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BACHARELADO EM DIREITO

D. TRIBUTÁRIO / 8º PERÍODO
PROF. MARCUS PABLO

TRABALHO - TEMÁTICA: Emenda Constitucional nº 87, Comércio Eletrônico


e Guerra Fiscal

- Foi publicada no dia 17/04/2015, mais uma emenda constitucional. Trata-se da


EC 87/2015, que trouxe novas regras sobre o ICMS.
- O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96. Um
dos fatos geradores do ICMS é a circulação de mercadorias.
Ex: Pedro entra na internet e, em um site de comércio eletrônico, adquire um
computador de uma loja virtual de São Paulo (SP) a ser entregue em sua casa em
Recife (PE). Houve também pagamento de ICMS.
Regras previstas na redação originária da CF/88:
• Situação: quando o adquirente for consumidor final da mercadoria comprada e NÃO
for contribuinte do ICMS.
• Exemplo: advogado de Recife (PE) compra um computador pela internet de uma
loja de SP.
• Solução dada pela redação original da CF/88: aplica-se a alíquota INTERNA do
Estado vendedor e o valor fica todo com o Estado de origem (Estado onde se localiza
o vendedor; no caso, SP).
O Estado onde mora o comprador não ganhava nada (em nosso exemplo,
Pernambuco).
Voltando ao nosso exemplo:
A alíquota interna do Estado de SP (Estado vendedor) é de 18%.
Logo, multiplica-se 18% pelo preço das mercadorias. O valor obtido fica inteiramente
com SP.
Essa situação cresceu incrivelmente por força do aumento das compras pela internet,
o chamado e-commerce.
• Previsão na redação originária da CF/88:

Art. 155 (...)


§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a
consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á:
(...)
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;
Crítica feita por muitos Estados
A maioria dos Estados (Paraíba, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Ceará, Sergipe, entre
outros) criticava a sistemática do ICMS acima explicada, taxando-a de injusta e
afirmando que ela contribuía para o aumento das desigualdades regionais.
Quase todos os centros de produção e de distribuição de produtos industrializados
estão localizados nas Regiões Sul e Sudeste do país, notadamente no Estado de São
Paulo. Tais Estados são muito industrializados e concentram boa parte da riqueza
financeira nacional.
Os Estados situados nas demais regiões (em especial, Norte e Nordeste) aglutinam,
proporcionalmente, mais consumidores do que empresas.
Desse modo, os Estados do Norte e Nordeste afirmavam que a regra
constitucional do ICMS é injusta porque excluía os Estados consumidores da
arrecadação do imposto, que ficava com os Estados produtores (chamada “regra
de origem”), que já são mais desenvolvidos economicamente e, com isso, ficavam
ainda mais ricos.
Protocolo ICMS 21/2011
Por conta dessa realidade, os Estados do Norte e Nordeste conseguiram aprovar, no
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o Protocolo ICMS 21/2011,
permitindo que fosse cobrado ICMS sobre as operações interestaduais em que o
destinatário da mercadoria estiver localizado em seu território, independentemente de
se tratar de consumidor final (contribuinte do tributo) ou de mero intermediário. Em
outras palavras, de acordo com o referido Protocolo, se a pessoa residente no Estado
“X” adquirisse, de forma não presencial (ex.: pela internet), uma mercadoria oriunda
de um vendedor localizado no Estado “Y”, o Estado “X” poderia também cobrar
ICMS sobre essa operação interestadual.
Redação atual da CF/88 após a EC 87/15 e aprovação do Convênio ICMS nº 93/15:
Agora a redação da CF/88 determina a divisão do ICMS nas operações com
consumidor final, acabando com a regra de origem:
Art. 155 (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final,
contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota
interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota
interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) (Produção
de efeito) a) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
b) (revogada); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)

QUESTÃO PRÁTICA: Esse Protocolo ICMS 21/2011 da Confaz é compatível com a


CF/88 antes da Emenda Constitucional nº 87/15, que determina que o ICMS deveria
ser dividido entre o Estado de origem e o Estado de destino?
No julgamento de Recurso Extraordinário nº 680089, a Suprema Corte deu entendimento que
as disposições do Protocolo eram contraditórias ao disposto no art 155, 2º, VII e VIII, do CC.
Os ministros modularam os efeitos das decisões e inconstitucionalidade a partir fevereiro de
2014.
Os incisos VII e VIII do § 2º, do art. 155 da Constituição Federal, com redação anterior à
Emenda Constitucional 87/2015, estabeleciam a competência para recolhimento do ICMS nas
operações interestaduais, bem como as alíquotas incidentes nestas operações, da seguinte
forma:

VII- em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final
localizado em outro Estado, adotar-se-á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; (redação
anterior à Emenda Constitucional nº 87/2015)
VIII – na hipótese da alínea a do inciso anterior, caberá ao Estado da localização
do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a
interestadual. (redação anterior à Emenda Constitucional nº 87/2015)

A Emenda Constitucional e o Convênio de ICMS são medidas suficientes para acabar


com a chamada “guerra fiscal” entre os Estados? Disserte sobre o assunto
fundamentando sua opinião.
A emenda 87, foi criada no intuito de auxiliar nas transações eletrônicas e qualquer não
residente, tendo as alíquotas que serem rateadas, sendo uma porcentagem para o Estado de
Origem e outra para o de destino.

Quanto ao ICMS seria ideal a transferência de grande parte de sua arrecadação do Estado de
origem para o de destino.

Tais estratégias foram traçadas de acordo com as regras estabelecidas, com a finalidade de
garantir a harmonia entre os entes federativos e resguardar o direito dos contribuintes. Na
guerra fiscal, surge um espírito competitivo motivado pela busca exacerbada por receita
tributária, não sendo um resultado positivo para os contribuintes, não cessando essa guerra.

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