Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
130
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
camadas de solo cuja condutividade hidráulica se função do grande número e variação das camadas
deseja obter. Essa escolha é a princípio feita em do solo.
escritório, com base nas descrições de perfis Na definição do número de testes o mais
provenientes de estudos de solo, devendo ser importante é a experiência do técnico de drenagem
também levadas em consideração as condições e o conhecimento dos solos da área.
de acesso e distâncias aos cursos de água ou
pontos de abastecimento.
4. Material Necessário
Em mapas topográficos, ou mesmo em aerofoto-
grafias da área, marcam-se "a priori", os locais de É necessário contar-se com uma quantidade
possíveis testes. Uma seleção final é geralmente apreciável de material, conforme segue:
feita "in-loco".
Para perfuração do furo de trado
É sempre interessante o conhecimento da e descrição do perfil
disposição das camadas superficiais da área do • enxada para limpar a área;
trabalho, porque as camadas a serem testadas • trados para solos de textura leve, média ou
podem apresentar-se onduladas e, então, caso isto pesada; deve-se contar com trados preferencialmente
aconteça, pode-se localizar os testes em pontos de 3 a 4" de diâmetro;
onde os horizontes do solo, a serem testados, • manivela ou haste de trado;
apresentem profundidades e espessuras mais • extensões de 1,0 m;
convenientes. • martelo de borracha;
• sacos plásticos e etiquetas, caso haja
Locais de fácil acesso devem ser preferidos, devido necessidade de coletar amostras;
a necessidade de se transportar todo o material e • prancheta escolar e ficha de descrição do perfil.
água para o local escolhido. No mínimo é
necessário que haja acesso para uma pick-up. Para condução do teste
• Escarificador para eliminar compactação e
superfícies que se tornem lisas devido aos
3. Número de testes movimentos do trado, o que prejudica a penetração
normal da água nos poros.
O número de testes vai depender principalmente
do nível de estudos, das dimensões do projeto e • Capa protetora, do mesmo tipo indicado para o
das dimensões de cada unidade de solo dentro do caso anterior, para testes a serem realizados em
projeto. camadas de solo instáveis, o que ocorre principalmente
em solos siltosos, solos de textura arenosa fina e
Deve-se fazer, de um modo geral, dois a três testes solos com predominância de argila do tipo
com repetição, para cada camada ou horizonte de montmorilonita, como é o caso dos vertissolos. O
solo a ser estudado. filtro serve para evitar o desmoronamento da parede
do furo de trado com a conseqüente alteração do
A nível de projeto executivo, é recomendável diâmetro interno desta.
conduzir de 2 a 3 testes para cada 5 a 25 hectares,
o que vai depender também da extensão da área e Para testes em camadas instáveis, abre-se o furo
da uniformidade das unidades de solo. com trado de 4 polegadas e usa-se capa de 3
polegadas, enchendo-se o espaço situado entre
Em solos aluvionais geralmente é necessária a o furo e o cilindro com areia grossa lavada. Com
condução de um maior número de testes em isso consegue-se manter a cavidade original do
131
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
furo do trado.
O uso de capa protetora pode ser substituído, e • Mangueiras de plástico flexível, de aproxima-
com grande vantagem de ordem prática, principal- damente 6,0 m de comprimento e de 1,0 a 1,5
mente quando se trabalha com camadas de solo polegadas de diâmetro interno, para abastecer de
de baixa condutividade hidráulica, pelo enchimento água os tambores a serem usados no teste.
do furo de trado, até a parte superior da vávula
reguladora de fluxo da água, com areia grossa • Vasilhames com capacidade para conter de 50 a
lavada ou cascalho fino, conforme Figura 1. A areia 200 litros de água.
é colocada no furo até atingir a altura definida para
a bóia, que a seguir é fixada no ponto Pode-se usar um único tanque alimentador, como
predeterminado e coberta com o mesmo tipo de também, conectar dois deles para serem usados
areia. em conjunto, conforme Figura 2. Quando o
consumo de água é grande, o uso de dois
• Estopa para ser colocada no fundo do furo e vasilhames ao mesmo tempo facilita a obtenção
pressionada (socada) para evitar a formação de de uma descarga contínua. Neste caso, antes de
suspensões ao colocar-se água no furo, quando a completar o volume de um deles (zerar), deve-se
água for inicialmente liberada. tomar nota do volume gasto e, ao mesmo tempo
em que o registro de um tambor é fechado, o
• Uma pick-up munida de vasilhames para o registro do outro é aberto.
transporte de água.
Fig. 1 - Esquema de teste onde é utilizada areia para manter a parede do furo estável.
132
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
A conexão entre vasilhames é feita por meio de • Trena de aço para medir a profundidade do furo e
um "T" de ½" munido de bicos de torneira de jardim, a altura da lâmina de água neste.
de preferência de metal, nas quais conectam-se
as mangueiras. • Ficha de anotação e computação do teste.
• Uma válvula com bóia para regular o fluxo de • Lanterna para eventuais necessidades de
água e manter seu nível constante no interior do observações no interior do furo e possíveis leituras
furo de trado. noturnas.
A válvula deve se ajustar, com folga, ao furo de • Varetas de vergalhão enferrujado, de preferência,
trado, fornecer a vazão necessária, e controlar o para medir, com maior precisão, a altura da lâmina
nível de água. de água.
É fixada e mantida na altura desejada através de • Tubo plástico incolor para conectar o tambor à
arame ou barbante preso a um suporte atravessado bóia, devendo ser de ½ polegada de diâmetro
na "boca do furo" – pedaço de pau roliço e fino de interno.
1,0 a 1,5 cm de diâmetro.
• "T" de ½ polegada com três nipes e três pontas
Fig. 2 - Desenho esquemático de um teste onde são usados dois tambores e "T" para conexão.
133
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
134
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
• Solos instáveis
Estando o furo de trado pronto para o teste, Depois de iniciado o teste cobre-se a "boca do
procede-se da seguinte forma: furo" para evitar a penetração de quaisquer objetos
ou animais.
• Solos estáveis
135
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
O tanque alimentador deve ser checado e o volume de leitura em horas. Os intervalos de leitura são
de água completado sempre que necessário. determinados em função do material testado,
podendo variar de 15 minutos a algumas horas. O
Em uma ficha de "leitura do teste" deve-se anotar importante é que sejam tomadas leituras que
as leituras feitas de modo que seja obtido o volume apresentem valores mais ou menos constantes
de água consumido em litros, para cada intervalo após a saturação.
Fig. 5 - Desenho esquemático de conjunto regulador de fluxo (bóia). A) Em perspectiva, tampa de pvc rígido
de 50 mm com válvula de ½" de metal do tipo usado em caixa d’água doméstica. Do lado oposto fica um bico
de torneira de jardim; b) Em corte, parte vedante da válvula e bóia preparada de isopor, conforme a figura; c)
Planta de parte inferior do conjunto mostrando as perfurações de saída da água; d) Corte do conjunto
mostrando todas as partes.
136
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
137
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
138
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Tu
139
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
06/09 17:45 06/09 18:45 1,0 29,25 44,00 14,75 28,0 14,75 - - -
06/09 18:45 06/09 19:45 1,0 44,00 59,00 15,00 27,0 15,00 - - -
06/09 19:45 06/09 20:45 1,0 59,00 72,75 13,75 27,0 13,75 0,8545 13,75 -
06/09 20:45 06/09 21:45 1,0 72,75 85,75 13,00 27,0 13,00 0,8545 13,00 -
06/09 21:45 06/09 22:45 1,0 0,00 13,75 13,75 26,0 13,75 0,8737 13,75 0,19
Obs.: O teste foi realizado em uma camada situada entre 110 e 230 cm de profundidade,
apresentando textura franco argilosa. Mosqueado fraco a partir de 270 cm.
Presença de concreções ferruginosas leves.
Tabela 2 -
Vazão ajustada em função da viscosidde da água na primeira leitura após a
estabilização.
DA ÁGUA (CENTIPOISE)
140
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Tabela 3 -
Valores da viscosidade de água
para temperaturas em graus centígrados
e Farenheit. (*)
(*) Notas da aula - de acordo com Binghan e Jackson, Bull. Bur. Stds. 14, 75 (1918).
141
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
Fig. 9 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation
142
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Fig. 10 - Nomógrafo para determinação da condutividade hidráulica em testes de furo de trado em ausência
de lençol freático, segundo Raymond A. Winger do U.S. Bureau of Reclamation
143
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
144
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
A seguir são medidos valores de rebaixamento da O exemplo na tabela a seguir mostra dados de
lâmina de água (h+r/2) e os tempos correspon- um teste, conforme Oosterban(3) onde o valor da
dentes, que são plotados em papel semi-log, no condutividade hidráulica encontrado, para r = 4cm
que o gráfico deve resultar em uma linha reta. Caso e ho= 18cm foi de 0,55 m/dia.
seja obtida uma linha curva, deve-se dar continui-
dade ao processo de umedecimento e plotagem t Ht* ht ht + r/2
dos dados obtidos, até que o resultado seja 0 71 19 21
satisfatório.Calcula-se então a condutividade 140 72 18 20
hidráulica da camada testada, utilizando-se a 300 73 17 19
equação acima men-cionada, ajustada para 500 74 16 18
fornecer valores da condutividade hidráulica em m/ 650 75 15 17
dia, podendo-se trabalhar com logarítimo de base 900 76 14 16
decimal ou neperiano, logo:
*Distância da lâmina de água em relação à
referência.
ht + r/2 = cm
O teste de Porchet, quando comparado com o
teste de furo de trado em ausência de lençol
freático, desenvolvido por Winger, é prático e
simples de ser conduzido, ao mesmo tempo em
que reduz drasticamente o consumo de água, bem
como a quantidade de material necessário para a
sua condução.
145
Drenagem como Instrumento de Dessalinização e
Prevenção da Salinização de Solos
146
Condutividade Hidráulica -
testes de furo de trado em ausência de lençol freático
Há que se considerar que os valores de conduti- 7- WINGER, Jr., R.J. In place permeability tests
vidade hidráulica obtidos através deste método são used for subsurface drainage investigations.
aproximados, pelo fato de ter sido assumido na Colorado: Divison of Drainage and Groundwater
sua concepção que o gradiente hidráulico é Engineering, 1965. 1 v. il.
unitário, o que só ocorre para fluxo vertical, sendo
que no teste o fluxo é dominantemente horizontal. 8- Winger, Jr., R.J. LUTHIN, J.N. Guide for
Por outro lado os resultados obtidos com esse investigation of subsurface drainage
tipo de teste tem sido bastante compatíveis com problem on irrigated lands. Michigan:
as características físicas das camadas de solo American Society of Agricultural Engineers, s.d.
testadas (textura, estrutura e consistência de 1 v. il. (Special publication Sp-04-66).
campo o que indica que o teste, sempre que bem
conduzido, produz resultados confiáveis. 9- WINGER, Jr., R.J. Subsurface drainage.
Madrid: International Commission on Irrigation
and Drainage. 1960. lv . il.
Bibliografia
147