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INSTRUÇÃO
RESUMO DOS AUTOS:
A denúncia imputou ao réu ter praticado o crime capitulado no artigo 33, bem
como 28, da Lei 11.343/06, por supostamente “cultivar, para fins de comércio e/ou
fornecimento a terceiros, substância entorpecente, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”.
O acusado foi notificado para apresentação de defesa prévia, as fls. 59 dos
autos, a qual foi apresentada a fls. 63 e seguintes dos autos. A denúncia foi recebida as
fls. 85 e seguintes, sendo designada audiência (fls. 88) para a oitiva das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, sendo devidamente citado o acusado (fls. 93).
Na audiência foram ouvidas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público
e pela defesa (fls. 98 a 100 dos autos). Encerrada a instrução, instadas as partes a
apresentação de memoriais de alegações finais.
PROVAS:
Conforme consta dos autos e da denúncia, o réu foi preso em flagrante, suspeito
da prática de crime previsto na Lei de Drogas (11.343/2006), por cultivar a substância
vulgarmente conhecida como “maconha”, que se encontrava em propriedade de seu
genitor.
Constam dos autos as seguintes informações:
- no momento da abordagem, os Policiais, afirmaram ter seguido a informação de “um
senhor”, sem ter obtido qualquer informação sobre ele (que era possível se ele realmente
existiu), que supostamente disse que alguém estava cultivando “maconha” no local;
- o próprio acusado afirmou ser outra pessoa responsável pelo cultivo, podendo ter
havido confusão com outra pessoa, se é que suposto “senhor” viu algo, uma vez que
nem mesmo no momento os Policiais Militares se preocuparam em confirmar com suposta
pessoa, não arrolada nos autos, se efetivamente foi o réu que ele supostamente viu no
local;
- o autor comprovou (recibos anexos a defesa prévia – fls. 71 e seguintes), que o dinheiro
que portava era oriundo do recebimento de remuneração como atendente, na qual retirava
vales, demonstrando a origem lícita do dinheiro, afastando a suspeita de origem do valor
relacionada ao tráfico;
- o autor, após o fato, por intervenção de sua família, que tomou então consciência de seu
vício, passou a frequentar atividade de orientação para tratamento do vício, demonstrando
realmente tratar-se de usuário, que buscou reintegrar-se a sociedade, inclusive mantendo
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atividade laborativa lícita e estudo, durante todo o processo e até o presente (comprova
por documentos em anexo a defesa prévia, fls. 71 e seguintes dos autos);
- cabe considerar, ainda, que desde a data do fato já se passaram aproximadamente 3
anos, sendo que o acusado nunca mais foi encontrado em qualquer atividade
suspeita, sendo que inclusive os policiais em seus depoimentos confirmaram que o
acusado não é conhecido no meio do tráfico na cidade;
- as testemunhas trazidas pela defesa confirmaram ter conhecimento de que o acusado
era usuário a época do fato, bem como a mudança de sua conduta social após o fato;
Importante destacar que o Policial 1, em seu depoimento, sobre o fato, disse
que um senhor teria dito que teria visto alguém “cultivando droga”, em propriedade rural,
não tendo sido identificado referido senhor, supostamente um vizinho, tendo o acusado
afirmado que era usuário:
P1: “(...) ligou para nós um senhor e disse que tinha visto um rapaz
cultivando droga, razão pela qual requisitou-se mandado para apuração”
P1: “(...) disse que era usuário”
P1: “(...) tem comércio e uso de drogas, ali, é frequente”
P1: “(...) não, até ele só informou e saiu” (sobre se identificaram o suposto
senhor que tinha falado com os policiais)
P1: “(...) não, não, só falou, deu as características” (sobre se o senhor na
data tinha sido levado até o acusado, resposta negativa)
P1: “(...) não, nunca vi” (se viu o acusado em outras ocorrências)
P3: “(...) só quer que resolva o problema não quer se envolver” (se o senhor não foi levado
a reconhecer o acusado na data)
P3: “(...) ele estava sozinho, tinha acabado de acordar o dia do flagrante” (se tinha alguém
para quem pudesse estar oferecendo ou entregando a substância entorpecente)
Ainda, a Testemunha 1:
T1: “(...) conheço, ela fazia doces pra fora” (sobre a família do réu)
T1: “(...) sim, porque eu notei neles né dai eu perguntei” (sobre se tinha conhecimento do
réu e o filho serem usuários)
T1: “(...) trabalhava, como atendente” (sobre o réu exercer atividade remunerada na
época)
T1: “(...) falou com meu filho que ele ia procurar um tratamento” (sobre conhecimento do
tratamento procurado pelo réu)
Ainda, a Testemunha 2:
T2: “(...) ah, sim eu sabia que ele usava né” (sabia que o réu era usuário)
T2: “(...) sim, ele falou né” (como ficou sabendo que o réu era usuário)
T2: “(...) sim, trabalhava parece como atendente (...) fui uma vez” (sobre a atividade lícita
exercida pelo réu a época dos fatos)
No dia xx/xx/xxxx foi distribuída a presente ação, em que o denunciado está sendo
acusado do crime de tráfico de drogas, disposto no art. 33 da Lei 11.343, por ter sido
encontrada plantação de “cannabis sativa lineu” na sua casa e este ter confessado o fato.
Após, foi notificado o réu para responder (fl. 59), momento no qual a defesa
prévia fora intentada (fls. 63 e ss). Foi recebida a denúncia pelo juiz (fl. 85) e marcada
então audiência para a oitiva das testemunhas arroladas (fl. 88). Sendo devidamente
citado o acusado (fl. 93).
III. DO MÉRITO:
“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.” (Grifou-se)
prévia autorização judicial. Diante disso, tal prática encontra-se amparada pelos
dispositivos permissivos do Código de Processo Penal, qual seja:
O Policial 1 relatou como tomaram conhecimento do fato e que o local tem histórico
de tráfico de entorpecentes:
P1: “(...) ligou para nós um senhor e disse que tinha visto um rapaz cultivando
droga, razão pela qual requisitou-se mandado para apuração”
P1: “(...) tem comércio e uso de drogas, ali, é frequente”
Nesse sentido, em que pese o réu afirme, em juízo, não ser o proprietário dos
ilícitos, não foi possível, no decorrer da instrução, averiguar a identidade do suposto
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verdadeiro dono e cultivador dos entorpecentes. A partir disso observa-se que a defesa do
réu fica fragilizada, uma vez que a Lei nº 11.343/2006 é clara em afirmar em seu artigo 2º
que:
IV. PEDIDOS:
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