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EVOLUIR: Como melhoramos

Rafael Faermann Korman

A partir de várias experiências adquiridas através dos trabalhos realizados


com escolas e municípios, desenvolveu-se uma “teoria de ação informal” — uma
hipótese que desenha uma cadeia causal entre ações e um resultado desejado —
sobre como a melhoria acontece nas escolas e nos sistemas escolares. A seguir,
apresentam-se causas e consequências desta teoria.

CAUSAS - SE os educadores puderem…

1. mostrar exemplos sobre o processo de melhoria do Data Wise e os hábitos


de mentais ACE na prática diária,
2. desenvolver o conhecimento e a habilidade dos outros para fazer o trabalho
de melhoria,
3. pensar grande e focar pequeno,
4. agir e ajustar rapidamente, com base em evidências, a fim de ver a
mudança real na aprendizagem e ensino, e
5. captar e compartilhar a aprendizagem à medida que ela acontece,

CONSEQUÊNCIAS - ENTÃO…

6. este aprendizado irá desenvolver habilidades coletivas e confiança


7. para que todos possam estender o trabalho de melhoria em toda a
organização, e

a aprendizagem e o ensino para todas as crianças melhorarão.

Na sequência, analisam-se cada um dos itens enumerados.

CAUSAS - SE os educadores puderem...

1. Mostrar Exemplos dos Processos e Hábitos

Tão importante quanto dizer o que fazer é praticar aquilo que se diz. O Data
Wise é feito de exemplos. A melhor forma de aprender é fazendo. Cada norma,
cada protocolo não reflete apenas o que se pede, mas como as pessoas os
praticam.Se você mesmo seguir o processo, as pessoas da sua equipe vão ver que
é pra valer.

2. Desenvolver o Conhecimento e a Habilidade dos Outros

Para avançar no trabalho, quanto mais pessoas souberem os princípios do


processo de melhoria, melhor. No entanto, saber significa mais do que entender os
conceitos, mas ser capaz de ensinar os outros.
E ensinar os outros requer dominar o trabalho colaborativo e desenvolver na
equipe o mindset para abrir suas próprias práticas e buscar o que é melhor para o
ensino e a aprendizagem.

3. Pensar Grande, Focar Pequeno

Dá muito mais vontade de trabalhar com um objetivo de grandes proporções,


como “todas as crianças serão proficientes em matemática” do que em algo mais
simples do que “todas as crianças serão capazes de entender como resolver um
problema de geometria selecionando os dados apropriados”. Entretanto, um
objetivo muito grande pode ser inalcançável e ao não ser atingido pode causar
muita frustração e desconfiança na equipe. Traçar objetivos mais curtos faz com
que a equipe possa se aprofundar nas discussões e buscar mais evidências para
chegar onde deseja. E quando conseguimos atingir nosso objetivo menor, podemos
elevar o nível até chegar naquele sonho que mais almejamos.

4. Agir e Ajustar Rapidamente, Baseado em Evidências

Uma frase muito popular quando se trata de planos de ação é “o papel aceita
tudo”. Isso quer dizer que podemos escrever o que quisermos no plano, mas isso
não significa que ele será posto em prática ou muito menos que ele vai funcionar.
Se tivermos medo de ao menos tentar realizar o plano, nunca saberemos se ele
realmente pode dar certo. E estar errado sobre o que projetamos não nos faz piores
profissionais. Não é ruim estar errado: o problema é não fazer nada a respeito.
Quando agimos e ajustamos o plano, estamos refletindo sobre o que fazemos em
busca da melhoria verdadeira.

5. Captar e Compartilhar a Aprendizagem

Celebrar o sucesso não se trata apenas de comemorar os resultados com a


equipe de professores ao final do ano, mas também de pensar coletivamente o que
aprendemos com o que fizemos. O que foi feito de diferente para que chegássemos
até aqui? Por quê deu certo? Colher feedback e compartilhar entre pares é
fundamental para perceber o que aprendemos e seguir melhorando.

6. Desenvolver Habilidades Coletivas e Confiança

A sensação de estar avançando no trabalho colaborativo e de estar tendo


resultados gera um sentimento de que não mais sozinhos, mas coletivamente
estamos aprendendo. Esse sentimento foi chamado por Roger Goddard, Wayne
Hoy e Anita Woolfolk de eficácia coletiva, ou a crença de que sua equipe e escola
têm a capacidade conjunta de realizar com sucesso mudanças no aprendizado do
aluno. A eficácia coletiva pode ser perpetuar sozinha e o sucesso pode gerar mais
confiança, mais vontade de enfrentar novos desafios e mais crença de que o que a
equipe faz importa. É libertador não se sentir sozinho, pois perdemos o medo de
tentar fazer algo novo, o medo de aprender.
7. Estender o Trabalho de Melhoria

A eficácia coletiva pode se manifestar de muitas formas. Uma explicação


está no conceito de simetria, trazido por Richard Elmore. Ele refere-se a este
conceito afirmando que o aprendizado poderoso é semelhante em todos os níveis
de uma escola, do indivíduo, para a sala de aula, para a organização. Citamos três
tipos aqui:

● Simetria de uma equipe para todas as outras equipes da escola: é


quando uma equipe de professores consegue contagiar as demais equipes
por meio do seu trabalho e espalha a mudança pela organização.
● Simetria através dos níveis da organização: ocorre se as práticas
pensadas pela coordenação pedagógica são adotadas pelas equipes de
professores ou mesmo “sobem” a hierarquia e passam a ser utilizadas
também pela direção ou mantenedora.
● Simetria de melhoria dentro do próprio trabalho: é possível visualizar
este tipo de simetria quando uma escola usa um ciclo para melhorar a
maneira como ela mesmo melhora, como, por exemplo, fazendo um mini-
ciclo de melhoria dentro de algum passo do processo, para colher feedback
e aprender com isso.

CONCLUSÃO

Quando iniciamos o processo de melhoria Data Wise, muitas vezes não


estamos cientes do quão transformador ele pode ser, muito menos em relação ao
aprendizado de novas ferramentas técnicas, mas muito mais em relação a
mudanças na aprendizagem organizacional e comportamental. Então, PREPARE-
SE PARA ALGO GRANDE.

Se, por um lado, é preciso passos de bebê para realizar a mudança cultural
necessária, por outro lado não subestime onde os passos do bebê podem chegar.
Este trabalho é transformador — tanto para estudantes como para adultos. Trata-se
de muito mais do que dados: trata-se de encontrar uma maneira de permitir que
cada aluno e cada professor atinja o seu potencial. Com o cuidado apropriado, um
delicado novo começo pode conduzir ao crescimento que se desdobra em algo
maior do que você imagina. O bebê que é cuidado com carinho pode virar uma
criança esperta e curiosa, e depois uma pessoa adulta capaz de educar não só
uma casa, mas toda uma comunidade de aprendizagem.

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