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Nassima al-Sada
Nassima está na prisão pelo seu trabalho pacífico de defesa dos direitos das mulheres
na Arábia Saudita. Passam meses sem que possa ver os seus filhos ou o seu advogado.
Durante muito tempo, Nassima fez campanha pela liberdade das mulheres na Arábia
Saudita. Mas, ao fazê-lo, perdeu a sua. É uma das várias proeminentes ativistas que
defenderam o direito das mulheres a conduzirem e a tratarem dos assuntos diários sem
precisarem de autorização do seu “guardião” do sexo masculino.
O sistema de guardiões na Arábia Saudita exigia que as mulheres pedissem permissão
a um homem para sair ou para outras atividades básicas rotineiras. Apesar destas leis
se terem tornado mais flexíveis nos últimos meses, as mulheres que agiram para pôr
um fim a este sistema permanecem atrás das grades.
Nassima foi presa, pelo seu trabalho pacífico em direitos humanos, em julho de 2018.
Na prisão, foi vítima de maus-tratos e, durante um ano, ficou numa pequena cela, em
regime de solitária, completamente isolada de outras pessoas. É lhe permitido apenas
um telefonema por semana à família, mas não pode receber visitas, nem do seu próprio
advogado.
El Hiblu 3
Em Malta, três jovens arriscam-se a passar o resto das suas vidas atrás das grades por
terem ajudado requerentes de asilo a escaparem da tortura.
Antes de serem conhecidos como El Hiblu 3, eram apenas três adolescentes
apaixonados por futebol e basquetebol. No momento em que as suas vidas mudaram,
com 15, 16 e 19 anos, tudo o que queriam era uma vida digna e em segurança.
Esse objetivo comum levou-os a sair dos seus países de origem, a Guiné e a Costa do
Marfim, até à Líbia. Em março de 2019, desesperados por escaparem à violência e à
tortura que milhares de refugiados e migrantes sofrem nesse país, embarcaram num
barco insuflável em direção à Europa, com mais de 100 pessoas.
A embarcação, que rapidamente ficou em apuros, foi salva pelo El Hiblu, um
petroleiro. Pensaram que estavam a salvo, mas a tripulação do El Hiblu tentou, num
primeiro momento, regressar à Líbia para devolver estas pessoas, apesar das promessas
da tripulação de que não o fariam e de tal ser ilegal ao abrigo do direito internacional.
“As pessoas começaram a chorar e a gritar: “não queremos ir para a Líbia!” e
“preferimos morrer!”
Perante a situação, o responsável pelo navio perguntou ao jovem de 15 anos, que
falava inglês, o que poderia fazer para acalmar a situação. O rapaz respondeu: “não nos
devolva à Líbia.”
Pouco depois, os três jovens, atuando enquanto intérpretes, conseguiram acalmar a
situação, tranquilizando todos os envolvidos e defenderam o seu direito a não serem
devolvidos à tortura que os esperava. No final, convenceram a tripulação a ir para a
Europa.
Mas a cobertura mediática e a narrativa em torno deste caso conduziram a um trágico
desfecho: ao entrarem em águas territoriais de Malta, as autoridades maltesas alegaram
que o navio foi sequestrado pelos três jovens, mesmo não tendo quaisquer provas
disso. Os três jovens desembarcaram em Malta algemados, apesar de a polícia ter
confirmado que a tripulação do navio esteve sempre no controlo da situação, que não
houve feridos e que nada foi vandalizado.
Paing Phyo Min
Paing Phyo Min está a cumprir uma pena de seis anos após uma atuação satírica onde
criticou os militares do Myanmar, através de poemas. Por ter simplesmente exercido o
seu direito à liberdade de expressão, foi injustamente condenado.
Paing Phyo Min dedica todo o seu tempo livre às artes. Este estudante de 22 anos é
presidente da Associação de Estudantes, adora cantar, tocar guitarra, é fã da cantora
Taylor Swift e membro do Peacock Generation, um grupo de poesia satírica dedicado a
Thangyat – uma forma de arte tradicional no Myanmar que combina música, poesia e
comédia para comentar assuntos sociais do país, e que chegou a estar proibida pelos
militares entre 1998 e 2013.
Tudo mudou quando, em abril de 2019, Paing Phyo Min e outros elementos do
Peacock Generation foram detidos após uma das suas atuações de Thangyat, onde se
vestiram de militares. Durante a atuação, riram-se dos militares, do facto de eles não
tolerarem quaisquer críticas, insinuaram que estavam desesperados por se manterem no
poder e que estavam a levar o país à falência, enquanto os seus generais enriqueciam.
Paing Phyo Min foi considerado culpado e condenado a seis anos de prisão. As
acusações contra ele incluíram “incitamento”, ou seja, encorajar militares a
abandonarem as suas obrigações, e “difamação online” por ter partilhado fotografias e
vídeos da atuação online.