Você está na página 1de 296

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura)

====================================================================
Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agronegócio das Escolas Estaduais de
Educação Profissional – EEEP

Material elaborado/organizado pelo professor Francisco Mateus da Rocha do Nascimento -

2018

====================================================================

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 1


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Sumário Página

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA 04

PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS 14

MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO 29

PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS 41

PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS EM FRUTICULTURA 47

COLHEITA, PÓS-COLHEITA E ARMAZENAMENTO 106

PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS 116

MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS 120

OLERICULTURA - CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS 131

ASPECTOS GERAIS DA OLERICULTURA NO MUNDO, NO BRASIL E NO CEARÁ 137

IMPORTÂNCIA DA CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE HORTALIÇAS 146

PLANEJAMENTO DA HORTA 152

PROPAGAÇÃO E PLANTIO 159

O SOLO: CONCEITOS, COMPOSIÇÃO E ATRIBUTOS IMPORTANTES PARA O 163


MANEJO

NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS 170

CULTIVO DAS HORTALIÇAS 179

QUALIDADE DA AGUA USADA NA IRRIGAÇÃO 199

TRATOS CULTURAIS 201

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 2


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS 203

COLHEITA DAS HORTALIÇAS 209

PÓS-COLHEITA DE HORTALIÇAS 212

Floricultura - Introdução 219

Apresentação do Negócio 219

A produção de Flores e Plantas Ornamentais no Brasil e no Mundo 219

Plantas 248

Principais Infraestruturas para Produção de Mudas 258

Sementeiras e viveiros 260

Adubação de Cobertura 263

Principais Técnicas de Produção de Muda 265

Custo, Comercialização e rentabilidade 278

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 3


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

CAPÍTULO 1 - IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA

A cadeia da fruticultura está emergindo e sendo chamada no resto do mundo – e também


no Brasil – como a “indústria das frutas” e não mais “fruticultura”. Por quê? Se hoje visitarmos
um pecking house (as instalações onde são beneficiadas, por exemplo, as maçãs no Rio
Grande do Sul e em Santa Catarina), verificaremos que são instalações que já superaram a
era da mecanização, e encontram-se na era da robotização. Irei restringir a minha palestra
à produção de frutas in natura devido ao tempo escasso mas, por analogia, o que for
abordado sobre as frutas frescas, refere-se também às frutas secas, como as castanhas,
além das polpas de frutas e os sucos.
O Brasil é hoje um dos três maiores produtores de frutas no mundo. Só perde para a China
e para a Índia. A produção brasileira superou 35 milhões de toneladas em 2005, o que
representa 5% da produção mundial.
A fruticultura emprega hoje 5,6 milhões de trabalhadores, ou seja, 27% da mãode-obra
agrícola. Para cada US$ 10 mil investidos, geram-se três empregos diretos permanentes e
dois empregos indiretos. A agricultura de exportação necessita de recursos humanos
qualificados e com conhecimento específico, em outras palavras, oferece bons empregos.
A fruticultura está fundamentada em pequenas e médias propriedades e este aspecto é
extremamente importante para um país em desenvolvimento, onde se busca o crescimento
do setor rural, o aumento de renda e a fixação do homem à terra. Hoje um produtor,
produzindo frutas adequadas, na hora certa e de forma correta, tem uma rentabilidade
financeira suficiente não apenas para a sua sobrevivência, mas também para a sua evolução
socioeconômica e de sua família. Para se ter uma ideia, um produtor de uvas sem sementes
hoje, no Vale do São Francisco, pode conseguir com a sua produção, em um hectare, renda
bruta anual de US$ 20 mil.
A fruticultura está em constante evolução, sendo que a base agrícola deste setor já
ultrapassou os 2,3 milhões de hectares, gerando oportunidades de 2 a 5 postos de trabalho
na cadeia produtiva por hectare cultivado.
O Quadro 1 apresenta a produção de frutas no Brasil. Através dele, é possível se verificar
que a produção de citros mais a de banana, representam 77% da produção total de frutas
brasileiras. O país tem muito o que caminhar ainda.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 4


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fonte: Fernandes in 8º Congresso de Agribusiness

Apesar de serem produzidas frutas em todo o Brasil, frutas de clima temperado, de clima
sub tropical, frutas tropicais, de clima equatorial úmido, o grande consumo deste produto
ocorre na Região Sudeste brasileira que absorve 48,3% das frutas produzidas no país. O
estado de São Paulo consome os 25,53% da produção (Ilustração 1).
Este fenômeno é devido a dois fatores: o primeiro, é claro, pelo alto poder aquisitivo, mas o
outro motivo é extremamente importante: a fruticultura gera frutas, frutas são alimentos e
alimentos são consumidos proporcionalmente ao número de pessoas. Consequentemente,
há uma distribuição de consumo bastante concentrada nesses grandes centros urbanos.
Este aspecto é relevante para que haja competitividade quando as frutas são produzidas
longe desses centros de consumo. É preciso que se cuide da logística para que se chegue
aos mercados do Sudeste de forma competitiva.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 5


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O Gráfico 1 apresenta a curva de evolução da exportação brasileira de frutas frescas entre


1998 e 2000. Verifica-se que o Brasil chegou em 2005 com mais de 800 mil toneladas,
equivalendo a US$ 440 milhões. E as perspectivas são de que, nos próximos seis anos, o
país atinja o patamar de 1 bilhão e 300 mil toneladas e ultrapasse o patamar de US$ 1 bilhão,
somente em frutas frescas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 6


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Com relação às exportações, o Gráfico 2 mostra que o Brasil exporta hoje para 55 países.
Porém, gostaria de indagar: perante esse gráfico, qual é o país que mais consome frutas
frescas? É o Brasil? Colocamos esse gráfico para mostrar algumas armadilhas da estatística
e esta é uma delas. Realmente o maior mercado brasileiro hoje é a Comunidade Europeia e
a maior parte dos países que funcionam como entrada para as frutas nacionais são dois:
Inglaterra e Holanda. Porém, o maior consumidor de frutas brasileiras e o qual temos
mantido com muito carinho, é o alemão. Porque a maior parte das importações alemãs são
feitas indiretamente. Este é um viés que estamos procurando modificar, porque se
conseguirmos deixar essa intermediação por nossa conta, iremos, além de uma melhor
rentabilidade, termos um maior controle sobre o destino das nossas frutas. Hoje é possível
se encontrar melão na Rússia, cujo produtor, o Rio Grande do Norte, nem imagina que seu
produto esteja sendo vendido lá. É necessário que passemos a controlar o destino e a forma
como os produtos nacionais são comercializados, pois precisamos valorizá-los. O alvo
brasileiro para os próximos anos não é nenhum desses países do Gráfico 2. Dentro dos
próximos seis a oito anos, o futuro grande mercado para as frutas brasileiras é o constituído
pelos países árabes, os países do Leste Europeu, os do Sudoeste Asiático, mais a China.

O Quadro 2 lista as estrelas das exportações brasileiras. Verificarmos que, por esta tabela,
em termos de faturamento, a grande estrela brasileira é a uva de mesa também seguida

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 7


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pelo melão. Mas, com relação ao volume exportado, a banana é a vedete, seguida também
pelo melão. Estamos vivenciando uma nova estratégia da fruticultura de exportação, ou seja,
a substituição de frutas de menor valor agregado pelas de maior valor agregado, o que
permite que seja alcançado maior faturamento com menor volume de produção. Para se ter
uma ideia, a uva sem semente produzida hoje no Vale do São Francisco, está valendo na
cotação de ontem em Rotterdam, cerca de US$ 3.200 a tonelada o que não é nada ruim.

O crescimento da fruticultura nacional

Alguns indicadores dos gráficos anteriores mostravam o crescimento médio anual da


fruticultura desde 1998 a patamares de 32%, em volume exportado, e 42% em valor. Se
olharmos a avaliação de 2005 a 2004, verificaremos que esse crescimento não foi brilhante,
mas isso não deve nos preocupar, porque a fruticultura, como qualquer outra atividade
agrária, é um negócio de risco. E, normalmente, a maior parte das frutas provêm de plantios
perenes e tem ocorrido, durante estes últimos dois/três anos, problemas bastante sérios de
adversidades climáticas. Há três anos a maçã não consegue alcançar seu potencial de
produção no Rio Grande do Sul por causa de secas, e agora por conta do granizo. O Vale
do São Francisco inundou onde não chovia. Aconteceram problemas com a uva
relacionados a chuvas fora do tempo. A consequência é que foram obtidos, em 2005, menos
3% em volume (827,7 mil toneladas), em comparação com o ano de 2004. Porém, houve
um aumento de 19,5% em valor (US$ 440,1 milhões) que é justamente o diferencial de valor
agregado que estamos considerando.
O saldo da Balança Comercial de Frutas Frescas é crescente (US$ 315 milhões em 2005).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 8


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

É evidente que a valorização do Real está desfavorecendo a fruticultura de exportação como


qualquer outro setor. Mas a fruticultura brasileira está começando a mudar seu
posicionamento negocial com uma nova filosofia de que não devemos mais nos abater
contra as adversidades, mas sim tentar contorná-las. Realmente, é com ações pró-ativas e
procurando-se conhecer melhor os mercados externos, suas atitudes e costumes e também
sabendo como negociar com cada um dos povos, inclusive com o nosso – que precisa ser
negociado para consumir mais frutas –, que teremos dias melhores.
O Gráfico 3 apresenta as perspectivas do comércio exterior até 2008. Verifica se, pela cor
mais escura, o crescimento médio anual do mercado internacional de frutas como a maçã,
o papaia, o melão, a manga, etc. E na cor mais clara, o crescimento médio anual esperado
para as exportações das frutas brasileiras. Constata-se que há perspectivas de crescermos
– ou de aumentarmos as nossas exportações – acima do crescimento médio do comércio
internacional. Isto significa que estamos ganhando share de mercado e não exportando mais
porque existe um mercado crescente, o que não é verdade.
O mercado europeu, por exemplo, já há alguns anos, está saturado em termos de consumo
per capita de frutas e a única forma de conseguirmos nele entrar é com a diferenciação,
exportando para lá frutas diferentes, frutas brasileiras e tropicais. A nossa estrela deverá
continuar sendo a uva. Neste ano de 2006, já mais da metade dos parreirais de uva de mesa
para a exportação do Vale do São Francisco são de variedades sem sementes. O produtor
brasileiro está reagindo rapidamente às demandas do mercado internacional. Hoje os
melões – que inclusive estão disponíveis nos supermercados brasileiros – são tão
diferenciados que é até difícil reconhecê-los.
Conhecíamos o velho melão valenciano amarelo, e hoje o Brasil está exportando melões
nobres de todas as variedades demandadas e apreciadas no mercado internacional.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 9


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Peculiaridades do comércio exterior da fruticultura

Vamos agora entender um pouco o comércio exterior, que é muito falado, mas que para a
fruticultura existem uma série de peculiaridades que merecem ser tratadas e discutidas.
Como indicador referencial, a produção mundial de frutas hoje é de aproximadamente 633
milhões de toneladas (em 2005). Qual é o destino dessa produção? Cerca de 91,5%
permanece nos mercados domésticos, ou seja, a maior parte da produção de frutas são
consumidas nos países onde são produzidas. O mercado internacional de frutas representa
apenas de 8,5% a 9% da produção. Nos mercados externos, 30% vão para a industrialização
e 70% para o mercado in natura. No Brasil, se for feita essa análise, ela não baterá muito
bem, porque grande parte de nossa produção de laranja vai para produção de suco. Mas,
se desconsiderarmos este case, verificaremos que a regra também se aplica ao nosso país.
Portanto, o comércio internacional apresenta um volume de 53,7 milhões de toneladas, e o
valor é de aproximadamente US$ 31,5 bilhões.
As características estruturais são interessantes para a fruticultura (Gráfico 4). Dentro do
comércio internacional existem dois tipos de mercados: os de proximidade, que hoje
equivalem a 24,8 milhões de toneladas; e os mercados de longa distância, que representam
28,9 milhões de toneladas. Infelizmente, o Brasil não tem muitos mercados de proximidade.
Os nossos mercados de proximidade se resumiriam aos nossos vizinhos territoriais, que não
compram muito os nossos produtos. Assim, os grandes mercados de proximidade são entre
os países compradores do Hemisfério Norte, do Canadá para os Estados Unidos; dos
Estados Unidos para o Canadá; da Alemanha para a França; da França para a Espanha; e,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 10


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

consequentemente, se fecham as nossas perspectivas de entrada. O que nos resta? Os


mercados de longa distância, que se subdividem em apenas um mercado, o de banana. Só
a banana representa 29,6% da comercialização mundial de frutas, o que explica a famosa
“guerra das bananas”, para a conquista desse mercado, que não é nada desprezível. As
frutas exóticas e tropicais representam somente 8,4%.
Assim, temos que nos concentrar nos mercados de contra-estação, que representam
15,8%. Que mercados são esses? Na Europa, quando começa a esfriar, não há mais
disponibilidade de frutas, sendo necessário importá-las, se a população quiser continuar
comendo frutas. Por exemplo, a Espanha hoje é o maior produtor do mundo de melões mas,
paradoxalmente, é o nosso maior importador do produto na Europa, justamente nos meses
mais frios, ou seja, em novembro, dezembro e uma parte de janeiro.
As uvas que estamos exportando, além de uma série de outras frutas, como a maçã são
produtos de contra-estação. Salvo a manga, as nossas estrelas de exportação têm como
estratégia buscar esse mercado de contra-estação. Por quê? Porque são produtos
normalmente já conhecidos naqueles mercados, como a uva e a maçã não sendo necessário
se investir em marketing, em promoção de forma substancial para que as pessoas se
acostumem com essas frutas. Isso já não acontece com as frutas tropicais, apesar de termos
um mercado de 8,4%, e sermos hoje o terceiro exportador mundial de manga e o primeiro
de mamão papaia. O Brasil tem 70% do mercado europeu em suas mãos, mas ele consome
pouco e precisamos ensiná-los a consumir melhor. Para isso, precisamos aperfeiçoar
nossos sistemas de promoção e nossas estratégias de divulgação das frutas brasileiras.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 11


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Oportunidades

O Brasil tem um grande potencial de crescimento no setor da fruticultura com o aumento,


por exemplo, do cultivo de melões nobres (outras variedades); de frutas orgânicas – se há
um país que poderá realmente abastecer, não só o Brasil, como todo o mundo, com frutas
orgânicas, esse país chama-se Brasil, não tenham dúvidas sobre isso.
Outro fator de indução desse crescimento será o aumento do cultivo de uvas sem sementes,
que hoje predominam no mercado americano; com as uvas sem sementes voltamos também
a comercializar e a vender frutas para os Estados Unidos. Há também a possibilidade de
habilitação de mais packing houses para mangas, ou seja, sistemas de manipulação de
frutas para mangas. Não sei se todos sabem mas, para vendermos para o Japão, para os
Estados Unidos, os exportadores de manga têm que fazer um tratamento quarentenário que
pressupõe colocar a manga em temperatura de 58ºC durante tantos minutos. Então, por
favor, não comam manga nos Estados Unidos ou no Japão porque elas já estão meio
cozidas. Mas é o único jeito de se vender.
Precisamos mudar este tipo de mentalidade através de negociações internacionais, porque
não vamos matar nenhuma criancinha vendendo manga tirada do pé. Mais uma
oportunidade de crescimento do setor é a expansão do cultivo de banana no Rio Grande do
Norte e no Ceará, com qualidade e logisticamente mais competitiva. Os grandes produtores
de banana estão vindo para o Brasil, aliás, já estão aqui e os estados para exportarmos para
a União Européia chamam-se Rio Grande do Norte e Ceará. Por quê? Os custos de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 12


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produção são menores e, consequentemente, logisticamente estão mais perto da Europa,


que recentemente abriu um mercado para a banana e todos agora deverão concorrer em
igualdade de condições, desde que paguem E$ 176 por tonelada. Mas como são todos, creio
que teremos vantagens.
Outro fator é o aumento das áreas certificadas de mamão no Nordeste, que vão nos permitir
entrar nos Estados Unidos que são, sem sombra de dúvidas, o maior mercado de papaia.
Outras frutas, a médio prazo, poderão entrar nos Estados Unidos como o limão, as laranjas
e as tangerinas. Obviamente, o Brasil pode aumentar a produção de frutas o quanto quiser.
Existem também oportunidades em novos mercados, como, por exemplo, o Leste Europeu,
países árabes, Sudeste Asiático e China.
A potencialidade de aumento de competitividade internacional é real, mas temos muito a
melhorar em termos de custos e podemos melhorar nossa competitividade mais ainda. Para
se ter uma ideia, se considerarmos o custo “SIF” da uva sem semente colocada no mercado
de Rotterdam, com os economistas fazendo detalhamento da planilha de custos, verificar-
se que 80% dos custos provêm do custo de produção e de embalagem, ou seja, se me
derem o transporte de graça, ótimo, porque o meu problema está com a produção e com as
embalagens.
Barreiras e dificuldades

Não são poucas as barreiras que dificultam a expansão da competitividade da fruticultura


brasileira. Os custos de produção altos e pouca tradição no mercado internacional estão
entre elas. Normas e exigências diferentes são mais outras barreiras. As diversidades de
exigências são realmente significativas, não só as advindas das legislações agro-
alimentares, como agora, mais modernamente, as dos compradores e consumidores.
Quem pretende exportar para determinada rede de supermercados precisa cumprir os
requisitos exigidos. Outra barreira enfrentada pela fruticultura é a baixa capacitação dos
pequenos produtores, apesar de o setor estar fundamentado em pequenas propriedades,
há muito o que se fazer para transformá-los de produtores em empresários, porém é um
trabalho gigantesco.
Mais uma dificuldade é a ausência de sistemas de organização competitivos para a
comercialização. Este é realmente o nosso grande “calcanhar de Aquiles”: sabemos
produzir, sabemos beneficiar, mas, na hora de comercializar, somos extremamente
individualistas e não temos a mínima capacidade de organização. Precisamos melhorar
porque, de repente, alguém liga informando que chegaram dez contêineres juntos, ou dez
navios com contêineres de manga em Rotterdam, por exemplo, e ninguém soube. E o que

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 13


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

acontece na prática? Exatamente o que os intermediários querem: o preço vai lá para baixo
e os produtores vão receber talvez até menos do que o custo de produção que eles tiveram.
O conhecimento insuficiente dos mercados e nichos é outra barreira bastante importante e
hoje é fundamental este conhecimento. Os nichos estão muito relacionados com produtos
diferenciados. Atualmente, para se ganhar mercados, existem três alternativas no setor de
fruticultura: produzir mais barato, o que não é muito fácil; produzir com a mesma, ou com
uma melhor qualidade que os demais, que também é complicado; e, a terceira, competirmos
com produtos diferenciados e é exatamente por este caminho que iremos atingir nichos em
outros segmentos.
Continuando a relacionar as dificuldades, é preciso haver uma análise empresarial para a
competitividade, além do aumento da concentração dos agronegócios no mercado interno e
externo. É uma realidade a fusão das grandes empresas, é um fato com o qual temos que
começar a conviver e traçar estratégias porque veio para ficar. E, finalmente, a existência de
barreiras fitossanitárias e também o baixo consumo de frutas comercializadas no Brasil. É
preciso se consumir mais frutas. Finalizando, se eu perguntar a cada pessoa se considera
as frutas um alimento, creio que unanimamente a resposta será afirmativa. Porém, na prática
não é o que acontece. O brasileiro considera a fruta não como um alimento principal, mas
sim como um complemento. Se o Joãozinho passar na fruteira e pegar uma maçã antes do
almoço, provavelmente, sua mãe irá dizer: “coloque esta fruta aí na fruteira porque, senão,
você não almoça, Joãozinho”. E depois ele vai comer uma feijoada ou uma rabada, coisa
leve!
Então, para nós brasileiros as frutas ainda são um complemento alimentar.

Existem muitos fatores que dificultam, falácias, preconceitos, como, por exemplo, “não se
pode dar abacaxi para crianças porque dá aftas”. Alguém já viu frutas tropicais na fruteira de
uma mãe que acabou de ter neném? Não, apenas algumas frutas mais conhecidas
tradicionalmente. Eu mesmo venho de um berço onde meus avós sempre me ensinaram
que “chupar laranja de manhã é ouro, à tarde é prata, e à noite mata”.

CAPÍTULO 2 – PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS

Para se perpetuarem, as espécies se multiplicam. Os vegetais superiores multiplicam-se


naturalmente por duas vias: pelo ciclo sexuado e assexuado. No ciclo sexuado, também
denominado de ciclo reprodutivo a multiplicação ocorre pela união do gameta masculino
(grãos de pólen) com o gameta feminino (oosfera) gerando um embrião que está presente
nas sementes.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 14


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Nesse processo há recombinação genética, ocorrendo variabilidade no genoma. Por essa


razão, a nova planta que se origina da germinação da semente é denominada indivíduo, pois
será geneticamente diferente da planta matriz. Pelo ciclo assexuado também denominado
vegetativo, a nova planta gerada é oriunda de estruturas vegetativas (propágulos) como
brotos, e nesse caso não ocorre recombinação genética, ou seja, elas possuem a mesma
carga genética da planta matriz.
Essas novas plantas são denominadas clones, que são cópias perfeitas, ou seja,
geneticamente iguais à planta que lhe deu origem. Em fruticultura, que é uma atividade com
enorme potencial de crescimento, o Brasil encontra-se em posição privilegiada em
decorrência da extensão territorial, posição geográfica e condições de clima e solos, que
permite a produção de uma grande diversidade de frutas, em diferentes regiões, o ano
inteiro.
Nesse aspecto, a produção de mudas ou a multiplicação de plantas controlada pelo homem
representa um dos requisitos de maior importância para o sucesso econômico da
implantação de um pomar. Como a maioria das espécies frutíferas são plantas perenes, que
produzem por um longo período, é de suma importância que as mudas sejam de qualidade,
pois terão influência direta na produtividade e rentabilidade do empreendimento agrícola.
Diversas técnicas são utilizadas na produção de mudas de árvores frutíferas. O
desenvolvimento dessas técnicas permite que as mudas sejam obtidas com as mesmas
características da planta que se deseja multiplicar, o que garante a uniformidade das
mesmas em campo.
Como cada espécie apresenta uma particularidade, é necessário conhecer suas formas de
propagação e, assim, utilizar o melhor método para formação das mudas. A produção de
mudas de árvores frutíferas pode ser realizada pelo uso de sementes, cujas plantas
originárias não serão idênticas. É bastante utilizada na produção de portaenxertos de
algumas espécies, em árvores silvestres que ainda não possuem cultivares melhoradas e
em algumas fruteiras que apresentam vantagens na produção de mudas como
maracujazeiro, mamoeiro e coqueiro. Porém, os métodos mais adequados para se produzir
mudas de plantas frutíferas são os propagativos, pois eles garantem à nova planta as
características desejáveis da planta matriz.
Razões do uso da propagação

A propagação deve ser utilizada para:

Manter as características da variedade que se deseja propagar, como produção e qualidade


dos frutos e homogeneidade entre as plantas;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 15


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Multiplicar em larga escala uma única planta, selecionada como planta matriz;

Combinar duas espécies para formar uma só planta, pelo uso do método de enxertia;
Produção precoce de frutos por evitar a fase juvenil da planta, devendo-se selecionar
propágulos de plantas adultas;
Produção de mudas de espécies em que a propagação é o único meio de multiplicação.
Como exemplo, temos a bananeira, cujo método de propagação é por meio de rizomas.

Outras espécies como a lima ácida tahiti, laranja-de-umbigo e figueira também dependem
de alguma técnica de propagação, pois as sementes que produzem não são viáveis;
Multiplicar espécies em que a propagação é mais fácil, rápida e econômica.
Métodos de propagação

Os principais métodos de propagação, que proporcionam a clonagem de plantas com


características desejáveis são: estaquia, alporquia, mergulhia, enxertia e estruturas
especializadas. O que vai definir a escolha de um ou outro método será a adaptação e
facilidade de formação de mudas em cada espécie.
Um dos principais fatores para o sucesso na produção de mudas, por meio da propagação,
é a escolha da planta matriz que deve ser representativa da variedade, ter boa sanidade, ou
seja, sem pragas e doenças, ser produtiva e esteja sendo conduzida com todos os tratos
culturais recomendados para a cultura, principalmente adubação e irrigação.
A seleção adequada do material vegetativo que será retirado da planta matriz, o substrato,
a disponibilidade de água e as condições apropriadas de luz, aeração, temperatura e
umidade são elementos fundamentais para o sucesso de qualquer método de propagação
que se deseja utilizar.
Estaquia

A estaquia é um método de propagação simples que consiste na retirada e utilização de


partes da planta matriz que deseja-se propagar. Esse método consiste na capacidade de
regeneração dos tecidos da estaca e emissão de raízes adventícias e brotações. Pode ser
utilizada na produção direta de mudas ou para a produção de portaenxertos. As estacas, ou
seja, partes da planta podem ser obtidas de órgãos aéreos ou subterrâneos, tais como,
folhas, ramos e raízes.
Tipos de Estacas

A preferência por um ou outro tipo de estaca irá depender da espécie, da facilidade de


enraizamento e da infraestrutura do local. Em fruticultura, as estacas de ramos com pelo
menos uma gema, são as mais utilizadas, pois precisam apenas formar novas raízes

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 16


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

adventícias visto que já possuem um ramo em potencial, a gema. Com exceção de algumas
espécies como figo da índia e framboesa, as estacas de folhas e de raízes, não são utilizadas
na produção comercial de mudas de espécies frutíferas (Figura 1).

Figura 1: Tipos de estacas

São diversos os fatores que afetam o enraizamento das estacas de ramos, tais como:
condições fisiológicas da planta matriz, juvenilidade, condições do ambiente de
enraizamento, posição e graus de lignificação dos ramos. Quanto ao grau de lignificação,
pode-se classificar as estacas de ramos em herbáceas, semilenhosas ou lenhosas (Figura
2).
As estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão lignificados, ou seja, estão com
tecidos tenros e de coloração verde. São retiradas da parte apical dos ramos no período de
primavera/verão, épocas em que ocorrem os fluxos de crescimento vegetativo. Como é um
material sensível à desidratação, a coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã. As
folhas (inteiras ou pela metade) devem ser mantidas.
A função da manutenção das folhas é a continuação do processo fotossintético que
fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto para a formação das
raízes. A utilização de estacas herbáceas é muito utilizada na produção de mudas de
goiabeira.
Estacas semilenhosas são obtidas de ramos parcialmente lignificados, após o mesmo ter
completado seu crescimento. Para enraizar, essas estacas ainda com folhas, devem ser
mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente com umidade relativa alta para
reduzir a perda de água pelas folhas. É bastante utilizada na propagação de algumas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 17


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

espécies tropicais e subtropicais.


As fruteiras que perdem as folhas no outono (caducifólias), como figo e uva, por exemplo,
apresentam seus ramos lenhosos com boa capacidade de enraizamento. As estacas são
obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, sem folhas, com idade superior a um ano,
sendo coletadas geralmente no período de dormência da planta (inverno).
A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais barata, pois são mais resistentes
e não exigem ambiente com controle de temperatura e umidade.

Figura 2 - Graus de lignificação de ramos de seriguela


Após a coleta das estacas da planta matriz, faz-se o preparo das mesmas, colocando-as
para enraizar em substrato adequado que possua boa capacidade de retenção de água,
drenagem satisfatória e esteja livre de patógenos de solo, planta daninha e nematóide. Um
dos principais substratos utilizados para o enraizamento de estacas é a vermiculita.
Nessa etapa é importante garantir que o substrato esteja bem aderido à estaca. Então se
faz uma leve compactação do substrato ao redor das estacas, para evitar a permanência de
bolsões de ar, que impeçam a aeração na base das mesmas. É importante lembrar que para
algumas espécies frutíferas o uso de reguladores vegetais auxilia no enraizamento,
principalmente os produtos com ação auxínica comercializados no mercado com os nomes
de ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA).
Por apresentarem difícil diluição em água, esses produtos podem ser dissolvidos em solução
alcoólica ou hidróxido de potássio para serem aplicados na forma líquida ou misturados em
talco para serem aplicados em pó. Depois de prontas, as estacas são levadas para
ambientes propícios ao enraizamento.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 18


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Ambiente para enraizamento

Devido à evapotranspiração, estacas semilenhosas e herbáceas requerem instalações com


sistema de nebulização intermitente, que permite a emissão de pequenas gotículas de água,
de tempo em tempo, mantendo a superfície das folhas molhadas. No caso de estacas
lenhosas, essas instalações não são necessárias, podendo ser colocadas em canteiros de
areia ou saquinhos contendo substrato com no máximo uma tela de sombreamento para
evitar os efeitos do excesso de radiação solar e chuva (Figura 3 a, b, c).

Figura 3 - Nebulizador com alta umidade relativa (a); canteiros de areia com estacas
lenhosas (b e c).
Alporquia

A alporquia é um método de propagação em que se faz o enraizamento de um ramo ainda

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 19


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ligado à planta matriz (parte aérea), que só é destacado da mesma após o enraizamento.
O método consiste em selecionar um ramo da planta, de preferência com um ano de idade
e diâmetro médio. Nesse ramo, escolhe-se a região sem brotação e faz-se um anelamento,
de aproximadamente dois centímetros, retirando toda a casca (floema) e expondo o lenho.
Depois disso, deve-se cobrir o local exposto com substrato umedecido, a base de fibra de
coco e envolvê-lo com plástico, cuja finalidade é evitar a perda de água, amarrando bem as
extremidades com um barbante, ficando com o aspecto de um bombom embrulhado. Os
fotoassimilados elaborados pelas folhas e as auxinas pelos ápices caulinares deslocam-se
pelo floema e concentram-se acima do anelamento, promovendo a formação das raízes
adventícias nesse local. Recomenda-se que a alporquia seja feita de preferência na época
em que as plantas estejam em plena atividade vegetativa, após a colheita dos frutos, com o
alporque mantido sempre úmido.
A separação do ramo que sofreu alporquia da planta matriz, depende da espécie e da época
do ano em que foi feito o alporque. Após a separação, o ramo enraizado é colocado num
saco plástico contendo substrato e mantido à meia sombra até a estabilização das raízes e
a brotação da parte aérea. Quando isso ocorrer, as mudas estarão prontas para serem
plantadas no campo.
A alporquia é utilizada na propagação de muitas espécies frutíferas, e um exemplo do
sucesso do método ocorre na cultura da lichia.
Mergulhia

A mergulhia é um método de propagação semelhante à alporquia. A única diferença é que


na mergulhia, o enraizamento do ramo ainda ligado à planta matriz ocorre no solo (Figura
4).

Figura 4 - Mergulhia natural em cajueiro/ Natal-RN

Assim como ocorre no processo de alporquia, na mergulhia a planta a ser formada fica unida

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 20


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

a planta matriz até o enraizamento. A mergulhia é feita no solo, vaso ou canteiros, quando
os ramos das espécies são flexíveis e de fácil manejo. O método de mergulhia consiste em
enterrar partes de uma planta, como ramos, por exemplo, com o objetivo de que ocorra o
enraizamento na região coberta. É um processo usado na obtenção de plantas que
dificilmente se propagariam por outros métodos.
O enraizamento ocorre devido ao acúmulo de auxinas (hormônios endógenos) pela ausência
de luz na região enterrada ou coberta, que promove a formação das raízes adventícias e
também pelo aproveitamento do fornecimento contínuo de água e nutrientes da planta
matriz.
É muito importante que o local para a realização da mergulhia esteja isento de patógenos,
pois como é utilizado o solo para o enraizamento, há sempre o risco de contaminação das
novas plantas por doenças e/ou pragas. A mergulhia é um método bastante utilizado na
obtenção de porta-enxertos de macieira, pereira e marmeleiro.
Tipos de mergulhia

Há vários tipos de mergulhia, mas em fruticultura utiliza-se principalmente a mergulhia de


cepa, também chamada de amontoa.
Mergulhia de cepa

A mergulhia de cepa é muito utilizada na produção de porta-enxertos de macieira.


Inicialmente faz-se uma poda drástica da planta matriz do porta-enxerto, deixando somente
uma pequena parte do tronco, chamada de cepa. Essa poda irá favorecer a emissão de
inúmeras brotações jovens a partir da cepa. Após o desenvolvimento dessas brotações,
realiza-se a amontoa com terra, cobrindo a parte inferior das mesmas.
Será nessa região enterrada que irá ocorrer o enraizamento de cada brotação
individualmente. Após o enraizamento, cada brotação será destacada da planta matriz,
formando um novo porta-enxerto. A planta matriz do porta-enxerto será novamente podada
drasticamente para iniciar um novo ciclo de produção, podendo ser utilizada por muitos anos,
dependendo de como as plantas são cuidadas.
Enxertia

A enxertia é um método de propagação que consiste em unir partes de plantas, de tal


maneira, que continuem seu crescimento como uma só planta. A parte superior que formará
a copa da nova planta recebe o nome de enxerto ou cavaleiro e a parte inferior que formará
o sistema radicular recebe o nome de porta-enxerto ou cavalo.
Cada uma das partes possui suas características próprias. O porta-enxerto tem a função de
dar suporte mecânico à planta, retirar água e nutrientes do solo, e em muitos casos

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 21


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

beneficiar a copa pela resistência a pragas e doenças de solo, seca ou a solos encharcados.
O enxerto ou copa é responsável pela fotossíntese que irá alimentar toda a planta para a
produção.
A enxertia deve ser realizada para propagar espécies que não podem ser facilmente
multiplicadas por outros métodos, para obter benefícios do porta-enxerto, mudar a cultivar
copa em plantas adultas (sobreenxertia) ou substituir o porta-enxerto (subenxertia).
O sucesso da cicatrização entre as partes após a prática da enxertia dependerá da espécie
que se estará trabalhando; da habilidade do enxertador; da atividade fisiológica do enxerto
e do porta-enxerto; das condições a que as plantas serão submetidas durante e após a
enxertia; dos problemas de pragas e doenças e da incompatibilidade que possa ocorrer entre
as partes.
É importante destacar também que existem alguns limites na enxertia relacionados à
combinação copa e porta-enxerto. A maior facilidade da enxertia ocorre entre plantas de um
mesmo clone, aumentando o grau de dificuldade à medida que se enxertam diferentes
cultivares da mesma espécie, diferentes espécies e diferentes gêneros.
O sucesso da enxertia intergenérica (entre gêneros) é bastante limitado, sendo conhecidos
alguns casos como o de pereira sobre marmeleiro, por exemplo. Em fruticultura não se
conhece sucesso de enxertia entre plantas de famílias botânicas diferentes.
Tipos de enxertia

São três os tipos de enxertia: borbulhia, garfagem e encostia. No primeiro caso, o enxerto é
uma borbulha, ou gema; no segundo, um pedaço de ramo ou garfo destacado da planta
matriz com uma ou mais gemas e no terceiro, a união de duas plantas inteiras.
Borbulhia

A borbulhia consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto enraizado.


Embora haja vários tipos de borbulhia, serão descritas as formas em “T” normal, “T” invertido,
placa ou janela aberta e janela fechada. Cada denominação varia em função do tipo de corte
efetuado e na forma de fixação das gemas (borbulhas) no porta-enxerto (Figura 5).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 22


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 5 - Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou
janela aberta(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002)

As borbulhias em “escudo” e em “T” referem-se a uma mesma técnica (“T” designa a


aparência do corte no cavalo, onde a gema será introduzida e o “escudo” refere-se ao
formato dessa gema). O corte em “T” no porta-enxerto é feito abrindo uma incisão transversal
e outra longitudinal, onde será inserida a borbulha. A borbulha é um fragmento de forma
triangular, retirada da planta matriz após o corte do ramo que a contém, também chamado
de ramo porta-borbulha. Esse fragmento deve ter dimensões proporcionais ao corte em “T”
efetuado no porta-enxerto.
Com a ponta do canivete de enxertia, abre-se a região da casca abrangida pelas incisões,
levantando-a para inserção da borbulha que é introduzida com a gema voltada para o lado
externo. Em seguida, deve-se amarrá-la de cima para baixo, com o auxílio de um fitilho
plástico ou fita biodegradável. Toda essa operação deve ser rápida, para que não ocorra
ressecamento das regiões de união dos tecidos ou cicatrização dos cortes antes que ela
seja finalizada.
O “T” invertido é muito parecido, apenas o sentido do corte que o difere do anterior, sendo
o corte horizontal feito na extremidade inferior do corte perpendicular do porta-enxerto. O
escudo retirado da planta matriz agora tem sua base invertida. O objetivo da variação na
técnica é evitar a infiltração de água na região da enxertia. É importante observar que a
posição da borbulha não muda. A amarração do escudo deve iniciar-se de baixo para cima
no porta-enxerto. A facilidade operacional é maior, além de impedir o acúmulo de água nos
cortes, por isso é o tipo mais utilizado quando comparado ao corte em “T” normal. O “T”
invertido é amplamente utilizado por viveiristas, principalmente os produtores de mudas de
citros.
Na produção de mudas de pessegueiro pode-se utilizar o método de borbulhia por janela

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 23


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

aberta ou placa, onde a gema é retirada da variedade copa com um segmento retangular e
encaixada num porta-enxerto previamente preparado com a mesma abertura. São feitos dois
cortes perpendiculares paralelos e outros dois transversais, formando um retângulo. O
pedaço da casca é retirado, com o auxílio de um canivete. Toma-se o cuidado para que os
dois retângulos sejam de tamanhos bem próximos. Depois o escudo encaixado é amarrado
com fitilho plástico ou fita biodegradável, sempre deixando a gema do pessegueiro exposta,
pois ela é muito sensível e pode se quebrar.
Na borbulhia tipo janela fechada, o corte da copa deve permitir a abertura da casca em duas
partes, como as folhas de um portão, que serão fechadas sobre a borbulha após sua
inserção. Duas incisões transversais e paralelas são feitas no porta-enxerto, e um corte
perpendicular une as duas pelo ponto central de seu comprimento. Levanta-se a casca entre
os cortes e a borbulha retangular semelhante à janela aberta é introduzida, ficando em
estreito contato com os tecidos internos do caule. A casca deve ser fechada contra o escudo
e amarrada com fitilho plástico, aumentando o contato entre os tecidos.
Garfagem

Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de um pedaço


de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha uma ou mais
gemas para outra planta que é o porta-enxerto. Embora haja várias denominações, os tipos
mais comuns de garfagem são: meia-fenda, fenda cheia; fenda dupla, fenda lateral, inglês
simples e inglês complicado (Figura 6).

Figura 6 - Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês simples (c);
Garfagem inglês complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 24


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(2002)

Na garfagem em meia fenda, o garfo é cortado em bisel duplo. O porta-enxerto é cortado


transversalmente, fazendo-se, em seguida, uma incisão igual a largura do bisel. Aprofunda-
se a incisão para baixo, por meio de movimentos com o canivete de enxertia, então introduz-
se o garfo na fenda, de tal modo que as camadas das duas partes fiquem em contato em
pelo menos um dos lados. Esse tipo de garfagem é utilizado quando os garfos são de
diâmetros diferentes do porta-enxerto, sendo necessário que pelo menos um dos lados
esteja em contato com os tecidos para que ocorra o processo de cicatrização e sobrevivência
do enxerto.
Já na garfagem em fenda cheia, a obtenção do garfo é idêntica ao caso anterior. O porta-
enxerto é cortado transversalmente à altura desejada, praticando-se em seguida uma fenda
cheia, do mesmo tamanho do garfo que será introduzido nessa fenda, de maneira que os
dois lados desse garfo coincidam por completo com o diâmetro do porta-enxerto. Para a
prática da enxertia por inglês simples é necessário que o garfo e o porta-enxerto tenham o
mesmo diâmetro. Corta-se o porta-enxerto a uma altura conveniente do solo, talhando-o em
um bisel simples enquanto o garfo também é cortado em bisel, exatamente para encaixar
no porta-enxerto, a fim de que possam coincidir em toda sua extensão.
A garfagem por inglês complicado é realizada como no caso anterior, mas com um encaixe
mais perfeito. Coloca-se a lâmina do canivete um pouco acima do meio do bisel do porta-
enxerto e, a partir deste ponto, em sentido longitudinal e paralelo ao eixo, fende-se o próprio
cavalo, até que a fenda atinja o nível da base do seu bisel. Faz-se o mesmo no bisel do
enxerto. Então encaixa-se o garfo no porta-enxerto, tomando o cuidado de fazer com que as
cascas de ambos se coincidam. Os instrumentos utilizados para a prática da garfagem são
tesoura de poda e canivete.
Após a realização da garfagem, é importante amarrar bem forte o garfo no portaenxerto para
manter as partes perfeitamente unidas. Depois, cobre-se o enxerto com um saquinho
plástico, os mesmos utilizados para sorvetes, para evitar que ocorra perda ou infiltração de
água na região de enxertia.
Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve ocorrer por
volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado após 60 dias, para
garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o desenvolvimento da brotação
para que as mudas possam ser plantadas em campo.
Encostia

A encostia é um método de enxertia usado para árvores frutíferas que dificilmente se

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 25


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

propagam por outros métodos. Em resumo é uma técnica que consiste na junção de duas
plantas inteiras, que são mantidas dessa forma até a união dos tecidos (Figura 7).

Figura 7 - Enxertia por encostia. Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002)

Após essa união, uma será utilizada somente como porta-enxerto e a outra como copa. Para
fazer essa enxertia, o porta-enxerto deve ser transportado em um recipiente até a planta que
se quer propagar sendo geralmente colocado na altura da copa, através da utilização de
suportes de madeira que o sustentarão.
Corta-se uma porção do ramo de cada uma das plantas, de mesma dimensão, e encostam-
se as partes cortadas, amarrando-as em seguida com fita plástica para haver união dos
tecidos.
O enxerto é representado por um ramo da planta matriz, sem dela se desligar até que ocorra
a soldadura ao porta-enxerto. Após 30-60 dias, havendo a união dos tecidos, faz-se o
desligamento da nova planta, cortando-se acima do ponto de união do portaenxerto.
Nessa fase, retira-se o fitilho plástico que estava amarrado e destaca-se o ramo da planta
original, formando uma nova copa. Tem-se, assim, a muda, constituída de copa e porta-
enxerto.
A primavera é a estação mais adequada para a prática da encostia e as que são realizadas
no outono desenvolvem-se muito lentamente.
Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto

A compatibilidade pode ser definida como a capacidade que duas plantas ou parte de plantas
enxertadas possuem de se desenvolverem satisfatoriamente como se fossem uma única
planta. Já a incompatibilidade pode ocorrer devido a diferenças fisiológicas, bioquímicas e
anatômicas entre as plantas que podem ser favoráveis ou desfavoráveis à união do enxerto.
Os problemas de incompatibilidade ocorrem principalmente em função da enxertia entre
espécies de diferentes famílias e gêneros. Os principais sintomas associados à
incompatibilidade de enxertia são:

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 26


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

expansão da união do enxerto quando ocorre o super crescimento do diâmetro do tronco


acima ou abaixo do ponto de enxertia;
quebra ou ruptura do enxerto na ocorrência de ventos fortes ou até mesmo quando a
produção de frutos na planta for muito grande;
morte prematura da planta;
amarelecimento e queda prematura das folhas no outono;
aparecimento de uma linha escura na região da enxertia pela morte dos tecidos.
A presença de um ou mais desses sintomas não significa necessariamente, que a
combinação seja incompatível. Podem ser resultantes de condições ambientais
desfavoráveis, tais como falta de água ou nutrientes, ataques de pragas, doenças ou
inclusive, enxertia mal sucedida.

Micropropagação

A propagação “in vitro” ou micropropagação, consiste na aplicação da técnica de cultura de


tecidos para a produção de plantas idênticas a planta matriz. Este tipo de propagação
permite produzir mudas com alta qualidade genética e fitossanitária.
É feita em laboratórios a partir de pedaços de tecido vegetal. Estes fragmentos retirados de
vegetais são chamados de explantes e multiplicados em meio artificial (sem solo), o qual
fornece nutrientes e outras substâncias necessárias à multiplicação e regeneração de novas
plantas. A base para o cultivo de pequenas partes de plantas só é possível pela propriedade
da totipotência, que é a capacidade que toda célula vegetal tem de regenerar uma planta
completa, a partir de informações genéticas contidas na mesma.
As técnicas de propagação “in vitro” permitem multiplicar vegetativamente espécies de difícil
propagação pelos métodos convencionais. Além disso, permite a produção de um grande
número de plantas a partir de um explante em menor tempo que os métodos tradicionais de
propagação. Possibilitam também, a produção de mudas livres de patógenos causadores
de doenças que pelos métodos convencionais de propagação, podem ser transmitidos pelas
mudas.
Entre as fruteiras tropicais multiplicadas pela cultura de tecidos destacam-se as culturas do
abacaxizeiro e da bananeira que estão sendo produzidas em maior escala por algumas
empresas do setor (Figura 8).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 27


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 8 - Mudas de bananeira micropropagadas.

Estruturas especializadas

Algumas espécies possuem processos naturais de propagação por meio de estruturas


especializadas. Essas estruturas são caules, folhas ou raízes modificadas que além de
funcionarem como órgãos de reserva de alimentos podem também ser utilizadas na
propagação. Em condições adversas são esses órgãos que possibilitam a sobrevivência das
plantas.
Vários tipos de estruturas especializadas podem ser utilizadas na produção de mudas. Em
espécies frutíferas, as principais estruturas são estolões, rebentos e rizomas que são úteis
na propagação de algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a bananeira, o
abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta.
Os estolões são definidos como caules aéreos especializados, muito comuns na propagação
do morangueiro; já os rizomas são caules subterrâneos que possuem gemas para formação
de novas brotações, as quais originarão novos pseudocaules e passarão a ter o seu próprio
sistema radicular. É o principal método de multiplicação das bananeiras.
As mudas de bananeira são obtidas a partir do desenvolvimento das gemas do rizoma. A
denominação das mudas é dada de acordo com o desenvolvimento e peso do rizoma. As
mudas obtidas de rizoma inteiro são denominadas popularmente de:
• Chifrinho – apresentam de 20 a 30 cm de altura e têm unicamente folhas lanceoladas
(em forma de lança) com até 1,5 kg;

Chifre – apresentam de 50 a 60 cm de altura e folhas lanceoladas, com peso variando de


1,5 a 2,5 kg;

Chifrão: apresentam de 60 a 150 cm de altura, com uma mistura de folhas lanceoladas e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 28


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

folhas características de planta adulta, com peso superior a 2,5 kg.

Figura 9 - Mudas do tipo chifrão, chifre e chifrinho com folhas (a), sem folhas (b); Pedaços
de rizoma (c)
Essas mudas podem ser obtidas diretamente do bananal, tomando o cuidado de selecioná-
las de plantas vigorosas, que represente a variedade a ser propagada, esteja isenta do
ataque de pragas e doenças e com idade que não seja superior a quatro anos.
Embora a propagação por rizomas seja muito utilizada, nos últimos anos tem crescido muito
a produção de mudas de bananeira utilizando a técnica de cultura de tecidos, ou
micropropagação, como visto anteriormente.

CAPÍTULO 3 - MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO

O manejo do solo envolve todos os tratos culturais aplicados à camada de solo utilizada
pelas plantas frutíferas, desde o momento do plantio até a colheita. Deve ser o mais eficiente
possível quanto ao controle da erosão do solo, regulação da disponibilidade de água,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 29


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

manutenção de um bom nível de matéria orgânica, redução da competição com ervas


daninhas, manutenção da fertilidade do solo, facilidade no trânsito do homem e máquinas
no pomar, levando em consideração a economicidade, equipamentos e máquinas
disponíveis na propriedade. O manejo do solo e a sua execução estão intimamente ligados
ao sistema de plantio, espaçamento adotado, dimensão da área, espécie cultivada, clima e
topografia.
Preparo do solo antes do plantio

As plantas frutíferas apresentam um sistema radicular que se concentra numa faixa de 0 a


40cm, entretanto é possível que algumas espécies atinjam até alguns metros de
profundidade.
O solo, portanto, deve ser profundo, bem drenado e conter nutrientes e água em quantidades
adequadas para que a planta alcance um bom desenvolvimento. O solo deve ser preparado
até uma profundidade de 40 a 50cm, para que seja possível incorporar os fertilizantes e
corretivos. Para isso, é utilizada subsolagem seguida de lavração profunda, quando as
condições do terreno permitirem.
Para plantas frutíferas, o solo deve ser corrigido até uma profundidade de 40cm, portanto a
quantidade de corretivos deve ser duplicada, uma vez que a análise de solo prescreve os
corretivos para uma faixa que vai até 20cm de profundidade. Durante o preparo do solo,
antes do plantio, é a melhor ocasião para incorporar os corretivos em profundidade, tendo-
se em vista que os mesmos são pouco móveis no solo; e que, depois de implantado o pomar,
as dificuldades para colocá-los a disposição do sistema radicular seriam aumentadas.
O preparo do solo de maneira superficial dificulta a penetração do sistema radicular da planta
e limita a disponibilidade de nutrientes e água, provocando menor crescimento das mesmas,
podendo, em algumas situações, aumentar o risco de erosão pela menor retenção de água
das chuvas. Deve-se levar em conta o tipo de solo e a declividade do terreno, condições
climáticas, recursos do fruticultor, espécie cultivada, condução da planta e área do pomar.
Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o preparo normalmente é feito em covas.

Preparo do solo com subsolagem e lavração profunda

A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50cm no solo, seguida


de lavração e gradagem. Este sistema permite colocar os nutrientes em maiores
profundidades e a disposição das raízes das plantas, melhorando a aeração do solo, e a
infiltração de água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a penetração
e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 30


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Esta forma de cultivo não pode ser utilizada em solos rasos, pedregosos ou que apresentem
horizonte com adensamento. Exige máquinas apropriadas e apresenta um custo inicial mais
elevado. O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em duas etapas; metade da
quantidade antes da subsolagem e a outra metade antes da lavração.
Quando for usado um fosfato natural, como fonte de P2O5, deve-se aplicá-lo antes da
aplicação do calcário, pois em meio ácido esta fonte de fósforo se solubiliza mais facilmente,
aproveitando, desta forma, a acidez natural do solo. Os corretivos são aplicados em toda a
área e, por ocasião do plantio, faz-se abertura de pequenas covas, com tamanho suficiente
para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo necessidade de adubação nas
covas. O plantio das mudas, dependendo da declividade, poderá ser:
Em nível, quando a declividade do terreno for menor do que 3%;
Com construção de terraços, quando a declividade for menor do que 20% e;
Em patamares, quando a declividade for superior a 20%.
Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas

Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em


seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados
de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode
ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença
de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a
espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo. Em solos mal
drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de água e morte
das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um ambiente propício
ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão lateral, quer por
problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade de nutrientes na
cova).

Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas

Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em


seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados
de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode
ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença
de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a
espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo.
Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 31


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um
ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão
lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade
de nutrientes na cova).
Preparo convencional seguido da construção de terraços tipo camalhão

O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm, ao mesmo tempo em que é


realizada a correção de acordo com os resultados da análise do solo. Sobre o solo
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas sobre o solo
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas,
conforme indica a Figura.

Figura: Corte de um terraço, mostrando sua localização, bem como a do canal.

Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade. Permite um bom desenvolvimento
radicular da planta, pois aumenta a quantidade de solo arável a ser explorado; preparo
totalmente mecanizado; contribui para o controle da erosão e auxilia a drenagem em solos
planos.
Preparo do solo em faixas

Consiste em preparar apenas uma faixa do terreno, na qual será plantada a espécie frutífera.
A faixa de preparo, dependendo do terreno, pode ser em nível e ter uma largura de até 2,5m.
Nesta faixa são aplicados todos os corretivos e a muda é plantada sobre solo preparado. A
medida que a planta vai crescendo, a faixa de cultivo pode ser ampliada. Entre as duas filas
de plantas pode permanecer uma faixa de vegetação nativa ceifada periodicamente.
O preparo do solo pode ser com subsolagem e lavração profunda ou ainda lavração

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 32


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

convencional seguida da construção de camalhões. Este sistema tem um custo menor na


instalação do pomar e permite um bom controle da erosão do solo. A desvantagem seria que
ele não permite a instalação de culturas intercalares no pomar.

Figura: Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as entrelinhas
com cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello Plantio em terraços tipo patamar

Este sistema envolve grande movimentação de solo e é restrito a áreas que apresentam
riscos de erosão, com declividade superior a 20%, e para culturas de alto rendimento
econômico, devido ao elevado custo da construção.
Deve-se dar preferência para o plantio em solos planos e com outros sistemas de preparo
do solo. Este sistema é utilizado na região da serra do RS, com viticultura. Existem três tipos
de terraços em patamar: patamar contínuo, utilizado em culturas permanentes; patamar
descontínuo ou "banquetas individuais", construído para cada planta do pomar a ser formado
e; por último, o patamar de irrigação. Este sistema é muito oneroso, pois implica em grandes
movimentações de solo.
Outros sistemas e disposição dos carreadores

É possível, ainda, o cultivo de plantas em trincheiras, banquetas individuais, entre outras. A


escolha do melhor sistema ficará na dependência da espécie frutífera, espaçamento,
condições climáticas, solo, topografia, disponibilidade de equipamentos e recursos
financeiros.
Os carreadores, sempre que possível, devem ser planejados e em nível. Toda água que sai
do pomar deve ser canalizada para escoadouros protegidos, para evitar-se problemas com
erosão em voçorocas, principalmente.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 33


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Características do uso de máquinas no pomar

A utilização de equipamentos com tração mecânica permite grande rendimento do trabalho


e a execução das atividades dentro do menor espaço de tempo. Para que as máquinas
diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas, recomenda-
se:
Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam as
plantas;
Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas rotativas,
pois contribuem para aumentar a erosão do solo;
O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado nas épocas
adequadas para cada cultura;
Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar.
Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas

O sistema de cultivo ou manejo do solo refere-se às práticas culturais aplicadas à superfície


do solo e deve levar em conta:
Conservação da umidade e aeração do solo;
Adição de matéria orgânica e fertilizantes;
Conservação das características físicas do solo;
Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar;
Controle de erosão e plantas daninhas;
Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-de-obra e equipamentos disponíveis;
Dimensão da área, espécie e espaçamento utilizado;
Topografia e clima.
Pomar em formação
Nos primeiros anos de vida do pomar, recomenda-se manter uma faixa de solo limpa
periodicamente ao longo da linha das plantas. Esta faixa deve ser um pouco maior que a
projeção da copa das plantas. A área entre as filas de plantas é mantida com cobertura
vegetal nativa ceifada ou, principalmente, com culturas intercalares de porte baixo, tais
como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras. Este cultivo intercalar deve receber
adubação apropriada e não deve competir com a muda em luz, umidade e nutrientes.
O cultivo intercalar é uma prática muito utilizada, pois, mantém uma cobertura do solo,
evitando problemas de erosão e propiciando melhorias nas condições físicas e químicas do
solo. Quando bem sucedidas, as culturas intercalares contribuem para custear as despesas
do pomar na fase de implantação. É importante que o solo permaneça sempre com algum

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 34


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

tipo de cobertura, assim diminui-se as perdas pela erosão.


Pomar em produção

As plantas frutíferas para se desenvolverem necessitam encontrar, no solo, água, ar e


nutrientes minerais. Estas condições são básicas e precisam ser consideradas quando se
pretende estabelecer um bom sistema de manejo do solo.
Pomar permanentemente limpo

Neste sistema, toda área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasoras, por
meio de mobilizações periódicas e superficiais ou mesmo com uso de herbicidas. Apesar
desta forma de manejo evitar a concorrência das plantas daninhas, facilitar a incorporação
de nutrientes e demais tratos culturais, expõe o solo à erosão; provoca compactação, pelo
trânsito de máquinas e implementos agrícolas; além de diminuir a matéria orgânica,
deixando o solo mais sujeito às variações de temperatura durante o dia e a noite.
O uso freqüente de equipamentos que pulverizam o solo, tais como enxadas rotativas, além
de desagregar o solo, facilita, enormemente, a erosão. A manutenção do solo limpo, com
aplicações sucessivas de herbicidas, provoca um endurecimento na camada superficial,
contribuem para aumentar os riscos de intoxicação dos aplicadores e podem poluir os
mananciais de água.
Pomar com cultivo intercalar

Neste sistema de cultivo, o pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar, que
pode ter um caráter temporário ou permanente. As espécies cultivadas devem ser de porte
baixo e, normalmente, leguminosas ou associação com gramíneas e têm o objetivo de
melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, porém deve-se considerar que, em
períodos de seca, as leguminosas causam maiores prejuízos às plantas do que as
gramíneas, pois apresentam sistema radicular mais desenvolvido e, com isso, uma maior
capacidade de absorção de água do solo. Quando se mantém a vegetação espontânea, a
mesma é mantida ceifada periodicamente. Ao longo das filas é mantida uma faixa limpa, do
tamanho ou um pouco maior do que a projeção da copa das plantas, através do uso de
capinas ou aplicações de herbicidas.
Este sistema combina as vantagens do sistema que mantém o solo limpo na linha da planta
e da cobertura vegetal na entrelinha como auxílio no controle da erosão. Esta modalidade
de sistema pode ser alterada ao longo do ciclo vegetativo da planta, no caso específico de
plantas frutíferas de clima temperado. Depois que as frutas foram colhidas pode-se deixar a
vegetação espontânea crescer também ao longo da linha de plantas, até o início da
primavera seguinte.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 35


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

No caso de algumas espécies de folhas permanentes, como é o caso de plantas cítricas no


estado de São Paulo, recomenda-se, na época das águas, manter a faixa limpa
periodicamente e a entrelinha ceifada ou discada através de grades. Se for utilizada uma
planta intercalar para exploração econômica, deve-se realizar a adubação da planta
independente da adubação da frutífera.
Pomar com cobertura vegetal permanente

O solo todo do pomar é mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou cultivada de
forma permanente. Oferece vantagens para a proteção do solo no que diz respeito à
melhoria na estrutura, proteção contra erosão, trânsito de máquinas e diminui a
compactação.
Entretanto, é um sistema que a vegetação dentro do pomar concorre com a plantafrutífera
em água e nutrientes, podendo causar prejuízos em épocas de estiagem. Este sistema pode
ser utilizado em solos com grande declividade, apenas realizando um pequeno coroamento
na projeção da copa durante o ciclo vegetativo da planta, através do uso de capinas ou
herbicidas. Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema radicular profundo,
como é o caso da nogueira-pecan.
Pomar com cobertura morta permanente

O solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras,
palha ou casca de arroz, serragem, palha de leguminosas, entre outras. A espessura da
cobertura varia de 10 a 20cm, conforme o material utilizado.
Através de experimentos, verificou-se que é necessário cortar até 3m2 de área de capim
gordura para cobrir 1m2 do pomar com folha seca, numa espessura de 20cm. Apesar deste
sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas, traz vantagens para o desenvolvimento
das plantas, tais como:
Redução das perdas de água, pois funciona como uma válvula que permite a penetração da
água, opondo-se, no entanto, a sua perda por evaporação direta;
Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas pelo impacto direto;
Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo;
Contribui para o controle das ervas daninhas, possibilitando que as plantas possam
desenvolver o sistema radicular na superfície do solo. As limitações para uso deste sistema
de cultivo seriam:
Em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados;
Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática pode
trazer sérias consequências, pois o sistema mantém as raízes da planta na superfície do

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 36


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

solo;
A cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do solo para
o ar;
Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores;
O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria seca anualmente;
Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da planta, pois estimula o
desenvolvimento superficial das raízes da planta.
A adição periódica de restos vegetais faz com que se necessite de uma adubação
suplementar de nitrogênio, na base de 50 kg/tonelada de cobertura morta, uma vez que a
mesma altera a relação C/N.
Variantes para combinar sistemas de cultivo do pomar

Na prática os sistemas de cultivos citados anteriormente são pouco utilizados isoladamente,


o que se utiliza são as combinações deles durante o desenvolvimento da cultura, baseados
na espécie vegetal, regime hídrico, declividade, disponibilidade de mão-de-obra,
equipamentos e custos. Em algumas situações, pode-se utilizar:
Cobertura vegetal permanente e cobertura morta na linha das plantas;
Cobertura com vegetal ceifado na entrelinha e limpo na projeção da copa, através de
herbicidas e/ou capinas periódicas;
Cultivo do solo com planta leguminosa durante parte do ano para posterior incorporação ao
solo;
Vegetação nativa na entrelinha, mantida rasteira através do uso de grades que atingem
pequenas profundidades do solo;
Vegetação natural ceifada no período das chuvas e limpo, na época da seca, com máquinas
ou herbicidas;
Vegetação natural ceifada quando necessário e plantas coroadas com herbicidas.
Escolha do sistema de cultivo

É difícil recomendar um ou outro sistema de cultivo apenas a partir de considerações


teóricas, pois a escolha do sistema deverá levar em conta: a) Aspectos relativos à planta
(espécie, espaçamento);
Aspectos relativos ao solo (profundidade, textura, estrutura, topografia);
Aspectos relativos ao clima (chuvas, geadas);
Aspectos econômicos (custo operacional, equipamentos disponíveis);
IRRIGAÇÃO EM FRUTICULTURA

As regiões tradicionais produtoras de frutas de todo o mundo utilizam a irrigação como um

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 37


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

insumo importante para garantir produtividade e qualidade das frutas. Isto acontece na
Argentina, Chile, Estados Unidos, Espanha, Itália, Egito, Israel, região nordeste do Brasil,
onde se produz um grande volume de frutas tropicais e temperadas sob irrigação.
No Sul e Sudeste do Brasil, normalmente ocorrem precipitações em torno de 1.500mm,
porém nem sempre há uma boa distribuição das chuvas durante o ano. É comum
acontecerem estiagens durante os meses de dezembro e janeiro e no período de inverno,
respectivamente. Estes períodos com falta de umidade do solo, ocasionam perdas nas
colheitas, pois provocam rachaduras nas frutas e diminuição do tamanho das frutas, além
de diminuir a absorção de nutrientes do solo.
Os sistemas de irrigação disponíveis permitem que se tenham projetos eficientes, com
economia hídrica e permitindo que sejam aplicados os fertilizantes através da água de
irrigação, a chamada fertirrigação.
A fertirrigação é o processo pelo qual os fertilizantes são aplicados junto com a água de
irrigação. Esta prática se converteu em rotina e é um componente essencial dos modernos
sistemas de irrigação. Neste sistema são aplicados os macro e micronutrientes para as
plantas frutíferas, para isso é necessário que os mesmos sejam solúveis em água. O
consumo de água depende de fatores como o solo, a cultura, a umidade do ar, entre outros.
A umidade do solo é determinada por tensiômetros. Por exemplo, quando os tensiômetros
chegam a uma tensão de 15 a 20 centibares, em solos leves, deve-se renovar a irrigação,
pois a maior parte da água disponível no solo já foi aproveitada.
A retirada de água do solo pela planta aumenta à medida que se desenvolvem os ramos e
se amplia a área foliar. A multiplicação de células nessa fase (35 a 40 dias após a floração)
é muito grande, diminuindo após o fim da polinização. Como o número de células irá
determinar o tamanho final das frutas, a falta de água nesse período reduz o número de
células, diminuindo o tamanho da fruta e a produção. Após a divisão celular, inicia-se a fase
de aumento de volume da célula. Nesse período, a etapa mais crítica ocorre durante a
aceleração máxima do crescimento da fruta, duas a três semanas antes da colheita. Pode-
se manejar a água ao longo desse estágio, antes da etapa crítica, reduzindo o teor de
umidade do solo na fase que se inicia com a fruta no tamanho de uma azeitona até o período
de seu crescimento rápido, visando-se à economia de água e melhoria da qualidade da fruta,
sem comprometimento da produtividade.
Sistemas de Irrigação em Pomares

A escolha do sistema deve considerar o tipo de solo, clima, disponibilidade e qualidade da


água, sistema de cultivo, manejo do solo e custo da energia.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 38


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Irrigação por inundação

Este sistema requer um bom nivelamento do terreno, normalmente declives inferiores a 1%


e um grande fluxo de água, na ordem de 1,6 L seg. ha-1. É pouco utilizado nas condições
do Brasil, pois normalmente os pomares são implantados em terrenos com declividade
superiores. É um sistema que exige grandes volumes de água e, mesmo em solos nivelados,
dificilmente se consegue uma boa distribuição da água no solo (70%). Irrigação em sulcos
Como no sistema anterior, a irrigação em sulcos requer uma nivelação do terreno,
normalmente é recomendado para declives até 2%. Em declives superiores, pode causar
sérios problemas de erosão. O fluxo de inundação nos sulcos é da ordem de 1,2 a 1,5 L seg.
ha-1 e a eficiência do sistema é da ordem de 40 a 70%. A principal vantagem é o baixo custo
de instalação em solos nivelados.
Irrigação por aspersão

Este sistema pode ser utilizado em terrenos onde os custos para nivelamentos são elevados,
em solos com topografia irregular, para controle de geadas e permite uma boa uniformidade
de distribuição da água.
A irrigação por aspersão pode ser de dois tipos: sobrecopa e sub-copa, quando feita por
cima ou por baixo da copa das plantas. A irrigação sobrecopa apresenta como principais
desvantagens o molhamento das folhas, o que aumenta a incidência de doenças, e maiores
perdas por evapotranspiração e pela ação dos ventos. Já a aspersão sub-copa apresenta
como desvantagem principal a interferência do tronco e copa das plantas, o que dificulta o
molhamento uniforme do terreno.
Na aspersão, as vazões e pressões são, normalmente, de média a alta, exigindo
motobombas de maior potência e demandando maior consumo de energia em relação ao
gotejamento e à microaspersão. Por outro lado, os aspersores não necessitam de
equipamentos de filtragem e apresentam uma menor necessidade de manutenção.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 39


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura: Irrigação por aspersão em videira. Foto: Marco Antônio Fonseca Conceição.
Irrigação por microaspersão

A irrigação por microaspersão é bastante usada em videiras e outras frutíferas, diferindo da


aspersão, basicamente, pela vazão menor dos aspersores. Este sistema requer filtros,
sendo comum, porém, empregar-se somente filtros de discos (ou tela). Nesses sistemas
podem ocorrer problemas com a entrada de insetos e aranhas nos microaspersores,
causando entupimentos e, com isso, prejudicando a aplicação de água. Por isso deve-se
optar, sempre que possível, por microaspersores com dispositivos antiinsetos.
Na microaspersão os emissores são, normalmente, posicionados individualmente ou a cada
duas plantas, não havendo problemas de interferência dos troncos, como na aspersão sub-
copa.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 40


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura: Irrigação por micraspersão em videira. Foto: Jair Costa Nachtigal Irrigação por
gotejamento

Trata-se de um sistema moderno de irrigação e consiste, basicamente, na aplicação


frequente de água a um volume de solo limitado e com um consumo inferior a qualquer outro
sistema. A água é aplicada em pontos localizados na superfície do terreno, sob a copa das
plantas. O solo é mantido próximo à capacidade de campo (CC), o que proporciona
condições mais adequadas ao desenvolvimento e à produção.
O gotejamento é uma instalação permanente, isto é, não pode ser deslocada de uma área
para outra e os gotejadores são distribuídos sob a planta ou enterrados no solo. Este sistema
utiliza pouca mão-de-obra e apresenta uma eficiência de 95% em zonas tropicais, porém
requer o uso de água de boa qualidade e de filtros eficientes, normalmente filtros de areia.
Os gotejadores são peças especiais que dissipam a pressão da água de irrigação, a fim de
manter a vazão homogênea ao longo da linha de gotejamento. Tal dissipação de energia se
dá pela passagem da água por delgadas secções. Por essa razão ela deve ser limpa e livre
de impurezas em suspensão. Este sistema é muito utilizado na fruticultura moderna e,
normalmente, associado à fertirrigação.

Figura: Irrigação por gotejamento em pereira. Foto: José Carlos Fachinello.

CAPÍTULO 4 - PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS

A poda, muito embora seja praticada para dirigir a planta segundo a vontade do homem, em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 41


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

fruticultura, é utilizada com o objetivo de regularizar a produção e melhorar a qualidade das


frutas.
A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente com outras
atividades, como fertilização, irrigação e drenagem, controle fitossanitário, afinidade entre
enxerto e porta-enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar produtivo. Para que a
poda produza resultados satisfatórios é importante que seja executada levando-se em
consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e
oportunidade.
4.1. Conceitos

Existem diversos conceitos referentes à poda, dentre eles:

Poda é a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em
algum aspecto de interesse do fruticultor;
É a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim que se
tem em vista.
É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo
de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação.
4.2. Importância da poda

A importância da poda varia com a espécie, assim para uma ela é decisiva, enquanto que,
para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância da poda, as espécies
podem ser agrupadas da seguinte maneira:
Decisiva - Videira, pessegueiro, figueira.
Relativa - Pereira, macieira, caquizeiro.
Pouca importância - Citros, abacateiro, nogueira-pecan.

4.3. Objetivos da poda

Os principais objetivos da poda são:

Modificar o vigor da planta;

Manter a planta dentro de limites de volume e forma apropriados;

Equilibrar a tendência da planta de produzir maior número de ramos vegetativos


ouprodutivos e vice-versa;
Facilitar a entrada de ar e luz no interior da planta, com a abertura da copa;

Suprimir ramos supérfluos, doentes e improdutivos;

Facilitar a colheita das frutas e os tratos culturais dentro do pomar;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 42


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Evitar a alternância de safras, de modo a proporcionar anualmente colheitas médias com


regularidade.
4.4. Fundamentos da poda

Sob o ponto de vista fisiológico, a poda pode ser fundamentada pelo que segue:

A seiva se dirige com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta;

A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais;

Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior será a
vegetação e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais gemas de
flor serão formadas;
Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes remanescentes, aumentando-lhe
o vigor vegetativo;
Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo,
retardando a frutificação;
Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação
das frutas, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas. Nesse período,
acumulam-se grandes quantidades de reservas nutritivas, que são utilizadas para
transformar as gemas foliares em frutíferas;
O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente as
gemas terminais são mais vigorosas;
O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas
e edáficas;
Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o
vigor e a longevidade das plantas.
Numerosos trabalhos têm demonstrado que a poda tem um efeito ananizante sobre o
crescimento vegetativo, ou seja, as plantas podadas, além de terem uma menor
longevidade, apresentam um porte menor.
Geralmente a poda reduz os pontos de crescimento da planta, aumentando, assim, a
provisão de nitrogênio aproveitável e de outros elementos essenciais para os pontos de
crescimento que permaneceram e isto, por sua vez, aumenta o número de células que
podem ser formadas. Desta maneira, a poda da copa favorece a formação de células e a
utilização de carboidratos. Por conseguinte, favorece a fase vegetativa e retarda a fase
reprodutiva.
O estímulo à fase vegetativa pode ser ou não desejável, depende da espécie frutífera que

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 43


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

se está trabalhando. A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que seja o método
utilizado, leva consigo uma perda mais ou menos importante das reservas contidas na
madeira suprimida e na diminuição do número de folhas, ou seja, de órgãos assimiladores
de carbono.
Nos primeiros anos de vida, toda a energia produzida é gasta para o próprio crescimento da
planta. Depois de formada as estrutura da planta, então começa a sobrar seiva elaborada,
que se transforma em reserva e é armazenada na planta. Desta maneira, a planta, através
destas reservas, pode transformar as gemas vegetativas em botões florais. Esta acumulação
é maior nos ramos novos e finos do que nos ramos velhos e grossos. O equilíbrio entre a
fase vegetativa e reprodutiva onde se considera a relação entre o carbono e o nitrogênio nas
diferentes fases da vida da planta.
4.5. Hábito de frutificação das principais espécies frutíferas

Afim de entender as necessidades da poda das plantas cultivadas, é necessário um


conhecimento prático dos seus hábitos de frutificação. De acordo com a natureza que
possuem, as plantas frutíferas podem ser divididas em três tipos:
4.5.1 Plantas que produzem em ramos especializados

Só produzem em ramos especializados, os demais ramos dessas plantas produzem brotos


vegetativos e folhas. Ex.: macieiras e pereiras. Esses ramos especializados são geralmente
curtos e muitos deles denominados esporões, podendo apresentarem as seguintes
denominações:
Dardos - são estruturas pequenas e pontiagudas, com entrenós muito curtos. Apresentam
uma roseta de folhas na extremidade, pouco maior que uma gema.
Lamburda - ramo curto com nodosidades na base, sem gemas laterais, podendo terminar
em gemas vegetativas ou de frutas (coroadas).
Bolsa - parte curta, inchada, constituída por tecido pouco diferenciado, porém com grande
acumulação de substâncias nutritivas, que se formam no ponto de união da fruta colhida
com o ramo. É um órgão de transição que pode dar origem a novas gemas florais, dardos,
lamburdas, brindilas ou vários deles de cada vez. Geralmente, são formadas a partir de um
esporão depois de vários anos.
Brindilas - são ramos finos, com diâmetro de 3 a 5mm e comprimento em torno de 20cm.
Na ponta, podem apresentar um dardo, gema vegetativa ou floral.
Botão floral - forma arredondada e destacado, em geral apresenta maior volume do que as
gemas vegetativas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 44


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura: Principais tipos de ramos especializados encontrados em plantas frutíferas.


Foto:José Carlos Fachinello
4.6. Modalidades de poda

A poda acompanha a planta desde o início da vida até a sua decrepitude. As necessidades
de poda vão sofrendo alterações à medida que a idade da planta vai avançando. Poda de
formação
A poda de formação é realizada nos primeiros anos de vida da planta, o que, para a maioria
das plantas frutíferas, se prolonga até o 3o ou 4o ano. Durante esta etapa não se busca a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 45


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produção e sim uma estrutura de ramos suficientemente fortes para poder resistir o peso
das colheitas sem romperem-se. Assim, é essencial o desenvolvimento de bifurcações fortes
e ramos bem espaçados. Procura-se uma arquitetura que propicie um ótimo aproveitamento
da radiação solar e boa produção por planta.
Poda de frutificação

É iniciada depois que a copa está formada. Para praticá-la, tem-se a necessidade de
conhecer a constituição dos órgãos da planta para saber o que se elimina e porque se
elimina. Assim, assegura-se uma regularidade e melhora da frutificação através de um
controle rigoroso do equilíbrio entre as funções vegetativa e reprodutiva.
A importância da poda de frutificação está intimamente relacionada com o hábito de
frutificação da planta. Assim sendo, a poda de frutificação é mais importante para aquelas
espécies que produzem em ramos novos, ou seja, ramos do ano, como é o caso da figueira,
da videira e do quivizeiro. A poda de frutificação também é importante porque é responsável
pela manutenção do equilíbrio entre a parte vegetativa e a parte produtiva da planta, com
isso é possível evitar diversos problemas que ocorrem quando as plantas apresentam
produções desequilibradas.
A poda de frutificação é bastante variável com a espécie, cultivar, espaçamento, vigor da
planta, estado nutricional e fitossanitário, condições climáticas, épocas, entre outras. Isso
faz com que, para algumas espécies, como a macieira, a poda de frutificação seja importante
para algumas cultivares e, para outras, possa até não ser realizada.
Poda de rejuvenescimento

Tem por finalidade livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, atacados por pragas ou
renovar a copa através do corte total da mesma, deixando-se apenas as ramificações
principais, com isso pode-se reativar a produtividade perdida. Este tipo de poda é frequente
em pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, como, por exemplo, laranjeiras,
macieiras e pereiras. Normalmente, cortam-se as pernadas principais, deixando-se com 40
a 50cm, e, posteriormente, seleciona-se os ramos que irão permanecer, através da poda
verde. Estes cortes maiores são realizados no inverno, ocasião em que são aplicadas pastas
fungicidas no local que foi cortado.
Poda de limpeza

É uma poda leve, constituindo-se na retirada de ramos secos, atacados por doenças, pragas
ou mal localizados. É realizada em frutíferas que requerem pouca poda, como é o caso de
laranjeiras, jabuticabeiras, mangueiras, entre outras. Esta prática normalmente é realizada
em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como no

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 46


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

caso das plantas cítricas, logo após a colheita das frutas.

CAPÍTULO 5 – PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS EM FRUTICULTURA PRAGAS DA


MANGUEIRA
Moscas das frutas - Ceratitis capitata e Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae)

As moscas-das-frutas fazem parte de um grupo de pragas responsável por grandes


prejuízos econômicos na cultura da mangueira, não só pelos danos diretos que causam à
produção, como, também, pelas barreiras quarentenárias impostas pelos países
importadores. A. obliqua é a principal mosca-das-frutas que ataca a manga. No Vale do São
Francisco C. capitata (Figura 1) é a espécie mais comum, contudo, além dessa espécie, são
relacionadas onze espécies do gênero Anastrepha (Figura 2):

Fig. 1. Adulto de Ceratitis Fig. 2. Adulto de Anastrepha

Os ovos das moscas-das-frutas são introduzidos, por meio do ovipositor, abaixo da casca
do fruto, de preferência ainda imaturos. No local onde são depositados, pode ocorrer
contaminação por fungos ou bactérias, o que resulta no apodrecimento local do fruto.
Aproximadamente dois dias após a postura, eclode a larva, que passa a se alimentar da
polpa do fruto hospedeiros, reduzindo sua qualidade e tornando-o impróprio para consumo
in natura, comercialização e industrialização.
1.1. PRAGAS SECUNDÁRIAS DA MANGUEIRA

1. PRAGAS DA INFLORESCÊNCIA E DE FRUTOS

Tripes - Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae) No Vale


do São Francisco, S. rubrocinctus (Figura 3) e F. schultzei são as espécies mais comuns de
tripes que atacam a mangueira. Espécies do gênero Frankliniella têm sido relatadas
ocasionando danos em panículas, por sua alimentação em nectários e anteras de flores, que

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 47


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

poderá resultar em perda prematura de pólen (Peña and Mohyuddin, 1997). S. rubrocinctus
e F. schultzei também têm sido reportados danificando frutos.
Em altas infestações o dano é visível na casca dos frutos, que apresentam manchas ou
rachaduras que depreciam o seu valor com comercial (Barbosa et al., 2000a; Brandão &
Boaretto,1999).

Fig. 3. Adulto de Selenothrips

Lagartas - Pleuroprucha asthenaria (Lepidoptera: Geometridae) e Cryptoblabes gnidiella


(Lepidoptera: Pyralidae).
Alimentam-se de pétalas e ovários de flores, resultando no secamento parcial ou total da
inflorescência com consequente diminuição da frutificação. Frutos pequenos e o pedúnculo
podem, ainda, apresentar a superfície da epiderme danificada pelas larvas, levando a queda
ou amadurecimento precoce. A presença destas lagartas é maior em inflorescências
compactadas pelo uso do paclobutrazol ou, infectadas pelo fungo Fusarium spp., (agente da
malformação floral), ambiente favorável ao ataque da praga.
C. gnidiella (Figura 5) também é uma praga comum em videiras na nossa região (Moreira et
al., 2004) enquanto P. asthenaria (Figura 6) tem sido relatada em inflorescências e grãos de
sorgo, na Colômbia (Pulido, 1979).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 48


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 5. Larva de Cryptoblabes gnidiella. Fig. 6. Larva de Pleuroprucha sp.


Cochonilhas
As cochonilhas Aulacaspis tubercularis (Figura 7), Saissetia oleae, Pinnaspis sp. e
Pseudococus sp., infestam os frutos da mangueira, podendo ocasionar exsudação de látex,
manchas e deformações nos frutos, desqualificando-os para fins comerciais (Peña, 2004;
Icuma & Cunha, 2001; Gallo et al., 2002).
A.tubercularis é considerada a espécie mais importante nos pomares destinados à
exportação (Nascimento et al., 2002). De acordo com Souza Filho et al (2004), há indícios
de que o orifício feito para a sua alimentação no fruto, favorece a penetração de patógenos
de pós-colheita.

Fig. 7. Aulacaspis tubercularis


Pulgões - Aphis gossypii, A. craccivora e Toxoptera aurantii (Hemiptera: Aphididae)

A ocorrência de pulgões em mangueira, em condições de campo, não é comum. Entretanto,


em plantios comerciais no Submédio São Francisco, observam-se infestações de afídeos
causando danos às plantas. São insetos sugadores, polífagos e podem estar em outras
culturas ou colonizando plantas invasoras, localizadas próximas ou no interior do pomar
(Barbosa et al., 2005; Ferreira & Barbosa, 2002).
Ao alimentarem-se da seiva, injetam na planta substâncias tóxicas, que provocam o o
secamento e a queda de flores, reduzindo, consequentemente, a produção de frutos. Além
disso, há redução da capacidade fotossintética da planta, devido à ocorrência de fumagina
(Barbosa et al., 2001b).
Formigas cortadeiras - Atta sexdens, Atta laevigata e Acromyrmex spp. (Hymenoptera,
Formicidae)
As formigas cortadeiras podem causar severas desfolhas em mudas, ainda nos viveiros e
em pomares em formação. Quando não controladas, após a transferência das mudas para

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 49


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

o campo, retardam o desenvolvimento e podem causar até morte de plantas (Cunha et al.,
2000).
PRINCIPAIS DOENÇAS DA MANGUEIRA

As principais doenças que ocorrem na região do Submédio São Francisco estão descritas a
seguir:
Antracnose (anamorfo Colletotrichum gloeosporioides

teleomorfo Glomerella cingulata)

É considerada uma das doenças mais frequentes e responsáveis pelas maiores perdas
econômicas em áreas produtoras de manga no mundo, necessitando, em certas ocasiões,
de tratamento pós-colheita. Alta severidade da antracnose ocorre em locais ou épocas onde
há frequência de chuvas e predominância de alta umidade relativa. No Semiárido nordestino,
sua importância é restrita às épocas em que a floração e o desenvolvimento de frutos,
coincidem com a ocorrência de chuvas.
Sintomatologia

Os períodos críticos de maior suscetibilidade da mangueira às infecções por C.

gloeosporioides são: fase de florescimento, frutificação, emissão de folhas novas e gemas


florais. São nessas ocasiões em que o patógeno pode causar queima de panículas,
mumificação de frutos e necroses em folhas (Figuras 1 e 2).
Fotos: Lopes, D. B.

Fig. 1. a) Sintoma de antracnose em frutos jovens e, b) em folhas.

Fotos: Batista, D. da C. (a); Lopes, D. B. (b).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 50


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 2. a) Sintomas de antracnose em folhas jovens e, b) em panícula.


Sintomas em folhas são inicialmente manchas pequenas, de contorno arredondado ou
irregular e coloração marrom escura, cerca de 1 mm a 10 mm de diâmetro, que podem surgir
tanto nas margens como o centro do limbo foliar, e em ambos os lados da folha. Em
condições de alta umidade, estas manchas ficam maiores e podem causar o rompimento do
limbo.
Infecções em brotações e/ou ramos novos, desenvolvem manchas necróticas e escuras,
que podem evoluir para um secamento descendente, da ponta para a base, causando
desfolha do ramo. Em inflorescências, surgem pontuações escuras que se tornam
alongadas e profundas, provocando a morte de flores e queda de frutos jovens.
Quando a infecção é em frutos, o patógeno pode permanecer quiescente e os sintomas
surgirem durante o amadurecimento em pós-colheita (Figura 3). Durante o amadurecimento,
manchas marrom-escuras a pretas, geralmente arredondadas e levemente deprimidas
podem se desenvolver em qualquer parte do fruto. Com a evolução dos sintomas, as
manchas se tornam maiores e mais deprimidas, com pequenas rachaduras em certos casos,
levando ao apodrecimento do fruto.
Fotos: Batista, D. da C.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 51


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 3. Sintomas de antracnose em mangas.


Aspectos epidemiológicos e controle

A disseminação da doença pode ocorrer a partir de lesões em folhas, panículas ou frutos


que servem como fonte de inóculo para infecção em órgãos sadios. Essa disseminação
ocorre, principalmente, por respingos de água (chuva, orvalho ou irrigação). O patógeno
também sobrevive sob lesões em folhas velhas, ramos verdes ou secos, inflorescências ou
panículas presas à planta. A infecção ocorre, principalmente, na presença de água livre ou
umidade relativa acima de 90%, sendo que a infecção depende da temperatura.
Temperaturas altas, em torno de 28 oC, são mais favoráveis às infecções de C.

gloeosporioides. Períodos chuvosos e encobertos ou de orvalho prolongado coincidindo com


o florescimento são condições ideais para a ocorrência de epidemias de antracnose.
O patógeno possui vários hospedeiros alternativos, desde plantas silvestres a cultivadas, a
exemplo da goiabeira, abacateiro, morangueiro, maracujazeiro, mamoeiro, etc. Além de
aplicações de fungicidas (cúpricos, mancozebe, tiofanato metílico e tebuconazole), é
recomendada a adoção de práticas culturais para reduzir o nível de inóculo e as condições
favoráveis à doença. Entre as medidas recomendadas, destacamse: eliminar ramos
doentes; indução em épocas em que a floração não coincida com períodos chuvosos;
realizar podas que propiciem boas condições de arejamento; efetuar limpeza do pomar,
retirando e queimando restos de cultura contaminados; não deixar frutos infectados nas
plantas; fazer o tratamento químico pós-colheita com procloraz ou o hidrotérmico com
temperatura de 52 oC durante 5 minutos.
Oídio (Oidium mangiferae)

O oídio denominado, pelos produtores, de cinza, é uma doença muito comum em pomares
de mangueiras. As fases críticas para ocorrência de epidemias são: emissão de folhas
novas, florescimento e início de frutificação. Na região semiárida do Vale do São Francisco,
a intensidade da doença é maior, principalmente no segundo semestre.
Sintomatologia

Inflorescências, folhas e frutos, ambos, ainda jovens são bastante suscetíveis. Quando a
infecção ocorre na inflorescência, as partes infectadas ficam recobertas por um crescimento
pulverulento branco-acinzentado (Figura 4). O pó branco-acinzentado é formado por
estruturas do patógeno (micélios, conidióforos e esporos). Com o desenvolvimento dessas
estruturas, as mesmas acabam danificando as inflorescências, acarretando sérios
abortamentos de flores e, consequentemente, comprometendo diretamente a produção da

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 52


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

mangueira. As ramificações das inflorescências e os frutos jovens também ficam recobertos


com as estruturas do fungo.
Fotos: Lopes, D. B.

Fig. 4. Sintomas de oídio em inflorescências da mangueira.


O pedúnculo de frutos, quando infectado pelo fungo, torna-se mais fino e quebradiço, o que
resulta em queda de frutos. Entretanto, os frutos à medida que se desenvolvem, tornam-se
resistentes à infecção. Folhas infectadas, além de ficarem recobertas pelo crescimento
branco-acinzentado, tornam-se deformadas e com aspecto de queima. Quando o sintoma é
muito severo pode ocorrer queda prematura de folhas.
Aspectos epidemiológicos e controle

O fungo O. mangiferae é um parasita obrigado, isto é, sobrevive apenas sob órgãos vegetais
vivos. Portanto, O. mangiferae sobrevive em tecido vivo da planta, tais como: folhas, ramos,
inflorescência, frutos ou gemas. Para epidemias de oídio as condições favoráveis são:
ambiente com baixa umidade relativa, temperaturas amenas e ocorrência de ventos, que
facilita a dispersão do fungo.
Para o controle da doença, é recomendado que o produtor intensifique o monitoramento
durante a fase de desenvolvimento das inflorescências para detecção dos primeiros focos.
Para o controle da doença, pode ser aplicado fungicida à base de enxofre, antes da abertura
das flores e início da frutificação. Aplicações de enxofre devem ser evitadas durante as horas
com temperaturas muito altas, pois o enxofre é fitotóxico nesta condição. Produtos dos
grupos químicos Triazol e Estrobilurinas são também eficientes.
Seca-da-mangueira (anamorfo Chalara sp.; teleomorfo Ceratocystis imbriata)

Dentre as doenças que ocorrem em mangueiras, a seca-da-mangueira, causada por

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 53


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Ceratocystis fimbriata pode levar à morte de plantas. A doença pode causar o declínio de
plantas em pomares de mangueira, como ocorrido em Jardinópolis, SP, onde dizimou
pomares das cultivares Haden e Bourbon nas décadas de 1950 e 1960. Em outras regiões
há registros dos mesmos prejuízos em consequência da morte de plantas em pomares
comerciais.
Sintomatologia

O sintoma mais típico da doença consiste em seca, iniciada a partir de ramos mais finos do
dossel, que progride lentamente em direção ao tronco da mangueira causando o anelamento
e a morte da planta (Figura 5). O quadro da doença em planta no campo caracteriza-se pelo
surgimento de sintomas de amarelecimento de folhas, murcha e seca dos galhos afetados
onde as folhas secas e de coloração palha ficam presas, contrastando com galhos sadios
no dossel da mangueira. O sintoma é, principalmente, constatado nas secções transversais
de ramos e troncos infectados, na forma de estrias radiais escuras, partindo da medula em
direção ao exterior do lenho e/ou da periferia do lenho para a medula. Embora menos
comum, o sintoma da seca-da-mangueira pode ter início a partir de infecções pelas raízes,
sem deixar sinais perceptíveis até a ocorrência de morte repentina da mangueira. Aspectos
epidemiológicos e controle
O fungo sobrevive em ramos secos presentes no solo e em diversas plantas que são
hospedeiros naturais. A ocorrência de lesões na parte aérea pode estar associada com a
dispersão do patógeno por pequenos besouros dos gêneros Hypocryphalus. A broca-da-
mangueira, H. mangiferae é o principal vetor de C. fimbriata. Numerosos orifícios (1 mm)
podem ser constatados nos ramos e tronco da mangueira, dos quais há liberação de resinas
e/ou serragem que, após cortes longitudinais ou transversais, revelam estrias de cor marrom.
O fungo também pode ser disperso através do solo aderido aos implementos agrícolas, pela
água de irrigação e, a longa distância, através de mudas contaminadas. Condições
ambientais com temperatura alta e períodos de precipitações prolongadas são condições
que favorecem a doença.
Fotos: Batista, D. da C.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 54


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 5. a) Seca do ramo causada por Ceratocystis fimbriata; b)


escurecimento do tronco da mangueira causado pela colonização por C.
fimbriata; c) mangueiras mortas; d) presença de pequenos orifícios,
próximos às lesões, feitos por coleobrocas.
As medidas de controle consistem, primeiramente, na prevenção da introdução do patógeno
em áreas isentas por meio de mudas. Portanto, a aquisição de mudas em viveiristas idôneos
e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é essencial.
Em áreas onde já ocorre o problema, devem ser realizadas inspeções periódicas do pomar
para a eliminação de plantas doentes. Ramos afetados devem ser eliminados com a
realização de cortes a 40 cm de distância da região de contraste entre tecido sadio e doente.
Materiais infectados ou plantas mortas devem ser imprescindivelmente queimados sem
nenhuma restrição, enquanto as regiões podadas devem ser protegidas com pasta cúprica.
Ferramentas utilizadas durante a operação de remoção de ramos e partes de plantas
afetadas devem ser desinfectadas em solução de hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo. A
estratégia mais recomendada para conter a seca-da-mangueira é a resistência genética,
pois não há fungicidas registrados para o controle dessa doença.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 55


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Algumas variedades são citadas como resistentes: Carabao, Manga d’água, Pico, IAC 101
Coquinho, IAC 102 Touro, IAC 103 Espada Vermelha, IAC 104 Dura, Jasmim, Rosa, Sabina,
Oliveira Neto, São Quirino, Van Dyke, Keitt, Espada, Sensation, Kent, Irwin e Tommy Atkins.
Morte descendente ou seca-de-ponteiros (Lasiodiplodia theobromae)

Essa doença já foi constatada em vários países produtores de manga do mundo, e sua
importância tem sido maior em condições semiáridas. No Vale do São Francisco, a
incidência tem aumentado nos últimos anos, o que é atribuído às condições da planta
durante a indução floral, pois altas incidências da doença são observadas em condições de
estresse hídrico e nutricional. A lista de espécies hospedeiras de L. theobromae é bastante
extensa, incluindo espécies frutíferas como cajueiro, coqueiro, goiabeira, videira,
maracujazeiro, pinha, cana-de-açúcar e etc.
Sintomatologia

O fungo causa seca-de-ponteiros (Figura 6), queima de inflorescências, abortamento de


frutos e, também, podridão peduncular em manga durante a póscolheita. Em ramos verdes,
causa lesões escuras de forma irregular, não deprimida, geralmente associada à base do
pecíolo da folha. Sintoma semelhante pode ser observado nas gemas apicais, com frequente
exsudação de goma. Os sintomas em ramos evoluem para uma seca e morte do ponteiro,
onde as folhas secam e ficam presas ao ramo. Caso os ramos infectados não sejam
retirados da planta, a infecção pode progredir lentamente de cima para baixo, deixando toda
área afetada necrosada. A seca pode progredir para os ramos mais velhos, tronco e até
matar a planta. Geralmente, quando esse tipo de sintoma é detectado, a planta já está
debilitada e de difícil recuperação.
Fotos: Batista, D. da C (a); Lopes, D. B. (b).

Fig. 6. Sintomas de seca-de-ponteiros causados por Lasiodiplodia


theobromae.(Fotos: Diógenes da Cruz Batista; Daniela B. Lopes).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 56


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O fungo pode causar morte de mudas quando a infecção se dá na região da enxertia. Nas
inflorescências, ocorrem lesões escuras e morte de frutos jovens. A infecção ocorre
frequentemente na ponta da raque e progride da ponta para a base, causando o secamento
da inflorescência. Em frutos jovens, por meio do pedúnculo, a doença provoca podridão e
queda dos mesmos. Em frutos maduros, o patógeno causa uma podridão de aspecto mole
e aquoso, deixando os frutos imprestáveis para o consumo. Semelhante à antracnose, a
infecção pode permanecer quiescente na região do pedúnculo, em frutos maiores,
manifestando-se em pós-colheita.
Aspectos epidemiológicos e controle

O fungo L. theobromae sobrevive como saprófita em ramos secos, restos de inflorescências,


frutos mumificados e material vegetal podado, onde pode se reproduzir abundantemente,
principalmente sob condições de alta umidade (por exemplo, restos de cultura próximos aos
microaspersores). O fungo penetra na planta principalmente por ferimentos causados pela
prática da poda, outras doenças e pragas. As condições mais favoráveis ao desenvolvimento
do fungo são temperaturas em torno de 30 oC a 35 oC.
Para o controle da doença, recomendam-se as seguintes práticas: realizar podas de limpeza
após a colheita; proteger as áreas podadas, com pasta cúprica; desinfectar as ferramentas
de poda; eliminar plantas mortas ou muito doentes; adubar e irrigar adequadamente o pomar,
evitando-se que a água atinja o tronco das plantas; evitar o estresse hídrico ou nutricional
prolongado; controlar insetos, principalmente a mosquinha, que possam causar ferimentos
às plantas; utilizar fungicidas à base de cobre, tiofanato metílico ou carbendazim e
mancozeb.
Malformação floral e vegetativa (Fusarium subglutinans)

A malformação ou embonecamento é um dos mais sérios problemas fitossanitários da


mangueira em diversas regiões produtoras em todo o mundo, podendo ocasionar perdas na
produção de até 86%. A incidência da doença na região do Vale São Francisco é variável,
mas pode afetar 100% das plantas em pomares pouco manejados, ocasionando perdas de
produção bastante significativas.
Sintomatologia

Sintoma de embonecamento ocorre por causa da redução no comprimento do eixo principal


e surgimento de ramificações secundárias na panícula, gerando um aspecto de cacho que
lembra uma boneca de pelúcia (Figura 7a), daí o nome popular adotado pelos produtores e
denominado “embonecamento”. As inflorescências malformadas ou embonecadas não

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 57


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produzem frutos, pois ocorre uma alteração nas flores que, ao invés de hermafroditas, se
tornam estaminadas. Panículas malformadas ficam retidas na planta e, se não forem
retiradas, escurecem e necrosam, servindo como fonte de inóculo para reprodução do
patógeno.
Infecção em ramos vegetativos também causa um superbrotamento dos mesmos, e decorre
do grande número de brotos oriundos das gemas axilares do ramo principal. Ramo infectado
apresenta internódios curtos, folhas rudimentares e grande número de gemas intumescidas
que não chegam a brotar, gerando também uma estrutura de aspecto compacto (Figura 7b).
Fotos: Lopes, D. B.

Fig. 7. a) Sintomas de malformação floral e b) vegetativa causados por Fusarium


subglutinans.
A doença pode ser disseminada pela prática da enxertia, ao utilizar material propagativo
infectado. A disseminação da doença dentro de um pomar é favorecida pela ocorrência de
ventos, principalmente em pomares onde a inflorescência ou os ramos malformados não são
retirados.
O período de incubação da doença, ou seja, o intervalo entre a infecção do tecido e a
manifestação dos sintomas, pode variar de semanas a meses. Em trabalhos, sob condições
controladas, verificou-se que os sintomas surgiram entre 6 a 8 semanas. Durante estudos
realizados em fazendas de Petrolina, PE, verificou-se que a maior dispersão de esporos do
fungo ocorre após período de alta umidade associado a temperaturas altas. Outro aspecto
importante relacionado à intensificação da doença é a associação do fungo com o
microácaro Aceria mangiferae, que ao alimentar-se das gemas apicais favoreçam a infecção
do fungo, em virtude das aberturas de ferimentos.
Algumas práticas de manejo necessitam ser adotadas em conjunto para reduzir a ocorrência
da doença, tais como: fazer vistoria periódica do pomar e viveiros para eliminar material
vegetal sintomático; não usar material de propagação doente na formação de mudas;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 58


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

eliminar mudas doentes; podar e destruir ramos e panículas infectados; queimar panículas
e ramos retirados das plantas. A variedade Rosa é considerada resistente, enquanto ‘Tommy
Atkins’, ‘Van Dyke’, ‘Palmer’e a ‘Haden’suscetíveis.
É uma doença que pode afetar ramos, folhas, inflorescências e frutos. Ocorre,
principalmente, durante períodos em que altas temperaturas coincidem com chuvas ou
períodos úmidos prolongados. Em regiões com predominância de baixa umidade e pouca
precipitação pluviométrica, sua ocorrência é baixa e não causa sérios prejuízos. No Estado
de São Paulo, onde os relatos dessa doença é mais severa, os danos podem ser superiores
a 70%. Nas condições do Submédio do Vale São Francisco, ocorrência da bactéria é baixa
e as perdas insignificantes.
Sintomatologia

Os sintomas em folhas têm início com o encharcamento do tecido, seguido do


desenvolvimento de lesões angulares e limitadas pelas nervuras, com a presença ou não de
halo amarelado. Geralmente, as lesões são menores que 0,5 cm2, podendo coalescer e
formar grandes áreas necróticas, causando a desfolha. Lesões podem surgir nas nervuras
e em pecíolos de folhas, em forma de manchas escuras irregulares e alongadas, onde
futuramente se formam cancros. Em ramos e panículas podem se desenvolver lesões
semelhantes. Nos frutos, as lesões surgem como pequenas manchas encharcadas
(aspecto úmido) sob as lenticelas. As manchas são de coloração verde-escuras que
posteriormente se tornam enegrecidas. Essas manchas têm um aspecto de estrela, rompe-
se e exsuda uma goma bacteriana infecciosa.
Aspectos epidemiológicos e controle

Semelhante ao fungo C. gloeosporioides, as células bacterianas de X. campestris pv.


mangiferaeindicae são dispersas por respingos de água, que pode ser oriunda da chuva ou
irrigação. A doença pode ser disseminada também, por insetos como as moscas das frutas
e por sementes contaminadas. A penetração da bactéria no hospedeiro acontece por meio
de ferimentos ou aberturas naturais (lenticelas e estômatos). Condições ambientais como
temperatura e umidade altas são favoráveis à doença; ventos fortes ou granizos, por causar
ferimentos, são fatores que também favorecem a contaminação.
A disseminação da doença entre plantas se dá, primariamente, pelos respingos de água da
chuva ou irrigação que dispersam a bactéria para plantas vizinhas. A chuva é o fator climático
que mais se correlaciona com a incidência da doença.
Além das práticas culturais mencionadas anteriormente para as demais doenças, a
produção de mudas isentas da doença é essencial para o manejo integrado. Medidas como

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 59


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

o uso de quebra vento, remoção de órgãos infectados que servem como fontes de inóculos
e aplicações de produtos à base de cobre são igualmente importantes.
Entretanto, o uso de cúpricos ajuda apenas a reduzir a população epifítica localizada na
superfície da planta, porém, não tem efeito curativo. Como a presença de água livre é um
pré-requisito para infecções bacterianas, a região semiárida se destaca pela baixa incidência
da doença.
Patógenos emergentes

A utilização de práticas inadequadas de manejo no cultivo da mangueira tem favorecido a


intensificação de outras doenças que possuíam pouca importância no Submédio do Vale
São Francisco, as quais são causadas por Alternaria alternata, Fusicoccum aesculis e
Neofusicoccum parvum. Uma característica comum, entre esses patógenos, é que eles
causam perdas pós-colheita. Os sintomas em manga variam com o fungo envolvido na
infecção e com a região da manga infectada.
Normalmente, a podridão tem origem a partir da infecção do pedúnculo ou da superfície do
fruto. Mais de um fungo podem estar associados com a podridão peduncular. Além das
podridões causadas por L. theobromae e C. gloeosporioides, é comum observar infecções
por A. alternata, F. aesculis e N. parvum. Infecções em manga, a partir do pedúnculo por L.
theobromae, F. aesculis e N. parvum, origina sintoma de podridão que é impossível distinguir
o agente causal (Figura 8a). Por outro lado, infecções na superfície da manga por A.
alternata, F. aesculis e N. parvum originam manchas que podem ser confundidas, pelo
agricultor, com a antracnose (Figuras 8b e 9).
Alternaria alternata afeta folhas, induzindo a formação de manchas escuras e arredondadas,
perceptíveis mais facilmente na parte inferior da folha. No fruto, lesão similar se desenvolve
ao redor das lenticelas, tendo a lesão uma profundidade inicial de apenas 1 mm a 2 mm sem
apresentar amolecimento (Figura 9). Sob condições de umidade, a lesão se desenvolve,
tornando-se deprimida com reprodução do patógeno no centro da lesão. Sintomas de
podridão de Alternaria são mais restritos que os da antracnose.
Os fungos F. aesculis e N. parvum causam, também, sintomas de queima de inflorescência,
morte-descendente e declínio (Figura 10) da mangueira que podem ser confundidos por
aqueles causados por L. theobromae. Para esses tipos de patógenos a eliminação de fontes
de inóculos, a exemplo de órgãos infectados (frutos, ramos, folhas e panículas) é essencial
para o sucesso do programa de manejo fitossanitário, pois o controle químico somente não
proporciona resultados satisfatórios, caso a pressão de inóculo e, consequentemente, a taxa
de infecção seja alta.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 60


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fotos: Terao, D. (A); Batista, D. da C. (B)

Fig. 8. a) Sintomas de podridão peduncular e, b) manchas em mangas causados


por Fusicoccum parvum.

Fotos: Batista, D. da C.

Fig. 9. Sintomas de manchas em mangas causadas por Alternaria alternata.

Fotos: Tavares, S. C. C. H.; Batista, D. da C.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 61


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 10. a) Sintomas de declínios (infecções no tronco) causados por


Lasiodiplodia theobromae e, b) Fusicoccum aesculis (B).

PRINCIPAIS PRAGAS MELÃO

A cultura do melão, Cucumis melo L., expandiu-se muito no Nordeste brasileiro, durante os
últimos anos. Trata-se de importante opção agrícola nos pólos irrigados. Dessa forma, as
maiores áreas cultivadas com melão encontram-se nos estados do Ceará, Rio Grande do
Norte (Mossoró e Vale do Rio Açu), Pernambuco (Petrolina) e Bahia (Juazeiro). Essas
regiões são reconhecidamente áridas; entretanto, apesar dessa condição, algumas pragas
têm-se destacado e causado muitos problemas aos produtores. A cultura do melão não tem
muita importância nos estados da região Centro-Sul devido, provavelmente, às dificuldades
de cultivo durante o período das águas (verão) e à sensibilidade da cultura às baixas
temperaturas.
Mosca-branca – Bemisia tabaci, biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae)

Trata-se de uma das pragas de maior Socioeconomia para cultura do meloeiro no

Brasil (Figura 1). Este inseto apresenta alto potencial biótico, elevada capacidade de
adaptação a novos hospedeiros, diferentes condições climáticas e grande capacidade para
desenvolver resistência aos inseticidas. Estes fatores fazem com que seu controle seja
dificultado.
Os fatores climáticos são condicionantes para o desenvolvimento da moscabranca. Altas
temperaturas e baixa umidade relativa do ar favorecem seu desenvolvimento. A
disseminação da praga ocorre mais frequentemente pelo transporte de partes vegetais de
plantas infestadas de um local para outro.

Fotos: José Adalberto de Alencar

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 62


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 1. a) Adultos de mosca-branca em meloeiro; b) ninfas (fase jovem) de mosca-branca em


meloeiro.
Danos

A mosca-branca pode ocasionar danos diretos e indiretos na cultura do meloeiro. Os danos


diretos são causados pela sucção da seiva da planta e inoculação de toxinas pelo inseto,
provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, reduzindo o
peso, o tamanho e o grau Brix dos frutos e prolongando o ciclo da cultura. Em ataques
severos pode ser observado o amarelecimento das folhas mais velhas enquanto em plantas
jovens ocorre a seca das folhas e, dependendo da intensidade da infestação, até mesmo
morte de plantas.
Além disso, grande parte do alimento ingerido é excretado na forma de um líquido
semelhante a mel, que serve de meio de crescimento para um fungo saprófita de coloração
negra (fumagina) que recobre as partes vegetais interferindo no processo de fotossíntese
da planta. Contudo, o maior problema causado pela mosca-branca à cultura do meloeiro
está relacionado com os danos indiretos, pela transmissão do vírus causador do amarelão.
Táticas de controle
O planejamento para adoção do manejo da mosca-branca no meloeiro deve ser feito antes
da realização dos plantios, pois trata-se de uma cultura suscetível à essa praga, e que, na
maioria dos casos, segue um modelo de exploração dependente do mercado, ou seja,
realizando-se cultivos escalonados, o que dificulta um bom manejo fitossanitário. Este
manejo deve ser baseado em medidas preventivas e curativas.
As medidas preventivas visam dificultar ou retardar a entrada do inseto na área, bem como
eliminar as suas fontes de abrigo, de alimento e de reprodução. Medidas que favoreçam o

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 63


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

equilíbrio biológico no agroecossistema, também, devem ser consideradas antes e após a


implantação da cultura.
As principais medidas preventivas para o controle e/ou convivência com a mosca-branca
são: a) planejar os plantios de forma que sejam feitos na direção contrária à dos ventos
predominantes. Assim, os plantios novos serão menos infestados pela mosca-branca
oriunda do plantio mais velho; b) fazer plantios isolados ou utilizar como cerca-viva, plantas
não hospedeiras da praga (sorgo, capim-elefante, etc.), intercaladas, ao redor do plantio ou
do lado do vento predominante; c) eliminar fontes de inóculo como maxixe, abóbora,
melancia, ervas daninhas hospedeiras da praga ao redor da área a ser plantada; d) iniciar o
preparo do solo, mantendo a área limpa, pelo menos 30 dias antes do plantio; e) não
intercalar o plantio com culturas suscetíveis à praga; f) rotação de culturas com plantas não
suscetíveis; g) após o plantio, manter a área isenta de plantas hospedeiras da praga, no
interior e ao redor da cultura; h) não permitir cultivos abandonados nas proximidades da área
cultivada; i) eliminar os restos culturais imediatamente após a colheita.
Como medida curativa, pode-se adotar o controle químico, porém, considerando-se o uso
das substâncias químicas dentro de um programa de manejo integrado de pragas (MIP),
pois, o uso exclusivo, não criterioso e contínuo de inseticidas não é a solução permanente
para o controle da mosca-branca. Os produtos a serem utilizados no controle químico devem
ser aqueles registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para
a cultura do meloeiro, respeitandose as doses indicadas e o período de carência de cada
produto.

Amostragem

O processo de amostragem deve ser realizado de preferência em horário com temperatura


do dia mais amena, geralmente, de 6h às 9h. Para o adulto, amostrar uma folha do terceiro
nó, a partir do ápice do ramo, observando-se, a parte inferior da folha. Para as ninfas,
amostrar uma folha do oitavo ao décimo nó do ramo, observando-se, com auxílio de uma
lupa de bolso, uma área de uma polegada quadrada na face inferior da folha, próxima à
nervura central.
Nível de controle

Dois insetos adultos, quando na presença de sintomas de ataque do vírus do amarelão e


dez insetos adultos, na ausência de sintomas do amarelão. Pelos resultados de pesquisa
com a mosca-branca, constataram-se que o nível de controle encontra-se dentro de uma

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 64


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

faixa que é definida em função da variedade e/ou híbrido utilizado, condições climáticas,
bem como condições nutricionais da planta.
Brocas-das-cucurbitaceas – Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata

(Lepidoptera: Pyralidae)

As lagartas podem atingir até 20 mm de comprimento (Figura 2). Contudo, Diaphania nitidalis
e Diaphania hyalinata, são espécies que diferem quanto à coloração dos adultos. D. nitidalis
tem coloração marrom-violácea, com as asas apresentando uma área central amarelada
semitransparente e os bordos marrom-violáceos (Figura 3), enquanto que a D. hyalinata tem
asas com áreas semitransparentes, brancas e a faixa escura retilínea nos bordos (Figura 4).
A postura é feita nas folhas, ramos, flores e frutos. O período larval é de aproximadamente
10 dias. O ciclo evolutivo completo é de 25 a 30 dias.

Fotos: José Adalberto de Alencar.

Figura 2. Lagartas da broca-das-cucurbitáceas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 65


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 3. Adulto de Diaphania nitidalis.

Figura 4. Adulto de Diaphania hyalinata

Danos

As lagartas atacam folhas, brotos, ramos, flores e frutos. Quando o ataque é severo,
observa-se na polpa dos frutos abertura de galerias tornando-os inviáveis à comercialização.
A espécie D. nitidalis ataca os frutos em qualquer idade, enquanto D. hyalinata ataca,
geralmente, as folhas, causando desfolha total da planta, quando em altas populações
(Figura 5).

Figura 5. Folha de meloeiro apresentando danos pelo ataque de lagarta da broca-

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 66


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

dascucurbitáceas.
Táticas de controle

O controle das brocas-das-cucurbitaceas é efetuado, basicamente, com uso de inseticidas.


A ação desses agroquímicos no controle de D. nitidalis é dificultada, pela preferência das
lagartas pelas flores e frutos, onde penetram rapidamente. As lagartas de D. hyalinata são
controladas mais facilmente, pelo fato de terem preferência pelas folhas. Vários princípios
ativos são registrados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para
o controle dessas lagartas e, poderão ser encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br.
Na presença de lagartas nos primeiros estádios de desenvolvimento, a pulverização com
Bacillus thuringiensis pode apresentar elevada eficiência sem acarretar impacto negativo
sobre os inimigos naturais e sem deixar resíduos nos frutos.
Amostragem

Avaliar 20 pontos em ziguezague, com cada ponto correspondendo a uma planta. Nível de
controle
O nível de ação é alcançado quando se registrar a presença de três lagartas por planta, em
média, nos 20 pontos amostrados.
Pulgão – Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae)

Esse inseto apresenta um potencial biótico elevado, formando colônias em brotações e


folhas novas da planta. Porém, na escassez de alimento, há o aparecimento de formas
aladas que migram para outras plantas em busca de alimento e formação de novas colônias.

Danos

Os pulgões atacam brotações e folhas novas do meloeiro, sugando continuamente uma


grande quantidade de seiva. Em elevadas infestações, essas partes da planta tornam-se
deformadas, comprometendo o desenvolvimento da mesma. No entanto, o maior dano
causado pela praga ao meloeiro é a transmissão do vírus-domosaico, que compromete
totalmente o desenvolvimento da planta, principalmente se a transmissão ocorrer nas
primeiras fases de desenvolvimento da cultura.
Amostragem

Avaliar em cada ponto do total de 20, uma folha do quarto nó a partir do ápice do ramo.
Nível de controle

Sugere-se a presença de 10 insetos, em média, nos 20 pontos amostrados.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 67


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Táticas de controle

A aplicação de inseticidas para o controle do pulgão requer alguns cuidados e precauções,


pois, esse inseto é preso preferencial para os inimigos naturais das pragas. Recomenda-se
a não aplicação de produtos do grupo dos piretroides nas primeiras fases de
desenvolvimento da cultura, período no qual a presença de inimigos naturais começa a
ocorrer. Os produtos registrados pelo MAPA para o pulgão em meloeiro poderão ser
encontrados no site http://agrofit.agricultura.gov.br.
A eliminação de ervas daninhas hospedeiras do pulgão é uma importante medida de controle
cultural. No polo Petrolina, PE/Juazeiro, BA, constatou-se como ervas daninhas hospedeiras
deA. gossypii: beldroega (Portulacaoleracea L.), bredo (Amaranthus spinosus L.), pega-pinto
(Boerhaavia diffusa L.) e malva branca (Sida cordifolia L.).
Outras medidas alternativas de controle são citadas como auxiliares na redução
populacional da praga, tais como: a) efetuar os plantios em sentido contrário aos ventos; b)
culturas atrativas aos inimigos naturais, como o sorgo, que é uma das fontes de
desenvolvimento para a fauna benéfica; c) manutenção da vegetação nativa entre os talhões
para preservar a fauna e a flora benéfica; d) eliminação de plantas atacadas pelo vírus-do-
mosaico a fim de reduzir as fontes de inóculo dentro do cultivo e, e) utilização de quebra-
vento com plantas não hospedeiras da praga.
Moscas minadoras – Liriomyza sativae e Liriomyza huidobrensis (Diptera:

Agromyzidae)
Os adultos da mosca-minadora são insetos pequenos, com aproximadamente 2 mm de
comprimento, coloração preta, com manchas amarelo-claras na cabeça e na região entre as
asas. A larva da espécie L. sativae tem coloração amarelo-intensa, ao passo que a larva de
L. huidobrensis tem coloração branco-creme e é mais robusta. O período chuvoso é o mais
favorável para essa praga, ocorrendo o inverso em períodos com temperaturas elevadas.
Danos

A fase larval é a que causa prejuízos, pois o inseto abre galerias em formato de ziguezague
nas folhas, formando lesões esbranquiçadas (Figura 6). As galerias aumentam de tamanho
à medida que as larvas crescem. Um número elevado de minas nas folhas pode causar a
seca das mesmas e resultar na queima dos frutos pela exposição aos raios solares.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 68


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 6. Folha de meloeiro apresentando danos pelo ataque de L. sativae.

Táticas de controle

Em pesquisas realizadas na Embrapa Semiárido, observou-se uma eficiência de 100% no


controle da mosca-minadora em melão com a utilização do princípio ativo abamectin na dose
de 100 ml para 100 L de água, efetuando-se três pulverizações em intervalos de 10 dias,
sendo a primeira quando foi observado as primeiras folhas minadas na área. No entanto,
outros produtos registrados no MAPA para o meloeiro, poderão ser encontrados no site
http://agrofit.agricultura.gov.br.
Como controle cultural recomenda-se a destruição dos restos culturais e a não implantação
da cultura próxima de culturas hospedeiras da mosca-minadora, tais como, (feijão, ervilha,
fava, batatinha, tomateiro, berinjela, abóbora, melancia, pimentão, entre outras).
Amostragem

Avaliar a folha mais desenvolvida do ramo em 20 pontos amostrados.

Nível de controle

Sugere-se a presença de cinco larvas vivas, em média, nos 20 pontos amostrados.


Mosca-das-frutas – Anastrepha grandis (Diptera: Tephritidae)

Os adultos são de coloração amarela e medem cerca de 10 mm de comprimento. Apresenta


duas manchas nas asas, tendo a mancha anterior o formato de "S", enquanto a posterior
assemelha-se a um "V" invertido. Acredita-se que apenas as cucurbitáceas sejam
hospedeiras dessa espécie de mosca-das-frutas, pois, diversas e contínuas prospecções
foram, e estão sendo realizadas no Brasil, tendo sido verificada a presença de A. grandis em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 69


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

apenas três espécies de cucurbitáceas.


A presença dessa espécie de mosca-das-frutas em áreas de produção de melão pode
inviabilizar a exportação da fruta. Pois trata-se de uma praga de importância quarentenária.
Danos

As larvas, além de se alimentam da polpa dos frutos, danificando-os pela abertura, facilitam
a entrada de patógenos oportunistas, deixando-os impróprios tanto para o consumo in
natura, como para a industrialização. Os frutos atacados amadurecem prematuramente.
Amostragem

A. grandis deve ser monitorada com o uso de armadilhas do tipo McPhail. Devem ser
utilizadas três armadilhas por hectare, tendo como atrativo alimentar, proteína hidrolisada,
na proporção de 500 ml para 10 L de água e 200 ml desta solução por armadilha.
PRINCIPAIS DOENÇAS DO MELÃO

OÍDIO – Oidium spp. [Podosphaera xanthii]

O oídio do meloeiro é causado principalmente pelo fungo Oidium sp., fase imperfeita de
Podosphaera xanthii (=Sphaerotheca fuliginea). No Brasil ocorre apenas a forma imperfeita
do patógeno. O fungo afeta grande número de cucurbitáceas, tanto cultivadas quanto
selvagens, e existem várias raças fisiológicas que diferem quanto a capacidade de infectar
diferentes espécies de cucurbitáceas ou variedades de melão. Aparentemente, a raça 1
predomina no Brasil, contudo as raça 2, 3 e 4 já foram identificadas no Distrito Federal
(Kobori et al.;2002; Reis & Buso, 2004; Reis et al., 2005).

Figura 1. Sintomas de oídio em folhas de meloeiro com abundante esporulação na face


superior das folhas.
MÍLDIO - Pseudoperonospora cubensis

O míldio é causado por Pseudoperonospora cubensis, um oomiceto biotrófico pertencente à

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 70


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

família Peronosporaceae. Essa doença é considerada uma das mais importantes do


meloeiro no Brasil e ocorre também em outras cucurbitáceas cultivadas (pepino, melancia e
abóbora) e selvagens. A doença ocorre de forma endêmica durante o período seco e limita
a produção de melão no período chuvoso.
Os sintomas iniciam-se na face superior das folhas mais velhas, na forma de manchas
cloróticas, angulosas e encharcadas, que se desenvolvem no limbo foliar (Figura 2). Com o
progresso da doença, as manchas tornam-se marrons ou bronzeadas, e sob alta umidade,
crescem e se unem (coalescem), formando áreas necróticas de maior tamanho (Figura 3).
A folha torna-se completamente seca, porém continua aderida à planta.
Nestas áreas, na face inferior da folha, formam-se frutificações do patógeno
(esporangióforos e esporângios) de coloração verde-oliva a púrpura. A alta intensidade da
doença resulta em desfolhamento precoce e, consequentemente, em crescimento reduzido
da planta.

Figura 2. Manchas necróticas causadas por Pseudoperonospora cubensis em folhas de


meloeiro.
CRESTAMENTO GOMOSO - Didymella bryoniae (sin. Mycosphaerella melonis)

O crestamento gomoso, conhecido também como cancro da haste, é considerado uma das
mais importantes doenças do meloeiro, a qual pode ser encontrada em todas as regiões
produtoras de cucurbitáceas. É causada pelo fungo Didymella bryoniae, Anamorfo de Phoma

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 71


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

cucurbitacearum. O fungo ataca todos os órgãos aéreos da planta em qualquer estádio de


desenvolvimento. Em mudas, provoca necrose na região do colo e seu tombamento. Nos
cotilédones, provoca manchas necróticas circulares, que em pouco tempo destroem o órgão
e atingem o caule da plântula.

Figura 4. Crestamento-gomoso causado por Didymella bryoniae na haste e no colo do


meloeiro.
COLÁPSO ou MORTE SÚBITA – Monosporascus cannonballus

Dentre as principais doenças radiculares que afetam a produção comercial de melão,


destaca-se o colapso ou morte súbita, ocasionada pelo ascomiceto Monosporascus
cannonballus, considerada um dos fatores limitantes ao cultivo desta cucurbitácea em
diversos países. Perdas variam de ano para ano, de 10 a 25%, mas a safra de campos
individuais pode ser destruída completamente.
A doença inicia com uma podridão da raiz que evolui para uma súbita morte ou colapso das
plantas no campo, pouco antes da colheita. O fungo sobrevive no solo, onde os esporos
(ascósporos) germinam e penetram nas raízes secundárias, causando a morte destas.
Nesta fase a planta já começa a apresentar sinais de estresse hídrico, amarelecimento e
murcha das folhas. Com o progresso da doença ocorre a necrose progressiva de folhas e
toda a parte aérea da planta ou parte dela entra em colapso, podendo a planta morrer a
qualquer momento. Esse sintoma geralmente ocorre momentos antes da colheita, quando a
planta necessita de uma maior quantidade de água e o sistema radicular está apodrecido,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 72


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

não podendo suprir a necessidade de água da planta. As raízes atacadas adquirem uma
coloração pardo escurecida, com o córtex totalmente destruído.

CANCRO-SECO OU PODRIDÃO-DO-COLO – Macrophomina phaseolina

O cancro-seco ou podridão-do-colo é causado pelo fungo Macrophomina phaseolina e


ocorre principalmente na região do coleto das plantas e nas partes baixas das ramas. Os
sintomas iniciais da doença assemelham-se aos provocados por D. bryoniae, aparecendo
lesões aquosas de coloração marrom clara, com presença de gotículas de exsudado
translúcido de coloração marrom, que com o passar do tempo tornam-se de coloração mais
escura. Com o progresso da doença, a área afetada seca e adquiri um aspecto
esbranquiçado, com fendas longitudinais, dando a impressão de que a epiderme se separa
do restante da rama.
Para distinguir o cancro-seco do cancro-gomoso, fricciona-se o colo da planta na região
afetada. Tratando-se do cancro-seco ocorre o desfiamento dos tecidos, sendo o cancro-
gomoso, o colo da planta se despedaça. Em uma fase mais desenvolvida da doença podem-
se observar numerosos pontos negros, que são estruturas de resistência do patógeno
(esclerócios).
Na parte aérea, ocorre o amarelecimento das folhas, podendo apresentar manchas
necróticas das folhas, seguido do completo secamento destas. Assim como em míldio, as
folhas permanecem aderidas ao pecíolo. Raramente os sintomas podem ser encontrados
nos frutos. No entanto, quando ocorre a penetração pelo pedúnculo, em poucos dias o fungo
invade todo o fruto e surgem inúmeras pontuações negras; os esclerócios.
FUSARIOSE - Fusarium oxysporum f.sp. melonis

A murcha de Fusarium é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. melonis. A doença
é caracterizada por murcha e necrose nas folhas que, inicialmente, afetam a planta
unilateralmente e mais tarde atinge toda a planta. Outro sintoma característico é a redução
no desenvolvimento e o escurecimento vascular. Em plantas jovens a infecção pode levá-
las a morte.
A doença pode ocorrer sozinha ou juntamente com o cancro-gomoso. Neste caso, os danos
às plantas são bem mais sérios. As estruturas do patógeno sobrevivem durante vários anos
no solo e dão origem a novas infecções. A disseminação do patógeno pode ocorrer por meio
de partículas de solo transportadas por implementos agrícolas, irrigação e por outras práticas
agrícolas. Sementes infectadas podem disseminar o patógeno a longas distâncias.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 73


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

RHIZOCTONIA – Rhizoctonia solani

Além de Didymella bryoniae e Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani também pode causar
podridão do colo em meloeiro. A doença é favorecida por altas temperaturas e alta umidade
do solo. Nas plantas atacadas por R. solani, os sintomas iniciam-se por uma clorose e
posterior necrose das folhas basais. Posteriormente ocorre rápido murchamento ou declínio
da rama. Em ataques severos é possível que o fungo afete o colo da planta, causando
murcha.
BANANA Principais pragas e métodos de controle

Broca-do-rizoma - Cosmopolites sordidus (Germ.) (Coleoptera: Curculionidae)

É um besouro preto, que mede cerca de 11 mm de comprimento e 5 mm de largura. Durante


o dia, os adultos são encontrados em ambientes úmidos e sombreados junto às touceiras,
entre as bainhas foliares e nos restos culturais. Os danos são causados pelas larvas, as
quais constróem galerias no rizoma, debilitando as plantas e tornando-as mais sensíveis ao
tombamento. Plantas infestadas normalmente apresentam desenvolvimento limitado,
amarelecimento e posterior secamento das folhas, redução no peso do cacho e morte da
gema apical.

Figura 1. Adulto da broca-do-rizoma da Figura 2. Danos provocados pela larva da


bananeira. Foto: Nilton F. Sanches broca-do-rizoma da bananeira.

A utilização de mudas sadias (convencionais ou micropropagadas) é o primeiro cuidado a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 74


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ser tomado para controle dessa praga.


O emprego de iscas atrativas tipo telha ou queijo é bastante útil no monitoramento/controle
do moleque. Estas devem ser confeccionadas com plantas recém-cortadas (no máximo até
15 dias após a colheita). Recomenda-se o emprego de 20 iscas/ha (monitoramento) e de 50
a 100 iscas/ha (controle), com coletas semanais e renovação quinzenal das iscas. Os insetos
capturados podem ser coletados manualmente e posteriormente destruídos. As iscas
também podem ser tratadas com inseticida biológico à base de um fungo entomopatogênico
(Beauveria bassiana), dispensando-se, nesse caso, a coleta dos insetos.
Quanto ao emprego de inseticidas, estes podem ser introduzidos em plantas desbastadas e
colhidas através de orifícios efetuados pela lurdinha. Também podem ser aplicados na
superfície das iscas e em cobertura. A utilização de quaisquer produtos químicos deve ser
realizada de acordo com os procedimentos de segurança recomendados pelo fabricante.
O controle por comportamento preconiza o emprego de armadilhas contendo Cosmolure, o
qual atrai adultos da broca para um recipiente do qual o inseto não consegue sair (Fig. 3 e
4).

Recomenda-se o uso de quatro armadilhas/ha para o monitoramento da broca, devendo-se


renovar o sachê contendo o feromônio a cada 30 dias.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 75


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Tripes Tripes da erupção dos frutos - Frankliniella spp. (Thysanoptera: Aelothripidae)

Apesar do pequeno tamanho (cerca de 1 mm de comprimento) e da agilidade, são facilmente


vistos por causa da coloração branca ou marrom-escura. Os adultos são encontrados
geralmente em flores jovens abertas. Também podem ocorrer nas flores ainda protegidas
pelas brácteas. Os danos provocados por esses tripes manifestam-se nos frutos em
desenvolvimento, na forma de pontuações marrons e ásperas ao tato (Fig. 5), o que reduz
o seu valor comercial, mas não interfere na qualidade da fruta. A despistilagem e a
eliminação do coração reduzem a população desses insetos. Recomenda-se a utilização de
sacos impregnados com inseticida, no momento da emissão do cacho, para reduzir os
prejuízos causados aos tripes da erupção dos frutos.
Tripes da ferrugem dos frutos - Chaetanaphothrips spp., Caliothrips bicinctus
Bagnall,Tryphactothrips lineatus Hood (Thysanoptera: Thripidae)
São insetos pequenos (1 a 1,2 mm de comprimento), que vivem nas inflorescências, entre
as brácteas do coração e os frutos. Seu ataque provoca o aparecimento de manchas de
coloração marrom (semelhante à ferrugem) (Fig. 6). O dano é causado pela oviposição e
alimentação do inseto nos frutos jovens. Em casos de forte infestação, a epiderme pode
apresentar pequenas rachaduras em função da perda de elasticidade. Para o controle
desses insetos, deve-se efetuar o ensacamento do cacho e a remoção das plantas
invasoras, tais como Commelina sp. e Brachiaria purpurascens, hospedeiras alternativas
dos insetos.

Figura 5. Danos provocados pelo tripes da Figura 6. Danos


provocados pelo tripes da erupção dos frutos. ferrugem dos
frutos.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 76


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Lagartas desfolhadoras - Caligo spp., Opsiphanes spp. (Lepidoptera: Nymphalidae),


Antichloris spp. (Lepidoptera: Arctiidae)
As principais espécies de Caligo que ocorrem no Brasil são brasiliensis, beltrao e illioneus.
No estágio adulto, Caligo sp. é conhecida como borboleta corujão. As lagartas, no máximo
desenvolvimento, chegam a medir 12 cm de comprimento e apresentam coloração parda.
No gênero Opsiphanes, registram-se no Brasil as espécies invirae e cassiae. Na fase adulta,
são borboletas que apresentam asas de coloração marrom, com manchas amareladas. Na
fase jovem, as lagartas possuem coloração verde, com estrias amareladas ao longo do
corpo, alcançando cerca de 10 cm de comprimento. O terceiro grupo de lagartas que atacam
a bananeira pertencem às espécies Antichloris eriphia e A. viridis.
Os adultos são mariposas de coloração escura, com brilho metálico. As lagartas apresentam
fina e densa pilosidade de coloração creme, medindo 3 cm de comprimento. As lagartas
pertencentes ao gênero Caligo e Opsiphanes provocam a destruição de grandes áreas,
enquanto que as do gênero Antichloris apenas perfuram o limbo foliar (Fig. 7). A aplicação
de inseticidas no bananal ser realizada com cautela, para evitar a destruição dos inimigos
naturais.

Figura 7. Danos causados por lagartas desfolhadoras. a) Caligo spp. e Ospiphanes


spp. b) Antichloris spp.
Pulgão da bananeira - Pentalonia nigronervosa Coq. (Homoptera: Aphididae)

Outras espécies de pulgões podem transmitir viroses à cultura, entretanto apenas Pentalonia
nigronervosa desenvolve-se na bananeira. As colônias desse inseto localizam-se na porção
basal do pseudocaule, protegidas pelas bainhas foliares externas. Medem cerca de 1,2 a
1,6 mm de comprimento, sendo que as formas adultas apresentam coloração marrom,
enquanto que as formas jovens são mais claras. Os danos diretos são devidos à sucção de
seiva das bainhas foliares externas (próximo ao nível do solo), levando à clorose das plantas
e deformação das folhas. Em altos níveis populacionais, podem ser encontrados no ápice
do pseudocaule, provocando o enrugamento da folha terminal. Os danos indiretos são

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 77


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

devidos à transmissão do mosaico da bananeira (CMV). Os inimigos naturais são


fundamentais para a manutenção das populações do pulgão da bananeira em níveis não
prejudiciais à cultura. Ácaros de teia - Tetranychus spp. (Acari: Tetranychidae)
Na forma adulta, medem cerca de 0,5 mm de comprimento. Apresentam coloração
avermelhada, com pigmentação mais acentuada lateralmente. Os ácaros formam colônias
na face inferior das folhas, tecendo teias no limbo foliar normalmente em torno da nervura
principal (Fig. 8). São favorecidos por umidade relativa baixa. O ataque dessa praga torna a
região infestada inicialmente amarelada; posteriormente, torna-se necrosada, podendo
secar a folha. Sob alta infestação, podem ocorrer danos aos frutos. Não há produtos
registrados para o controle desta praga em bananeira.

Figura 8. Danos causados pelos ácaros tetraniquídeos (de teia).

PRINCIPAIS DOENÇAS DA BANANEIRA Sigatoka Negra

A Sigatoka-negra é causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, cuja fase anamórfica é o


fungo Paracercospora fijiensis.
A doença foi constatada em fevereiro de 1998, nos Municípios de Tabatinga e Benjamin
Constant, região fronteiriça do Brasil com a Colômbia e o Peru. Atualmente encontra-se
disseminada em toda a Região Norte do Brasil e no Estado do Mato Grosso. Com relação
ao progresso da doença, trabalhos de epidemiologia mostraram que, no Amazonas, durante
todo o ano não ocorre nenhuma restrição com relação a fatores de ambiente, tais como
temperatura, umidade relativa e duração do molhamento foliar, favoráveis à ocorrência da
doença.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 78


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

As principais vias de disseminação têm sido folhas infectadas colocadas entre os cachos ou
pencas de banana para prevenir ferimentos, utilização de mudas infectadas e/ou oriundas
de região com histórico da doença e principalmente vento, que carrega os esporos do agente
causador a longas distâncias. Além disso, os esporos do patógeno podem ser disseminados
a longas distâncias aderidos à superfície de frutos, madeira, papelão, plásticos, tecidos e
veículos.
Sintomas

Inicialmente são observadas, na fase abaxial, via de regra na margem esquerda e próximas
à extremidade distal, pequenas pontuações claras ou áreas despigmentadas (Fig. 9). Essas
pontuações progridem dando origem a estrias de coloração marrom-clara, que podem atingir
de 2 a 3 mm de comprimento. Com o progresso da doença, essas pequenas estrias
expandem radial e longitudinalmente, ainda com coloração marromclara, e já podem ser
visualizadas na face adaxial, podendo atingir até 3 cm de comprimento. A partir desse
estádio, as estrias só expandem radialmente e adquirem coloração marrom-escura na face
abaxial. Em estádio mais avançado da doença, as estrias de coloração marrom-escura
assumem o formato de manchas escuras. Via de regra, o coalescimento de várias manchas,
as quais correspondem às lesões da doença, dá ao limbo foliar uma coloração próxima à
negra, justificando, dessa forma, o nome atribuído à doença: Sigatoka-negra.
Nos estádios finais da doença, as lesões podem, às vezes, em função do genótipo,
apresentar-se com um halo interno proeminentemente marrom-escuro circundado por um
pequeno halo amarelo. Ocorre, pela coalescência de várias lesões, morte prematura do
limbo foliar que adquire coloração branco-palha. Em geral, pode-se visualizar nas regiões
do limbo, na face adaxial, pontuações escuras representadas pela frutificação do agente
causal na sua fase teliomórfica.

Figura 10. Estrias de coloração café

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 79


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 9. Sintomas iniciais da Sigatokaexpandindo-se radial e


longitudinalmente, negra, com estrias de coloração marromcausadas pela
Sigatoka-negra. (Foto: L.
clara. (Foto: L. Gasparotto).
Gasparotto)

Figura 11. Sintomas da Sigatoka-negra, Figura 12. Folha com áreas


necróticas e com coalescência das lesões e manchas manchas escuras
causadas pela Sigatokaescuras. (Foto:L. Gasparotto) negra. (Foto: L.
Gasparotto).

Danos

A Sigatoka-negra é a mais grave e destrutiva doença da bananeira em quaisquer regiões do


mundo onde ocorre. Pelo fato de a bananeira não emitir mais folhas após o florescimento,
não ocorrendo, portanto, compensação, a doença torna-se extremamente destrutiva após o
florescimento (Fig. 13).
As perdas devidas ao ataque da Sigatoka-negra podem atingir 100% na produção de
bananas dos subgrupos Prata (Fig. 14) e Cavendish (Fig. 15), já a partir do primeiro ciclo
produtivo, e 70% na produção de plátanos a partir do segundo ciclo produtivo.
Devido à sua maior agressividade, a Sigatoka-negra substitui a Sigatoka- amarela num curto
período de tempo que pode variar de seis meses até três anos. Além de infectar cultivares
que são resistentes à Sigatoka-amarela, a Sigatoka-negra causa elevação do custo de
produção do bananal na medida em que são necessárias até 52 pulverizações por ano com
fungicidas protetores ou até 26 pulverizações com fungicidas sistêmicos para o efetivo
controle da doença em cultivares suscetíveis como aquelas dos subgrupos Prata e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 80


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Cavendish, o que significa um custo quatro a cinco vezes maior do que o necessário para
controlar a Sigatoka-amarela.

Figura 13. Planta da cultivar Maçã com as folhas totalmente destruídas


pela Sigatoka-negra. (Foto: L. Gasparotto).

Figura 14. Cacho da cultivar Prata afetada pela Sigatoka-negra com


bananas pequenas, maturação precoce e desuniforme.
(Foto: L. Gasparotto)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 81


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 15. Planta da cultivar Nanica com as


folhas totalmente destruídas pela
Sigatokanegra.(Foto: L. Gasparotto).

Controle

Com relação às estratégias de controle da Sigatoka-negra, a ênfase tem sido dada à


utilização de técnicas de controle econômicas e socio-ambientalmente corretas para reduzir
ou impedir a introdução de resíduos de defensivos agrícolas na cadeia trófica, principalmente
em regiões e/ou bananais com baixa adoção de tecnologia e também próximos a lagos e
mananciais como na Região Amazônica. a) Utilização de cultivares de bananeiras
resistentes
A utilização de cultivares resistentes constitui-se na estratégia de controle mais econômica
e socio-ambientalmente correta, pois é de fácil aplicação, não depende de ações
complementares por parte dos bananicultores e é estável do ponto de vista de preservação
do meio ambiente.
As cultivares recomendadas são: Caipira, Thap Maeo, Prata Zulu, Prata (Pacovan) Ken,
FHIA 18, FHIA 01, FHIA 02 AM e Pelipita. As reações dessas cultivares e genótipos às
principais doenças são apresentadas na Tabela 1.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 82


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Tabela 1. Reação de cultivares às principais doenças da bananeira.


Grupo Mal-do-
Cultivar Genômico Sigatokanegra Sigatokaamarela panamá
Moko
Caipira AAA R* R R S
Thap AAB R R R S
Maeo
Prata AAB R R S S
Zulu
Prata AAAB R R R S
Ken
FHIA AAAB R MS S S
18
FHIA AAAB R MS - S
01
FHIA AAAA R R R S
02
AM
Pelipita ABB R R R S
*R = Resistente; S = Suscetível; MS = Moderadamente suscetível.

b) Controle químico

Apesar de existirem vários fungicidas eficientes, testados e avaliados pela pesquisa, no


controle da Sigatoka-negra, para o Estado do Amazonas não se recomenda a adoção do
controle químico. Essa decisão está embasada nos seguintes pontos: no Amazonas, as
cultivares resistentes recomendadas atendem plenamente os consumidores; os plantios são
constituídos por pequenas áreas; a maioria dos produtores não tem tradição no uso de
defensivos e, além disso, o Amazonas é rico em mananciais e conta com exuberante
biodiversidade que poderão ser afetados pelo uso indiscriminado de defensivos agrícolas.
c) Controle cultural
A utilização de medidas culturais que reduzem as condições favoráveis ao progresso da

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 83


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

doença ou pela redução do molhamento foliar ou pela redução de luz incidente, bem como
pela redução da formação de ventos convectivos, os quais disponibilizam os esporos do
agente causal nas correntes de fluxo de ventos horizontais, permite um convívio harmonioso
com a doença. Nesse sentido, os resultados de pesquisa e observações em propriedades
rural têm demonstrado que plantas cultivadas sob condições de sombreamento apresentam
pouca ou nenhuma doença. Não obstante plantas mantidas sob condições de sombra
apresentarem maior período de ciclo produtivo e menor peso de cachos, a utilização de
sombreamento pode viabilizar o cultivo de bananeiras, do ponto de vista de comercialização,
como as cultivares Maçã, Prata Anã, D´Angola e Terra, para pequenos produtores, inclusive
em sistemas agroflorestais.
Além de melhorar o crescimento geral das plantas, a drenagem rápida de qualquer excesso
de água no solo reduz as possibilidades de formação de microclimas adequados ao
desenvolvimento da doença.
Sigatoka Amarela

A Sigatoka-amarela ou mal-de-Sigatoka ainda constitui-se em uma das principais doenças


da bananeira nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Na Região Amazônica, mais
especificamente no Estado do Amazonas, a Sigatoka-amarela tem sido rapidamente
substituída pela Sigatoka-negra, ocorrendo atualmente em poucas microregiões e/ou na
periferia das cidades. A doença é causada pelo fungo Mycosphaerella musicola, cuja fase
anamórfica é o fungo Pseudocercospora musae.
Sintomas

Embora as infecções ocorram nas folhas um, dois ou três, a partir da folha bandeira ou vela,
os sintomas só são observados a partir da quarta ou quinta folha. Inicialmente, são
observados pontos apresentando leve descoloração entre as nervuras secundárias. Estas
áreas despigmentadas expandem-se e tomam o formato de estria de coloração marrom-
escura (Fig. 16). Com o progresso da doença, as estrias expandem-se radialmente e
assumem o formato de manchas necróticas, elíptico-alongadas e se dispõem paralelas às
nervuras secundárias (Fig.17). A partir desse estádio, a mancha apresenta o centro
deprimido, com a parte central acinzentada e um halo amarelo proeminente.
Em geral, as lesões concentram-se a partir do primeiro terço médio, no sentido da bordadura
no limbo, existindo, portanto, poucas lesões próximas à nervura principal. Embora a
freqüência de infecções seja menor (em relação à observada para Sigatokanegra), com o
progresso da doença, as lesões tendem a coalescer, podendo causar a seca total da folha.
A menor freqüência de infecções (lesões por centímetro quadrado de área foliar) e as

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 84


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

manchas de formato oval alongado (elíptico), com halo amarelo proeminente, permitem
distinguir a Sigatoka-amarela da negra.

Controle

As mesmas cultivares resistentes recomendadas para o controle da Sigatokanegra são


resistentes à Sigatoka-amarela, exceto a FHIA 18, que é suscetível.
Mal-do-Panamá

O mal-do-Panamá é causado por Fusarium oxysporum f. sp. cubense. É uma doença


endêmica por todas as regiões produtoras de banana do mundo. No Brasil, o problema é
ainda mais grave em função das cultivares plantadas, que na maioria dos casos, são
suscetíveis. No Estado do Amazonas, a doença prevalece em solos de ecossistema de terra
firme, não sendo detectada em solos de várzea.
As principais formas de disseminação do patógeno são o contato dos sistemas radiculares
de plantas sadias com esporos liberados por plantas doentes e, em muitas áreas, o uso de
material de plantio contaminado. O fungo também é disseminado por água de irrigação, de
drenagem, de inundação, assim como pelo homem, por animais e equipamentos.
Sintomas

As plantas infectadas por F. oxysporum f. sp. cubense exibem externamente um


amarelecimento progressivo das folhas mais velhas para as mais novas, começando pelos
bordos do limbo foliar e evoluindo no sentido da nervura principal. Posteriormente, as folhas
murcham, secam e se quebram junto ao pseudocaule (Fig. 18).
Em conseqüência, ficam pendentes, o que confere à planta a aparência de um guarda-chuva
fechado. É comum constatar-se que as folhas centrais das bananeiras permanecem eretas
mesmo após a morte das mais velhas. É possível notar, próximo ao solo, rachaduras do
feixe de bainhas (Fig. 19), cuja extensão varia com a área afetada no rizoma.
Internamente, observa-se uma descoloração pardo-avermelhada na parte mais externa do
pseudocaule provocada pela presença do patógeno nos vasos (Fig. 20).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 85


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 18. Planta afetada pelo mal-do- Figura 19. Parte do


pseudocaule de Panamá, com amarelecimento das folhas,
bananeira afetada pelo mal-do-Panamá, murcha e colapso do
pecíolo junto ao apresentando rachaduras na bainha.
pseudocaule. (Foto: L. Gasparotto) (Foto: L. Gasparotto).

Danos

O mal-do-Panamá, quando ocorre em cultivares altamente suscetíveis como a banana

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 86


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Maçã, provoca perdas de 100% na produção. Já nas cultivares tipo Prata, que apresentam
grau de suscetibilidade bem menor do que a ‘Maçã’, a incidência do maldo-Panamá,
geralmente, situa-se num patamar de 20% de perdas. Por outro lado, o nível de perdas é
também influenciado por características de solo, que em alguns casos comporta-se como
supressivo ao patógeno. Como se trata de uma doença letal, não há porque comentar sobre
distúrbios fisiológicos.

Controle

O melhor meio para o controle do mal-do-Panamá é a utilização de cultivares resistentes,


dentre as quais podem ser citadas as cultivares do subgrupo Cavendish e do subgrupo Terra,
a Caipira, Thap Maeo e Prata (Pacovan) Ken. Como medidas preventivas recomendam-se
as seguintes práticas:

Evitar plantios em áreas com histórico de ocorrência do mal-do-Panamá.

Utilizar mudas comprovadamente sadias e livres de nematóides.

Corrigir o pH do solo, mantendo-o com níveis ótimos de cálcio e magnésio, que são
condições menos favoráveis ao patógeno.
Dar preferência a solos com teores mais elevados de matéria orgânica; isso aumenta
a concorrência entre as espécies, dificultando a ação e a sobrevivência de F.
oxysporum f sp. cubense no solo.
Manter as populações de nematóides sob controle; eles podem ser responsáveis pela
quebra da resistência ou facilitar a penetração do patógeno, através dos ferimentos.
Manter as plantas bem nutridas, guardando sempre uma boa relação entre potássio,
cálcio e magnésio.

Nos bananais já estabelecidos e que a doença comece a se manifestar, recomenda-se a


erradicação das plantas doentes, utilizando herbicida glifosate na dosagem de 1 ml do
produto comercial injetado no pseudocaule de plantas adultas e/ou chifrão. Isso evita a
propagação do inóculo na área de cultivo. Na área erradicada, aplicar calcário ou cal
hidratada.
Mancha de Cordana

Doença causada pelo fungo Cordana musae, de importância secundária, normalmente


associada a alguma forma de estresse na planta. Via de regra, a mancha de cordana está

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 87


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

associada à outra doença, principalmente à Sigatoka-amarela e/ou à deficiência mineral.


Os sintomas, no início da doença, podem ser confundidos com os da Sigatokaamarela. Às
vezes, ocorre superposição de lesões de ambas as doenças. No caso específico da mancha
de cordana, as lesões apresentam, devido ao maior crescimento radial, um formato
piriforme, com zonas concêntricas e circundadas por um halo amarelo (Fig. 21).
No controle, recomenda-se o plantio de cultivares resistentes e o uso de adubações
balanceadas. Em geral, as cultivares resistentes às doenças do tipo Sigatoka também o são
à mancha de cordana.

Figura 21. Folhas com manchas piriformes,


esbranquiçadas e halo amarelo, causada por Cordana
musae. (Foto: L. Gasparotto)

Antracnose

Causada pelo fungo Colletotrichum musae, é considerada o mais grave problema na pós-
colheita da banana.
O controle deve começar no campo, com boas práticas culturais, ainda na précolheita. Na
fase de colheita e pós-colheita, todos os cuidados devem ser tomados a fim de evitar
ferimentos nos frutos, que são a principal via de penetração dos patógenos. As práticas de
despencamento, lavagem e embalagem devem ser executadas com manuseio
extremamente cuidadoso dos frutos e medidas rigorosas de assepsia. Em último caso, o
controle químico pode ser feito por imersão ou por atomização dos frutos. Os seguintes
princípios ativos têm sido utilizados: thiabendazole; benomil, tiofanato metílico e imazalil. O
agricultor pode, ainda, optar pelo uso do fungicida natural Ecolife na dosagem de 1,5 ml/l.
As dosagens recomendadas para thiabenzole, benomil e tiofanato metílico variam de 200 a
400 mg do ingrediente ativo/ l de água, dependendo da distância do mercado consumidor.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 88


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Essas recomendações são válidas também para o controle da podridão-da-coroa.


Podridão-da-coroa

Os fungos mais freqüentemente associados ao problema são: Fusarium roseum, Verticillium


theobromae e Gloeosporium musarum (Colletotrichum musae). Outros fungos também têm
sido isolados, porém com menor freqüência.
DOENÇAS BACTERIANAS Moko

A doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum, raça 2. Na Região Norte do


Brasil, o moko ou murcha bacteriana da bananeira está presente nos Estados do Amazonas,
Pará e Amapá. No Estado do Amazonas, a doença prevalece em solos do ecossistema de
várzea; apenas seis por cento dos casos ocorrem em solos do ecossistema de terra firme.
A disseminação da bactéria pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se destacam
o uso de ferramentas infectadas nas várias operações que fazem parte do trato dos
pomares, bem como a contaminação de raiz para raiz ou do solo para a raiz. Outro veículo
importante de transmissão são os insetos visitadores de inflorescências, tais como as
abelhas (Trigona spp.), vespas (Polybia spp.), mosca-das-frutas (Drosophila spp.).
Sintomas

O moko ou murcha bacteriana da bananeira, por ser uma doença vascular, pode atingir todas
as partes da planta.
Os sintomas da doença em plantas jovens caracterizam-se pela má- formação foliar, necrose
e murcha da folha cartucho ou vela, seguidos de amarelecimento das folhas baixeiras (Fig.
22). Em plantas adultas, ocorre amarelecimento das folhas basais e murcha das folhas mais
jovens, progredindo para as folhas mais velhas (Fig. 23). Em solos férteis, com bom teor de
umidade, ocorre quebra dos pecíolos junto ao pseudocaule, dando à planta o aspecto de um
guarda-chuva fechado. Além desses, internamente, ocorrem os seguintes sintomas:
No pseudocaule, escurecimento vascular, não localizado, de coloração pardoavermelhada
intensa, atingindo inclusive a região central (Fig. 24). O escurecimento vascular também
ocorre no engaço (Fig. 25).
No rizoma, além do escurecimento vascular na região central, ocorre também na região de
conexão do rizoma principal com o rizoma das brotações.
Nas ráquis masculina e feminina pode ocorrer escurecimento vascular, na forma de pontos
avermelhados dispostos uniformemente.
Nos frutos, além do amarelecimento precoce, observa-se o escurecimento da polpa, seguido
de podridão seca (Fig. 26). Exsudação de pus bacteriano de coloração pérola clara, logo
após o corte de órgãos infectados.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 89


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Para um teste rápido, destinado a detectar a presença da bactéria nos tecidos da planta,
utiliza-se um copo transparente com água até dois terços de sua altura, em cuja parede se
adere uma fatia delgada da parte afetada (pseudocaule ou engaço), cortada no sentido
longitudinal, fazendo-a penetrar ligeiramente na água. Dentro de aproximadamente um
minuto ocorrerá a descida do fluxo bacteriano.

Figura 22. Planta jovem afetada pelo moko,


apresentando as folhas baixeiras murchas e
o cartucho com necrose e murcha.
(Foto: L. Gasparotto)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 90


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 23. Bananeira afetada pelo moko, com


algumas folhas basais mortas, outras
amarelas apresentando colapso do pecíolo.
(Foto: L. Gasparotto)

Figura 24. Pseudocaule de bananeira com


escurecimento dos feixes vasculares, inclusive os
localizados no cilindro central, causado pelo moko.
(Foto: L. Gasparotto)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 91


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 25. Engaço do cacho de banana com escurecimento dos


feixes vasculares causado pelo moko.
(Foto: L. Gasparotto).

Figura 26. Frutos de bananeira


afetados pelo moko, apresentando
polpa escurecida e podridão seca.
(Foto: L. Gasparotto)

Danos

As perdas causadas pela doença podem atingir até 100% da produção, mas com vigilância

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 92


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

permanente, é possível conviver com a doença e mantê-la em baixa percentagem de


incidência.
Controle

A base principal do controle do moko é a detecção precoce da doença e a rápida erradicação


das plantas infectadas como das que lhes são adjacentes, as quais embora aparentemente
sadias podem ter contraído a doença. Para tanto, é indispensável que um esquema de
inspeção de cada planta seja cumprido por pessoas bem treinadas e repetido a intervalos
regulares de duas a quatro semanas, dependendo do grau de incidência da doença.
A erradicação é feita mediante a aplicação de herbicida como o glifosate, injetado no
pseudocaule na dosagem de 1 ml do produto comercial por planta adulta e/ou por chifrão.
É importante que a área erradicada permaneça limpa durante o pousio (12 meses). Nas
áreas virgens onde houver infestação de espécies de Heliconia, estas deverão ser
destruídas com herbicidas, mantendo-se a área em pousio durante 12 meses. Outras
medidas importantes para o controle do moko:
Desinfestação das ferramentas usadas nas operações de desbaste e colheita com
hipoclorito de sódio a 2,5%, formol 5%, ou com germicidas comerciais do tipo pinho.
Eliminação do coração em cultivares com brácteas caducas, assim que as pencas
tiverem emergido. Essa prática visa impedir a transmissão pelos insetos. A remoção
deve ser feita quebrando-se a parte da ráquis com a mão.
Plantio de mudas comprovadamente sadias.

Na medida do possível, o uso de herbicidas ou a roçagem do mato deve substituir as


capinas manuais ou mecânicas.
Podridão-mole

A podridão-mole é causada pela bactéria Erwinia carotovora subsp. carotovora. O número


de casos de podridão-mole tem aumentado no Brasil nos últimos anos. Na Região Norte do
País, notadamente no Amazonas, raramente tem ocorrido. O problema pode ser observado
em todas as regiões produtoras, mas aparece com maior freqüência nas áreas irrigadas,
provavelmente por deficiência no manejo da irrigação, que tem possibilitado o excesso de
umidade em pontos localizados dentro da plantação.
Sintomas

A doença inicia-se no rizoma, causando seu apodrecimento, progredindo posteriormente


para o pseudocaule. Ao se cortar o rizoma ou pseudocaule de uma planta afetada, pode
ocorrer a liberação de grande quantidade de material líquido fétido, daí o nome podridão

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 93


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

aquosa. Na parte aérea, os sintomas podem ser confundidos com os do moko ou mal-do-
Panamá. A planta normalmente expressa sintomas de amarelecimento e murcha das folhas,
podendo ocorrer quebra da folha no meio do limbo ou junto ao pseudocaule. Os sintomas
são mais típicos em plantas adultas, mas tendem a ocorrer com maior severidade em
plantios jovens estabelecidos em solos infectados, devido à presença de ferimentos gerados
pela limpeza das mudas.
Danos

Não existem dados a respeito das perdas. Geralmente as plantas afetadas entram em
colapso devido à murcha, seguida de podridão, provocada pela bactéria.
Controle

As medidas de controle não incluem intervenções com agrotóxicos, e sim algumas práticas
que mantenham as condições menos favoráveis ao desenvolvimento da bactéria, tais como:
Manejar corretamente a irrigação, de modo a evitar excesso de umidade no solo.

Eliminar plantas doentes ou suspeitas, procedendo-se vistorias periódicas da área


plantada.
Utilizar, em lugares com histórico de ocorrência de doenças, mudas já enraizadas,
para prevenir infecções precoces.
Utilizar práticas culturais que promovam a melhoria da estrutura e aeração do solo.
Viroses

No Brasil, assim como no mundo, há poucos dados sobre as perdas ocasionadas por viroses
em bananeira. Geralmente os danos causados por uma virose são pouco visíveis e passam
despercebidos.
Até o momento, já foram encontrados infectando bananeira no Amazonas o vírus das estrias
da bananeira (Banana streak virus, BSV) e o vírus do mosaico do pepino (Cucumber mosaic
virus, CMV).
Virose das estrias da bananeira

Esta doença é causada pelo vírus das estrias da bananeira (Banana streak virus, BSV),
transmitido de bananeira para bananeira pela cochonilha Planococcus citri, e por meio de
mudas infectadas.
Esse vírus possui uma importância potencial muito grande, uma vez que, até o momento,
não existe um método que permita eliminá-lo de plantas infectadas. A cultura de tecidos não
permite obter mudas sadias a partir de matrizes infectadas.
O BSV produz inicialmente estrias amareladas nas folhas (Fig. 27), que posteriormente ficam

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 94


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

escurecidas ou necrosadas (Fig. 28). Pode ocorrer a deformação dos frutos e a produção
de cachos menores. As plantas apresentam menor vigor, podendo em alguns casos ocorrer
a morte do topo da planta, assim como a necrose interna do pseudocaule. Geralmente os
sintomas são percebidos apenas em alguns períodos do ano. No Estado do Amazonas,
quatro estirpes do BSV têm sido detectadas, ocorrendo nas cultivares Thap Maeo, Prata
Zulu, FHIA 21 e FHIA 20.

Figura 27. Folha afetada pela estria da Figura 28. Folha velha de bananeira com
bananeira, causada pelo BSV (Banana streak estrias amarelas e escuras,
causada pelo BSV virus). (Banana streak virus).
(Foto: L. Gasparotto) (Foto: L. Gasparotto)

Mosaico, clorose infecciosa ou “heart rot”

Esta virose é causada pelo vírus do mosaico do pepino (Cucumber mosaic virus, CMV), que
é transmitido por várias espécies de pulgões. A fonte de inóculo para a infecção de novos
plantios provém geralmente de outras culturas ou de plantas daninhas, especialmente
trapoeraba ou maria-mole (Commelina diffusa).
Os sintomas variam de estrias amareladas (Fig. 29), mosaico, redução de porte, distorção
foliar até necrose do topo; pode haver também distorção dos frutos, com o surgimento de
estrias cloróticas ou necrose interna; necrose da folha apical e do pseudocaule, quando
ocorrem temperaturas abaixo de 24ºC.
Presente nas principais áreas produtoras de bananeira, essa virose pode provocar perdas
elevadas em plantios novos, especialmente quando eles são estabelecidos em áreas com
elevada incidência de trapoeraba e alta população de pulgões. No Amazonas, o CMV ocorre
nas cultivares FHIA 02, FHIA 18, SH 3640 e PV 0344.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 95


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 29. Folha afetada pelo mosaico da bananeira, causado


pelo vírus do mosaico do pepino (Cucumber mosaic virus,
CMV). (Foto: L. Gasparotto)

Controle das viroses

Utilizar mudas livres de vírus.

Evitar a instalação de bananais próxima a plantios de melancia, pepino, abóbora ou


jerimum e maxixe (hospedeiras de CMV).
Controlar as plantas daninhas dentro e em volta do bananal.

Erradicar, nos plantios já estabelecidos, as bananeiras com sintomas.

Nematóides

Os nematóides são micro-organismos tipicamente vermiformes que, em sua maioria,


completam o ciclo de vida no solo. Sua disseminação é altamente dependente do homem,
seja por meio de mudas contaminadas, deslocamento de equipamentos de áreas
contaminadas para áreas sadias, ou por meio da irrigação e/ou água das chuvas.
O resultado dessa doença pode ser observado pela redução no porte da planta,
amarelecimento das folhas, seca prematura, má-formação de cachos, refletindo em baixa
produção e reduzindo a longevidade dos plantios. Nas raízes, podem ser observados o
engrossamento e as nodulações, que correspondem às galhas e massa de ovos, em
decorrência da infecção por Meloidogyne spp. (nematóide-das-galhas) ou mesmo necrose
profunda ou superficial provocada pela ação isolada ou combinada das espécies
Radopholus similis (nematóide cavernícola), Helicotylenchus spp. (nematóide espiralado),
Pratylenchus sp. (nematóide das lesões) ou Rotylenchulus reniformis (nematóide reniforme),
que são os mais freqüentes na bananicultura brasileira e mundial. Esses nematóides

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 96


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

contribuem para a formação de áreas necróticas extensas que podem também ser
parasitadas por outros microorganismos.
Os danos causados pelos fitonematóides podem ser confundidos ou agravados com outros
problemas de ordem fisiológica, como estresse hídrico, deficiência nutricional,
principalmente deficiência de fósforo, ou pela ocorrência de pragas e doenças de origem
virótica, bacteriana ou fúngica, devido à redução da capacidade de absorver água e
nutrientes, pelo sistema radicular. A sustentação da planta é também bastante
comprometida. A diagnose correta deve ser realizada por meio de amostragem de solo e
raízes e do conhecimento da cultivar utilizada.
Controle

Após o estabelecimento de fitonematóides no bananal, o seu controle é muito difícil.


Portanto, a medida mais eficaz é a utilização de mudas sadias, micropropagadas, em áreas
livres de nematóides. O descorticamento do rizoma, combinado com o tratamento térmico
ou químico, pode reduzir sensivelmente a população de nematóides nas mudas infectadas.
Nesse caso, após limpeza, os rizomas devem ser imersos em água à temperatura de 55 oC
por 20 minutos.
Em solos infestados, a utilização de plantas antagônicas, como crotalária (Crotalaria
spectabilis, C. paulinea), incorporadas ao solo antes do seu florescimento, pode reduzir a
população dos nematóides e favorecer a longevidade da cultura. Em pomares já instalados,
a eficiência dessa estratégia está relacionada principalmente ao nível populacional, tipo de
solo e idade da planta, sendo recomendado o plantio dessas espécies ao redor das
bananeiras. A utilização de matéria orgânica junto ao rizoma é mais benéfica que a matéria
orgânica depositada entre as linhas de cultivo. Para evitar a disseminação dos nematóides,
por meio de equipamentos de desbrota ou capinas, recomenda-se a lavagem completa e a
desinfestação superficial dos equipamentos com solução de formaldeído (20g/l). Esses
tratos culturais devem, sempre que possível, ser iniciados em áreas de melhor condição
nutricional e sanitária. Dessa forma, evita-se a disseminação de pragas e doenças passíveis
de serem encontradas em áreas menos vigorosas.
No controle químico dos nematóides em bananais em formação, recomenda-se a aplicação
dos nematicidas 30 dias após o plantio, quando as mudas já possuem raízes que facilitarão
a absorção do produto. São recomendados os produtos Furadan 50 G e Counter 50 G, nas
dosagens de 80 a 60 g/planta, respectivamente. Posteriormente, no desbaste que ocorre
mais ou menos seis meses após o plantio, realiza-se outra aplicação. Nessa aplicação, o
nematicida será colocado na abertura do furo deixado pela “Lurdinha”, na remoção do

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 97


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

perfilho, utilizando-se 20% a 30% da dosagem recomendada para aplicação no solo.


PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS DO CAJU PRAGAS

Broca-das-pontas (Anthistarcha binocularis Meyrick)

Fig. 1. Ramo atacado pela broca-das-pontas.

Sintomas: ocorrência de galerias no interior dos ramos e inflorescência atacados, presença


de orifícios de saída do adulto e secamento da inflorescência. Na maioria dos casos ocorre
quebra do ramo da inflorescência no orifício de saída do adulto. Esses sintomas permitem
distinguir entre o ataque da praga e o da antracnose, que também causa a seca da
inflorescência.
Controle: quatro pulverizações em intervalos de dez dias, na época da floração e início da
frutificação. Recomenda-se o fenitrothion e o malathion na dosagem de 150 a 200 g ou ml
para cada 100 L de água.

Traça-da-castanha (Anacampsis phytomiella Busck)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 98


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 2. Sintomas de ataque da traça-da-castanha.

Sintomas: a lagarta recém emergida penetra na castanha no estágio de maturi e destrói


toda a amêndoa. Antes de se tornar pupa, abre um orifício circular na castanha, geralmente
na parte distal, por onde sairá posteriormente o inseto adulto (pequena mariposa). A
presença da praga, portanto, só é notada quando os maturis apresentam um pequeno furo
circular na sua parte inferior.
Controle: os inseticidas cartap, triazophos e monocrotophos mostraram-se eficientes no
controle dessa praga.
Pulgão da inflorescência (Aphis gossypii Glover)

Fig. 3. Ataque do pulgão-da-inflorescência.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 99


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Sintomas: o inseto, ao mesmo tempo em que suga a seiva da planta, expele uma substância
açucarada denominada "mela", que recobre principalmente as inflorescências e folhas,
servindo de substrato para o crescimento da fumagina, que é um fungo de coloração negra.
O ataque intenso às inflorescências do cajueiro tem como conseqüência a murcha e a seca,
com reflexos diretos na produção.
Controle: os produtos etoato ethyl, monocrotophos, ometoato, dimetoato e pirimicarb, são
também recomendados.
Tripes (Selenothrips rubrocinctus Giard)

Fig. 4. Ataque de tripes.

Sintomas: o inseto ataca principalmente a face inferior das folhas, preferindo as de meia
idade, ponteiros, inflorescências, pedúnculos e frutos. As partes atacadas tornamse
cloróticas a princípio, passando depois para uma coloração prateada, com ressecamento e
queda intensa das folhas, diminuindo a área foliar da planta, ocorrendo também secamento
da inflorescência e depreciação dos frutos.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 100


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Lagarta saia-justa (Cicinnus callipius Sch.)

Fig. 5. Ataque de lagarta-saia-justa.

Sintomas: o ataque ocorre principalmente em época de início de floração, prejudicando a


produção pela redução da área foliar e brotações novas, como também pela destruição
parcial ou total das inflorescências.
Controle: os inseticidas listados como eficientes no controle desta praga são triclorfon,
malathion, fenthion, parathion, diazinon, monocrotophos, phosphamilon e methidathion.
Broca-do-tronco e das raízes (Marshallius anacardii Lima e M. bondari Rosado Neto)

Fig. 6. Sintoma de ataque da broca-do-tronco.


Sintomas: os danos às plantas são causados pelas larvas que são encontradas formando
galerias abaixo da casca, no caule e nas raízes. À medida que se desenvolvem, aprofundam-
se cada vez mais em seu interior. Quando completamente desenvolvidas, penetram no
lenho. Ao abandonarem a planta, deixam a marca de sua presença por meio de vários furos
visíveis ao longo do caule seco. Outros sintomas: queda parcial ou total das folhas ou morte

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 101


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

completa da planta.
Controle: derrubada e queima de galhos das plantas atacadas no local de ocorrência,
evitando a disseminação do inseto.

Mosca Branca (Aleurodicus cocois)

Fig. 7. Sintoma de ataque de mosca-branca.

Sintomas: presença de colônia de insetos envolvidos por secreção pulverulenta branca na


face inferior da folha e ocorrência de fumagina na face superior da folhas. O adulto é
completamente branco e se assemelha á uma minúscula "borboleta".
Controle: Os produtos que controlam a Mosca Branca são os seguintes: diazinon,
metidathion, fenthion, endosulfan, parathion metil, dimetoato, monocrotophos.
DOENÇAS

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides (Penz) Pez. & Sacc.)

Fig. 8. Sintomas de Antracnose nas Folhas e Frutos.

Sintomas: lesões necróticas, irregulares, inicialmente de cor parda em folhas jovens e


posteriormente de coloração avermelhada em folhas mais velhas. As folhas jovens ficam
enegrecidas, retorcidas e posteriormente caem, quando o ataque é muito severo. Também
causa queda das flores e frutos jovens, com enormes prejuízos no pomar. Controle:
pulverizações semanais alternadas com benomil, na dosagem de 100 g/ 100L d’água, cujo

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 102


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

intervalo de segurança é de 21 dias; e com mancozeb (150 g/ 100L d’água), cujo intervalo
de segurança também é de 21 dias. Ambos são enquadrados como pouco tóxicos. O
oxicloreto de cobre, em dosagens que variam de 200 a 400 g/

100L d’água, dependendo do produto comercial, apresenta excelentes resultados quando


aplicado preventivamente.
Mofo-preto (Pilgeriella anacardii von Arx & Miller)

Fig. 9. Sintomas do mofo-preto.

Sintomas: ocorre geralmente no início da floração, atacando preferencialmente as folhas


mais velhas, produzindo um bolor negro de aspecto similar ao feltro, que se forma na parte
inferior das folhas, daí a denominação de mofo-preto. É encontrado mais comumente no
cajueiro anão precoce do que no tipo comum.
Controle: pulverizações quinzenais alternadas com oxicloreto de cobre (3 g/ L de água) e
benomil (1 g/ L de água).
Mancha angular (Septoria anacardii Freire)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 103


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 10. Sintomas da mancha-angular.


Sintomas: em folhas de plantas adultas as manchas são pretas, circundadas por um halo
amarelado. Ataques muitos severos podem provocar a queda de folhas.
Controle: os mesmos produtos utilizados para a antracnose.

Oídio (Oidio anacardii Noack)

Fig. 11. Sintomas de oídio.

Sintomas: presença de um revestimento pulverulento, branco-acinzentado, nas folhas. A


ocorrência é centralizada nas folhas adultas, ocasião em que não é tão prejudicial como
quando ataca as inflorescências. No Brasil é considerada de importância secundária, não
necessitando medidas de controle. Entretanto, pulverizações com produtos à base de
enxofre e benomil podem controlar o fungo.
Resinose (Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 104


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 12. Sintomas de resinose.

Sintomas: em plantas adultas, caracterizam-se pelo escurecimento, intumescimento e


rachadura da casca, formando cancros no tronco e ramos, seguidos de intensa exsudação
de goma. Abaixo da casca, observa-se um escurecimento dos tecidos o qual se prolonga
até a parte interna do lenho. Ocorrem também amarelecimento e queda foliares. Prevenção:
evitar ferimentos na planta; desinfetar os instrumentos de corte, remover e destruir plantas
ou tecidos infectados.
Controle: proceder a uma cirurgia de limpeza por meio de um canivete ou faca bem afiada.
Retirado todo o tecido atacado, aplicar uma porção de pasta bordalesa ou de um fungicida
comercial à base de cobre na área lesionada. A pasta bordalesa deve ser preparada no dia
anterior, misturando-se uma solução feita com 2 kg de sulfato de cobre em 5 L de água com
outra solução feita com 3 kg de cal virgem em 5 L de água. Queima-das-mudas
(Phytophthora heveae Thompson e P. nicotiana Tucker)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 105


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fig. 13. Sintomas de queima-das-mudas.

Sintomas: Inicialmente surgem manchas foliares arredondadas, com aspecto encharcado,


de coloração marrom-clara. As folhas necrosam rapidamente e podem cair. Em mudas
enxertadas ocorre morte das brotações novas. A infecção pode se iniciar também pelas
raízes, provocando murcha, seca e morte das mudinhas.
Controle: Pulverizações semanais com metalaxyl (1 g/ L de água). Eliminar as mudas
mortas ou com sintomas avançados da doença.

CAPÍTULO 6 – COLHEITA, PÓS-COLHEITA E ARMAZENAMENTO

A maturação é a fase do desenvolvimento da fruta em que ocorrem diversas mudanças


físicas e químicas, tais como alterações na coloração, no sabor, na textura, mudanças na
permeabilidade dos tecidos, produção de substâncias voláteis, formação de ceras na
epiderme, mudanças nos teores de carboidratos, de ácidos orgânicos, nas proteínas, nos
compostos fenólicos, nas pectinas, entre outros.
A determinação do grau de maturação adequado, por ocasião da colheita da fruta, é de
grande importância para que o produto atinja o mercado ou a indústria em perfeitas
condições. O grau de maturação ideal é bastante variável com a espécie e, também, com a
cultivar. Outro fator que determina o ponto de colheita é o destino que será dado à fruta,
assim frutas destinadas ao consumo “in natura” devem ser colhidas maduras ou ligeiramente

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 106


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

firmes, enquanto que as destinados à industrialização ou armazenamento podem ser


colhidas com um grau de maturação menos avançado.
As mudanças ocorridas durante a fase da maturação são desencadeadas, principalmente,
pela produção de etileno e, em consequência, aumento na taxa respiratória. A respiração
consiste na decomposição oxidativa de substâncias de estrutura química mais complexa,
como amido, açúcares e ácidos orgânicos, em estruturas mais simples, como CO2 e água,
havendo produção de energia.
O processo respiratório continua a ocorrer mesmo com a colheita da fruta e está intimamente
ligado com a temperatura. Em geral, temperaturas mais elevadas, tanto antes como após a
colheita, aumentam a taxa respiratória, reduzindo, com isso, a longevidade da fruta.
De acordo com o modelo de respiração apresentado na figura 85, as frutas podem ser
classificados em dois grupos:
a) Frutas Climatéricas - são aquelas que apresentam um período em que ocorre uma
elevação na taxa respiratória, devido à produção autocatalítica de etileno. Esta produção de
etileno, ácido ribonuclêico (RNA) e proteínas, juntamente com aumento na taxa respiratória
e com a decomposição de certas estruturas celulares, marcam a transição entre a fase de
maturação e senescência.

Figura: Caracterização da respiração em frutas climatéricas


As frutas climatéricas podem ser colhidas mesmo que ainda não estejam maduros, pois a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 107


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

maturação é atingida após a colheita. No entanto, as frutas não devem ser colhidas muito
jovens, devido a perdas nas qualidades organolépticas. As principais frutas climatéricas são
maçã, pêra, pêssego, ameixa, goiaba, figo, caqui, abacate, mamão, manga, maracujá,
banana, cherimólia, damasco, melão e tomate.
b) Frutas Não Climatéricas - são aquelas que não apresentam elevação na taxa
respiratória próximo ao final do período de maturação, ou seja, a taxa respiratória apresenta
um declínio constante até atingir a fase de senescência.

Figura: Caracterização da respiração em frutas não climatéricas


As frutas não climatéricas devem permanecer na planta até atingirem a fase de maturação,
visto que não ocorrem modificações nos parâmetros físicos e químicos após a colheita.
Dentre as principais frutas não climatéricas destacam-se os citros em geral, a uva, o
morango, o abacaxi, a cereja, a romã, a nêspera e a carambola.
6.1. Parâmetros para determinação do ponto de colheita

Os principais parâmetros utilizados para determinação do ponto de colheita podem ser


divididos em dois grupos:
6.1.1 Parâmetros de indicação direta

a) Mudanças na coloração da casca

A mudança na coloração da casca (epiderme) e/ou da polpa é devido à degradação da


clorofila e síntese de novos pigmentos, como, por exemplo, carotenóides (amarelo) e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 108


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

antocianinas (vermelho e roxo). É o parâmetro mais utilizado para a maioria das frutas. É
uma medida empírica que requer experiência do fruticultor, pois a mudança na coloração da
casca é característica individual de cada espécie e/ou cultivar. b) Firmeza da polpa
A firmeza da polpa é dada pelas substâncias pécticas que compõem as paredes celulares.
Com a maturação, tais substâncias vão sendo solubilizadas, o que ocasiona o amolecimento
dos tecidos das frutas.
A medida da firmeza da polpa é feita com um aparelho denominado penetrômetro (Figura),
cuja leitura indica o grau de resistência da polpa. Recomenda-se a realização de duas ou
mais leituras em cada fruta, em posições opostas, devido ao fato de que a maturação não
ocorre de maneira uniforme na fruta.

Figura:Penetrômetro utilizado para medir a firmeza da polpa das frutas. Foto:


José Carlos Fachinello c) Crescimento da fruta

O crescimento das frutas, tanto com como sem caroço, é caracterizado por um crescimento
final rápido, ocorrendo declínio com início da fase da maturação. Assim, o acompanhamento
do crescimento pode ser um parâmetro para determinar o início da maturação, já que as
frutas atingem o peso e o tamanho máximos antes do amadurecimento. O crescimento pode
ser avaliado pelo peso ou pelo diâmetro das frutas.
d) Teor de Sólidos Solúveis Totais (SST)

Embora outros compostos também estejam envolvidos, o teor de sólidos solúveis totais nos
fornece um indicativo da quantidade de açúcares presente nas frutas. Com a maturação, os
teores de SST tendem a aumentar devido à biossíntese ou à degradação de polissacarídeos.
A medição do teor de SST é feita utilizando-se um aparelho denominado de refratômetro

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 109


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(Figura), sendo a leitura dada em °Brix. Como a solubilidade dos açúcares é dependente da
temperatura da fruta, recomenda-se fazer a correção do teor de SST para a temperatura de
20°C.

Figura – Refratômetros utilizados para a determinação do teor de sólidos solúveis


totais (SST) das frutas. Foto: José Carlos Fachinello e) Acidez Total Titulável (ATT)
e pH

A ATT é medida, num extrato da fruta, por meio de titulação com hidróxido de sódio e
representa o teor de ácidos presentes (Figura 96). Normalmente a ATT diminui com a
maturação da fruta. O pH apresenta comportamento inverso ao da ATT, ou seja, aumenta
com a maturação da fruta.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 110


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura – Medição da acidez titulável em frutas. Foto: José Carlos Fachinello

f) Relação entre SST/ATT

A relação SST/ATT é um importante indicativo do sabor, pois relaciona os açúcares e os


ácidos da fruta. Durante o período de maturação a relação SST/ATT tende a aumentar,
devido à diminuição dos ácidos e aumento dos açúcares, sendo que o valor absoluto
depende da cultivar utilizada. g) Teste Iodo-amido
Este teste é utilizado, principalmente, para determinação do ponto de colheita de maçãs e
mede, pela reação do iodo como o amido, a quantidade de amido que foi hidrolisada. É um
teste de fácil execução e bastante preciso, porém é influenciado pela cultivar, condições da
cultura e condições climáticas.
A execução do teste é feita pela imersão das frutas durante 1 minuto, cortadas ao meio, em
uma solução de 12g de iodo metálico e 24g de iodeto de potássio, diluídos em 1 litro de água
destilada. Os resultados são expressos em percentagem de área que não reagiu com o iodo,
sendo que já existem tabelas específicas para as principais cultivares de maçãs.
Além dos parâmetros acima mencionados, existem outros como, por exemplo, ressonância
magnética, liberação de etileno, CO2 e complexos aromáticos, os quais necessitam de
equipamentos e de técnicos especializados, o que restringe a utilização a nível de
instituições de pesquisa.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 111


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura Teste iodo-amido em maçãs. Foto: José Carlos Fachinello

6.1.2. Parâmetros de Indicação Indireta

a) Dias após a plena floração

O número de dias desde a plena floração até a colheita é relativamente constante para uma
mesma cultivar, dentro de uma dada região. Assim, é possível saber-se, com antecedência,
a época em que as frutas de uma determinada cultivar iniciarão o estágio de maturação. Tal
fato é importante, nem tanto para determinar o início da colheita propriamente dito, mas sim
para fazer um planejamento de atividades.
Existem outros parâmetros indiretos para determinar o ponto de colheita, como, por exemplo,
dias após o estágio T, soma das temperaturas a partir dos 40 dias após a plena floração,
entre outros, porém não são comumente utilizados.
6.2. Colheita

Uma vez determinado o ponto de maturação mais adequado, inicia-se o processo de


colheita, que, normalmente, é feita manualmente, colhendo-se as frutas individualmente.
Embora a colheita seja uma operação realizada por mão-de-obra menos qualificada, é
necessário que sejam tomados alguns cuidados básicos para que as frutas cheguem ao
destino final com boas qualidades. Dentre os principais cuidados que devem ser tomados
estão:
Não provocar qualquer tipo de dano mecânico à fruta, quer seja devido à utilização de
ferramentas, como tesouras de colheita, ou a unhas demasiadamente compridas; ao choque
da fruta com a embalagem (caixas, bins, entre outras); à queda da fruta no chão, devido a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 112


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

sacudidas nos galhos; entre outras. Tais danos favorecem a entrada de patógenos,
principalmente de fungos que causam o apodrecimento das frutas;
A colheita normalmente é feita em 3 ou 4 operações, devido à maturação
desuniforme das frutas. Portanto, deve-se tomar o cuidado de não colher frutas
verdes, não danificar os frutas que permaneceram na planta e não causar a quebra
de galhos;
Em plantas muito altas, pode-se utilizar escadas, varas de colheita ou máquinas
apropriadas, porém deve-se tomar o cuidado para não lesionar as frutas, nem deixá-
las cair no chão;
A colheita deve, sempre que possível, ser realizada nas horas mais frescas do dia,
sendo que as frutas colhidas devem ser colocadas em local protegido do sol, seja no
galpão ou mesmo na sombra das plantas do pomar, pois o sol pode provocar sérios
danos à película das frutas, bem como aumentar a temperatura das mesmas, com
aumento na taxa respiratória e na transpiração;
As frutas devem ser colhidas com pedúnculo, isto é conseguido através de uma leve
torção das frutas. No caso dos citros, a colheita com pedúnculo é facilitada pela
utilização de tesouras de colheita;
Para cada tipo de fruta existem embalagens mais apropriadas, porém o importante é
que a embalagem proporcione o máximo de rendimento ao operador, com um
mínimo de dano às frutas. O tipo de embalagem é variável com o tipo de fruta, assim,
por exemplo, a colheita do pêssego é feita em caixa de madeira ou de plástico, com
capacidade aproximada de 20kg; para a maçã, a colheita é feita utilizando-se bolsas
presas ao corpo do operador e, depois, as frutas são colocadas em caixas grandes
de madeira (bins), com capacidade de 350 a 400kg, que são transportados por
tratores;
Deve-se fazer a desinfecção do material utilizado para a colheita das frutas,
principalmente das embalagens de transporte e armazenamento, para tanto, pode-
se utilizar o hipoclorito de sódio (água sanitária), na concentração de 400mg.L-1,
para embalagens de plástico, e 800mg.L-1, para embalagens de madeira;
Antes do início da colheita, deve-se fazer a manutenção das estradas internas do
pomar, eliminando-se tocos, pedras e buracos que possam provocar saltos bruscos
nos veículos que transportam as frutas colhidas;
As frutas são, na maioria, produtos bastante perecíveis, isto faz com que o intervalo
de tempo, entre a colheita e o destino final, deva ser o mais reduzido possível.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 113


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

6.3. Seleção e classificação

Por seleção, entende-se a separação das frutas quanto à sanidade, forma, coloração,
defeitos, entre outras. Já classificação é a separação das frutas quanto ao tamanho, que
pode ser representado pelo peso ou pelo diâmetro.
A seleção e a classificação das frutas são processos que podem iniciar na colheita, onde já
são eliminados aquelas demasiadamente verdes, podres, manchadas, muito pequenas,
entre outros. Após a colheita, as frutas são levadas para os galpões de beneficiamento
(packing house).
Ambos os processos podem ser realizados manual ou mecanicamente, sendo que, neste
último, o rendimento é bastante superior. A operação realizada manualmente apresenta bons
resultados, porém é um processo lento que exige mão-de-obra com experiência e em
quantidade. A utilização de máquinas normalmente é restrita pelo elevado custo de aquisição
e pela inviabilidade de utilização para mais de um tipo de fruta, o que praticamente limita o
seu uso a grandes empresas monocultoras.
A maçã é, hoje, a fruta que mais tem evoluído tecnicamente, no Brasil, na parte de pós-
colheita, sendo que algumas empresas já realizam a classificação e seleção
simultaneamente através de máquinas que separam as maçãs eletronicamente pela cor e
tamanho, perfazendo, em torno, de 24 toneladas/hora.
A padronização e a rotulagem das frutas, de acordo com a finalidade desejada, é feita
através de portarias específicas para cada cultura, expedidas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
6.4. Armazenamento

A colheita da maioria das frutas se dá num espaço de tempo relativamente curto, isso faz
com que haja necessidade de conservá-los além da época de produção, o que proporciona
benefícios tanto para o produtor, que obtém melhores preços, quanto para o consumidor que
pode dispor das frutas em épocas em que não é possível produzí-las.
Dentre os diversos métodos de conservação de frutas e hortaliças, somente será abordado
o método de conservação pela utilização do frio ou frigoconservação ou armazenamento
refrigerado, embora existam outros também importantes.
A frigoconservação é o método mais utilizado para conservação de frutas, que podem ser
destinadas tanto ao consumo “in natura” quanto para a industrialização, daí sua grande
importância.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 114


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Tipos de armazenamentos refrigerados a)


Atmosfera Normal (AN)
A atmosfera normal é o sistema mais utilizado para prolongamento do período de
armazenamento da maioria das frutas, principalmente as de clima temperado. Baseiase na
combinação de baixas temperaturas, geralmente de -1 a 4°C, com alta umidade relativa do
ar (UR), geralmente superior a 85%.
A temperatura baixa reduz a velocidade do metabolismo respiratório, sendo que o valor
mínimo tolerado é variável com a espécie e cultivar. Por outro lado, frutas com atividade
respiratória alta, como as frutas de clima tropical, não se adaptam ao armazenamento com
temperatura muito baixa.
A utilização de UR alta no armazenamento dificulta a desidratação das frutas, porém
demasiadamente alta, favorece a proliferação de microrganismos patogênicos. b)
Atmosfera Modificada (AM)
A atmosfera modificada é um método de conservação que visa modificar a concentração de
gases ao redor e no interior da fruta, associada ou não à utilização de baixas temperaturas,
porém sem um controle preciso dos teores gasosos.
A alteração da atmosfera pode ser conseguida colocando-se as frutas em embalagens de
polietileno ou PVC, aplicando-se ceras, ésteres de sacarose, Nacarboximetilcelulose, ácidos
graxos não saturados de cadeia curta, entre outros. Alguns materiais plásticos são pouco
permeáveis ao vapor d’água, o que provoca aumento excessivo da umidade relativa (95%),
favorecendo a ocorrência de fungos. Para evitar este problema, pode-se fazer pequenas
perfurações nos plásticos, que impedem, também, o acúmulo excessivo de CO 2.
As ceras não alteram a transpiração, mas reduzem as trocas de O2 e CO2 com a atmosfera
e podem induzir a produção de alcoóis, aldeídos e outros compostos indesejáveis.
c) Atmosfera Controlada (AC)

O armazenamento em atmosfera controlada é uma técnica que vem sendo utilizada com
bastante sucesso em algumas frutíferas, principalmente em maçãs. Baseiase na
manutenção das frutas em uma câmara fria com uma proporção definida de O2 e CO2, aliada
à baixa temperatura.
O ar atmosférico é composto por, aproximadamente, 78% de N2, 21% de O2 e 0,03 de CO2.
Com a utilização de câmaras frias hermeticamente fechadas, se pode alterar os teores de
O2 e CO2 para 1 a 3% e 1 a 5%, respectivamente. Com isso, se reduz o processo respiratório
da fruta, reduzindo, consequentemente, os processos de degradação.
O O2, na atmosfera e no interior da fruta, atua no seu metabolismo, porém concentrações

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 115


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

muito baixas fazem com que ocorra a respiração anaeróbia e a produção de etanol,
acetaldeído e outros compostos que prejudicam as qualidades organolépticas das frutas.
Com relação ao CO2, concentrações altas (acima de 5%) provocam alterações estruturais,
como desintegração das membranas e do citoplasma.
Os níveis de O2 e CO2 a serem utilizados são bastante variáveis com a espécie e com a
cultivar utilizadas, sendo que se controle é feito por computadores que analisam a
composição do ar no interior da câmara, fazendo automaticamente a correção. A proporção
adequada do ar atmosférico no interior da câmara pode ser conseguido pela eliminação de
O2 e aumento de CO2, através da respiração natural das frutas. Caso os níveis de CO2
ultrapassem os limites máximos, passa-se o ar por soluções de Ca(OH)2, NaOH ou H2O,
que absorvem o gás. Caso os níveis de O2 diminuam muito, a recomposição é feita através
da injeção de ar no interior da câmara. Para retirar o excesso de etileno, passa-se a
atmosfera da câmara numa solução de permanganato de potássio (KMnO4).
Outras maneiras mais rápidas de rebaixar a concentração de O2 e aumentar a de CO2 são a
combustão do gás propano ou através da purga da câmara com nitrogênio. Os grandes
inconvenientes deste sistema são a exigência de câmaras frias praticamente herméticas,
equipamentos complexos e mão-de-obra especializada o que aumentam os custos de
utilização.
Condições de armazenamento

A manutenção da qualidade das frutas durante um período mais prolongado depende de


uma interação entre as condições envolvidas no armazenamento. As principais condições
que influenciam na qualidade das frutas são a temperatura, a umidade relativa e o período
de armazenamento. Tais condições são bastante variáveis com as espécies e também com
as cultivares.

CAPÍTULO 7 – PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS


Aumentar a produção de frutas é uma solução primária para atender a futura demanda global
de alimentos, seja aumentando a área plantada ou o rendimento das culturas. Viabilizar a
chegada do alimento produzido até a população, através da redução de perdas e
desperdícios com a adoção de soluções eficientes ao longo da cadeia produtiva, configura
uma das formas de garantir segurança alimentar e nutricional a todo o mundo. Neste sentido,
a integração das partes componentes da cadeia produtiva passa a ser ação essencial para
o gerenciamento das perdas, uma vez que cada parte isolada tem efeito positivo ou negativo
sobre a outra (FAO, 2011).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 116


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

"Segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso


regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer
o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e sejam ambiental, cultural,
econômica e socialmente sustentáveis (art. 3º da Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006)."
Segundo Chitarra e Chitarra (2005) as perdas pós-colheita podem ser definidas como
aquelas que ocorrem após a colheita em virtude da falta de comercialização ou do consumo
do produto em tempo hábil; ou seja, resultante de danos à cultura, ocorridos após a sua
colheita, acumulada desde o local da produção, somando-se aos danos ocorridos durante o
transporte, armazenamento, processamento e /ou comercizalização do produto vendável.
As tecnologias aplicadas em pós-colheita de frutas e hortaliças buscam manter a qualidade
através da aparência, textura, sabor, valor nutritivo, segurança alimentar e também reduzir
perdas qualitativas e quantitavas entre a colheita e consumo. No entanto, perdas pós-
colheita podem ocorrem em número expressivo e representam gasto de valiosos e escassos
recursos utilizados na produção, como água e energia (Fig. 1). Produzir alimentos que não
são consumidos leva a emissões desnecessárias de dióxido de carbono, além de perda do
valor econômico dos alimentos produzidos (FAO, 2011).

Figura 1: Perda ou desperdício de frutas e hortaliças em diferentes etapas da cadeia


produtiva em diferentes regiões do mundo. Fonte: FAO, 2011.
Em países em desenvolvimento mais de 40% das perdas de alimentos ocorrem nas etapas
de pós-colheita e processamento. Nestes países, medidas de controle devem ser adotadas
da perspectiva do produtor, por meio de técnicas pós-colheita adequadas, programas de
conscientização, melhoria das instalações de armazenamento e cadeia do frio. Em países
industrializados mais de 40% das perdas ocorrem nas etapas do varejo e consumo e as

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 117


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

soluções direcionadas ao produtor passam a ter importância apenas marginal, uma vez que
os consumidores perdem grandes quantidades de alimentos (Fig.
2) (FAO, 2011).

Figura 2. Perda ou desperdício de alimento per capita (kg.ano -1) no consumo e etapas pré-
consumo em diferentes regiões do mundo. (FAO, 2011).

Origem das Perdas

Perdas pós-colheita variam muito entre produtos, áreas de produção e época de cultivo além
de estarem relacionadas com a colheita de frutos imaturos, controle inadequado de
qualidade nas etapas da produção, incidência e gravidade de danos mecânicos, exposição
a temperaturas inadequadas e demora no consumo (Kader, 1986). Os padrões de qualidade,
preferências e poder de compra variam muito entre países e culturas e essas diferenças
influenciam a comercialização e a magnitude das perdas póscolheita (Kader e Rolle, 2004).
As perdas podem ser classificadas em quantitativas, qualitativas e nutricionais. Perdas
qualitativas e nutricionais, valor calórico e aceitação pelos consumidores, são muito mais
difíceis de avaliar do que perdas quantitativas. As causas primárias das perdas podem ser
fisiológias, fitopatológicas e por danos mecânicos (Chitarra e Chitarra, 2005).
As causas fisiológicas são perdas relacionadas a elevada taxa de respiração, produção de
etileno, atividade metabólica, perda de massa, amaciamento dos tecidos, perda do flavor e
valor nutritivo.A adoção de práticas que controlem esses parâmetros contribui para a
conservação dos alimentos. Por exemplo, Silva et al. (2011) trabalhando com aplicação de
ceras na pós-colheita de caquis verificaram menor perda de massa durante o

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 118


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

armazenamento com relação aos caquis não tratados. A aplicação de cera mostrou-se
efetiva na conservação da qualidade pós-colheita do caqui cv.Fuyudurante armazenamento,
com melhor conservação da massa, coloração externa e firmeza além dos parâmetros
químicos.
As perdas fitopatológicas são resultado do ataque de microrganismos que causam o
desenvolvimento de doenças provocadas por fungos, bactérias e vírus. As perdas
fitopatólógicas podem deteriorar apenas a aparência do produto levando a perdas
qualitativas ou então levar a destruição total dos tecidos (Chitarra e Chitarra, 2005). Um
trabalho realizado com mamões e laranjas comercializados em Recife-PE indicou elevada
incidência de diferentes doenças fúngicas pós-colheita, que atingiram 82,53% dos frutos
amostrados de mamão e 21,85% dos frutos de laranja (Dantas et al. 2003). Esses resultados
alertam sobre a importância econômica das doenças em pós-colheita de frutos de mamão e
laranja, pois essas doenças desqualificam a fruta para comercialização.
O alto teor de umidade e textura macia de frutas e hortaliças as tornam suscetíveis ao dano
mecânico (FAO, 1989). Danos mecânicos são as principais causas de perdas em qualidade
e quantidade de produtos hortícolas in natura. A incidência e gravidade das lesões podem
ser minimizadas reduzindo o número de etapas envolvidas até o consumidor e educando os
profissionais envolvidos sobre a necessidade de manipulação cuidadosa (Kader e Rolle,
2004). Neste ponto, as pesquisas desenvolvidas para o aprimoramento da cadeia produtiva
contribuem para a manutenção da qualidade dos produtos hortícolas. Em tomates, Ferreira
et al. (2006a) avaliaram o efeito do manuseio e transporte dos frutos em várias etapas da
colheita tendo como objetivo apontar pontos críticos.
Também para tomate Ferreira et al. (2009) verificaram danos por impacto em linhas de
embalagem de tomates frescos, bem como determinaram a qualidade dos frutos submetidos
a danos por impactos em diferentes tipos de superfície. Estudos semelhantes, detectando
pontos de queda e níveis críticos de impactos também foram conduzidos com outros
produtos, como citros e caqui (Ferreira et al., 2006b; Valentini et al., 2009), afim de colaborar
para o desenvolvimento de estratégias que sejam melhor adaptadas a cada tipo de fruta ou
hortaliça ao longo de seu beneficiamento.
Segundo Ferreira et al. (2008) uma intervenção através de cursos e treinamentos das
pessoas envolvidas na cadeia produtiva pode auxiliar na diminuição das perdas e melhoria
da qualidade do produto final.Os danos mecânicos podem acelerar a perda de água, reduzir
os teores de vitamina C e aumentar a suscetibilidade a patógenos. Durigan et al. (2005)
concluiram que houve perda significativa da qualidade das limas ácidas 'Tahiti' em função
de diferentes injúrias mecânicas, principalmente naquelas submetidas às injúrias por

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 119


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

impacto.
Os danos que deixam o tecido intacto, mas causam injúrias internas podem causar aumento
na respiração, descoloração interna e off-flavors por causa de reações fisiológicas anormais
(FAO, 1989). As desordens fisiológicas causadas por impactos alteram, por exemplo, o sabor
e aroma do tomate, reduzindo assim a potencial aceitação deste produto (Moretti e Sargent,
2000). Moretti et al. (1997) estudaram a aceitação de tomates com danos internos pelos
consumidores através de análise sensorial. Verificaram que os consumidores diferenciaram
o sabor em homogeneizados preparados com frutos que apresentavam danos internos.
Custos das Perdas

Cerca de um terço dos produtos hortícolas produzidos nunca são consumidos pela
população mundial (Kader e Rolle, 2004). Essas perdas refletem de forma significativa na
quantidade de produto ofertado e na formação de preços finais. Ricarte et al. (2008)
avaliando o desperdício de alimentos em um restaurante universitário de Fortaleza-CE, por
um período de dois meses, identificaram que de 642 kg de frutas e hortaliças recebidos,
foram perdidos 203 kg entre armazenamento e pré-preparo, representando 31,6% de
desperdício. Silva et al. (2003) constataram que o volume de perda anual de três variedades
de banana, na cidade de Botucatu, somou 39 toneladas, representando um valor de R$
35.038,00 mil reais.
As perdas colaboram para que haja aumento no custo da pós-colheita. Muitas vezes, esse
custo representa o maior gasto ao longo da pós-colheita e comercialização, como o que
ocorre no caso da banana, ou então o valor sobrepõe o custo de alguma etapa muito
importante para a qualidade do produto, caso que ocorre com a manga, que apresenta o
custo de perda mais elevado do que o próprio beneficiamento. As perdas significativas que
ocorrem durante a produção, colheita, pós-colheita, armazenamento e transporte ao canal
distribuidor também contribuem fortemente para a redução da oferta.
CAPÍTULO 8 – MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS

A globalização leva ao livre mercado sem fronteiras, com os concorrentes mais próximos,
com integração cada vez maior dos mercados e dos meios de comunicação e transporte,
permite que o abastecimento de uma empresa possa ser feito por fornecedores que se
encontram em diversas partes do mundo, cada um oferecendo melhores condições de preço
e qualidade. Esse mercado exige volume, constância na oferta, diversidade e produtos de
qualidade com rastreabilidade.
Quando o mercado se torna altamente excludente cabe a mediação por parte do Estado. O
acesso ao mercado e à comercialização de produtos agrícolas da AF (Agricultura Familiar)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 120


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

constitui um dos principais gargalos dessa categoria de produtores. A escolha do mecanismo


de comercialização envolve ações que se adaptem à pequena escala, ao tipo de qualificação
do trabalho, ao relacionamento com fornecedores, clientes e prestadores de serviços e à
existência de estratégias competitivas.
O processo de comercialização tem início com a produção, mas não se limita a isso,
passando pelo beneficiamento, embalagem, compra, venda e atividades de logística. Essa
dinâmica de produção, para permanência no mercado, implica que os produtores tenham
volume, qualidade, diversidade e regularidade de oferta, pois os consumidores precisam se
alimentar diariamente e os fornecedores devem estar estruturados para isso.
No momento de vender a produção, a maioria dos agricultores sofre deságio de preços em
seus produtos, por desconhecer as regras de mercado, principalmente quando se trata de
produtos perecíveis (frutas, legumes e verduras). Há deságio por ser perecível, por ser
colhido fora do ponto ideal de colheita, por não ser classificado, não ser devidamente
embalado, não ter rastreabilidade e não ser transportado corretamente.
A redução das perdas na comercialização começa no planejamento da atividade, antes de
iniciar a produção, através do estudo de mercado e verificação de suas exigências em
relação aos produtos que se quer produzir. O ideal é vender o produto antes de produzi-lo
e, quando possível, formalizado via contrato.
Geralmente ao se falar em mercados como áreas geográficas (mercado local, regional,
estadual, internacional etc) pode-se segmentá-lo em mercados geográficos, incorporando a
utilidade de lugar, mercados de um produto, incorporando a utilidade de forma (mercado de
milho, como exemplo) e mercados temporais, como utilidade de tempo (mercado de feijão
em junho). O problema a ser analisado na comercialização é que define o tipo de mercado.
Como exemplo, tem-se o preço do tomate praticado na CEASA ou o preço da soja no
mercado internacional.
As atividades da comercialização devem facilitar respostas aos problemas econômicos: o
que, quanto, quando, e onde e como produzir, e de que forma distribuir os produtos. O papel
da comercialização está centrado em orientar a produção e o consumo e produzir utilidades.
1. PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

O primeiro passo de qualquer empreendimento é o planejamento para verificar os riscos que


estão embutidos no negócio e como implementá-lo com segurança. O planejamento, ou
plano de negócio, quando bem feito, permite identificar os riscos, analisá-los e tomar a
decisão antes de fazer os investimentos, reduzindo, assim, as possibilidades de prejuízo.
Numa breve reflexão é possível verificar que na comercialização de frutas, legumes e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 121


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

verduras (FLV) existem alguns riscos tais como: risco de produção, de preço, de crédito,
risco de conduta e dos contratos, como se pode observar na figura.
1.1 CONHECER PRIMEIRO O MERCADO A QUE SE DESTINA O PODUTO PARA DEPOIS
PRODUZIR
A questão é amadurecer a idéia de que a comercialização não pode mais ser deixada para
depois da colheita. Tornou-se necessário dedicar tempo e atenção às cotações e às
oportunidades de negócios antes mesmo do plantio. Esse monitoramento, à base de
informação qualificada, é que permite as avaliações particulares.

Figura: riscos que ocorrem na comercialização de frutas.


Em ano de incerteza climática, amadurecer as vendas dá mais resultado do que reclamar
do clima e da produtividade.
Antes de decidir o que e quanto produzir, é preciso conhecer o mercado ao qual se vai
vender o produto (indústria, cooperativa, intermediário, atacadista, varejista, consumidor), a
sua localização e a sua infraestrutura e área disponível para produção;
Analisar as potencialidades, dificuldades, oportunidades e ameaças;

Que quantidade o mercado está disposto a comprar;

Qual a estimativa de preço que o mercado está disposto a pagar;

De quem o mercado compra atualmente e qual a forma de pagamento;

Qual a periodicidade de compra e qual a qualidade exigida (classificação, padronização,


embalagem, rotulagem desejada do produto).
A pesquisa de mercado pode ser feita junto aos canais locais de comercialização, tais como:
agroindústrias, supermercados, armazéns, mercearias, açougues, padarias, sacolões,
feiras, restaurantes, cooperativas e hotéis, entre outros.
Planejamento é o ato de pensar, analisar, refletir, organizar e exercitar antecipadamente o

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 122


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

que deve ser feito para alcançar os resultados esperados. O que produzir, quanto produzir,
quando produzir, para quem produzir e como produzir.
O que produzir

Uma vez estudado o mercado é necessário definir:

O que produzir e a tecnologia a ser usada, considerando as exigências dos consumidores;


Verificar se existem recursos produtivos suficientes;

Verificar para qual mercado em que quantidade produzir.

O mercado de frutas, legumes e verduras é exigente em quantidade, qualidade, preço,


regularidade de oferta, padronização da mercadoria e embalagem, além de exigir a nota
fiscal dos produtos. Diante dos possíveis mercados (municipal, regional, nacional) é preciso
que o produtor defina do qual deles irá participar e a capacidade de produção a ser ofertada
em função da demanda existente. Fazer o cadastramento dos possíveis compradores e
iniciar os contatos na perspectiva das futuras vendas:
Que qualidade a produção deverá ter;

Com que frequência o produto vai chegar ao mercado: diária, semanal, mensal, anual ou,
ainda, na safra ou na entressafra. Conforme a frequência será preciso todo um esforço no
planejamento da infraestrutura da propriedade, da logística e do processo de
comercialização;
Aumentar o valor do produto.

2. DIAGNÓSTICO/PROBLEMAS DO AGRONEGÓCIO FRUTI-OLERÍCOLA

Baixa produção/produtividade, baixa qualidade e alto custo de produção;

Produção segmentada e inconstante (desequilibrada);

Deficiência na qualificação dos produtos pós-colheita (seleção, limpeza, classificação,


acondicionamento, embalagens, rotulagem e identificação do produtor e do produto);
Muitos produtores sem casas de embalagens (“paking house”), ou local apropriado para o
processamento pós-colheita;
Problemas ambientais e sanitários, tanto na produção e no processamento, quanto na
comercialização;
Deficiência na logística de armazenamento, transporte e comercialização;

Baixo consumo e hábito alimentar restrito;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 123


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Escassez de tecnologia mais avançada e de conhecimento do mercado;

Deficiência no “marketing”;

Desorganização do setor produtivo com deficiência na oferta de produtos e serviços


diferenciados;
Espírito imediatista e ganância dos agentes da cadeia.

3. OS VÍCIOS DO MERCADO

Produtores desunidos, desorganizados, fragmentados e desvinculados dos consumidores;


Comerciantes (atacadistas e atravessadores) com visão oportunista;

Setor varejista inexperiente, embora perceba necessidade de mudanças;

Inexistência de dados oficiais e/ou confiáveis para se determinar o mercado no Brasil.

4. ONDE ESTÃO OS MERCADOS

Dependendo do planejamento e do sistema de produção, do produto e do volume de


produção, o mercado pode estar no próprio município ou nos municípios circunvizinhos.
Pode estar nos estados, principalmente junto aos grandes centros urbanos. No Brasil, o
mercado localiza-se nas capitais, regiões metropolitanas e cidades mais populosas.
5. OPORTUNIDADES DO SETOR DE FRUTAS E HORTALIÇAS

Efetivação e surgimento de novos canais de distribuição e de demanda e novas formas de


comercialização forçarão o desenvolvimento de novas organizações, melhorando o lucro da
cadeia;
Surgimento de formas para encurtar o caminho até o consumidor final, reduzindo as
intermediações;
Possibilidade de agregação de renda através da melhoria na qualidade, da qualificação pós-
colheita e do uso de embalagens adequadas e padronizadas;
Novos nichos de mercado: produtos orgânicos; produtos hidropônicos; produtos isentos de
agrotóxicos e de agentes biológicos nocivos à saúde humana; produtos desdobrados,
diferenciados; produtos pré ou minimamente processados (lavados, higienizados, cortados,
descascados, picotados, ralados) e produtos agroindustrializados;
Redução do desperdício médio, que gira, na pós-colheita, em torno de 30%.

6. GRANDES ESTRATÉGIAS PARA AS MUDANÇAS DO SETOR DE FRUTAS, LEGUMES E


VERDURAS
Produção e comercialização programada, visando constância de oferta, em volume
adequado (de acordo com o mercado ou o cliente);

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 124


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Instalações em conjunto de infraestrutura (“paking house”) de classificação, processamento


pós-colheita, de armazenamento e/ou de agroindústrias;
Compra conjunta de insumos, venda conjunta da produção e transporte em conjunto;

Melhoria na qualidade e na qualificação pós-colheita (reconquistar a credibilidade);

Aumento na produtividade e redução de custo;

Educação alimentar junto ao consumidor final;

Desenvolvimento de polos de produção programada, transporte, aquisição de insumos e


agroindústria conjunta, para maximizar a comercialização;
Organização da classe produtora para produção e comercialização conjunta e/ou ordenada,
visando lucros a médio/longo prazo com oferta diversificada e em escala, a preços
competitivos e através de produtos e prestação de serviços diferenciados.
7. MERCADOS

7.1. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO OU DE COMERCIALIZAÇÃO DISPONÍVEIS

Entende-se aqui canais de comercialização como os vários espaços e oportunidades nos


quais se praticam as transações comerciais, desde locais até internacionais.
Canais de marketing ou de distribuição podem ser entendidos como “um conjunto de
organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço
disponível para o consumo ou uso”(STERN, 1996). O conceito indica que várias empresas
estão evolvidas no processo, a fim de satisfazer os usuários finais no mercado, sejam eles
consumidores ou compradores empresariais.
Os canais de comercialização desempenham, cada vez mais, papel importante para o
agricultor, podendo ser o fator mais relevante para o desenvolvimento efetivo da participação
de mercado. Os canais de distribuição eficientes vêm se tornando mais importantes para
garantir que os agricultores alcancem sucesso em mercados altamente competitivos. É
preciso conhecer os canais de comercialização para:
Entender o processo de formação de preços;

Identificar pontos de estrangulamento da comercialização;

Identificar possíveis oportunidades;

Identificar possíveis parcerias e alianças;

Organizar estratégias para participar de mercados mais competitivos.

Os principais canais de comercialização utilizados pelos agricultores familiares estão


relacionados a seguir, com a predominância do intermediário, o que demonstra um longo

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 125


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

caminho a ser percorrido na organização dos agricultores e da produção para que passem
a ser protagonistas de seus negócios, através do cooperativismo. Principais canais de
comercialização: Intermediário, Cooperativas, Indústria, Mercado atacadista (Centrais de
Abastecimento – CEASA), Operadores independentes e Produtores expedidores), Mercado
Institucional (PAA E PNAE), Comércio Justo etc.
7.2. QUEM SÃO OS CONCORRENTES E COMO SE COMPORTAM

O agricultor precisa identificar quem são os concorrentes que atuam no mercado de seus
produtos, como eles operam, qual a qualidade apresentada, como são feitas as transações,
forma de pagamento e qual a fatia de mercado ocupada pelos concorrentes. Tais
observações permitem detectar os pontos fortes e fracos e identificar novas oportunidades
de mercado.
7.3. COMO SÃO PRATICADAS AS TRANSAÇÕES DE COMPRA E VENDA

Entendendo a cadeia produtiva dos produtos

Um desafio para os agricultores familiares é entender como estão estruturadas as cadeias


produtivas de seus produtos e de seus negócios, como interagem os agentes nessas
cadeias, como estão compostas as forças de mercado, como a cadeia é coordenada e
identificar o mercado apropriado para cada produto, os canais de comercialização, as
estratégias específicas para cada grupo de produtos e como fortalecer o poder de barganha
dos produtores para enfrentar a força dos compradores.
Sem dúvida é uma tarefa difícil, quase impossível, para os agricultores enfrentarem
individualmente, sem o espírito cooperativo. As cadeias produtivas são entendidas como um
conjunto de componentes interativos, compreendendo desde os fornecedores de serviços e
insumos, sistemas produtivos agropecuários e agroflorestais, processamento e
transformação, distribuição e comercialização, até os consumidores finais de produtos e
subprodutos.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 126


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura: Representação de uma cadeia produtiva hortifrutícola.

Segundo (Batalha et al, 1997) a cadeia produtiva pode ser analisada sob diversos enfoques:
Técnico - A cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação
dissociáveis, capazes de serem separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico;
Econômico - A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e
financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca
situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes;
Estratégico - A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a
valoração dos meios de produção e asseguram as articulações das operações.
Forma de comercialização

A comercialização é complexa, dinâmica e processual. Ela possui as seguintes funções:


Função comercial – refere-se às informações e decisões de venda;

Função logística – inerente ao transporte e à entrega de mercadorias;


Função financeira – trata da forma de pagamento e de como serão formalizados os contratos
entre as partes.
A forma de comercialização do produto, venda “in natura”, produto minimamente processado
e produto processado irá implicar no investimento em infraestrutura e na legislação a ser
seguida no processo de comercialização.
Estratégia de comercialização

No contexto do mundo globalizado, as relações comerciais são caracterizadas pela alta


competitividade. Somente haverá espaço para quem:

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 127


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Buscar, permanentemente, informações sobre o mercado consumidor de seus


produtos e sobre o mercado fornecedor de suas matérias-primas;
Dominar técnicas de gerenciamento da atividade rural e aplicá-las no seu negócio;
analisar, rotineiramente, os preços praticados pelo mercado, os custos de produção
e os preços de seus produtos.
A comercialização pode ser efetuada de várias formas:

Venda individual; - Venda associativa;


Organização de rede.

Para inserção dos agricultores familiares no mercado é necessário melhorar o seu poder de
competição com organização em cooperativas, centrais de associações, formando redes de
comercialização e parcerias formalizadas, como forma de superar mais facilmente as
barreiras de sua inserção no mercado, para atenderem as demandas dos diversos canais
de comercialização públicos e privados, para que possam organizar a oferta de produção, a
diversidade de alimentos, a logística de beneficiamento, armazenagem, processamento,
embalagem, padronização, transporte, distribuição, aquisição de insumos, caminhões,
máquinas de beneficiamento e marketing. As transações devem ocorrer do informal para o
formal, através de contratos, alianças e outros mecanismos. Instituições, devidamente
registradas, observando os amparos legais tornam-se “o braço” dos produtores no mercado.
O agricultor sozinho dificilmente consegue acessar bons mercados e manter a regularidade
na oferta de produtos também, na maioria dos casos, não dispõe da infraestrutura
necessária. Portanto, o associativismo é uma estratégia competitiva de acesso ao mercado.
A tendência de monopolização no sistema de abastecimento agroalimentar tem dificultado a
inserção de alguns segmentos tradicionais ao mercado. O resultado tem sido a exclusão de
pequenos e médios empreendimentos agrícolas, industriais e comerciais.
Paralelamente, novas possibilidades são abertas à comercialização para produtos
diferenciados, como os artesanais, orgânicos e “naturais”, que apresentem valor econômico,
social e cultural. Dentre as estratégias de inserção no mercado destacam-se duas:
verticalizar a comercialização ou fazer parcerias. Na verticalização é necessário criar “uma
marca para obter a fidelidade dos consumidores”. É preciso conhecer os consumidores pois,
normalmente, nesse caso as margens de ganho são pequenas.
Isso tem implicações na eficiência em termos de redução dos custos de produção e
transação. Já no caso das parcerias, o ideal é buscar produtores parceiros já estabelecidos.
É fundamental ter uma coordenação das atividades, que também realizam o controle dos
custos dessa transação e uma postura associativista madura de forma a reduzir o

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 128


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

oportunismo, evitando criar a figura do intermediário.


7.4. TIPOS DE MERCADOS

Mercado atacadista (basicamente três canais)

Centrais de abastecimento (CEASA): Existem nos principais centros urbanos, de


propriedade do estado e/ou municípios e, por não terem acompanhado a evolução da
globalização e da modernização, começam a perder forças para outros canais;
Operadores Independentes: São os intermediários ou atravessadores operando dentro e
fora das Centrais de Abastecimento, atendendo pequenos varejistas localizados nas
pequenas cidades. De modo geral, esses intermediários não têm qualquer
comprometimento com o produtor e assumem poucos riscos;
Produtores Expedidores: Representam uma classe nova de distribuidores, resultado da
demanda de mercado, gerado por varejistas em busca de melhor serviço e menor custo,
além da constância de entrega em volume e qualidade. São originários de operadores
independentes, com a diferença de que também são produtores. Esses mecanismos
substituem a dificuldade de operacionalização de associações e cooperativas, na área de
perecíveis.
Mercado varejista

Composto pelos canais tradicionais como as feiras livres os varejões, as quitandas, as


mercearias, os ambulantes, sacolões, mercados municipais e os canais que englobam as
grandes redes de super e hipermercados.
Mercado consumidor institucional

É constituído de inúmeros canais como: cozinhas industriais de grandes fábricas, exército,


merenda escolar, rede de restaurantes e de hotéis e outros. Pontos de estrangulamento para
os produtores venderem seus produtos neste mercado:
Baixa produção, tanto em volume como em diversidade de produtos;
Descontinuidade na oferta;

Falta de padronização da qualidade ofertada;

Fraca infraestrutura de produção e comercialização;

Baixa disponibilidade de recursos produtivos (capital e mão de obra);

Pouca organização dos pequenos agricultores;

Baixa remuneração.

Os super e hipermercados, sacolões, quitandas, mercearias, varejões, feiras livres e os

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 129


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ambulantes representam o setor varejista de frutas e hortaliças no Brasil. Os


estabelecimentos acima citados, exceto os super e hipermercados, ainda participam com
considerável fatia de mercado na distribuição de frutas e hortaliças.
Entretanto, o aumento da concorrência aliado a baixos custos (economia de escala) e o
incremento da eficiência fará com que os super e hipermercados (que hoje detêm
aproximadamente entre 45-50% da fatia do mercado) continuem a ganhar maior fatia de
mercado (podendo atingir, nos próximos 5 anos, em torno de 70-80 %).
As redes recentes (de cadeias internacionais) e as antigas redes de super e hipermercados
estão submetendo os seus departamentos de frutas e hortaliças a substanciais mudanças,
realocando e atualizando o setor, transformando-o num elemento muito importante para
atrair o consumidor, considerando-o como “ponto chave diferencial” entre todos os outros
produtos. Eficiência operacional e baixo custo são as chaves da sobrevivência.
Os segmentos da cadeia de frutas e hortaliças que os antecedem (produtores e
distribuidores) estão muito longe de atender os requisitos necessários para garantir uma efi
ciente operacionalidade desse setor, excessivamente segmentado, oportunista, com
inadequada tecnologia de classificação, manuseio, armazenagem pós-colheita e transporte
de distribuição.
É necessário na cadeia o incremento e a organização de empresas e associações
independentes de distribuição, com adequada infraestrutura de armazenamento, classifi
cação, acondicionamento, armazenamento e de transporte para, de forma efi ciente,
constante e preço competitivo (ganho por escala) poder suprir o moderno setor varejista
(principalmente, super e hipermercados e consumidores institucionais).
Mercado institucional

Nas imperfeições do mercado o Estado deve interferir para proteger as populações excluídas
desse processo. Nesse sentido, o mercado institucional aparece como alternativa para
inclusão dos agricultores, especialmente os mais descapitalizados e para distribuição de
alimentos seguros e saudáveis, para grupos de pessoas com insegurança alimentar.
É um canal de comercialização no qual o agricultor familiar e/ou suas organizações
comercializam a produção com instituição governamental ou não, desde que permitida uma
relação direta com o consumidor final. A utilização desse canal pela agricultura familiar é
comumente fomentada pela ação extensionista em diversas experiências no estado, e tem
como propósito oportunizar a inclusão social e sua inserção nas políticas públicas locais de
abastecimento, bem como contribuir com a promoção da soberania alimentar.
É responsabilidade coletiva fortalecer esse canal de comercialização como estratégia de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 130


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

promoção do desenvolvimento rural sustentável e solidário, o que depende da ação


organizada dos agricultores familiares, dos demais atores sociais e do interesse do poder
público, sendo de fundamental importância relacionar o mercado institucional com as
compras governamentais de alimento, do ponto de vista da construção e fortalecimento de
políticas públicas de abastecimento.
7.5. AGREGAÇÃO DE VALOR AO PRODUTO

Existem diversas formas de agregar valor às frutas pela sua diferenciação. A estratégia de
diferenciação dos produtos para a agricultura familiar compreende o grau em que um
determinado produto é considerado diferente pelos compradores e consumidores. As frutas
podem diferenciar-se por meio de diversas estratégias, tais como:
Diferenciação de produto (tecnologia, rotulagem, desempenho, conformidade,
confiabilidade, durabilidade, estilo e design);
Diferenciação de serviços ao cliente (facilidade de pedido, consulta e consultoria ao
consumidor, prêmios oferecidos aos adquirentes dos produtos, compra pela internet); -
Diferenciação por meio do canal de distribuição (rapidez de entrega, entrega em domicílio e
cobertura geográfica ampliada do canal de entrega);
Diferenciação pela imagem da marca (conhecimento, tradição, segurança, garantia de
qualidade);
Diferenciação de pessoas no atendimento aos clientes (vantagens competitivas pela
qualificação das pessoas, cortesia, credibilidade, confiabilidade, responsabilidade e
comunicação);
Diferenciação por atributos especiais de qualidade do produto (orgânico e agroecológico,
alimento funcional e assemelhado);
Diferenciação pela rastreabilidade, certificação e denominação de origem;

Diferenciação pelo respeito socioambiental e não emissão de gases de efeito estufa;

Diferenciação pela transformação dos produtos e processamento mínimo (Agroindústria


Familiar) – segue uma estratégia de comercialização específica para cada produto, em
função da tributação e outras exigências legais para acesso ao mercado.

Parte 2 OLERICULTURA

CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS

Olericultura

O termo OLERICULTURA é derivado do latim: olus (=hortaliça) e colere (=cultivar) e, portanto, é

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 131


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

utilizado para designar o cultivo de certas plantas de consistência herbácea, geralmente de ciclo
curto e tratos culturais intensivos, cujas partes comestíveis são diretamente utilizadas na
alimentação humana, sem exigir industrialização prévia.
As hortaliças também são denominadas por cultura olerácea e são popularmente
conhecidas como verduras e legumes.
A olericultura não é sinônimo de horticultura, sendo este último mais abrangente, referindo-se à
produção de uma grande diversidade de culturas comestíveis ou ornamentais, como a fruticultura
(cultura de fruteiras variadas), a cultura de cogumelos comestíveis, a jardinocultura (produção de
plantas ornamentais), o cultivo de plantas bulbosas (como a tulipa), o cultivo de plantas medicinais,
o cultivo de plantas condimentares e a produção de mudas diversas (viveiricultura).
Segundo a Sociedade Brasileira de Olericultura do Brasil, além das verduras e
legumes por nós conhecidos, devem ser incluídas entre as culturas oleráceas, a
melancia, o melão, o morango, a batata-doce, a batatinha, o inhame, a
mandioquinhasalsa, entre outras.

Características das hortaliças

Como característica mais marcante, temos o caráter intensivo, quanto à utilização do solo, aos
tratos culturais, à mão-de-obra e aos insumos agrícolas modernos (sementes, defensivos e
adubos químicos). Empregam-se esses insumos em quantias elevadas por área cultivada. Em
contrapartida, possibilita altas rendas líquidas por área cultivada.
O olericultor é o tipo de empresário rural que obtém os maiores lucros por unidade de área
explorada em relação aos demais agricultores ou criadores. Isto porque, na maioria dos casos,
o ciclo cultural das hortaliças é bem mais curto, comparando-se com as demais culturas. Como
exemplo: em um ano, num mesmo terreno, pode-se utilizar para 3 culturas de tomate
transplantados, ou 6 culturas de alface transplantadas ou 12 culturas de rabanete plantados
diretamente. O ciclo das hortaliças normalmente é de 3 a 6 meses, com exceção do aspargo
(que é perene) ou do chuchu (semi-perene).
Como as áreas são menores, podemos aprimorar os tratos culturais que são intensivos, podendo-
se utilizar a polinização manual, fumigação dos canteiros, produção de mudas em recipientes,
raleamento dos frutos, adubação foliar, etc. Com isso, utiliza-se, de modo intensivo, a mão-de-
obra e a terra.
Pela sua alta rentabilidade física e econômica, a olericultura permite o aproveitamento de terrenos
de baixa fertilidade natural, cuja utilização seria antieconômica para outras culturas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 132


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Expansão da olericultura

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios que aqui viviam alimentavam-se com a
mandioca, vários tipos de feijões e favas, jerimum ou moranga, batata-doce, beldroega, tomilho,
maxixe, caruru, amendoim e várias espécies de pimenta. Na Europa, já era tradição agrícola e
hábito dos portugueses, o cultivo de hortas, pois a base da alimentação eram os vegetais cozidos,
em forma de caldos.
Aqui no Brasil, para garantir a produção dessas hortaliças, os portugueses criaram os cinturões
verdes (áreas de cultivo ao redor das cidades), em Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo,
nos quais, além de hortas, também implantaram pomares, criavam galinhas e produziam mel.
Adotaram a mandioca e cultivavam os temperos (coentro, cominho, hortelã, manjericão ou
alfavaca, salsa, cebola, alho, poejo), couve, nabo, pepino, cenoura, alface, espinafre e berinjela.
A outra influência decisiva na agricultura e na alimentação brasileira veio com os africanos que
chegaram ao Brasil a partir de 1539 e mantinham os seus “roçadinhos” ao redor da senzala,
onde plantavam quiabo, vinagreira, inhame, ervadoce, melancia, gergelim, açafrão e vários tipos
de pimenta.
Embora tenha surgido dessas três influências, o brasileiro não se distinguiu como um grande
consumidor de hortaliças. A partir do começo do século XVII, as hortaliças pouco a pouco
passaram à categoria de “mistura”, ou um complemento eventual, mas a preferência era pelas
carnes de gado, de peixe e de caça, muito abundantes e baratas naquela época e pelo feijão.
Houve um aumento do consumo de saladas pelos ricos que tinham acesso à Corte Imperial, com a
chegada do Príncipe Regente Dom João, em 1808, que trouxe o costume da França. Contudo, a
camada mais pobre da população não tinha o costume de comer as hortaliças, somente
consumindo alguns temperos.
Pequenas mudanças ocorreram no final do século, com a chegada dos imigrantes italianos,
alemães e nórdicos, que não abriam mão de seus hábitos alimentares aqui no Brasil, aumentando
o consumo de batata (entre os alemães) e do tomate (entre os italianos) – hortaliças curiosamente
de origem sul-americana.
A contribuição mais significativa para a incorporação do hábito de consumo de hortaliças pelos
brasileiros ocorreu com a chegada dos imigrantes japoneses, a partir de 1908. Depois de
trabalharem nas grandes fazendas de café, instalaram-se em pequenas propriedades ao redor da
cidade de São Paulo, formando o cinturão verde. Produziam em larga escala e com técnicas
modernas, as culturas hortícolas já conhecidas no país e outras que eles mesmos trouxeram,
como a couve-chinesa, a couve-rábano, o espinafre, a bardana, o rabanete, o repolho, a mostarda,
o broto de bambu e o broto de feijão.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 133


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O aumento da urbanização provocou um aumento do preço das terras próximas às cidades e da


demanda de alimentos, gerando a necessidade de se aprimorar a produção das hortaliças, com
a melhoria da tecnologia utilizada e aumento da produtividade. Com isso, a olericultura saiu das
proximidades das cidades, indo para locais com melhores condições ecológicas (de solo e clima),
ou de maior conveniência econômica (custo de utilização da terra e da água).
Assim, a horta evoluiu para a olericultura empresarial, atendendo a demanda e exigência dos
consumidores, tanto no aspecto da qualidade dos produtos, quanto ao sabor e riqueza em vitaminas
e minerais. No entanto, é interessante notar que o nível de consumo das hortaliças relaciona-se
com a renda pessoal, o grau de escolaridade e a cultura geral da população de um país.
Na década de 1940, surgiu a Revolução Verde, onde devido à demanda crescente de alimentos,
o cultivo era feito com a utilização dos “pacotes tecnológicos” surgido no pós-guerra mundial (com
as grandes sobras de material de guerra das indústrias química e mecânica), que incluíam o uso
da mecanização agrícola, de sementes híbridas selecionadas, adubos químicos e agrotóxicos
para garantir o aumento da produtividade.
Esses pacotes tecnológicos chegaram a partir da década de 1960 no Brasil, com o apoio de
políticas agrícolas de crédito rural e de centros e órgãos de pesquisa e extensão rural (como a
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e EMATER – Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural) que foram criados para a adequação de novas variedades
de produtos hortícolas à nossa realidade de clima e solo e para auxiliar o produtor na utilização
dos novos insumos (adubos químicos, herbicidas, fungicidas, inseticidas, etc.).
Na década de 1970 foram implantadas as primeiras CEASA’s (Centrais de Abastecimento S.A.)
beneficiando a produção, com a comercialização sendo racionalizada num único local.
A década de 1980 é considerada importante para a olericultura brasileira, com o lançamento de
cultivares de hortaliças adaptadas às mais diversas condições climáticas do território nacional,
graças às atividades da pesquisa oficial. Foi nessa época também, que a qualidade dos alimentos
passa a ser considerada como fator de segurança alimentar e nutricional - já não basta produzir
em quantidade suficiente para abastecer a população e viabilizar as condições de acesso ao
alimento, mas também promover e manter a saúde do homem.
Com a chegada da década de 1990, aprofunda-se a crise ambiental no mundo, havendo um
grande questionamento sobre a influência da sociedade capitalista na natureza e também sobre
a sustentabilidade do modelo de exploração dos recursos naturais até então utilizados.
Na última década acentuou-se a implantação do sistema de cultivo protegido em estufas e a
hidroponia. Em 1996, na Conferência da Alimentação realizada em Roma, a FAO (Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) reconhece o fracasso da Revolução Verde e
o surgimento de uma Nova Revolução Verde (ou Alternativa). Além disso, movimentos

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 134


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

internacionais que apontavam falhas na proposta química, começaram a propor soluções para
uma melhor convivência com os recursos naturais, criando sistemas de produção baseados em
modelos que combatem a degradação do meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais,
garantindo alimento e saúde tanto para a atual, quanto para as futuras gerações.
Nas Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizadas
em 1972, 1982 e em 1992 (esta última no Rio de Janeiro, conhecida como ECO-92 ou Rio-92),
tornaram-se visíveis os danos causados pela agricultura convencional (onde o objetivo principal é
o aumento da produção), mostrando que a agricultura era a fonte difusa de poluição no planeta,
causado, sobretudo, pelo uso excessivo de inseticidas. Com isso, buscou-se uma agricultura
menos dependente dos insumos químicos, onde se quer conciliar as necessidades econômicas e
sociais da população humana, com a preservação da base natural do planeta, ou seja, o
desenvolvimento sustentável.

Os métodos alternativos de produção, onde se prioriza a interação entre solo planta-clima-pragas


e etc., começam a crescer, refletindo uma mudança de atitude do ser humano em relação ao meio
ambiente.
Em maio de 1999 o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através da Instrução Normativa
nº 07, aprova normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase,
distribuição, identificação e certificação de produtos orgânicos no país.
Busca-se hoje, segundo os princípios da agroecologia, o restabelecimento de uma relação saudável
entre a natureza e a sociedade e a consolidação da segurança alimentar e nutricional sustentável,
como opção para viabilizar a produção de alimentos de qualidade e fortalecer a agricultura familiar.

Classificação das hortaliças

Devido à grande quantidade de espécies envolvidas e as particularidades de cada cultura, torna-


se necessário uma metodologia capaz de evidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas
ou de ordem tecnológica entre essas culturas.
Por isso, procura-se agrupá-las didaticamente e, nesse sentido, existem várias classificações
baseadas nas características comuns. Uma classificação muito antiga considera, como critério
para o agrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têm valor comercial.
Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada, com pequenas modificações, pelo sistema
Nacional de Centrais de Abastecimento. A classificação é a seguinte:
Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvolvem-se dentro
do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará), rizomas (inhame), bulbos

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 135


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(cebola, alho) e raízes tuberosas (cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-


salsa).
Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-se acima do solo,
sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repolho, espinafre), talos e hastes
(aspargo, funcho, aipo), flores e inflorescências (couve-flor, brócolis, alcachofra).

Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em parte: melancia,


pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinjela, abóbora.

Outra classificação, mais simples, incorreta e pouco abrangente também, e muito


utilizada, é a que reúne todas as hortaliças em dois grandes grupos: as “verduras”
e os “legumes”. O critério para enquadrar as numerosas hortaliças cultivadas num
ou noutro grupo, seria a adequação ou não à tradicional embalagem que é a caixa
tipo “K” (de querosene, pois este produto era trazido, na época da Segunda Guerra,
neste tipo de caixa), também conhecida como caixa tipo “tomate”.
Assim, os “legumes” seriam aquelas hortaliças consideradas adaptadas a tal
embalagem (hortaliças tuberosas e hortaliças frutos); todas as demais (hortaliças
herbáceas) seriam simploriamente denominadas de “verduras”, mesmo que a cor
verde não predomine.
Esses termos também são utilizados, frequentemente, como sinônimos de
hortaliças. Porém, o melhor critério para agrupar as culturas oleráceas, é
considerarmos o parentesco botânico das plantas, com a vantagem de se basear
em características muito estáveis. Assim, enquanto que os métodos culturais
utilizados ou as partes aproveitáveis na alimentação podem variar de uma região
para outra, conforme imposições econômicas ou por simples tradição regional, as
características botânicas são invariáveis. Esse tipo de classificação baseia-se no
parentesco e nas semelhanças entre elas, utilizando-se os órgãos vegetativos e
reprodutivos.
Para tanto, utilizamos três unidades taxonômicas que nos interessam mais de
perto:

a família botânica - que é a reunião dos gêneros botânicos afins;

o gênero botânico - que é o agrupamento de espécies afins;

a espécie botânica - que é a unidade taxonômica básica, englobando indivíduos


vegetais muito semelhantes entre si.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 136


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Essas unidades são utilizadas desde os trabalhos pioneiros do célebre professor


sueco Karl von Linnée (1707 - 1775), adotando-se um sistema binário de
nomenclatura, em latim, aceito universalmente, que compreende o nome do gênero
e o epíteto específico para designar uma espécie botânica. Como exemplo, temos:

Variedade botânica e variedade cultivada

No meio técnico atual, o antigo termo “variedade”, no sentido de uma variedade


comercial plantada pelos olericultores, não vem sendo mais utilizado. Tem sido
substituído pelo termo “cultivar” (do inglês cultivated variety), estabelecendo-se que
sua abreviatura é cv. Define-se cultivar como um grupo de plantas cultivadas, muito
semelhantes entre si, que se distingue por quaisquer características, como
morfológicas, fisiológicas, químicas, citológicas, etc., como é o caso do rabanete,
que pode ser comprido ou redondo, uma alface que suporta o calor sem florescer,
os diversos tipos de tomate existentes, etc.
Tais características são mantidas inalteráveis durante a propagação da cultivar, por
via sexual ou vegetativa. A variedade botânica ou varietas (em latim) não deve ser
confundida com “cultivar”. O termo varietas ou abreviando-se var. é uma unidade
taxonômica, utilizado logo após o nome da espécie botânica, para designar uma
população de plantas, dentro de um mesma espécie, mas com aparência
marcadamente diferente daquela. Um bom exemplo é o da espécie botânica
Brassica oleracea, originária da couve selvagem mediterrânea, que abrange
algumas varietas muito importantes, pois são muito conhecidas entre nós:

ASPECTOS GERAIS DA OLERICULTURA NO MUNDO, NO BRASIL E NO


CEARÁ.

Em 1998, o PIB brasileiro alcançou o valor de US$805 bilhões, sendo o


agronegócio o setor que mais contribuiu para a produção brasileira, com 35% deste
total, equivalente a US$282 bilhões. Entre os itens componentes desse setor, as
frutas e hortaliças responderam por 9,4% da movimentação financeira do
agronegócio, sendo o valor das hortaliças estimado em US$ 9.750 milhões, ou seja
3,5% do PIB agrícola.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 137


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

No ano de 1998, a produção brasileira de hortaliças alcançou mais de 11.571 mil


toneladas, ocupando uma área de mais de 778 mil hectares, distribuída entre as
Regiões Sudeste (68%), Sul (17%), Nordeste e Centro-Oeste (15%). Estima-se que
a Região Sudeste foi responsável por uma safra de mais de 7.868 mil toneladas,
no valor de US$6.630 milhões (Tabela 1), destacando-se o Estado de São Paulo
com uma produção de cerca de 3.926 mil toneladas, no valor de US$3.436 milhões,
ocupando uma área de aproximadamente 169 mil hectares (Tabela 2). A olericultura
paulista participou com cerca de 21% da área nacional, cultivada com hortaliças,
respondendo isoladamente por mais de 34% da produção brasileira (Tabela 2) e
por cerca de 50% da produção regional. O Estado de Minas Gerais, segundo maior
produtor nacional, produziu cerca de 2.174 mil toneladas (Correia, 1999) no valor
de US$1.902 milhões, participando com mais de 12% da área e com mais de 18%
da produção nacional (Tabela 2) e com cerca de 28% da produção regional. A
produção do Rio de Janeiro foi estimada em 920.300 toneladas, no valor de
US$780 milhões, representando aproximadamente 7% da produção nacional e
10% da produção regional.
A produção desses três estados, isoladamente, totalizou um volume da ordem de
7.021.141 toneladas, correspondendo a mais de 61% da produção brasileira de
hortaliças e, aproximadamente, 90% da produção regional, no valor de US$6.119
milhões. Em ordem de importância econômica, destacaram-se na produção
brasileira de hortaliças os seguintes produtos: tomate (23%), batata (23%), cebola
(8%), cenoura (6%) e alho. Desse total, a produção paulista de cenoura participou
com 42% do produto nacional, seguida pela cebola (40%) e pelo tomate (30%)
(Tabela 2). No quadro da olericultura paulista, destaca-se o tomate (21%), seguido
pela batata (16%). Já em Minas Gerais, segundo produtor
nacional, destacaram-se em participação na produção nacional a batata (31%),
seguida pela cenoura (33%) e tomate (20%). No âmbito da olericultura estadual, as
hortaliças mais importantes foram a batata (38%), seguida pelo tomate (25%) e
cenoura (11%).
Características do agronegócio de hortaliças

Tidas como mais lucrativas que outras culturas, como as de grãos, por exemplo, as
hortaliças têm uma realidade bem mais complexa, e o sucesso dos negócios com
esse grupo de alimentos depende de muitos fatores. Em primeiro lugar, deve-se
considerar que as hortaliças são culturas temporárias e, assim como as outras,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 138


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

necessitam de um investimento inicial. Dependendo da espécie, região e época de


cultivo, os níveis de investimento podem variar de US$1 mil a US$5 mil por hectare.
Normalmente, o produtor pode obter um lucro razoavelmente elevado por hectare,
dependendo do valor agregado do produto e da conjuntura de mercado.
É difícil anunciar médias em uma atividade sujeita a tantos altos e baixos, com
diferenças tão marcantes de uma hortaliça para outra. Apesar das variações
cíclicas e sazonais das hortaliças, os negócios com essas culturas vêm sendo
bastante atrativos. Para o produtor, as atividades hortícolas têm permitido a uma
família viver razoavelmente bem, com uma pequena área plantada, ressaltando-se
os atributos de qualidade e uma alta produtividade, fatores fundamentais e
determinantes de melhor rentabilidade nessa atividade.
O agronegócio de hortaliças é um ramo da economia agrícola que possibilita a
geração de grande número de empregos, sobretudo no setor primário, devido à
elevada exigência de mão-de-obra desde a semeadura até a comercialização.
Estima-se que cada hectare plantado com hortaliças possa gerar, em média, entre
três e seis empregos diretos e um número idêntico de empregos indiretos. De
acordo com estudos desenvolvidos pela Seade (1996), demonstrou-se que a
olericultura paulista absorve 7,1% da força de trabalho total da agricultura estadual,
colocando-se na quarta posição dentro de uma série de 28 produtos vegetais.
Quanto ao potencial de receita para o produtor, em condições normais de mercado,
as hortaliças proporcionam receitas líquidas por hectare muito superiores a
qualquer outro cultivo temporário.
Estima-se que as hortaliças geram uma renda de US$2 mil a US$25 mil por hectare,
enquanto as culturas tradicionais alcançam menos de US$ 500 por hectare (Saasp,
1997).
Perfil do mercado de hortaliças

Bastante dinâmico, o mercado de hortaliças é fortemente influenciado pela


preferência dos consumidores, que também tem redirecionado a produção. Nota-
se, nos últimos anos, uma crescente demanda por produtos diferenciados, não
necessariamente associados à introdução de espécies desconhecidas.
Uma das principais características do mercado atual de hortaliças é a oferta de
produtos com variações ao que já é conhecido, seja em tamanho, cor ou sabor.
Como exemplos, podem-se citar hortaliças diferentes dos padrões tradicionais de
apresentação de cores (alface e quiabo roxos, berinjela branca, abobrinha amarela

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 139


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

e pimentões em sete cores diferentes); ou com variações de tamanho, como é o


caso da miniaturização da cenoura (“baby carrot”), tomate cereja ou pêra e outras
novidades como brócolos de cabeça única, alface americana, milho doce, pepino
sem sementes, tomate extra-firme, entre outras.
O mercado de hortaliças vem se estruturando em diversos segmentos. Nesse
aspecto, além dos tradicionais produtos in natura, a indústria de processamento
vem ampliando a oferta de produtos ao consumidor, seja na forma de vegetais
conservados, gelados ou supergelados, desidratados e liofilizados, e hortaliças
minimamente processadas.
Na indústria, o ramo de vegetais supergelados e congelados vem firmando-se
notavelmente no mercado, com tendência de expansão crescente nos próximos
anos (Saasp, 1997). As hortaliças minimamente processadas já fazem parte do
cotidiano dos consumidores, apresentando como vantagens a manutenção dos
atributos de qualidade dos alimentos frescos e não requerem nenhuma preparação
posterior quanto à seleção, limpeza, lavagem ou corte.
As hortaliças minimamente processadas são mais perecíveis do que aquelas
comercializadas de forma tradicional, mas sua produção tem sido estimulada pela
demanda crescente do mercado por alimentos semiprontos sem conservantes
químicos.
O segmento das hortaliças enlatadas e em conservas responde por considerável
fatia do faturamento total da indústria de alimentos. As hortaliças desidratadas e
liofilizadas (que também inclui frutas) apresentam um consumo médio anual da
ordem de 1.300 toneladas, sendo a produção destinada à fabricação de sopas e
de molhos. Há, contudo, uma expectativa de crescimento de cerca de 100% até o
ano 2000 (Saasp, 1997).
Como uma alternativa aos produtos tradicionais in natura, as hortaliças orgânicas
atingem cotações muito atraentes, representando em alguns casos 30% a mais nos
preços obtidos dos produtos convencionais. A agricultura orgânica vem se
consolidando desde o início da década de 60, como resposta aos crescentes
questionamentos dos rumos da agricultura moderna, principalmente alguns fatores
negativos como prejuízos à saúde humana e desequilíbrio do ecossistema
provocado pelo uso de agrotóxicos.
No Brasil, existem cerca de 500 produtores certificados por associações ou
entidades afins envolvidas em atividades de olericultura orgânica. Em São Paulo,
estado pioneiro nessa área, existe uma associação de agricultura orgânica com um

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 140


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

volume comercializado em torno de 40 toneladas semanais (Saasp, 1997),


inclusive em supermercados de porte médio.
O ramo das hortaliças orgânicas vem se disseminando de forma representativa
também em outros estados, como no Espírito Santo, Distrito Federal, Paraná,
Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Para o consumidor intermediário, representado pelo segmento institucional
(restaurantes, hospitais, escolas, redes de fast food), as hortaliças industrializadas
(supergeladas, congeladas e produtos minimamente processadas) proporcionam
vantagens logísticas, como a menor necessidade de espaço para armazenamento
e menor utilização de mão-de-obra. Pesquisas realizadas pela Saasp (1997)
contabilizaram desde a implantação do Plano Real taxas anuais globais de
crescimento de 25% a 30% ao ano, com faturamento interno da ordem de US$100
milhões.
Apesar disso, a participação média dos congelados e supercongelados na cesta
básica de consumo dos brasileiros é de apenas 2,5%, enquanto que este índice
chega a 20% nos EUA e 18% na Europa. O consumo global de hortaliças
congeladas é da ordem de 4,3 milhões de toneladas nos EUA, 1,2 milhão de
toneladas na União Européia (25 kg/per capita) e de 80.200 toneladas no Japão.
Nos EUA a distribuição desses produtos se dá, preferencialmente, no nível do
consumo institucional (76%), representado por hospitais, restaurantes e escolas.

Estrutura da distribuição de hortaliças no Brasil

O mercado atacadista tem sido o principal canal de escoamento dos produtos


hortícolas. Estima-se que no Brasil entre 55% e 60% do volume de hortaliças é
comercializado pela rede de Ceasa(s), ainda com alta frequência de intermediários
no processo de comercialização. Há também o processo de vendas diretas por
produtores, geralmente destinada às feiras livres locais, sacolões, supermercados,
ou mercados sobre caminhões. Em alguns casos especiais, também vendem
diretamente a grandes consumidores institucionais (hospitais, escolas,
restaurantes).
As feiras livres continuam sendo grandes mercados varejistas em diversas cidades.
Evidencia-se, portanto, a existência de um grande mercado potencial que responde
prontamente às iniciativas da introdução de novos produtos.
Paralelamente a esse mercado que pratica preços mais acessíveis, existem

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 141


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

núcleos mercadológicos de consumo altamente sofisticados, que tem dado suporte


ao surgimento de iniciativas comerciais arrojadas como as “boutiques” de verduras
e casas especializadas, que vendem produtos in natura exóticos, como escarola e
endívia, e de alto valor agregado, como aspargo, alcachofra, couve-de-bruxelas,
alho porró, entre outros.
De caráter mais estrutural, ressalta-se a participação crescente da rede de
supermercados na introdução de novas variedades hortícolas, onde a venda de
produtos hortigranjeiros representa alto potencial estratégico de negócios.
Os supermercados, setor de refeições coletivas, restaurantes industriais e redes de
fast-food passaram a representar as mais amplas perspectivas para o
desenvolvimento do setor olerícola.
No Brasil, a participação dos supermercados na venda de produtos hortícolas
representava apenas 3% há 15 anos, contra 25-30% atualmente, com um
crescimento médio anual de 3%. No Brasil ainda é muito restrita a utilização de
cadeias de frio, ou redes de armazenagem e transporte frigorificados para
conservação e comercialização de hortaliças.
Contudo, nota-se, nos últimos anos, um considerável impulso de crescimento do
mercado para os produtos minimamente processados, supergelados e congelados.
A capacidade instalada atual dos frigoríficos brasileiros é da ordem de 2 milhões de
metros cúbicos, estando a maior parte concentrada na Região Sudeste (Saasp,
1997).
Atualmente, identifica-se um novo agente envolvido na distribuição de hortaliças
representado pela ação de empresas distribuidoras, basicamente prestadoras de
serviços aos pequenos e médios supermercados, os quais vêm praticando a
terceirização das funções de aquisição e abastecimento das lojas de produtos
hortigranjeiros.
Apesar dos avanços evidentes no mercado varejista, de um modo geral considera-
se que o consumidor brasileiro ainda é pouco exigente quanto à qualidade de
produtos. As hortaliças, por exemplo, frequentemente chegam aos principais
pontos de abastecimento com qualidade consideravelmente depreciada, devido às
práticas inadequadas de manuseio na colheita e póscolheita, transporte precário e
embalagens impróprias (Junqueira & Peetz, 1994).
O modo de apresentação do produto e o preço, aliado ao comportamento do
consumidor, são os principais componentes envolvidos em perdas na fase de
comercialização. O produto exposto em bancadas geralmente sofre danos diretos

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 142


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pelo manuseio excessivo no processo de compra.


Uma mudança significativa na apresentação das hortaliças no varejo é a venda de
produtos selecionados e embalados em bandejas de isopor recobertas com filmes
plásticos, devidamente identificados com códigos de barra e prazo de validade.
Apesar de serem mais caros que as hortaliças vendidas a granel, a qualidade é
superior e reduz drasticamente as perdas durante a comercialização, além de
manter adequadamente a aparência e qualidade.

Comercialização das Principais Hortaliças

Na comercialização, algumas hortaliças de maior expressão, como batata, cebola


e tomate, são consideradas separadamente, sendo os demais produtos
classificados como verduras, folhosas e legumes. Batata e cebola são compradas
principalmente de distribuidores, mas também há compra direta de produtores. No
caso do tomate, as redes varejistas adquirem, em média, a maior parte do(s)
Ceasa(s) e dos produtores (37% e 32%, respectivamente) e mistas (26%). Para
aquisição das demais hortaliças, a maioria (58%) adquire de produtores e Ceasa(s).
Estima-se que a CEAGESP seja responsável por mais de 25% da comercialização
dos hortifrutigranjeiros no Brasil. Além de ser considerado um estado representativo
na produção e comercialização de hortaliças, São Paulo tem sido considerado
como o centro formador de preços para as diversas commodities agrícolas, e por
essas razões desempenha um papel fundamental
nas decisões de investimento no agronegócio. A seguir, são listadas as principais
características do movimento comercial de batata, tomate, cebola, alho e cenoura,
assim como custos de produção no Estado de São Paulo:
Projeção do Consumo

Uma projeção do consumo alimentar no Brasil para os próximos dez anos foi
realizada por Homem de Melo (1993), que considerou o grupo de grãos (arroz ,
feijão, milho, soja), frutas, leite e derivados, legumes e verduras nos cenários de
baixo, médio e alto crescimento, levando-se em conta também a
variação do PIB e o incremento populacional. Neste trabalho, o grupo das hortaliças
(2,19%) classificou-se em posição acima de grãos (2,18%), mandioca (1,23%), e
açúcar (1,90%) no cenário de baixo crescimento. No cenário de médio crescimento,
o grupo das hortaliças (3,52%) perde posição apenas para frutas (5,27%), leite

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 143


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(4,78%), carne bovina (4, 51%) e carne de frango (3,79%).


No cenário de alto crescimento, o grupo das hortaliças destaca-se com um
incremento de 4,69%, perdendo posição apenas para frutas (7,41%), leite (6,37%),
carne bovina (5,98%) e carne de frango (4,95%). No aspecto social, caracterizado
por crescimento com equidade, o grupo de hortaliças (5,35%)
destaca-se como o quinto colocado, superado apenas pelas frutas (8,44%), leite
(7,26%), carne bovina (6,78%) e carne de frango (5,57%). Neste cenário, ocorreria
forte mudança de hábito de consumo da população na direção de proteínas
animais, frutas e hortaliças.
Analisando o consumo de alimentos por diferentes classes de renda (Homem de
Melo et al., 1988), verificou-se que as famílias de baixa renda consumiam maior
quantidade de arroz, feijão, carne bovina e derivados do trigo, sendo pequena a
participação do grupo das hortaliças. Na classe de renda média, as hortaliças foram
classificadas como o quinto produto mais consumido (6,06%), perdendo somente
para carne bovina (13,26%), derivados do trigo (8,50%), arroz (8,38%) e leite e
derivados (7,76%). Na classe de alta renda, as hortaliças (6,03%) constituem o
quarto produto mais consumido, ficando atrás apenas da carne bovina (15,32%),
leite e derivados (10,33%) e frutas (6,26%).
O consumo de hortaliças no Brasil, atualmente avaliado em cerca de 40kg/per
capita/ano, é muito inferior ao verificado nos países desenvolvidos. Entre os fatores
determinantes dessa condição, incluem-se os próprios hábitos socioculturais da
população. Além disso, os produtos hortigranjeiros possuem elevada elasticidade
renda, ou seja, o crescimento nos níveis de consumo está condicionado à elevação
da renda da população. Homem de Melo et al. (1988) calcularam as elasticidades
dispêndio-renda de dezessete produtos alimentares. A partir da magnitude dos
valores médios, as hortaliças ficaram classificadas em quarto lugar com
elasticidade renda de 0,81, superadas pelo grupo de frutas (1,28), leite e derivados
(1,10) e carne bovina (0,99). Não obstante, os autores preconizaram que com o
avanço do desenvolvimento econômico, os padrões de consumo alimentar iriam se
alterando, com menor ênfase nos produtos básicos, como feijão, mandioca e arroz.
Mais recentemente, estudos realizados pela Saasp (1997) constataram que o
consumo institucional de hortaliças por hospitais públicos, programas de merenda
escolar, empresas prestadoras de serviços de alimentação para as empresas e
redes de self service, impulsionadas pelos programas de alimentação do
trabalhador pelas empresas (distribuição de tíquetes alimentação e refeição) vem

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 144


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

crescendo acentuadamente nos últimos anos. Dessa maneira, as hortaliças vêm


sendo incluídas, com considerável peso, na alimentação da classe de renda mais
baixa (trabalhadores, alunos de escolas públicas e consumidores assistidos por
entidades beneficentes). Antes de 1980, esse fato não era mencionado pelas
pesquisas socioeconômicas.
Em que pesem os avanços significativos da produção brasileira de hortaliças nos
últimos anos, a insuficiência de oferta para atender à demanda crescente tem sido
compensada por elevados volumes de importações, sendo a batata, a cebola, o
alho e o tomate os principais produtos na pauta das importações brasileiras. Na
forma processada, as maiores quantidades importadas são de tomate e batata,
mesmo sendo as hortaliças mais cultivadas no País (Brasil, 1998). Podem existir
diferentes razões para explicar este fato: (1) a produção dessas hortaliças não tem
sido suficiente para atender à demanda interna; (2) o custo de produção e
processamento no Brasil não é competitivo com os de outros países; (3) faltam
atributos de qualidade ao produto nacional, tais como cultivares de batata com
teores mais elevados de matéria seca, ideal para fritar, e tomate para
processamento com melhor viscosidade, coloração ou ainda maior teor de
açúcares; (4) suprimento em períodos de escassez temporária ou entressafra.
A participação do Brasil como exportador de hortaliças é ainda relativamente muito
pequena, o gengibre, o inhame, o melão e a beterraba alcançam os maiores
volumes, entre mais de vinte espécies.

Impacto de Novas Tecnologias na Produção de Hortaliças

Pela evolução das pesquisas na agricultura, é possível prever que a revolução


tecnológica desencadeada pela engenharia genética fornecerá o delineamento de
um novo perfil alimentar para o mundo no próximo milênio. Por meio da
biotecnologia, novos produtos com capacidade de intervenção significativa no setor
agropecuário serão lançados no mercado. Nesse aspecto, as plantas transgênicas,
ou geneticamente modificadas, vêm revolucionando a produção de alimentos, ao
mesmo tempo em que abrem amplas perspectivas econômicas para o agronegócio.
Vários países já vêm consumindo, direta ou indiretamente, alimentos derivados de
plantas cultivadas com sementes geneticamente modificadas, inclusive o Brasil.
O melhoramento genético convencional tem sido praticado pela humanidade há
milhares de anos, através da seleção de plantas melhor adaptadas a diversas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 145


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

condições ambientais. As plantas modificadas geneticamente podem ser obtidas


pela introdução de genes de diferentes origens, como plantas , animais ou
microrganismos, em cultivares conhecidas e amplamente utilizadas. Até agora,
diversos genes específicos foram introduzidos em plantas, conferindo resistência a
herbicidas, fungos, bactérias, vírus e insetos, ou melhorando aspectos de
qualidade, como tomates de amadurecimento mais lento no período de pós-
colheita.
Ao mesmo tempo em que são abertas novas perspectivas da utilização da
biotecnologia, há certa cautela em relação ao que ainda não é plenamente
conhecido. As maiores preocupações têm sido relacionadas aos riscos para a
saúde humana e aos efeitos sobre o meio ambiente. Embora as entidades de
defesa do consumidor e outras organizações governamentais estejam lutando
contra a presença dos transgênicos nas gôndolas dos supermercados e
defendendo sua identificação com rótulos específicos, percebe-se uma
considerável ampliação da oferta de transgênicos.
A biotecnologia poderá ter um grande impacto sobre vários aspectos do sistema
produtivo de hortaliças, tais como viabilização da produção em novas áreas,
redução dos custos de produção e melhoria da qualidade do produto.
Nesse contexto, as hortaliças oferecem perspectivas econômicas bastante
favoráveis para os produtores, na medida em que poderão obter maior
produtividade, agregar maior valor aos produtos e, consequentemente, obter a
maximização de lucros.
IMPORTÂNCIA DA CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE HORTALIÇAS

A globalização da economia tem causado alterações em todos os elos da cadeia


produtiva brasileira de hortaliças. Ao mesmo tempo em que tem possibilitado
avanços tecnológicos e estruturais, essa mudança expõe os gargalos que ensejam
superação para melhorar a sua competitividade.
Em 2005, a produção total de hortaliças foi de 17.385,9 mil toneladas, ocupando
uma área cultivada de 785,2 mil ha. O valor total da produção foi estimado em R$
11.482,42 milhões. Apenas seis hortaliças (tomate, batata, melancia, cebola,
cenoura e batata-doce), respondem por mais de 64 % do volume total produzido
(IBGE, 2005).
Nos últimos dez anos a produção de hortaliças no país aumentou 33 % enquanto
a área foi reduzida em 5 % e a produtividade incrementou 38 %. Três quartos do

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 146


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

volume de produção concentra-se nas regiões Sudeste e Sul enquanto o Nordeste


e o Centro-Oeste respondem pelos 25 % restantes. Nos estados do Norte, a
produção de hortaliças é incipiente e os mercados consumidores são abastecidos
por produtos oriundos, principalmente, do Nordeste e Sudeste.

Diversificação e características da cadeia produtiva

Nos diversos agroecossistemas do território nacional, as hortaliças são produzidas,


predominantemente, pelo sistema de cultivo convencional, mas nos últimos anos,
tem se verificado um significativo crescimento de cultivos diferenciados com
destaque para aqueles em ambiente protegido e sob sistemas orgânicos.
A olericultura tem particularidades que a diferencia de outros setores do
agronegócio, notadamente em relação às culturas de grãos. A característica mais
marcante da exploração olerícola, advém do fato das hortaliças constituírem um
grupo diversificado de plantas abrangendo mais de uma centena de espécies
cultivadas de forma temporária

Outro aspecto peculiar é que, a maior parte da produção de hortaliças (60%) está
concentrada em propriedades de exploração familiar com menos de 10 hectares
intensivamente utilizadas, tanto no espaço quanto no tempo. Como atividade
agroeconômica diferencia-se, ainda, por exigir altos investimentos, em contraste
com outras atividades agrícolas extensivas. De outro lado, permite a obtenção de
elevada produção física e de altos rendimentos por hectare cultivado e por
hectare/ano dependendo do valor agregado do produto e da conjuntura de
mercado.
A olericultura se caracteriza ainda por ser uma atividade econômica de alto risco
em função de problemas fitossanitários, maior sensibilidade às condições
climáticas adversas, maior vulnerabilidade à sazonalidade da oferta gerando
instabilidade de preços praticados na comercialização. Além disso, gera de grande
número de empregos devido à elevada exigência de mão-de-obra desde a
semeadura até à comercialização (Figura 2). Estima-se que cada hectare plantado
com hortaliças possa gerar, em média, entre 3 e 6 empregos diretos e um número
idêntico indiretos.
Quanto ao potencial de receita para o produtor, em condições normais de mercado,
as hortaliças proporcionam receitas líquidas por hectare muito superiores a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 147


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

qualquer outro cultivo temporário. Enquanto as culturas tradicionais alcançam


menos de US$ 500 por hectare, as hortaliças geram uma renda de US$ 2 mil a US$
25 mil por hectare, (SAASP, 1997).
Consumo

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem incentivado em todo o mundo


campanhas de estímulo ao consumo de hortaliças e frutas. Esses alimentos são
importantes para a composição de uma dieta saudável da população, já que
apresentam uma densidade energética baixa e são ricos em micronutrientes, fibras
e outros elementos fundamentais ao organismo. De acordo com os resultados da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-IBGE, 2002-2003), a quantidade de
hortaliças e frutas consumida pelo brasileiro atualmente está abaixo do mínimo
preconizado pela OMS. A recomendação é que de 6 a 7 % da energia total
consumida seja proveniente desses alimentos. Os resultados da POF-IBGE
mostram que hortaliças e frutas respondem apenas por 1 a 3,5 % das calorias totais
ingeridas pelo consumidor brasileiro.
A pesquisa evidencia ainda que o aumento da renda familiar é refletido
automaticamente no maior consumo de hortaliças. Desse modo, nas famílias onde
a renda mensal era superior a R$ 3.000,00, o consumo médio anual de hortaliças
foi de 42 kg por pessoa.
Já entre as famílias com renda de até R$ 400,00 por mês, o consumo por pessoa
caiu para 15,7 kg/ano (Tabela 2). A título de comparação, o consumo anual médio
por pessoa na Itália é de 157,7 kg, nos Estados Unidos 98,5 kg e em Israel 73,0
kg. A pesquisa detectou também que o consumo de hortaliças é maior nas áreas
urbanas do que nas áreas rurais e aumenta com a idade e com a escolaridade das
pessoas.

A pesquisa POF mostrou de forma clara que o consumo de hortaliças nas regiões
Sudeste e Sul, em média, é aproximadamente 60 % superior à média das regiões
Norte, Nordeste e Centro-oeste (Tabela 3). Outro fator a considerar como inibidor
da expansão do consumo de hortaliças relaciona-se à contaminação das hortaliças
por resíduos de agrotóxicos e por água de má qualidade utilizada na irrigação.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 148


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Perfil do consumidor

O perfil do consumidor de hortaliças, sobretudo, nos grandes centros de consumo,


vem se tornando cada vez mais exigente em termos de qualidade e aspectos
nutricionais. Por sua vez, a expectativa do consumidor de encontrar produtos
frescos e comprá-los em lugar confiável, com mais conforto e flexibilidade de
horário tem exercido marcada influência na dinâmica de distribuição dos produtos.
O interesse dos consumidores por novidades na área alimentar, tem contribuído
para que o mercado de hortaliças se estruture em vários segmentos com destaque
para as hortaliças não-tradicionais, minimamente processadas, supergeladas,
congeladas, conservadas e orgânicas. Com efeito, hoje, as gôndolas dos
supermercados e dos varejões ofertam produtos com variações ao padrão
tradicional quanto ao tamanho, formato e cor. Outros segmentos considerados
especiais já estão consolidados no mercado com destaque para brócolos de
cabeça única, alface americana, tomate italiano e saladete. Nos segmentos de
melão e melancia, as novidades à disposição dos consumidores são a oferta cada
vez maior de melões nobres (cantalupe rendilhado, pele-de-sapo, “charantais”,
gália e “orange flesh”) e as melancias sem sementes com frutos de diversos
tamanhos e padrão de casca, incluindo minimelancias sem sementes de polpa
amarela ou vermelha.

Comércio exterior

A participação do Brasil no mercado mundial de hortaliças é ainda pouco

significativa e está restrita a um número limitado de espécies. Destacam-se em


volume exportado, melão, pimentas e pimentões, tomate, melancia e gengibre
(Tabela 4). As exportações cresceram 29% em valor, passando de US$ 134
milhões, em 2004, para US$ 173,5 milhões, em 2005. Em volume exportado, o
crescimento foi de 17%, passando de 229 mil toneladas, em 2004, para 267,5 mil
toneladas, em 2005.
Quanto às importações, totalizaram US$ 261 milhões em 2005, resultando em um
saldo negativo de US$ 87 milhões na balança comercial brasileira de hortaliças. Os
principais produtos importados foram alho, batata, cebola, ervilha e tomate

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 149


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Novas fronteiras de produção e impacto de novas tecnologias

A produção de hortaliças nos últimos 20 anos expandiu-se para novas fronteiras,


tais como Chapada Diamantina, BA, São Gotardo, MG e Cristalina, no cerrado
goiano. Essas novas fronteiras reúnem vantagens competitivas relevantes: clima
favorável, topografia adequada à mecanização, custo menor da terra em
comparação ao das zonas tradicionais de produção, como São Paulo, e a fixação
de produtores com maior nível tecnológico e de gestão agrícola. Outras
características inerentes aos empreendimentos olerícolas dessas novas zonas de
produção são a intensa utilização de tecnologia e insumos modernos, como
cultivares híbridas de alto potencial produtivo, que maximizam a produtividade das
hortaliças cultivadas.
Se por um lado, a adoção de tecnologia mais eficiente tem proporcionado
significativos ganhos de produtividade nos principais cultivos em relação às médias
nacionais (batata, 50 t/ha; cebola, 70 t/ha; cenoura, 60 t/ha; tomate, 120 t/ha), de
outro lado, tem afetado o equilíbrio de mercado. Isto é, a tecnologia tem contribuído
para aumentar a oferta e, consequentemente, derrubar os preços.
Outros problemas mais imediatos a considerar são a diminuição da estabilidade
dos agroecossistemas e dos recursos hídricos. A preocupação com a
sustentabilidade ambiental, no entanto, tem incentivado os produtores ao uso
racional de agrotóxicos e de sistemas de irrigação mais eficientes quanto ao
consumo de água, como o gotejamento, em relação ao sistema por aspersão por
pivô central, predominante nessas áreas.

Transformações na comercialização e nos canais de distribuição

As mudanças que vêm ocorrendo nos setores de distribuição e comercialização


têm desafiado todos os elos da cadeia produtiva de hortaliças. Do lado da
demanda, os consumidores mostram-se cada vez mais exigentes, interessados em
produtos com qualidade e sempre disponíveis nos pontos de venda. Do lado da
oferta, as grandes redes de supermercado, que detém hoje mais de 50% da
comercialização de hortifrutis nos grandes centros urbanos do país, têm dificuldade
em alinhar demanda e oferta. Isso decorre de problemas relacionados,
principalmente, à logística e à qualidade. Por conta disso, as grandes redes de
supermercado abandonaram o sistema tradicional de suprimento de produtos

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 150


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

hortícolas, por meio das centrais de abastecimento e estabeleceram centrais


próprias de compras onde a aquisição dos produtos é feita diretamente de
produtores rurais e atacadistas especializados. As cadeias de suprimentos, que
optaram pela distribuição por meio das centrais de compras de grandes redes de
auto-serviço têm apresentado melhor desempenho competitivo do que a
distribuição por meio das centrais de abastecimento tradicionais (LOURENZANI e
SILVA, 2004) (Figura 6).
Essa tendência parece ser irreversível e tem servido de estímulo à melhor
organização do setor. Para aumentar o poder de barganha, a saída encontrada por
alguns produtores do estado de São Paulo, que já vinham se dedicando
individualmente ao agronegócio de hortifrutis, foi à criação de associações.

Figura 5. Pavilhão de comercialização de hortaliças folhosas da Companhia de

Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Imagem acervo CEAGESP).

Desafios e perspectivas

Um dos grandes gargalos da cadeia produtiva de hortaliças está nas perdas pós-
colheita. Dados da Embrapa revelam que os níveis médios de perdas no Brasil
atingem 35 a 40%, enquanto, por exemplo, nos Estados Unidos, não passam de
10%. Iniciativas para reduzir essas perdas vêm sendo adotadas, destacando-se
embalagens alternativas às caixas de madeira e tecnologias de conservação pós-
colheita.
Outro desafio reside na inexistência de espírito associativista entre os produtores
rurais desde os que praticam a produção em escala familiar aos grandes produtores

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 151


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

das novas fronteiras olerícolas. Nesse sentido, os produtores precisam ser


incentivados a desenvolver maior senso de organização empresarial, ampliando
suas competências em termos de conhecimentos, atitudes, habilidades, valores e
na implementação de programas de promoção e marketing do agronegócio de
hortaliças bem como na gestão eficiente e eficaz dos recursos da propriedade.
No cenário de incremento da área irrigada cultivada com hortaliças, tanto nas novas
fronteiras quanto nas zonas tradicionais, incluindo a produção familiar das hortas
da periferia dos centros urbanos, impõe-se a questão da racionalização do uso de
agrotóxicos e da água, de modo a minimizar os impactos sobre o meio ambiente e
garantir a segurança alimentar. A adoção de tecnologias ambientalmente
adequadas como os sistemas de produção integrada de frutas e hortaliças, já
implementadas em culturas como melão e batata, são iniciativas estribadas em
boas práticas agrícolas e que contribuem para agregação de valor à produção.
No que diz respeito à necessidade de alavancar o consumo de hortaliças, isso
jamais será atingido por meio de ações isoladas, deste ou daquele setor. Essas
iniciativas, em todo o mundo, para lograrem êxito ensejam a articulação de esforços
entre governo, setor privado e organizações civis, inclusive organizações de
consumidores. Tal convergência deveria ser entendida como um pacto numa área
de interesse comum, a saúde da população. A rigor, os benefícios advindos de
ações de incentivo ao consumo de hortaliças e frutas, abrangem da redução de
despesas com planos de saúde privados e dos sistemas públicos de previdência
social, à ampliação da produção com reflexos positivos sobre todos os elos da
cadeia produtiva.
Frente a um cenário em que as mudanças ocorrem de maneira permanente, é
necessário fortalecer os papéis da pesquisa e da extensão rural como instrumentos
potencializadores da melhoria de toda a cadeia, garantido a sua competitividade e
sustentabilidade enquanto atividade inserida no agronegócio brasileiro de grande
alcance econômico e social.
PLANEJAMENTO DA HORTA

Adão Luiz C. Martins Introdução


A horta é o local onde serão cultivadas as hortaliças, plantas popularmente
conhecidas como verduras e legumes. Seu tamanho dependerá da disponibilidade
de área, do objetivo da produção, do número de pessoas envolvidas, da
disponibilidade de tempo dessas pessoas, dos recursos existentes, etc.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 152


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Para dimensionamento, considera-se uma área de 10m2 por pessoa, em uma horta
para autoconsumo. As hortaliças exigem tratos culturais intensivos e diários: uma
pessoa trabalhando em torno de 2 a 3 horas por dia pode manter uma horta de 150
a 200 m2.

Em função da finalidade da produção, temos diferentes tipos de horta:

Horta doméstica: para abastecimento de uma família;

Horta comunitária: várias pessoas ou famílias envolvidas dividindo os trabalhos,


as despesas e os produtos;

Horta escolar ou institucional: com finalidade didática/educativa nas escolas e


para abastecer instituições (ex.: orfanatos, asilos, etc.);

Pequena horta comercial: visando complementação de renda em pequena


propriedade ou mesmo em casas com quintais grandes;

Grande horta comercial: quando é a principal fonte de renda do agricultor ou da


propriedade.

De maneira simplificada podemos, então, separar a produção de hortaliças em


duas escalas:

A horta realizada de acordo com os princípios da agricultura orgânica deve ser


baseada em um conjunto de procedimentos e técnicas, que tem por objetivo
propiciar um ambiente equilibrado para as plantas e garantir a segurança
ambiental, ocupacional (das pessoas envolvidas com a horta) e alimentar (os
adubos químicos solúveis e os agrotóxicos ou defensivos agrícolas são proibidos,
devendo-se utilizar fontes orgânicas na adubação e métodos alternativos e
ambientalmente seguros, no controle de pragas e doenças das hortaliças).
No planejamento de uma horta a ser implantada, o espaço disponível deve ser
dividido de forma a contemplar: área para a sementeira - local onde são produzidas
as mudas (em torno de 1% da área total); área para guarda de ferramentas e
insumos; área para a compostagem (prática imprescindível na agricultura orgânica)
e armazenamento do composto e área para os canteiros de produção. A área deve
ser cercada, impedindo principalmente o acesso de animais indesejáveis. Em
hortas comerciais, as mudas são normalmente produzidas em estufas, em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 153


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

bandejas de isopor.
A realização de uma horta, além de possibilitar o consumo de hortaliças frescas e
sadias (isentas de agrotóxicos, quando cultivadas organicamente), traz inúmeros
benefícios:
Permite a prática do exercício ao ar livre rompendo o sedentarismo e diminuindo
o estresse das pessoas;

Permite a integração das pessoas dentro da comunidade;

Permite a complementação da renda familiar;

Serve para o desenvolvimento de atividades de cunho terapêutico;

Serve como instrumento para o desenvolvimento de atividades de caráter


pedagógico e de educação ambiental;

Permite a melhoria da qualidade do meio, com a utilização de espaços ociosos


e/ou utilizados indevidamente.

Elementos necessários para a produção de hortaliças

Meio onde a planta vai se desenvolver (solo, substratos preparados no local ou


comprados, etc);

Sementes ou outros materiais de propagação das espécies de interesse (mudas


de estacas, rebentos, bulbos, tubérculos, estolões, entre outros);

Água: de boa qualidade para não contaminar as hortaliças e o solo;

Sol: a planta clorofilada precisa da luz solar para se desenvolver e produzir


carboidratos (glicose, amido) através da fotossíntese;

Ar: a planta inteira respira (inclusive as raízes);

Nutrientes: se o solo for pobre em nutrientes, temos que complementar por meio
dos adubos;

Mão-de-obra: a horta é uma atividade intensiva, exigente em mão-de-obra (os


tratos ou serviços diários devem ser divididos entre os participantes – o sucesso

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 154


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

de uma horta comunitária está diretamente relacionado ao envolvimento e


comprometimento das pessoas que participam de sua execução);

Ferramentas: enxada, enxadão, sacho, rastelo, pulverizador, carrinho de mão,


regador ou mangueira de borracha, conjunto de ferramentas de jardim (com
colheres de transplante e rastelinho), pás (curva, reta), forcado ou gadanho, etc.;
em hortas comerciais, utilizam-se máquinas e implementos agrícolas (arado,
grade, escarificador, enxada rotativa, etc.) nas diferentes operações;

Outros insumos: calcário, caldas e preparados, biofertilizantes, etc.

Etapas de implantação da horta

Escolha do local

Em áreas urbanas a escolha do local muitas vezes fica um pouco limitada em


função da disponibilidade de terreno (normalmente são áreas pequenas, com
muitas interferências), mas deve-se, na medida do possível dar preferência aos
locais com as seguintes características:

Proximidade de água de boa qualidade e em abundância;

Proximidade das casas das famílias ou pessoas participantes da horta: facilitar os


trabalhos de manutenção da horta e evitar furtos;
Área exposta ao sol o dia todo ou por pelo menos 4 a 6 horas diárias;

Distante de árvores para evitar o sombreamento e competição por nutrientes do


solo;

Terrenos não sujeitos a alagamentos ou encharcamentos e ligeiramente


inclinados (para facilitar o escoamento do excesso de água);

Áreas de solo de consistência média (areno-argilosa): se possível evitar os solos


muito argilosos ou arenosos.

Escolha das espécies

Esta etapa é muito importante, pois as espécies de hortaliças possuem diferentes


exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura, luz e umidade. A
escolha de culturas e cultivares adaptados às condições locais e às épocas de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 155


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

plantio é prática fundamental na agricultura orgânica.


No centro-sul do Brasil (inclui o Estado de São Paulo) a temperatura é o fator que
maior influência exerce sobre a produção de hortaliças: afeta o desenvolvimento
vegetativo, o florescimento, a frutificação, a formação das partes tuberosas ou
bulbosas e a produção de sementes. Algumas espécies se desenvolvem melhor
em períodos mais quentes (primavera e verão), outras em períodos mais amenos
e frios (outono e inverno) e outras possuem cultivares adaptados ao ano todo (ex.:
alface de verão e alface de inverno; cenoura de verão e cenoura de inverno, etc.).
De um modo geral, as hortaliças encontram melhores condições de
desenvolvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco
frequentes. As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e aceleram a
maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a
maturação, podendo também induzir florescimento indesejável.
Sem generalizar, podemos agrupá-las da seguinte forma:

Hortaliças de folhas, raízes e bulbos: temperaturas mais amenas (15 a 23ºC).


Exemplos: alface, couve, almeirão, chicória, rúcula, espinafre, cenoura, beterraba,
rabanete, mandioquinha-salsa, alho, cebola, etc.

Hortaliças de frutos e condimentos: temperaturas mais elevadas (18 a 30ºC).


Exemplos: abóboras e morangas, berinjela, jiló, chuchu, melancia, melão,
pimentão, quiabo, salsa, coentro, etc.

Portanto, as diferentes exigências das espécies em temperatura é que vão definir


as épocas adequadas de plantio. A luz solar é um dos fatores climáticos mais
importantes para a vida vegetal, pois é aquele que promove o processo da
fotossíntese.
aumento da intensidade luminosa provoca o aumento da atividade fotossintética da
planta e consequente aumento da produção de hidratos de carbono, elevando o
teor de matéria seca nos vegetais. A deficiência luminosa provoca um maior
alongamento celular, resultando no estiolamento da planta (aumento em altura e
extensão da parte aérea - caule, folhas, sem elevação do teor de matéria seca).

A duração do período luminoso, denominado de fotoperíodo (número de horas


diárias de luz solar), influencia o crescimento vegetativo, a floração e a produção
de algumas hortaliças, como o alho e a cebola. Ambas as espécies somente
formam bulbos em condições de comercialização, quando os dias têm a sua

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 156


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

duração acima de um certo número mínimo de horas de luz – característica que


varia de um cultivar a outro. Exemplos: alho - o cultivar “Branco Mineiro” adapta-se
bem a dias curtos, quando plantado no outono, em diferentes latitudes e altitudes;
os cultivares “Gigantede-Lavínia” e “Amarante” são menos precoces, mais
exigentes em fotoperíodo, mas também produzem bons bulbos quando plantados
no outono na região do centro-sul; já os cultivares argentinos vegetam
vigorosamente nessas condições, mas não bulbificam; cebola - cultivares de ciclo
médio (“Baia Periforme”, “Baia Periforme” “Piracicaba”, “Pira Ouro”, etc.) exigem
fotoperíodo de 11 a 13 horas diárias de luz e são as mais indicadas para o plantio
no Estado de São Paulo; cultivares precoces
(“Granex”, “Texas Grano 502”, etc.) exigem fotoperíodos de 10-12 horas para a
formação dos bulbos.
Outro fator climático importante é a umidade, uma vez que a água é imprescindível
à vida vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioria das hortaliças. O grau
de umidade do ar influencia na perda de água das plantas por meio da transpiração
e o teor de umidade do solo influencia a absorção de água e nutrientes pelas
plantas. A umidade do solo pode ser controlada por meio da irrigação, sendo esta
uma prática imprescindível ao cultivo de hortaliças. O alto teor de umidade do ar
afeta o estado fitossanitário das hortaliças, pois favorece o ataque de fungos e
bactérias patogênicos. A baixa umidade do ar, por outro lado, oferece condições
adequadas para a proliferação de ácaros.
Um aspecto importante a considerar no planejamento da horta com relação às
espécies, se refere à duração do ciclo de vida de cada planta (período da
semeadura à colheita), que vai determinar o período de ocupação de cada canteiro
com as diferentes espécies.
Limpeza da área escolhida para a horta: capinação e amontoa do mato em um
ponto do terreno para decomposição e posterior incorporação ao solo (a
queimada é prática proibida no manejo orgânico, exceto para eliminação de
plantas contaminadas por vírus e outras doenças), retirada de entulhos, tocos e
raízes de árvores, etc.

Locais de fácil encharcamento: efetuar a drenagem da área.

Revolvimento do solo: a uma profundidade de 20 a 25cm (aproximadamente um


palmo) quebrando-se os torrões de terra e nivelando-se o terreno. Em áreas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 157


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pequenas usam-se o enxadão e enxada nesta operação; em áreas grandes o


arado e grade tracionados por trator ou por animais (usar equipamentos que
impeçam ao máximo a reversão das camadas de solo e a desagregação de sua
estrutura). Nesta operação pode-se aproveitar para incorporar corretivos (ex.:
calcário) ou adubos orgânicos (ex.: estercos animais curtidos, compostos
orgânicos, etc.).

Construção dos canteiros para sementeiras, semeadura direta e para o


transplante de mudas, com as seguintes dimensões: largura entre 0,80 e 1,20m;
altura de 20 a 25cm e comprimento variável de acordo com a dimensão do terreno,
normalmente não superior a 10m, em hortas para autoconsumo.

Para algumas hortaliças não há necessidade de canteiros, bastando revolver e


destorroar a terra e, em seguida abrir as covas, adubar e plantar (ex.: abóbora,
quiabo, berinjela, jiló, couve, etc.);

Distância entre canteiros (caminhos): 30 a 40cm. Os caminhos, bem como as


entrelinhas das plantas, devem ser mantidos e protegidos com cobertura morta
para controle do mato, manutenção da umidade e do equilíbrio térmico do solo;

Nos terrenos com declive, os canteiros devem ser dispostos de maneira que
“cortem as águas”, ou seja, devem acompanhar as curvas de nível do terreno,
para diminuir perdas de solo por erosão; nos terrenos planos, dispostos no sentido
norte-sul;

Devem apresentar a terra solta, sem torrões, pedras, raízes grandes, e a


superfície plana.

Correção do solo (calagem e adubação orgânica): aplicação de calcário para


correção da acidez e dos adubos e compostos orgânicos para correção das
deficiências minerais e melhoria da bioestrutura do solo. A calagem deve ser feita
antecipadamente ao plantio, podendo-se aplicar no sistema orgânico, no máximo
2t/ha/ano (equivale a 200g/m2). Com a melhoria do solo, pelas adubações
orgânicas frequentes e incorporações de restos de vegetais, a calagem pode ser
suspensa.

O preparo do solo é uma das operações mais importantes para o sucesso do cultivo
de hortaliças orgânicas, pois a manutenção de um solo sadio, vivo e equilibrado é

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 158


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

que garantirá o desenvolvimento de plantas saudáveis, capazes de suportar as


adversidades (fatores climáticos desfavoráveis, ataques de pragas e doenças,
entre outros).

6. PROPAGAÇÃO E PLANTIO

A maioria das hortaliças é propagada por sementes e algumas pelo plantio de suas
partes vegetativas. Devem-se utilizar sementes de hortaliças de boa qualidade e
também, dar preferência a cultivares brasileiros ou aquelas variedades já
consagradas pelos agricultores daqui.
Na hora da compra das sementes, deve-se ter o cuidado de escolher a variedade
mais adaptada ao local (clima) e à época de plantio (primavera ou verão) que será
feita. Deve-se preferir a compra de sementes acondicionadas em sacos
aluminizados, que foram estocados em local seco, arejado e sombreado,
prestando-se atenção no prazo de validade anotado na embalagem.
Em alguns casos, as sementes que apresentam a casca (tegumento) muito dura,
devem ficar de molho em água por 24 horas para facilitar a entrada de água e dar
início à germinação. Como exemplo, temos o espinafre, a abóbora, o quiabo, entre
outros. Por último, utilize somente as sementes que estiverem no fundo do
recipiente, pois as que ficarem boiando quase sempre serão chochas e não irão
germinar.

Sementeira

Corresponde ao local onde será feito o cultivo das ‘mudinhas’ por um determinado
tempo, e depois, será realizado o transplante para o local definitivo
(canteiros ou covas). A sementeira será feita para as hortaliças que formam
“cabeças” (ex.: alface, chicória, acelga, entre outros), as que possuem sementes
muito pequenas (necessitam de boas condições para germinar e crescer), ocorre
demora na germinação, ou então, há necessidade de cuidados especiais durante
a germinação e seu desenvolvimento inicial.
Para deixar as sementes bem espaçadas entre si, pode-se misturá-las com partes
iguais de areia fina ou terra peneirada para permitir melhor distribuição dentro dos
sulcos de plantio.
Para a sementeira, não é necessário o preparo de grandes áreas. Ela pode ser feita
em caixotes (furadas no fundo, com uma camada de pedras embaixo, para facilitar

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 159


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

o escoamento do excesso de água e como substrato, pode-se usar uma mistura


contendo partes iguais de areia, terra de jardim e terra vegetal); ou em uma parte
do canteiro, onde a distribuição das sementes deverá ser uniforme e em sulcos
distanciados de aproximadamente 10cm.
As sementes deverão estar a uma profundidade de, aproximadamente, duas vezes
o seu tamanho ou então, o equivalente a duas vezes o seu maior diâmetro, pois
quando semeadas muito rasas, as plantas não têm o apoio necessário e quando
muito fundas, têm dificuldade de romper a camada de solo e atingir a superfície.
A cobertura deverá ser feita com uma fina camada de terra, de preferência
peneirada e, em seguida, regada com regador de crivo fino, para que as gotas de
água não enterrem demais as sementes, ou as espalhem para fora do sulco de
semeadura. É importante manter o solo da sementeira sempre úmido, sem
excessos, para que haja uma boa germinação.

Transplante

Consiste na retirada das mudas da sementeira e replantio das mesmas para o local
definitivo (em canteiros ou covas). Deve ser feito quando as mudas estiverem com
4 a 6 folhas definitivas ou com o tamanho entre 4 a 5cm, para que o pegamento
seja bom e não haja retardamento no seu crescimento.
Deve-se molhar bem a sementeira, proceder à retirada das mudas (com a colher
de jardineiro) com o torrão de terra e desmanchá-lo com todo o cuidado para
preservar as raízes, e a seguir, escolher as de melhor aspecto (fortes e bem
desenvolvidas) e transplantar, com espaçamento variável de acordo com a espécie.
Com a colher de transplante, abrem-se as covas no local definitivo (canteiro ou
cova), e a seguir, é colocada uma muda por cova e, tomando o cuidado para que a
raiz principal não fique enrolada durante o processo do transplante. Por fim, cobrir
com terra a raiz e apertar um pouco a terra ao redor das raízes para ficarem bem
firmes e depois, molhar bem o local (regar todos os dias, de manhã ou no final da
tarde, evitando regar nas horas de sol quente).
O ideal para realizar o transplante é no final de tarde, dias chuvosos ou nublados,
ou durante as horas mais frescas do dia, para um melhor enraizamento. A
profundidade de plantio das mudas, no local definitivo, depende do tipo de hortaliça,
sendo:

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 160


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

mudas de caule evidente: é o caso do tomate, berinjela, pimentão, couve-flor,


repolho, etc., que devem ser plantadas a uma profundidade um pouco maior do
que aquela em que se encontravam na sementeira. Devem ficar enterradas até a
altura da inserção no caule das folhas definitivas mais velhas.

mudas de caule pouco perceptível: como a beterraba, o espinafre, a alface, a


chicória, etc.; devem ser transplantadas de modo a ficarem à mesma profundidade,
em relação à superfície do solo, em que se encontravam anteriormente na
sementeira.

Semeadura direta

As hortaliças de plantio direto podem se divididas em 3 grupos:


Culturas que são semeadas diretamente em covas amplas, distanciadas por
espaçamentos largos, como a abóbora, abobrinha, pepino, quiabo, entre outras.
São recomendados para plantas de grande porte, que possuem ciclo longo de
cultivo ou são perenes.

Culturas que são semeadas diretamente em sulcos, com espaçamento mais


estreito, como o feijão, a vagem, entre outras. Para esta forma de plantio, são
recomendados para plantas de ciclo longo, ou menos exigentes a tratos culturais,
ou então, quando as partes vegetativas de propagação são resistentes e permitem
a colocação direta no solo.

Culturas que são semeadas em sulcos superficiais, abertos em canteiros, como


a cenoura, rabanete, nabo, acelga, beterraba, espinafre, entre outras.
Recomendado para plantas de porte pequeno ou de ciclo curto.

Quando a semeadura for em sulcos, procede-se da mesma forma feita nas


sementeiras e, quando as plantas estiverem com aproximadamente 5 a 7cm, fazer
o desbaste, ou seja, retirar algumas plantas para dar mais espaço para as outras
crescerem.
Quando a semeadura ou o plantio de mudas for em covas, abri-las com o enxadão,
de preferência com 30cm de profundidade e 30cm de boca, com distâncias
variando conforme o tipo de hortaliça a ser semeada ou transplantada. Adicionar o
composto orgânico na terra retirada e misturar bem. Recolocar a terra adubada
para dentro da cova e fazer uma cova rasa (3 a 5cm ) e a seguir, colocar de 3 a 4
sementes por cova (realizar o desbaste, deixando de 1 a 2 mudas por cova); ou

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 161


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

então, colocar uma muda por cova. Por fim, proceder a rega, que deve ser diária.
Sendo uma vez por dia no inverno ou duas vezes por dia no verão ou, quantas
vezes forem necessárias para manter o solo úmido, até que a muda se estabeleça
no local (sistema radicular bem desenvolvida que explore um grande volume de
solo, permitindo que as regas sejam mais espaçadas).

Propagação vegetativa

Algumas hortaliças são propagadas pelo plantio de partes vegetativas diversas


(propagação assexuada), procedentes da planta-matriz e não por sementes. Como
exemplos, temos: agrião, alcachofra, alho, aspargo, batata-doce, batata, cará,
cebolinha, couve-manteiga, inhame, mandioquinha-salsa, morango e taioba. No
caso da alcachofra, do aspargo, da cebolinha e da couve-manteiga, a propagação
pode ser feita por sementes ou vegetativamente; sendo que no segundo caso, há
uma redução no ciclo cultural, antecipando a colheita.
Quando a propagação se dá pelas partes vegetativas, a escolha das matrizes é
importante, pois o sucesso da cultura dependerá destas plantas. Assim sendo,
escolha plantas matrizes com as melhores características da espécie ou variedade.
Não retire as mudas quando a planta estiver em repouso (inverno) e por fim, não
retire material de propagação quando a planta matriz estiver em flor.
As estruturas de propagação vegetativa utilizadas podem ser classificadas em:

rebentos, ramas, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, estolhos, etc. Elas são plantadas
diretamente no local definitivo, em covas ou sulcos.
As razões para que a propagação vegetativa seja a única utilizada para
determinadas espécies está relacionada com a incapacidade de produzir sementes
férteis (como é o caso do alho), ou então, as sementes são produzidas somente
em condições ecológicas especiais (como a mandioquinha-salsa e a couve-
manteiga). Também, a propagação vegetativa torna-se interessante, devido à
capacidade de antecipar a colheita e a cultura ser idêntica à planta que se deseja
cultivar.
Como desvantagem nesse método, podemos citar o acúmulo de vírus e

outros patógenos, responsáveis pela perda de vigor e de produtividade. Os


exemplos de reprodução vegetativa são: rebentos / perfilhos - são brotos laterais
que surgem nas plantas adultas ou ao redor delas, chamadas de mudas - ex.:

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 162


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

alcachofra, couve, cebolinha, mandioquinha-salsa; ramas - utiliza-se pedaços de


20-30cm de comprimento das ramas ou hastes de plantas adultas, enterrando-se
inclinadamente mais da metade - ex.: agrião, batata-doce, espinafre; tubérculos -
como é o caso da batata, cujos tubérculos devem ter de 3 a 4cm de tamanho e
brotados (com brotos de 1 a 2cm de tamanho); bulbilhos - no caso do alho, em
que chamamos o bulbilho de dente, devendo este ter 1 a 2 gramas de peso; frutos
- para o plantio do chuchu, usase o fruto com o broto de 15 a 20cm de altura;
estolhos - no caso do morango, utilizam-se os brotos que saem da planta-mãe
(caule rastejante que enraíza em contato com o solo).
O SOLO: CONCEITOS, COMPOSIÇÃO E ATRIBUTOS IMPORTANTES PARA
O MANEJO

Conceitos, formação e perfil do solo

O solo para o agricultor é o meio ou a terra onde ocorre o crescimento das plantas
e dos animais e de onde retira os produtos para sua subsistência. De modo geral,
entende-se por solo, a camada de material não consolidado da superfície da crosta
terrestre, modificada ou não pelo homem, que contém matéria viva e que é capaz
de suportar plantas ao ar livre. Desta definição, conclui-se, portanto, que o solo é
uma estrutura viva, dinâmica e que deve possuir algumas características e
propriedades para permitir a fixação e o crescimento das plantas.
O solo deve proporcionar a penetração das raízes e o suporte mecânico;

deve estar em uma condição capaz de fornecer água, ar e nutrientes, em


quantidades suficientes (nem excesso, nem deficiência) para que, juntamente com
oxigênio, gás carbônico, luz e calor, favoreçam o crescimento de plantas saudáveis
e equilibradas.
O solo forma-se a partir do intemperismo físico (desintegração), químico

(decomposição) e biológico (ação de excreções orgânicas ácidas produzidas por


microrganismos e plantas), sobre o material de origem (rocha-mãe), por meio da
ação do clima (calor do sol, água das chuvas, ventos) e organismos vivos
(microrganismos, vegetais, animais e homem) nas diversas formas de relevo, ao
longo do tempo (normalmente milhares de anos). A interação de todos esses
fatores é que levou à formação da grande diversidade de tipos de solos existentes
(com diferentes cores, profundidades, constituições, etc.).
Durante o processo de formação dos solos, a ação conjunta de fenômenos físicos,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 163


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

químicos e biológicos faz com que os mesmos se organizem em camadas de


aspecto e constituição diferentes, aproximadamente paralelas à superfície,
denominadas de horizontes. Ao conjunto de horizontes, num corte vertical que vai
da superfície até o material que deu origem ao solo, dá-se o nome de perfil do solo
(normalmente considera-se a profundidade de 2,0m).
O perfil de um solo bem desenvolvido possui basicamente 4 tipos de horizontes,
convencionalmente identificados pelas letras maiúsculas O, A, B e C.
Composição do solo

O solo é um sistema poroso composto de matéria sólida (mineral e orgânica) e


espaços vazios ou poros, preenchidos com o ar e com a água (de acordo com o
tamanho, são divididos em macroporos e microporos):
matéria inorgânica ou mineral: formada por partículas de diversos tamanhos

(cascalho, areia, argila, silte, etc);

matéria orgânica: formada por restos vegetais e animais, em diferentes estágios


de decomposição e por organismos vivos (microrganismos, minhocas, etc.);

água do solo: também chamada solução do solo, é composta de água, sais


minerais dissolvidos e matérias coloidais em suspensão;

ar do solo: composição diferente em relação ao ar atmosférico, em razão do


acúmulo de CO2 (na atmosfera, teor de CO2 0,03 % e no ar do solo 1%).

Considera-se que um solo ideal deve ter 50% de matéria sólida (45% de matéria
mineral e 5% de matéria orgânica) e 50% de porosidade (25% dos poros para a
água e 25% para o ar).

Importância do solo no cultivo orgânico de hortaliças

No sistema orgânico de produção, o solo é considerado um organismo vivo e


complexo, e a meta principal é conservá-lo sadio para as gerações presentes e
futuras (princípio da sustentabilidade). Nesse sentido, a fertilidade de um solo deve
ser avaliada considerando não apenas o aspecto químico, ou seja, as quantidades
de nutrientes e de elementos tóxicos presentes, mas também o aspecto físico
(porosidade, capacidade de retenção de água e nutrientes, infiltração de água,
aeração, ausência de camadas adensadas que impeçam o desenvolvimento das

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 164


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

raízes, bioestrutura, etc.) e o biológico (flora e fauna benéficas, como fungos,


bactérias, protozoários, insetos, minhocas e outros vermes, que fazem a
transformação da matéria orgânica em húmus, liberando lentamente os nutrientes
às plantas; formam a bioestrutura do solo e secretam várias substâncias -
vitaminas, enzimas, antibióticos, que favorecem o desenvolvimento das plantas e
controlam organismos nocivos). A planta deve explorar o maior volume possível de
solo, com aprofundamento de suas raízes, tendo à sua disposição um maior
reservatório de água e nutrientes.
Para atingir essa condição, lança-se mão de um conjunto de técnicas: adubações
orgânicas variadas e frequentes (compostos, estercos, tortas, biofertilizantes, etc.),
incorporação de restos de culturas, adubações verdes com plantas de raízes
profundas para romper camadas endurecidas e reciclar nutrientes de outras
camadas do solo, coberturas mortas, biodiversidade de cultivos, correção do solo
com materiais pouco solúveis e de forma equilibrada (calcários, pós e fosfatos de
rocha), rotação e consorciação de culturas, cultivo mínimo, em faixas e outras
práticas conservacionistas.

Atributos do solo importantes para o manejo

Cor do solo

É a característica morfológica de mais fácil visualização. Muitos nomes populares


de solos são dados em função das respectivas colorações: “terra roxa”,
“terra preta”, entre outros. A cor também é enfatizada no Sistema de Classificação
de Solos: Latossolos Amarelos, Vermelhos; Argissolo vermelho-amarelo, etc.
A cor normalmente está relacionada com outras características ou propriedades do
solo:

cores escuras: indicam altos teores de material orgânico decomposto;

cor vermelha: indica boa drenagem interna e altos teores de ferro;

cor cinza: indica que o solo é mal drenado, que permanentemente tem excesso
de água no perfil (baixadas próximas a rios e riachos);

cores claras: boa drenagem, pobreza em matéria orgânica, maiores teores de


areia.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 165


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Textura

O termo textura se refere à proporção relativa das frações granulométricas (areia,


silte e argila) que compõem a massa do solo. As partículas do solo têm tamanhos
bastante variados: algumas são suficientemente grandes para observação a olho
nu (ex. areias), outras podem ser vistas com o uso de lentes de bolso ou
microscópio comum, enquanto as restantes só podem ser observadas com auxílio
de microscópio eletrônico (ex. argilas).
As partículas podem ser agrupadas em 5 frações, de acordo com um solo é
classificado de acordo com o diâmetro:

textura arenosa quando mais de 85% das partículas estão na fração areia;

textura argilosa quando mais de 35% das partículas estão na fração argila;

textura barrenta ou franca (média), quando ocorre equilíbrio entre as frações.

O tamanho das partículas tem influência direta nas propriedades físicas e químicas:
normalmente as menores são mais ativas. Portanto, a textura irá determinar no solo
algumas características importantes: taxa de infiltração de água no solo,
capacidade de retenção de água e nutrientes, taxa de decomposição da matéria
orgânica (maior no solo arenoso), permeabilidade à água, grau de plasticidade,
facilidade de trabalho com máquinas e resistência à erosão.
Solo arenoso: fácil de trabalhar, bem arejado, a água infiltra rapidamente, baixo
armazenamento de água;
Solo argiloso: é mais pesado e difícil de trabalhar, resistindo às ferramentas; a água
infiltra mais lentamente, porém apresenta melhor capacidade de armazenamento
de água.

Estrutura

A estrutura define como as partículas de areia, silte e argila estão ligadas entre si
e se existem poros entre elas. Estas partículas, em condições naturais,
encontramse aglomeradas em partículas compostas referidas com frequência
como agregados ou torrões. A estrutura é o aspecto do conjunto dos torrões que
ocorrem no solo. As principais substâncias que atuam como agente cimentante,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 166


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

unindo aquelas partículas, são a matéria orgânica, as argilas e os óxidos de ferro.


Os organismos vivos do solo contribuem para a formação e estabilização de sua
estrutura.
A estrutura define a maior ou menor porosidade do solo e a proporção de
macroporos e microporos. O solo ideal tem 50% de matéria sólida e 50% de poros,
assemelhando-se a uma esponja.
Um solo é mal estruturado ou compactado, quando não há água nem ar em
quantidades suficientes; a água não consegue se infiltrar no solo reduzindo a
capacidade de armazenamento de água deste e causando erosão. A falta de água
pode provocar a elevação da temperatura do solo, a diminuição da absorção de
nutrientes pelas plantas, a destruição da matéria orgânica e os consequentes
prejuízos aos microrganismos do solo. Por outro lado, um encharcamento e falta
de ar no solo provoca o abaixamento da temperatura, o retardamento ou
paralisação da decomposição da matéria orgânica, a diminuição das reações
químicas que tornam os nutrientes disponíveis, o aumento da atividade de
microrganismos prejudiciais e a dissolução de ferro e manganês em grandes
quantidades, atingindo níveis que são tóxicos para as plantas.
Existem alguns indicadores simples que revelam a situação da estrutura do solo. A
presença de certas plantas invasoras como a guanxuma e o assa peixe indicam a
compactação do solo. Já a presença de carqueja e gramíneas baixas e de folhas
muito estreitas, indicam excesso de água ou má aeração. Outro indicativo da má
estrutura do solo é o acúmulo de pó na superfície e a ocorrência de nuvens de
poeira em dias com ventos.

Matéria orgânica (MO)

A matéria orgânica é proveniente da acumulação e decomposição de restos de


origem vegetal ou animal: raízes, folhas, frutos, corpos de animais, estercos, etc.
Os materiais adicionados passam por diversas transformações, tornando-se com o
tempo, em um produto escuro, finamente dividido e relativamente estável, onde
não se identifica o material que lhe deu origem, denominado de húmus. A MO
acumula-se no solo até um nível de equilíbrio entre as adições e as perdas por
decomposição.
Entre os diversos benefícios da MO, podemos destacar:

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 167


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

é condicionadora do solo: através de suas longas cadeias orgânicas, agrega


partículas minerais e confere ao solo condições favoráveis de porosidade,
melhorando a permeabilidade e a capacidade de retenção de água;

é responsável, em grande parte, pela capacidade de retenção de nutrientes dos


solos, evitando perdas por lixiviação (carregamento dos nutrientes por meio da
água, ao longo do perfil do solo), fazendo com que os mesmos fiquem fora da zona
de exploração das raízes das plantas;

serve como fonte de energia para o desenvolvimento dos microrganismos do solo:


alguns são muito importantes, como as bactérias que fixam o nitrogênio do ar,
cedendo-os às plantas e os microrganismos que fazem a decomposição da matéria
orgânica fresca, liberando os nutrientes N, P, K, Ca, S, etc., além de secretarem
substâncias ativas como hormônios, antibióticos e enzimas, que aumentam a
atividade biológica e auxiliam no controle de populações de organismos nocivos,
como pragas e patógenos presentes no solo;

é uma fonte de macro e micronutrientes, liberados lentamente para as plantas (o


que é interessante no cultivo orgânico);

imobiliza elementos tóxicos e em excesso (Al, Mn, etc.) e exerce poder tampão no
solo (ajuda a manter o pH estável).

É muito importante manter o teor de matéria orgânica acima de um valor mínimo


no solo (manter na faixa de 2 a 5%), o que não é fácil na condição tropical, uma
vez que o calor e a umidade existentes nas regiões quentes promovem a
aceleração dos processos de decomposição da MO.

Reação do solo (acidez e alcalinidade)

O grau de acidez de um solo é medido pela concentração de íons hidrogênio (H+)


na solução do solo e é normalmente expresso pelo símbolo pH (p = potencial; H =
Hidrogênio). A escala de pH vai de 0 a 14, sendo 7 o ponto médio, onde se diz que
o pH é neutro. Acima de 7 se diz que o solo tem reação alcalina ou básica, e abaixo
de 7 que o solo tem reação ácida. A maioria das hortaliças se desenvolve bem em
valores de pH variando de 5,5 a 6,8.
Os solos podem ser naturalmente ácidos em razão da pobreza do material de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 168


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

origem em Ca, Mg, K e Na (bases), ou através de processos de formação ou de


manejo de solos que levam à perda destas bases e, portanto, à acidificação.
Adubações nitrogenadas com adubos químicos solúveis provocam a acidificação
dos solos.
Na maioria dos casos, não é a acidez em si que prejudica o crescimento dos
vegetais e sim os fenômenos colaterais que ela ocasiona: aparecimento de
elementos tóxicos (alumínio), insolubilização de alguns elementos (fósforo e boro),
remoção de outros por substituição nas partículas do solo (cálcio, magnésio e
potássio que são substituídos por hidrogênio e alumínio).
O processo de acidificação é comum em regiões de clima úmido: lavagem
progressiva pela água das chuvas, de quantidades apreciáveis de bases (Ca, Mg,
Na e K), que são substituídas inicialmente por hidrogênio e depois por alumínio. A
incorporação de materiais orgânicos nos solos, principalmente nos mais arenosos,
ajuda a diminuir a perda destes nutrientes, pela grande capacidade de retenção e
troca de nutrientes que a matéria orgânica possui, ajudando desta forma a manter
o pH mais estável e os nutrientes disponíveis para as plantas. A maior parte dos
solos brasileiros são ácidos e, portanto, deverão ser corrigidos para permitir o bom
desenvolvimento das plantas. Em regiões áridas e semiáridas (como o sertão
nordestino), podem ocorrer solos neutros e alcalinos em razão do acúmulo de sais
no solo, dada a escassez de chuvas.
Para se conhecer o grau de acidez do solo ou o valor do seu pH deve-se recorrer
à análise do solo, devidamente amostrado. Porém, algumas plantas como
samambaias e sapé são indicadoras de acidez do solo.

Amostragem do solo para análise

Para conhecer a fertilidade de um solo recorre-se à análise química, em


laboratórios especializados. Para que se obtenham resultados confiáveis, de nada
adianta uma análise bem feita se a amostra enviada ao laboratório não for
representativa da área que se quer conhecer e cultivar. A amostra a ser enviada é
uma quantidade de terra, em geral de 300 a 500g, retirada de uma mistura de
diversas amostras de um mesmo tipo de solo (é uma amostra média). A
amostragem do solo deve ser feita seguindo os passos abaixo:
dividir a propriedade em áreas homogêneas (mesmo tipo de solo, vegetação e
manejo): para cada área retira-se uma amostra conforme passos seguintes;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 169


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

na área a ser amostrada, caminhe em zigue-zague distribuindo os pontos de coleta


em toda área (em torno de 20 pontos);

em cada ponto, limpe a superfície do solo (retire o mato, pedras, etc.) e abra uma
cova até a profundidade de 20cm; com auxílio de um enxadão ou pá reta (vanga),
retire uma fatia de terra, cortando de cima até o fundo da cova, e coloque em um
balde;

ao final de todos os pontos, misture bem toda a terra do balde e retire cerca de
meio quilo; se a amostra estiver úmida, deixe secar à sombra;

embale a amostra em saco plástico ou caixa de papelão e cole uma etiqueta


identificando seu nome, município, nome da propriedade, número da amostra,
planta cultivada, endereço e telefone para contato; envie ao laboratório (pode ser
por meio do correio ou entregue pessoalmente).

NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS

Adão Luiz C. Martins Elementos essenciais para as hortaliças


As hortaliças, assim como as demais plantas, precisam para viver de 16 elementos
ou nutrientes:

Orgânicos: Carbono (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio (O).

Minerais: - Macronutrientes: Nitrogênio (N), Fósforo (P); Potássio (K), Cálcio (Ca),
Magnésio (Mg), Enxofre (S); - Micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu),
Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), e Zinco (Zn).

Algumas plantas necessitam ainda de sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si) e níquel
(Ni).

Os elementos orgânicos são fornecidos pelo ar e pela água. Os minerais vêm do


solo, e quando o solo não é capaz de fornecê-los nas quantidades e proporções
exigidas tem-se que recorrer aos adubos.
Os adubos devem, portanto, cobrir as diferenças entre as quantidades exigidas
pela planta de interesse e as quantidades fornecidas pelo solo. No sistema orgânico
de produção são utilizadas diversas técnicas para se obter um solo sadio e
equilibrado, sendo permitida apenas a utilização de fontes minerais pouco solúveis
e orgânicas na adubação, que vão liberar lentamente os nutrientes exigidos pelas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 170


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

plantas, mantendo o equilíbrio químico e biológico no solo.


Absorção e extração de nutrientes pelas hortaliças

As hortaliças obtêm os nutrientes que necessitam através da absorção pelas


raízes, dos elementos existentes na solução do solo. Entende-se por absorção o
processo pelo qual o elemento passa do substrato (solo, solução nutritiva) para
dentro da célula vegetal da raiz.
As hortaliças absorvem maiores quantidades de macro e micronutrientes por
hectare (ha) cultivado e em menor espaço de tempo, em relação às grandes
culturas (cereais, citros, café, etc.). Essa característica aliada ao caráter intensivo
de utilização do solo, com plantios contínuos ao longo do ano e à maior
produtividade das hortaliças quando comparadas a outras culturas contribuem para
um rápido esgotamento do solo, razão porque se deve ter atenção especial às
adubações orgânicas e outras práticas que contribuam para manter a fertilidade do
solo (física, química e biológica).
Os macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) são tão importantes quanto os
primários (N, P e K), sendo as hortaliças particularmente exigentes em Ca,
extraindo quantidades maiores deste nutriente do que de P, em muitos casos. O
potássio (K) é o elemento extraído em maior quantidade, seguido do N, para a
maioria das hortaliças.
Embora cada espécie de hortaliça apresente as suas exigências nutricionais,
podemos destacar algumas que são comuns a determinados grupos ou famílias
botânicas. As solanáceas (tomate, pimentão, jiló, berinjela) são muito exigentes em
Ca e Mg. As brassicáceas (couve-manteiga, repolho, couve-flor, brócolis) são
especialmente exigentes em S, assim como a cebola e o tomate. Com relação aos
micronutrientes, as brassicáceas (principalmente a couve-flor) são muito exigentes
em B e Mo. Outras hortaliças, tais como tomate, alho, beterraba, cenoura e repolho,
também tem sido apontadas como deficientes em B, com frequência. Sintomas de
carência de Zn têm sido observados em alho, batata e beterraba. No cultivo
orgânico, essas deficiências de micronutrientes são corrigidas com a utilização de
compostos orgânicos e biofertilizantes.
Importância e funções dos nutrientes

Para que um vegetal se desenvolva, ele necessita de alguns requisitos


indispensáveis: local favorável à fixação de suas raízes, temperatura adequada, luz
solar, água, quantidade suficiente de nutrientes, etc., condições atendidas em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 171


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

maior ou menor proporção pelas condições do solo onde se encontra.


Atendidas as necessidades básicas acima mencionadas, os vegetais superiores
providos de clorofila, partindo do C, H e O, retirados do ar e da água e de diversos
elementos procedentes do solo (nutrientes), conseguem com o auxílio da energia
fornecida pela luz solar, sintetizar a matéria orgânica necessária à sua própria
formação.
Assim, através da fotossíntese, as plantas têm a capacidade de formar em suas
células clorofiladas, inicialmente compostos orgânicos de estrutura simples, depois
partindo para compostos de estrutura mais complexa, como celulose, amido,
açúcares diversos, ácidos orgânicos, gorduras, proteínas, enzimas, vitaminas, etc.
Além de participarem da fotossíntese, os nutrientes desempenham outras funções
nas plantas:
Nitrogênio (N): promove a formação das proteínas vegetais, auxilia a formação da
folhagem e favorece o rápido crescimento das plantas;

Fósforo (P): estimula o crescimento e formação das raízes; aumenta o


perfilhamento; importante para o florescimento e formação dos grãos e sementes;

Potássio (K): controla a entrada e saída de água e CO2 nas folhas; aumenta a
resistência das plantas a doenças, ao acamamento e à seca; melhora a qualidade
dos frutos;

Cálcio (Ca): faz parte da parede celular das células das plantas, aumentando o
vigor e a resistência das folhas e caules; atua na formação e pegamento de frutos
jovens e no enraizamento em profundidade;

Magnésio (Mg): faz parte da molécula de clorofila, que é responsável pela captação
de energia solar na fotossíntese; na sua presença, as plantas absorvem mais
fósforo (P);

Enxofre (S): entra na composição das proteínas e na formação de grãos e


sementes; quando ligado ao Ca, favorece a sua migração para o subsolo, atraindo
as raízes;

Boro (B): atua no transporte de carboidratos (açúcares) das folhas para os órgãos
armazenadores das plantas (grãos, raízes e caules); importante na multiplicação e
crescimento das células; auxilia no pegamento da florada;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 172


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Zinco (Zn): é ativador de enzimas e participa da síntese de um importante hormônio


de crescimento (auxina); participa da síntese de proteínas; estimula o crescimento
e a frutificação.

Correção da acidez (calagem)

A reação do solo (ácida ou alcalina) é o primeiro fator que precisa ser conhecido,
pois a calagem é feita com antecedência aos cultivos e até mesmo ao preparo do
solo.
Como já foi visto anteriormente, os elementos que causam a acidez são o H e o Al
(alumínio), este último tóxico às plantas, e o processo de acidificação do solo se dá
pela remoção das bases (Ca, Mg, K e Na) e substituição pelo H e Al. As adubações
com adubos nitrogenados também causam a acidificação dos solos.
A neutralização da acidez é feita através da operação denominada calagem, que
consiste em aplicar a lanço no solo, em área total, determinados materiais que têm
a capacidade de neutralizar a acidez do solo. O material corretivo mais utilizado é
o calcário, que é uma rocha calcária moída. Quimicamente o calcário consiste
basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3) que é um sal de baixíssima
solubilidade, mas que, na presença de gás carbônico e água, participa de reações
que resultam na neutralização da acidez do solo.
A neutralização da acidez ocorrerá mais rapidamente quanto mais fino for o calcário
e quanto melhor for a mistura com o solo, não se esquecendo de irrigar o solo caso
não chova, pois a reação só ocorre com a presença da água.
Quanto ao teor de Mg (óxido de magnésio) os calcários podem ser classificados
em três tipos: • Calcíticos: < 5% MgO
Magnesianos: 5 a 12% MgO

Dolomíticos: > 12% MgO

O calcário deve ser aplicado antecipadamente ao plantio (pelo menos com 20 a 30


dias de antecedência), distribuído uniformemente e incorporado na maior
profundidade possível (20 a 30cm). A necessidade de calcário é calculada através
dos dados da análise de solo.
No cultivo orgânico não são aceitas aplicações elevadas de calcário de uma só vez.
Recomenda-se a aplicação de no máximo 2t/ha, o que equivale a 200g/m2, para
não provocar desequilíbrios entre os nutrientes do solo. É importante também
manter relações equilibradas entre os nutrientes Ca, Mg e K no solo: 3 a 4 partes

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 173


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

de Ca para 1 parte de magnésio (Ca/Mg = 3-4 : 1); 9 a 12 partes de Ca para 1 parte


de K (Ca/K = 9-12 : 1) e 3 partes de Mg para 1 parte de K (Mg/K = 3 : 1).
O conhecimento de como estão os teores desses elementos, por meio da análise
do solo, permite escolher a melhor forma de calcário a ser aplicado (dolomítico,
calcítico ou magnesiano), procurando estabelecer essas relações.
Isso significa, por exemplo, que em um solo com baixo teor de Mg, devo utilizar um
calcário mais rico em Mg (dolomítico ou magnesiano) e em solos onde os teores
de Mg já estão em níveis adequados ou até elevados, devo utilizar calcário calcítico
(tem bastante Ca e pouco Mg), para manter uma boa relação Ca/Mg.

Adubação das hortaliças

Os solos cultivados podem perder seus nutrientes por meio de vários processos:
remoção pelas colheitas sucessivas; arrastamento das partículas do solo pela
erosão e por meio da lixiviação (lavagem dos nutrientes para as partes mais
profundas do perfil do solo).
Considerando que as plantas de uma determinada espécie possuem sempre a
mesma exigência em nutrientes, para que as mesmas sejam supridas em suas
necessidades, será necessário repor os nutrientes perdidos.
A reposição dos nutrientes ou a complementação do que está faltando no solo, é
feita por meio da operação denominada adubação, utilizando-se os adubos ou
fertilizantes.
Na agricultura orgânica a adubação tem como foco principal o solo, diferentemente
da convencional em que o foco é a planta. Interessa no cultivo orgânico manter o
solo saudável e rico em organismos vivos, benéficos ao solo e às plantas. Para que
isso ocorra, empregam-se prioritariamente adubações orgânicas de fontes
variadas, complementando-se com fontes minerais permitidas (pouco solúveis). Os
adubos orgânicos, por liberarem lentamente os nutrientes para as plantas, não
favorecem a infestação e desenvolvimento de insetos ou microrganismos nocivos.
Os adubos podem ser classificados em vários tipos: minerais, orgânicos e
organominerais. Dentro dos orgânicos, existe uma modalidade conhecida como
adubo verde.
Minerais ou químicos: são sais muito solúveis, simples ou formulados, que
apresentam um ou mais nutrientes, normalmente em concentrações bem maiores
quando comparados aos orgânicos, de liberação rápida ao meio; fabricados em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 174


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

escala industrial a partir de moléculas extraídas do petróleo (recurso não


renovável).

O uso destes adubos é proibido em agricultura orgânica, entre outros


motivos, pelas alterações das condições químicas e biológicas do solo e os
efeitos sobre os processos de absorção e metabolismos das plantas, com
estímulos à proteólise (quebra das proteínas), acumulando substâncias
simples na seiva (aminoácidos, glicose, etc.) e tornando-as mais
susceptíveis ao ataque de pragas e doenças. Exemplos: uréia (44% N),
sulfato de amônio (20% N e 22 a 24% S), superfosfato simples (18% P2O5,
10% S e 18 a 20% Ca), termofosfato (17% P2O5 e 18 a 20% Ca), cloreto de
potássio (58% K2O); sulfato de potássio (48% K2O e 15 -17% S); bórax
(11% B); sulfato de Zn (20% Zn), sulfato de cobre (13% Cu); fórmulas 10-10-
10 (10% de N, 10% de P e 10% de K), 4-14-8, 20-5-20, etc.

Em cultivos convencionais, onde os adubos químicos são utilizados, podem ser


aplicados no plantio ou em cobertura; no solo ou via foliar. As quantidades a serem
aplicadas baseiam-se nos resultados da análise do solo. A adubação de plantio é
a melhor época para fornecer os macronutrientes (P, K, Ca, Mg e S). O nitrogênio
(N) é aplicado apenas parcialmente nesta época, ficando a maior parte para
aplicação em cobertura, em doses parceladas nos momentos mais importantes do
ciclo da planta (para evitar perdas por lixiviação). Parte do K também pode ser
aplicada em cobertura. Os micronutrientes são aplicados no solo juntamente com
os outros adubos e/ou nas folhas. Exemplo: para brócolis, couve-flor e repolho
recomenda-se a aplicação de 3 a 4kg/ha de B juntamente com os demais adubos
minerais no plantio e a pulverização das folhas por três vezes durante o ciclo, com
solução de ácido bórico (1g/litro de água).
Orgânicos: são produtos de origem vegetal ou animal que, aplicados ao solo em
quantidades e em épocas e maneiras adequadas, proporcionam melhorias de suas
propriedades físicas, químicas e biológicas, fornecendo às raízes nutrientes
suficientes para produzir colheitas compensadoras, com produtos de boa
qualidade, sem causar danos ao solo, à planta ou ao ambiente. Exemplos:

A aplicação de fertilizantes orgânicos em hortaliças é altamente econômica, apesar


do custo crescente do transporte. São usados estercos de animais, materiais
vegetais triturados, compostos, tortas vegetais, etc. É fundamental a aplicação do
material já fermentado ou “curtido”, com pouca umidade e peneirado, para

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 175


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

facilidade de aplicação de maneira uniforme sobre a área a ser plantada com


hortaliças. A aplicação dos fertilizantes orgânicos deve ser feita na área total dos
canteiros, sulcos ou covas, incorporando-se uniformemente, com antecedência de
30 a 40 dias ao plantio das hortaliças.
O preparo e a utilização de compostos orgânicos tem se mostrado superior
a outros adubos orgânicos, em razão da compostagem inviabilizar a
germinação de sementes de plantas daninhas e diminuir a ação de alguns
patógenos (ex. Fusarium e Rizoctonia), muitas vezes presentes em
materiais vegetais crus. Além desses efeitos, o processo e tempo de
fermentação de diversos tipos de material orgânico, contribuem também
para eliminar vermes e outros agentes causadores de doenças em seres
humanos.

Um dos adubos orgânicos que vem sendo bastante utilizado, principalmente pelos
adeptos da agricultura natural e orgânica, é o Bokashi, um adubo orgânico
concentrado, rico em N, P e K, podendo ser aplicado tanto no preparo do solo como
em cobertura. Tem como vantagens, em relação ao composto de volumoso comum
(feito com resíduos palhosos e estercos), a maior concentração em nutrientes e a
produção mais rápida (7 a 21 dias). Existem diferentes formulações, variando de
acordo com a espécie de hortaliça a ser produzida e com a Fonte (idealizador):
1- Bokashi solo: indicado para hortaliças folhosas (Fonte: Takahashi, citado por
Penteado, 2000)
Ingredientes: 500kg solo argiloso, 200kg farelo ou torta de mamona, 50kg farinha
de osso, 50kg farinha de peixe, 30kg farelo de arroz, 170kg de esterco de galinha
seco, 3kg farinha de mandioca, 5kg açúcar mascavo, inoculante: 2kg de Bain-Food
ou 2 litros de EM-4 e 40 litros água.

Inoculante: fazer um mingau com 3kg de farinha de mandioca (ou outra fonte de
amido) e 40 litros de água. Após fervura, retira-se do fogo e acrescenta-se o açúcar
mascavo. Quando esfriar, acrescenta-se o inoculante.

Preparo: misturar os ingredientes, acrescentar o inoculante preparado e molhar até


50-55% de umidade (ao apertar um punhado na mão, não escorre água entre os
dedos e forma um “bolinho” que se esboroa facilmente). Revirar de 2 a 3 vezes ao
dia, quando aquecer muito a pilha (temperatura > 50°C). Estará pronto para uso
em 5 a 7 dias.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 176


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2- Bokashi solo: indicado para hortaliças de frutos (Fonte: Estação de Agricultura


Orgânica de São Roque. Fórmula Shimamoto Seibutzu (Japão), citado por
Penteado, 2000)
Ingredientes: 500kg terra, 200kg torta de mamona, 100kg farinha de osso, 50kg
farinha de peixe, 60kg de farelo de arroz, 30kg de carvão, 5kg açúcar mascavo,
3kg farinha de mandioca, 2kg inoculante Bain-Food e 40 litros água;

Inoculante e preparo: idem receita 1.

Organominerais: são fertilizantes procedentes da mistura ou combinação de


fertilizantes minerais e orgânicos, contendo na sua fórmula no mínimo 25% de
matéria orgânica total e no mínimo de 12% da soma dos teores dos nutrientes N,
P e K.

Adubos verdes: adubação verde é a prática de se cultivar certos vegetais com o


objetivo de incorporá-los posteriormente ao solo. Os vegetais mais indicados e
usados são as leguminosas, que além de fornecerem grande quantidade de
matéria orgânica (20 a 60 toneladas de massa verde por hectare), incorporam o
nitrogênio do ar através da fixação simbiótica (bactérias do gênero Rhizobium que
vivem nos nódulos das raízes das leguminosas). As mais conhecidas são: soja,
mucuna, feijão-de-porco, guandu, crotalária, etc. Também se podem utilizar
plantas da família das gramíneas (ex.: aveia-preta, milho, etc.) que produzem
grande quantidade de biomassa vegetal, fornecendo carbono, aumentando a
matéria orgânica do solo e favorecendo os microrganismos.

Fontes permitidas em agricultura orgânica

Fontes de nitrogênio (N) e matéria orgânica: estercos de animais (aves, bovinos,


equinos, etc., preferencialmente compostados), cama de currais e aviários, esterco
líquido e urina (estabilizados), biofertilizantes, adubos verdes, compostos
orgânicos, tortas, vinhaças, húmus de minhoca, palhas e restos vegetais
compostados ou não, etc.
Fontes de fósforo (P): fosfatos naturais de Araxá, farinha de ossos e termofosfatos.
Fontes de potássio (K): cinzas vegetais, resíduos (cascas de café), pó de granito e
basalto, sulfato de potássio (com restrições, devendo-se comunicar à Certificadora
no caso do cultivo orgânico).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 177


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Fontes de micronutrientes: biofertilizantes, supermagro, algas, pós de rochas


(basalto e granito).
Biofertilizantes: são fertilizantes líquidos obtidos da degradação da matéria
orgânica (estercos ou restos vegetais) em condições aeróbias e anaeróbias em
biodigestor. Além de seu efeito nutricional, fornecendo proteínas, enzimas,
vitaminas, antibióticos naturais, alcalóides, macro e micronutrientes, também são
utilizados como defensivo natural, devido à presença do microrganismo Bacillus
subtillis, aumentando o vigor e a resistência das plantas às pragas e doenças.

Existem várias receitas de biofertilizantes:

Receita 1 (mais simples): esterco de gado + água (em um tambor de 200 litros
colocam-se 50 a 80kg de esterco fresco e completa-se o volume com água);

Receita 2: 40kg de esterco fresco + 20 a 40kg de capins picados + água;

Receita 3 (enriquecido com P e K): 50kg de esterco fresco de gado + 15kg de


farinha de ossos + 5kg de cinzas de madeira + 4kg de melaço de cana.

A adição de açúcar ou melaço (pode ser acrescentado em qualquer receita)


favorece a fermentação. Quando a receita for preparada na forma anaeróbia (em
local fechado), devem ser adotados os seguintes procedimentos: fechar
hermeticamente o tambor com uma tampa, deixar um espaço de no mínimo 20cm
entre o líquido e a tampa para evitar o expansão dos gases e o estouro do tambor,
inserir uma mangueira plástica na tampa do tambor, bem vedada, mergulhando-se
a outra extremidade em um recipiente com água (os gases vão escapar e borbulhar
na água, indicando que o material está fermentando).
Deixar fermentar por 30 a 40 dias. Para utilização, devem-se coar os
biofertilizantes e diluir em água (1 a 5%, ou seja, de 1 a 5 litros em 100 litros de
água), em seguida pulverizar as plantas ou regar o solo.

- Supermagro: é uma das formas mais conhecidas de biofertilizante, produzido a


partir da mistura de esterco de curral com um complexo de micronutrientes (B, Cu,
Fe, Mn, Cl, Co, Mo, Zn) e produtos de origem animal (leite, farinha de osso, farinha
de peixe, sangue, etc.).
É indicado como fonte suplementar de micronutrientes para as plantas e para
aumentar a resistência às pragas e doenças. Recomenda-se aplicar na
concentração de 1 a 5% (2% para frutíferas e hortaliças em geral e 4% para o

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 178


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

tomate), em intervalos de uma semana para tomate e hortaliças de frutos e de 10


a 20 dias para as demais hortaliças.

Recomendações de adubação

Em escala comercial as recomendações de adubação são feitas a partir dos


resultados da análise do solo. Caso a opção seja por adubos orgânicos,
normalmente será utilizada grande quantidade, uma vez que os mesmos possuem
baixos teores de nutrientes para as plantas: é comum recomendações da ordem
de 80 a 100t/ha de esterco bovino curtido em cultivo de alface, almeirão, etc.
A relação entre o esterco de galinha e o bovino é de 1:4 (uma parte de esterco de
galinha corresponde a 4 de esterco bovino). Para a torta de mamona fermentada,
a relação é 1:10 (uma parte de torta de mamona corresponde a 10 partes de esterco
bovino ou de curral). Exemplos: deve-se aplicar para as hortaliças folhosas (alface,
almeirão, chicória, escarola, rúcula e agrião d’água) no plantio: 60 a 80t/ ha de
esterco de curral ou 15 a 20t/ha de esterco de galinha; para as brassicáceas
(brócolis, couveflor, repolho) deve-se aplicar 40 a 60t/ ha de esterco de curral ou
10 a 15t/ha de esterco de galinha (Boletim 100 do IAC).
O esterco de curral pode ser substituído por: composto orgânico (quantidade igual),
esterco de galinha (um quarto da quantidade de esterco de curral) ou torta de
mamona (um décimo da quantidade). Também se podem adubar os canteiros com
composto e complementar com bokashi na proporção de 500g/m2 (hortaliças
folhosas) e 300g/ cova (hortaliças de frutos), além de pulverizações com
biofertilizantes (a cada 10 a 15 dias).
CULTIVO DAS HORTALIÇAS

De acordo com Chitarra e Chitarra (2005) a qualidade dos produtos no campo


inicia-se com a seleção de sementes e/ou de mudas certificadas, bem como, de
cultivares que melhor se adequem aos fatores de clima e solo da região e que
apresentam maior grau de resistência às desordens fisiológicas e infecções por
patógenos.
As influências culturais abrangem nutrição mineral, manejamento do solo, raleio ou
desbaste, poda, uso de pulverizações químicas, densidade de plantio, irrigação e
drenagem, ao passo que os fatores ambientais incluem temperatura, umidade
relativa, luz, textura do solo, vento, altitude e pluviosidade. Esses fatores afetam a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 179


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

obtenção da qualidade máxima na época da colheita sendo, contudo, impossível


determinar a contribuição relativa de cada um deles para a qualidade. Além disso,
características como, por exemplo, a textura, o sabor e o aroma podem ser
afetadas por várias condições na fase de crescimento do vegetal. Portanto, variam
com a espécie e com a maturidade hortícola, mas também sofrem a influência da
estação de crescimento, principalmente da temperatura durante o desenvolvimento
do produto, do tipo de porta-enxerto, das práticas de cultivo como poda e desbaste,
irrigação, fertilização, uso de reguladores de crescimento, controle de pragas, etc.,
todos podendo apresentar algum efeito no desenvolvimento dessas características
do produto durante a sua fase de produção.
Entretanto, é fato bem conhecido que, um único fator pode predominar e exercer
uma influência marcante sobre os demais. Sempre que os processos de
crescimento e maturação do vegetal são alterados, a qualidade potencial da
produção agrícola pode ser influenciada de forma positiva ou negativa.
A época de semeadura ou plantio e o espaçamento devem ser considerados por
terem efeito no período de crescimento, no estabelecimento do tempo para a
colheita, bem como, na tolerância do produto às condições de manuseio e de
armazenamento. O uso adequado de uma população de plantas por área é
essencial para se evitar carência de minerais e de água e para se obter uma boa
produtividade.
O uso de irrigação e de fertilizantes é indispensável para a manutenção das
características da qualidade próprias da cultura, evitando-se a incidência de
desordens fisiológicas que, nem sempre, são perceptíveis no campo. Elas podem
ocorrer posteriormente, durante o armazenamento ou após, na fase de
comercialização. As deficiências ou as proporções inadequadas de minerais têm
efeito adverso no tamanho, na cor, no valor nutritivo, na época de maturação, na
espessura da casca, na fibrosidade, entre outros atributos, influenciando
negativamente a qualidade e o valor de comercialização dos produtos.
Os tratamentos fitossanitários na pré-colheita são indispensáveis para a prevenção
e erradicação de pragas e doenças. Produtos com aparência relativamente normal
podem apresentar infecções latentes no campo e que se desenvolvem
posteriormente, promovendo uma rápida deterioração na fase pós-colheira.
Aplicações incorretas de defensivos podem desenvolver desordens fisiológicas,
afetar a composição dos produtos e reduzir a segurança do seu uso.
Atenção especial vem sendo dada ao controle biológico de infecções das plantas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 180


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

em geral, pelo uso de microrganismos antagonistas. No entanto, o uso dessa


tecnologia no campo tem sido dificultado, principalmente, pela impossibilidade de
controle das condições ambientais, reduzindo a sua eficiência em relação aos
resultados obtidos em experimentos em laboratório, com controle de temperatura,
umidade, etc.
As pulverizações químicas com substâncias sintéticas (reguladores de
crescimento) são de uso comercial corrente para acelerar ou retardar a maturação,
promover abscisão de folhas e frutos, ou para iniciar e uniformizar o período de
floração. Essas técnicas, quando devidamente aplicadas, uniformizam a aparência,
o grau de maturação e asseguram colheita uniforme, com maior rendimento,
facilitam o manuseio e melhoram o valor da comercialização.
O cálcio tem recebido atenção considerável, nos últimos, devido aos seus efeitos
desejáveis no controle de desordens fisiológicas e no retardo da senescência de
frutas e hortaliças.
Com o uso de pulverizações ou calagem, tem-se demonstrado que com o aumento
dos teores desse mineral nos tecidos, reduz-se a atividade respiratória, a síntese
de etileno, a degradação da clorofila e a síntese proteica. Tem papel fundamental
na manutenção da estrutura das paredes celulares e na permeabilidade das
membranas, com manutenção da firmeza dos tecidos, reduzindo também a
incidência de infecções fúngicas.
A elevação da temperatura tem efeito marcante na redução do período de
desenvolvimento, antecipando a época da colheita de um grande número de
produtos agrícolas. Por intensificar a atividade respiratória, promove aumento da
transpiração, modificações na coloração, nos teores de sólidos solúveis e de outros
constituintes químicos. Valores extremos de temperatura (altas e baixas)
contribuem para a incidência de desordens fisiológicas, aumentando a
suscetibilidade à deterioração.
A duração da exposição, a qualidade e intensidade de luz afetam as características
de qualidade, tais como coloração e espessura da casca, tamanho, peso, além dos
teores de sólidos solúveis (ácidos, açúcares, vitamina C), que dependem da
fotossíntese para serem produzidos.
A disponibilidade de água é fator crítico nas fases de crescimento e de maturação.
O estresse hídrico pode ter efeito negativo na suculência dos tecidos, bem como,
na aparência externa, reduzindo a massa e o volume do produto devido ao
murchamento pela perda do turgor celular. Por outro lado, o excesso de chuvas é

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 181


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

desvantajoso não só por modificar a composição dos produtos (diluição dos


constituintes químicos com redução da qualidade), como também, por dificultar a
colheita, reduzir o período de vida útil e aumentar a incidência do ataque de
microrganismos.
Ventos excessivos danificam a estrutura física dos tecidos, mas delicados,
causando abrasões que prejudicam a aparência pela formação de cicatrizes e
predispõem os produtos a doenças, uma vez que essas áreas danificadas têm
menor resistência à penetração por microrganismos.
A colheita deve ser realizada com manuseio cuidadoso para evitar danos
mecânicos, o que não só prejudica a aparência, como também, induz a posteriores
deteriorações por causas fisiológicas e patológicas.
A maturidade do produto e sua qualidade são fatores interrelacionados, pois
nenhum produto é considerado com de boa qualidade visual ou comestível, se não
atingir a maturidade considerada adequada ao consumidor. A colheita precoce,
antes do completo desenvolvimento, prejudica o processo de amadurecimento das
frutas climatéricas, sendo indicada para hortaliças (caules, brotos e algumas folhas)
que são consumidas na fase de crescimento. Do mesmo modo, a colheita tardia
reduz o período de conservação.
É importante o entendimento do desenvolvimento de predisposição na précolheita
com relação às desordens fisiológicas na pós-colheita. Os riscos podem ser
reduzidos pelo uso de práticas culturais e outras condições adequadas.
O desenvolvimento e aplicação do sistema de produção integrada (P.I.) têm
produzido ótimos resultados não só quanto ao aumento da produtividade, como
também, pela garantia de produtos com excelente qualidade e segurança de uso.
Nesse sistema, utilizam-se recursos naturais e redução de insumos para assegurar
uma produção sustentável, mantendo o equilíbrio com o meio ambiente.

Práticas culturais

As condições de cultivo têm influência direta nas características dos produtos


hortícolas na fase pós-colheita, uma vez que com as tecnologias utilizadas nessa
fase, pode-se prolongar o tempo de vida útil, mas, não melhorar a qualidade, ou
seja, apenas mantêm-se as características normais da espécie.
As estruturas anatômicas e morfológicas, a composição química, a aparência e
outros atributos de qualidade são uma função não apenas dos fatores genéticos e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 182


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ambientais, mas também, das condições de cultivo.


As características de produção devem ser correlacionadas com a pós-colheita,
considerando-se o tipo de mercado e o destino do produto. As exigências do
mercado interno, quanto aos atributos de qualidade, diferem das do mercado de
exportação, do mesmo modo que diferem as características dos produtos para o
armazenamento a curto, médio e longo prazos ou para o processamento. Assim
sendo, deve-se atentar para as práticas culturais que proporcionem o melhor
comportamento do produto na pós-colheita.

Época de plantio e espaçamento


A época do plantio pode variar conforme a região, principalmente quando se realiza
a irrigação da cultura. Em geral, o início da estação chuvosa é a época mais
adequada por favorecer o pegamento e o melhor desenvolvimento das mudas.
A semeadura mais tardia que o normal pode levar o produto a não maturar
adequadamente antes do período requerido para a colheita e também pode afetar
a sua tolerância às condições de manuseio e armazenamento. Em áreas tropicais,
onde existe uma grande variação estacional, muitas culturas se desenvolvem em
estações secas e chuvosas e, muitas vezes, o produto chega a ser colhido antes
da maturação completa, o que pode da mesma forma, prejudicar a qualidade pós-
colheita. O uso adequado de uma população de plantas por área é essencial não
só para prevenir a redução no rendimento, como também à tolerância do produto
às condições póscolheita de manuseio e armazenamento.

Seleção de cultivares

Dentre os fatores genéticos, a seleção de cultivares é de importância primária para


se obterem produtos resistentes e com a aparência desejada. As cultivares não só
variam em forma, tamanho e cor, como também em sua capacidade para atingir o
fenótipo desejado, quando submetidas a diferentes condições de produção.
A maioria das peculiaridades horticulturais encontra-se sob controle genético,
influenciado inicialmente pela seleção e posteriormente pelo homem, durante
muitos anos de cultivo.
A seleção de cultivares mais apropriadas para uma circunstância particular de
produção é fator importante. Muitas cultivares têm a capacidade de reter sua

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 183


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

qualidade na fase pós-colheita devido às suas características genéticas,


bioquímicas e fisiológicas e a determinadas características físicas.

Fertilização

Entre as práticas de cultivo, a nutrição mineral dos vegetais apresenta importância


fundamental, proporcionando aumento da produtividade e influenciando a
qualidade dos produtos. O equilíbrio dos macro e micronutrientes é um dos fatores
de maior influência nas características sensoriais e nutritivas, na resistência ao
transporte e ao armazenamento dos produtos hortícolas, porque esses elementos
regulam os processos fisiológicos e bioquímicos dos tecidos vegetais.
Os nutrientes minerais desempenham diferentes funções, conforme ilustrado na
Tabela 1, as quais ainda não são completamente conhecidas, principalmente pela
associação entre eles, com efeito, sinergista (ação simultânea) ou antagonista
(ação oposta).
Sabe-se que em um solo bem balanceado, encontram-se os minerais essenciais
dissolvidos em água, necessários ao desenvolvimento normal do vegetal. Entre
eles salientam-se o nitrogênio, o fósforo e o potássio, seguidos pelo cálcio e o
magnésio. Além desses, outros microelementos, como por exemplo, o boro e o
zinco, têm papel fundamental. A deficiência de qualquer um deles pode afetar não
somente a qualidade nutricional e sensorial, como também pode causar desordens
fisiológicas que contribuirão para o aparecimento de defeitos nos produtos pós-
colheita. De um modo geral, os níveis de aplicação podem afetar direta ou
indiretamente a qualidade dos produtos hortícolas. Por exemplo, a textura é
influenciada pelo teor de minerais, notadamente pelo cálcio, nitrogênio, fósforo e
potássio.
O cálcio atua na parede celular formando pectato de cálcio, insolúvel. O nitrogênio
em excesso reduz a firmeza e o teor de vitamina C, possivelmente pelo maior
crescimento do vegetal, com efeito de diluição nos tecidos.
A deficiência ou toxicidade de macro e micronutrientes também resulta em diversas
alterações indesejáveis na aparência dos produtos, principalmente na coloração,
forma e tamanho. Por exemplo, com a deficiência de nitrogênio, enxofre ou de
magnésio, ocorre coloração pobre em hortaliças folhosas; com a deficiência de
potássio ou de ferro, é reduzida a coloração dos pêssegos, e com o excesso de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 184


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

manganês, ocorre perda de coloração em maçã. Com a deficiência de nitrogênio,


há redução do tamanho dos frutos de caroço. Pela deficiência de potássio ou de
zinco, ocorre redução no tamanho dos frutos cítricos, ao passo que com a
deficiência de ferro ou de cobre, é afetada a sua forma.
Macronutrientes

Os vegetais autotróficos requerem vários elementos que são essenciais para seu
crescimento e desenvolvimento. O carbono, o oxigênio e o nitrogênio são obtidos
a partir de CO2, H2O e O2, sendo os demais elementos essenciais, requeridos como
íons inorgânicos, fornecidos por sais que os contenham, atentando-se para o
preparo de uma solução nutritiva balanceada e que atenda realmente a demanda
nutricional de cada mineral pela espécie vegetal cultivada.
A nutrição das plantas é sem dúvida, um dos fatores pré-colheita mais
extensamente estudados; e nas fruteiras, as implicações decorrentes da nutrição
mineral alcançam níveis de complexidade bem mais evidentes, quando
comparadas com as culturas de ciclo anual.
Os macronutrientes são aqueles elementos indispensáveis ao vegetal em maiores
proporções, dentre os quais, nitrogênio, fósforo, potássio, magnésio e cálcio.
Nitrogênio

O nitrogênio (N2) encontrado no solo está, em quase sua totalidade, na forma


orgânica, a qual não é diretamente disponível para as plantas. O restante (cerca de
2%) corresponde ao nitrogênio mineral do solo, representado pelas formas iônicas
amônio (NH4+), nitrato (NO3-) e nitrito (NO2). Essas formas podem originar-se da
matéria orgânica após a mineralização e dos fertilizantes minerais e orgânicos
adicionados ao solo.
O crescimento vegetativo consiste, principalmente, no crescimento e formação de
novas folhas, caules e raízes. Os tecidos meristemáticos têm um metabolismo
proteico muito ativo, com intensa síntese de ácidos nucléicos e proteínas, dos quais
o nitrogênio é constituinte.
Dessa maneira, pela nutrição nitrogenada, controla-se de forma ampla, a taxa de
crescimento vegetativo, mas a síntese de compostos nitrogenados depende dos
íons inorgânicos, como o fosfato, o que demonstra a importância do nitrogênio e
do fósforo para o crescimento das plantas. Nessas, quase todo o nitrogênio
encontrado na forma orgânica é representado principalmente por aminoácidos e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 185


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

proteínas, além de ser componente de vitaminas, coenzimas e das bases purínicas


e pirimidínicas. Está envolvido com a fotossíntese e com reações enzimáticas.
O adequado fornecimento de nitrogênio está associado a um crescimento vigoroso
e intensa coloração verde das folhas. Com o uso do teor de nitrogênio adequado,
melhora-se a qualidade do tomate. Entretanto, em doses muito elevadas, há
redução no tamanho do fruto e a cor e o sabor são prejudicados em virtude da
diminuição do teor de sólidos solúveis no suco e aumento da acidez titulável. Com
o baixo fornecimento de nitrogênio, aumenta-se o teor de sólidos solúveis e,
embora ocorra uma menor produtividade, do ponto de vista industrial é vantajoso,
pelo fato de o suco apresentar-se mais concentrado.
No caso da melancia, com o nitrogênio, aumenta-se o crescimento da planta e a
produção, mas o excesso, por sua vez, faz os produtos ficarem menos firmes, mais
aquosos e insípidos. Em pepineiros, com a adubação nitrogenada, aumenta-se a
produtividade pelo aumento do número de flores femininas, há melhora no
vingamento dos frutos e na conformação desses frutos durante o desenvolvimento.
Em cenoura, com doses ideais de nitrogênio, consegue-se maior resistência ao
armazenamento, porém, quando se força uma maior crescimento da raiz com
doses excessivas, o produto final perde a resistência ao armazenamento.
Aumentando-se as quantidades de nitrogênio na fertilização, aumentam-se os
teores de tiamina, riboflavina e carotenos no espinafre. No entanto, há redução no
teor de ácido ascórbico, conforme também observado em culturas diversas como
em cítricos, couve-flor e batata. Por melhorar o crescimento vegetal, o nitrogênio
pode causar efeito diluente no teor de ácido ascórbico e o aumento na área da
folhagem pode promover redução na intensidade da incidência de luz, e, com o
sombreamento, redução na síntese dessa vitamina.
Com a deficiência de nitrogênio, na maioria das espécies de brássicas, ocorre o
decréscimo do teor de clorofila e, consequentemente, o amarelecimento uniforme
das folhas velhas, com posterior secagem e queda. Na ausência de nitrogênio, as
folhas velhas de couve crespa, couve-flor, e nabo tornam-se predominantemente
amarelo-alaranjadas. Em brócolis e repolho, as folhas novas se desenvolvem rijas,
com uma aparência cerosa e de cor cinza.
A couve, por ser uma hortaliça folhosa, tem o nitrogênio como nutriente mais
importante durante a fase de crescimento e a sua adição proporciona uma melhor
qualidade nessa olerícola, tornando as folhas e talos mais tenros.
O nitrogênio é o elemento chave, responsável pelo desenvolvimento vegetativo

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 186


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

rápido e vigoroso da couve-flor, do qual depende o crescimento da cabeça. Uma


das hortaliças mais estudadas quanto ao efeito dos nutrientes na qualidade
comercial é o repolho. Um dos problemas de ocorrência comum na cultura é o
rachamento e a menor compactação das cabeças, devido ao excesso de
nitrogênio.
As hortaliças folhosas podem acumular altos teores de nitrato livre quando
cultivadas em condições de excessiva adubação nitrogenada. A toxicidade do
nitrato ao homem é relativamente baixa e variável e a dose letal em um adulto está
na ordem de 15-70 mg.Kg-1. dia-1 e para nitrito é de 20 mg.Kg-1.dia-1. Em
condições normais de saúde, o nitrato é absorvido rapidamente, sem ocorrer a sua
redução a nitrito. Entretanto, em crianças e pessoas debilitadas pode ocorrer a
redução causando problemas de toxicidade, ou formação de nitrosaminas, que são
compostos carcinogênicos, ou seja, que provocam câncer.
Fósforo

A concentração de fósforo (P) em solução no solo é extremamente baixa


(normalmente entre 0,1 e 1,0 kg/ha), devido à elevada tendência de remoção do
nutriente da solução, tanto por precipitação quanto por absorção. Exerce funções
estruturais de armazenamento e fornecimento de energia química armazenada
como ATP e utilizada em processos e reações como a fotossíntese, biossíntese de
amido, absorção iônica e respiração. Também é componente de ácidos nucléicos,
coenzimas, nucleotídeos, fosfoproteínas, fosfolipídeos e açúcares fosfatados.
O fósforo inorgânico (Pi) é, em sua maioria, armazenado nos vacúolos e atua
regulando a atividade metabólica no citoplasma e nos cloroplastos. Por exemplo,
regula a biossíntese de amido nos amiloplastos.
O inadequado fornecimento desse nutriente para as plantas resulta na redução da
síntese proteica e diminuição do crescimento vegetativo, com redução no número
de folhas e no tamanho da própria planta.
O fósforo tem influência no tamanho, peso, coloração e valor alimentício do tomate.
Sua deficiência promove má formação do fruto e maturação tardia e, em excesso,
pode afetar o formato dos frutos. Em combinação com o nitrogênio e o potássio,
ocorre melhora na coloração da película, na coloração da polpa, no sabor, na
firmeza e no teor de vitamina C.
De um modo geral, as plantas com deficiência de fósforo apresentam-se com
caules mais finos e folhas pequenas. No caso de couves, as folhas mais velhas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 187


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

caem prematuramente, as brotações diminuem e podem permanecer dormentes.


Com relação à cor, a variação ocorre do verde brilhante ao verde-escuro, podendo
desenvolver-se também tons púrpura nas margens. A cor vermelha, desenvolvida
pelas plantas deficientes em fósforo, é uma consequência do aumento da síntese
de antocianinas. Em alguns trabalhos, verificou-se que o teor desse nutriente pode
variar também de espécie para espécie ou dentro de uma mesma espécie, como
por exemplo, o brócolis é mais exigente em fósforo do que o repolho e a couve-flor.
Potássio

O potássio é o único cátion monovalente essencial para todas as plantas


superiores, sendo o mais abundante no citoplasma. Tem várias funções no
metabolismo do vegetal, atuando como ativador de várias enzimas durante a
fotossíntese, a respiração e a síntese proteica.
Atua também na abertura dos estômatos, transporte do floema, osmorregulação,
extensão celular e equilíbrio entre cátions e ânions. Em plantas superiores, o
potássio afeta a fotossíntese em vários níveis. A abertura dos estômatos requer
potássio, podendo restringir assimilação de CO2 pela folha o que afeta a
fotossíntese. Portanto, a sua deficiência causa redução nesse processo, e
consequentemente, no crescimento vegetal.
A respiração e as reações associadas ao transporte de elétrons são diretamente
dependentes de substratos provenientes da fotossíntese. Sob deficiência de
potássio, há um aumento da atividade do ciclo de Krebs resultando em aumento da
respiração, com maior consumo de substratos oxidáveis pela mitocôndria.
O potássio desempenha papel vital na ativação de numerosos sistemas
enzimáticos em plantas. Por exemplo, em batata-doce, ativa as invertases que
hidrolisam a sacarose em glicose e frutose.
Altas concentrações de potássio no citoplasma e cloroplastos são requeridas para
estabilizar o pH entre 7 e 8 nesses compartimentos, faixa ótima para a maioria das
reações enzimáticas.
O potássio é requerido pelas plantas para a síntese de amido, sendo a amido
sintetase (enzima catalisadora da reação de síntese de amido) ativada por ele. A
sua deficiência promove mudanças químicas no vegetal, incluindo acúmulo de
carboidratos solúveis, decréscimo de amido e acúmulo de compostos nitrogenados
solúveis.
O potássio também é requerido para o uso eficiente da água disponível no solo,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 188


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pois possui papel importante na osmorregulação, movimento dos estômatos e taxa


de respiração, transporte de solutos no xilema e no floema, sendo o cátion mais
importante para a formação de pressão osmótica. Como soluto inorgânico
osmoticamente ativo em plantas, tem grande importância para a extensão e o
crescimento celulares, atuando como fator nas relações hídricas dos vegetais.
Plantas bem nutridas com potássio têm o número e tamanho dos estômatos por
unidade de área foliar aumentados, facilitando as trocas gasosas nos tecidos. O
mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos é dependente do fluxo de
potássio nas células-guarda, e assim, plantas deficientes podem ter suas respostas
estomáticas alteradas.
As plantas deficientes em potássio por não utilizarem a água e outros nutrientes do
solo ou fertilizantes, eficientemente, são menos tolerantes a estresses ambientais,
tais como secas, excesso de água, vento e extremos de temperatura. Além disso,
são menos resistentes ao ataque de pragas e doenças. A qualidade das plantas
deficientes também é inferior, sendo o potássio conhecido como nutriente da
qualidade, por causa de seu importante efeito sobre o tamanho, forma, cor, sabor
e resistência dos produtos hortícolas ao armazenamento.
Uma adubação potássica adequada proporciona tomates com coloração vermelha
mais acentuada e o interior mais bem formado, sem a presença de espaços vazios.
Os frutos são mais firmemente presos nas plantas, reduzindo as perdas por queda.
Na deficiência, os frutos apresentam péssima coloração e menor tempo de
conservação. O excesso pode resultar em rachadura nos frutos.
Durante a comercialização ou armazenamento, o repolho pode apresentar
manchas escuras ou cinzas, que podem causar séria redução em sua qualidade. A
maior incidência dessas manchas está relacionada com a acidez do solo e com
uma menor disponibilidade de potássio.
Magnésio
O magnésio é pouco exigido pelas plantas e considerando que a disponibilidade é
satisfatória na maioria dos solos, a deficiência desse nutriente não é muito comum.
Nos tecidos das plantas há uma alta proporção de magnésio total, do qual, em torno
de 70% está solúvel e associado com ânions inorgânicos e orgânicos ácidos, tais
como, malato e citrato. O magnésio está bem associado com ânions insolúveis,
incluindo oxalato e pectato.
O magnésio é constituinte da molécula de clorofila e também encontrado em
apreciável quantidade em sementes. Além disso, está aparentemente relacionado

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 189


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

com o metabolismo do fósforo e é considerado específico na ativação de diversos


sistemas enzimáticos das plantas.
O suplemento de potássio afeta o teor de magnésio de diferentes órgãos da planta,
alterando o seu tamanho. Aumentando-se o suprimento de potássio, reduz-se
consideravelmente, o teor de magnésio em folhas e raízes.
O amadurecimento irregular de tomate pode ser reduzido pela nutrição com
magnésio, porém, o seu efeito é menor do que o do potássio. 2.3.1.5 Cálcio A
aplicação pré-colheita de cálcio resulta em frutos mais firmes, sendo o nutriente
que apresenta maior associação com a textura e com a redução de desordens
fisiológicas. É bem conhecido o seu envolvimento nos processos nos processos
fisiológicos e bioquímicos relacionados com as modificações estruturais e de
composição das paredes celulares.
O cálcio é absorvido pelas raízes e translocado, através do xilema, num processo
passivo. Nas folhas e nos frutos, a sua concentração declina rapidamente com a
maturidade. Os problemas relacionados com a suplementação deficitária de cálcio
para a planta surgem nos frutos após a colheita e durante o armazenamento.
A aplicação de cálcio pode ser realizada por pulverizações na planta ou por
calagem no solo. Também se pode fazer a combinação da fertilização do solo e a
aplicação foliar. O aumento do teor de cálcio no produto parece ser proporcional à
quantidade aplicada, sendo a frequência das aplicações na pré-colheita um fator
muito importante para a absorção ou penetração desse elemento nos tecidos. A
cultivar, a maturidade e o grau de permeabilidade da casca afetam a absorção do
cálcio pelos tecidos dos produtos hortícolas, tanto antes, como após a colheita.
Os efeitos do cálcio em frutos tem recebido atenção especial, visto que a aplicação
desse cátion é positiva tanto no retardamento da maturação e da senescência,
mediante a diminuição da respiração e da produção de etileno, como no controle
de distúrbios fisiológicos e na conservação dos frutos.
O cálcio participa de maneira efetiva na preservação da integridade e
funcionalidade das membranas celulares e na manutenção da consistência firme
dos frutos, devido a sua função de ligação às pectinas ácidas da parede celular e
da lamela média. É um componente integrante das membranas celulares,
mantendo ligadas as moléculas de fosfolipídios nessas membranas e,
consequentemente, determinando o tamanho dos seus poros e influenciando a sua
permeabilidade. Essa ação do cálcio confere aos vegetais uma textura mais firme
e maior resistência. Nesse particular, são muitas as evidências de que é de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 190


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

fundamental importância para a permeabilidade e manutenção da integridade


celular.
Como exemplo do efeito do cálcio, cita-se a sua eficiência na redução das
rachaduras em tomates. É uma desordem muito conhecida e que proporciona
aumento na incidência de fungos e insetos, os quais ocasionam perdas
significativas durante as fases de classificação e seleção de frutos. Esse distúrbio
está relacionado com a absorção de água e se inicia várias horas após a ocorrência
de chuvas. A rachadura acima do septo interlocular é atribuída a um
enfraquecimento anatômico do septo. Sabe-se que o cálcio fortalece os tecidos do
tomate reduzindo a incidência da desordem e que o seu efeito na textura deve se
à formação de pectatos de cálcio na parede celular.
A podridão apical da melancia tem sido relacionada com a deficiência de cálcio e
os sintomas aparecem em frutos de diversos tamanhos. A extremidade do fruto
começa a ficar preta e, às vezes, achatada, com podridão seca, acompanhada ou
não por sinais de murcha. Pode ocorrer necrose, à semelhança da que ocorre em
tomate, atingindo um diâmetro razoável, e a presença de tecido morto inutiliza os
frutos para o comércio, pois, na necrose, ocorre infecção por microrganismos.
A deficiência de cálcio causa a podridão estilar em tomate. O sintoma característico
é o encharcamento verde no ponto de inserção do estilo (ovário), que se torna
rapidamente cinzento, passando a preto; o fruto enruga ou apodrece, sendo
rapidamente atacado por microrganismos. O aparecimento da podridão estilar é
atribuído, principalmente, à deficiência de cálcio; e qualquer fator que possa
diminuir o seu suprimento ao fruto pode provocar o aparecimento da desordem.
O internal tipburn é uma desordem de natureza fisiológica que ocorre em diversas
cultivares de repolho. Em vários trabalhos, verifica-se haver um estreita relação
entre o teor de cálcio da planta e incidência dessa desordem.
O cavity spot é uma desordem fisiológica de cenouras que, de início, aparece como
pequenas cavidades no córtex e, posteriormente, se desenvolve causando colapso
da epiderme. Em fases mais avançadas, as cavidades se transformam em lesões
passíveis de infestação por microrganismos. O distúrbio se acha relacionado com
níveis baixos de cálcio nas raízes e nos pecíolos.
Altos teores de cálcio na célula podem torná-lo tóxico, pela reação que ocorre com
os fosfatos, tornando-os insolúveis. É interessante observar que há uma
interrelação entre o transporte de nutrientes, as relações e o crescimento dos
frutos, que atuam como responsáveis pela suscetibilidade às desordens.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 191


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O cálcio também apresenta efeito protetor contra a incidência de doenças. A


nutrição desbalanceada afeta a sua ocorrência nas plantas de três modos:
influência da suscetibilidade à infecção, quadro clínico e curso da doença. O cálcio
afeta a ocorrência e a evolução das doenças diretamente, aumentando a
resistência das plantas aos patógenos, e, indiretamente, mediante a reação do
solo. Elevados níveis de cálcio nos tecidos de várias espécies vegetais têm sido
associados com níveis crescentes de resistência a doenças.
Micronutrientes

Os micronutrientes são elementos minerais considerados essenciais à vida e


exigidos em pequenas quantidades pelas plantas. Os seus teores, na matéria seca,
são normalmente expressos em ppm (parte por milhão), na sua forma elementar.
Além dos micronutrientes corriqueiramente já aceitos como tal (B, Cl, Cu, Fé, Mn,
Mo e Zn), dois outros elementos (Co e Ni) satisfazem um ou dois dos critérios de
essencialidade e há evidências, ainda limitadas, que permitem o acréscimo do Na
e Si. Desempenham funções vitais no metabolismo e/ou fisiológicos, quer como
ativadores enzimáticos.

Irrigação

O efeito da irrigação, tanto em frutas como em hortaliças, tem sido extensivamente


estudado quanto ao crescimento vegetativo e rendimento. De modo geral, o
estresse hídrico na planta pode ter efeito nocivo na aparência externa e suculência
dos tecidos maduros, podendo também reduzir tanto o peso fresco como o volume
do produto.
A água no solo tem sido o principal fator limitante da produtividade das diversas
culturas. Quando a água da chuva se torna insuficiente para o ciclo completo da
cultura, pode afetar o crescimento e o desenvolvimento das plantas e, portanto, o
rendimento e a qualidade do produto.
O manejo da água deve ser adequado para cada espécie vegetal, dependendo das
partes da planta a serem colhidas. Além disso, o excesso de água no solo prejudica
a aeração na camada da zona radicular, levando ao decréscimo da produção. A
eficiência na absorção de nutrientes pelas plantas pode ser afetada pelo manejo
incorreto na irrigação, reduzindo a qualidade do produto.
A irrigação é a técnica que permite o fornecimento de água ao solo quando sua
umidade se reduz, evitando-se que as culturas tenham suas produções afetadas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 192


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Sua utilização faz com que se tenham incrementos consideráveis na produção,


mesmo onde a deficiência de água não é facilmente visualizada.
Para o sucesso de uma agricultura irrigada, é necessário o emprego de técnicas
racionais de manejo de irrigação, aliadas a parâmetros econômicos que permitam
a maximização dos lucros na atividade agrícola.
Poda e raleio

Muitas técnicas são aplicadas na fase de produção para aumentar a produtividade


e obter características de qualidade desejáveis nos produtos. Poda, raleio ou
desbaste, controle de ervas daninhas, controle biológico, ensacamento do produto,
etc., podem ser utilizados para atingir os objetivos desejados. O tamanho das frutas
pode sofrer aumento considerável pelas operações de poda e desbaste. A poda
reduz o número total de gemas da planta e, as remanescentes, dispõem de maior
quantidade de reservas metabólicas, o que irá proporcionar maior vigor a elas e
suporte mais forte para uma maior carga de frutos.
Aspectos fitossanitários

Os danos por patógenos são uma das principais causas de perdas de frutas e
hortaliças na fase de produção, sendo típicos e aparentes ainda no campo. No caso
de infecções quiescentes, a inoculação do produto ocorre antes ou durante a
colheita. O desenvolvimento subsequente do microrganismo e a degradação dos
tecidos do produto só ocorrem na fase pós-colheita.
Safras que foram afetadas com doenças ou pragas no campo podem ter produtos
com aparência relativamente normal na colheita, mas, apresentam deterioração
mais rápida (devido a essas infecções iniciais) posteriormente no armazenamento
e na comercialização.
O estresse dos tecidos causado pelos patógenos produz diferentes alterações
metabólicas, conduzindo à modificação na aparência do tecido, tais como mudança
de pigmentação, forma ou amadurecimento precoce, notadamente nos tecidos
adjacentes à área afetada pela doença.
Os danos por insetos também resultam em alterações indesejáveis na aparência
dos produtos, principalmente na forma, cor, tamanho e condição geral. Os danos
podem ser superficiais como internos. Em alguns casos, o dano externo ou
aparente é mínimo. O dano primário é causado pelo desenvolvimento da larva que
forma um túnel através do interior do produto. Na maioria dos casos, o inseto

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 193


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

continua com a sua atividade destrutiva na fase pós-colheita. Outro tipo de dano
causado por insetos é decorrente da falta ou de polinização incompleta, o que
resulta em frutos com forma defeituosa, como observado em abóbora e morango.
Os produtos danificados devem ser descartados durante a colheita ou nas
operações de seleção subsequentes. A higiene no campo, com remoção e
destruição de materiais doentes e infestados e um bom espaçamento entre as
plantas para promover uma boa circulação, têm efeito positivo na redução de
pragas e doenças no campo. Técnicas adequadas de proteção ao vegetal são
importantes requisitos para uma boa produção, bem como, para a obtenção de um
produto de ótima qualidade com um bom potencial de armazenamento. Os métodos
de proteção do vegetal têm sido largamente utilizados com esses objetivos.
Os tratamentos químicos são bastante efetivos quando aplicados na fase
précolheita, principalmente na prevenção de infecções latentes. Em alguns casos,
no entanto, sua aplicação no campo não é economicamente viável, havendo
necessidade de tratamento complementar, com medidas de controle na pós-
colheita. O sucesso no uso desses compostos químicos depende, sobretudo, da
aplicação de substâncias que sejam ao mesmo tempo fungistáticas e bactericidas,
em doses não fitotóxicas. Devido ao seu efeito residual tóxico, o uso de defensivos
agrícolas deve obedecer rigorosamente às recomendações legais de uso, de
acordo com o receituário agronômico e a legislação estabelecida para cada país.
De acordo com o método de aplicação, os produtos químicos são classificados em
pulverizantes, pós, imersões, fumigantes, embalagens tratadas e ceras.
O tratamento por pulverização, antes da colheita, com produtos químicos para o
controle de pragas e de doenças é essencial para assegurar um produto sadio na
colheita. Esse, por sua vez, tem maior potencial para o armazenamento e de
marcado. Aplicações incorretas podem desenvolver desordens fisiológicas no
produto, ou influenciar a composição.
Diferentes grupos de compostos químicos são utilizados, visando à prevenção ou
ao extermínio de doenças e pragas no campo ou pós-colheita, tais como compostos
fenólicos, compostos sulfurados, compostos halogenados, ácidos orgânicos,
antibióticos e fungicidas.
O controle biológico é um método alternativo para se evitar o uso de defensivos
químicos no campo. No entanto, o uso de microrganismos para o controle de
doenças nas plantas, em geral, torna-se limitado pela dificuldade do controle das
condições ambientais no campo.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 194


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O conhecimento do comportamento das pragas é imprescindível para o


desenvolvimento de métodos adequados ao seu controle. O controle de
insetospragas tem sido realizado com o uso de feromônios, especialmente com os
sexuais e os de agregação, os quais têm se mostrado como componentes
promissores do manejo integrado de um grande número de espécies de pragas.
Os feromônios são substâncias químicas secretadas por um indivíduo, lançados ao
exterior e recebidas por indivíduos da mesma espécie, provocando neles
mudanças imediatas em suas atitudes comportamentais. São aplicados em
armadilhas para a captura de insetos.

Implantação das culturas

O planejamento da exploração olerícola (de hortaliças) é o ponto fundamental para


o início do negócio. Informações sobre o local onde as culturas serão implantadas
(posição relativa ao sol e topografia), o solo e suas propriedades e tecnologia de
produção se agregam às informações de mercado, para determinar quais espécies
explorar, quando e quanto plantar cada uma, maximizando o rendimento
econômico da atividade. Para tanto, a discussão com técnicos e pessoas ligadas à
atividade é fundamental, para subsidiar o produtor na tomada de decisão.
A exploração de hortaliças de folha, por exemplo, visa centros consumidores
próximos às propriedades, principalmente devido à perecibilidade dos produtos e à
baixa resistência ao transporte. Essas características geram um mercado muito
dinâmico, que exige do produtor atualização permanente, modernização da
atividade e redução de custos. O próprio caráter temporário das culturas implica
em um processo ininterrupto de planejamento.
Calendário de plantio

Para ter um bom desenvolvimento, as espécies de hortaliças podem apresentar


diferentes exigências de clima. Assim, ao se definir a época adequada para plantio
devem-se considerar aspectos como microclimas regionais e características
especificas das cultivares, ou seja, as indicações deste documento são de natureza
geral e como tal devem ser apreciadas.
Ferramentas necessárias
As ferramentas influem bastante na eficiência e no rendimento dos serviços. Na
formação e manutenção de uma horta doméstica ou comunitária não é necessário

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 195


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

uma grande quantidade de ferramentas.


Os materiais básicos a serem utilizados são:

ENXADA - é usada para capinar, isto é, cortar as plantas daninhas que nascem e
crescem entre as plantas cultivadas. No preparo do solo, serve para incorporar
adubos, acertar as bordas e as superfícies dos canteiros.
ENXADÃO - é utilizado para cavar e revolver a terra, incorporar a matéria orgânica,
calcário ou adubos.
ANCINHO OU RASTELO - serve para facilitar o trabalho de juntar resíduos de
materiais espalhados na área, acertar a superfície dos canteiros, retirando também
os torrões de terra.
SACHO - é usado para retirar plantas daninhas dos canteiros, entre plantas; afofar
a terra entre as linhas plantadas e fazer sulcos e covas pequenas nos canteiros.
PÁ RETA - utilizada para remover a terra e composto orgânico.

REGADOR - para irrigação da horta. Deve-se apresentar o bico com crivos finos,
para evitar que gotas grandes de água prejudiquem o nascimento das plantas
novas ou as recém-transplantadas.
CARRINHO DE MÃO - importante para o transporte de terra, adubos e produtos
colhidos.
COLHER DE JARDINEIRO OU DE TRANSPLANTE - usada para retirar com maior
facilidade as mudas a serem transplantadas, com um bloco de terra junto às raízes.
Além dessas, podemos utilizar ainda:

Cordão ou barbante - para alinhamento dos canteiros.

Garfo - para coleta de mato e folhagens.

Mangueira - facilita o trabalho de irrigação (rega) em áreas maiores, porém deve-


se ter o cuidado de não usar jatos de água muito fortes para não afetar as plantas.
Peneira - utilizada na preparação de misturas de terra que serão utilizadas em
sementeiras.
Plantador ou chucho - (pedaço de cabo de vassoura apontado de um dos lados)
serve para fazer pequenas covas para o transplante ou sulcos nos canteiros.
Pulverizador - para aplicar defensivos ou adubos foliares.

Preparo do solo

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 196


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Inicia-se com a limpeza do terreno, retirando-se entulho e pedras e capinandose o


mato com a enxada, que deve ser amontoado num único ponto, onde ficarão até a
decomposição total, para posterior incorporação ao solo. Arbustos e outras plantas
que façam sombra sobre a horta deverão ser eliminados, a não ser que sejam
plantas úteis para o proprietário.
Se o local for de fácil encharcamento, deve-se fazer a drenagem do terreno. Após
a limpeza, faz-se o revolvimento da terra a uma profundidade de 20 a 25cm (ou um
palmo), quebrando-se os torrões de terra e nivelando-se o terreno. Em áreas
pequenas, aproveita-se para incorporar o esterco ou matéria orgânica. Após o
revolvimento, a operação seguinte é a construção dos canteiros.
Formação dos canteiros

Os canteiros são os locais onde se transplantam as mudas ou onde se plantam as


hortaliças de semeação direta. Podemos também nos canteiros utilizar uma
pequena parte como sementeiras para a produção de mudas que depois serão
transplantadas para canteiros definitivos ou em covas.
Deverão apresentar a terra solta, sem torrões, raízes, pedras ou outros materiais e
a superfície deve ser bem plana (lisa).
Estes canteiros devem ser construídos de acordo com a seguinte técnica:

Com uma largura entre 1,00 e 1,20m para facilitar os trabalhos posteriores e o
comprimento variável, de acordo com o que se dispõe de área. A altura do canteiro
deverá ser entre 0,15 e 0,20m acima do nível do solo, para facilitar a drenagem da
água e evitar problemas com enxurradas.

Nos terrenos mais ou menos inclinados, os canteiros devem ser orientados no


sentido perpendicular à inclinação, ou, como se diz popularmente, cortando as
águas .

Nos terrenos planos, convém orientar os canteiros de modo que o seu comprimento
obedeça à direção norte-sul.

De acordo com a inclinação do terreno, os canteiros devem apresentar um dos


lados maiores (o de baixo) mais elevado que o outro, para que sua superfície fique
plana e horizontal. Neste caso, quando o solo é argiloso, deve-se firmar a terra das
bordas dos canteiros, comprimindo-se fortemente com a lâmina de uma enxada
comum. (Construir os canteiros como se fossem uma escada).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 197


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Rotação de Culturas

As principais espécies de olerícolas estão concentradas em, basicamente, cinco


famílias botânicas. São as solanáceas (batata, berinjela, jiló, pimentão e tomate),
as curcubitáceas (abóbora, moranga, chuchu, melão, melancia e pepino), as
crucíferas (agrião, brócolis, couve-flor, couve, mostarda, nabo, repolho e rúcula),
as liliáceas (alho, alho-porró, cebolinha, cebola e aspargo) e as umbelíferas
(cenoura, aipo e funcho).
O plantio contínuo de uma mesma hortaliça, ou de outras da mesma família, acaba
esgotando o solo em nutrientes específicos, requeridos em maiores quantidades
por estas plantas. Ao longo do tempo, há a redução progressiva da produtividade
e qualidade dos produtos. Outra consequência é o incremento da ocorrência de
pragas e doenças, específicos destas plantas, podendo inviabilizar o cultivo
naquela área.
O ideal em um cultivo de hortaliças é o rodízio de plantas nos canteiros, alternando
hortaliças de folhas, com as de raízes ou as de frutos, evitando, inclusive, repetir
plantas da mesma família no canteiro.

Consorciação de culturas

O plantio de associações vegetais ou consórcios com plantas companheiras são


favoráveis e eficazes para o sucesso de uma boa produção hortícola. Plantas que,
a exemplo do milho, necessitam de muita luz, podem ser boas companheiras para
as que precisam de um sombreamento parcial. Plantas com raízes profundas
tornam o solo mais penetrável para outras de raízes curtas, explorando camadas
diferentes de solo. Assim, pode-se misturar, num mesmo canteiro, hortaliças de
folhas (exigentes em nitrogênio) e hortaliças de raízes (exigentes em potássio).
Plantas com ciclos diferentes também podem ajudar-se mutuamente, permitindo
melhor aproveitamento e cobertura do terreno. Um exemplo: alface e rabanete.
Semeados juntos, o rabanete estará pronto para a colheita antes que a alface exija
maior espaço aéreo para a plena abertura de suas folhas.
Outro princípio é o de que as plantas consorciadas pertençam a famílias diferentes,
para não criar ambiente propício à proliferação de pragas (cada praga ou doença
costuma atacar várias espécies da mesma família), tornando-se plantas
antagônicas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 198


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Na verdade, a consorciação bem-feita tem sido uma das mais eficazes medidas de
prevenção de doenças, especialmente com o uso de plantas aromáticas. Os
insetos são extremamente sensíveis aos odores. Assim, pode-se usar ervas
aromáticas como repelentes (como a arruda), distribuídas pelo canteiros, ao lado
de plantas que queremos proteger.
Os exemplos são inúmeros:

O alho, cebola, cebolinha, alho-porro têm propriedades repelentes, por isso servem
bem para as bordaduras das hortas (mas não podem ser plantados em associação
com a ervilha e o feijão, porque essas plantas retardam mutuamente seu
crescimento).

O capim-limão melhora o sabor e o crescimento dos tomates.

A hortelã mantém a borboleta longe da couve e melhora a saúde dos tomateiros.

A camomila melhora o gosto e o crescimento das cebolas.

O cravo-de-defunto possui uma substância que repele os nematóides (por isso


devem ser cultivados ao lado das culturas mais susceptíveis: tomate, alhoporró,
salsão, salsa e cenoura).

As plantas de gergelim plantadas nas bordas da horta protegem-nas contra as


saúvas, pois estas gostam das folhas, que contém substâncias que acabam
matando os fungos que alimentam a saúvas.

QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA NA IRRIGAÇÃO DE HORTALIÇAS Eduardo


Desde 1854, quando John Snow descobriu a relação existente entre o consumo de
água contaminada e a incidência de Cólera em Londres, as ações relativas à
manutenção da potabilidade da água passaram a ser eleitas como prioritárias no
âmbito da saúde pública.
Conceitualmente a água é uma necessidade vital para qualquer ser vivo e é
utilizada para inúmeras finalidades. Em função do uso a que se destina deve
apresentar determinadas características. Assim a água utilizada para beber
denominase água potável.
A potabilidade de uma água é definida através de um conjunto de parâmetros e
padrões estabelecidos por normas e legislações sanitárias. Estabelecer um padrão
de potabilidade é definir, para cada parâmetro, um valor ou concentração a partir

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 199


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

da qual seu consumo pode induzir a riscos à saúde.


Um padrão serve como base ou norma para avaliação de qualidade ou quantidade.
O padrão de potabilidade da água, definido na Portaria n.º 36, de 19 de janeiro de
1990, do Ministério da Saúde, é um conjunto de valores máximos permissíveis das
características físico-químicas, microbiológicas e organolépticas das águas
destinadas ao consumo humano.
A água considerada contaminada para irrigação é aquela que contém uma
concentração superior a 1000 coliformes fecais por 100ml de amostra.
Para fins de avaliação da qualidade de água destinada à irrigação, o produtor
deverá efetuar um controle por meio de análises bacteriológicas, da seguinte forma:
Uma amostragem a cada dois meses com a frequência mínima de 6 amostras por
ano, para águas de superfície;

Uma amostragem a cada três meses com frequência de 4 amostras por ano, para
águas subterrâneas;

A água de irrigação será considerada adequada se 80% das amostras coletadas


anualmente atenderem ao padrão estabelecido e os 20% restantes das amostras
não apresentarem mais de 4000 coliformes fecais (Escherichia coli) por 100ml;

O produtor deverá manter laudos das análises efetuadas, para fins de


apresentação à autoridade sanitária, bem como registro dos pontos onde foram
coletadas as amostras para análise laboratorial.

Medidas preventivas

O agricultor poderá preservar a água de seu manancial tomando os seguintes


cuidados dentro de sua propriedade:
Dispor adequadamente os esgotos das casas através da construção de fossas
secas ou sépticas com poço absorvente;

Manter uma distância mínima de 30 metros entre a fossa e qualquer manancial de


água, e sempre em cota mais baixa em relação ao poço de água;

As áreas de criação de animais deverão estar distantes no mínimo 30 metros de


qualquer manancial de água e sempre em cota mais baixa em relação ao poço de
água;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 200


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Proteger adequadamente os poços freáticos por meio da construção de mureta que


impeça o acesso de águas contaminadas ao poço e valetas diversoras de água de
chuva, mantendo o poço sempre fechado.

Possíveis doenças transmissíveis através da água

A água é normalmente habitada por vários tipos de microrganismos de vida livre e


não parasitária, que dela extraem os elementos indispensáveis a sua
sobrevivência. Ocasionalmente são introduzidos organismos patogênicos, que
utilizando a água como veículo, constituem-se um perigo sanitário potencial.
Entre os vários gêneros e espécies de microrganismos não patogênicos presentes
no intestino humano, aqueles conhecidos como Grupo Coliforme passaram a ser
denominados indicadores da presença de microrganismos patogênicos em água
de abastecimento.
É interessante notar que a quase totalidade dos microrganismos patogênicos é
incapaz de viver em sua forma adulta ou de reproduzirem-se fora do organismo
que lhes serve de hospedeiro. Portanto, têm vida limitada quando se encontram na
água, isto é, fora do hospedeiro.
Os microrganismos patogênicos são classicamente agrupados em vírus, bactérias
e helmintos.

12. TRATOS CULTURAIS

cobertura morta - consiste em cobrir o solo com vários tipos de materiais, que
podem ser: capim cortado, serragem, palha de trigo ou de milho, casca de
amendoim ou de girassol, ou bagacinho de cana. É utilizada para: proteger o solo
do sol forte e das chuvas, reter a umidade natural do solo, manter a temperatura
do solo mais amena, evitar erosão facilitando a infiltração da água no solo e manter
os nutrientes mais disponíveis ao acrescentá-los ao solo pela decomposição da
matéria orgânica imitando a natureza. A cobertura do solo deve ser feita,
principalmente, após a semeadura (tomando-se o cuidado para retirá-la assim que
as sementes comecem a germinar, evitando o estiolamento das plântulas) e logo
depois do transplante, quando as plantas estão mais susceptíveis à falta de água,
o que poderá afetar o crescimento normal delas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 201


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Controle do mato (capinas) - operação que pode ser feita manualmente, ou com o
auxílio de enxada ou do sacho, utilizada para manter a cultura “no limpo”, isto é,
sem plantas daninhas (que são todas aquelas plantas diferentes das que foram
plantadas). Deve-se retirá-las apenas nos estágios iniciais, para evitar a
competição com água, luz e nutrientes. Depois o “mato” não mais atrapalha,
ajudando até, protegendo o solo, formando uma “cobertura viva”, auxiliando na
diminuição da temperatura do solo, protegendo as plantas contra ventos fortes,
abrigando inimigos naturais das pragas e sendo um excelente indicador das
condições do solo. Algumas plantas trazem minerais do subsolo para garantir a
fertilidade da camada superficial. Deve-se fazer o controle do mato nos períodos
mais secos.

Cobertura plástica - é semelhante à cobertura morta, pois mantém o solo mais


fresco. É mais fácil que a cobertura morta e reduz a evaporação de água no solo,
no entanto, é mais cara e isola de uma vez as trocas gasosas de oxigênio e
nitrogênio, não permitindo uma respiração total do solo.

Afofamento do solo - é a chamada escarificação do solo. Consiste em romper a


crosta superficial que tende a se formar, especialmente em solo argiloso,
dificultando o desenvolvimento das plantas. É feita com ancinho (rastelinho) ou com
o sacho, de preferência com o solo um pouco úmido. As hortaliças de raízes
necessitam de uma escarificação com maior frequência do que as folhosas.

Raleação ou desbaste - consiste na eliminação das plantas menos desenvolvidas


para deixar espaço adequado entre as plantas restantes, permitindo que elas
cresçam bem. Feita quando as plantas têm mais de 5 cm de altura, naquelas
hortaliças de semeadura direta, tanto nas covas como nos canteiros.

Desbrota - utilizada para eliminar o excesso de brotos e galhos para arejar a planta,
a luz poder penetrar com maior facilidade e também eliminar o excesso de frutos,
para haver um melhor desenvolvimento dos que restaram. É utilizada na couve, no
tomate, na abobrinha, na berinjela, no melão e na melancia. Sem a desbrota a
planta fica parecendo uma moita, cresce muito em volume e os frutos, ou as folhas,
não atingem o tamanho ideal para comercialização. Essa operação é feita quando
a planta já está um pouco desenvolvida e pode ser usada como fonte de mudas
que dão origem a novas plantas adultas, como é o caso da couve.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 202


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Amontoa - em certas culturas é necessário chegar terra ao pé da planta, após certo


grau de desenvolvimento, para que as raízes ou tubérculos fiquem enterrados
(como é o caso da batata, cenoura, beterraba, rabanete, nabo, etc.).

Estaqueamento - é feito para algumas hortaliças que necessitam de suporte para


evitar o seu crescimento em contato com a terra, ou proteção contra ventos ou
excesso de produção, como é o caso da ervilha-torta, feijão-vagem, pepino, tomate,
pimentão, berinjela, etc. As trepadeiras se prendem sozinhas, mas outras plantas
precisam ser amarradas com barbante, cipó, tira de pano, arame, tira de borracha,
etc., sem apertar muito para não quebrar o caule.

Estiolamento - com o salsão e a chicória, faz-se o estiolamento, que é uma


amarração não muito apertada das hastes que ficam logo abaixo das folhas. É feita
quando as plantas têm mais ou menos 30 cm de altura e serve para dar um tom
branco-creme às folhas, tornando-as apetitosas para o consumo.

Irrigação - a água é essencial para as plantas. A falta dela retarda o crescimento,


piora a qualidade do produto, acelera a maturação e diminui a produtividade. As
plantas precisam de mais água após a semeadura e após o transplante e, de modo
geral, as hortaliças de folhas precisam de mais água e os tubérculos, como a
batata, cenoura, alho e cebola não precisam tanto, especialmente próximo à
colheita. As regas devem ser diárias, delicadas, sem jatos fortes, sempre nas horas
mais frescas do dia (final da tarde ou de manhã cedo). Quando feita no final da
tarde, a umidade do solo permanece por mais tempo.

IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

O aparecimento das pragas e doenças é o resultado de um desequilíbrio nutricional


das plantas. Uma planta bem nutrida, vivendo em ambiente sadio, é menos
susceptível a doenças e ataques de pragas. E a base da saúde das plantas é o
solo.
Num solo onde foi feita a calagem e a adubação orgânica, as plantas sintetizam
nas folhas compostos orgânicos simples (aminoácidos, açúcares, amidos, entre
outros) na quantidade certa para a planta (sem excesso ou falta) e que são levadas
para regiões de crescimento e armazenamento, onde é metabolizado rapidamente
em compostos orgânicos complexos (proteínas, celulose, enzimas, carboidrato,
lignina, lipídios, entre outros).
Porém, quando por algum motivo, há um acúmulo e circulação na seiva da planta

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 203


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

de compostos orgânicos simples (produzidas em grande quantidade, por exemplo)


é que ocorrerá o ataque de pragas e doenças (insetos, ácaros, nematóides, fungos,
bactérias e vírus), e a razão do ataque é simples, pois estes organismos só
conseguem se alimentar de substâncias orgânicas simples porque não possuem
enzimas que degradam substâncias orgânicas complexas.
Existem diversos fatores que alteram o metabolismo das plantas, e que favorecem
o aparecimento de pragas e doenças:
Utilização de adubos químicos de alta solubilidade/concentração que eliminam a
microvida do solo e impossibilita as plantas de “escolher” os elementos químicos
de que necessitam, tornando-as, também, incapazes de controlar a entrada
desses elementos químicos. Neste processo, são produzidos em grande
quantidade, os compostos orgânicos simples que circulam na seiva e assim, a
planta torna-se susceptível às doenças e pragas;

Falta ou excesso de água, que provoca estresse na planta e, consequentemente,


há uma alteração no seu metabolismo;

Compactação do solo pelo uso de máquinas agrícolas (para o preparo do solo).


Neste processo, a infiltração da água é prejudicada, bem como, a aeração do solo
(pouca aeração);

Uso de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros) que


alteram o metabolismo da planta e provocam um acúmulo dos compostos
orgânicos simples;

Uso de variedades não adaptadas à região;

Degradação de compostos orgânicos complexos em simples, para serem


enviados às regiões de florescimento e frutificação das plantas e que podem
tornar as plantas saudáveis em susceptíveis ao ataque de pragas e doenças,
mesmo quando cultivadas organicamente.

Assim como existem fatores favoráveis ao aparecimento das pragas e doenças,


existem fatores que favorecem a resistência das plantas:
solos ricos em matéria orgânica favorecem a microvida (no processo de
decomposição a microvida libera no solo compostos orgânicos benéficos para a
planta).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 204


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

a matéria orgânica propicia uma melhor estruturação do solo e uma melhor


aeração.

durante o processo de decomposição da matéria orgânica, há uma lenta liberação


de macro e micronutrientes, possibilitando que a planta ‘escolha’ os nutrientes na
quantidade de que necessitam, e assim, beneficiando a planta.

utilização de plantas adaptadas ao local (evita o estresse).

utilização de materiais que forneçam, de modo lento, os macro e micronutrientes


ao solo (rocha moída, por exemplo).

Cultivando as plantas organicamente, como sabemos, a incidência de pragas e


doenças diminui sensivelmente, porém, se por algum motivo houver um aumento,
podemos utilizar os defensivos alternativos para diminuir este ataque.
Além do uso desses defensivos alternativos, podemos adotar outros procedimentos
para proteger as plantas, tais como:
uso de caldas protetoras (caldas ricas em substâncias orgânicas, utilizadas com
o objetivo de aumentar a resistência das plantas, como a calda bordalesa e os
biofertilizantes);

uso de plantas defensivas (com ação inseticida e utilizadas também para repelir
os insetos);

plantas companheiras (associação de plantas com ação repelente dentro do local


onde está sendo feito o cultivo);

plantas benéficas (manter plantas que servem de abrigo e reprodução dos insetos
que se alimentam das pragas – os chamados inimigos naturais);

iscas e armadilhas (o seu emprego consiste em auxiliar no combate aos insetos


e lesmas e no monitoramento da sua quantidade);

controle biológico (é a introdução, aumento e conservação da população de


inimigos naturais, com o emprego de inseticidas biológicos para o controle de
pragas);

desinfecção dos canteiros através da solarização do solo, utilização de vapor


d’água, cal virgem e adubos verdes;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 205


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

barreiras vegetais (utilização de cercas vivas - linhas de árvores - para evitar


ventos fortes que danificam e disseminam doenças, causando também o estresse
nas plantas).

Pragas

São causadas por vários tipos de organismos, visíveis ou não a olho nu, tais como:
ácaros, pulgões, cochonilhas, nematóides, lesmas, caracóis, lagartas, tripes, entre
outros.
Pulgões - são insetos sugadores, com 3 a 5 mm, que se alojam nos brotos das
plantas, roubando-lhes toda a seiva. Em geral são verdes, mas algumas espécies
possuem coloração que vai do vinho ao preto. Eles se reproduzem rapidamente,
causando o atrofiamento das folhas e brotos. Entretanto, é fácil combatê-los,
esmagando-os manualmente ou aplicando-se a calda de fumo. Outro método é
através de inimigos naturais, os chamados predadores, como, por exemplo, as
joaninhas que comem os pulgões. Portanto nunca as elimine. Encontrados nas
crucíferas (couve, brócolis, repolho), nas cucurbitáceas (abóbora, abobrinha,
pepino), no quiabo, n o tomate, berinjela, pimentão.
Cochonilha-com-escama - são insetos sugadores que parecem pequenas verrugas
de 3 a 5 mm aderidas nos ramos novos e folhas. Por extraírem toda a seiva da
planta, esta vai definhando, podendo rapidamente morrer. Para eliminá-las é
indicado fazer pulverizações quinzenais de uma mistura de calda de fumo com óleo
emulsionável, na proporção de 10 ml de óleo para cada litro de água. Essas são
mais difíceis de serem encontradas nas hortaliças, sendo mais encontradas no
loureiro e em citros. Obs.: o óleo emulsionável pode ser substituído pelo sabão
neutro ou sabão de coco.
Cochonilha-sem-escama - também conhecida pelo nome de pulgão branco, a
cochonilha–sem-escama em geral se aloja nas hastes e nas folhas, ao longo das
nervuras, de onde sugam a seiva. Medem cerca de 1 mm e apresentam uma
secreção cerosa branca em seu dorso. Sua eliminação também pode ser feita
através de predadores como a joaninha ou com uma solução de calda de fumo em
corda. São encontradas nas raízes de alcachofra, cenoura, nos brotos novos da
batata.
Tripes - são facilmente identificados nas horas quentes do dia, quando ficam
voando em torno da planta. São bastante pequenos, com corpo alongado e fino,
medindo de 0,5 a 4 mm de comprimento, com dois pares de asas franjadas. Em

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 206


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

geral são escuros e sugam a seiva das plantas, causando deformação nas folhas
e brotos. O ataque destas pragas é reconhecido por duas características: a
presença de picadas pretas e a presença de manchas esbranquiçadas, provocadas
pela perda da seiva e da clorofila através das picadas. Para o seu controle, utiliza-
se uma solução de fumo em corda com sabão neutro. São comuns em alho, tomate,
berinjela e pimentão.

Ácaros - são pequenos aracnídeos (“parentes” das aranhas) que se alojam na parte
inferior das folhas, onde tecem uma teia muito fina, que dá impressão de uma
sombra prateada. As folhas atacadas enrolam-se, chegando a secar. Para
combater os ácaros utiliza-se uma solução de fumo em corda com sabão.
Encontramos em tomate, berinjela, pimentão, batata.
Formigas - as formigas cortadeiras (saúvas e quenquéns) são as principais pragas
numa horta. São insetos de coloração marrom que causam danos às plantas,
cortando suas folhas. Como controle pode-se utilizar pão embebido em vinagre, ou
preventivamente plantar o gergelim em volta da horta. A presença de formigas é
muito comum em plantas infestadas por pulgões e cochonilhas com ou sem
escama. Podem ser minúsculas, medindo cerca de 3 mm, ou maiores, alcançando
0,5cm, com coloração preta, avermelhada ou amarelada. São chamadas formigas
doceiras, porque se alimentam da excreção açucarada dessas pragas. Em troca,
elas atacam os predadores dos pulgões, como as joaninhas. Encontradas na
batata, quiabo.
Lesmas e caracóis - são moluscos que agem à noite; devoram as folhas, raspando-
as e fazendo grandes buracos. Escondem-se durante o dia em lugares úmidos e
sombreados (troncos, folhas caídas, pedras). Podem ser atraídos para armadilhas
com cerveja ou cascas de melão e melancias e depois exterminadas manualmente.
São encontradas sempre em locais com muita umidade.
Tatuzinho - são crustáceos que, quando molestados, enrolam o corpo em forma de
bola. Vivem escondidos embaixo de troncos e pedras, atacando brotos tenros,
rasgando-os e perfurando-os. O combate mais eficaz ao tatuzinho é através de
regas com uma solução de sulfato de cobre ou creolina – em geral, uma só
aplicação já os elimina. Também são encontrados em locais muito úmidos
(geralmente os sombreados).
Lagartas - a presença de lagartas é notada pelo surgimento de sua excreção caída
sobre as folhas (bolotas verdes ou pretas). As lagartas são larvas de borboletas ou

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 207


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

mariposas, com um aparelho bucal mastigador muito forte, por isso conseguem
cortar folhas com muita rapidez.
Para eliminá-las, retire-as manualmente ou use lagarticida a base de esporos de
bactérias (Bacillus thuringiensis), encontrado em lojas de jardinagem (marcas:
Dipel, Agropel, Manapel). Encontradas em batata, couve, brócolis, repolho, alface,
alcachofra, cenoura, almeirão, acelga, alho, cebola, quiabo, tomate, berinjela,
pimentão.
Besouros - apresentam-se nas mais variadas formas, tamanhos e coloração, indo
do amarelo-esverdeado ao marrom-avermelhado. Deixam vários buracos
arredondados em folhas, flores e caules. Suas larvas também são nocivas,
alimentando-se da raiz do vegetal. Para eliminá-los, retire-os manualmente ou
utilize uma solução de óleo de anona em água. Encontrados na batata, tomate,
berinjela, pimentão.
Nematóides - são vermes microscópicos, incolores a esbranquiçados. Em geral,
notase a presença de nematóides quando a planta repentinamente murcha, sem
nenhuma causa aparente. Esses vermes alimentam-se de raízes em
decomposição, mas podem atacar tecidos vivos, como raízes, caules e folhas,
sugando-lhes a seiva. Se o solo estiver contaminado por estas pragas, o seu
controle pode ser feito com o plantio do cravo-de-defunto ou tagetes (Tagetes
patula) que possui componentes com a propriedade de impedir a reprodução dos
nematóides, ou então preparando uma solução de alho com sabão a ser jogada no
solo. Algumas plantas são muito sensíveis ao nematóide, como a cenoura, a salsa,
o pimentão.
Mil-pés / Piolho-de-cobra - são pequenos artrópodos (miriápodos) de coloração
marrom-escura, que possuem corpos alongados e cilíndricos, formados por
numerosos segmentos que podem atingir até cem. Apresentam dois pares de
apêndices locomotores por segmento. Geralmente se escondem sob pedras,
buracos e fundações, atacando plantas vivas (comendo a raiz). Para diminuir o
ataque deve-se aumentar a quantidade de matéria orgânica no solo.

Doenças

São causadas por microrganismos (vírus, bactérias e fungos), observáveis


somente com o auxílio de um microscópio. A melhor forma de combater as doenças
é a prevenção, pois, a maioria delas são muito difíceis de serem tratadas.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 208


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Ferrugem - são manchas na parte inferior das folhas, causadas por fungos, que
variam de coloração do pardo ao laranja-avermelhado. Em geral aparecem em
locais onde a temperatura é amena, mas, com alta umidade. Para prevenir a
ferrugem, evite regas excessivas e proporcione um bom arejamento das plantas.
Para combatê-las utilize calda bordalesa.
Oídio - é causada por fungos, que infectam toda a parte aérea da planta. A principal
característica da presença desta doença é o aparecimento de manchas
esbranquiçadas que posteriormente se tornam acinzentadas sobre folhas, botões e
ramos novos. Os principais causadores do aparecimento do oídio são a alta umidade
e a baixa temperatura. Para controlá-lo, pode-se utilizar uma solução de
permanganato de potássio + cal + água, ou uma solução de água com leite.

Míldio - é causada por fungos; a identificação do míldio é feita através de manchas


irregulares pardas na parte superior das folhas e de uma película branca-
acinzentada em sua face inferior. A alta umidade e o fato das plantas serem
colocadas bastante próximas umas das outras, favorece a ocorrência dessa
doença, que também ataca os ramos e brotos novos. Para controlar o míldio,
espace as mudas, de modo a favorecer a ventilação e evite o excesso de umidade.
Para combatê-lo, pode-se utilizar a calda bordalesa, cavalinha (Equisetum sp.) +
água, permanganato de potássio + água, alho + sabão + óleo mineral + água.
Podridão por fungos - ataca caules, deixando as partes infectadas ressecadas e
escurecidas, úmidas em excesso e com manchas pretas, levando o vegetal à
morte. A principal causa da podridão por fungos são os solos saturados de umidade
que proporcionam ambiente adequado para o seu desenvolvimento. Como
prevenção, evite o excesso de umidade e, para combatê-la, pulverize com
fungicidas a base de cobre, que são pouco tóxicos (calda bordalesa, por exemplo).
Mancha bacteriana - são manchas necróticas, ou seja, pretas e secas, irregulares
ou redondas, que atacam as folhas. Não existe meio de combatê-las, portanto,
quando infestado, o vegetal deve ser arrancado o quanto antes, para não afetar os
demais. Para prevenir as infestações de manchas bacterianas, recomenda-se
aumentar o espaçamento entre as plantas, proporcionando assim uma boa
ventilação, pois é a falta de aeração e a alta umidade que provocam o surgimento
da doença.
COLHEITA DAS HORTALIÇAS

Cada hortaliça apresenta, em determinada fase de seu crescimento, suas melhores

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 209


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

características de sabor, palatabilidade, aparência e qualidade. É nessa ocasião


que ela deve ser colhida. A hortaliça colhida antes de seu completo
desenvolvimento apresenta- se tenra, mas sem sabor. Por outro lado, se for colhida
tardiamente, estará fibrosa ou com o sabor alterado.
O reconhecimento do ponto de colheita é feito pela idade da planta,
desenvolvimento das folhas, hastes, frutos, raízes ou outras partes que serão
consumidas, ou pelo amarelecimento ou secamento das folhas. De modo geral, as
hortaliças folhosas e de hastes são colhidas quando estão tenras; as de flores,
quando os botões estão fechados; as de frutos, quando as sementes não estão
completamente formadas e as de raízes e bulbos, quando estão completamente
desenvolvidas.
Seguem abaixo dicas sobre colheita para as diferentes hortaliças:

Abóboras e morangas: para abobrinhas verdes a colheita inicia-se aos 80 a 90


dias da semeadura, quando os frutos atingem o tamanho preferido pelo mercado
(25cm em São Paulo - abobrinha Menina Brasileira); para abóboras maduras ou
“secas” - aos 120 a 150 dias, quando os frutos apresentam os pedúnculos bem
secos e a casca resistente à penetração da unha; para morangas: 90 a 150 dias,
dependendo da cultivar.
Abobrinha italiana: os frutos com cerca de 20cm e com a polpa muito tenra e as
sementes ainda imaturas.

Alface: colhe-se quando a planta ou “cabeça” atingir o desenvolvimento máximo,


porém, com as folhas tenras e sem indícios de florescimento.

Alho: aos 110-140 dias para as cultivares precoces e 140-170 dias para as de
ciclo médio, quando ocorre amarelecimento e secamento da parte aérea da planta
e pelo “estalo” (tombamento) em alguns cultivares.

Almeirão e rúcula: colhem-se as folhas mais desenvolvidas, deixando-se as folhas


mais novas do miolo da planta.

Batata: aos 90-115 dias, após o secamento completo e natural da parte aérea da
planta.

Berinjela: colhe-se quando os frutos estiverem bem coloridos, brilhantes, com a


polpa macia e firme e com 16-20 cm de comprimento; colher pela manhã, cortando
o pedúnculo (deixar 3-4cm do mesmo aderido ao fruto para evitar podridões).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 210


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Beterraba: aos 60-70 dias para semeadura direta e 90-100 dias para mudas
transplantadas, com as raízes com 6 a 8cm de diâmetro, ainda tenras.

Brócolis: colher a “cabeça” central e os brotos laterais quando estiverem com


coloração verde-intenso e os botões ainda estão fechados.

Cebola: colher quando o bulbo atingir o tamanho máximo, indicado pelo


amarelecimento e secamento da parte aérea (folhas), sendo que alguns cultivares
apresentam tombamento ou “estalo”.

Cenoura: quando as folhas inferiores começarem a amarelecer e secar, e as


superiores se abrirem, chegando a encostar as pontas na superfície do solo.

Couve: colhem-se as folhas quebrando o pecíolo rente ao caule, deixando


sempre, junto ao broto central da planta, 4 a 5 folhas menores em crescimento.

Couve-flor: cortar a “cabeça” com um grupo de folhas para protegê-la.

Jiló: colher os frutos com tesoura, enquanto verdes e no tamanho máximo.

Melancia: aos 40-45 dias da abertura da flor, quando ocorre o secamento da


gavinha, localizada no mesmo nó do fruto; o secamento do pedúnculo; a alteração
da cor da mancha de encosto de branca para amarela-clara; som oco e resistência
à pressão pela unha.

Nabo: colher quando as folhas baixeiras começarem a amarelecer.

Pepino: colhe-se quando os frutos atingirem o ponto comercial (caipira: 12 a 14cm


comprimento; Aodai e japonês: frutos tenros, verde-escuros, com 20 a 25cm).

Quiabo: o ponto ideal de colheita ocorre 4-7 dias da queda da flor, quando os
frutos estão ainda tenros, pouco fibrosos, podendo-se quebrar a ponta facilmente
ao se pressionar com o dedo.

Rabanete: colher aos 30-40 dias, quando as raízes apresentarem formato


globular, cor vermelho-intenso e com cerca de 3 cm de diâmetro.

Repolho: colhe-se quando a “cabeça” apresentar-se bem compacta, fechada, com


as folhas internas bem coladas umas às outras; as folhas de cobertura começam
a enrolar-se levemente para trás, expondo as internas, mais claras.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 211


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Tomate: para mesa, inicia-se a colheita 50 dias após o florescimento e dura de 2


a 3 meses, colhendo-se o fruto maduro, de vez ou verde, de acordo com a
preferência do mercado; para indústria: colher no estádio de frutos vermelhos.

PÓS-COLHEITA DE HORTALIÇAS

Classificação e Padronização de Hortaliças

As hortaliças são um grupo de plantas que apresentam uma incrível variedade de


formas, tamanhos, cores e sabores. À medida que o mercado se torna mais
exigente, as hortaliças podem ser subdivididas de várias maneiras e também serem
destinadas a diferentes segmentos. Algumas hortaliças disponíveis no mercado
brasileiro não apresentam muitas variações, como a rúcula e a cebolinha, mas para
muitas outras existem diferentes tipos, formas e cultivares. Para estas, a definição
e a caracterização destes diferentes atributos é muito importante para a
comercialização e para o consumidor final. O tomate apresenta uma variação muito
grande de tipos de fruto, como "salada" (multilocular), cereja (frutos pequenos),
indústria, longa vida, tipo San Marzano ("italiano"), com distintos atributos de
qualidade e finalidades, que podem ser agrupados por tamanho, estádio de
maturação de acordo com a demanda do mercado.
Embora pouco conhecido do público consumidor, as cultivares de batata têm
destinações culinárias diferenciadas, sendo algumas mais aptas para fritar e outras
para assar. O conhecimento mais aprofundado das diferenças entre as hortaliças
pode melhorar o seu aproveitamento como alimento e aumentar seu consumo.
Neste contexto, é necessário estabelecer normas de classificação e padronização
para unificar a linguagem do mercado e possibilitar uma comercialização mais
eficiente e maior conscientização do consumidor.
A definição de normas é muito importante para todos os segmentos envolvidos na
produção, principalmente para os agricultores e os técnicos da assistência técnica.
Esta orientação do mercado define o valor das hortaliças como produto ou
mercadoria ("commodity"), que pode variar de acordo com a oferta e demanda que
determina a variação estacional de preços. As normas de classificação e
padronização podem ser oficializadas em cada país, determinada pelo Ministério
da Agricultura ou órgãos governamentais responsáveis, de acordo com a demanda
da sociedade. Definições de classificação e padronização.
Os produtos hortícolas são caracterizados por vários atributos quantitativos, como
tamanho e peso, e qualitativos, como forma, cor, grau de maturação, turgor e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 212


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

aspecto visual. Quando se estabelecem limites ou medidas para estes atributos,


determinam-se os padrões do produto. Os padrões servem como pontos de
referência ou modelos para que se possa comparar e avaliar o grau de semelhança
dos demais exemplares do mesmo produto. Além do produto, a padronização pode
também abranger a embalagem, apresentação, identificação e outros aspectos.
A classificação é a comparação do produto com padrões pré-estabelecidos,
enquadrando-o em grupos, classes e tipos. Através da classificação é possível
obterse um produto em lotes homogêneos, caracterizados por tamanho, cor e
qualidade. Uma norma de classificação deve garantir a homogeneidade visual do
lote; utilizar características mensuráveis; abranger todo o lote; atender às
exigências do mercado; e ser de fácil adoção pelos produtores. Normas de
padronização e classificação de hortaliças no Brasil.
O Ministério da Agricultura estabeleceu algumas normas para hortaliças publicadas
na forma de portarias desde 1975. Os produtos que têm normas publicadas e
estabelecidas são alho, aspargo para indústria, batata, berinjela, cebola, cenoura,
chuchu, pepino, pimentão, tomate e tomate para indústria (Tabela 1). Com o
advento do Mercosul, houve a necessidade de se estabelecer normas comuns aos
países membros, em uma tentativa de harmonizar as normas já existentes,
principalmente para aquelas hortaliças mais comercializadas na região, como
batata, tomate, cebola e alho. Os padrões estabelecidos também podem tornar-se
um problema político e comercial quando são usados como barreiras protecionistas
por alguns países para dificultar a entrada de determinados produtos.
Atualmente, existe uma tendência por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária
e do Abastecimento (MAPA) de flexibilizar estas normas de acordo com a demanda
do mercado (atacadistas e varejistas). O Centro de Qualidade em Horticultura
(CQH) da CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo), empresa estatal atualmente ligada ao MAPA, começou em 1997 o
"Programa Paulista para a Melhoria dos padrões Comerciais e de Embalagens de
Hortigranjeiros" como uma resposta à inexistência de padrões mensuráveis de
qualidade e melhoria das embalagens. Em janeiro/2002, o programa paulista
tornou-se de abrangência nacional, alterando-se o nome em janeiro/2002 para
"Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura".
A principal mudança nas normas de classificação e padronização não diz respeito
apenas aos atributos dos produtos, mas à postura dos órgãos oficiais em relação
ao segmento como um todo. A adesão às normas é voluntária, e não mais

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 213


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

obrigatória e compulsória como acontecia em alguns mercados, exigindo um


trabalho de fiscalização e punição por parte dos órgãos responsáveis. Esta
flexibilização permite também ao mercado fazer as modificações necessárias de
acordo com a demanda, deixando ao governo um papel de supervisão e de
regulamentação.
Tabela 1. Número e data da publicação de normas de padronização e classificação
de hortaliças no Brasil.

Etapas para Elaborar uma Norma de Padronização e Classificação

A CEAGESP adota nove etapas básicas para o estabelecimento de uma norma de


classificação:

Estudo detalhado das características do produto e da comercialização;

Estudo das normas existentes no Brasil e em outros países;

Apresentação de uma proposta preliminar de classificação do produto;

Análise crítica da proposta por todos os segmentos do sistema produtivo


envolvidos com o produto, como produtores, técnicos, pesquisadores,
atacadistas, varejistas;

Consolidação das sugestões;

Reunião nacional do grupo de trabalho do produto em estudo constituído por


representantes de todos os elos da cadeia de produção;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 214


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Apresentação da proposta de norma ao órgão governamental competente para


análise e aprovação;

Elaboração de um material escrito e ilustrado com a norma (folder);

Lançamento oficial da norma.

Comercialização de Hortaliças

Os olericultores em geral preocupam-se a maior parte do tempo com os aspectos


relacionados à produção (escolha das espécies e cultivares, semeadura, irrigação,
controle fitossanitário, etc.), visando obter o máximo de produtividade. No momento
da colheita, todo o esforço dedicado à produção pode tornar-se um pesadelo por
conta da inabilidade ou inaptidão de muitos olericultores em comercializar sua
mercadoria.
Ao contrário de muitos produtos agrícolas, como os grãos, a maior parte das
hortaliças é altamente perecível e tem um curto período de colheita. Algumas
hortaliças são colhidas antes de atingir o ponto máximo de desenvolvimento
fisiológico e se não forem colhidas perdem o valor. Por estas razões, se caso a
demanda for pequena ou o preço estiver muito baixo, o olericultor pode sofrer
grandes perdas no momento da colheita.
Existem muitas maneiras de comercializar hortaliças, desde a mais simples e
direta, como a venda direta do produtor para o consumidor em feiras ou beira de
estrada, até as mais complexas, que podem envolver vários intermediários. Aos
diferentes caminhos que as hortaliças podem percorrer desde a produção até
alcançar o consumidor denominam-se canais de comercialização.

Os principais canais de comercialização para hortaliças no Brasil são:


produtor > intermediário > atacadista > varejista > consumidor;

produtor > atacadista > varejista > consumidor;

produtor > intermediário > varejista > consumidor;

produtor > atacadista > varejista > consumidor;

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 215


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produtor > intermediário > varejista > consumidor.

Os agricultores em geral passam a maior parte do tempo em função de sua


plantação, com os tratos culturais praticamente diários. Os volumes produzidos das
hortaliças são pequenos, e o olericultor muitas vezes não tem capacidade para
cuidar também da comercialização. Em muitas localidades, existe um
intermediário, que pode ser o proprietário de um caminhão que reúne a produção
dos vizinhos e transporta para um centro consumidor maior. Em geral, o produtor
não tem muito poder para negociar suas hortaliças, e a figura do intermediário é
muito comum. Neste caso, o preço é determinado de acordo com a demanda do
mercado atacadista.
A organização de olericultores em associações e cooperativas pode melhorar as
condições de venda porque fica mais fácil manter a regularidade da oferta de
diversas hortaliças no volume desejado, com maior poder de negociação. Um bom
exemplo deste tipo de comercialização é um grupo de restaurantes de Brasília que
fechou um contrato de compra de determinadas hortaliças com um grupo de
produtores do Núcleo Rural da Vargem Bonita. Uma boa possibilidade de venda
direta dos produtores aos consumidores ocorre aos sábados pela manhã na
CEASA de Brasília, sem atrapalhar muito a produção. A venda direta para sacolões
e mercearias e para indústrias de processamento de hortaliças também são
possibilidades de venda para os produtores. Função do atacado na
comercialização de hortaliças
No Brasil, o atacado é o segmento mais importante para a comercialização de
hortaliças devido ao volume e importância como mercado abastecedor e de
formação de preços. As primeiras centrais atacadistas foram instituídas pelo
governo federal na década de 60 como "Centrais de Abastecimento - CEASAs" em
São Paulo e RecifePE. Nos anos 70, o governo implementou centrais de
abastecimento nos demais estados como uma maneira de regularizar e organizar
melhor o setor. Em muitos estados existem outras várias CEASAs nas cidades mais
importantes do interior, como no estado de São Paulo (Campinas, Sorocaba,
Ribeirão Preto, São José do Rio Preto). A CEAGESP, em São Paulo, continua
sendo o maior e mais importante mercado hortícola brasileiro. Tem uma função de
estabelecer preços a nível nacional e também regularizar o abastecimento de
outras CEASAs, principalmente as de Belo Horizonte-MG e Rio de Janeiro.
A maior parte das CEASAs está hoje sob a responsabilidade dos estados. Já houve

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 216


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

algumas tentativas de privatizar algumas delas, mas sua situação continua


indefinida. Em muitas localidades não houve uma modernização e expansão física
das CEASAs, e o próprio mercado tem encontrado soluções. Aqui em Brasília
existe um grande mercado "atacadista" informal na Ceilândia, que fornece para
muitos supermercados, feirantes e pequenos comerciantes. A inadimplência e a
forma de pagamento também é um grande problema para todos os segmentos
envolvidos (atacadistas, varejistas, intermediários, produtores). Situação atual e
tendências na comercialização
Nos últimos anos tem-se observado modificações muito grandes na
comercialização de hortaliças principalmente devido à maior concentração de
pessoas na cidade e o papel dos supermercados na distribuição de frutas e
hortaliças. Existe uma maior diversidade de produtos a venda, em diferentes
formas, com várias opções aos diferentes segmentos sociais. Atualmente, os
supermercados são responsáveis por mais de 50% do abastecimento de produtos
hortícolas, alterando substancialmente o mercado. Grandes redes de
supermercados instalaram centrais de distribuição, onde realizam todas as
operações com frutas e hortaliças repassando os produtos prontos para a
comercialização para as demais filiais da rede. Os supermercados também
compram diretamente de vários produtores, principalmente aqueles especializados
em determinados produtos e culturas, com contratos de fornecimento.
As CEASAs estão começando a perder terreno em algumas cidades devido à
instalação dos centros de distribuição dos supermercados e também de empresas
privadas e cooperativas especializadas em embalar e revender com marcas
próprias. Os produtos orgânicos têm uma mecânica própria de comercialização,
bastante diferenciada das demais hortaliças. O preço das hortaliças orgânicas é
mais elevado devido à menor produtividade e a certificação por alguma entidade
ou instituição.
Outras tendências na comercialização é o comércio eletrônico, via internet. Este
tipo de comércio ainda é pequeno, mas representa uma modificação importante
porque não existe mais a necessidade de efetuar a compra pessoalmente, uma vez
que a compra é entregue em domicílio. É claro que deve existir uma grande
confiança de ambas a partes neste processo.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 217


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Manuseio Pós-Colheita de Hortaliças

As hortaliças possuem diferentes tipos de manuseio pós-colheita, dependendo de


seu ciclo, estrutura botânica, sistema de produção e mercado de destino. Para
hortaliças produzidas em pequenas áreas com mão-de-obra familiar as operações
realizadas são a colheita propriamente dita e o acondicionamento do produto em
embalagens, enquanto para a batata pode ter várias etapas (seca das ramas,
desenterrio dos tubérculos com colheitadeira, catação manual dos tubérculos a
campo, acondicionamento em sacos, transporte para galpão, lavação,
classificação, embalagem, etc).

Estrutura Botânica das Hortaliças

Para facilitar o entendimento dos procedimentos de pós-colheita, podemos separá-


las de acordo com suas estruturas botânicas utilizadas na alimentação humana,
como frutos, folhas, raízes, etc. Frutos: solanáceas (tomate, pimentão, berinjela),
cucurbitáceas (abóbora, pepino, chuchu, melão), feijão-vagem, ervilha, quiabo,
milho-verde Folhosas: alface, agrião, repolho, couve, couve-chinesa, acelga,
rúcula, escarola, salsa, coentro, cebolinha, espinafre... Tubérculos: batata, inhame
(Dioscorea) Bulbos: alho, cebola Rizomas: gengibre Túberas: taro (Colocasia)

Sistemas de Manuseio Pós-Colheita

Existem diferentes sistemas de manuseio pós-colheita para as hortaliças, com


algumas operações básicas comuns, como colheita, embalagem e transporte. No
Brasil, a maior parte das hortaliças são lavadas, principalmente aquelas cujas
partes comerciais são subterrâneas, como raízes, tubérculos, rizomas ou que
situam-se perto do solo, como alface.
Para exemplificar um sistema de manuseio pós-colheita, será reproduzido aqui o
beneficiamento de raízes de mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza) –
“arracacha” em Espanhol – utilizado no estado de São paulo, o mais importante
mercado para esta hortaliça no Brasil. Existem outros sistemas de manuseio mais
simples, como a limpeza manual das raízes, que não serão considerados aqui. É
muito importante descrever todas as atividades do sistema de manuseio pós-
colheita para identificar pontos críticos e reduzir a incidência de perdas ou de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 218


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

problemas como contaminação do produto.


A comercialização da mandioquinha-salsa pode incluir várias etapas, desde o
produtor até chegar à mesa do consumidor. A etapa mais comum inclui um
intermediário, o beneficiador, o atacadista e o varejista.

PARTE 3 - FLORICULTURA
Introdução

Apresentação do Negócio

Flor é sinônimo de beleza, expressa sentimento de carinho, amor, paixão e amizade. Por isso torna-
se uma atividade comercial bastante promissora considerando a prática de seu cultivo adequado.
Tal cultivo envolve em sua cadeia produtiva uma série de profissionais e direcionamento para seus
produtos, pois tanto poderá ser cultivado flores que atendam a demanda de amantes da
jardinagem, quanto as flores de corte para comercialização pelas floriculturas ou ainda para
utilização em vasos. O comércio de flores, apesar das novas tecnologias de produção oferecerem
o produto final em todas as estações e meses do ano, apresentam consumo mais acentuado em
algumas datas comemorativas, tais como dia dos namorados, dia das mães, dentre outras datas
especiais. Assim os cultivadores de flores devem estar preparados para aumentar sua produção
nestas sazonalidades.

A Produção de Flores e Plantas Ornamentais no Brasil e no Mundo

O Mercado Mundial de Flores e Plantas Ornamentais está hoje em plena fase de expansão.
Inicialmente a produção estava concentrada em alguns países europeus como Holanda, Itália e
Dinamarca, sendo o Japão, na Ásia, outro grande produtor, fato esse influenciado principalmente
pela questão cultural que estimulava o consumo interno desses países.
A Produção Mundial de flores e plantas ocupa uma área estimada de 190.000 ha, movimentando
valores próximos a U$ 16 bilhões/ano em nível de produtores em consumo estimado em U$ 44
bilhões/ano a nível de varejo.

Com o advento da globalização e com a busca constante de se descobrir novos pólos de produção,
visando principalmente baixar os custos de produção através do plantio em regiões que possuam
condições climáticas mais adequadas e disponibilidade de mão de obra, surgiram em todo o mundo

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 219


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

novas regiões de produção. Dentre elas, se destacam:


Colômbia e Equador: produção de flores de corte tais como, crisântemos, rosas, gypsophilas e
cravos.
Costa Rica: produção de flores tropicais, folhagens e mudas de plantas verdes.

Estados Unidos: produção de flores em vaso, tais como crisântemos, orquídeas, bromélias,
impatiens, poinsétias, ciclamen, plantas de jardim entre outras.
Israel: produção de flores de corte, tais como asters, gypsophila, rosas, crisântemos ematerial de
propagação (mudas e sementes).
Japão: produção de flores de corte tais como crisântemos, rosas, gypsophilas e orquídeas.
África do Sul: produção de bulbos de gladíolos, amarillis e algumas flores de corte.

Quênia: produção de rosas.

Espanha: produção de cravos, plantas de jardim, rosas e gladíolos entre outras.

Itália: produção de crisântemos, plantas de jardim, mudas diversas.

Dinamarca: produção de begônias, violetas, azaleas, ciclamen, poinsétias, entre outras.-


Holanda: produção de rosas, crisântemos, lírios, tulipas, alstromeria, asters, violetas, azaléas,
gérberas, gypsophila entre outras.
Brasil: produção de rosas, crisântemos, violetas, prímulas, cinerárias, kalanchoes, gypsophilas,
folhagens, plantas de jardim e outras.

O Mercado Mundial movimenta valores, a nível de exportação, superiores a U$ 5 bilhões, sendo


os principais países exportadores:

- Holanda, Colômbia, Itália, Dinamarca, Israel, Equador, Espanha, Quênia, Costa Rica,
África do Sul, Austrália entre outros.

A produção e comercialização de flores e plantas ornamentais no Brasil começaram em escala


comercial na década de 50 com imigrantes portugueses. Na década de 60 entraram neste mercado
os imigrantes japoneses e finalmente os imigrantes holandeses, que no início da década de 70
deram um impulso maior à comercialização, implantando o um sistema de distribuição pelo país
inteiro. Até a 1988 o mercado teve um crescimento vegetativo e uma atuação comercial baseada
em centros regionais de comercialização tais como os CEASAS e empresas de distribuição que
atendiam a todo o país. A partir de 1989 surge, o Veiling Holambra que representa uma
transformação substancial no mercado e acaba influenciando o comportamento e as práticas do

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 220


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

setor. Desde então o mercado interno apresentou taxas de crescimento de até 20% ao ano.

O Brasil devido a estabilidade de sua economia após o plano real e por ser um dos países em
crescimento que apresenta taxas de investimentos externos das maiores do mundo, vem se
firmando como um mercado interno em amplo desenvolvimento e bastante atrativo para novos
investimentos. Atualmente a produção nacional é voltada basicamente para o mercado interno,
sendo que nos últimos anos diversos pólos regionais de produção vem se formando e gerando
números nas exportações (Gráficico I).
Gráfico I - Exportações de Produtos da Floricultura em 2010 (US$ 28,8 milhões)

A tendência de globalização da economia também está presente em nosso mercado e hoje verifica-
se que há iniciativas de entradas de produtos no país (principalmente flores naturais da Colômbia
e Equador e flores artificiais da China) além do crescente investimento de empresas internacionais
de serviços (acessórios, insumos, mudas, etc.). Outro aspecto importante em termos de mercado
externo brasileiro é o aumento de negociações com a chegada do Mercosul. A Argentina tem um
perfil de consumo mais cultural para as flores e plantas, tendo um gasto médio per capta de US$
25,00 ao ano (no Brasil este valor esta em torno de US$ 6,00 ao ano).

O mercado interno movimentou em 1997 cerca de US$ 1,1 Bilhão (a preço de varejo) o que pode
ser comparado ao mercado interno de brinquedos ou o mercado de margarinas. A nível do setor
produtivo, estima-se que o valor movimentado ao ano está em torno de U$ 350 milhões. Estima-se

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 221


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

que tenhamos hoje cerca de 10.000 pontos de venda, 3.600 produtores, 400 atacadistas e 6 centros
atacadistas.

Outro fator a ser levado em consideração é a aprovação da lei Proteção de Cultivares em 10 de


abril de 1997, que irá possibilitar a entrada de diversas empresas fornecedoras de material de
propagação e tecnologia, além da possibilidade de surgirem diversas parcerias com empresas
nacionais.
O cenário que se apresenta para a Floricultura Nacional é bastante promissor, devido à formação
de polos regionais de produção em todo o país, amparados pela entrada de novas tecnologias e
conceitos internacionais de qualidade, padronização e pós-colheita, fatores esses irão beneficiar o
consumidor brasileiro que terá acesso a produtos de melhor qualidade e preços médios cada vez
mais compatíveis com a realidade brasileira.

1.3 PERFIL DA FLORICULTURA NO NORDESTE BRASILEIRO

A partir da última década do século XX a floricultura no Nordeste Brasileiro tem apresentando


acentuado desenvolvimento, passando a repercutir nas ações do Banco do Nordeste do Brasil
(BNB), que já conta com vários projetos financiados para produção e pesquisa tecnológica. Como
principal órgão de desenvolvimento e de crédito do Nordeste, tornou-se necessário conhecer as
características e os problemas da floricultura na Região, de forma a contribuir para o seu
crescimento equilibrado. O objetivo geral desta pesquisa foi subsidiar a política do BNB e de outras
agências de desenvolvimento para a atividade, caracterizando-a, de modo a possibilitar a geração
de planos de ação a partir das sugestões contidas no estudo elaborado. As fontes de informações
para a realização do trabalho foram entrevistas com técnicos de instituições públicas, produtores,
varejistas, fornecedores de insumos, revisão bibliográfica da literatura especializada, páginas da
Internet; além da aplicação de 2 tipos diferentes de questionários com questões abertas aplicados
aos produtores e varejistas. Os resultados da pesquisa permitem concluir que a Região apresenta
grande potencial para o desenvolvimento da atividade, mas existem ainda muitas barreiras que
precisam ser eliminadas: Pequena oferta de insumos nas áreas produtoras, com reflexos na
elevação dos custos de produção; Embora exista mão-de-obra abundante na Região, são pouco
qualificadas; Grande quantidade de produtores informais atuando na Região, desorganizando o
mercado; Produtores com pouca profissionalização e especialização; Concorrência dos produtos
de outras regiões; Pequena dimensão do mercado regional, com grande disputa pela demanda;
Baixo nível organizacional e associativo do produtor; Carência de técnicos com conhecimentos
especializados; Poucas pesquisas sobre as espécies produzidas e estudos de mercado.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 222


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

1.3.1 Produção de Flores e Plantas Ornamentais no Nordeste

Situado próximo ao equador, o Nordeste possui clima quente, com pequena variação no decorrer
do ano e forte luminosidade. Apesar da grande extensão de clima semiárido, dispõe de regiões
com condições que possibilitam o cultivo de numerosas espécies ornamentais, tanto a campo
aberto, como sob proteção de casa de vegetação, viveiros ou estufas.
Conforme a origem de seu habitat, as espécies são divididas em tropicais e temperadas, cultivadas
de acordo com as características edafoclimáticas de cada local. As flores tropicais, em geral,
helicônias, antúrios, alpínias, ananás, costus, entre outras, são adaptadas a áreas de clima quente
e com boa umidade (Zona da Mata e Pré-Amazônia), ou áreas do Sertão e Cerrado, com recursos
hídricos disponíveis para irrigação. As cactáceas, que são adaptadas ao clima seco, representam
uma alternativa produtiva para o Sertão semiárido. As áreas de altitudes mais elevadas (enclaves
úmidos e Agreste) são propícias à produção, também, de plantas de clima temperado ou
subtropicais, tais como: rosas, crisântemos, gérberas, áster e outras espécies.

A produção de flores e plantas ornamentais no Nordeste concentra-se, principalmente, nos estados


de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, ocupando áreas mais privilegiadas em termos climáticos
e de oferta d’água, com possibilidade de expansão, podendo representar uma alternativa
econômica de maior expressão, considerando que a atividade faz uso intensivo dos fatores de
produção, com destaque para a elevada geração de emprego por área cultivada, contribuindo para
ocupação da mão-de-obra local e obtenção de divisas. A partir da última década do século XX a
floricultura no Nordeste Brasileiro tem presentando acentuado desenvolvimento, o mercado
consumidor regional, antes abastecido em sua quase totalidade pela produção advinda de outras
regiões tradicionalmente produtoras de flores de clima temperado, passou a ser abastecido, em
maior proporção, com a produção local, além da introdução de maior quantidade de espécies de
clima tropical.

Este crescimento passou a repercutir nas ações do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que já
conta com vários projetos financiados para produção e pesquisa tecnológica. Entretanto, como
principal órgão de desenvolvimento e de crédito no Nordeste, é necessário conhecer mais
profundamente as características e os problemas da atividade de floricultura, de forma a contribuir
para o crescimento coordenado e equilibrado dos segmentos desta atividade no Nordeste.

A cadeia agroindustrial de floricultura engloba uma série de segmentos, iniciada com os


fornecedores de insumos (fertilizantes, sementes, mudas, vasos etc); os produtores, classificados

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 223


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

em: mini, pequenos, médios e grandes produtores (pessoas físicas ou jurídicas) e micro, pequenas,
médias e grandes empresas (pessoas jurídicas); os distribuidores (atacadistas, supermercados,
floristas etc); e os consumidores. Em apoio ao pleno funcionamento da cadeia produtiva de flores
encontram-se o ambiente institucional (leis, culturas, tradições, educação e costumes) e o ambiente
organizacional (associações, sindicatos, crédito, informações, pesquisa, assistência técnica,
extensão e firmas), encarregado de sistematizar as demandas dos segmentos da cadeia. Contudo,
existem carências de informações, inibindo ações de organismos capazes de coletá-las e distribuí-
las, para que os interessados possam tomar decisões conforme suas aptidões.

Desse modo, o presente estudo pretende subsidiar a política do BNB e de outras agências de
desenvolvimento para a atividade, proporcionando melhor entendimento do complexo
agroindustrial de flores e plantas ornamentais, caracterizando-o, de modo a possibilitar a geração
de planos de ação para a atividade, a partir das sugestões contidas no estudo elaborado. O estudo
abrangeu a mesma área de atuação do BNB, ou seja, o 3 Nordeste Brasileiro, constituído por nove
estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia) e mais as regiões setentrionais dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

1.4 INFORMAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO NOS ESTADOS NORDESTINOS

Embora haja concentração da produção de flores e plantas ornamentais nos estados de Alagoas,
Bahia, Ceará e Pernambuco, a atividade vem apresentando recente dinamização em áreas de
todos os estados do Nordeste e do norte de Minas Gerais.

Maranhão - A exploração de flores e plantas ornamentais passou a ter significado comercial a partir
do início da década de 1970. A atividade é desenvolvida de forma quase artesanal, sem estrutura
empresarial e com grande carência tecnológica, destinada à atender principalmente a demanda de
São Luis. A principal origem da produção comercializada é o Estado de São Paulo, seguindo-se
Minas Gerais, Ceará e Goiás.

A produção local é representada por folhagem de corte, palmeiras e crótons, localizada


principalmente em São Luis, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Segundo pesquisa realizada
no Estado, existem duas categorias de produtores: os essencialmente familiares, com baixo nível
tecnológico, sem a prática de utilização de insumos modernos, de controle de pragas e doenças,
adubação de manutenção, com terra alugada, arrendada ou de propriedade própria; a segunda
categoria contrata mão de obra diarista, com melhor nível tecnológico, utiliza muda de melhor

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 224


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

qualidade, faz irrigação localizada, adubação orgânica, faz padronização de material reprodutivo,
e são proprietários do imóvel explorado (ALMEIDA, 2003).
Piauí - A atividade de floricultura está tomando impulso, a partir da união de ações de instituições
do Estado. A exploração econômica de flores e plantas ornamentais é estimada em 40 ha, com a
produção concentrada próxima às áreas urbanas mais populosas, visando atender às demandas
locais, tanto para jardinagem e paisagismo, como para flores de corte. As helicônias, alpínias,
sorvetão e bastão do imperador são algumas das espécies cultivadas pelos produtores de Teresina.
Em 2004 a comercialização de plantas tropicais cresceu em 100% nas 47 floriculturas da capital.
Em 2005, a produção piauiense ultrapassou 300 mil hastes (SEBRAE-PI, 2006).

Ceará - O primeiro registro de áreas mais expressivas, refere-se ao início da década de 1920, na
Serra de Baturité. Na segunda metade do século XX, a atividade desenvolveu-se de forma lenta,
passando a atender parcialmente as demandas em datas especiais, além de obras de jardinagem
e paisagismo locais. A partir de 1994, iniciaram-se os cultivos com a utilização de tecnologia mais
avançada, incluindo estufas, com a produção voltada à exportação. Foram estabelecidas as bases
de produção de abacaxi ornamental (Ananas sp.) no município de Paracuru, com o produto
destinando-se, principalmente, ao mercado europeu.

Em 1999 foi criada a Secretaria de Agricultura e Pecuária – Seagri e a partir daí a atividade
começou a ganhar maior impulso. Dentro da Seagri criou-se uma Gerência de Floricultura com o
Programa Pró-flores, iniciado em 2000, com atuação direcionada para áreas com potencial.
Visando promover a floricultura cearense no mercado internacional foram criados os termos
promocionais, “Rosas do Ceará” e “Flores do Ceará”, e construída uma câmara fria no Aeroporto
Internacional Pinto Martins, apropriada ao armazenamento de flores (SEAGRI-CE, 2004).
Levantamentos realizados pela SEAGRE-CE indicam a existência, em todo o estado, de 150
produtores formais, com área plantada de 160 ha.

A produção de flores pode ser encontrada nas regiões do Maciço de Baturité, na Chapada da
Ibiapaba, no Cariri, no Baixo Jaguaribe, e na Região Metropolitana de Fortaleza e municípios
vizinhos. A região do Maciço de Baturité é propícia ao desenvolvimento de diferentes espécies,
tanto de origem tropical, quanto temperada. As 4 principais espécies cultivadas são angélica,
antúrios, copo-de-leite, helicônias, rosa, samambaias, gérbera, crista-de-galo e margarida. A
Chapada da Ibiapaba conta com empresas que cultivam rosas para o abastecimento interno do
Estado e o consumo nacional, a exemplo da Cearosa (São Benedito); e empresas que produzem
para o mercado externo, a exemplo da Reijers (municípios de Ubajara e São Benedito). Essas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 225


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

empresas utilizam tecnologias avançadas, já empregadas em outras regiões produtoras. No Cariri


as principais espécies cultivadas são rosa, gérbera, gladíolo, tango, gipsofila e estatice. O Baixo
Jaguaribe apresenta potencial para exploração de flores tropicais. Na Região Metropolitana e
municípios vizinhos tem-se destacado a produção de flores tropicais, dentre elas, o ananás
ornamental, cuja principal espécie cultivada é o Ananas lucidus, voltada, sobretudo, para o mercado
internacional. Nas regiões serranas prevalece também a produção de flores tropicais.

Rio Grande do Norte - Os produtores cultivam plantas tropicais em 15 hectares, gerando mais de
100 empregos diretos, abastecendo o mercado potiguar. A pretensão é de exportar para Portugal
e Itália a partir de 2007. As espécies com maiores possibilidades de alcançar o mercado externo
são antúrio, bastão do imperador e bihai (CEASA-RN, 2006).
Além de produção de mudas de cactos em áreas de menor pluviometria, existem municípios que
estão produzindo flores temperadas, plantas ornamentais e flores e folhagens tropicais (SEBRAE-
RN, 2006).

Paraíba - A produção comercial ainda é de pequena dimensão. Os municípios de Alhandra e Conde


têm pequenas áreas cultivadas com plantas tropicais; o município de Lagoa Seca cultiva flores
diversas e Pilões cultiva crisântemos em estufa. No ano de 1999, no município de Pilões, 21
mulheres conseguiram fundar a primeira Cooperativa de Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep)
e chegaram a ganhar dois prêmios em 2005: o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora da Região
Nordeste e o Prêmio Experiências Sociais Inovadoras, concedido pelo Banco Mundial (SANTOS,
2005).

Pernambuco - O Estado é considerado hoje um dos principais produtores de flores e plantas


ornamentais da Região. A Embrapa/SNT - Transferência de Tecnologia teve uma participação
preponderante no desenvolvimento da atividade. Desde 1997 vem efetuando estudos com flores
tropicais, oferecendo orientações técnicas para a difusão da atividade, com a instalação de
unidades demonstrativas. Em 1998, foi criado o Comitê Pernambucano de Floricultura e Plantas
Ornamentais.
O Sebrae local também tem desenvolvido um importante trabalho na dinamização da atividade.
Além disso, em 2002, realizou uma pesquisa sobre a floricultura em Pernambuco, prestando
preciosas informações sobre o setor. A pesquisa identificou que a
espécie mais produzida era a celsa (Callistephus chinensis), seguindo-se crisântemo, gladíolo,
gipsofila, rosa, entre outras. O antúrio é a principal flor tropical produzida, destacando ainda as
helicônias, a Alpínia purpurata, o bastão-do-imperador, o sorvetão, o tapeinóquilo, a Musa coccínea

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 226


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

e a Musa ornata. Os principais municípios produtores são: Gravatá (107,8 ha), Camaragibe (11,2
ha), Barra de Guabiraba (10 ha), Bonito (9 ha), Paudalho (7 ha), Paulista (7 ha), Petrolina (5,5 ha),
Água Preta (5 ha) e Igarassu (4 ha). A produção estadual destina-se, sobretudo, ao abastecimento
da Região Metropolitana de Recife e, em menor escala, a outros estados nordestinos, a outros
municípios pernambucanos e à exportação. Na Região Metropolitana de Recife, os principais
pontos de venda são floriculturas (33%), vias públicas (26%), supermercados (18%) e feiras livres
(16%). O gasto per capita médio anual de flores é de US$ 2,33 e com plantas ornamentais é de
US$ 1,12 (SEBRAE-PE, 2002).
A produção encontra-se difundida em três regiões fisiográficas do Estado: Zona da Mata,
predominando a produção de flores tropicais; Agreste, com predominância de flores temperadas; e
Sertão, com produção de flores tropicais.

Alagoas - A Zona da Mata apresenta condições edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento de


flores tropicais. Em 1997, foi fundada a Associação dos Produtores de Flores e Plantas
Ornamentais e Tropicais de Alagoas (Afloral), com 42 associados, em 17 municípios e cultivando
107,5 ha. Posteriormente, foram criadas a “Flora Atlântica” e a Cooperativa dos Produtores e
Exportadores, Flores e Folhagens Tropicais de Alagoas (Comflora). Em 2003, o estado contava
com 94 produtores e 183 ha plantados (SEBRAE-AL, 2004).

Sergipe - Estima-se que a área cultivada alcance 32 ha, com helicônias, alpínias, antúrios, bastão-
do-imperador, sorvetão, tapeinóquilo, musas e folhagens tropicais. O cultivo é encontrado na Zona
da Mata Sergipana, principalmente nos municípios de Estância, Boquim, Lagarto, Umbaúba,
Salgado e Itabaiana. Por enquanto, a produção é comercializada no próprio estado (SEBRAE-SE,
2006).

Bahia – Em 2001 foi criado o Comitê Baiano de Floricultura e Plantas Ornamentais, integrado pelas
associações de produtores, secretarias estaduais, Sebrae, instituições financeiras e de pesquisas.
Em 2002 foi fundada a Associação Baiana de Produtores de Flores e Plantas Ornamentais
(Asbaflor), com a missão de congregar produtores independentes, associações e empresas
produtoras de todo o estado da Bahia. Em 2004, foi inaugurado o Centro de Comercialização de
Flores do Ogunjá, montado pela Secretaria da Agricultura (Seagri) com 80 m², contando com uma
câmara fria, a ser utilizada por produtores individuais ou associações ligadas à Asbaflor.
A produção de flores tropicais pode ser encontrada no Litoral Norte, Litoral Sul do Grande

Recôncavo, Chapada Diamantina, Piemonte da Diamantina, Sudoeste da Bahia, no Planalto, Litoral

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 227


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Sul da Mata Atlântica, e Sertão. Em Amélia Rodrigues, no Litoral Norte, a área cultivada com
espécies tropicais alcança cerca de 15 ha, congregados na associação Tropiflor, destinando a
produção aos mercados de Salvador e Feira de Santana.
Em Ituberá, no Litoral Sul do Grande Recôncavo, está sediada a Bahiaflora, associação de
produtores locais. Em Ilhéus, no Litoral Sul da Mata Atlântica, a Associação dos Produtores de
Flores Tropicais (Florasulba) conta com 60 associados que cultivam cerca de 40 ha de helicônias,
alpínias, bastão do imperador, tapeinóquilo, antúrios e outras espécies. As flores temperadas são
cultivadas na Chapada Diamantina, em Piemonte da Diamantina, e no Sudoeste da Bahia. Nessas
regiões as altitudes tornam a temperatura amena e propícia ao desenvolvimento de espécies de
clima temperado (UESB, 2004). A partir do programa Flores da Bahia, numerosos pequenos
produtores reunidos em associações e cooperativas passaram a explorar a atividade. Os lotes são
predominantemente de 300 m² para cada família. Atualmente, estima-se que a área total cultivada
alcance 13 ha, produzindo tango, crisântemos, gladíolo (palma-de-Santa-Rita), rosas, copo de leite,
folhagens e vasos com amarilis, mini rosa, vinca, impatiens, lírio, begônia, gérbera, petúnia, cravinia
e sálvia. O mercado de destino é constituído por Salvador, Feira de Santana, Jequié, Vitória da
Conquista, Lauro de Freitas, Alagoinhas, Milagres e Jaguaquara, no estado da Bahia.

1.4.1 O Segmento Produtivo

O estudo realizado tomou em consideração a complexidade da atividade de floricultura no


Nordeste, que envolve grande diversidade de espécies botânicas exploradas com diferentes formas
de apresentação. Por conseqüência, os sistemas de produção são bastante peculiares a cada
espécie explorada. A pesquisa realizada com produtores de flores e plantas ornamentais dos
estados com maior 7 desempenho na floricultura nordestina, possibilitou estabelecer um quadro
resumido da atividade, em relação ao segmento produtivo.

a. Perfil do Produtor - Os produtores pesquisados são distribuídos quase eqüitativamente entre


pessoas jurídicas (51,06%) e pessoas físicas (48,94%). Sendo a administração do proprietário, feita
de forma direta, preponderante (95,65%) sobre a indireta (4,35%). Os produtores do sexo
masculino predominam, com 63,64% dos casos, enquanto 36,36% são do sexo feminino. A faixa
de idade com maior freqüência é a de 41 a 50 anos (34,88%), seguindo-se a de 51 a 60 anos
(23,26%), de 31 a 40 anos (16,28%) e a de 61 a 70 anos (13,95%). Existe ainda uma pequena
parcela de 30 anos ou menos e com mais de 70 anos.
O grau de escolaridade é bastante elevado entre os produtores de flores e plantas ornamentais

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 228


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pesquisados, sendo maior a concentração de pessoas que têm curso superior completo (57,78%)
e com segundo grau completo (20,00%). Os produtores que têm curso superior incompleto, 6,67%
do total, e com nível de escolaridade inferior, 15,55%. Em termo de formação profissional, o maior
destaque é para a de engenheiro agrônomo com 21,74% do total. Os agricultores compõem o
segundo maior grupo profissional com
17,39%, seguindo-se os floricultores (8,70%), os técnicos agrícolas e comerciantes 6,52%, cada),
administrador de empresa com 4,35% e outros, compostos por advogados, contabilistas,
economistas, engenheiros químicos, físicos, médicos, técnicos em comércio internacional,
empresários, produtores de mudas, aposentados, estudantes, assistentes sociais, geógrafos,
graduados em história, odontólogos, pedagogos e analistas de sistema, representando 2,17%,
cada.
A floricultura constitui-se na principal atividade para 68,89% dos produtores.

O ingresso na atividade é recente para grande grupo de produtores, pois 41,46% conta com menos
de 5 anos na produção de flores, 19,51% está na atividade entre 6 e 10 anos. Com mais de 10
anos na atividade estão 39,03% dos produtores, dos quais 19,52% exercem-na há mais de 20
anos.

b. Caracterização da Propriedade - Os proprietários da terra constituem 80,43% dos produtores,


os arrendatários 8,70%, enquanto 6,52% exploram imóveis da sua própria família. Outros exploram
imóveis de Associação (2,17%) ou emprestados (2,17%). Com relação ao tamanho da propriedade,
a média situou-se em 20,10 ha, sendo que a faixa de área entre 11 e 30 ha representa 36,17% do
total, as propriedades menores de 10 ha, 27,65%. Incluindo a faixa de 31 a 50 ha, que corresponde
a 10,64% das propriedades, observa-se que 74,46% são imóveis com área inferior a 50 ha. Na
faixa de 51a 100 ha existem 12,77% dos imóveis e 12,77% superior a 100 ha (12,77%).
A maioria dos produtores não reside na propriedade (63,04%) e os residentes representam 36,96%.
Entre os que não residem, 41,38% efetuam visita diária à propriedade, 34,48% visitam-na de uma
a três vezes por semana, enquanto 13,79% fazem visitas quinzenais, 6,90% de quatro a seis vezes
por semana e 3,45%, mensalmente.
O acesso à mais da metade das propriedades produtoras (50,72%) é feito por asfalto de boa
qualidade e 5,80% por asfalto de regular qualidade, 15,94% são acessadas 8 por estradas de
piçarra com boa qualidade e 15,94% por piçarra de regular qualidade.
Apenas em 5,80% o acesso é feito por piçarra de péssima qualidade e 5,80% por calçamento. As
propriedades são localizadas, geralmente, próximas às sedes municipais, sendo que, 63,83%
situam-se a menos de 10 km, 17,02% entre 11 e 20 km, 12,77% entre 21 e 30 km, e 6,39% a mais

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 229


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

de 30 km.
A disponibilidade de água é um fator essencial para a atividade, de modo que a presença de
nascente/minador foi constatada em 20,83% das propriedades, poço profundo em 19,44%, córrego
perene em 12,50%, cacimba em 12,50%, açude/represa em 11,11%, rio perene e poço artesiano
em 9,72% e concessionária pública de água, riacho não perene e lagoa corresponde, em 4,17%
no total.
A atividade é desenvolvida em terrenos com diversidade de relevo, ocorrendo 39,13% em terrenos
ondulados, 30,43% em terrenos planos e 30,43% em terrenos acidentados. Os solos
predominantes são os areno-argilosos (59,57%), seguindo-se os arenosos 21,28% e argilosos
19,15%.

c. Informações sobre a Atividade de Floricultura -A floricultura é uma atividade agrícola de uso


intensivo dos fatores de produção, por conseguinte, as áreas exploradas são relativamente
pequenas, comparando-a a outras atividades agrícolas.
Observou-se na pesquisa, que a área média cultivada com flores e plantas ornamentais é de 1,73
ha por produtor. Esse valor corresponde, em média, a 8,61% da área total da propriedade. As
propriedades com menos de 5 ha plantados com flores correspondem a 70,20% do total, de 5 a 10
representam 19,15% e com mais de 10 ha são 10,65%. Entre os entrevistados, 55,32% produzem
plantas tropicais e 44,68% plantas de clima temperado. O grupo de flores de corte está presente
em 40,22% das propriedades pesquisadas, seguindo-se as folhagens de corte com 18,48%, flores
em vasos com 8,70% e folhagens em vaso com 1,09%. As plantas ornamentais, mais direcionadas
para parques e jardins, figuram com 31,51% do total, destacando a produção de mudas diversas
com 10,87%, palmeiras com 6,52%, arbóreas com 4,35%, além de outros tipos (trepadeiras,
arbustos, forrações etc) com menor expressão.
A aquisição de insumos é feita principalmente de forma individual (80,85%), e em grupo,
19,15%. Os produtores destacaram alguns problemas na aquisição de insumos/ matéria-prima,
tais como: preços elevados, a falta de material, a demora na sua obtenção e o fato de grande
parte desses produtos ser oriunda do estado de São Paulo, dificultando sua compra.

d. Infra-estrutura Produtiva e Nível Tecnológico do Produtor - A irrigação é uma prática utilizada


por, praticamente, a totalidade dos produtores de flores e plantas ornamentais (95,74%). O
gotejamento é o método de irrigação mais utilizado (28,57%), seguindo-se a micro-aspersão
(25,71%), aspersão (24,29%), aguação com mangueira (7,14%), nebulização (4,29%), sulco
(4,29%), inundação (2,86%) e outros (2,86%). Foram listados alguns indicadores empregados nas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 230


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

unidades produtoras de flores e plantas ornamentais para aferir seus níveis tecnológicos,
observando-se as seguintes freqüências de utilização: Fonte de água permanente (100%); Energia
elétrica (95,74%);
Equipamento de irrigação/nebulizador (95,74%); Adubação orgânica (95,74%); Telefone

(89,36%); Controle de praga convencional (85,11%); Padronização e classificação (85,11%);


Adubação química (85,11%); Planejamento da produção (74,47%); Análise de solo (74,47%);
Controle de custos (72,34%); Computador (70,21%); Limpeza de produtos (65,95%); Mão-de-obra
especializada (65,95%); Assistência técnica permanente
(65,95%); Tratamento de sementes e mudas (65,95%); Embalagem (59,57%); Estufa

(57,44%); Internet (57,44%); Estrutura de beneficiamento (55,32%); Fertirrigação

(51,06%); Packing-house (51,06%); Manejo integrado de pragas e doenças (48,94%); Fax


(46,81%); Aplicação de herbicidas (46,81%); Controle biológico (27,65%); Estrutura de 9
armazenamento sem câmara fria (25,53%); Estrutura de refrigeração (25,53%); Estrutura de
armazenamento com câmara fria (23,40%); Indução floral (17,02%); Transporte do produto em
veículo com controle de temperatura (12,76%); Produção orgânica (10,63%). De acordo com esses
indicadores, dividiu-se o processo produtivo dos floricultores em três níveis: alta tecnologia, com
utilização de mais de 70% dos indicadores; média, de 40% a 70%; e baixa tecnologia, com menos
de 40% dos indicadores. Os produtores foram enquadrados da seguinte forma: 17,02% quando
utilizam baixa tecnologia; 55,32%, média tecnologia; e 27,66% utilizam alta tecnologia.
Deve-se observar, que os sistemas de produção para as plantas de clima temperado requerem uso
de tecnologias mais complexas, que podem incluir os viveiros ou estufas, sistemas climatizados
etc. As plantas tropicais, por encontrarem condições mais próprias de seu habitat, requerem menos
tecnologias de produção.
e. Produção e Mercado - Os principais insumos utilizados na produção foram caracterizados,
identificando-se o tipo de fornecedor e o local de aquisição. A aquisição de sementes, bulbos e
mudas é realizada diretamente com produtores (40,00%), ou em produção própria (39,76%), com
atacadistas (10,49%), com cooperativas (5,00%) e com varejistas (4,76%). A origem das sementes
e mudas adquiridas de outros estados representa 40,81%, seguida pelo fornecimento do próprio
município (38,14%), de outro município do estado (16,28%), da capital do estado (2,44%) e de
outro país (2,33%). Com relação a adubos, fertilizantes, defensivos e substratos, os maiores
fornecedores são os varejistas (56,86%), os atacadistas (20,70%), as indústrias (15,70%) e da
produção própria (6,74%).
Esses insumos são adquiridos, sobretudo, na capital estadual (34,98%), no próprio município
(33,59%), em outro município do estado (19,02%) e em outro estado (12,41%).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 231


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Como o uso de irrigação representa uma tecnologia fundamental na atividade, a aquisição do


material destinado a essa finalidade representa um dos principais itens de investimento. As
aquisições são realizadas principalmente com os varejistas (65,11%), com os atacadistas (20,89%)
ou diretamente com os fabricantes (14,00%). O material de irrigação é adquirido na capital estadual
por 47,45% dos produtores, em outro estado (21,91%), em outro município do estado (16,38%), no
próprio município (12,13%) ou importado de outro país (2,13%).
No sistema de produção de flores e plantas ornamentais, em sua maior parte, o produto sai da
unidade produtiva após haver recebido um tratamento pós-colheita: os produtos são vendidos em
vasos, sacos, torrões ou com raízes nuas, no caso de plantas vivas e, no caso de flores e folhagens
de corte são embaladas para sua comercialização.
Vasos, bandejas, floreiras, tubetes, sacos e materiais similares são comprados com os varejistas
(65,46%), atacadistas (28,13%), indústrias (6,25%) ou cooperativas (0,16%). Esses produtos são
mais encontrados em outro estado (47,50%), capital do estado (37,19%), outro município (12,50%)
ou no próprio município (2,81%). O material de embalagem é adquirido com os varejistas (39,06%),
nas indústrias (31,25%), com os atacadistas (28,13%) ou com as cooperativas (1,56%). O local de
aquisição de embalagem é em outro estado (53,79%), na capital do estado (37,59%), em outro
município (5,17%) ou no próprio município (3,45%).
Os implementos, ferramentas e equipamentos são adquiridos principalmente no varejo (88,45%),
algumas vezes no atacado (7,11%) ou diretamente na indústria (4,44%). As aquisições de
implementos, ferramentas e equipamentos são realizadas principalmente, no próprio município
(45,33%) e na capital do estado (39,57%). Em outro município do estado são realizadas 10,87%
das aquisições e em outro estado 4,24%.

Os principais fornecedores de câmara frigorífica são as indústrias com 37,50% do total, seguindo-
se os atacadistas (25%), varejistas (25%) e próprio 12,50%. As aquisições
10 de câmara frigorífica são realizadas, sobretudo em outros estados (37,00%) ou no próprio
município (30,00%), na capital do estado (28,00%) ou em outro município (5,00%). Como muitas
dessas plantas são vulneráveis a doenças e pragas, desenvolvem-se melhor no interior de casas
de vegetação onde as condições podem ser controladas, entretanto, há elevação dos custos com
relação aos investimentos e ao consumo de energia.
No Nordeste, as casas de vegetação são denominadas de estufas, viveiros ou telados, contando
com estruturas mais ou menos sofisticadas, desde simples construções com cobertas rústicas
construídas no próprio imóvel, até aquelas pré-fabricadas oriundas de indústrias especializadas.
As aquisições de estufas realizadas diretamente das indústrias representam 34,21% das compras
realizadas, seguindo-se as compras no varejo 29,47%), no atacado (25,26%), construção própria

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 232


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(6,84%) e em cooperativas (4,22%). As aquisições em outro estado predominam (54,47%),


seguindo-se: no próprio município
(25,79%), na capital do estado (14,74%), em outro país (2,63%) e em outro município do estado
(2,37%).
Os produtores de flores e plantas ornamentais nordestinos exploram uma vasta gama de espécies,
porém 27,66% deles declaram explorar uma única espécie. Dentre estes predominam os
produtores de flores temperadas, especialmente a rosa (53,85%) e o crisântemo (30,77%),
indicando especialização do floricultor. Os produtores de plantas tropicais caracterizam-se por uma
grande variedade de cultivos, que em alguns casos significam várias dezenas de espécies.
Considerando o valor da produção, a rosa constitui-se na principal espécie produzida no Nordeste,
cultivada por vários pequenos produtores estabelecidos nos microclimas serranos e por modernas
empresas especializadas, instaladas principalmente na região da Ibiapaba (CE), voltadas ao
abastecimento do mercado regional e internacional.
Como principal cultura explorada, a rosa é mencionada por 21,28% dos produtores pesquisados.
O crisântemo, que é produzido para flor de corte constitui a principal cultura para 10,64% dos
produtores, enquanto a produção em vaso representa o principal produto para 6,38% dos
floricultores. Os denominados abacaxis ornamentais representam importante parcela dos produtos
da floricultura regional que participam da pauta de exportação e figuram como principal grupo
explorado para 4,25% dos produtores e como segundo para
5,88%. A participação da ixora como principal cultura explorada ocorre entre apenas 2,13% dos
produtores de flores e de plantas ornamentais do Nordeste, mas com forte quantitativo no valor
comercializado.

As helicônias são plantas tropicais que têm participação crescente na floricultura nordestina. Deve-
se destacar que as diversas espécies de helicônias constituem o grupo mais utilizado como cultura
principal (23,40%) entre os produtores pesquisados.
Considerando-se como segunda principal cultura, estão presentes em 23,53% dos produtores. As
principais helicônias exploradas no Nordeste são: bihai, rostrata, golden torch, wagneriana, sexy-
pink, collinsiana, jacquinii, alan carle, rauliniana, sassy, she etc. As alpínias são também plantas
tropicais de crescente participação na atividade, embora somente 2,13% dos produtores as tenham
como principais espécies produzidas. Aparecem mais fortemente como segunda principal cultura
para 5,88% dos produtores, terceira para 11,76%, quarta para 7,69%, quinta para 18,18% e sexta
para 20,00%, entre as diversas espécies.
As palmeiras representam as principais espécies produzidas para 6,38% dos produtores e a
segunda para 5,88%. Entre elas são destacadas a areca-bambu, palmeiracariota (molambo),

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 233


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

palmeira-de-leque, palmeira-imperial, palmeirinha-rabo-de-peixe, carnaubeira, catolé, coqueiro-da-


baia, entre outras.
A gérbera e o gladíolo (palma-de-santa-rita) são cultivados por 4,25%, cada, dos floricultores
nordestinos pesquisados. Outras espécies com forte presença na produção 11 nordestina são:
antúrio, lírio, solidago (tango), bastão-do-imperador, copo-de-leite, rótons, gipsofila, tapeinóquilo,
pingo-de-ouro, fícus, hibisco, girassol, nim, antúrio, sorvetão, cheflera e musas.
A rosa é produzida, sobretudo, no estado do Ceará e, em menor escala, da Bahia e de Pernambuco.
Ao mercado externo, é destinada 57,65% da produção nordestina e ao mercado nacional 42,35%,
sendo 27,35% para abastecimento do Nordeste e 15,00% para o restante do País. A produção de
crisântemo no Nordeste é oriunda dos estados da Bahia, do Ceará e de Pernambuco, destinando-
se, principalmente, ao mercado do próprio estado onde é produzido (71,81%) e a outros estados
nordestinos (23,64%). Apenas 2,45% da produção destina-se a outros estados brasileiros e 1,80%
ao mercado externo. O abacaxi ornamental é quase inteiramente produzido no Ceará, destinando-
se à exportação (95,50%), enquanto 4,48% é direcionado a outros estados brasileiros fora do
Nordeste. Com relação à ixora, o estado do Ceará é o grande produtor. Da produção, 53,84% é
destinada ao Nordeste e 46,16% ao restante do País. Alagoas e Pernambuco são os principais
produtores de alpínias, cuja produção é direcionada ao mercado do Nordeste (44,07%), ao resto
do País (33,12%) e ao mercado externo (22,81%). As helicônias são produzidas, principalmente,
nos estados de Alagoas, Pernambuco, Bahia e Ceará. Em sua maior parte (61,03%) são vendidas
no próprio Nordeste, enquanto 20,06% destina-se ao restante do País e 18,91% ao mercado
externo.
As diversas palmeiras são produzidas em todo Nordeste, destacando Ceará, Pernambuco, Alagoas
e Bahia, com os maiores quantitativos. Representam um produto de forte característica regional,
destinando-se 94,90% para os consumidores nordestinos, 3,52% para o restante do País e 1,58%
para o mercado externo. Referente à produção de gladíolo, a Bahia é seu maior produtor, seguindo-
se Pernambuco e Ceará. O seu destino é inteiramente regional, sendo 55,63% destinado às
capitais nordestinas, 24,47% a outros municípios do Nordeste e 19,90% ao próprio município
produtor.
A inadimplência dos compradores representa um dos fatores desestimulantes à atividade.
Conforme os produtores, ela ocorre com freqüência maior entre os decoradores (26,67%), lojistas
(23,33%) e intermediários/atacadistas (16,67%). A venda da produção é realizada de forma
individual em 66,67% dos casos, enquanto 33,33% utiliza a comercialização em grupo. Com
relação à forma de negociação dos produtos, o processo de informalidade predomina (52,78%)
sobre o de formalidade (47,22%). Considerou-se formal o processo de comercialização com
emissão de nota fiscal. As formas de pagamento mais empregadas são: a prazo até 30 dias

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 234


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(36,36%); a vista (30,68%), a prazo de 30 a 45 dias (17,05%), a prazo acima de 45 dias (10,23%)
e em consignação (5,68%).
No processo de comercialização, desde a colheita até a entrega do produto, ocorre perda média
de 8,78 % da produção por produtor. A dimensão das perdas pode variar de acordo com os
cuidados no decorrer da colheita e pós-colheita, assim como pelas espécies ou variedades
cultivadas. As maiores freqüências (57,45% das unidades produtoras) variaram na faixa entre 0 e
5% de perdas, mas em 12,75% elas superam 25% da produção.

Emprego e Renda - A mão-de-obra utilizada pela unidade produtora de flores e plantas


ornamentais do Nordeste é, em média, de 19,02 trabalhadores, sendo 17,04 (89,60%)
permanentes e 1,98 (10,40%) temporários. Considerando que a unidade produtora conta com 1,73
ha cultivado com floricultura, tem-se que, por cada hectare, são criados 9,85 empregos
permanentes diretos na produção. Em geral, a mão-de-obra masculina é empregada no plantio e
a feminina, na limpeza e padronização dos produtos.
Da mão-de-obra permanente utilizada, a familiar corresponde a 8,61% e a assalariada a 91,39%,
dos quais 84,27% com remuneração entre 1 e 2 salários mínimos mensais. Em média, a floricultura
representa 57,42% da renda familiar do produtor, sendo 12 o restante complementado com
atividades. Porém, para 53,19% dos produtores ela representa menos de 20% da renda familiar.
Informações sobre Operações Bancárias - Entre os floricultores nordestinos entrevistados,
36,96% dispõem de financiamento bancário e 63,04% não o possuem. Os principais itens
contemplados pelos financiamentos foram: irrigação (23,08%), estufas e investimentos gerais
(13,46% cada), aquisição de máquinas e equipamentos (13,46%), compra de matéria-prima
(9,62%), packing-house (7,69%), capital de giro (7,69%) e aumento da área (5,77%), fonte hídrica
(3,85), além de outros com menor expressão. A principal fonte de crédito regional é o BNB,
responsável por 76,19% das operações realizadas, seguindo-se o Banco do Brasil e o BNDES com
9,52%, cada.
Embora a maioria dos produtores (56,82%) ainda deseje obter novos financiamentos, considera-
se bastante significativo o fato de 43,18% não desejarem obter novos financiamentos. Os
produtores que desejam obter novos financiamentos têm os seguintes principais objetivos: a
ampliação da atividade (53,66%), o capital de giro (17,07%), a aquisição de máquinas e
equipamentos (9,76%) e a compra de matéria-prima (9,76%). Dos 43,18% que não desejam novos
financiamentos, os principais motivos são o receio de endividamento (31,03%) e o excesso de
burocracia (27,59%).

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 235


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Capacitação e Assistência Técnica - As principais fontes de aquisição de conhecimento técnico


são as revistas especializadas e outros produtores, apontados por 18,35% dos casos, cada. Outras
fontes importantes são: associações (8,26%), livros especializados
(7,34%), experiência própria (7,34%), televisão (6,42%), cursos (6,42%), técnico especializado
(5,50%), cooperativas (4,59%), eventos (4,59%), internet (3,67%), além de outras menos citadas.
A participação em eventos como reuniões, cursos, seminários e congressos sobre floricultura
alcançam uma média de 4 eventos/produtor/ano, sendo 58,73% desses eventos patrocinados por
organizações governamentais. As cooperativas/associações são responsáveis pela promoção de
16,40% dos eventos, organizações não governamentais por 11,11%, escolas/universidades por
3,70% e excursões por 3,70%. Do apoio técnico recebido pelo produtor, 27,78% refere-se à
assistência técnica na área de produção; 18,89% na capacitação técnico/produtiva; 17,78% na
comercialização; e 7,78% na capacitação em gestão e administração. A assistência técnica do
próprio produtor corresponde a 24,62% do total de todas as fontes, seguindo-se a Secretaria de
Agricultura e o Sebrae com 23,08%, cada, os fornecedores de insumos com 6,15%, a Emater com
4,62% e a Embrapa com 1,54%.
i. Organização Social - A forma de organização da produção predominante no Nordeste é a
individual (80,43%), além de 10,87% que produzem em associação e 6,52% na forma de
cooperativa. A principal contribuição do associativismo, destacada pelos produtores que participam
de alguma associação, é a de facilitar a compra de matérias primas e insumos (32,43%), seguindo-
se a oferta de capacitação (21,62%), a prestação de assistência técnica e a comercialização dos
produtos com 8,11%, cada. Porém, 13,51% dos participantes em associação, informam que ela
não contribui para o sucesso do seu negócio. Entre os motivos apontados pela parcela dos
produtores que não é associada a qualquer organização, destacam-se a inexistência de
associações no local, o desinteresse em se associar, a falta de organização, a falta de motivação
e a falta de congraçamento.

1.4.2 O Segmento Varejista

O varejo de floricultura no Nordeste compreende as lojas especializadas em flores cortadas e


arranjos, jardins para venda de plantas vivas em forma de mudas e vasos, gôndolas de
supermercados, vendas avulsas (sinais de trânsito, quiosques, praças e pontos de grande
circulação), feiras, shoppings, lojas de conveniência.
Para que o cliente não necessite se deslocar até o local de compra, estão surgindo ainda 13 novas
formas de comercialização por telefone, fac-símile, pela Internet, depósito bancário e eletrônico

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 236


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(COSTA, 2003).
Os resultados da pesquisa realizada com os vendedores de flores e de plantas ornamentais
localizados nas principais cidades do Nordeste e do norte dos estados de Minas Gerais e do
Espírito Santo estão apresentados a seguir.

a. Perfil do Varejista - Cerca de 62% dos varejistas de flores e de plantas ornamentais é constituída
por pessoas do sexo feminino. Com relação à faixa etária, o grupo com idade de 34 a 43 anos
representa 36,36% do total, seguindo-se a faixa de 44 a 53 anos, com 29,09%. Na faixa de 24 a
33 anos encontram-se 20,00% dos proprietários, na faixa de 54 a 63 anos, 12,72%, e com mais de
64 anos constam apenas 1,83%.
O nível de escolaridade predominantemente é o Segundo Grau Completo (33,93%), seguindo-se
o Superior Completo (30,36%), Primeiro Grau Completo (10,71%), Superior Incompleto (8,93%),
Primeiro Grau Incompleto (7,14%), Segundo Grau Incompleto (5,36%) e apenas alfabetizado
(3,57%).
A formação acadêmica dos proprietários de lojas de floricultura e de plantas ornamentais é bastante
variada, destacando os seguintes: administrador de empresas (19,05%), professor (14,29%),
engenheiro agrônomo (9,53%) e engenheiro químico (9,53%). Outras formações com menores
freqüências são psicólogo, orientador educacional, geógrafo, engenheiro civil, enfermeiro,
economista, contabilista, bacharel em letras, advogado e administrador hospitalar (4,76%, cada).
A floricultura constitui-se na principal atividade para 63,16% dos varejistas, seguindo-se decoração
com 10,53%, comércio com 7,12% e paisagismo, com 5,26%. Os floristas e vendedores de plantas
ornamentais realizam algumas atividades associadas ao comércio de flores e plantas ornamentais,
especialmente decoração, realizada por 52,17% do total. Outros 15,94% se dedicam à produção
de flores, 8,70% ao paisagismo, 4,35% como despachante de mercadorias e à consultoria técnica,
e 2,90% à exportação.

Caracterização da Empresa - As vendas são efetuadas, principalmente, em pequenas lojas,


alugadas (58,93%) ou próprias (41,07%). A área média dos pontos de venda situase em torno de
225 m². Dos pontos de venda de flores de corte, 38,60% têm menos de 48 m², 52,64% menos de
94 m² e 63,17%, menos de 139 m². Deve-se observar que as áreas utilizadas para comercialização
de flores e folhagens de corte são menores que as utilizadas para comercialização de plantas vivas,
estas muitas vezes são dispostas em grandes áreas abertas. A maioria dos floristas (52,63%) está
na atividade há menos de 11 anos, 26,32% estão entre 11 a 20 anos na atividade e 15,78%
desenvolvem-na há mais de 20 anos.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 237


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Informações sobre os Custos - Os investimentos necessários realizados por uma unidade


comercial para venda de flores e plantas ornamentais envolvem, em média, os seguintes itens:
área construída de 64,6 m², um veículo de transporte, uma câmara frigorífica, dois refrigeradores,
dois balcões, quatro mesas, oito cadeiras, armações de tijolo, vasos decorativos (54), dois
aparelhos de telefone, dez prateleiras e serviços de decoração. As edificações correspondem em
torno de 33,33% do orçamento geral, seguindo-se o veículo (27,58%), câmara frigorífica (23,90%),
balcões (3,47%), refrigeradores (2,44%), além de outros itens, já relacionados, com menores
valores. As unidades que se dedicam à venda de plantas vivas podem dispensar alguns desses
itens, a exemplo de câmara fria, reduzindo seus investimentos.
A manutenção da unidade comercial envolve custos médios mensais englobando os seguintes
itens: aluguel (30,58%), combustível (19,21%), telefone (18,51%), energia elétrica (15,33%),
contador (10,16%), água (4,03%), internet (1,92%) e FAX (0,26%).
A mão-de-obra empregada, em média, situa-se em 4,34 funcionários permanentes por unidade
comercial. Da mão-de-obra permanente, a familiar é em média 1,51 por loja, 14 sendo o restante
(2,83 funcionários), constituída por assalariados, correspondendo ao custo médio mensal de R$
558,07. A mão-de-obra temporária é requisitada, sobretudo, nas datas especiais de grande venda:
Dia Internacional da Mulher, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia de Finados e Natal. Em média,
são utilizados 2,04 empregados temporários por estabelecimento.
Um importante aspecto no êxito da atividade, refere-se ao processo de capacitação dos
funcionários. Desse modo, 69,64% das floriculturas investem em capacitação da mão deobra em
arte floral.
d. Insumos e Matérias-primas - As matérias-primas e insumos adquiridos pelos varejistas são de
diversas procedências. Importante parcela (23,78%) é adquirida diretamente de produtores de
outros estados, seguindo-se, em importância decrescente, as aquisições de atacadistas de outro
estado (21,29%), atacadistas locais (19,82%), produtores locais (14,06%), produção própria
(13,90%) ou outro varejista (7,15%).
Os principais fornecedores regionais são: Kato Flores, representando 18,68% das citações,
seguindo-se: Terra Viva (14,29%), Paulo Stéfano (10,99%), Agroflores (8,79%), Cearosa (6,59%),
Holambra (6,59%), Nildo Flores (4,40%), Portugal Comércio de Flores (3,30%),
Kubo Flores (3,30%), Leda Romcy (2,20%), Naturalis (2,20%), Marcos Flores (2,20%),

Terra Flor (2,20%), Distribuidora de Flores Carlos Candian (2,20%), Floragem (2,20%), Itográs
(2,20%), Mauricinho (2,20%), e Frucafé (2,20%).
Para 75,44% dos varejistas de flores e plantas ornamentais, não existe maiores dificuldades para
aquisição de insumos e matéria-prima, mas foram apontados alguns problemas nessa área, tais

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 238


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

como: alto custo de transporte devido à distância desde o local da produção; falta de produtores
locais; poucos fornecedores; dificuldade de fornecimento de algumas mercadorias, preço alto,
distância/dificuldade de acesso aos fornecedores e prazos de pagamento insatisfatórios.
A rosa é o produto principal no comércio de flores e de plantas ornamentais, sendo adquirida por
82,45% dos varejistas, seguindo-se crisântemo de corte (61,40%), gérbera (40,35%), lírio (33,33%),
folhagens (26,32%), solidago (26,32%), crisântemo em vaso (24,56%), gipsofila (19,30%), orquídea
(17,54%), gladíolo (15,79%), antúrio (14,04%) e samambaia (14,04%). O conjunto de flores
tropicais (helicônias, alpínias, costus, sorvetão etc) participa das aquisições dos varejistas com
22,81% de freqüência. Nas informações sobre as principais espécies botânicas adquiridas pelos
varejistas e o local de suas aquisições, deve-se observar que, muitas vezes, se referem a
aquisições de atacadistas de outras regiões, ou que compram seus produtos em outros locais.
Dos varejistas entrevistados que adquirem rosas, 54,53% indicaram ser provenientes do Nordeste,
30,39% de outras regiões brasileiras e 15,08% do Exterior. O crisântemo de corte é adquirido no
Nordeste (60,63%), no Exterior (19,80%) e em outras regiões do Brasil (19,57%). A gérbera é,
principalmente, oriunda do Nordeste (69,71%) e de outras regiões brasileiras (30,29%). As
aquisições de lírio pelos varejistas são feitas com fornecedores do Nordeste (64,43%) ou de outros
estados brasileiros (35,57%). Por sua vez, 78,26% das folhagens são adquiridas no Nordeste e
21,74% em outras regiões. O solidago é adquirido no Nordeste (73,93%) ou em outras regiões
brasileiras (26,07%). O crisântemo de vaso tem como origem o Nordeste (83,73%), enquanto os
fornecedores de outras regiões brasileiras participam com 16,27%. O fornecimento de gipsofila aos
varejistas é do próprio Nordeste (56,63%) e de outros estados brasileiros fora da região (43,37%).
As orquídeas são compradas no Nordeste (66,67%) e em outros estados brasileiros fora da região
(33,33%). Também o gladíolo é adquirido principalmente no Nordeste (72,22%) ou em outros
estados brasileiros (27,78%). O antúrio provém principalmente do Nordeste (82,40%) e de outras
regiões (17,60%). A samambaia é adquirida principalmente no Nordeste (75,38%) e em outras
regiões (24,62%). A azaléia
15 comercializada no Nordeste é oriunda de outras regiões brasileiras. As violetas são adquiridas
do restante do País (35,46%), do Nordeste (32,27%) e do Exterior (32,27%).
Os insumos adquiridos no ano anterior totalizam, em média, R$ 19.118,85, distribuídos com os
seguintes itens: material de embalagem (25,94%), folhas e galhos artificiais (17,65%), material para
arranjos (15,42%), vasos, jarros e cestas (13,09%), artigos de decoração (12,55%), fertilizantes e
agroquímicos (7,76%) e implementos e utensílios (7,60%).

e. Informações sobre as Vendas - As flores de corte constituem o grupo mais comercializado


pelos floricultores (32,10%), seguindo as flores em vaso (12,95%). As mudas de plantas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 239


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ornamentais, utilizadas para paisagismo e jardins, englobam 22,08% das vendas deste segmento.
As folhagens são comercializadas por 9,32% dos floricultores, gramados (5,81%), forrações
(4,43%) e outras, em menor quantidade. No conjunto, as plantas de clima temperado predominam
com 62,18% da comercialização e as tropicais, em ascensão, representam 37,82%.
O comércio de flores e de plantas tropicais apresenta grande sazonalidade, com maiores
concentrações nos meses de março, maio, junho, novembro e dezembro, quando ocorrem os
eventos Dia Internacional da Mulher, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia de Finados e os
festejos de Natal e Fim de Ano, respectivamente. Os compradores de flores e plantas ornamentais
são compostos pelas seguintes categorias: pessoa física (32,42%), funerária (12,94%),
organizadores de eventos (11,32%), decoradores (10,71%), outro varejista (9,70%), buffet (8,11%),
além de outros menos expressivos.
A inadimplência não representa problema acentuado no varejo de floricultura, ocorrendo em 3,50%
das vendas totais, dos quais 80,61% referem-se aos consumidores individuais, 10,78%, aos
decoradores e 8,61%, a outros consumidores.
Considerando-se a forte característica de perecibilidade das flores e folhagens de corte, procurou-
se verificar a dimensão das perdas ocorridas com os produtos comercializados. No conjunto da
atividade, a pesquisa indicou que essas perdas situavam- se em torno de 14,44%.

Operações Bancárias - Embora 59,65% dos varejistas de flores e plantas ornamentais


afirmassem a necessidade de financiamento, apenas 24,56% dispõem de alguma operação
bancária. A principal finalidade do crédito refere-se a capital de giro (50%), seguindo-se
investimentos diversos e aquisição de matéria-prima (16,67%), aquisição de veículo (8,33%),
aquisição de máquinas e equipamentos e despesas com capacitação de mãode-obra (4,17%), em
ordem decrescente de importância. Os varejistas manifestaram a necessidade de novos
financiamentos, especialmente para ampliação da atividade (30,67%), capital de giro (29,33%),
aquisição de máquinas e equipamentos (16,00%) e aquisição de matéria-prima (14,67%).
Os recursos próprios representam a principal fonte de financiamento (57,15%) para os varejistas,
seguindo-se o Banco do Brasil (14,29%), Caixa Econômica Federal (8,16%) e o BNB (2,04%). O
crédito informal, as cooperativas de crédito, fornecedor de matéria-prima e agiota, aparecem com
2,04%, cada.

Organização Social - Conforme suas percepções, 42,11% dos varejistas declararam que a
atividade apresenta pouca integração, para 28,07% não havia integração, enquanto 21,05%
declararam existir muita integração.
A participação em associação ligada à atividade é realizada por apenas 15,79% dos pertencentes

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 240


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

a essa categoria econômica. Entre os motivos relacionados por aqueles que não participam de
associações, destacam-se a inexistência no local (42,55%), falta de interesse ou de iniciativa
(10,63%), descrença na associação (8,51%), não apresentar vantagem
(6,38%), além de outros menos mencionados. Os que participam de associações
afirmam que elas contribuem para a capacitação e treinamento (33,33%), aquisição e 16 revenda
de insumos (13,33%), assistência técnica (13,33%), promoção e marketing (13,33%) e
comercialização (6,67%).
A importância de eventos relacionados à atividade, como feiras, exposições, seminários e
congressos, foi considerada muito importante por 71,92% dos entrevistados, pouco importante para
10,53% e sem importância para 7,02%.

1.5 Aspectos de Produção no Nordeste

Na região Nordeste, a atividade precisa superar algumas barreiras que foram percebidas à medida
que se avançou na realização deste trabalho. Algumas das barreiras dizem respeito ao fato de ser
uma atividade de recente desenvolvimento na Região e carente de informações de órgãos oficiais
quanto à quantidade de produtores em cada estado, suas respectivas espécies produzidas, e um
cadastro com informações de endereço e telefone.
A produção de flores e plantas ornamentais requer vasta gama de insumos, sementes, bulbos,
mudas, substratos, fertilizantes, defensivos, materiais de embalagens, vasos, instalações,
equipamentos, máquinas e implementos. A oferta desses insumos nem sempre é disponível nas
áreas produtoras, sendo grande parte originária de outras regiões do País, especialmente de São
Paulo. As dificuldades de sua aquisição, com reflexos na elevação dos custos, são devido às
distâncias percorridas, despesas adicionais em conta de telefone, além de freqüentes enganos no
fornecimento dos insumos solicitados.
Os produtores apresentam alto grau de escolaridade, que pressupõe maior facilidade de
aprendizagem e de inovação, mas a maioria dedica-se à atividade há pouco tempo, portanto, com
pequena experiência. Os plantios ocupam áreas relativamente pequenas, mas, geralmente, com
disponibilidade de recursos hídricos.
A oferta de mão-de-obra é abundante, submetida a baixas condições salariais, entretanto, pouco
capacitada, requerendo treinamento. Os operários são, preponderantemente, oriundos de outras
lides rurais, ainda sem a conscientização dos devidos cuidados requeridos pela atividade. Os
conhecimentos e a habilidade com a nova experiência são adquiridos na labuta diária.
Os produtores informais têm um custo de produção mais baixo e, portanto, podem colocar seus

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 241


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produtos a um preço inferior no mercado, competindo de forma desleal com os produtores formais,
além disso, podem entrar e sair da atividade com mais facilidade, promovendo também
desorganização do segmento no mercado.
Considerando-se o total de produtores entrevistados, percebeu-se pouca profissionalização e baixa
especialização na produção. Muitos produtores de plantas tropicais, exceto ananás ornamental,
possuíam propriedades nas serras ou áreas úmidas e começaram a produzir por hobby. Passaram
a exercer a atividade profissionalmente aproveitando a mão-de-obra já existente, contudo a
floricultura, geralmente, não é a atividade principal, não existe especialização, a produção
geralmente é diversificada e pequena e somente alguns têm controle gerencial, ou de custos.
Temem fazer negócios com grandes quantidades, dificultando a exportação individual dos seus
produtos, que geralmente são exportados, aproveitando a remessa de outros produtores para o
exterior.
Os produtores de plantas de clima temperado têm, geralmente, a floricultura como principal
atividade, são mais especializados, ou seja, cultivam uma pequena quantidade de espécies. Dentre
estes estão alguns produtores que vendem para o mercado externo. No mercado de exportação
se requer, sobretudo, atributos de compromisso, fidelidade na qualidade, quantidade e tempo de
entrega dos produtos, ou seja, atributos inerentes a uma atividade profissional. Algumas vezes não
é o que se pretende, quando a atividade é exercida por hobby, já que vem a se tornar motivo de
preocupação e não mais de lazer. Quando o compromisso com a atividade supera o prazer que se
tem ao exercê-la, 17 a opção mais comum é sair, uma vez que a renda obtida com a atividade
pouco interfere na renda total da família.
Percebeu-se algumas características importantes para o bom desempenho dos produtores que têm
na floricultura sua principal fonte de renda: cultivo de diversas espécies ou variedades, diminuindo
o risco da atividade; possuir ponto próprio de venda, ficando com a margem de valor entre a
produção e o varejo; investimento em decoração,agregando maior valor ao produto; mão-de-obra
familiar, com cada membro da família especializado em determinada função, produção, agregação
de valor, comercialização etc, de forma que, quem produz, não esteja preocupado com a
comercialização, e vice-versa.
As preferências quanto à forma de apresentação dos produtos (tamanho da haste, quantidade de
hastes por maço etc) são diferentes, de acordo com cada local.
Como distribuidores, os atacadistas desempenham a função de intermediário entre produtores e
varejistas. Muitos atacadistas que comercializam no Nordeste vêm de São Paulo, e distribuem tanto
a produção local como a adquirida em outras regiões, especialmente em Holambra (SP).
Embora a atividade registre crescimento nos últimos anos, é pequena a dimensão do mercado
regional havendo grande disputa pela demanda. Alguns segmentos da cadeia ultrapassam seus

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 242


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

limites desempenhando funções que caberiam a outros, gerando competições entre eles, quando
deveriam exercer funções complementares na comercialização. É o caso de atacadistas que
vendem diretamente aos consumidores, eliminando a função dos varejistas ou de produtores que
trabalham como distribuidores, reunindo os produtos de lotes vizinhos aos seus e fornecendo
diretamente aos varejistas, causando insatisfação aos atacadistas.
O caráter altamente perecível das flores e folhagens cortadas, agravado pelas temperaturas
elevadas predominantes no Nordeste, exige dos distribuidores a manutenção de uma estrutura de
climatização de custo elevado e maior dinamismo nas vendas. A mão-de-obra qualificada para o
manuseio de um produto que adquire valor por sua apresentação é escassa. Geralmente, os
próprios varejistas promovem a capacitação de seus funcionários, especialmente em artes florais,
ensinando-lhes a produzir buquês, corbelhas, e demais arranjos. Como não existem cursos de arte
floral permanentes, o investimento em treinamento é feito esporadicamente, somente quando vem
algum consultor de fora, por ocasião de eventos.
Ao mesmo tempo, o posicionamento geográfico do Nordeste possibilita acesso favorável aos
mercados da Europa e América do Norte, que são os principais consumidores e importadores de
flores e plantas ornamentais. Embora o mercado europeu constitua o principal destino da produção
nacional e regional, a crescente participação do produto nacional no mercado norte-americano,
significa novos caminhos para a exportação.
Apesar do recente crescimento da produção regional, isso nem sempre se reflete nos preços dos
produtos, persistindo casos em que o produto de outras regiões é mais barato que os produzidos
localmente.
O consumidor nordestino despende em torno de R$ 5,38 per capita / ano com flores e plantas
ornamentais. Existem diferentes consumidores, com preferências distintas quanto às espécies e
forma de apresentação dos produtos. Os consumidores de flores temperadas são, geralmente, o
individuo (filho, namorado, noivo, esposo). O consumo está mais relacionado a eventos (Dia das
Mães, Dia dos Namorados), festas religiosas (batizado, primeira comunhão, casamento),
formaturas, ou sepultamentos. A rosa épreferida pelos consumidores individuais. Os principais
consumidores de crisântemo são as funerárias. As flores em vaso são mais adquiridas pelas donas
de casa. Tradicionalmente as flores tropicais estão mais direcionadas para decoração em hotéis,
eventos, reuniões. As 18 decorações são feitas por empresas de eventos, buffets e decoradores
individuais. Existem grandes decoradores que só trabalham com flores tropicais. A distância e o
acesso à propriedade são fatores preponderantes para o bom desempenho da atividade, posto que
está relacionado, dentre outros fatores, ao tempo de entrega e conseqüentemente, à qualidade dos
produtos.
É baixo o nível organizacional e associativo do produtor. Embora digam que querem se organizar

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 243


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

em associação, dificilmente alguém se manifesta para assumir a liderança da organização. Com


poucas associações atuantes na Região, os varejistas também percebem a falta de união no seu
segmento. Diversos órgãos públicos estabeleceram e conduzem programas federais, regionais e
estaduais procurando estimular a floricultura. Nesse processo, estão envolvidos órgãos que atuam
no fomento, na assistência técnica, no crédito, na pesquisa e na comercialização. Universidades e
unidades da Embrapa, começaram a desenvolver trabalhos visando definir sistemas de produção
e oferta de mudas de qualidade para os produtores. Existem linhas de crédito para produção e
comercialização, especialmente nos bancos oficiais atuantes na Região. O BNB financia projetos
de pesquisa desenvolvidos pelas instituições regionais. Governos estaduais e o Sebrae têm
promovido a presença de técnicos nacionais e internacionais para cursos e conferências, como
forma de transmitir conhecimentos aos floricultores locais. Secretarias estaduais de agricultura e
empresas de extensão rural promovem ações para apoio à atividade.
Contudo, por ser uma atividade recente, com grande diversidade de espécies, é evidenciada a
carência de técnicos com conhecimentos especializados nesse tipo de cultura, especialmente em
sistemas de produção, forma mais adequada de manejo, questões sanitárias, pragas, doenças e
deficiências minerais. Existem poucas pesquisas sobre a atividade. Carência de conhecimentos
sobre as espécies produzidas e estudos de mercado.
Os eventos e as feiras são importantes canais de divulgação da atividade possibilitando a interação,
aumentando a integração e permuta de informações entre os diversos segmentos da cadeia
produtiva: produtores, varejistas e atacadistas de diferentes localidades, além da atualização com
as mais modernas tecnologias sobre a atividade. Governos estaduais têm investido na realização
de feiras e eventos promocionais diversos.
Anualmente ou esporadicamente, são realizados alguns eventos, que tratam sobre floricultura de
forma exclusiva ou como um dos componentes temáticos.
Algumas entidades têm incentivado a produção de flores e plantas ornamentais e muitas pessoas
ficam estimuladas a entrar na atividade com pouco ou nenhum conhecimento. É uma atividade que
requer controle, persistência e organização. Aqueles que não estão afeitos à atividade desistem
logo nas primeiras dificuldades que surgem.
O incentivo desordenado à produção pode causar problemas de saturação dos produtos no
mercado, com conseqüente queda de preço dos produtos ou até mesmo dificuldade em vendê-los.
Em casos de financiamento à produção, pode repercutir em dificuldades de pagamento ou
inadimplência. A promoção comercial dos produtos junto aos consumidores é quase inexistente.
As aquisições ocorrem geralmente de forma espontânea pelo consumidor, especialmente em datas
comemorativas. No mercado internacional, as promoções são direcionadas para algumas
espécies: rosa e plantas tropicais (abacaxi ornamental, helicônias, sorvetão etc). A carência de

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 244


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

informações pode ser uma barreira ao desenvolvimento ordenado da atividade. Existem poucas
literaturas especializadas, especialmente para determinadas regiões e não existem informações de
demanda e oferta de produtos, dimensionamento das áreas produtoras e respectivas espécies,
informações importantes para o crescimento equilibrado do setor.
A partir das constatações relatadas anteriormente e identificadas na pesquisa, recomendase a
seguir algumas providências com o objetivo de dinamizar o processo de produção de flores e
plantas ornamentais no Nordeste. Identificação dos principais insumos e matérias primas utilizadas
no processo de produção, beneficiamento, conservação, arte floral, embalagens, e incentivo à
instalação de empresas produtoras desses bens. Conscientização dos produtores sobre a
importância de sua inserção no mercado formal, respeitando obrigações trabalhistas, fiscais e
ambientais, com estabelecimento de selo de qualidade para os produtores que seguirem um código
de conduta a ser definido e que contemple aqueles aspectos. É necessário estabelecer formas de
incentivo à produção orgânica, para que a produção no Nordeste possa se desenvolver de forma
sustentável.
Incentivo às ações associativas visando reduzir custos na compra de insumos, aumentar a escala
de produção, capacitação e assistência técnica, facilitar a comercialização, entre outros fatores
positivos. Padronização dos produtos (tamanho e quantidade de hastes por maço etc) e de suas
respectivas embalagens, em consonância aos padrões nacionais e internacionais.
Apoio governamental ao segmento varejista na forma de estímulo à formalidade no desempenho
da atividade; redução de impostos sobre as mercadorias; disponibilidade e facilidade no acesso ao
crédito para financiamento e capital de giro. Fortalecimento da logística de distribuição, com
ampliação dos canais de comercialização. Construção de centrais de abastecimento, com
câmaras-frias nos principais pólos produtores, destinadas a receber e redistribuir a produção local.
Organização do mercado para onde será escoada a produção, a partir de informações sistemáticas
sobre a oferta dos produtos, e sobre os potenciais compradores: preferências, costumes, época de
maior demanda, espécies demandadas, forma de apresentação dos produtos, dentre outros
aspectos a serem observados.
Organização de um sistema de cadastro atualizado de produtores, distribuidores, compradores,
fornecedores de insumos e instituições que apóiam o setor, por órgãos de abrangência regional,
como Banco do Nordeste do Brasil e Sebrae, para transmissão de informações, realização de
pesquisas e comunicações diversas entre os estados do Nordeste. O cadastro de floricultores e
produtores deve conter informações sobre as principais espécies comercializadas, o volume e
período de produção de cada espécie, bem como localização da produção, de maneira que se
possa planejar a comercialização baseada em informações consistentes. O cadastramento de
produtores pode ser informado às secretarias estaduais da fazenda com vistas à possíveis

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 245


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

isenções de impostos.
Dinamização do mercado local com plano de divulgação dos produtos da floricultura, utilizando os
veículos de comunicação (rádio, jornal, televisão, telefone, out doors, Internet), com vistas ao
incentivo do consumo interno de flores.
Instituição da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais (2008) podendo ser integrada pelos
principais elos da cadeia: Ibraflor, Sebrae, Secretarias Estaduais de Agricultura,Instituto Agropolos
do Ceará, Embrapa, BNB, Associações de Produtores e representações dos demais segmentos da
cadeia.
Realização de pesquisas para identificação de espécies nativas com potencial ornamental,
obtenção de cultivares regionais, definição de sistemas de produção das espécies comercializadas,
adubação, controle de pragas e doenças, reprodução, póscolheita e padronização das flores.
Pesquisa sobre a logística adequada de transporte dos produtos no interior dos veículos, a partir
de suas formas de apresentação: vasos, hastes, mudas. Estudos mais aprofundados sobre o
agronegócio de flores e plantas ornamentais em todos os estados da Região: área plantada,
espécies comercializadas, demanda e oferta dessas espécies etc.
Incentivo à formação de técnicos especializados, direcionados à produção de plantas ornamentais
nos principais centros de ensino regionais. Fortalecimento dos órgãos de assistência técnica e
extensão rural, tornando mais efetiva a presença de técnicos nas áreas de produção. Plano de
capacitação tecnológica com a participação de todos os estados da região Nordeste, visando ao
rateio das despesas de contratação de consultores internacionais para capacitação tecnológica.
Para o produtor e seus funcionários, cursos de gerenciamento, sistema produtivo, leis ambientais,
direitos trabalhistas. Cursos de pulverização para o combate de pragas e doenças, mostrando os
devidos cuidados e os problemas de saúde provocados pela utilização inadequada de agrotóxicos.
Cursos de planejamento da produção, abordando a
escolha antecipada das espécies a serem exploradas, seus respectivos sistemas de produção e o
tamanho do mercado. Para varejistas e mão-de-obra empregada, aumento da oferta de cursos e
treinamentos, em gerenciamento e artes florais.
Recomendação ao IBGE sobre a inclusão de informações mais detalhadas sobre a floricultura no
próximo Censo Agropecuário.

1.6 Comercialização e Tendências no Setor Produtivo

No passado o Mercado Nacional apresentou-se bastante tradicional, consumindo principalmente


rosas, crisântemos, gladíolos e cravos como flores de corte; violetas, crisântemos no vaso de barro,

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 246


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

prímulas e gloxíneas como flores em vaso.


Atualmente com o advento da globalização, diversas empresas multiplicadoras introduziram novas
espécies e variedades, tendência essa que atende perfeitamente as necessidades do consumidor
brasileiro, que sempre está buscando novidades.
A Tabela I apresenta os principais grupos de flores e plantas com as respectivas espécies mais
importantes.

TABELA I.
Flores de Corte Flores em vaso Plantas Verdes em Plantas para Paisagis-
vaso mo

Crisântemos Violetas Ficus Palmeiras diversas

Rosas Kalanchoes Difenbachias Primaveras

Cravos Crisântemos Asplenium Hibiscus

Asters vaso de barro Cipestres Árvores diversas

Gypsophilas Crisântemos nos potes Dracenas Cicas


11 e 13

Lírios Azaleas Fitonias Thuias

Gérberas Prímulas Spathiphyllum Salvias

Gladíolos Gloxíneas Peperônias Tagetis

Antúrios Gloxíneas Filodendros Impatiens

Strelitzias Gloxíneas Samambaias Cinerárias

Helicônias Bromélias Singonium Durantas

Begônias Gerânios

Orquídeas Ixórias

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 247


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Petunias

Celósias

Lantanas

Atualmente o setor produtivo apresenta uma forte tendência de especialização, surgindo produtores
de material de propagação (mudas, sementes e bulbos), que detém alta tecnologia e representam
as grandes multiplicadoras mundiais. Os produtores de flores e plantas tendem a trabalhar apenas
com o produto final (flores de corte, flores em vaso, plantas verdes ou plantas para paisagismo) e
diminuindo o seu leque de espécies e variedades, trabalhando assim de uma forma mais
profissional e especializada.
Outro fator a ser levado em consideração é a grande diversidade de cores e formas, que as novas
variedades vem apresentando. O grau de especialização chega até o mesmo sobre a coloração e
o formato da flor. Como por exemplo podemos citar as rosas, onde existem diversas variedades de
coloração vermelha, sendo que algumas já estão saindo do mercado como as variedades Red
Succes e Madelon e outras estão entre as mais comercializadas do mercado como Ipanema e
Avalanche.

2. PLANTAS

2.1. Introdução a Fisiologia Vegetal

A fisiologia vegetal estuda os fenômenos vitais que acontecem nas plantas. Estes fenômenos
podem referir-se ao metabolismo vegetal; ao desenvolvimento vegetal; ao movimento vegetal ou a
reprodução vegetal. Os fenômenos relativos a herança constituem uma parte tão importante da
fisiologia que forma uma disciplina independente: a genética.

soma de todos os processos e estruturas que contribuem para a vida de uma planta.

é interdisciplinar e avança rapidamente como ciência.

a relação entre estrutura e função é essencial.

as plantas são organismos dinâmicos.

2.1.1 Composição dos Vegetais

a célula é a unidade fundamental.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 248


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

células contém proteínas, ácidos nucléicos, lipídios, carboidratos e muitas outras “coisas”...

Imagem I- Célula Vegetal

Imagem II- Célula Vegetal

2.1.2 Membrana Plasmânica ou Plasmédica

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 249


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Membrana plasmática é uma película finíssima e muito frágil composta, principalmente, por
fósfolipídios e proteínas. Ela tem importantes funções na célula, e uma delas é isolar a célula do
meio externo. Seu tamanho é tão pequeno que se a célula fosse aumentada ao tamanho de uma
laranja, a membrana seria mais fina do que uma folha de papel de seda. Água, substâncias
nutritivas e gás oxigênio são capazes de entrar com facilidade através da membrana, que permite
a saída de gás carbônico e de resíduos produzidos dentro da célula. A membrana é capaz de atrair
substâncias úteis e de dificultar a entrada de substâncias indesejáveis. Exercendo assim um
rigoroso controle no trânsito através das fronteiras da célula. É comum compará-la a um "portão"
por suas funções e a um saco plástico pela sua aparência.

Imagem III- Membrana Plasmática

camada dupla de lipídios na qual os fosfolipídios predominam.

altamente fluida, impermeável a maioria das moléculas polares.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 250


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Contém muitas proteínas (tanto periféricas quanto integrais)

2.1.3 Citoplasma

Após atravessar a Membrana Plasmática, mergulhamos na parte mais volumosa da célula: o


Citoplasma. Ele é o espaço entre a membrana e o núcleo. Sua forma não é definida e é nele que
se encontram bolsas, canais membranosos, organelas citoplasmáticas que desempenham funções
específicas nas células e um fluido gelatinoso chamado Hialoplasma.

2.1.4 Hialoplasma

É no hialoplasma que ocorrem a maioria das reações químicas da célula e também o


armazenamento de energia para a célula. Sua concentração no citoplasma varia entre o
Ectoplasma e o Endoplasma.

2.1.5 Retículo Endoplasmático - O labirinto intracelular

Nossa primeira visita no citoplasma é o Retículo Endoplasmático. Ele é um sistema de tubos e


canais que pode-se destinguir em 2 tipos: rugoso e liso. Mesmo sendo de diferentes tipos eles
estão interligados. Este complexo sistema, é comparável à uma rede de encanamentos, onde
circulam substâncias fabricadas pela célula.

2.1.6 Aparelho de Golgi (ou complexo de Golgi)

O aparelho de Golgi (cujo nome é uma homenagem ao cientista que o descobriu, Camillo Golgi) é
um conjunto de saquinhos membranosos achatados e empilhados como pratos. E estas pilhas,
denominadas dictiossomos, se encontram no citoplasma perto do núcleo. O complexo é a estrutura
responsável pelo armazenamento, transformação, empacotamento e "envio" de substâncias
produzidas na célula. Portanto é o responsável pela exportação da célula. É comum compará-lo a
uma agência do correio, devido ambos terem funções semelhantes. Este processo de eliminação
de substâncias é chamado de secreção celular. Praticamente todas as células do corpo sintetizam
e exportam uma grande quantidade de proteínas que atuam fora da célula.

Imagem IV- Complexo de Golgi

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 251


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.1.7 Vacúolos

exclusivos às plantas e fungos

vesículas internas grandes (>90% do volume da célula) envolta pelo tonoplasto.

funções múltiplas- mantêm a pressão de turgor, forma do citoplasma, armazenamento,


regulação do citoplasma.

2.1.8 Núcleo

Núcleo, o cérebro da célula. É ele que possui todas as informações genéticas, comanda e gerencia
toda a célula. Dentro dele, esta localizado um ácido chamado DNA (ácido desoxirribonucléico).
Este, formado por uma dupla hélice de nucleotídios (formado por uma molécula de açúcar ligada a
uma molécula de ácido fosfórico e uma base nitrogenada. O DNA é responsável por toda e qualquer
característica do ser vivo. É ele que manda fazer as proteínas, determina a forma da célula etc. No
homem, o DNA é que diz de que cor será os olhos, o tamanho dos pés etc.

O núcleo é composto por uma carioteca, cromatina e nucléolos. A carioteca é um tipo de


membrana plasmática composta por duas membranas lipoprotéicas. Essa membrana possui
vários poros em sua superfície. Esses são compostos por uma complexa estrutura protéica que
funciona como uma válvula que escolhe que substância deve entrar e qual deve sair. A cromatina
é um conjunto de fios formados por uma longa molécula de DNA associada a moléculas de
histonas chamados de cromossomos. É onde parte das informações está guardada. Por último,
o nucléolo é um corpo redondo e denso, constituído por proteínas, RNA e um pouco de DNA. É
dentro dele que se formam os ribossomos, presentes em toda a célula.
Imagem V- Núcleo Célula Vegetal

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 252


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Aqui está um modelo de uma célula vegetal. É importante lembrar que cada tipo célula possui uma
diferente estrutura.

2.1.9 Mitocôndrias

Todas as atividades celulares consomem energia. Para sustentar, as células são dotadas de
verdadeiras usinas energéticas: AS MITOCÔNDRIAS.

As miticôndrias são pequenos bastonetes membranosos (lipoproteica),que flutuam dentro do


citoplasma. Dentro delas existem uma complexa maquinaria química, capaz de liberar a energia
contida nos alimentos que a célula absorve. Isso acontece da seguinte forma: as substancias
nutritivas penetram nas mitocôndrias, onde reagem com o gás oxigênio, em um processo
comparável à queima de um combustível. Essa reação recebe o nome de respiração celular. A partir
daí é produzido energia em forma de ATP.

local da respiração celular, metabolismo do carbono;


organela de membrana dupla;

produção de energia sob forma de ATP

semi-autônoma (tem seu DNA próprio)

2.1.10 Plastídios

exclusivo às plantas.

família de organelas com membranas duplas derivadas de pró-plastídios.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 253


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

cloroplastos, leucoplastos, cromoplastos.

semi-autônomos (cloroplastos tem seu próprio DNA)

2.1.11 Microcorpos

peroxissomos – metabolismo da catalase e glicolato, desmanche de toxinas.

glioxissomos – quebra de gorduras em açúcares.

hidrogenossomas

2.1.12 Citoesqueleto

microfibrilas de celulose, microtúbulos de tubulina e microfilamentos de actina para


estruturação da célula.

estruturas dinâmicas envolvidas em muitos processos – fusos mitóticos, orientação da


parede celular, deposição de celulose, correntes citoplasmáticas

2.1.13 Parede celular

parede primária – primariamente celulose e hemicelulose, pectinas – elástica para permitir


crescimento.

parede secundária – altamente lignificada para resistência.

2.1.14 Plasmodesmos

canais ligados às membranas entre as células.

2 Células e tecidos

Tipos celulares

parênquima;

colênquima e esclerênquima.

Sistema vascular

sistema de bombeamento

localizado no cilindro central (estelo) da raiz e no tecido vascular de caules e folhas.


Xilema

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 254


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

consiste de traqueídes ocas e elementos de vasos.

morto na maturidade funcional; transporte de água e sais.

O transporte da seiva bruta ocorre no solo, até que a água e os minerais atinjam a raiz, e no interior
do xilema. Por transporte ativo, os minerais são levados ao interior do xilema. Em conseqüência
disso, uma vez que o meio interno fica hipertônico, a água penetra pelos pêlos absorventes POR
OSMOSE.

Isso gera uma pressão na raiz, empurrando esse líquido para cima (pressão positiva da raiz).
Porém, essa pressão não é suficiente para que a seiva bruta atinja as folhas. A transpiração de
água nas folhas é muito grande, a perda é altíssima e isso gera um mecanismo conhecido como
coesão-tensão. A transpiração gera uma tensão, "puxando" mais água para cima. E a água sobe
pela coesão que tem entre suas moléculas (propriedade da capilaridade da água). É como quando
sugamos por um canudinho e a bebida sobe.

Floema

vivo na maturidade, mas sem núcleo nas células; envolvido no transporte de seiva elaborada
(composta basicamente de glicose).

O transporte pelo floema ocorre de outro modo. O modelo que explica esse transporte é chamado
modelo de Münch (descoberto pelo alemão Ernest Münch). Segundo Münch, o transporte no
floema, que ocorre das folhas para as partes consumidoras (não apenas as raízes), se deve ao
fato de haver muitos solutos no floema nas folhas (produtos da fotossíntese). Isso, novamente,
gera um meio hipertônico, que atrai a água POR OSMOSE. Essa força já é suficiente para que a
água corra até os órgãos consumidores. Assim sendo, no transporte da seiva elaborada é como se
a água fosse "empurrada".

Imagem VI- Xilema e Floema

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 255


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Órgãos

Raízes, folhas e caules.

A variedade é chave.

ASPECTOS GERAIS DA PRODUÇÃO DE MUDAS

A produção de mudas com padrões de qualidade fisiológica, morfológica e fitossanitária é o


principal objetivo do viveirista. Para que isso ocorra, é de suma importância adotar um elevado nível
tecnológico que inclua todas as fases de produção, desde a obtenção do material propagativo até
o transporte da muda até o plantio e/ou venda.

A produção de mudas é uma das etapas fundamentais no processo de implantação de um pomar


e pode ser determinante para o sucesso da cultura a ser implantada. As técnicas de produção
devem atender às necessidades do produtor, levando-se em consideração a disponibilidade e a
localização de áreas, o grau de tecnologia e os recursos financeiros disponíveis.

Os principais aspectos observados na produção de mudas levam em consideração o local em que


as mudas são produzidas, devendo ser uma área com características próprias, destinada à
produção, ao manejo e à proteção das mudas até que as mesmas estejam adequadas para ser
transplantadas para o local definitivo, resistir às condições adversas e apresentar um bom
desenvolvimento (Wedling et al., 2006).

A qualidade da muda é o alicerce do desenvolvimento da cultura escolhida. A utilização de mudas


de baixa qualidade, mesmo que inicialmente proporcione redução no custo de implantação do
pomar, poderá trazer sérios problemas futuros. Sendo assim, aconselha-se a obtenção de mudas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 256


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

a partir de viveiristas qualificados e devidamente registrados (Finardi, 1998).

3.1 Conceitos MAPA muda:material de propagação vegetal de qualquer gênero, espécie ou


cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de
plantio muda para uso próprio: muda produzida por usuário, com a finalidade de plantio em área
de sua propriedade ou de que detenha a posse, sendo vedada a sua comercialização produtor de
muda:pessoa física ou jurídica que, assistida por responsável técnico, produz muda destinada à
comercialização planta básica:planta obtida a partir de processo de melhoramento, sob a
responsabilidade e controle direto de seu obtentorou introdutor, mantidas as suas características
de identidade e pureza genéticas planta matriz:planta fornecedora de material de propagação que
mantém as características da Planta Básica da qual seja proveniente jardim clonal:conjunto de
plantas, matrizes ou básicas, destinado a fornecer material de multiplicação de determinada cultivar
borbulheira:conjunto de plantas de uma mesma espécie ou cultivar proveniente de planta básica,
planta matriz ou muda certificada, destinado a fornecer borbulhas campo de plantas
fornecedoras de material de propagação sem origem genética comprovada:conjunto de
plantas, da mesma espécie, fornecedoras de material de propagação sem origem genética
comprovada viveiro:área convenientemente demarcada e tecnicamente adequada para a
produção e manutenção de mudas lote:quantidade definida de mudas, identificada por letra,
número ou combinação dos dois, da qual cada porção é, dentro de tolerâncias permitidas,
homogênea e uniforme para as informações contidas na identificação.

Preparo da Muda

A coleta ou arranquio, o preparo e a embalagem da muda deverão ser realizados de acordo com
as normas e padrões estabelecidos por espécie ou grupo de espécies
Beneficiamento

O beneficiamento de mudas é a operação efetuada mediante meios físicos, químicos ou mecânicos


com o objetivo de aprimorar a qualidade de muda ou de um lote de mudas, respeitadas as
particularidades das espécies

Armazenamento

Na unidade de produção, as mudas, já devidamente identificadas, deverão ser armazenadas de


forma a manter a individualidade dos lotes e em local adequado à manutenção de sua qualidade
O armazenamento de mudas, em estabelecimento comercial, deverá ser feito de forma a manter a

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 257


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

individualidade dos lotes, em local adequado à manutenção de seus padrões de qualidade e à


preservação de sua identificação original

RESERVA DE MATERIAL DE PROPAGAÇÃO PARA USO PRÓPRIO

Toda pessoa física ou jurídica que utilize muda, com a finalidade de plantio, deverá adquiri-la de
produtor ou comerciante inscrito no RENASEM

4. PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS

Instalações

Para a implantação das instalações, diversos fatores devem ser levados em consideração, entre
eles a máxima eficiência no uso das mesmas, economicidade para construção e facilidade no
manejo para produção das mudas. O grau de sofisticação das instalações depende da interação
entre fatores como a espécie a ser propagada, quantidade de mudas a serem produzidas e o poder
aquisitivo do viveirista (Zuffellato-Ribas e Paes; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).
As principais instalações para o viveiro são:

1)Escritório: são armazenadas todas as informações referentes à produção de mudas, bem como
onde são centralizadas as operações de comercialização, contratação de mão de obra e
comunicação com clientes e outros viveiristas.
2)Depósito para equipamentos e ferramentas: local de armazenamento dos implementos para
preparo do solo, pulverizadores, distribuidores de fertilizantes, betoneira (para mistura de
substratos), recipientes, estufa de secagem, máquinas de beneficiamento de sementes, máquinas
de enxertia, câmaras frias ou geladeiras para armazenamento de sementes, etc. 3)Depósito para
produtos químicos: local de armazenamento dos fungicidas, inseticidas e herbicidas, etc.
4)Telado: estrutura, de madeira ou metal, coberta com tela de sombreamento, conhecida
popularmente como sombrite. O telado é útil para a manutenção de plantas matrizes isentas de
viroses, aclimatização de mudas e produção de mudas que exigem sombreamento inicial. As telas
podem apresentar diferentes graus de sombreamento, sendo importante considerar que, quando
maior o grau de sombreamento, maior ocorrência de estiolamento das mudas que permanecerem
por longo tempo no telado e, por conseqüência, maior a facilidade das mudas morrerem quando

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 258


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

da sua transferência para o pomar. De maneira geral, o telado pode ter diferentes dimensões,
podendo ser permanente ou temporário, ser ou não dotado de sistema de irrigação por nebulização,
sendo o tipo de tela mais utilizado aquele que permite um sombreamento de 50% (Zecca, 2009).
5)Estufa ou casa de vegetação: estrutura parcial ou completamente fechada, com estrutura de
madeira ou metal (alumínio, aço ou ferro galvanizado), coberta, em geral com plástico especial
para esta finalidade. A estufa pode ainda ser coberta de vidro ou fibra de vidro, porém isto acarreta
maior custo, A grande vantagem do uso de estufas em viveiros é a possibilidade de controle
ambiental de modo a maximizar a produção de mudas, reduzindo o tempo necessário para a
propagação e permitindo que as mudas possam ser produzidas em diferentes épocas do ano.
Normalmente, as estufas possuem sistemas de nebulização intermitente, o que mantém elevada a
umidade relativa do ar, permitindo a propagação através de estacas com folhas (técnica que, em
certas espécies, viabiliza a propagação através de estaquia). A elevada umidade do ar e a elevada
temperatura aumentam a velocidade de crescimento das plantas. As estufas podem ser construídas
pelo próprio viveirista ou adquiridas de empresas especializadas na construção das mesmas. Além
do sistema de nebulização, as estufas podem ser dotadas de sistemas automatizados para
aquecimento do substrato, diminuição da temperatura, controle do fotoperíodo, entre outros. Entre
os problemas relacionados com o uso de estufas, podem ser citados os seguintes: aumento da
dependência da planta em relação ao homem, elevado custo de implantação, aumento da
sensibilidade e ocorrência de doenças e dificuldades na aclimatização (Zecca, 2009).
O enraizamento de estacas de muitas espécies, especialmente por meio de estacas semilenhosas
e herbáceas, é muito difícil se não for adotado um controle ambiental, principalmente em relação a
três pontos: a) manter alta umidade relativa do ar com uma baixa demanda evaporativa, de modo
que transpiração das estacas seja minimizada e haja um mínimo de perda de água; b) manutenção
de temperatura adequada para estimular o metabolismo na base das mesmas e suficientemente
amena na parte aérea para reduzir a transpiração e c) manter a irradiação dentro de um limite
suficiente para ocasionar elevada atividade fotossintética, sem, no entanto, causar aumento
excessivo de temperatura nas folhas. As estufas têm esta finalidade de controle ambiental. Quanto
mais controladas as condições de propagação, maiores as chances de sucesso, especialmente
naquelas espécies de difícil propagação. Um dos problemas a serem enfrentados em estufas nas
condições brasileiras é o aumento excessivo de temperatura, o que implica no uso de mecanismos
de resfriamento do ar. Na literatura há relatos da limitação no crescimento de raízes, em grande
parte das espécies lenhosas, em temperaturas ao redor de 35-40ºC. Sendo assim, um bom sistema
de resfriamento e sombreamento bem como uma boa ventilação, são aspectos fundamentais que
devem ser observados no momento da implantação das instalações. Quanto a iluminação, mesmo
que a luz seja considerada favorável à atividade fotossintética das mudas, alta luminosidade não

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 259


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

parece ser a condição mais favorável. Filmes de polietileno mais modernos estão disponíveis no
mercado com alguns aditivos, tais como acetato de vinil, alumínio e silicatos de magnésio, os quais
aumentam a opacidade do plástico às ondas longas (infravermelho), favorecendo o enraizamento.
6)Ripados: proporcionam sombreamento, podendo substituir os telados. São construções simples,
relativamente duráveis, baratas e fáceis de construir, apresentando como inconveniente o fato de
que o sombreamento não é completamente uniforme

5. SEMENTEIRAS E VIVEIROS

Na propagação de flores e plantas ornamentais, um dos principais itens é a infraestrutura da área


de produção de mudas. Vários fatores podem influenciar na escolha do tipo de infraestrutura
utilizada: quantidade de mudas produzidas, oferta constante das mudas, número de espécies a
serem propagadas, método de propagação, custos das instalações e grau de tecnificação do
viveirista.
O viveiro é o local onde são concentradas todas as atividades de produção de mudas, pode ser
temporário ou permanente (Figura 1).

Figura 1 – Viveiros de produção de mudas.

Tipos de viveiro

Os viveiros podem ser classificados como permanentes ou temporários, levando-se em


consideração a sua durabilidade, e viveiros com mudas de raiz nua ou em recipientes,
considerando-se a proteção do sistema radicular das plantas.
Os viveiros permanentes têm como finalidade produzir mudas durante muitos anos e, por isso,
requerem planejamento mais cuidadoso, uma vez que suas instalações são mais sofisticadas e

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 260


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

onerosas para suportar maior período de produção de mudas.


Geralmente, esse tipo de viveiro é instalado próximo aos centros consumidores de mudas, razão
pela qual possuem maiores dimensões que o viveiro temporário. A área do viveiro é dividida em
áreas para benfeitorias, de produção de mudas e de crescimento ou viveiro de espera, que objetiva
conduzir as mudas até atingirem tamanhos adequados para pomares (Figura 2).

Figura 2 – Viveiro permanente.

Os viveiros temporários destinam-se à produção de mudas em determinado local durante um


período e, cumprindo as finalidades a que se destinaram, são desativados. Esses viveiros são de
instalações simples, geralmente dentro dos pomares frutíferos, visando à redução de custos de
transporte das mudas e melhor adaptação das mesmas às condições climáticas do local (Figura
3).

Figura 3 – Viveiro temporário.

As mudas de raízes nuas são aquelas que não possuem proteção para o sistema radicular no
momento do plantio. A semeadura é feita diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 261


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

o plantio, tendo-se apenas o cuidado de evitar danos às raízes, insolação direta, vento, evitando-
se o ressecamento das raízes e a morte das mudas.

Substratos

O substrato é definido como meio físico natural ou sintético, onde se desenvolvem as raízes das
plantas que crescem em um recipiente, com um volume limitado (Ballester- Olmos, 1992; Salvador,
2000). Para determinação do melhor substrato para cada espécie recomenda-se que sejam
efetuados testes empíricos. Diversos materiais têm sido recomendados como substrato para o
enraizamento de estacas. Dentre os mais utilizados, destacam-se areia, vermiculita, turfa, casca
de pinus, musgo turfoso, casca de arroz carbonizada, serragem de madeira, fibra ou pó de coco,
isolados ou em misturas com outros substratos (Rosa et al., 2001; Hartmann et al., 2002).
O substrato tem o papel de sustentar a muda e fornecer condições adequadas para o
desenvolvimento e funcionamento do sistema radicular, assim como os nutrientes necessários ao
desenvolvimento da planta. Este substrato deve ser isento de sementes de plantas invasoras,
pragas e fungos patogênicos, evitando-se assim a necessidade de sua desinfestação. Dessa
forma, devido à estrutura e à tecnologia necessárias para a produção de um substrato de qualidade,
grande parte dos viveiros comerciais adquire seus substratos de empresas especializadas.
Contudo, em caso de formulação própria, deve-se dedicar especial atenção à adequada
compostagem do material orgânico e desinfestação do solo, em função da presença de patógenos
e sementes de plantas invasoras (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). Recomenda-se que seja feita
a mistura de dois ou mais materiais para a formulação do substrato, visando a uma boa aeração,
drenagem e fornecimento de nutrientes de forma adequada. O tipo de material e a proporção de
cada um na composição do substrato variam de acordo com a disponibilidade local, custo e tipo de
muda a ser produzida. A seguir, encontram-se relacionados exemplos de formulação de substratos.
Porém, ressalta-se que cada formulação deverá ser testada nas condições de cada local de
produção e devidamente ajustada, caso haja necessidade.
Recomenda-se a adição de fertilizantes no substrato para promover o suprimento dos elementos
necessários, economizando-se tempo no processo de produção das mudas. Sua formulação e
dose são variáveis em função do tipo de substrato utilizado e da espécie a ser produzida; é
recomendada a realização de uma análise química do substrato e, caso haja necessidade de se
proceder a correção da acidez do substrato (pH < 5,0) e elevar o nível de fertilidade, pode-se
consultar as tabelas de recomendação de adubação (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).
O substrato é um dos muitos fatores que condicionam o sucesso na propagação de plantas. Na
opção por um determinado material como substrato, objetiva-se otimizar as condições ambientais

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 262


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

para o desenvolvimento da planta em uma ou mais etapas da propagação. Se utilizado um material


adequado e as demais condições também forem satisfeitas, o desenvolvimento da muda será
satisfatório, tendo-se como resultado a obtenção de uma planta com capacidade de expressar
futuramente o potencial produtivo da cultivar. Por outro lado,
o uso de materiais inadequados, além da sua ineficiência nos métodos de propagação, originará
plantas com problemas de desenvolvimento e com reflexos negativos sobre a futura produção
(Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).
As características que os substratos devem ter são: ser firme e denso para manter a estrutura de
propagação em condições até a germinação ou enraizamento; não encolher ou expandir com a
variação da umidade; apresentar boa retenção de água; porosidade que facilita a drenagem e a
aeração; livre de plantas invasoras, nematóides ou outros patógenos; não apresentar excesso de
salinidade e permitir a esterilização por vapor Além disso, deve apresentar baixa densidade e
possuir composição química e física equilibrada, elevada CTC, boa capacidade de aeração e
drenagem, boa coesão entre as partículas e adequada aderência junto às raízes. Geralmente os
parâmetros físicos tais como a porosidade total, densidade, proporção do tamanho de partículas,
espaços com ar e água, condutividade hidráulica saturada e insaturada definem um bom substrato.
O substrato mais utilizado é a terra de subsolo (70%) no caso de se usar sacos plásticos, mais
composto orgânico ou esterco curtido (30%). Quando se usa tubetes, os tipos de substratos mais
recomendáveis são: a) vermiculita (30%), terra de subsolo (10%) e matéria orgânica (60%); b) terra
de subsolo (40%), areia (40%) e esterco curtido (20%); c) vermiculita (40%), terra de subsolo (20%)
e casca de arroz calcinado (40%).
A associação de materiais, especialmente em mistura com o solo, permite melhor as condições
para desenvolvimento das mudas. Assim, a grande maioria dos trabalhos com substratos na fase
de desenvolvimento de mudas inclui misturas de solo(s), vermiculita e materiais orgânicos na etapa
de desenvolvimento das mesmas. É aconselhado misturar-se ao solo materiais como areia e
materiais orgânicos, como forma de melhorar a textura e propiciar melhores condições para o
desenvolvimento das mudas. Em misturas, o solo e a turfa participam como retentores de umidade
e nutrientes, enquanto a areia, serragem ou casca de arroz, agem como condicionadores físicos.
A mistura com materiais orgânicos beneficia as condições físicas do substrato e fornece nutrientes,
favorecendo o desenvolvimento das raízes e da planta como um todo.

ADUBAÇÃO DE COBERTURA DAS MUDAS

Adubações de cobertura (após a germinação das sementes ou enraizamento das estacas) quase

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 263


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

sempre são necessárias para permitir a produção de mudas de boa qualidade em menor tempo.
São realizadas quando o substrato utilizado é de baixa fertilidade ou apresenta baixa concentração
de nitrogênio (N) e potássio (K), muitas vezes omitidos na adu bação do substrato por apresentarem
altos índices salinos, que podem provocar grandes perdas das mudas recém germinadas. A
adubação pode ser feita via fertirrigação (água de irrigação) ou pela aplicação individual na
superfície do substrato (Zecca, 2009).
Existem diversas formulações de adubação; a mais adequada dependerá da planta, da fertilidade
do substrato, do manejo utilizado para a produção das mudas, da fase de produção das mudas etc.
Como sugestão, pode-se utilizar 25 gramas de sulfato de amônio + 60 gramas de cloreto de
potássio, diluídos em 10 litros de água, a qual deverá ser ajustada em função do sistema de manejo
adotado. Essa solução é suficiente para adubar 3 m2 de canteiro (em torno de 300 mudas). Esta
adubação também pode ser utilizada na formulação de pó, ou seja, pela aplicação de 0,05 gramas
por planta da mistura acima, sem a água (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006).

Parâmetros de qualidade das mudas

A classificação das mudas em termos de qualidade é de suma importância devido a melhor


adaptação e crescimento daquelas com maior padrão de qualidade no plantio definitivo.
Os principais parâmetros que indicam a boa qualidade de uma muda são:

uniformidade de altura entre as mudas do lote;

rigidez da haste principal (diâmetro de colo);

aspecto visual vigoroso (sem sintomas de deficiência, tonalidade das folhas);

ausência de estiolamento;

ausência de pragas e doenças na folha, no caule e nas raízes;

ausência de plantas invasoras no substrato;

sistema radicular e parte aérea bem desenvolvida (raiz pivotante não enrolada e fixada no solo,
fora do recipiente);
relação parte aérea/sistema radicular

264
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Controle Fitossanitário

É interessante realizar tratamentos preventivos (químicos ou mecânicos), como a desinfestação do


substrato ou do solo do canteiro que serão utilizados no preenchimento dos recipientes, com a
finalidade de evitar a ocorrência de pragas, doenças e a competição por plantas daninhas. Dentre
os métodos químicos, utiliza-se a aplicação de herbicidas, fungicidas e inseticidas e, para os
mecânicos, têm-se a catação manual, o revol vimento do solo, a aplicação de água quente, a
exposição ao sol, a inundação, entre outros.
Fica evidenciado a grande importância da escolha do local adequado para a instalação do viveiro,
o que evita ou diminui problemas relacionados com pragas e doenças. O correto manejo diário do
viveiro também é de fundamental importância na redução da ocorrência de problemas, devendo-
se evitar excessos de irrigação, adubação e radiação direta logo após a germinação.
Dentre as pragas mais comuns, encontram-se a lagarta rosca, formiga cortadeira, grilos, besouros,
cochonilhas, paquinhas, pulgões e formigas. Entretanto, no manejo adequado do viveiro,
normalmente não se verifica muitos danos; porém, se o nível de infestação for elevado, torna-se
necessário o controle químico sob orientação profissional. Não existe controle de caráter
preventivo.
As doenças mais comuns de ocorrência nos viveiros são: tombamento, podridão de raízes,
ferrugens e manchas foliares. Quando o nível de danos for significativo, deve-se fazer o controle
com fungicidas específicos, sempre com orientação técnica. Tanto para as pragas como para as
doenças, recomenda-se consultar um profissional capacitado, visando ao adequado controle
(Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

PRICIPAIS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE MUDAS

A produção de mudas pode ser feita pelos métodos sexuado e assexuado. O primeiro refere-se à
produção de mudas por sementes, e o segundo, por propagação vegetativa, tais como: estaquia,
enxertia, mergulhia, encostia, Mais recentemente, devido ao avanço das tecnologias e
equipamentos, muitas espécies são propagadas pela micropropagação, que é a propagação
vegetativa a partir de pequenas porções da planta (explantes), realizada em condições assépticas
265
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

(laboratório).

7.1. Produção de mudas por sementes

O principal componente no processo sexuado de produção de mudas é a semente. A boa qualidade


das mudas depende da aquisição de sementes de produtores idôneos e credenciados junto aos
órgãos governamentais competentes (MAPA, Secretarias de Agricultura etc.), para se obter
garantia da qualidade das sementes. Com a dificuldade de se encontrar sementes de algumas
espécies no mercado, pode-se proceder a coleta dessas em plantas matrizes previamente
selecionadas, observando-se certos critérios de interesse para o ob jetivo pretendido (crescimento,
formato da copa e tronco, produção de sementes, flores e frutos etc.).
A produção de mudas por sementes é um método simples e de menor custo quando comparado
com a propagação vegetativa.
Entretanto, requer alguns cuidados:

Seleção das plantas matrizes: a planta matriz da qual serão retiradas as sementes deverá estar
em boas condições fisiológicas e fitossanitárias, ser vigorosa, produtiva, apresentar boa
qualidade dos frutos e da semente (Zecca, 2009).
Seleção dos frutos: faz-se a seleção dos frutos maduros e sadios.

Extração das sementes: as sementes devem ser extraídas com o máximo cuidado, para não
serem danificadas. Como normalmente, em fruticultura, se trabalha com frutos carnosos, podem-
se adotar dois sistemas de obtenção da semente; extração da semente, seguida de lavagem em
peneira, para retirada de partes aderidas, e posterior secagem ou retirada parcial da polpa e
amontoa das sementes, seguida de uma leve fermentação, a qual virá a auxiliar a retirada da
polpa aderida. Após a extração das sementes, faz-se uma seleção, visando conferir às plantas
na sementeira o máximo de uniformidade. Esta seleção pode ser feita com base no tamanho ou
peso, podendo-se dividir o total de sementes em lotes, que serão semeados separadamente.
Embora seja recomendável que o intervalo entre a extração e a semeadura seja o menor possível,
em certas situações pode ser necessário o armazenamento das sementes. Para tanto, utilizam-
se, normalmente, condições de baixa temperatura e baixa umidade. A viabilidade das sementes
após o armazenamento é resultante das condições em que o armazenamento foi efetuado, da
266
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

viabilidade inicial da semente e da taxa de deterioração da semente durante o armazenamento,


que é função do potencial genético de armazenamento.
O uso de sementes deve ser, na maioria das vezes, feito para a obtenção do porta enxerto (Figura
8), visto que quando as mudas são formadas via semente ou de pé franco, há uma grande
variabilidade genética das mesmas, ocasionando também, maior juvenilidade das plantas e maior
tempo para entrar em produção.

Propagação vegetativa

A propagação vegetativa, assexuada ou clonagem, consiste na produção de plantas idênticas as


plantas matrizes de origem, a partir de partes ou órgãos da planta (ramos, gemas, estacas, folhas,
raízes e outros). É uma técnica que permite a produção de mudas das plantas selecionadas em
grande quantidade. O fator principal para a utilização dessa técnica é que os indivíduos obtidos
possuem as mesmas características da planta mãe, ou seja, são geneticamente idênticos.
Dentre os métodos de propagação vegetativa de plantas, pode-se citar a estaquia, a enxertia, a
separação por bulbos, a divisão de touceiras, rizomas e a propagação in vitro. O método de
propagação a ser utilizado na produção de mudas pode variar em função de diversos fatores tais
como: espécie a ser propagada, condições ambientais, época de realização, material disponível,
mão de obra especializada, entre outros fatores.

Estaquia

Dentre os métodos de propagação utilizados na produção de mudas, a estaquia é o que tem sido
amplamente utilizado em fruticultura, porém o seu sucesso é variável, dependente de uma série de
fatores de natureza genética ou ambiental. De acordo com Murata et al. (2002), o método de
estaquia apresenta vantagens como maior uniformidade das plantas no pomar, maior facilidade e
formação de grande quantidade de mudas, num curto espaço de tempo, com baixo custo e fácil
execução.
O termo estaquia é usado para designar o processo de propagação no qual ocorre indução do
enraizamento adventício em segmentos destacados da planta mãe, que em condições favoráveis,
267
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

originam uma nova planta. O termo estaca é utilizado para denominar qualquer segmento de uma
planta, com pelo menos uma gema vegetativa, capaz de originar uma nova planta, podendo haver
estacas de ramos, raízes e folhas (Fachinello et al., 2005). A estaquia é um processo de propagação
altamente desejável, notadamente pelo fato de as plantas originadas de propagação altamente
desejável, notadamente pelo fato de as plantas originadas serem idênticas entre si e à planta matriz
(clones), além de simples, rápido e não requerer técnicas especiais como no caso da enxertia, em
que pode haver problemas de incompatibilidade entre o porta-enxerto (cavalo) e o enxerto
(cavaleiro).
A estaquia é preferida por possibilitar um maior rendimento no número de mudas obtidas e
conseqüentes reduções dos custos. Entretanto, pode propiciar a transmissão de doenças,
especialmente as viróticas, permitir variações nas características devido à mutação de gemas e,
principalmente, aumentar os riscos de danos nas plantas devido a problemas climáticos ou
fitossanitários, já que não existe desuniformidade das plantas (Fachinello et al., 2005). O sucesso
de sua utilização é variável devido a uma série de fatores, quer sejam de natureza genética ou
ambiental, necessitando-se de estudos mais aprofundados para cada espécie.
Alguns fatores podem influenciar a propagação por estaquia, entre eles a posição da estaca no
ramo, pelo grau de lignificação, quantidade de reservas e diferenciação dos tecidos, o tipo de
substrato, pelas suas características químicas e físicas, o genótipo, as condições fisiológicas da
planta matriz e as condições ambientais, além dos resultados poderem ser melhorados com um
tratamento prévio das estacas com produtos químicos, como os reguladores de crescimento
(Hartmann et al., 2002).
As estacas caulinares podem ser herbáceas (Figura 9), lenhosas ou semilenhosas, o que varia em
função do local de coleta e do tipo de planta. Dentre os tipos de caule, o que possui maior
capacidade de enraizamento é o herbáceo, e quanto mais herbácea e nova for a estaca, maior será
sua capacidade de enraizamento.
Para realizar a estaquia, corta-se um ramo novo, de 7 a 15 cm de comprimento, retirandose as
folhas da metade inferior e cortando-se o restante das folhas pela metade. O corte da base deverá
ser feito em forma de bisel (cunha), para facilitar o enraizamento. Após a preparação da estaca,
promove-se a estaquia em recipiente ou sementeira em local adequado (Wedling et al., 2006).

268
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Principais fatores que influenciam o enraizamento de estacas

O sucesso do processo de enraizamento está relacionado a diversos fatores externos, tais como a
época do ano em que a estaquia é realizada, tipo e concentração do regulador de crescimento,
substrato utilizado, temperatura do meio, além da temperatura e umidade do ambiente.
O momento durante o dia em que as estacas são coletadas da planta matriz pode influenciar na
resposta do enraizamento. Recomendam-se as primeiras horas da manhã ou à noite, quando a
planta não se encontra com deficiência hídrica, o que diminuirá a mortalidade das estacas
decorrente da maior perda de água. Deve-se observar a cultivar ou a espécie a ser propagada, o
tempo de formação de raízes, a necessidade de utilização de fitorreguladores e os procedimentos
desde a coleta até o momento da regeneração das raízes (Ono e Rodrigues, 1996).
Para as estacas de difícil enraizamento recomenda-se a nebulização intermitente, que mantém
sobre as folhas uma película de água que tende a reduzir a temperatura do ar e a taxa de
transpiração, além da manutenção das estacas em locais com luminosidade mediana em
temperatura ambiente entre 15 e 25 °C, geralmente ripados ou coberturas de polietileno, câmaras
total ou parcialmente fechadas (Hartmann et al., 2002).
O período de coleta das estacas pode ter um papel importante na capacidade de enraiza mento.
As estacas coletadas em um período de crescimento vegetativo intenso (primavera/verão)
apresentam-se mais herbáceas, ao contrário, as colhidas em um período de repouso vegetativo ou
de dormência (inverno) apresentam-se mais lignificadas e de um modo geral tendem a enraizar
menos. Por outro lado, estacas menos lignificadas (herbáceas e semilenhosas) são mais propícias
à desidratação e à morte.
O período e posição de coleta, juvenilidade, estiolamento, presença de folhas e gemas, idade da
planta matriz e fatores do ambiente como disponibilidade de água, incidência luminosa e substrato
também são fatores que influenciam o enraizamento de estacas (Pasqual et al., 2001; Hartmann et
al., 2002).

7.3. Aplicação de reguladores de crescimento

A utilização de reguladores de crescimento (hormônios) na indução e obtenção de raízes em


269
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

estacas, principalmente em plantas de difícil enraizamento, é um processo importante, pois age


induzindo a formação de raízes, o número e a qualidade das raízes formadas, bem como a
uniformidade de enraizamento.
Reguladores de crescimento são compostos orgânicos que, em pequenas quantidades, promovem,
inibem ou modificam qualitativamente o crescimento e desenvolvimento de plantas. Podem ser
utilizados na propagação, visando possibilitar ou acelerar a formação de raízes de estacas de
espécies que apresentem difícil enraizamento (Pasqual et al., 2001). A aplicação exógena de
reguladores de crescimento é utilizada para promover maiores percentuais de enraizamento. Os
reguladores do grupo das auxinas são os mais utilizados, com destaque para o ácido indolbutírico
(AIB). Porém, nem sempre esta técnica proporciona resultados satisfatórios (Tofanelli et al., 2002).
As auxinas foram os primeiros reguladores químicos a terem uma aplicação agronômica bastante
difundida, praticamente empregando-se só as sintéticas por serem mais facilmente absorvidas e
por resistirem melhor ao catabolismo auxínico, o que as torna mais potentes e de ação mais
duradoura (Hinijosa, 2000; Pasqual et al., 2001).
As auxinas estão envolvidas em diversas atividades fisiológicas como o crescimento de ramos,
inibição de gemas laterais, abscisão de folhas e frutos, desenvolvimento dos frutos, ativação das
células do câmbio e muitas outras. Aparentemente, as auxinas não agem de acordo com a espécie,
pois há indícios que a resposta a uma auxina em uma espécie é semelhante à ocorrida em outras
espécies, no entanto, não se tem um conhecimento completo do mecanismo de ação dessas
substâncias.
Atualmente, o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido naftaleno acético (ANA) são as principais auxinas
utilizadas para o enraizamento de estacas caulinares e estacas micropropagadas através da cultura
de tecidos. As auxinas são requeridas para a formação de raízes adventícias em ramos, e a divisão
celular inicial da raiz principal depende de níveis endógenos de auxinas ou de sua aplicação. O
ácido indol acético (AIA) é sintetizado principalmente nas gemas apicais e nas folhas jovens.
Normalmente, as auxinas se movimentam através da planta do ápice para a base.
O AIB apesar de ser considerado uma auxina sintética, apresenta uma pequena ocorrência natural,
porém, bem menos abundante do que o AIA. O AIB quando aplicado para estimular o enraizamento
pode ser parcialmente convertido para AIA ou pode modificar sinergicamente a ação do AIA ou sua
síntese endógena.

270
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A concentração utilizada varia de acordo com a espécie estudada, podendo ser de 20 a 10.000 mg
L-1, sendo as maiores concentrações utilizadas para estacas de difícil enraizamento. Pode ser
utilizado na forma de pó, de solução diluída ou de solução concentrada. O método mais empregado,
na aplicação exógena do AIB, é em forma de solução diluída, seja pela sua uniformidade de
tratamento ou pelo seu baixo risco fitotóxico, embora apresente a desvantagem de perder sua
atividade em pouco tempo.
Para o tratamento com o regulador na forma líquida, deve-se imergir cerca de 2,5 a 3 cm da base
das estacas na solução, por um tempo que varia de alguns segundos (estacas herbáceas) a alguns
minutos (estacas lenhosas), possibilitando a penetração do regulador. Após a imersão das estacas
estas devem ser colocadas nos recipientes ou canteiros de enraizamento (Wedling et al., 2006).
Existem no mercado reguladores de crescimento conhecidos como “enraizadores” prontos para o
uso, em concentrações definidas, na forma de ácidos ou sais em pó, como:
Hormex®, Rootone®, Hormodin®, Seradix® etc (Zecca, 2009).

Enxertia

A enxertia é uma forma de propagação na qual se colocam em contato duas porções de tecido
vegetal, de tal forma que se unam e se desenvolvam, dando origem a uma nova planta. É obtida
por meio da união entre duas plantas (enxerto ou cavaleiro/garfo e porta enxerto ou cavalo). O
enxerto é sempre representado por uma parte da planta que se pretende propagar e é responsável
pela formação da parte aérea da planta, enquanto o porta enxerto é o que recebe o enxerto, sendo
responsável pelo sistema radicular, e geralmente é uma planta jovem, com ótimo crescimento,
proveniente de sementes ou de estacas, vigo roso e resistente a pragas e doenças.
A enxertia é um método de propagação muito utilizado em espécies frutíferas. Entretanto, para que
seja viável, devem-se observar alguns fatores importantes na sua execução como: uso de espécies
da mesma família ou gênero para que não ocorra incompatibilidade, a época de realização que
depende da espécie e do tipo de enxerto utilizado, promover uma união e junção perfeita das
cascas (câmbio com câmbio), tipo de enxertia (variável em função da planta envolvida), a
experiência e cuidados do enxertador.

271
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Durante o processo de enxertia, deve-se tomar cuidado para que os enxertos não ressequem,
deixando-os imersos em água limpa ou panos úmidos. As operações devem ser realizadas
rapidamente, com um único corte, evitando o acúmulo de resíduos na lâmina. A amarração é feita
ao longo de todo o comprimento de união, certificando-se de que não haja deslocamento das partes
envolvidas. Para fazer a junção do ponto de enxertia é recomendável o uso da fita de enxertia
(polietileno de 1,2 cm de largura), de fácil uso e custo barato, além de ser elástica e evitar o
ressecamento da parte enxertada.
Após 20 a 40 dias da enxertia, dependendo das condições locais e da espécie, retira-se o fitilho e
faz-se a poda dos ramos do porta enxerto para promover a dominância apical no enxerto, deixando-
se somente a brotação que pegou se desenvolver (Wedling et al., 2006). Os principais
equipamentos utilizados no processo da enxertia são: canivete, tesoura de poda, barbante,
máquina de enxertar, pedra de afiar, fitas, filme de PVC, etiquetas, produtos para desinfestação,
geralmente o hipoclorito de sódio (água sanitária a 1,5 e 2,0%). A enxertia pode ser classificada em
vários tipos, sendo que as mais utilizadas são: borbulhia, garfagem e encostia (Figura 09).

272
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 09 –Tipos de enxertia.

Borbulhia

É o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta enxerto enraizado.
A época de enxertia, para esse tipo de multiplicação, é de primavera-verão, quando os vegetais se
273
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

encontram em plena atividade vegetativa (Simão, 1998).


A enxertia por borbulhia normalmente é realizada a uma altura de 5 a 20 cm do nível do solo, de
acordo com a espécie, podendo ser realizada também em qualquer ponto da planta. Uma condição
essencial para se efetuar a borbulhia é que o porta- enxerto esteja sol tando a casca (Wedling et
al., 2006).
A borbulhia é realizada em plantas jovens ou em ramos mais finos de plantas maiores (de 0,5 a 2,5
cm de diâmetro, geralmente o diâmetro de um lápis). Existem diversas tipos de enxertia por
borbulhia, sendo a borbulhia em T normal e em T invertido as principais. Na borbulhia em T normal,
corta-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido perpendicular
formando um T. A gema é retirada segurando-se o ramo em posição invertida. A gema é fixada
lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o dorso da lâmina e introduz-se a borbulha,
cortando-se o excesso e em seguida fazendo-se a amarração de cima para baixo (Simão, 1998).
Na borbulhia em T invertido procede-se de forma semelhante a anterior, diferindo- se, somente na
forma de colocação da gema (borbulha), que é invertida. Esse tipo apresenta vantagem sobre a
anterior, por evitar a penetração de água e também por ser mais fácil de manejar. O T invertido é
usado em casos em que o porta enxerto tenha grande circulação de seiva. O amarrilho é feito de
baixo para cima. Este processo é o preferido pela maioria dos enxertadores (Figura 10 ).

Figura 10 – Enxertia tipo borbulhia em T invertido

274
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A borbulhia em placa ou em janela é feita retirando-se a borbulha do garfo mediante duas incisões
transversais e duas longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do
cavalo (Simão, 1998). Em seguida a borbulha é colocada no retângulo vazio e deve ficar
inteiramente em contato com os tecidos do porta enxerto. A seguir o enxerto é amarrado (Figuras
11 e 12 ).

Figura 11 – Enxertia tipo borbulhia. Foto A.P. Jacomino

Figura 12 – Enxertia tipo borbulhia em placa em caramboleira.

7.4. Custos, comercialização e rentabilidade


275
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O custo de produção de mudas de citros é variável em função do nível de tecnologia adotado, do


local em que se localiza o viveiro e da quantidade das mudas produzidas. Por exemplo, no Rio
Grande do Sul, espera-se um custo maior das instalações, equipamentos e insumos e, menor de
mão-de-obra comparativamente aos viveiros localizados no estado de São Paulo. Quanto maior o
tamanho do viveiro, menor será o custo de cada muda em função do efeito de economia de escala.
Outras considerações também devem ser

276
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

efetuadas na estimativa do custo de produção da muda, tais como: quantidade de mudas


distribuídas por m2, nível de perdas no viveiro, prazo de amortização das instalações e dos
equipamentos, capacidade de produção do viveiro, etc.

Como vários fatores estão envolvidos, o custo da muda apresenta uma grande variação em função
das características do viveiro a ser instalado. Em termos médios, considerando-se um viveiro com
capacidade de produção de 30 mil mudas por ano, no Rio Grande do Sul, uma distribuição de 25
mudas/m2 e 250 porta-enxertos/m2, amortização das instalações e equipamentos em cinco anos
e perdas anuais de 10%, o custo da muda é de aproximadamente R$ 3,00 (US$ 1,20). Após a
amortização das instalações e dos equipamentos, o custo assume valores próximos a R$ 2,40
(US$ 0,96).

A rentabilidade do viveirista dependerá do preço de comercialização da muda. Atualmente, a


procura é grande e crescente, enquanto que a produção de mudas nos padrões de qualidade
exigidos praticamente não existe. Desta forma, a atividade mostra ser uma boa oportunidade de
investimento.

8. LEGISLAÇÃO DE SEMENTES E MUDAS

•Coordenação do SISTEMA NACIONAL DE SEMENTES E MUDAS

•Fiscalização da Produção de Sementes e Mudas

•Certificação da Produção de Sementes e Mudas

•Utilização de Sementes e Mudas

JUSTIFICATIVAS PARA A NOVA LEGISLAÇÃO

•Adequação à nova feição do agronegócio Brasileiro (a Lei 6.507/77, possuía quase 30 anos);
•Harmonização com acordos internacionais (Mercosul, OMC,FMI, etc);

•Compatibilidade com a Lei de proteção de Cultivares.


HISTÓRICO

•1ªFASE: (Organização do Sistema)

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 277


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

AGIPLAN –O Estado como coordenador e também executor

Pesquisa Pública ( Federal e Estadual)

Recursos exclusivamente públicos

2ªFASE: (Muda o modelo de Geração de tecnologia)

•O Estado com ação predominantemente normatizador

•Iniciativa privada também atuando na geração de tecnologia (pesquisa privada)

•LEI DE PROTEÇÃO DE CULTIVARES ( Direito de proteção / recursos para gerar tecnologia)


•Registro Nacional de Cultivares –RNC

Lei de Proteção de Cultivares

•Lei 9.456, de 25 de abril de 1997 •Decreto 2.366, de 05 de novembro de 1997


Novo paradigma na geração de tecnologia

Certificado de Proteção

•Bem móvel para todos os efeitos legais e única forma de proteção de cultivares e de direito que
poderá obstar a livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou de multiplicação
vegetativa no país.

O NOVO ARCABOUÇO LEGAL

•LEI DE PATENTES

•LEI DE PROTEÇÃO DE CULTIVARES

•NOVA LEI DE SEMENTES

•LEI DE BIOSSEGURANÇA

LEGISLAÇÃO DE SEMENTES E MUDAS


Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 278
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

LEI 10.711, de 05/08/2003

Decreto nº5.153, de 23/7/2004

Normas gerais de produção de sementes

Normas Gerais de produção de mudas

COMPETÊNCIAS

COMPETE AO MAPA:

Promover, coordenar, normatizar, supervisionar, auditar e fiscalizar as ações decorrentes desta Lei
e de seu regulamento.

COMPETÊNCIAS

Compete aos Estados e ao Distrito Federal elaborar normas e procedimentos complementares


relativos à produção de sementes e mudas, bem como exercer a fiscalização do comércio estadual.
A fiscalização do comércio de sementes e mudas poderá ser exercida pelo MAPA, quando
solicitado pela Unidade da Federação.
Compete privativamente ao MAPA a fiscalização do comércio interestadual e internacional de
sementes e mudas.
SISTEMA NACIONAL DE SEMENTES E MUDAS

Registro Nacional de Semente e Mudas –RENASEM

Registro Nacional de Cultivares –RNC

Produçãode sementes e mudas

Certificaçãode sementes e mudas

Análise de sementes e mudas

Comercializaçãode sementes e mudas

Fiscalizaçãoda produção, do beneficiamento, da amostragem, da análise, certificação, do


armazenamento, do transporte e da comercialização de sementes e mudas

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 279


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Utilização de sementes e mudas

Propõe a instituição do Registro Nacional de Produção, Comércio e Fiscalização de Sementes e


Mudas –RENASEM, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Registro Nacional de CultivaresR N C•

Para a produção, beneficiamento e comercialização de sementes e mudas no País é


obrigatório a inscrição prévia das cultivares no RNC
PRODUÇÃO x REGISTRO
Visa a produção da PI Habilita cultivares p/prod.
comercializaçãono Brasil -RNC;
Assegura os direitos de exploração Tem fundamento naLegislação de
comercial do uso (royalties); Sementes;
Tem legislação própria; Tem fundamento naLegislação de
Sementes;
Vinculada a ordenamentos internacionais; Banco de informações agronômicas (VCU)
DHE;

UTILIZAÇÃO

Compete ao MAPA orientar a utilização de sementes e mudas no país e evitar o uso indevido de
sementes e mudas que venham causar prejuízos à agricultura nacional, conforme estabelecido na
regulamentação da lei.

•O transporte das sementes ou mudas reservadas para uso próprio, entre propriedades do mesmo
usuário, somente poderá ser feito com autorização do MAPA

•Todo produto passível de ser utilizado como material de propagação fica sujeito às disposições
previstas neste decreto e atos complementares, quando desacompanhada de NF que comprove
sua destinação ao consumo humano, animal ou industrial.

UTILIZAÇÃO

•Toda pessoa que utilize sementes ou mudas, com finalidade de semeadura ou plantio deverá
adquiri-las de produtor ou comerciante inscrito no RENASEM.
•O usuário poderá a cada safra, reservar parte de sua produção, como sementes e mudas para uso

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 280


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

próprio.
•Compete ao MAPA orientar a utilização de sementes e mudas no país e evitar o uso indevido de
sementes e mudas que venham causar prejuízos à agricultura nacional, conforme estabelecido na
regulamentação da lei.
•Toda pessoa que utilize sementes ou mudas, com finalidade de semeadura ou plantio deverá
adquiri-las de produtor ou comerciante inscrito no RENASEM.
O usuário poderá, a cada safra, reservar parte de sua produção, como sementes e mudas para uso
próprio.

O material de propagação vegetal material reservado pelo usuário, para semeadura ou


plantio, será considerado sementes e mudas para uso próprio e deverá:

☺ser utilizado somente em sua propriedade e estar em quantidade compatível com a área a ser
plantada na safra seguinte;
☺Ser proveniente de áreas inscritas no Mapa, quando se tratar de cultivares protegida;

☺Obedecer, quando de cultivares de domínio público, ao disposto em atos complementares,


respeitado as particularidades de cada espécie.

PRODUÇAO
(Sistema de Produção)

•As Sementes e mudas deverão ser produzidas no País de acordo com o “SISTEMA DE
PRODUÇÃO DE SEMENTES E MUDAS”.
•Dentro do sistema de produção de sementes é facultado a produção no PROCESSO DE
CERTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO(Denominação das Sementes)

•As Sementes e mudas deverão ser identificadas com a denominação: “Semente de”ou “muda
de”acrescida do nome comum da espécie.
•As Sementes e mudas produzidas sob o processo de certificação serão identificadas com a
denominação: “Semente Certificada(ou a categoria correspondente)de”ou “muda certificada
de”acrescida do nome comum da espécie.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 281


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

PRODUÇÃO(Categorias de sementes)

SEMENTE GENÉTICA
SEMENTE BÁSICA
SEMENTE CERTIFICADA 1 (C1)
SEMENTE CERTIFICADA 2 (C2)
SEMENTE (S1)
SEMENTE (S1)

PRODUÇÃO
(Categorias de Mudas)

PLANTA BÁSICA
PLANTA MATRIZ
MUDA CERTIFICADA
MUDA

Certificação de Mudas
Obtenção de Categorias

Planta Básica Planta Matriz

Planta Básica (PB)

Planta Matriz (PM)


Muda Certificada
Jardim Clonal (JC) ou
Borbulheira(BO)

PRODUÇÃO
(Limite de gerações)

•Estabelece o limite de uma geração para propagação das categorias de sementes básica,
certificada de primeira geração e certificada de segunda geração.

•As sementes ou mudas não certificadas, com origem genética comprovada terão sua produção,
limitada ao máximo de duas gerações, condicionada à prévia inscrição dos campos e ao
atendimento às normas e aos padrões estabelecidos.
Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 282
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A produção de sementes ou mudas não certificadas poderá ser feita sem a comprovação de
origem genética exclusivamente, quando não se tenha disponibilizado semente genética, para a
respectiva espécie.”falta pesquisa”.

PRODUÇÃO(Inscrição de campo)

•A produção de Semente, Básica, Certificada de Primeira Geração -C1 e Semente

Certificada de Segunda Geração -C2, bem como de semente não certificada, fica condicionada à
prévia inscrição dos campos no Ministério da Agricultura e do Abastecimento, obedecidas as
normas e os padrões pertinentes.

CERTIFICAÇÃO

A certificação de sementes e mudas poderáser efetuada, diretamente pelo Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento, ou sob a forma de credenciamento, por pessoa jurídica, pública ou
privada.

Será facultado ao produtor de sementes e de mudas, pessoa ou jurídica, desde que credenciado
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acumular a atividade de certificador de
sua própria produção.

ANÁLISE DE SEMENTES

•Metodologia Oficializada pelo MAPA (RAS)

COMÉRCIO INTERNO

•Atendimentos aos padrões de identidade e qualidade

•Identificada e acompanhada de NF, Certificado de Sementes ou Termo de Conformidade


COMÉRCIO EXTERNO

Atendimento às exigências dos organismos que regem o comércio internacional Somente


poderão ser importadas sementes ou mudas de cultivares inscritas no Registro Nacional de
Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 283
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Cultivares.
Isentas–pesquisa, de ensaios de Valor de Cultivo e uso ou de reexportação.

EXPORTAÇÃO

☺Atendimento às exigências dos organismos que regem o comércio internacional


☺Quando se tratar de cultivar protegida no Brasil, a exportação somente será permitida mediante
autorização do detentor do direito de proteção.

IMPORTAÇÃO:

☺Somente poderão ser importadas sementes ou mudas de cultivares inscritas no Registro


Nacional de Cultivares.
☺Isentas –pesquisa para ensaios de Valor de Cultivo e uso ou para reexportação.

Comercio Interno

☺Quando em trânsito por outras unidades federativas que não sejam a destinatária, a fiscalização
é privativa do Mapa.
☺Compete à fiscalização do comércio estadual de sementes ou mudas verificar a comprovação de
destino, mediante nota fiscal e, quando for o caso, a Permissão de Trânsito Vegetal.

☺Ao entrar na área de jurisdição da unidade federativa destinatária, a semente ou a muda passará
a ser fiscalizada pelo órgão competente desta unidade.
☺Atendimentos aos padrões de identidade e qualidade.

☺Identificada e acompanhada de NF, Atestado de Origem Genética, Certificado de Sementes ou


Termo de Conformidade.

FISCALIZAÇÃO

A fiscalização da produção de sementes e de mudas, em todas as unidades da federação, será


exercida pelo MAPA, por Fiscais Federais Agropecuários. A Fiscalização do Comércio é
competência do Estado.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 284


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O exercício das ações de fiscalização referente ao comércio internacional e interestadual constitui


competência privativa do Mapa.
O Mapa poderá descentralizar, por convênio ou acordo com entes públicos, a execução do serviço
de fiscalização da produção de sementes e mudas, após parecer conclusivo emitido pelo órgão
técnico central competente. O ente público credenciado como certificador, na forma deste
regulamento, fica impedido de exercer a fiscalização prevista acima.

Conceitos

semente:todo material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar,


proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura
produtor de sementes:pessoa física ou jurídica que, assistida por responsável técnico, produz
semente destinada à comercialização
classe de sementes:grupo de identificação da semente de acordo com o processo de produção
categoria:unidade de classificação, dentro de uma classe de semente, que considera a origem
genética, a qualidade e o número de gerações, quando for o caso
semente genética: material de reprodução obtido a partir de processo de melhoramento de
plantas, sob a responsabilidade e controle direto do seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas
características de identidade e pureza genéticas
semente básica:material obtido da reprodução de semente genética, realizada de forma a
garantir sua identidade genética e sua pureza varietal
semente certificada de primeira geração-C1: material de reprodução vegetal resultante da
reprodução de semente básica ou de semente genética
semente certificada de segunda geração-C2: material de reprodução vegetal resultante da
reprodução de semente genética, de semente básica ou de C1
semente S1:material de reprodução vegetal, produzido fora do processo de certificação,
resultante da reprodução de C1 e C2, de semente básica ou de semente genética ou, ainda, de
materiais sem origem genética comprovada, previamente avaliados, para as espécies previstas em
normas específicas estabelecidas pelo MAPA
semente S2: material de reprodução vegetal, produzido fora do processo de certificação,
resultante da reprodução de semente S1, C2, C1, de semente básica ou de semente genética ou,
ainda, de materiais sem origem genética comprovada, previamente avaliados, para as espécies
previstas em normas específicas estabelecidas pelo MAPA

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 285


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Sistema de Produção

•O sistema de produção de sementes e de mudas compreende todas as etapas do processo,


iniciado pela inscrição de campos e concluído pela emissão da nota fiscal.
•Tem por finalidade disponibilizar materiais de reprodução e multiplicação vegetal, com garantias
de identidade e qualidade, respeitadas as particularidades de cada espécie.

Responsabilidades

•Produtor :Controle da Identidade e Qualidade •Produtor: Identificação das sementes e


mudas •Detentor da Semente: Garantia do Padrão Mínimo de Germinação

Normas e Padrões

•A produção de sementes e mudas deverá obedecer às normas e aos padrões de identidade e


qualidade, estabelecidos pelo Mapa, publicados no Diário Oficial da União e válidos em todo
território nacional.

ESPECIES FLORESTAIS

•Fica o MAPA autorizado a estabelecer mecanismos específicos e, no que couber, exceções


ao disposto nesta lei, relativamente à produção e ao comércio de espécies florestais, bem
como às demais espécies sem origem genética comprovada (não haja tecnologia
disponível) •Uso da denominação “Semente Fiscalizada por um período de dois anos
DISPOSIÇÕES FINAIS •Uso da denominação “Semente Fiscalizada por um período de dois
anos

Principais mudanças da nova Lei


TEMA Situação anterior Nova Lei
Registro No Estado Único (Renasem)
Certificação Pública Público e Privado
Cultivares Avaliação de Cultivares RNC Proteção
Padrões Estaduais Único

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 286


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Mat. Sem origem, Fora do Sistema Contemplado


Principais mudanças da nova Lei
TEMA Situação anterior Nova Lei
FISCALIZAÇÃO Produção e Comércio Produção, comércio e
utilização
PENALIDADES Multas Baixas Multas Elevadas
TAXAS Inexistentes Existentes
RESPONSABILIDADE Termo de Compromisso Regist. RENASEM Sujeito a
TÉCNICA sanções
PLANTAS FORNECEDORAS DE MATERIAL DE PROPAGAÇÃO

PLANTA BÁSICA, PLANTA MATRIZ, JARDIM CLONAL E BORBULHEIRA


PLANTA FORNECEDORA DE MATERIAL DE PROPAGAÇÃO SEM ORIGEM GENÉTICA
COMPROVADA

INSCRIÇÃO DE PLANTA BÁSICA, PLANTA MATRIZ, JARDIM CLONAL E BORBULHEIRA

Plantas Fornecedoras de Material de Propagação Planta Básicas, Planta Matriz, Jardim


Clonal e Borbulheira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁRICA

ALMEIDA, H. J. S. et all. Diagnóstico da Floricultura Maranhense. Universidade Estadual


do Maranhão, São Luis, 2003, 28 p. (Monografia)
BALLESTER-OLMOS, J. F. Substratos para el cultivo de plantas ornamentales. Valencia:
Instituto Valenciano de Investigaciones Agrárias, 1992. 44 p. (Hojas Divulgadoras, 11).
CEASA-RN - Centrais de abastecimento do Rio Grande do Norte SA. Cooperativa de Flores
pretende exportar produção para a Europa. 03.02.2006. Disponível em:
<http://www.ceasa.rn.gov.br/noticias292.asp>.
COSTA, M. da P. B. Uma Análise dos Fatores Determinantes da Competitividade do Setor
de Flores no Estado do Ceará. (Mestrado em Negócios Internacionais), Universidade de
Fortaleza, Fortaleza, 2003, 210 p.
FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C. Propagação de Plantas Frutíferas.
Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 221p.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 287


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

FINARDI, N.L. Método de propagação e descrição de porta-enxertos,. In.: RASEIRA, M.C.B.;


MAPA Legislação de produção de sementes e mudas. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br

MEDEIROS, C.A.B. A cultura do pessegueiro. Brasília: Embrapa- SPI; Pelotas:


Embrapa-CPACT, 1998. 351p.
HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JUNIOR, F.T.; GENEVE, R.L. Plant propagation:
principles and practices. 7th. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2002.
880 p.
HINOJOSA, G.F. Auxinas. In: CID, L.PB. Introdução aos hormônios vegetais.
Brasília: EMBRAPA, 2000. p.15-54.
MURATA, I.M.; BARBOSA, W.; NEVES, C.S.V.J.; FRANCO, J.A.M. Enraizamento de estacas
lenhosas de porta-enxertos de pereira sob nebulização intermitente. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.2, p.583-585, ago. 2002. ONO, E.O.; RODRIGUES, J.D.
Aspectos da fisiologia do enraizamento de estacas caulinares. Jaboticabal: FUNEP, 1996. 83
p.
PAIVA, H. N.; GOMES, J. M., Propagação vegetativa de espécies florestais, Viçosa: UFV, 2001.
46 p. (Série cadernos didáticos, 83).
PASQUAL, M.; CHALFUN, N.N.J.; RAMOS, J.D.; VALE, M.R. do; SILVA, C.R.R. Fruticultura
comercial: propagação de plantas frutíferas. Lavras: UFLA; FAEPE, 2001.
137 p.
ROSA, M.F.; SANTOS, F.J.S.; MONTENEGRO, A.A.T.; ABREU, F.A.P.; CORREIA, D.; ARAÚJO,
F.B.S.; NORÕES, E.R.V. Caracterização do pó da casca de coco verde usado como substrato
agrícola. Comunicado Técnico Embrapa Agroindústria Tropical, n.54, p.1-6, maio 2001.
SALVADOR, E.D. Caracterização física e formulação de substratos para o cultivo de algumas
ornamentais. 2000. 148 p. Tese (Doutorado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2000.
SANTOS, J. M. de S. Flores garantem colheita de sonhos na Paraíba. Agência de Notícias
Brasil-Árabe – ANBA. Disponível em: <http://www.anba.com.br/especial.php>. SEAGRI-CE –
Secretaria de Agricultura e Pecuária. Disponível em: <http://www.seagri.ce.gov.br>.
SEBRAE-AL. Floricultura. Alagoas, 10 de maio de 2004; 2 p. Disponível em:
<http://www.al.sebrae.com.br/programas_projetos/default.asp>.
SEBRAE-PE. Floricultura em Pernambuco. Recife, junho-2002; 83 p.
SEBRAE-PI - Agência Sebrae de Notícias Piauí. Floricultura tropical em debate.
Piauí.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 288


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

18/11/05. Disponível em:<http://sebraepi.interjornal.com.br/noticia.kmf?


noticia=3879593&canal=250>.
SEBRAE-RN. Abacaxi para o mercado europeu. Valorização das flores tropicais melhora vendas.
Rio Grande do Norte. Disponível em:
http://www.sebrae.com.br/br/revista_agro/rn.asp
SEBRAE-SE - Agência Sebrae de Notícias. Cultivo de Flores Tropicais Ganha mais Espaço na
Zona de Mata. Portal do Agronegócio. Sergipe. 30/12/05. Disponível em
:http://www.portaldoagronegocio.com.br/index.php?p=noticia&&idN=5558 SIMÃO, S., Tratado de
fruticultura, Piracicaba: FEALQ, 1998. 760 p.
SBRT - Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Disponível em:
<http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt1918-4.html>.
UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –. Floricultura na Bahia – Horticultura
Ornamental. Disponível em:<http://www.uesb.br/flower/florbahia.html>.
TOFANELLI, M.B.D.; RODRIGUES, J.D.; ONO, E.O. Potencial de enraizamento de estacas
lenhosas de pessegueiro tratadas com ácido indol-butírico em diferentes concentrações e métodos
de aplicação. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.8, n.2, p.159-160, 2002.

Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura 289


Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Você também pode gostar