Você está na página 1de 3

ALCOOLISMO NO TRABALHO

PEREIRA, Maria Izabel Francklin ¹; SILVA, Zélia de Fátima Franklin ¹; MAIA, Maria Ambrosina
Cardoso ².

¹ Estudantes da Faculdade de Serviço Social – FASESP-UEMG, Campus Passos.


² Professora Doutora da Faculdade de Serviço Social de Passos – FASESP-UEMG, Campus Passos.

ÁREA : Serviço Social. (6.10.00.00-0)

1. INTRODUÇÃO

A pesquisa desenvolvida tem por objetivo apresentar reflexões sobre os efeitos do álcool e suas
conseqüências na vida dos trabalhadores.
O álcool é a droga mais conhecida e aceita socialmente. Um indivíduo pode se tornar alcoolista
devido a uma série de fatores como predisposição genética, estrutura psíquica, influências familiares e
culturais. O alcoolismo não escolhe sexo, raça ou classe social, sendo uma das mais importantes questões no
que diz respeito à saúde pública.
O consumo de bebidas alcoólicas é um traço comum a todas as civilizações. O álcool contido nas
bebidas utilizadas pelo homem é o etanol (álcool etílico), substância psicoativa com capacidade de produzir
alterações no funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), podendo, portanto, modificar o
comportamento dos indivíduos que dela fazem uso. Por ter efeitos prazerosos, induz à repetição. (MURAD,
2002, p.9)
O álcool é um líquido incolor, de cheiro característico, inflamável, volátil, (PE 78°C) e que produz
efeito intoxicante quando consumido em maior quantidade. Em certas condições e conforme a quantidade,
pode produzir sensação de euforia, bem-estar, sedação ou alacridade, intoxicação, inconsciência, dependendo
da dose, maneira e circunstâncias em que é ingerido. Assim, enquadra-se perfeitamente dentro do conceito
de droga psicoativa, sendo quimicamente, a mais simples dela. Entre as substâncias de abuso, ele difere das
drogas por ser a única de uso não-médico tomada apenas por via oral, não sendo injetava, aspirada ou
fumada. Outra característica importante é que a única que, mesmo tendo um grande número de consumidores
habituais, a maioria não se torna dependente a ela (5 a 10% se tornam realmente alcoolistas). As bebidas
alcoólicas têm teores diferentes de álcool etílico ou etanol, aquelas obtidas por fermentação tem teores mais
baixos: cerca de 5 % na cerveja e 12% no vinho. As bebidas destiladas, como o uísque, gim, vodca e
cachaça, têm teores mais elevados que variam de 40 a 50%. Alguns países têm lançado ultimamente no
mercado principalmente a cerveja tipo light (leve), de baixo teor alcoólico, que geralmente não ultrapassa de
2%, o que, para nós, não é nenhuma novidade, pois é o teor que existe na chamada “cerveja preta”. Sendo o
álcool uma molécula relativamente simples, facilmente solúvel em gordura ou água, uma boa parte dela é
absorvida diretamente pela mucosa do estômago, o que não acontece com a maioria das outras drogas
ingeridas por via oral, que são absorvidas nos intestinos. Assim, espalha-se logo pelo corpo e chega ao
cérebro com certa rapidez e os efeitos de sua ingestão se fazem sentir poucos minutos após o uso da bebida
alcoólica.
A velocidade de absorção do álcool é importante porque o cérebro se adapta de modo relativamente
lento a ele e o fígado o metaboliza em um ritmo também lento. Assim, se o álcool chega a corrente
circulatória mais lentamente (estômago cheio), o cérebro e o fígado têm melhores possibilidades de manejar
doses sem que surjam maiores problemas, seja em termos de comportamento, seja em termos de
metabolismo. Com o estômago vazio, o álcool chega ao cérebro e ao fígado mais rapidamente e com maior
impacto e, portanto, com maiores possibilidade de causar risco à saúde, produzindo-se a embriaguez com
maior rapidez e facilidade. (MURAD, 2002, p.10)
O conteúdo de álcool das diferentes bebidas é expresso em graus “Gay – Lussac” (ºGL), que
correspondem ao número de milímetros (ml) de etanol em cada 100 ml da bebida. Em termos gerais,
podemos considerar que, em média, a cerveja contém 4 a 5 ºGL; os vinhos, 8 a 14 ºGL e as bebidas
destiladas, 40 a 50 ºGL. A exposição freqüente do indivíduo ao etanol poderá induzi-lo a vários tipos de
doenças orgânicas, bem como a problemas familiares, profissionais, psicológicos e sociais (BRASIL, 1994)
O alcoolismo é doença reconhecida formalmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). É
uma enfermidade progressiva, incurável e fatal, que consta no Código Internacional de Doenças (CID), com
as classificações 291(psicose alcoólica), 303 (síndrome de dependência do álcool) e 305.0 (abuso do álcool
sem dependência). (on line, SOUZA, 2004, 15 Out. 2004)
No Brasil, a Associação dos Estudos do Álcool e outras Drogas estimou em 1990 que a taxa de
prevalência do alcoolismo variava entre 3% a 10% da população adulta, e que o alcoolismo é o terceiro
motivo para o absenteísmo no trabalho, sendo a causa mais freqüente de aposentadorias precoces e
acidentes de trabalhos, e a oitava causa para a concessão de auxílio - doença pela Previdência Social.
(MAGDA VAISSMAN, 2004, p.19)
Desde que se constatou que a performance do trabalhador e o ambiente de trabalho são altamente
afetados pelas conseqüências do uso abusivo do álcool e de outras drogas, também se comprovou que o local
de trabalho poderia ser o locus privilegiado de intervenções para a implantação e o desenvolvimento de
programas assistenciais e de prevenção primária do alcoolismo e de outras drogas. (MAGDA VAISSMAN,
2004, p.32)
Considerando os problemas decorrentes do alcoolismo, nota-se que a atuação do Serviço Social é de
suma importância na interface entre o trabalhador, seus familiares e o local de trabalho. As empresas devem
estruturar programas para intervir e ajudar o alcoolista, recuperando o potencial humano e melhorando a
qualidade de vida.

2. METODOLOGIA

A presente pesquisa descritiva do tipo bibliográfico buscou trazer algumas reflexões sobre a questão
do alcoolismo na empresa, através do material bibliográfico existente.

3. RESULTADOS

No núcleo familiar de um dependente de álcool a dinâmica das inter-relações existe de forma


doentia. Condutas abusivas, de maus-tratos e agressão, são habituais. O cônjuge, os filhos, os pais do
dependente e todos aqueles que compõem o núcleo, são pessoas tristes, vítimas de si e do outro, perdidas em
um emaranhado de acusações e culpas. É uma vida de tentativas que não deram certo, permeada de dor e
sofrimento. O relato é de desanimo, de descrédito, de forças que estão chegando ao fim. (MURAD, 2002,
p.31).
No que se refere a questão do trabalho, destaca-se que, a maior parte dos 270 milhões de acidentes
de trabalho que ocorrem, a cada ano no mundo, está relacionada com o consumo de álcool. Somente em
2002, 160 milhões de pessoas contraíram doenças do trabalho relacionadas ao alcoolismo e 330 morreram
devido a esses males. Só no Brasil em 2001, foram verificados 339 mil acidentes e registrados 17 mil casos
de doenças do trabalho, ligados ao álcool, apenas no mercado formal. Os dados foram apresentados durante
um seminário que abordou a Importância do Trabalho para a Compreensão do Uso de Drogas na Empresa e
faz parte de um relatório da Organização Internacional do trabalho (OIT). Segundo a OIT, 10 em cada 100
pessoas estão propensas a desenvolver o alcoolismo. O alcoolismo é classificado como doença desde 1967, a
partir da 8º Conferência Mundial de Saúde. (on line, OESTE, 2003, 14 Mar. 2005).
Segundo Magda Vaissman (ALCOOLISMO NO TRABALHO), os sintomas que compõe o
alcoolismo se agravam e se intensificam ao longo da vida do doente, que a autora prefere chamar de
“alcoolista” (portador da doença do alcoolismo) ao invés de alcoólatra (adorador do álcool). Ela diz que o
alcoolista inicia sua carreira como bebedor social na idade jovem. Perto dos 30 anos, evolui para a condição
de bebedor pesado ou bebedor-problema, quando apresenta conseqüências físicas ligadas ao álcool
(pancreatites e cirroses hepáticas). É também nessa fase que surgem problemas conjugais, sociais, legais,
financeiros e de relacionamento. “O maior fator de risco para o alcoolismo é o desemprego”. Segundo a
autora, algumas características identificam trabalhadores com problemas de alcoolismo: faltas freqüentes,
atrasos após o almoço ou o intervalo, queda na produtividade, desperdício de materiais, dificuldade de
entender novas instruções ou de reconhecer erros, reação exagerada às críticas, variação constante do estado
emocional. Para Magda, as empresas podem ser um local privilegiado para a implantação e desenvolvimento
de programas assistenciais e programas de prevenção ao alcoolismo. (on line, VAISSMAN, 07 Jan, 2005).
No Brasil, a Associação dos Estudos do Álcool e outras Drogas estimou em 1990 que a taxa de
prevalência do alcoolismo variava entre 3% a 10% da população adulta, e que o alcoolismo é o terceiro
motivo para o absenteísmo no trabalho, sendo a causa mais freqüente de aposentadorias precoces e
acidentes de trabalhos, e a oitava causa para a concessão de auxílio - doença pela Previdência Social.
(MAGDA VAISSMAN, 2004, p.19)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após este estudo bibliográfico percebemos que, em certas formas de ocupação o acesso ao álcool
ocorre enquanto trabalha. Pressão social para beber. Em certas profissões, há uma tradição quanto a se beber
muito. Separação da norma socia l. Quando ocorrem situações de solidão ou falta de suportes sócio-
familiares. Ausência de supervisão. Quando ocorrem posições de comando de “alto status” ou sem chefias.
Alta ou baixa renda. Envolvendo indivíduos em pólos sociais extremos, capazes de beber muito. Tensão,
estresse e perigo. Empregos com essas características costuma facilitar o uso de bebidas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MURAD, José Elias; FORTINI, Guiomar da Mota Magalhães. Sobre o Álcool e o Alcoolismo. Ministério
da Integração Nacional. Ministério da Previdência Social. Governo Federal. Belo Horizonte, 2002, p. 9, 10,
18, 31.

OESTE, Diário do. Alcoolismo é o maior vilão dos acidentes de trabalho no mundo. Disponível em:
<http://www.dia riodooeste.com.br> . Acesso em 14 Mar. 2005.

SOUZA, Mauro César Martins de. Embriaguez Habitual: justa causa x preconceito. Disponível em:
mcms@stetnet.com.br. Acesso em 15 Out. 2004.

VAISSMAN, Magda. Alcoolismo no Trabalho. _ Rio de Janeiro: ed Garamond, 2004, p. 19, 32. (Coleção
Loucura XXI)

VAISSMAN, Magda. Alcoolismo no Trabalho. Disponível em: <http:www.abead.com.br/asp/livrosasp>.


Acesso em : 07 Jan, 2005.

Você também pode gostar