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Meditações para A Quaresma
Meditações para A Quaresma
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................... 3
QUARESMA DE 2018 .............................................. 4
A Palavra é um dom. O outro é um dom ......................... 4
QUARESMA DE 2016 .............................................13
«”Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As
obras de misericórdia no caminho jubilar» .................... 13
QUARESMA DE 2015 ............................................ 22
Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8) ......................... 22
QUARESMA DE 2014 ............................................ 33
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza
(cf. 2 Cor 8, 9) ..................................................................33
Rumo à Santidade
APRESENTAÇÃO
Salve Maria, nossa Dulcíssima Esperança!
Rumo à Santidade
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2018
A Palavra é um dom. O outro é um dom
Rumo à Santidade
Amados irmãos e irmãs!
Rumo à Santidade
1. O outro é um dom
Rumo à Santidade
Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa
relação com as pessoas consiste em reconhecer,
com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à
porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas
um apelo a converter-se e mudar de vida. O
primeiro convite que nos faz esta parábola é o de
abrir a porta do nosso coração ao outro, porque
cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho
ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um
tempo propício para abrir a porta a cada
necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo.
Cada um de nós encontra-o no próprio caminho.
Cada vida que se cruza connosco é um dom e
merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de
Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a
vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas,
para se poder fazer isto, é necessário tomar a
sério também aquilo que o Evangelho nos revela
a propósito do homem rico.
2. O pecado cega-nos
Rumo à Santidade
por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9)
e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho
especial que ajudava a conferir à posição da
pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a
riqueza deste homem é excessiva, inclusive
porque exibida habitualmente: «Fazia todos os
dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se
nele, dramaticamente, a corrupção do pecado,
que se realiza em três momentos sucessivos: o
amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf.
Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).
Rumo à Santidade
prisioneira da exterioridade, da dimensão mais
superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).
3. A Palavra é um dom
Rumo à Santidade
à que faz de forma tão dramática o rico. Quando
impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote
repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que
és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto,
tanto o rico como o pobre morrem, e a parte
principal da parábola desenrola-se no Além. Dum
momento para o outro, os dois personagens
descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo
e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).
Rumo à Santidade
uma certa equidade, e os males da vida são
contrabalançados pelo bem.
Rumo à Santidade
Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o
Espírito Santo nos guie na realização dum
verdadeiro caminho de conversão, para
redescobrirmos o dom da Palavra de Deus,
sermos purificados do pecado que nos cega e
servirmos Cristo presente nos irmãos
necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar
esta renovação espiritual, inclusive participando
nas Campanhas de Quaresma que muitos
organismos eclesiais, em várias partes do
mundo, promovem para fazer crescer a cultura
do encontro na única família humana. Rezemos
uns pelos outros para que, participando na
vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas
ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e
testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.
Vaticano, 18 de outubro –
Festa do Evangelista São Lucas – de 2016.
Rumo à Santidade
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2016
«”Prefiro a misericórdia ao sacrifício”
(Mt 9, 13). As obras de misericórdia no
caminho jubilar»
Rumo à Santidade
1. Maria, ícone duma Igreja que evangeliza
porque evangelizada
Rumo à Santidade
ventre virginal. Com efeito, na tradição profética,
a misericórdia aparece estreitamente ligada –
mesmo etimologicamente – com as vísceras
maternas (rahamim) e com uma bondade
generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive
no âmbito das relações conjugais e parentais.
Rumo à Santidade
Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho
feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua
misericórdia sem limites até ao ponto de fazer
d’Ele a Misericórdia encarnada (cf. Misericordiae
Vultus, 8). Na realidade, Jesus de Nazaré
enquanto homem é, para todos os efeitos, filho
de Israel. E é-o ao ponto de encarnar aquela
escuta perfeita de Deus que se exige a cada
judeu pelo Shemà, fulcro ainda hoje da aliança de
Deus com Israel: «Escuta, Israel! O Senhor é
nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor,
teu Deus, com todo o teu coração, com toda a
tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5).
O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para
ganhar o amor da sua Esposa, à qual O liga o seu
amor incondicional que se torna visível nas
núpcias eternas com ela.
Rumo à Santidade
de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe
uma nova possibilidade de se arrepender,
converter e acreditar» (Misericordiae Vultus, 21),
restabelecendo precisamente assim a relação
com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao
ponto de querer alcançar o pecador no seu
afastamento mais extremo, precisamente lá
onde ele se perdeu e afastou d'Ele. E faz isto na
esperança de assim poder finalmente comover o
coração endurecido da sua Esposa.
3. As obras de misericórdia
Rumo à Santidade
uma maneira de acordar a nossa consciência,
muitas vezes adormecida perante o drama da
pobreza, e de entrar cada vez mais no coração
do Evangelho, onde os pobres são os
privilegiados da misericórdia divina» (Ibid., 15).
Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se
de novo visível como corpo martirizado,
chagado, flagelado, desnutrido, em fuga... a fim
de ser reconhecido, tocado e assistido
cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério
inaudito e escandaloso do prolongamento na
história do sofrimento do Cordeiro Inocente,
sarça ardente de amor gratuito na presença da
qual podemos apenas, como Moisés, tirar as
sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o
pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre
por causa da sua fé.
Rumo à Santidade
cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não
querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à
porta da sua casa (cf. Lc 16, 20-21), sendo este
figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a
nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de
conversão que Deus nos oferece e talvez não
vejamos. E esta cegueira está acompanhada por
um soberbo delírio de omnipotência, no qual
ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis
como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer
pecado. Tal delírio pode assumir também formas
sociais e políticas, como mostraram os
totalitarismos do século XX e mostram hoje as
ideologias do pensamento único e da
tecnociência que pretendem tornar Deus
irrelevante e reduzir o homem a massa possível
de instrumentalizar. E podem actualmente
mostrá-lo também as estruturas de pecado
ligadas a um modelo de falso desenvolvimento
fundado na idolatria do dinheiro, que torna
indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e
as sociedades mais ricas, que lhes fecham as
portas recusando-se até mesmo a vê-los.
Rumo à Santidade
tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs
necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados,
visitados, as obras espirituais tocam mais
directamente o nosso ser de pecadores:
aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar.
Por isso, as obras corporais e as espirituais nunca
devem ser separadas. Com efeito, é
precisamente tocando, no miserável, a carne de
Jesus crucificado que o pecador pode receber,
em dom, a consciência de ser ele próprio um
pobre mendigo. Por esta estrada, também os
«soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que
fala o Magnificat, têm a possibilidade de
aperceber-se que são, imerecidamente, amados
pelo Crucificado, morto e ressuscitado também
por eles. Somente neste amor temos a resposta
àquela sede de felicidade e amor infinitos que o
homem se ilude de poder colmar mediante os
ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas
permanece sempre o perigo de que os soberbos,
os ricos e os poderosos – por causa de um
fechamento cada vez mais hermético a Cristo,
que, no pobre, continua a bater à porta do seu
coração – acabem por se condenar precipitando-
se eles mesmos naquele abismo eterno de
solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam
de novo para eles, como para todos nós, as
palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o
Profetas; que os oiçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta
Rumo à Santidade
activa preparar-nos-á da melhor maneira para
festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a
morte conquistada pelo Esposo já ressuscitado,
que deseja purificar a sua prometida Esposa, na
expectativa da sua vinda.
Rumo à Santidade
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2015
Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8)
Rumo à Santidade
Amados irmãos e irmãs,
Rumo à Santidade
Quando o povo de Deus se converte ao seu amor,
encontra resposta para as questões que a
história continuamente nos coloca. E um dos
desafios mais urgentes, sobre o qual me quero
deter nesta Mensagem, é o da globalização da
indiferença.
Rumo à Santidade
Por isso, o povo de Deus tem necessidade de
renovação, para não cair na indiferença nem se
fechar em si mesmo. Tendo em vista esta
renovação, gostaria de vos propor três textos
para a vossa meditação.
Rumo à Santidade
tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando
ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os
sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta,
tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de
Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal
indiferença que, com tanta frequência, parece
apoderar-se dos nossos corações; porque, quem
é de Cristo, pertence a um único corpo e, n'Ele,
um não olha com indiferença o outro. «Assim, se
um membro sofre, com ele sofrem todos os
membros; se um membro é honrado, todos os
membros participam da sua alegria» (1 Cor 12, 26).
Rumo à Santidade
2. «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9): As
paróquias e as comunidades
Rumo à Santidade
usufrui sozinha do gozo eterno; antes pelo
contrário, pois aos Santos é concedido já
contemplar e rejubilar com o facto de terem
vencido definitivamente a indiferença, a dureza
de coração e o ódio, graças à morte e
ressurreição de Jesus. E, enquanto esta vitória do
amor não impregnar todo o mundo, os Santos
caminham connosco, que ainda somos
peregrinos. Convicta de que a alegria no Céu pela
vitória do amor crucificado não é plena enquanto
houver, na terra, um só homem que sofra e gema,
escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da
Igreja: «Muito espero não ficar inactiva no Céu; o
meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e
pelas almas» (Carta 254, de 14 de Julho de 1897).
Rumo à Santidade
natureza, missionária, não fechada em si mesma,
mas enviada a todos os homens.
Rumo à Santidade
toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer
para não nos deixarmos absorver por esta espiral
de terror e impotência?
Rumo à Santidade
possibilidades infinitas que tem de reserva o
amor de Deus. E poderemos resistir à tentação
diabólica que nos leva a crer que podemos
salvar-nos e salvar o mundo sozinhos.
Rumo à Santidade
Com estes votos, asseguro a minha oração por
cada crente e cada comunidade eclesial para que
percorram, frutuosamente, o itinerário
quaresmal, enquanto, por minha vez, vos peço
que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e
Nossa Senhora vos guarde!
Rumo à Santidade
MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2014
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a
sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9)
Rumo à Santidade
Queridos irmãos e irmãs!
A graça de Cristo
Rumo à Santidade
2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um
grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o
amor divino: um amor que é graça, generosidade,
desejo de proximidade, não hesitando em doar-
Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A
caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do
amado. O amor torna semelhante, cria igualdade,
abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus
fez connosco. Na realidade, Jesus «trabalhou
com mãos humanas, pensou com uma
inteligência humana, agiu com uma vontade
humana, amou com um coração humano.
Nascido da Virgem Maria, tornou-Se
verdadeiramente um de nós, semelhante a nós
em tudo, excepto no pecado» (Conc. Ecum. Vat.
II, Const. past. Gaudium et spes, 22).
Rumo à Santidade
tem necessidade de penitência, de conversão;
mas fá-lo para se colocar no meio do povo
necessitado de perdão, no meio de nós
pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos
pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu
para nos consolar, salvar, libertar da nossa
miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer
que fomos libertados, não por meio da riqueza
de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E
todavia São Paulo conhece bem a «insondável
riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as
coisas» (Heb 1, 2).
Rumo à Santidade
sua glória. É rico como o é uma criança que se
sente amada e ama os seus pais, não duvidando
um momento sequer do seu amor e da sua
ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua
relação única com o Pai é a prerrogativa
soberana deste Messias pobre. Quando Jesus
nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo
suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-
nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre
riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e
fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no
Irmão Primogénito (cf.Rm 8, 29).
O nosso testemunho
Rumo à Santidade
passar através da nossa riqueza, mas sempre e
apenas através da nossa pobreza, pessoal e
comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.
Rumo à Santidade
Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam
ídolos, acabam por se antepor à exigência duma
distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é
necessário que as consciências se convertam à
justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.
Rumo à Santidade
O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a
miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a
todo o ambiente o anúncio libertador de que
existe o perdão do mal cometido, de que Deus é
maior que o nosso pecado e nos ama
gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos
para a comunhão e a vida eterna. O Senhor
convida-nos a sermos jubilosos anunciadores
desta mensagem de misericórdia e esperança. É
bom experimentar a alegria de difundir esta boa
nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado
para consolar os corações dilacerados e dar
esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na
escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que
foi ao encontro dos pobres e dos pecadores
como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-
lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos
corajosamente abrir novas vias de evangelização
e promoção humana.
Rumo à Santidade
Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua
pobreza. A Quaresma é um tempo propício para
o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos
acerca do que nos podemos privar a fim de
ajudar e enriquecer a outros com a nossa
pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira
pobreza dói: não seria válido um despojamento
sem esta dimensão penitencial. Desconfio da
esmola que não custa nem dói.
Rumo à Santidade
Rumo à Santidade