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Módulo 2:

Setor Agropecuário
e as Mudanças
Climáticas
Chegamos ao Módulo 2!

Você conhecerá, de maneira mais detalhada, os potenciais impactos ne-


gativos, tanto das emissões da agropecuária para o aquecimento global,
como deste para o desenvolvimento das atividades agropecuárias.

Também serão abordadas as medidas capazes de mitigar os potenciais


impactos ou de tornar o setor agropecuário mais adaptado às mudan-
ças do clima. Finalmente, serão apresentadas as contribuições que o setor
pode trazer ao País, no contexto das mudanças climáticas.
Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Confira o que preparamos para cada uma das aulas do módulo:

Aula 1 - Impactos negativos Aula 2 - Medidas possíveis


• Posição do setor • Mitigação
agropecuário nas emissões • Adaptação
de GEE do País
• Processos emissores dentro
do setor agropecuário
• Impactos negativos das
mudanças do clima no setor
agropecuário brasileiro

Aula 3 - Importância do setor


agropecuário na redução das
emissões de GEE

Pronto(a) para começar a primeira aula deste módulo?

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Aula 1:
Impactos negativos

Posição do setor agropecuário nas


emissões de GEE do País
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (MAPA), em 2005, no Brasil, as contribuições mais importantes para a
emissão de GEE foram aquelas provenientes do setor “uso da terra, das
mudanças do uso da terra e das florestas”. Tal setor representou 60,6%
das emissões de GEE (em mil toneladas de CO2 eq), pela métrica do Global
Warming Potential. Por sua vez, com base nessa métrica, no mesmo perío-
do, a agropecuária representou 18,2% das emissões, ficando em segundo
lugar entre os setores emissores.

Atualmente, para inventários nacionais a métrica do potencial de aqueci-


mento global GWP é adotada como fator de ponderação para se chegar à
unidade comum: o equivalente de dióxido de carbono (CO2 eq) emitido.

A evolução histórica de dados das emissões pelos diferentes setores brasi-


leiros mostra que essa configuração, de primeiro e segundo lugar nas emis-
sões atribuídos aos setores de “uso da terra” e “agropecuária”, respectiva-
mente, esteve vigente em vários anos de monitoramento, desde 1995, se
estendendo até o ano de 2009.

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Veja no gráfico o histórico das emissões de GEE em dióxido de carbono


equivalente, por setor, de 1990 a 2012.

Fonte: SIRENE (2018).

Nesses 14 anos, aconteceram dois picos de elevação das emissões pelo


setor de “uso da terra”, associados aos processos de desmatamento do
cerrado e da floresta amazônica. Porém, desde 2009 o setor “uso da terra”
tem sofrido significativa redução nas emissões, com o controle do desma-
tamento, alcançando, em 2010, o menor valor registrado desde 1990.

Confira no gráfico as emissões em dióxido de carbono equivalente pelos


setores Agropecuário e Uso da terra, mudanças do uso da terra e flo-
restas.

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Fonte: SIRENE (2018).

Fonte: SIRENE (2018).

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No entanto, esse mesmo documento mostra que, entre 1990 e 2010, o


setor agrícola apresentou um crescimento quase anual nas emissões. As-
sim, a agricultura acabou passando a ocupar o primeiro lugar entre os
setores que mais emitem GEE no Brasil.

Processos emissores dentro do setor


agropecuário
Gases de efeito estufa
Dentro da agropecuária, são vários os pro-
Metano (CH4), Óxido
cessos que resultam em emissões de gases nitroso (N2O) e Dióxido
de efeito estufa. de carbono (CO2).

Veja no gráfico os cinco subsetores da agropecuária que lideram as emissões


de GEE.

Fonte: SEEG (2018) – Emissões do Setor de Agropecuária (p. 14).

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1° lugar – Fermentação entérica do rebanho de


ruminantes

No Brasil, o setor de agropecuária é o maior responsável pelas emissões


de CH4 (74,4% em 2010), o qual possui o segundo maior rebanho do
mundo. Em 2010, as emissões de CH4 associadas à eructação foram esti-
madas em 11.158 Gg, representando 89,9% do total de emissões de CH4
do setor de agropecuária.
A bovinocultura de corte responde por 69% das emissões totais do setor.
Entretanto, é o setor com a maior margem para a implementação de me-
lhorias em seu sistema produtivo.

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O rebanho de corte no Brasil cresceu de 69 milhões cabeças


de gado, em 1970, para 198 milhões, em 2016 (IBGE, 2016),
tornando o País o segundo maior produtor de carne bovina
do mundo e o maior exportador. As projeções do agronegócio
apresentadas pelo MAPA mostram que, por volta de 2024 e 2025,
a produção de carne bovina crescerá em torno de 2% ao ano.

Olá!

O Marcos, técnico do SENAR, mandou um áudio para o


meu avô alertando sobre as consequências negativas
do manejo incorreto do gado de corte no Brasil.

Confira a explicação dele!

Dica do Técnico

Oi, Seu Antônio!


Fico contente que a sua família continua seguindo as boas práticas
do Programa ABC.
Infelizmente, grande parte da pecuária atualmente praticada no
Brasil se dá de forma extensiva e com baixa adoção de tecnolo-
gias, o que leva, em muitos casos, a sistemas ineficientes, que fa-
vorecem a degradação das pastagens e conduzem ao abate dos
animais tardiamente, cerca de quatro anos.
À medida que a produtividade da pastagem se reduz, o produ-
tor parte para o desmatamento para abertura de novas áreas em
busca de solos mais férteis e capazes de suportar o rebanho e seu
crescimento.
Caso não ocorra um aumento na eficiência e na intensificação da
produção em áreas já ocupadas pela pecuária, a tendência é que o
rebanho adicional seja alocado nos estados do bioma Amazônia.
O problema é que isso pode acentuar o desmatamento nessa re-
gião e agravar o risco de aumento na contribuição do setor para as
emissões brasileiras.
Fica aí o alerta, hein?
Aproveito para desejar um ótimo dia.

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2° lugar – Emissões resultantes das atividades


em solos agrícolas

Em segundo lugar nas emissões resultantes das atividades agropecuárias


estão as emissões advindas de processos que ocorrem nos solos agrícolas: a
deposição de dejetos animais em pastagem, o uso de fertilizantes sintéticos,
o uso de adubo de origem animal, os cultivos de solos orgânicos e a utilização
dos restos de culturas agrícolas.
As emissões de N2O no Brasil ocorrem predominantemente no setor de
agropecuária (84,2% em 2010), sobretudo, por deposição de dejetos de
animais em pastagem. As emissões de N2O no setor cresceram 10,0%
entre 2005 e 2010.
O Brasil está em quarto lugar no ranking dos maiores consumidores
de fertilizantes sintéticos do mundo (FAO, 2014). As culturas que mais
consomem adubo nitrogenado no Brasil são as de milho, de cana, de café, de
arroz e de trigo, e apresentam uma produtividade crescente. O consumo de
adubo nitrogenado saltou de 780 mil toneladas em 1990 para 4,4 milhões
de toneladas, em 2016 (ANDA, 2016), mas é sabido que cerca da metade
do adubo adquirido é perdido desde o transporte até a aplicação no campo
(Muller et al., 2014).

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A contribuição dos fertilizantes nitrogenados sintéticos (como a ureia e o


sulfato de amônio) para as mudanças climáticas vem crescendo rapidamente,
tendo sido responsável por 6,2% das emissões de GEE na agropecuária em
2016.

3° lugar – Emissões do manejo de dejetos de


animais

Os dejetos gerados por animais criados de forma confinada se acumulam


em lagoas, charcos e tanques de tratamento, onde são decompostos por
bactérias metanogênicas, sob condições anaeróbicas, produzindo grandes
quantidades de CH4. As emissões oriundas dessa decomposição repre-
sentam atualmente cerca de 4,5% das emissões do setor agropecuário.
Adicionalmente, ao serem depositados diretamente no solo, os dejetos
animais liberam N2O na atmosfera e também contribuem para as mudan-
ças climáticas. Somadas essas emissões de GEE, oriundas dos dejetos
animais depositados diretamente em pastagens e aplicados ao solo como
adubo, aos 4,5% apresentados anteriormente, a contribuição dessa fonte
se eleva para 28%.

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Apenas uma pequena parcela dos dejetos de animais no Brasil é maneja-


da sob sistemas capazes de mitigar essas emissões, que emitem cerca de
40% a menos de GEE que sistemas que apenas estocam os dejetos em
montes ou esterqueiras antes de serem adicionados ao campo (Amon et
al., 2006; Hou et al., 2014; Costa Junior et al., 2015).

4° lugar – Emissões provenientes do cultivo de


arroz irrigado

Quanto ao cultivo do arroz em campos inundados ou em várzea, emite-se


CH4 devido à decomposição anaeróbica de matéria orgânica presente,
sobretudo, no sedimento de fundo das lâminas d’água. Em 2016, esse
cultivo correspondeu a 2,6% das emissões de GEE nacionais da agrope-
cuária. No Brasil, a maior parte do arroz é produzida em áreas de sequeiro,
reduzindo a importância deste processo nas emissões totais de CH4.
O Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz inundado, com assistên-
cia técnica e novas práticas de cultivo, consegue manter a produtividade e
promover o uso eficiente da água, reduzindo em 25% as emissões quando
comparadas aos sistemas convencionais de cultivo.

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5° lugar – Queima de resíduos agrícolas, como a


cana-de-açúcar

No quinto lugar das emissões de gases está a queima de resíduos agrí-


colas. A queima era uma prática tradicionalmente utilizada para melho-
rar o rendimento da colheita manual da cana-de-açúcar, emitindo GEE
(CH4 e N2O). Em 2016, essa prática contribuiu somente com 1% das
emissões nacionais. Contudo, a emissão de GEE para produzir uma to-
nelada de cana-de-açúcar era 80% maior 20 anos atrás. Essa redução
se deve a proibição da prática de queima, definida no Decreto Federal
nº 2.661 de 08 de julho de 1998.

Há casos de sucesso de aumento de produção e redução de emissões


nos cultivos de cana-de-açúcar. Em São Paulo, as emissões pela
queima de resíduos da cana-de-açúcar foram reduzidas em 70%
com o Protocolo Agroambiental, que determinou a eliminação
da queima para colheita de forma gradativa até 2017.

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Emissões líquidas de CH4 e N2O


Os dados constantes no Terceiro Inventário Brasileiro mostram a evolução
das emissões dos três principais gases emitidos pelo setor agropecuário.
Eles revelam que o CH4 e o N2O são os dois mais emitidos quando se
trata de emissões líquidas. Por outro lado, o CO2 é reabsorvido em grande
parte, resultando numa baixa emissão líquida.
Confira a evolução das emissões desses gases pelo setor agropecuário e
a contribuição dos dois gases em termos de CO2 eq.

Fonte: SEEG (2018).

Com base nas metodologias empregadas nos Relatórios de Referência


do III Inventário Brasileiro, entre 1990 e 2010, foram feitas estimativas
das emissões de GEE dos processos do setor agropecuário do País para
os anos de 2011 a 2015. As análises incorporam informações e dados
atualizados para as diferentes fontes de emissão, sempre que possível.
Fazem parte das estimativas todos os gases de efeito estufa diretamente
considerados nos inventários nacionais. Para possibilitar a comparação e
a soma dos valores de emissão de cada gás especificamente, foi utilizada
a métrica GWP.

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Em 2005, somente as emissões brasileiras líquidas de CO2 foram estima-


das em 1,638 bilhão de toneladas. Nesse mesmo ano, as emissões líqui-
das de CH4 foram estimadas em 18,1 milhões de toneladas, sendo que os
setores de mudança de uso da terra e das florestas e agropecuário foram
responsáveis por 70% das emissões totais. Os dois maiores processos
responsáveis por compor esse montante foram os de fermentação entéri-
ca da pecuária, com 63%, e os de conversão de florestas para outros usos
no bioma Amazônia, com 12%.

Quanto às emissões líquidas de N2O, em 2005, estas foram estimadas


em 546 mil toneladas, basicamente por causa do setor agropecuário, res-
ponsável por 87% das emissões totais. Dentro desse setor, as emissões
provenientes de solos agrícolas participaram com 96%, incluindo, entre
outras emissões, as de dejetos de animais em pastagem, que representam
46% do setor.

O gráfico a seguir apresenta as parcelas de contribuição das diferentes


fontes de emissão de CH4 do setor para o ano de 2015.

Fonte: Relatório das Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa (4ª edição).

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Nota-se que a fermentação entérica do gado de corte é a principal fonte


de emissão de CH4, responsável por 76% das emissões, seguido da fer-
mentação entérica do gado de leite, responsável por 11% dessas emis-
sões. O quantitativo das populações de bovinos de corte e de leite explica
essa diferença de contribuição. As contribuições restantes, relacionadas
à fermentação entérica de outros animais, ao manejo de dejetos animais,
à queima de resíduos agrícolas da cana-de-açúcar e ao cultivo de arroz
totalizam 13% das emissões.

Dentre as contribuições das diferentes atividades do setor para a emissão


de N2O no ano de 2015, as emissões diretas dos solos agrícolas – pro-
venientes do esterco dos animais em pastagem, do uso de fertilizantes
sintéticos, da aplicação de adubo, da incorporação no solo dos resíduos
agrícolas e das áreas de cultivo de solos orgânicos – contribuíram com
60% das emissões totais. Naquele ano, a maior contribuição direta foi pro-
veniente dos animais em pastagem (34% do total).

Impactos negativos das mudanças do clima no


setor agropecuário brasileiro
As atividades agropecuárias são direta e indiretamente dependentes e
afetadas pelas condições meteorológicas: temperatura, radiação solar,
precipitação, umidade do ar e velocidade do vento. Oscilações dessas
variáveis repercutem no crescimento, desenvolvimento, produtividade
e qualidade das culturas e criações agrícolas, além do efeito em outros
elementos dos agroecossistemas – como insetos, animais polinizadores
ou predadores, microrganismos – e na recarga de aquíferos (GHINI, et al.,
2011; HOFFMANN, 2011).
O clima e sua variabilidade são o principal fator de risco para a agricul-
tura. Por isso, a variabilidade dentro do padrão climático é intrínseca ao
planejamento do processo de produção agropecuária. Estima-se que
cerca de 80% da variação da produtividade agrícola advenha da varia-
bilidade climática sazonal e interanual, enquanto os demais 20% estão
associados a outras questões econômicas, políticas etc. (BRASIL, 2015;
NAKAI et al., 2015).
As projeções climáticas para o Brasil, desenvolvidas a partir dos possí-
veis cenários considerados nas avaliações internacionais (IPCC, 2014),
trazem preocupações quanto ao provável aumento médio da tempera-

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

tura e diminuição da precipitação (MARQUES et al., 2013). Estudos em


andamento mostram a expectativa de aumento da frequência de dias
com temperaturas extremas, altas ou baixas, e a diminuição do gradiente
de temperatura entre o dia e a noite.
Além disso, projeções apontam para alterações na distribuição sazonal
da precipitação, com maior concentração de chuvas de alta intensidade
em um breve espaço de tempo, ao invés de uma distribuição espaçada
da chuva durante o período produtivo (HOFFMANN, 2011).
Nesse contexto, a médio e longo prazo, podem ser projetados os se-
guintes prováveis impactos diretos ou indiretos advindos das mudanças
climáticas no setor agropecuário:

Elevação na atividade fotossintética


e do seu efeito sobre o crescimento
de plantas, mas nem sempre com
aumento de produtividade, e com
consequente desequilíbrio na rela-
ção fonte-dreno (maior consumo de
água), devido ao aumento na con-
centração de CO2 na atmosfera.

Redução da capacidade produtiva


pelos atrasos no plantio; falhas na
germinação/emergência e no esta-
belecimento de lavouras; déficits
hídricos nas fases vegetativas e re-
produtivas, decorrentes de secas
prolongadas e possíveis reduções na
disponibilidade de água em determi-
nadas regiões (insegurança hídrica).
Cabe lembrar que, no Brasil, os cul-
tivos de sequeiro representam 95%
da área cultivada.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Aumento do encharcamento ex-


cessivo do solo com diminuição da
absorção de nutrientes e com bai-
xo crescimento radicular; alteração
das propriedades químicas, físicas e
biológicas dos solos, de forma a tor-
ná-los menos produtivos; elevação
da frequência de formação dos pro-
cessos erosivos, maior ocorrência de
erosão e de perdas nas colheitas, em
função das chuvas torrenciais (ex-
tremos pluviométricos).

Aumento do risco agroclimático, re-


sultante dos eventos extremos, do
aumento das temperaturas e de seus
efeitos adversos, como a redução da
disponibilidade hídrica, o aumento
da evapotranspiração e do consumo
de água pelas culturas agrícolas.

Redução do ciclo biológico de cul-


turas (acelerando a senescência, ou
seja, a morte das plantas); aumento
das taxas respiratórias pela elevação
da temperatura noturna e do gasto
energético, ocasionando perda da
capacidade produtiva das culturas,
em função do aumento de tempera-
tura do ar e do solo, ocasionando a
redução da produtividade.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Incremento na produtividade de de-


terminadas plantas de metabolismo
C48, a depender das relações hídri-
cas concomitantes (ou seja, maior
consumo de água) e aumento da
evapotranspiração (esvaziando o re-
servatório solo).

Influência no ciclo biológico de ve-


tores de algumas doenças, insetos
predadores e também polinizadores,
assim como na disseminação de al-
gumas plantas consideradas nocivas
aos processos produtivos, alteran-
do a dinâmica de pragas e doenças
(podem aumentar a severidade da-
quelas já existentes ou transformar
organismos inofensivos em novas
pragas ou doenças).

Redução das áreas de baixo risco


climático para todas as culturas. Es-
tudo recente mostra que o aumen-
to de temperatura pode provocar no
Brasil, de modo geral, uma diminui-
ção de regiões aptas para o cultivo
de grãos. Com exceção da cana-de-
-açúcar e da mandioca, todas as cul-
turas sofreriam queda de produção
na área de baixo risco.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Mudança no mapa agrícola do País


em função do aumento das tempe-
raturas. A mudança do clima poderá
ser tão intensa nas próximas déca-
das a ponto de mudar a geografia
da produção agrícola no Brasil e no
mundo. Assim, municípios que hoje
são grandes produtores poderiam
não ser mais em 2020 ou 2050, por
exemplo.

Também existem previsões de que impactos negativos serão maiores nas


regiões tropicais e subtropicais do que nas regiões temperadas.

• Aumento do risco de ameaça à segurança alimentar da população bra-


sileira.

• Elevação dos preços de alguns produtos, sobretudo, de alimentos bá-


sicos, como o arroz, o feijão, a carne e os derivados, e redução da capa-
cidade de consumo desses produtos básicos, com potencial impacto no
comportamento econômico do país.

• Redução da disponibilidade de produtos destinados à exportação, com


potencial aumento de resultados negativos na balança comercial.

• Redução na geração de renda e qualidade de vida da agricultura fami-


liar (insegurança social), importante segmento na produção de alimen-
tos que chegam às mesas dos brasileiros.

• Perdas estimadas para o setor agrícola no País podem significar valo-


res de até R$ 7,4 bilhões já em 2020, quebra que pode chegar a R$ 14
bilhões em 2070 (DECONTO, 2008; ASSAD et al., 2013).

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Aula 2:
Medidas possíveis
Uma vez caracterizada a “via de mão dupla” existente entre o setor agro-
pecuário e o aquecimento global, é importante compreender quais pos-
síveis medidas o setor pode tomar, no sentido de mitigar as emissões de
GEE, ou no sentido de adaptar-se a seus efeitos adversos. A seguir, serão
abordadas as medidas de mitigação e adaptação já em andamento no
País.

Mitigação
O Brasil é um dos países emergentes que não foram obrigados a fixar
metas de redução de emissões de GEE em acordos internacionais. Entre-
tanto, apresentou um conjunto de ações voluntárias.
• redução do desmatamento da Amazônia e do Cerrado;
• ampliação da eficiência energética;
• adoção de práticas sustentáveis na agricultura.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Para alcançar o compromisso, o setor agropecuário tem a responsabilidade


de contribuir com a redução de 22,5% das emissões do País, por meio da
implementação das seguintes ações:

• recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até


2030;

• ampliação da adoção da tecnologia denomi- Integração Lavoura-


nada integração Lavoura-Pecuária-Floresta Pecuária-Floresta (iLPF)
(iLPF) em 4 milhões de hectares até 2030; Na ação de iLPF, além
do compromisso de
ampliar a área em 4
• expansão da adoção do sistema plantio dire- milhões de hectares,
está contemplada a
to (SPD) em 8 milhões de hectares; implantação de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em
2,76 milhões de hectares,
• expansão da adoção da tecnologia denomi- pela agricultura familiar.
nada fixação biológica de nitrogênio (FBN)
em 5,5 milhões de hectares de áreas de cul-
tivo, em substituição ao uso de fertilizantes nitrogenados;

• expansão do plantio de florestas em 3,0 milhões de hectares;

• ampliação do uso de tecnologias para tratamento de 4,4 milhões de m3


de dejetos animais.

Lá na fazenda Rio Novo


Veja que o SENAR Nacional desenvolveu os sete cur-
sos do Projeto ABC Cerrado alinhados a essas mesmas
ações, que têm como objetivo reduzir os GEE, incluindo
este que você está cursando, o de Mudanças Climáti-
cas e Agricultura.

Lembrando que todos são cursos gratuitos e trazem


orientações importantes sobre as boas práticas para
uma Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.

Eles estão disponíveis no Portal do SENAR.

Vale a pena conferir!

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Adaptação
A escolha da espécie florestal também depende dos mesmos fatores cita-
dos no Sistema iLF, destacando-se:

Conforme o estabelecido pela Convenção-Quadro das Nações Unidas so-


bre Mudanças Climáticas (CQNUMC), o termo adaptação se refere às es-
tratégias e medidas necessárias para redefinir ou adequar as atividades
produtivas aos impactos da mudança de clima. Na agropecuária, serão
necessários ajustes dos sistemas produtivos, visando diminuir a vulnera-
bilidade também dos produtores, das comunidades rurais e dos ecossis-
temas, buscando ampliar a resiliência do setor.

Com o objetivo de assegurar um processo de adaptação da agropecuária


a uma condição climática com temperaturas mais elevadas, foram reco-
mendadas as seguintes medidas adaptativas para o setor:

• capacitação de profissionais sobre o tema;

• apoio à pesquisa científica aplicada;

• identificação de vulnerabilidades dos diferentes biomas;

• conservação e uso sustentável de recursos genéticos;

• fenotipagem de alta resolução para dar celeridade aos programas de


melhoramento como ferramenta para adaptação dos sistemas produ-
tivos;

• fluxo de gases e nutrientes nos sistemas produtivos e naturais direta-


mente relacionados entre si;

• resiliência dos agroecossistemas e modelagem climática para os dife-


rentes sistemas produtivos;

• diversificação das unidades e sistemas produtivos atuais, considerando


os aspectos econômicos, sociais e ambientais relacionados às ações de
desenvolvimento rural, com vistas a aumentar sua eficiência;

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

• manejo do solo e água, incluindo a prevenção de desastres;

• desenvolvimento de sistema integrado de alerta climático;

• ordenamento territorial (zoneamentos agrícola, ecológico, social e eco-


nômico, e de áreas vulneráveis);

• aperfeiçoamento e ampliação do seguro rural, para dar suporte às


ações de adaptação;

• outros instrumentos de mitigação dos riscos e de compensação por


serviços ambientais;

• fortalecimento da transferência de tecnologia e da assistência técnica e


extensão rural, visando reduzir a vulnerabilidade das unidades produti-
vas e dos sistemas produtivos.

Lá na fazenda Rio Novo


Outro dia, conversando com minha família sobre as
mudanças climáticas, lembrei a eles que existem outros
efeitos adversos inerentes, aos quais o setor agropecu-
ário deve se adaptar. Devemos nos atentar aos impac-
tos indiretos nos custos de produção, na comercializa-
ção de produtos, na infraestrutura e logística, na oferta
de energia e no aumento projetado da frequência de
eventos climáticos extremos.

Confira a explicação do Marcos, um técnico super co-


nectado como eu!

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Dica do Técnico

Oi, Mariana!

Tudo bom com você?

Ouça essa informação com atenção: o relatório do Painel Intergo-


vernamental sobre Mudanças Climáticas informou, em 2007, que
mesmo que a concentração de GEE na atmosfera seja estabilizada,
o acúmulo desses gases existentes já é suficiente para afetar o
comportamento do sistema climático no futuro, ocasionando, por
exemplo, o aquecimento da temperatura da Terra e o aumento do
nível do mar, pelos próximos anos.

Com base nessa prerrogativa, há um consenso sobre a necessida-


de de promover medidas de adaptação em escala nacional e glo-
bal, independente dos esforços de mitigação e de adaptação.

Diante disso, é fundamental a sociedade estar preparada para lidar


com os impactos negativos esperados, aproveitar as oportunida-
des trazidas por essa realidade e desencadear processos positivos
que promovam a capacidade do setor agropecuário de fazer frente
às incertezas climáticas.

E você e sua família estão fazendo uma grande diferença adotando


as boas práticas de mitigação e adaptação.

Parabéns pelo trabalho, e contem sempre comigo!

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Aula 3 :
Importância do setor
agropecuário na
redução das emissões
de GEE
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por intermédio da
Plataforma ABC, tornou público os resultados preliminares do Plano ABC
ao longo desses oito anos de sua implementação. Os dados apresentados
refletem a implantação das tecnologias de baixa emissão de carbono pre-
conizadas pelo ABC.
Em 2018, foi instituída a Plataforma ABC, mediante a publicação da Por-
taria MAPA nº 2.277/17, com o objetivo de acompanhar e promover o mo-
nitoramento da redução de emissões de GEE e da dinâmica do estoque de
carbono na agropecuária. Resultados preliminares alcançados com a im-
plementação das ações do Plano ABC, de 2010 a 2018, foram divulgados
pela Plataforma, em dezembro de 2018, conten-
do também as estimativas de mitigação (milhões Megagrama (Mg):
Um milhão de gramas,
de Mg CO2 eq) que devem ocorrer com a expan- isto é, uma tonelada (t).
são da adoção (em hectares) das tecnologias do
Plano.

Fonte: CNA Brasil. / Foto: Wenderson Araujo.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Os dados foram revisados por consultores e aprovados pelo Comitê Di-


retor da Plataforma ABC, e foram apresentados na COP-24, em Katowi-
ce (Polônia), em 2018. Assim, representam a primeira estimativa e bali-
zamento para comprovação do cumprimento das metas nacionais e dos
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, bem como subsídio
para as tratativas junto à UNFCCC.
Quanto ao compromisso em termos de mitigação, foi assumido um valor
entre 132,9 e 162,9 milhões de Mg de CO2 equivalente. Os resultados
mostram que com a implementação das tecnologias do Plano ABC o País
já atingiu entre 100,21 e 154,38 milhões de Mg de CO2 equivalente, ou
seja, já atingiu de 68 a 105% da meta brasileira prevista no Plano Setorial
de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima, para 2020.
Esses resultados indicam que as metas de redução das emissões de GEE
já estão sendo cumpridas para o período estabelecido na COP-15, bem
como demonstram o potencial do setor agropecuário brasileiro de contri-
buir com o cumprimento da NDC, para o período de 2020 a 2030.

Lá na fazenda Rio Novo


Diante do que foi abordado até aqui, fica evidente a im-
portância que o setor agropecuário possui no contexto
das mudanças do clima, bem como os esforços neces-
sários para apoiar o setor rumo à melhor contribuição
possível, isto é, com a redução das emissões de GEE e
a adaptação aos efeitos adversos decorrentes das mu-
danças climáticas.

E o Marcos do SENAR explicou alguns esforços neces-


sários que todos nós devemos estar cientes.

Vale a pena conferir!

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Dica do Técnico

Oi, Mariana!
Tudo bem com você?
É isso aí mesmo. Precisamos ficar atentos aos esforços necessários
para conter e diminuir as emissões de GEE. E todos devem se en-
volver, desde o produtor até o Governo.
Podemos começar citando políticas públicas que promovam a
implementação de boas práticas em larga escala, conciliando a
conservação dos recursos naturais e o aumento da eficiência da
produção agrícola, dentro de uma lógica de sustentabilidade socio-
ambiental do sistema.
Precisamos também de políticas públicas que permitam que as
tecnologias de mitigação e aumento do sequestro de carbono che-
guem ao produtor.
São necessárias estratégias de mitigação e adaptação,não apenas
tecnológicas, mas também financeiras, institucionais, logísticas e
outras, que ofereçam aos produtores os instrumentos e as infor-
mações necessárias para que seus sistemas produtivos sejam me-
nos emissores de GEE e mais resilientes às mudanças do clima.
É importante que seja consolidada a transição das técnicas agro-
pecuárias convencionais para um modelo de produção pautado em
tecnologias de baixa emissão de carbono.
Outro fator importante é o desenvolvimento e a adoção de inova-
ções tecnológicas, bem como a continuidade de pesquisas agrope-
cuárias, no sentido de desenvolver alternativas que permitam aos
agroecossistemas se adaptarem aos novos cenários climáticos.
O amplo acesso à informação e a adoção de tecnologias, processos
e sistemas já disponíveis é essencial para que os resultados espe-
rados sejam alcançados e mantidos.
A ampliação das capacitações e o fortalecimento da assistência
técnica e extensão rural é outra ação importante ue vai contribuir
para tornar o setor mais rentável, adaptado e resiliente.
Continue com seus estudos, e sempre que precisar, estarei à dis-
posição.

A seguir, teste seus conhecimentos sobre os assuntos abordados no Mó-


dulo 2.
E depois, confira tudo sobre o Plano ABC: objetivos, público-alvo, estrutu-
ra, estratégias de implementação, monitoramento, tecnologias e linha de
crédito.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

Atividade de
aprendizagem

As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler


e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e resolver lá as


questões. Você terá duas tentativas para realizar cada
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:

1. acertar as questões; ou
2. usar todas as suas tentativas.

Questão 1
Sobre os potenciais impactos negativos, assinale a alternativa correta.
a) A evolução histórica de dados oficiais das emissões de GEE pelos
diferentes setores brasileiros mostra que a agropecuária sempre
esteve em primeiro lugar entre os setores, passando para o segun-
do lugar só recentemente, após 2015.
b) Os principais processos do setor agropecuário emissores de GEE
são: fermentação entérica, emissões de N2O provenientes de so-
los agrícolas, manejo de dejetos animais, cultivo de arroz, queima
de resíduos agrícolas. As emissões resultantes das atividades em
solos agrícolas representam a maior fatia. Em segundo lugar, está a
fermentação entérica do rebanho de ruminantes.
c) As projeções climáticas para o Brasil, desenvolvidas a partir dos
possíveis cenários considerados nas avaliações internacionais
(IPCC, 2014), revelam que ainda não há com o que se preocupar,
pois é muito pouco provável que ocorram aumentos médios da tem-
peratura e diminuição das precipitações.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

d) São exemplos de impactos negativos do aquecimento global sobre


as atividades agropecuárias: o aumento do encharcamento exces-
sivo do solo; o aumento do risco agroclimático; a redução do ciclo
biológico de culturas ocasionando perdas de produtividade; a in-
fluência no ciclo biológico de vetores de algumas doenças, insetos
predadores e também polinizadores; e a redução das áreas de baixo
risco climático.

Questão 2
Sobre as medidas possíveis para o setor agropecuário lidar com o aqueci-
mento global assinale a alternativa correta.
a) Para alcançar o compromisso nacional voluntário assumido pelo
Brasil na COP-15, em 2009, e ratificado pela Lei nº 12.187/2009,
foi atribuído ao setor agropecuário a responsabilidade de contribuir
com a redução das emissões de GEE do País, por meio da imple-
mentação das seguintes ações mitigadoras:
• recuperação de pastagens degradadas;
• ampliação da adoção da tecnologia denominada integração Lavoura-
-Pecuária-Floresta (iLPF);
• expansão da adoção do Sistema Plantio Direto (SPD);
• expansão da adoção da tecnologia denominada Fixação Biológica de
Nitrogênio (FBN);
• expansão do plantio de florestas;
• ampliação do uso de tecnologias para tratamento de dejetos animais.
b) Após a COP-21, em 2015, no documento denominado Contribui-
ções Nacionalmente Determinadas (NDC brasileira), o Brasil não
faz nenhuma menção específica a compromissos de medidas miti-
gadoras para o setor agropecuário.
c) Visando reduzir as emissões do setor agropecuário é fundamental
incentivar, motivar e apoiar o mapeamento de áreas sensíveis aos
efeitos adversos das mudanças climáticas, incrementando, assim, a
resiliência dos produtores rurais e dos agroecossistemas.

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Módulo 2 – Setor agropecuário e as mudanças climáticas

d) O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, lançado em


2016, não recomenda a adoção de medidas adaptativas para o se-
tor agropecuário, uma vez que o Plano Setorial de Mitigação e de
Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma
Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura já o fez, em
2010.

Questão 3
Sobre a importância do setor agropecuário para o País, no contexto das
mudanças do clima assinale a alternativa correta.
a) O setor agropecuário é altamente vulnerável às variações do clima,
cada vez mais evidentes, no entanto, é também o setor com menor
potencial de contribuir para a redução das emissões de GEE do
País.
b) No contexto das mudanças climáticas, as medidas mitigadoras
dos GEE e adaptativas propostas para o setor agropecuário e as
metas da NDC brasileira não colaboram com os desafios do de-
senvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza no Bra-
sil. Ou a agropecuária contribui para o crescimento econômico do
País ou reduz suas emissões de GEE. Ambos os passos não são
possíveis de ocorrerem simultaneamente.
c) Diante dos impactos negativos do setor agropecuário no aqueci-
mento global e deste nas atividades do setor, considerando as me-
didas mitigadoras e adaptativas propostas e os compromissos in-
ternacionais assumidos pelo Brasil, fica evidente a importância de
que sejam envidados todos os esforços necessários para apoiar o
setor rumo à melhor contribuição possível com a redução das emis-
sões de GEE e a adaptação aos efeitos adversos decorrentes destas.
d) Os resultados preliminares alcançados com a implementação das
ações do Plano ABC, desde 2010 até 2018, divulgados pela Pla-
taforma e apresentados na COP-24, em 2018, mostram que com
a implementação das tecnologias do ABC o País atingiu entre 30
e 50% da meta brasileira prevista no Plano Setorial de Mitigação
e Adaptação às Mudanças do Clima, para 2020. Isso demonstra
que o setor provavelmente não deverá alcançar a meta final esta-
belecida para esse prazo.

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