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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA … VARA DO TRABALHO DE NATAL/RN

SUZANA..., nacionalidade, profissão, escolaridade, estado civil, data de


nascimento, inscrito no RG nº e no CPF nº ..., CTPS nº, PIS nº, residente e
domiciliada na ..., endereço eletrônico ..., através de seu procurador infra-
assinado, com procuração com poderes especiais em anexo, ajuizar a
presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, com base nos art. 840, §1º, da CLT


combinado com o art. 319 do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo
do Trabalho por força do art. 769 da CLT, em face de

FAMÍLIA MORAES..., com endereço na …, no Município de Natal/RN, pelos


fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

A reclamante trabalhou na residência da Família Moraes de 15/04/2020 a 15/07/2020.

Realizava todas as atividades do lar, seu trabalho era desempenhado de segunda à


sexta, das 7h às 16h.

Primeiramente, a autora foi contratada a título de experiência por 45 dias, contudo,


findos os quais nada foi tratado e Suzana continuou trabalhando normalmente.

II – DOS FUNDAMENTOS

A) DO CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

A reclamante foi contratada por meio de um contrato por prazo determinado 45 dias,
entretanto, após o decurso deste prazo permaneceu trabalhando normalmente.

Contudo, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º, da Lei Complementar 105/2015, o
contrato de trabalho da reclamante deve ser considerado por prazo indeterminado, uma vez
que o prazo de 45 dias do contrato por prazo determinado foi ultrapassado.

B) DO DESCONTO INTERVALO
Suzana realizava todas as atividades do lar, iniciando o trabalho às 7h e saindo às 16 h,
de segunda à sexta-feira, com trinta minutos de intervalo.

Ocorre que, a reclamante não usufruía na íntegra o horário de intervalo, previsto


expressamente na legislação. De acordo com o artigo 71 da CLT, o empregador é obrigado a
conceder um intervalo para repouso ou alimentação em qualquer serviço contínuo cuja
duração exceda seis horas. Esse intervalo intrajornada é de, no mínimo, uma hora e não pode
exceder duas horas, salvo nos casos de acordo escrito ou contrato coletivo em contrário.

C) DA HORA EXTRA DIÁRIA

A reclamante iniciando o trabalho às 7h e saindo às 16 h, de segunda à sexta-feira,


com trinta minutos de intervalo, ou seja, realizava, todos os dias da semana 30 minutos diários
de hora extra, já que a jornada diária da empregada era de 8:30 hs, sem qualquer referência à
acordo escrito para compensação, conforme exigido pelo Art 2º, parágrafo quarto da LC
150/15.

D) DO DESCONTO VALE-TRANSPORTE

A reclamada descontava do salário da reclamante 10% a título de vale-transporte.

Ocorre que, a Legislação trabalhista, mais especificamente, e Lei que rege o vale-
transporte, estabelece criteriosamente que, o vale-transporte deve ser descontado antes da
concessão e também, o máximo de 6% de desconto para não comprometer de forma absurda
o salário do empregado, é o que se verifica no art. 4º, par. único da Lei 7.418: ‘‘O empregador
participará dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à
parcela que exceder a 6% (seis por cento) de seu salário básico.’’

E) DO DESCONTO ALIMENTAÇÃO

Durante o contrato de trabalho, a reclamada efetuava o desconto de 25% do salário da


reclamante, a título de alimentação .

Nos termos do art. 18 da Lei Complementar 150/2015, é vedado o desconto do salário


do empregado doméstico referente à alimentação consumida no emprego.

F) DO DESVIO DE FUNÇÃO
Apesar de a Reclamante ter sido contratada como empregada doméstica, pela
reclamada, todavia, exercendo também funções de babá por (04) quatro dias úteis em
Gramado/RS. Nessa ocasião, trabalhou como babá das 8h às 17h, desfrutando de uma hora de
almoço e desempenhando função diversa.

Todavia, não recebeu qualquer valor referente a este desvio de função.

G) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A reclamante pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita garantidos pela própria


Constituição em seu art. 5º, inciso LXXIV bem como art. 790, §§ 3º e 4º da CLT, uma vez que
não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais sem que prejudique o
próprio sustento e de sua família, já que está desempregada, conforme documentos
comprobatórios em anexo.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o reclamado citado para apresentar contestação dentro do prazo legal,
e os seguintes pedidos:

a) Reconhecido o contrato por prazo indeterminado e desconstituição de contrato de


experiência bem como a reclamada condenada ao pagamento do aviso prévio e seus
reflexos nas férias mais 1/3 e 13º salário conforme, artigo 23, parágrafo 1º, da Lei
Complementar 150/2015;

b) Condenado o Reclamado ao pagamento de horas de intervalo suprimidas durante todo


o contrato laboral, com acréscimo de 50% sobre a hora normal conforme estabelece
art. 71 da CLT;

c) O Reclamado condenado ao pagamento de horas extras, equivalente a 30 minutos de


hora extra diária durante todo o período contratual trabalhado pela autora, com
reflexos no saldo salário, férias acrescidas de 1/3 constitucional, 13º salário, FGTS e
multa de 40%;

d) A condenação da reclamada à devolução do desconto realizado de forma ilegal a título


de vale-transporte prevista no art. 4º, par. único da Lei 7.418, no valor de R$...;
e) A condenação da reclamada à devolução do desconto realizado de forma ilegal a título
de vale-alimentação prevista no art. 18 da Lei Complementar 150/2015, no valor de
R$...;

f) a condenação da ré ao pagamento de um plus salarial no valor de …% referente ao


acúmulo e desvio de função;

g) Deferido o benefício da gratuidade de justiça, tendo em vista os motivos já expostos;

h) Outrossim, a oitiva de testemunhas a serem arroladas em momento oportuno,


depoimento pessoal a reclamada, prova pericial e produção de todo o gênero de
provas de direito admitidas.

Valor da causa: R$ ...

Nestes termos, pede deferimento.

Local... data...

Advogado... OAB

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