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RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar como a fabricação do terror é uma
estratégia empregada por Lenz Buchmann, protagonista de Aprender a rezar na era da técnica, de
Gonçalo Tavares (2008), com o intuito de manipular os votantes da sua cidade e assim obter maior
poder. Para isso, partiremos dos conceitos apresentados por Zygmut Bauman no seu livro El miedo
líquido: la sociedad contemporánea y sus temores (2008), observando qual a natureza e algumas
características do medo que devém em terror. Depois, colocaremos o foco na fabricação do terror e
na sua manipulação com fins determinados e tentaremos extrapolar a situação para estabelecer uma
comparação com a estratégia de implantação do terror da ditadura militar na Argentina. Por último,
faremos referência ao perigo representado por este mecanismo.
PALAVRAS-CHAVE: Terrorismo de Estado. Manipulação do medo. Uso político do terror.
Introdução
Este conceito se refere ao que Lenz define como “segundo medo”, é fabricado e
manipulado por uma entidade externa a quem o sofre e é compartilhado pela
comunidade, além de este termo ter tomado outras conotações a nível mundial a partir
do atentado às Torres Gêmeas2.
Voltando à nossa reconstrução da estratégia, é então a possibilidade do caos, a
desorientação gerada pelo segundo medo, que faz emergir a necessidade da proteção
outorgada por um poder capaz de ter controle da situação. A continuação da estratégia é,
por isso, que o poder se apresente “ante sus oprimidos súbditos como salvadores frente
al terror más que como fuente primaria de éste” (Bauman, 2008, p. 202). Lenz
Buchmann vê essa necessidade de forma muito clara:
Eles haviam simplificado as suas ideias e por isso a sua moral de ação não tinha
obstáculos. Primeiro, construir um perigo sem origem identificável; depois, com
isso, forçar o movimento da população; por fim, preparar o estado forte do qual
sairiam dois tipos de pessoas: as que protegem e as que são protegidas (Tavares,
2008, p. 241).
Las medidas tomadas por el gobierno para contrarrestar la amenaza del terrorismo
parecen haber sido calculadas de antemano no tanto para rebajar la probabilidad de
una nueva atrocidad terrorista como para acrecentar aún más la sensación de
emergencia e instalar una especie de complejo colectivo de «fortaleza asediada»
(Bauman, 2008, pág. 194).
Referências bibliográficas
Sá, J. M. (2012). Aprender a rezar na Era da Técnica ou "Modos de pensar a paz após
Auschwitz". Revista Abril: Revista do núcleo de estudos de literatura portuguesa e
africana da UFF, 4, 153-172.
Walsh, R. (24 de Março de 1977). Carta abierta de Rodolfo Walsh a la Junta militar .
Recuperado em Julho de 2015, de Educ.ar: archivo de documentos históricos:
http://archivohistorico.educ.ar/content/carta-abierta-de-rodolfo-walsh-la-junta-militar