Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Editora da Universidade
do Estado do Pará
Realização
Editora filiada
Do solo,
É verdade que a maior parte do território da
Região é constituída de solos fracos, entremeados
de algumas manchas de solos férteis e aptos para
agricultura e pecuária. Essas manchas, entretanto,
embora sejam pequenas em termos regionais, são
bastante consideráveis em termos absolutos. É o que
ocorre, por exemplo, com as várzeas, que, embora
ocupem apenas cerca de 2% da área da Região,
Do subsolo,
Entre as reservas de maior importância para o
desenvolvimento regional, destacam-se as de
bauxita metalúrgica, na área do rio Trombetas e
em Paragominas, dimensionadas em 4,6 bilhões
de toneladas; de ferro da serra dos Carajás com 18
bilhões de toneladas de hematita; as de cassiterita
do sul do Pará avaliadas em 70 mil toneladas; as de
bauxita refratária, na região de Almerim, com um
volume estimado em 100 milhões de toneladas e
cuja cotação no mercado internacional é 7 vezes
maior do que a bauxita metalúrgica; as de caulim
para aplicação e recobrimento de papel, com
um potencial estimado em 1 bilhão de toneladas,
22
localizadas nos Rios Jari e Capim; e as de sal-gema,
localizadas nos Municípios de Aveiro e Itaituba,
estimados em 46 milhões de toneladas. (SUDAM,
1982, p. 24-25)
Regionais). S/l.[196?].
CORRÊA, R. L. O Espaço geográfico: Algumas considerações.
In: SANTOS, M. (Org.). Novos rumos da geografia brasileira. 3. ed. São
Paulo: HUCITEC, 1993. p. 25-34.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. História da violência nas prisões.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
GREENBLATT, S. Possessões maravilhosas: o deslumbramento do
novo mundo. São Paulo: Edusp, 1996.
HÉBETTE, J. Cruzando fronteira: 30 anos de estudo do campesinato
na Amazônia. Belém: EdUFPA, 2004a. v. 1. (Migração, colonização
e ilusões de desenvolvimento).
______. Cruzando fronteira. 30 anos de estudo do campesinato
na Amazônia. Belém: EdUFPA, 2004b. v. 2. (A questão agrária:
problemas e conflitos não resolvidos).
LACOSTE, Y. A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a
guerra. 2. ed: Campinas, SP: Papirus. 1989.
MOREIRA, R. O que é geografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1990.
43
MOREIRA, R. O círculo e a espiral: a crise paradigmática do mundo
moderno. [s.n.]: Obra Aberta, 1993.
MOREIRA, R. Para onde vai o pensamento geográfico? São Paulo:
Contexto, 2006.
OLIVEIRA FILHO, J. P. O caboclo e o bravo. Encontros com a
civilização brasileira. 11. 1979.
PINTO, L. F. O Pará atrasado. Jornal Pessoal: a agenda amazônica
de Lúcio Flavio Pinto. 2009. Disponível em: <http://www.
lucioflaviopinto.com.br/?p=1212>. Acesso em: 26 ago. 2010.
RAY, C. Tempo espaço e filosofia. Campinas, SP: Papirus, 1993.
SANTOS, M. Por uma geografia nova. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1990.
SANTOS, M. Espaço e método. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1992.
UM PROBLEMA DE FRONTEIRAS:
A AMAZÔNIA NO CONTEXTO DO
NARCOTRÁFICO
Aiala Colares de Oliveira Couto2
INTRODUÇÃO
– pois não são todas as cidades amazônicas que fazem parte dessa
rede de relações ilícitas. Por outro lado, busca-se chamar a atenção
para a agenda de debates que envolvem a segurança nacional e
internacional, sobretudo no que diz respeito aos países que estão
dentro das “teias” de relações do crime organizado global, cujo o
tráfico de drogas representa, na atualidade, a maior ameaça para a
estabilidade política, econômica e social do Estado.
A própria concepção de fronteira, entendida pelo Estado
enquanto limite, deve ser repensada nas políticas de segurança
pública e na própria estratégia nacional de defesa do governo
brasileiro. Como exposto neste texto, as fronteiras são o lócus
de expansão das sociabilidades dos povos e, por conseguinte, de
relações que ultrapassam os limites do Estado-nação, a exemplo
das atividades ilegais como o tráfico de drogas, lavagem de
dinheiro, contrabando, entre outros.
As relações internacionais entre os países da Pan-Amazônia
devem buscar uma política externa de segurança coletiva de suas
fronteiras, visto que o problema do tráfico de drogas não está
restrito a um único país, mas a todos que fazem parte da Amazônia
65
sul-americana. A soberania desses países sobre suas fronteiras não
deve ser colocada em “cheque”, as atividades ilícitas atuam em
diversas escalas, desrespeitando as fronteiras dos Estados, atuando
em redes globais por diversas partes do mundo, aproveitando-
se da facilidade encontrada graças aos avanços tecnológicos nas
telecomunicações e nos transportes.
Por enquanto, a Amazônia brasileira ainda representa essa
região estratégica para o narcotráfico internacional, sobretudo,
na distribuição de cocaína pelo mundo, assim como o Brasil
desempenha o papel de área de trânsito com um mercado
consumidor de cocaína ascendente. Para a geopolítica de defesa
nacional, enfrentar essa realidade sócio-geográfica e propor
soluções consistentes é o maior desafio deste inicio de século
para a agenda de debates do Estado e para as atuais políticas de
segurança nacional.
INTRODUÇÃO
3
Doutor em Desenvolvimento Econômico e Pós-Doutor em Economia pelo
Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Professor da Faculdade de Ciências Econômicas (FACECON) e Professor
Permanente do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e
Desenvolvimento Local na Amazônia/Núcleo de Meio Ambiente (PPGEDAM/
NUMA), ambos da Universidade Federal do Pará (UFPA); e, também, Professor
Visitante do Instituto de Economia (IE) da UNICAMP. Coordenador do Grupo
de Pesquisa Novo Institucionalismo Econômico e Fronteiras (GNIEF) e do
Grupo de Pesquisa Teoria Econômica de Keynes (GTEK). E-mail: andrecc83@
gmail.com
4
Doutor e Pós-Doutor em Economia pelo Instituto de Economia (IE) da
UNICAMP. Professor-pesquisador da UFPA. Colaborador do GNIEF e do
GTEK. E-mail: david.fcarvalho@yahoo.com.br
71
O atual contexto demonstra que as dinâmicas de atuação dessas
duas frentes permanecem em constante avanço para o hinterland da região
amazônica, mormente em um cenário de destruição florestal e de conflitos
violentos, que acabam por resultar em um quantitativo significativo de
assassinatos de trabalhadores rurais em seu enfrentamento diário na luta
pela terra contra o poder político-econômico dos latifundiários. Nas
palavras de Simonsen e Campos (1979, p. 119):
A instauração do modelo econômico de
capitalismo tardio, dependente e associado ao
capital monopolista, exigiu mudanças de natureza
institucional que logo vieram com as reformas
institucionais, entre meados 1966-1967, levadas a
cabo pela imaginação reformista da burocracia civil,
que servia a ditadura militar.
INTRODUÇÃO
10
A referência é o característico fluxo pendular, ocasionado por populações que se
deslocam cotidianamente, ou em espaços relativamente curtos de tempo, algumas
horas, por exemplo, para atividades de trabalho, estudos, lazer e busca de serviços.
95
que, por vezes, são chamados de cidades dormitórios 11 ou
subúrbios12.
De toda forma, embora o padrão conurbado tenha sido o
primeiro elemento caracterizador dos espaços metropolitanos, este
não explica, por si só, o fenômeno da metropolização. A forma é
uma maneira de expressão de determinadas funções e processos,
que, nesse caso, também diz respeito às configurações de fluxos que
compõem as metrópoles.
Para Seabra (2011), a formação da metrópole equivale ao
movimento da própria formação socioeconômica, o qual ocorre
dilacerando as formações pretéritas, tanto de cidades como de subúrbios,
e alcançando, sobretudo, as entranhas da cidade, embora apenas algumas
cidades cheguem de fato à condição de metrópole. Tal referência leva a
compreender a mudança da forma espacial da metrópole contemporânea
como um meio de transformação do capitalismo contemporâneo
15
Área de terra de aproximadamente 4.110 ha, que constituiu o patrimônio fundiário
inicial da municipalidade – o chamado “rossio” – doado pela Coroa Portuguesa
em 1627. Ela obedece a um traçado de uma légua – contada a partir do marco de
fundação da cidade, o Forte do Presépio (hoje Complexo Feliz Lusitânia) – em arco de
quadrante das margens da Baía de Guajará em direção sul, e Rio Guamá em direção
norte (MEIRA FILHO, 1975), que foi demarcada no início do século XVII. Hoje,
essa área corresponde à parte mais densamente construída e valorizada de todo o
espaço metropolitano, sendo, igualmente a área onde está localizada a maior parte dos
bairros (TRINDADE JÚNIOR, 1998, p. 113).
103
Mapa 1 – Belém: expansão do espaço urbano para além do núcleo metropolitano
16
Os Empreendimentos “Alphaville” têm-se caracterizado, desde os anos 1970,
como empreendimentos imobiliários horizontais exclusivos para classes de alta
renda. A primeira experiência data de 40 anos e foi desenvolvida na Grande
São Paulo, em setembro de 1973 (coincidência ou não, no mesmo período de
criação das regiões metropolitanas). A marca, que, no início, nasceu para abrigar
a instalação de indústrias não poluidoras que procuravam áreas próximas à
capital paulista, é hoje referência nacional em empreendimentos horizontais,
bairros planejados e núcleos urbanos em todo o País, com presença em 21 estados
e no Distrito Federal (ALPHAVILLE, 2013).
108
Mapa 4 – Alphaville: Produção imobiliária de alto padrão no espaço
metropolitano de Belém.
Amazônia: fronteiras, grandes projetos e movimentos sociais
17
A “Alça Viária”, oficialmente “Sistema de Integração do Pará”, é um complexo
de pontes e estradas com 74 km de rodovias e 4,5 km de pontes, construídas para
integrar a Região Metropolitana de Belém ao interior do Estado. Foi inaugurada
em 2002, pelo então governador do Pará, Almir Gabriel. A Alça Viária tem início
na rodovia BR-316, na altura do Município de Marituba e termina no Município
de Barcarena permitindo acesso às rodovias PA-475/PA-150 rumo ao sudeste
do Pará. As pontes para a transposição dos rios Guamá, Acará e Moju permitem
a interligação rodoviária, em alguns pontos de forma mais rápida do que a via
fluvial, ainda utilizada.
113
Fotografia 4 – Ponte estaiada sobre o Rio Guamá: o Sistema de Integração do
Pará, “Alça Viária”, é um dos elementos da reestruturação do espaço e ampliação
dos laços metropolitanos com o interior do estado.
INTRODUÇÃO
NÚMERO
POSIÇÃO NA
MUNICÍPIO DE PESSOAS
HIERARQUIA I.I.D.T.T.**
DE ORIGEM* QUE SE
URBANA
DESLOCAM
São João de
4 Centro local 46 2,23
Pirabas
5 Quatipuru Centro local 25 2,01
Santa Luzia do
6 Centro local 27 1,39
Pará
7 Bonito Centro local 18 1,32
8 Ourém Centro local 19 1,16
9 Tracuateua Centro local 29 1,06
10 Salinópolis Centro local 31 0,83
11 Aurora do Pará Centro local 22 0,83
Centro Sub-
12 Castanhal 122 0,70
regional A
Integra a
13 Benevides 21 0,41
metrópole
Cachoeira do
14 Centro local 10 0,38
Piriá
135
Centro Sub-
15 Bragança 32 0,28
regional B
Integra a
16 Ananindeua 32 0,07
metrópole
17 Belém Metrópole 86 0,06
OUTROS 227
TOTAL 989
*Foram considerados apenas os municípios com mais de 20 pessoas que
realizavam o deslocamento em 2010 acrescidos daqueles que pertencem à área
de influência de Capanema, mas não alcançaram este número (Ourém, Bonito,
Cachoeira do Piriá), à exceção de Santarém Novo, que não foi incluído por não
ter registro desse tipo de deslocamento em 2010.
** Índice de Intensidade do Deslocamento Temporário por Trabalho – alcançado a
partir da divisão do número de pessoas que realizaram o deslocamento por trabalho
OUTROS 297
TOTAL 1354
INTRODUÇÃO
O período que se estabelece a partir da década de 1960
é marcado por uma forte intervenção estatal no povoamento e
valorização das terras amazônicas. Essa ação do Estado se deu
com um intenso uso de recursos técnicos modernos e articulações
com o capital privado, tanto nacional quanto internacional, e
contou com um dos elementos básicos das estratégias adotadas,
a cobertura de forma extensiva do território por redes técnicas,
como a construção de estradas e as redes de telecomunicações e
22
O planejamento estratégico é um modelo não normativo inspirado em técnicas advindas
do modelo de planejamento empresarial, visando aumentar a competição das cidades para
atração de investimentos (VAINER, 2009).
23
A análise de conteúdo (Chizzotti, 2008) é uma análise que tem como critério
fundamental o fragmento singular do texto que pode ser a palavra, termo ou léxico
considerada a menor unidade textual, para fazer a mensuração da frequência média das
ocorrências estabelecendo associações importantes na mensagem. Esse fracionamento e
quantificação não inviabilizam uma análise qualitativa dos textos em que o pesquisador
procura penetrar nas ideias, mentalidade, valores e intenções do produtor da comunicação
para assim compreender sua mensagem.
148
O ESPAÇO AMAZÔNICO SOB A ÓTICA DO PLANEJAMENTO
Programa Ações
A-1 Criação de Gestores de Experiências Turísticas
A-2 Ampliação e Modernização dos Meios de Hospedagem Paraenses
A-3 Sinalização Turística
A-4 Melhoria das Condições Ambientais dos Municípios Turísticos
Pará A-5 Embelezamento Urbano e Melhorias de Infraestrutura
Atratividade A-6 Ordenação Urbanística dos Municípios Turísticos
A-7 Sistema de Padrões e Selos de Qualidade
A-8 Pará Hospitalidade
A-9 Postos de Informações Turísticas
A-10 Instituto Internacional de Pesquisas sobre o Ecoturismo
P-1 Inventário, Classificação e Avaliação de Recursos Turísticos
P-2 Criação de Grupos de Competitividade Locais
P-3 Criação de Empresas em “JointVentures”
P-4 Capacitação Profissional/Empresarial
Pará
P-5 Formação/Capacitação de Pessoal de Base
Produtividade
P-6 Simplificação do Processo de Abertura de Novas Empresas
P-7 Mecanismos de Financiamentos e Estímulos Fiscais
P-8 Desenvolvimento Tecnológico
P-9 Sistema de Reconhecimento e Premiação à Profissionalização
155
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
30
Graduado em Administração pela Universidade Federal do Pará (1993); Mestre
em Planejamento do Desenvolvimento (NAEA-UFPA); Doutor em Ciências
Humanas e Educação (PUC-Rio de Janeiro), Pós-Doutor em Desenvolvimento
Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU-NAEA-UFPA); Membro do
GETTAM (Grupo de pesquisa Território, Trabalho, Estado e Mercados
Globalizados na Amazônia) e Professor da Universidade Federal do Pará.
31
Nutricionista (UFMT); Especialista em Saúde Coletiva (UFPA) e em Economia
Solidária na Amazônia(UFPA; Mestre em Saúde, Sociedade e Meio Ambiente
(ICS - UFPA).
197
o trabalho é realizado na pesca, caça, plantio, de identificação de
recursos que alimentam seu sistema de preservação da saúde e de
curas associado à percepção e atribuição no mito e no simbólico
(CASTRO, 1998). Desse modo, a segurança alimentar é vista como
uma prática sustentável do manejo dos ecossistemas, na perspectiva
dos saberes autóctones, que aliam elementos do orgânico e do social
que compõem a saúde das populações amazônicas.
O território de Barcarena sempre esteve em mutação e, nos
últimos cinco anos, essas mudanças vêm afetando as lógicas das
relações políticas, sociais, econômicas, culturais e as condições de
saúde, reatualizando esta discussão em outros tempos e espaços sociais.
O caráter dessas intervenções em Barcarena não é homogêneo e se
expressa nas ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
o qual tem viabilizado para o município uma agenda de programas,
iniciada em 2010, que vem sendo implementada com maior intensidade
INTRODUÇÃO
positivo do termo.
Portanto, a população que vive na região do entorno do lago do
Maicá é duplamente injustiçada ambientalmente. Primeiro, pela falta
de acesso a equipamentos e serviços urbanos, sendo que tal restrição
compromete a qualidade de vida dos comunitários. Segundo, pela
possibilidade de instalação de uma grande forma espacial urbana
que não tem relação com o modo de vida dos moradores, proposta
segundo demandas externas que, assim, produzem ajustes espaciais
e desordem ecológica como seu contraditório. Isto porque, pela
lógica capitalista de produção, a proteção ambiental se restringe à
proteção dos recursos da natureza e pouco se estende à proteção da
população integrante da paisagem e do espaço, que segue invisível
às políticas dos governos e das empresas.
40
Que, neste caso, também são definidas como áreas de risco ambiental, devido às
inundações sazonais que atingem essas áreas em consequência da elevação do nível das
águas do rio Tapajós e Amazonas no período chuvoso.
231
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
44
Doutor em Geografia pela UFPE. Professor Assistente I da UEPA e
Coordenador do Grupo de Pesquisa Territorialização Camponesa na Amazônia
– GPTECA/UEPA e do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e
Campesinato – LEPEC/UFPE.
258
ocupação da região se intensificar e com eles os conflitos, em várias
dimensões. Isso para entendermos que, na correlação de forças entre
os diversos sujeitos sociais (madeireiros, fazendeiros, mineradoras e
Estado de um lado e, de outro, camponeses) na fronteira capitalista
da Amazônia paraense, tende a prevalecer o ordenamento territorial
das classes hegemônicas. No entanto, afirma-se insistentemente
uma contra-hegemonia que coloca em xeque o avanço linear e
insustentável desses agentes do capital. Falamos do potencial
desses camponeses que vêm reconstruindo seus territórios no Sul e
Sudeste do Pará. Falamos, em geral, dos Projetos de Assentamento
que se consolidam nos últimos 25 anos na Amazônia paraense. E,
em especial, do Projeto de Assentamento Palmares II.
Pensamos, ainda e sempre, na relação com o território. Por
compreendermos que a ação que desterritorializa o campesinato
na fronteira é acompanhada frequentemente e de forma paralela,
Amazônia: fronteiras, grandes projetos e movimentos sociais
Pela fala acima fica claro que o acesso ao recurso terra se deu
mediante a organização e a ocupação da terra. No enfrentamento se
identificam pelo menos três sujeitos na entrevista. A Vale (empresa
mineradora de capital misto, pertencente tanto a frações do setor
financeiro quanto ao Estado), o Fazendeiro (na época fazenda Rio
Branco da família Lunardelli) e por fim o Estado propriamente dito
(na figura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
– Incra). O trabalho de base foi feito por militantes do assentamento
Masculino 42 27 5 74
Feminino 24 10 2 36
Total 66 37 7 110
Fonte: Trabalho de Campo, 2005.
Total
Escolarização Sim Não
F % F % F %
sucessão via sufrágio nas escolas do estado há pelo menos cinco anos.
“É PRATICANDO NA VIDA QUE MUITO IRÁ SE APRENDER”59 – A
HISTÓRIA DO TRABALHO
60
Em nossa vivência na Palmares II a categoria ajuda está relacionada como uma
atividade de apoio ao trabalho na roça. As crianças e adolescentes geralmente ajudam na
roça. E não exatamente trabalham na roça. Seriam atividades com pesos diferenciados
no componente econômico da unidade familiar de produção. O trabalho é central,
permanente e periódico. Enquanto que a “ajuda” tem um caráter mais periférico
e eventual. Por isso, é muito comum ao serem indagados sobre o início de seu
trabalho na roça demarcarem uma posição neste sentido. Com 12 anos o senhor
começou a trabalhar na agricultura? “não, não, eu ajudava meu pai na roça!”
280
né? Que é dividir terras da burguesia pra poder criar
pequenas propriedades e criar de fato o campesinato,
então o que a gente faz aqui é provocar o processo
de divisão da terra e reforma da terra pra criar, em
escala de massa, pra criar condições de existência
e surgimento de um novo campesinato, que é esse
que passou por um processo de migração, por
etapas de resistência, de períodos na cidade, mas
que volta para o campo, né? Então, nós achamos
que esse campesinato ainda não tá pronto e acabado,
porque esse campesinato está sempre em evolução,
ele tá sempre em processo de reformulação de sua
existência espacial, de sua vida comunitária, né? Da
reconsideração de técnicas ou não, por exemplo,
existiam experiências na Rússia e na Europa, de
comunas camponesas que nunca existiram por aqui.
Tiveram outras experiências coletivas na terra que
Amazônia: fronteiras, grandes projetos e movimentos sociais
P.A. Palmares II
Local de Residência dos Filhos
Freq. %
Não sabe 2 1
INTRODUÇÃO
66
Neste artigo, utilizamos depoimentos de 02 gestores locais do projeto
(denominados de G1 e G2), 01 professor (P1) e 02 educandos (ED.1 e ED.02).
303
GESTÃO DEMOCRÁTICA