiamento
para suas atividades.

Já o ciclo econômico considera as ocorrências de natureza econômica,


envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda. Não leva em
consideração, pelo próprio enunciado do ciclo, os reflexos de caixa verificados
em cada fase operacional, ou seja, os prazos de recebimento das vendas e os
pagamentos dos gastos incorridos.

Acadêmico! Os três ciclos impactam diretamente no seu fluxo de caixa.


Assim, é importante destacar que, durante um período do ciclo, conforme
as condições de negociação da sua empresa, esta terá que arcar com os custos
referentes aos insumos sem efetuar vendas. Logo, será necessário um capital
de giro capaz de suportar os investimentos, sem esquecer os demais custos da
empresa que não estão ligados à produção.

3 PONTO DE EQUILÍBRIO
O ponto de equilíbrio (break-even-point) é a denominação dada ao estudo
nas empresas. O total das receitas é igual ao total dos gastos (custos e despesas).
Alguns autores também classificam o conceito como ponto de equilíbrio contábil.

O ponto de equilíbrio é um balizador respeitável do projeto. Sua


representação gráfica apresenta uma situação de segurança. Assim, menor
o ponto de equilíbrio, melhor. Há várias formas de observá-lo: capacidade
produtiva, quantidade, receita total e custo total. A formulação mais comum é a
do percentual da capacidade de produção (BRITO, 2011).

Podemos entender melhor o que é o ponto de equilíbrio a seguir:

190
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

GRÁFICO 5 – PONTO DE EQUILÍBRIO

FONTE: <https://pt.slideshare.net/wandickrochadeaquino/prticas-financeiras-e-contbeis-aulas-
5-e-6>. Acesso em: 2 ago. 2019.

O ponto de equilíbrio pode ser dividido em: econômico e financeiro:

Assaf Neto e Lima (2017) escrevem que todas as empresas perseguem um


lucro mínimo, este representado pelo custo de oportunidade do investimento feito
pelos proprietários, ou seja, um resultado mínimo que compense o investimento
realizado.

É como se fosse atribuído ao capital próprio investido um “juro mínimo”.


Ao volume de vendas se dá o nome de ponto de equilíbrio econômico, cuja
expressão pode ser vista a seguir:

FIGURA 26 – PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO

CF + Lucro
Mínimo
Ponto de Equilíbrio Econômico =
p - CVu

FONTE: O autor

191
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Contudo, ocorre que, nem sempre, os custos e despesas fixas são


desembolsáveis, ou seja, exigem comprometimento de caixa, como é o caso das
depreciações. Assim, pode ocorrer que, mesmo que a empresa esteja operando
em seu ponto de equilíbrio contábil, não seja possível à empresa honrar seus
compromissos, estes que exigem desembolsos de caixa.

Pode ocorrer, ainda, de a empresa ter empréstimos bancários cujos juros


estão contidos nas despesas fixas por competência, porém, os pagamentos efetivos
estão previstos para outros momentos (ASSAF NETO; LIMA, 2017).

Temos, através dos exemplos, o ponto de equilíbrio financeiro, que calcula


o volume de vendas que iguala as entradas com as saídas de caixa. A grande
contribuição do ponto de equilíbrio financeiro é eliminar os eventuais conflitos
entre os prazos de pagamento e de recebimento. Sua expressão é calculada pela
seguinte fórmula:

FIGURA 27 – PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO

CF -Despesas Não Desembolsáveis + Amortização


Ponto de Equilíbrio Econômico =
p - CVu

FONTE: O autor

Vejamos um exemplo de aplicação prática dos pontos de equilíbrio


econômico e financeiro. Considere as seguintes informações para aplicação do
exemplo:

• Custos (e despesas) operacionais fixos de R$2.000,00 por mês.


• Preço de venda por unidade de seu único produto é de R$15,00.
• Custo (e despesa) operacional variável é de R$5,00.

Vamos calcular o ponto de equilíbrio econômico, considerando que a


empresa deseja ter um lucro de R$500,00 por mês. Ainda, o ponto de equilíbrio
financeiro, considerando que a empresa possui uma depreciação mensal de R$100
e um empréstimo que possui uma amortização mensal de R$700. Solução:

FIGURA 28 – PONTOS DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO E FINANCEIRO

Ponto de
2.000 + 500
Equilíbrio = = 250 unidades
15 − 5
Econômico

192
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Ponto de
2.000 − 100 + 700
Equilíbrio = = 260 unidades
15 − 5
Financeiro

FONTE: O autor

Observe que, devido à função do ponto de equilíbrio financeiro ser a de


eliminar os eventuais conflitos entre os prazos de pagamento e de recebimento, a
quantidade de unidades a ser vendida será maior.

4 PLANEJAMENTO DE CURTO E LONGO PRAZO


O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos
financeiros de uma empresa podem ser alcançados. É uma previsão do que deve
ser feito no futuro. O planejamento financeiro é uma parte importante do trabalho
do gestor, pois, ao definir os planos financeiros e orçamentos, ele fornecerá
roteiros para os objetivos da empresa. Ainda, a ferramenta oferece uma estrutura
para coordenar as diversas atividades da empresa e atua como mecanismo de
controle, estabelecendo um padrão de desempenho em que é possível avaliar os
eventos reais (GITMAN, 2004).

O desenvolvimento do planejamento financeiro está fundamentado em


projeções, como a estimativa mais aproximada possível da posição econômico-
financeira esperada. Compreende a programação avançada de todos os planos da
administração financeira integrados e coordenados com os planos operacionais
de todas as áreas da empresa. Trata-se de uma forma de garantir que os objetivos
e planos elaborados em relação a áreas específicas de operação da empresa sejam
viáveis e internamente coerentes (GITMAN, 2004).

O planejamento financeiro ajuda a garantir a disponibilidade de fundos


suficientes quando necessário, informa com antecedência as necessidades
de fundos de maneira que as negociações sejam eficientes e aumentem as
possibilidades de rendimento. Na maioria dos casos, os modelos de planejamento
financeiro exigem, dos seus usuários, especificidades em relação a algumas
hipóteses a respeito do futuro.

Os modelos podem ser muito diferentes em termos de complexidade, mas


quase todos possuem previsão de vendas, projeções de balanço, demonstração de
resultado e fluxo de caixa, necessidades de ativos, necessidades de financiamentos
e premissas econômicas (GITMAN, 2004).

193
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

O planejamento financeiro estabelece diretrizes de mudança e crescimento


em uma empresa, preocupando-se com uma visão global, com os principais
elementos de investimento e financiamento da empresa.

Gitman (2004) define o planejamento financeiro como sendo um dos


aspectos mais importantes para o funcionamento e a sustentação de uma empresa,
pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução
de seus objetivos. Aborda, ainda, que dois aspectos do planejamento financeiro
são o planejamento de caixa e o de lucros. O primeiro envolve o planejamento do
orçamento de caixa da empresa e, o segundo, envolve o planejamento de lucros,
e é normalmente realizado por meio de demonstrativos financeiros projetados,
os quais são úteis para fins de planejamento financeiro interno, como também
comumente exigidos pelos credores atuais e futuros.

4.1 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO


Os planos financeiros de curto prazo são ações planejadas para um
período curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos
financeiros. Não há uma definição globalmente aceita para finanças a curto prazo.
A diferença mais significante entre finanças de curto prazo e finanças de longo
prazo é a duração da série de fluxos de caixas (GITMAN, 2004).

As finanças a curto prazo consistem em uma análise das decisões que


afetam os ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa dentro do
prazo de um ano. Ainda, fazem a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre
alguns aspectos, como a relação do nível de caixa a ser mantido em um banco para
pagamento de contas, quanto de matéria-prima deve-se encomendar e quanto de
crédito deve ser concedido aos clientes (GITMAN, 2004).

Em outras palavras, o planejamento de curto prazo preocupa-se com gestão


do ativo a curto prazo, ou circulante, e do passivo de curto prazo da empresa. Os
elementos mais importantes do ativo circulante são as disponibilidades, os títulos
negociáveis, as exigências e as contas a receber. Os elementos mais importantes
do passivo de curto prazo são empréstimos bancários e as contas a pagar.

194
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

4.2 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO


Os planos financeiros de longo prazo são ações projetadas para um
futuro distante com a previsão de seus reflexos financeiros. Tais planos tendem
a cobrir um período de dois a dez anos, sendo comumente encontrados em
planos quinquenais que são revistos periodicamente à luz de novas informações
significativas.

Planos de longo prazo focalizam o dispêndio de capital, atividades de


pesquisa e desenvolvimento, ações de marketing e desenvolvimento de produtos,
estrutura de capital e importantes fontes de financiamento (GITMAN, 2004). O
autor aborda que a falta de um planejamento financeiro a longo prazo é o principal
motivo de ocorrência de dificuldades e falências de empresas. Planos financeiros
a longo prazo são custeados por planos financeiros a curto prazo e estão ligados
ao planejamento estratégico da organização.

195
UNIDADE 3 | ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

LEITURA COMPLEMENTAR

5 DICAS PARA O PLANEJAMENTO FINANCEIRO


DA SUA EMPRESA

Tiago da Costa

Quer ver sua empresa com mais fôlego no controle financeiro? Um dos
segredos está em fazer o planejamento financeiro. Veja as dicas que separamos
para você começar a planejar agora.

Que empreendedor não gostaria de ver sua empresa trazendo resultados


financeiros cada vez melhores? Contudo, não basta trabalhar muito e torcer para
que os resultados venham: é preciso fazer um planejamento financeiro eficiente,
que realmente ajude o seu negócio a crescer.

Planejar as finanças pode ser algo bem menos complicado e sair mais
barato do que você imagina, bastando um pouco de disciplina e atenção. Veja
algumas dicas para facilitar o planejamento financeiro de sua empresa:

1 - Comece a fazer o planejamento financeiro o quanto antes:

Geralmente, os empreendedores deixam para pensar em fazer um


planejamento financeiro quando começa o ano. Já é um grande passo, pois é o
momento em que a ficha cai: é preciso planejar as finanças. O ideal, contudo, é
começá-lo por volta de setembro, para que, no início do novo ano, você já esteja
preparado.

O primeiro passo do planejamento financeiro é fazer um orçamento


anual. Não fez o orçamento ainda? Não se desespere, mas comece o quanto antes!
Comece fazendo uma estimativa do quanto irá receber e gastar com base no seu
histórico. Seja realista e sempre dê preferência para um cenário mais pessimista.
Afinal de contas, ter um negócio é estar cercado de incertezas.

2 - Considere a ajuda de um consultor:

Vários aspectos no campo das finanças merecem atenção especial,


especialmente quando se está começando o negócio. Mesmo se você já for um
empreendedor experiente terá que pensar na organização do fluxo de caixa, na
necessidade do capital de giro, os processos das contas a pagar e a receber etc.
Tudo influencia na sua capacidade de fazer o planejamento financeiro.

196
TÓPICO 3 | PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Se você percebe que as coisas estão bagunçadas em sua empresa, pode ser
interessante contar com o auxílio direto de um consultor financeiro. O profissional
passará ao gestor orientações financeiras que levam em conta as características
individuais do negócio, traçando, também, planos certeiros de investimentos.

3 - Registre e acompanhe regularmente as operações financeiras:

Mesmo que você não contrate um consultor, algumas ações básicas já


podem te ajudar a não cair nos principais erros da gestão financeira e a preparar
o terreno para um bom planejamento financeiro.

Organizar um método de registro das contas a pagar e das contas a receber


na empresa é super importante para se ter pleno controle do seu capital e para
poder analisar sua saúde financeira. Contudo, não basta registrar, mas é preciso
monitorar cada lançamento para perceber como as finanças estão caminhando.

Com a estrutura, você será capaz de fazer projeções das entradas e saídas
de recursos da empresa com muito mais precisão, além de entender como suas
finanças vêm progredindo com o passar dos meses.

4 - Corte os gastos supérfluos:

Diminuir ou extinguir de vez aqueles gastos desnecessários ou pouco


úteis é uma iniciativa que poderá render ótimos frutos no futuro. Ainda que
algumas coisas possam parecer essenciais, sempre é possível reduzir gastos ao
fazer o planejamento financeiro. Além de aumentar os lucros da empresa, você
terá foco no que é essencial, facilitando o controle financeiro com aquilo que é
realmente importante para o negócio.

5 - Utilize um software online:

Com um bom sistema de controle, você tem acesso fácil ao seu histórico
de gastos e ganhos. A ação te ajudará a usar o passado para planejar o futuro
com muito mais embasamento. Portanto, coloque tudo registrado e monitorado,
implementando uma nova mentalidade na cultura da empresa, se possível, desde
o nascimento.

FONTE: IOGULLO, Flavio. 5 dicas para o planejamento financeiro da sua empresa. 2019. Disponível
em: https://controlefinanceiro.granatum.com.br/dicas/5-dicas-planejamento-financeiro-empresa/.
Acesso em: 2 ago. 2019.

197
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa,


geralmente classificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa
no prazo máximo de um ano.

• O ciclo operacional incorpora sequencialmente todas as fases operacionais


presentes no processo empresarial, desde a compra da matéria-prima até o
recebimento da venda. Cada uma das fases operacionais apresenta uma
determinada duração.

• É, a partir do ciclo operacional, que podemos identificar o ciclo financeiro (de


caixa) e o ciclo econômico.

• O ciclo financeiro mede, exclusivamente, as movimentações de caixa,


abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa
(pagamento de materiais a fornecedores) e o recebimento da venda do produto.

• O ciclo econômico considera unicamente as ocorrências de natureza econômica,


envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda.

• O ponto de equilíbrio (break-even-point) é a denominação dada ao estudo nas


empresas. O total das receitas é igual ao total dos gastos (custos e despesas).
Alguns autores também classificam o conceito como ponto de equilíbrio
contábil. O ponto de equilíbrio é dividido em: econômico e financeiro.

• O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros


de uma empresa podem ser alcançados. É uma previsão do que deve ser feito
no futuro.

• Os planos financeiros de curto prazo são ações planejadas para um período


curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros.
Já os planos financeiros de longo prazo são ações projetadas para um futuro
distante, acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros. Tais planos
tendem a cobrir um período de dois a dez anos.

198
AUTOATIVIDADE

1 Estudamos três tipos de ciclos. Quais são eles e suas características?

2 O ponto de equilíbrio (break-even-point) é a denominação dada ao estudo


nas empresas. O total das receitas é igual ao total dos gastos. Ele também é
conhecido como?

a) ( ) Contábil.
b) ( ) Econômico.
c) ( ) Financeiro.

3 O ponto de equilíbrio pode ser dividido em?

a) ( ) Contábil e Econômico.
b) ( ) Econômico e Financeiro.
c) ( ) Contábil e Financeiro.

4 Analise as seguintes informações e calcule os pontos de equilíbrio contábil,


econômico e financeiro.

Preço unitário (receita) = R$10,00


(-) Custo variável unitário = R$8,00
Margem de contribuição unitária = R$2,00 (ou seja, 20% do PV)

5 Quais são os principais objetivos do planejamento financeiro?

6 Disserte sobre o planejamento de curto prazo.

7 Disserte sobre o planejamento de longo prazo.

199
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