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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 03

2. PARTES BENEFICIÁRIAS: INFORMAÇÕES ESSENCIAIS............... 04

2.1 REFERÊNCIAS HISTÓRICAS DO INSTITUTO................................. 04

2.2. CONCEITO DE PARTES BENEFICIÁRIAS...................................... 05

2.3. LIMITAÇÕES..................................................................................... 07

2.3.1. Limitação quantitativa......................... ........................................ 07

2.3.2. Limitação qualitativa................................................................... 07

2.3.3. Limitação temporal ...................................................................... 08

2.3.4. Limitação quanto ao tipo de companhia.................................... 08

3.. SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PARTES BENEFICIÁRIAS.................. 09

3.1. FINALIDADES..................................................................................... 10

3.2. UTILIDADE E REAL UTILIZAÇÃO .................................................... 10

4. OPORTUNIDADE DE EMISSÃO........................................................ 11

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo discorrer acerca do tema “Partes


Beneficiárias: utilidades e real oportunidade de emissão”. Para tanto, o mesmo será
apresentado de uma forma didática, com o intuito de facilitar a compreensão e tornar
o trabalho mais interessante.

No tópico Referências Histórica do Instituto será feito um breve apanhado


acerca da criação das Partes Beneficiárias, desde a sua criação, passando pela
evolução sofrida ao longo do tempo, até chegar ao cenário atual.

Demonstrar-se-á que dada a sua importância, as Partes Beneficiárias


ganharam um Capítulo próprio(IV) com o advento da Lei nº 6.404/76, delimitado
entre os artigos 46 ao 51 da citada lei, regramento esse que sofreu posteriormente
duas grandes alterações, sendo a primeira com a edição da Lei nº 9.457/97 e a
última, com a Lei nº 10.303/2001, esta extremamente significativa, vez que vedou às
companhias abertas a emissão de partes beneficiárias.

Ficará demonstrado, também, que Partes Beneficiárias é entendido pela


doutrina como nada mais do que um título mobiliário, ou seja, um instrumento de
captação de recursos, em que pese as particularidades deste instituto, como a
possibilidade de emissão a título gratuito ou oneroso.

Conforme será abordado neste trabalho, trata-se de um crédito eventual e


temporal, emitido por uma companhia fechada, possuindo um limite máximo dos
lucros verificados, que não poderá ser ultrapassado.

Tratando-se de valores mobiliários, as Partes Beneficiárias poderão também


ser ofertadas ao mercado, mediante uma retribuição pecuniária, como título de
investimento e forma de financiamento da atividade da companhia.

Concluir-se-á, por fim, sobre a real utilidade e oportunidade de emissão das


Partes Beneficiárias.
2. PARTES BENEFICIÁRIAS: INFORMAÇÕES ESSENCIAIS

2.1. REFERÊNCIAS HISTÓRICAS DO INSTITUTO

Para melhor compreender as partes beneficiárias e sua real oportunidade de


emissão, se faz necessária a análise, ainda que breve, do seu histórico, ou seja, é
preciso observar a sua criação e a sua evolução ao longo do tempo, não apenas no
que toca a legislação, mas também a doutrina e jurisprudência.
Sem grande surpresa, tendo em vista a sua tradição no direito civil e
comercial, aponta-se que o instituto das partes beneficiárias é cria do direito francês,
surgindo com o nome de parts de fondateur em 1860, com tradução livre partes do
fundador; outro ponto interessante é a possibilidade de remuneração especial na
forma de parcela dos lucros sociais, ao sócio criador da empresa, por seu trabalho e
dedicação para instituir a mesma. Por óbvio as partes beneficiárias foram se
adaptando e hoje não tem somente essa função, podendo ser utilizada de outras
formas, conforme será tratado a seguir, neste trabalho.
O instituto foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro em 1882, pela Lei
3.150, em moldes similares ao das parts de fondateur.
Oito anos depois, foi promulgado o Decreto nº 434, que alterou a aplicação das
partes beneficiárias no Brasil, possibilitando a sua concessão a terceiros, e não
somente a sócios fundadores, contanto que estes tivessem contribuído com serviços
para a formação da empresa.
Em que pese sua indiscutível importância para a aplicação das partes
beneficiárias, o referido Decreto não versava sobre questões importantes para sua
efetiva e razoável aplicação, já que não regulou o seu limite temporal e quantitativos
na participação dos lucros sociais, além de não prever qual a forma de resgate e
amortização. Esse silêncio legislativo teve como consequência a aplicação de
maneira abusiva do instituto, de forma a serem utilizada em favor arbitrário dos
acionistas, fundadores e terceiros colaboradores da criação da empresa,
prejudicando diretamente o direito dos acionistas minoritários, cabendo à doutrina e
jurisprudência tentar controlar tais abusos e distorções do cabimento das partes
beneficiárias.
Tal situação foi levada em consideração quando da redação da Lei nº
2.627/40, cujo projeto teve como autor Trajano Miranda Valverde, porque foi
considerada para estabelecer determinados limites ao uso das partes beneficiárias.
Todavia, esta não foi a única modificação o projeto. Nesse momento houve uma
verdadeira mudança de paradigma no que toca a serventia das partes beneficiárias
– passou a não ser somente remuneração pessoal daqueles anteriormente citados
(fundadores e terceiros), para ser, nas palavras do mestre Marcelo Tadeu Cometti,
“um instrumento de captação de recursos junto àqueles que não desejariam se
tornar sócios da companhia”.1
Posteriormente, na Lei nº 6.404/76, que dispõe sobre as sociedades de
ações, as partes beneficiárias ganharam um capítulo próprio (IV) dado a sua
relevância, com o regramento delimitado do art. 46 ao art. 51. Desde aquele
momento, este regramento sofreu duas grandes alterações: a primeira em 1997 (Lei
nº 9.457) e a segunda e mais relevante em 2001, pela Lei nº 10.303. Esta última
teve o condão de vedar às companhias abertas a emissão de partes beneficiárias,
conforme melhor trataremos em momento futuro oportuno.
Traçado esse breve relato histórico das partes beneficiárias no Brasil, é mais fácil
traçar a definição deste instituto.

2.2. CONCEITO DE PARTES BENEFICIÁRIAS

Como se pôde extrair do breve relato histórico do instituto, as partes


beneficiárias representam um eventual crédito frente a uma companhia, que será
cobrado do lucro da mesma (que pode ocorrer ou não). Mas isso não basta para
defini-las.
A doutrina hoje considera as partes beneficiárias como um tipo de valor
mobiliário, que foi definido pelo ilustre Fábio Ulhoa Coelho como “instrumento de
captação de recursos pelas sociedades anônimas emissoras e representam, para
quem o subscreve ou adquire, um investimento”2. A título exemplificativo, também
são citadas como valor imobiliário as ações, títulos nominativos negociáveis que
representam uma fração do capital social de uma empresa para quem as possui; os
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bônus de subscrição, títulos nominativos negociáveis que conferem ao seu


proprietário o direito de subscrever ações do capital social da companhia emissora
em condições previamente definidas, e; debêntures, títulos nominativos negociáveis
representativos de dívida de médio/longo prazos contraída pela companhia perante
o credor.
Nesse passo, tomando mais uma vez os ensinamentos do ilustre doutrinador
supracitado, partes beneficiárias podem ser definidas como:
“...valores mobiliários que asseguraram ao titular direito de crédito
eventual contra a sociedade anônima emissora, consistente numa
participação nos lucros desta. (...) Trata-se de crédito eventual, na
medida em que nada poderá ser reclamado da sociedade se ela não
registrar lucro num determinado exercício.”3

Em que pese o brilhantismo desta definição, acredita-se ser necessária


apenas uma observação no particular. Conforme já dito, as partes beneficiárias hoje
não são tão utilizadas quando poderiam. Um dos motivos para isso, que será melhor
abordado a seguir, foi a limitação dada pelo parágrafo único do art. 47 da Lei nº
6.404/76, que exclui das companhias abertas a possibilidade de emitir partes
beneficiárias. Porém, note-se que as sociedades anônimas não são o único tipo de
empresa de capital fechado, razão pela qual faz-se necessário retoque no trecho
acima.
No intento de delimitar as partes beneficiárias, também é válido o registro do
ensinamento dado por Bruno Albergaria, que de maneira sucinta desenha os
contornos do instituto.
“Títulos negociáveis, sem valor nominal e representativo do capital
social, que conferem direitos de crédito contra a sociedade,
consistente da participação dos lucros”4

Assim, sem a pretensão de superar a doutrina, mas somente de definir e


delimitar o objeto deste trabalho acadêmico, entende-se que partes beneficiárias
são um tipo de valor mobiliário, mas que também podem ser atribuídas de maneira
gratuita, conferindo ao seu possuidor crédito eventual contra a sociedade, referente
a uma participação no lucro líquido desta.

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2.3. LIMITAÇÕES

Em que pese o potencial de utilização das partes beneficiárias e as


vantagens que ela oferece, a legislação brasileira, de certa forma podou a sua
aplicação em alguns aspectos, os quais serão brevemente explicados a seguir:

2.3.1. Limitação quantitativa

Para evitar a repetição do momento histórico em que as partes beneficiárias


eram utilizadas para preterir o direito dos sócios minoritários, o ordenamento jurídico
atual limita a porcentagem da participação em 10%. Tal limite é verificado no
parágrafo segundo do art. 46 da Lei nº 6.404/76, in verbis:
“§2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para a
formação de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 1/10
(um décimo) dos lucros.”

2.3.2. Limitação qualitativa

Conforme parágrafo terceiro da citada Lei das Sociedades de Ações, é


vedado às partes beneficiárias conferir qualquer direito privativo de acionista, como
o voto, por exemplo, exceto o de fiscalizar os atos dos administradores, pois estes
podem refletir diretamente no seu direito, que depende do lucro da companhia.

2.3.3. Limitação temporal

O estatuto da sociedade irá determinar o prazo de duração das partes


beneficiárias. Todavia essa determinação não é absolutamente livre. Note-se a
limitação presente no art.48, parágrafo primeiro:
“§1º o prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas gratuitamente, salvo as
destinadas a sociedades ou fundações beneficentes dos empregados da companhia, não
poderá ultrapassar 10 (dez) anos.”
2.3.4. Limitação quanto ao tipo de companhia

Com o advento da Lei nº 10.303/2001, diversos dispositivos da Lei das


Sociedades por Ações, nº 6.404 de 1976, foram alterados, sendo um deles o
parágrafo primeiro do art. 47. Em sua redação anterior, era permitido à sociedade de
capital aberto a emissão de partes beneficiárias, contanto que para alienação
onerosa, ou para atribuição gratuita a sociedades ou fundações beneficentes de
seus empregados. Todavia, a nova redação, veda absolutamente a estas
sociedades a emissão de partes beneficiárias, deixando tal direito somente às
empresas de capital fechado.
Para uma melhor compreensão desta limitação, faz-se mister a diferenciação
entre sociedade aberta e fechada.
O art. 4º da Lei nº 6.404 registra que:
Art. 4º “Para os efeitos desta lei, a companhia é aberta ou fechada
conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não
admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.

Assim, conclui-se que a sociedade de capital aberto é aquela em que os


valores mobiliários podem ser negociados nas bolsas de valores ou mercado de
balcão, sendo devido o registro dos mesmos perante a CVM (Comissão de Valores
Mobiliários). Por outro lado, as sociedades de capital fechado se opõem aquela, não
permitindo a emissão de valores mobiliários negociáveis nesses mercados.
É de ser notar que, regularmente se refere à sociedade fechada como
somente sociedade anônima, o que não é correto. Em que pese este ser o tipo mais
conhecido e importante de companhia fechada, a sociedade em comandita por
ações, que tem o capital social dividido por ações, se rege pelas normas da S/A,
conforme art. 280 da supracitada lei, razão pela qual também pode ser aberta ou
fechada.
Também é digno de registro o fato de que um dos motivos para que hoje as
partes beneficiárias estejam em desuso é exatamente tal limitação.

3. SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PARTES BENEFICIÁRIAS


4

As partes beneficiárias tem como função primária a captação de recursos


para a sociedade, todavia deverão ser alienadas nas condições determinadas pelo
estatuto ou pela assembléia geral da companhia fechada.
São definidas como títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao
capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual,
consistente na participação nos lucros da companhia emissora (LSA, art. 46 e seu §
1º).
Registra-se, que somente podem ser emitidas por companhias fechadas, mas
estão disciplinadas na Lei 6404/76 (Lei das Sociedades Anônimas).
Conforme já abordado no tópico das Referências Históricas, as Partes Beneficiárias
têm diversas utilizações, a exemplo da remuneração dos fundadores da Companhia
pelos serviços prestados; oferecimento a título gratuito aos acionistas como forma
de bonificação para a subscrição de aumento de capital; bem como da distribuição a
funcionários ou a associação de funcionários como política de incentivo para
aumento de produtividade, etc.
Além disso, também pode-se citar terceiros que a priori não estão envolvidos
com a companhia, mas que em situações especiais podem fazer jus às Partes
Beneficiárias, como no caso dos elementos de negociação para a recomposição de
dívidas da sociedade e de remuneração por serviços prestados por terceiros.
O prazo de duração é um ponto que merece atenção, vez que sendo onerosa,
esse deverá ser estabelecido no estatuto; quando gratuitas, por sua vez, terá prazo
de duração de no máximo, 10 anos, conforme anteriormente informado.

3.1. FINALIDADES

Representam um direito à participação nos lucros da companhia, porém não


confere ao seu titular qualquer direito privativo de acionista, salvo fiscalizar os atos
dos administradores. Desta forma, pode ser emitido para incentivar, por exemplo, os
empregados (principalmente aqueles envolvidos com a administração).

3.2. UTILIDADE E REAL UTILIZAÇÃO


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Atualmente estes valores mobiliários são de pouca utilização, pois as


companhias preferem utilizar-se de outros meios para capitalizar-se, como por
exemplo, debêntures.

Tais valores mobiliários podem ser negociados pela companhia ou cedidos


gratuitamente aos acionistas, fundadores ou terceiros, como os empregados e
clientes, entre outros, em remuneração pelos serviços prestados à companhia, de
acordo com a vontade desta, nos termos de seu estatuto ou conforme deliberação
em assembleia geral dos acionistas. O único direito que o detentor desses títulos
tem é a participação nos lucros anuais da companhia, que não poderá ser superior a
10% (dez por cento) do lucro apurado.

Conforme dito anteriormente, leciona Fábio Ulhôa Coelho, partes beneficiárias


são valores mobiliários que asseguram ao seu titular direito de crédito eventual
contra a sociedade anônima emissora, consistente numa participação nos lucros
desta. Quem titulariza uma parte beneficiária tem, por exemplo, direito a 3% dos
lucros de certa companhia durante 5 anos. Trata-se de crédito eventual, na medida
em que nada poderá ser reclamado da sociedade se ela não registrar lucro num
determinado exercício. Só as companhias fechadas podem emitir partes
beneficiárias (Lei nº 6404/76, art. 47, parágrafo único).
Dos lucros da sociedade anônima não poderá ser destinado às partes
beneficiárias mais do que 10%. Esses títulos poderão ser alienados ou atribuídos. A
atribuição, por sua vez, poderá ser onerosa, em pagamento a prestação de serviços,
ou gratuita.
Existe a possibilidade de no curso das atividades empresariais, haver a
necessidade de modificação ou redução das vantagens conferidas às partes
beneficiárias, para tanto deverá ser convocada uma assembléia geral especial,
sendo que o percentual exigido para aprovação é de metade de seus titulares. Vale
ressaltar que a assembleia supracitada deverá ser convocada através da imprensa,
com antecedência no mínimo de um mês e se esta deixar de realizar-se por falta de
quorum, somente após decorridos seis meses nova assembléia será marcada. É o
que versa o artigo 51 da Lei nº 6.404/76 :
“Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou reduzir as vantagens
conferidas às partes beneficiárias só terá eficácia quando aprovada
pela metade, no mínimo, dos seus titulares, reunidos em assembléia-
geral especial. § 1º A assembléia será convocada, através da
imprensa, de acordo com as exigências para convocação das
,,

assembléias de acionistas, com 1 (um) mês de antecedência, no


mínimo. Se, após 2 (duas) convocações, deixar de instalar-se por
falta de número, somente 6 (seis) meses depois outra poderá ser
convocada... “

4. OPORTUNIDADE DE EMISSÃO

As Partes Beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições


determinadas pelo estatuto ou pela Assembléia Geral, bem como atribuídas a
Fundadores, Acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à
companhia, conforme dispõe o artigo 47, da Lei nº 6.404/76.
Essa emissão poderá se dar a título gratuito ou oneroso. No caso da
gratuidade, não significa que sua emissão ocorrerá por mera liberalidade de seus
fundadores ou administradores, pois as Partes Beneficiárias são título causal, ou
seja, sua criação está ligada necessariamente a um objetivo econômico, bem como
à obtenção de uma vantagem direta ou indireta para a sociedade.
Tratando-se de valores mobiliários, as partes beneficiárias poderão também
ser ofertadas ao mercado, mediante uma retribuição pecuniária, como título de
investimento e forma de financiamento da atividade da companhia.
Ressalte-se mais uma vez, que a companhia aberta não poderá emitir partes
beneficiárias, conforme preceitua o artigo 47 da Lei 6.404/76, sendo essa uma
faculdade exclusiva das companhias fechadas.
Outro ponto que merece atenção, é a obrigatoriedade das Partes
Beneficiárias serem nominativas, aplicando-se às mesmas, no que couber, as
regras contidas nos artigos 23 a 40 da Lei nº 6.404/76, que versa sobre certificado,
propriedade e circulação, bem como constituição de direitos reais e outros ônus.
Registre-se, também, que as Partes Beneficiárias poderão ser objeto de
depósito com emissão de certificado, nos termos do artigo 43 da Lei nº 6.404/76.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir após tudo o que foi aqui apresentado que, dentre os valores
mobiliários que as Sociedades Anônimas podem emitir, tem-se as Partes
Beneficiárias, também conhecidas como “Bonus de Participação”. Elas asseguram
ao seu titular direito de crédito eventual contra a sociedade anônima emissora,
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consistente numa participação nos lucros anuais desta, sendo que estes não
poderão ultrapassar o teto máximo de 10% do lucro apurado.

Trata-se de um crédito eventual na medida em que nada poderá ser


reclamado da sociedade se esta não registrar lucro num determinado exercício.
Seus titulares não possuem os direitos dos acionistas, exceto o de fiscalização dos
atos administrativos. Em contrapartida, havendo lucro, por mais ínfimo que seja, a
companhia está obrigada a reservar a parte que cabe aos titulares das Partes
Beneficiárias, ainda que para tanto seja necessário deixar de pagar aos acionistas
os valores referentes ao exercício social correspondente.

Esses títulos podem ser criados a qualquer tempo, por um prazo determinado,
porém é uma exclusividade das Sociedades por Ações de Capital Fechado e podem
ser negociados pela companhia ou cedido gratuitamente aos acionistas, conforme a
sua vontade, nos termos de seu estatuto ou conforme deliberação em Assembléia
Geral dos Acionistas.

Possui três funções bem definidas: captação de recursos, remuneração por


prestação de serviços e, por fim, a atribuição gratuita. Possui, também, um
percentual máximo pré-fixado, ou seja, a sociedade anônima só poderá
comprometer determinado valor.

Possui base de cálculo distinta, vez que a lei impõe que deva ser descontado
o montante pago aos administradores, e estes, aos titulares das partes beneficiárias.

.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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