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Curso de Medicina

TRANSTORNOS DA
PERSONALIDADE

Profª Sâmia Mustafa Aguiar


TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Hipócrates (séc. IV a.C.) e Galeno (131 -200


d.C.): teoria dos “humores” do organismo
(sangue, bile negra, bile amarela e
flegma/catarro) – Predominância de um
resultaria em um estilo emocional particular
(temperamento).

• Temperamento (latim) – “mistura”


TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
1o. sistema ocidental de classificação de
temperamentos - quatro tipos:

1. Sanguíneos (alegres, maníacos - sangue)


2. Melancólicos (tristes, deprimidos – bile
negra)
3. Coléricos (irritados, violentos - bile
amarela)
4. Fleumáticos (passivos, calmos - flegma)
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
Dois aspectos permaneceram atuais:

PRESENÇA DE AS EMOÇÕES
FATORES COMO SUAS
BIOLÓGICOS CARACTERÍSTICAS
SUBJACENTES DEFINIDORAS
BÁSICAS

Além da observação de que os padrões


tendiam a ser persistentes e previsíveis ao
longo da vida – marca ou assinatura pessoal –
ou de sua personalidade.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Persona – máscara dos personagens de teatro.

• Personare (latim) – ressoar por meio de algo.

O autor/ator faz ressoar a sua voz, a sua


versão da história, por meio das diversas
máscaras, das diversas personagens que cria.
(López Ibor, 1970)
“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente”.
(Fernando Pessoa)
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Freud (1913) – distinção entre os sintomas


neuróticos e os traços de personalidade
(caráter):
- Sintomas neuróticos – ausência de
repressão.
- Traços de caráter – sucesso da repressão.

• “Construção da nossa personalidade


depende de nosso corpo e da nossa história”.
(Henry Ey e cols.).
CARÁTER
- Refere-se a estilos de defesa e de
comportamentos observáveis.
- Influenciado:
TEMPERAMENTO
CONSTITUCIONAL

INTERAÇÃO ENTRE IDENTIFICAÇÕES E


FORÇAS DE IMPULSOS INTERNALIZAÇÕES
COM DEFESAS DO EGO AO LONGO DA
E INFLUÊNCIAS VIDA
AMBIENTAIS

- O desenvolvimento exagerado de alguns


traços de caráter em detrimento de outros
pode ocasionar transtornos da personalidade.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

Padrões persistentes de perceber, relacionar-


se com e pensar sobre o ambiente e si mesmo
que são:
• INFLEXÍVEIS,
• MAL-ADAPTATIVOS E
• CAUSAM PREJUÍZO FUNCIONAL OU
SOFRIMENTO SUBJETIVO
SIGNIFICATIVOS.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Não são causados pelos efeitos fisiológicos


diretos de uma substância ou outra CMG e
não são consequência de um outro transtorno
mental.

• Estão presentes durante o funcionamento


estável da pessoa e não apenas durante o
estresse agudo.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Implica certas predições sobre como a pessoa


vai se comportar em dado conjunto de
circunstâncias.

• Oferece indícios sobre a incapacidade da


pessoa e sobre como devem ser abordados
para propósito de tratamento.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
• Os sintomas de TP são egossintônicos.

• As pessoas com TP têm mais probabilidade


de recusar auxílio psiquiátrico e negar seus
problemas.

• Quando os traços de personalidade são


rígidos e mal-adaptativos e produzem
comprometimento do desempenho ou
sofrimento subjetivo diagnóstico
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• Kurt Schneider (1974) – Definição:

O indivíduo apresenta as seguintes


características básicas: “[…] sofre e faz sofrer
a sociedade”, assim como “[…] não aprende
com a experiência”.

• “O menino é o pai do homem”.


TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

Experiências subjetivas e comportamento


persistentes que:
- se desviam dos padrões culturais,
- são rigidamente generalizados,
- têm início na adolescência ou na vida adulta
inicial,
- são estáveis ao longo do tempo e de longa
duração,
- levam à infelicidade e a comprometimento.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

• ESTUDOS NA COMUNIDADE
- Prevalência: 10 a 13%
- Mais comum em jovens ( 25 aos 44a)
- H=M (exceto o antissocial e o histriônico)

• Maiores chances de problemas com uso de


álcool e outras drogas e de enfrentar mais
eventos de vida adversos.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
• Estima-se que representem:
- 11% de todos os pacientes psiquiátricos
ambulatoriais.
- 20% de todos os pacientes psiquiátricos
internados.

• Associados a:
- um aumento de comportamentos suicidas (tipo
borderline - 10% cometem suicídio e 80%
engajam-se em graves condutas automutilantes).
- mortalidade alta (acidentes de carro, morte
súbita e infecção por HIV).
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
DSM - 5

GRUPO A GRUPO B
Esquisitos e Instáveis e/ou
desconfiados: manipuladores
PARANÓIDE ANTISSOCIAL
ESQUIZÓIDE BORDERLINE
ESQUIZOTIPICA HISTRIÔNICA
NARCISISTA

GRUPO C
Ansiosos e/ou controlados-
controladores
EVITATIVA
DEPENDENTE
OBSESSIVO-COMPULSIVA
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE
PARANÓIDE
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE

• Entidade patológica distinta que independe de


fatores culturais.

• Não é um estado transitório que se desenvolve a


partir de uma nexo de dinâmica de grupo.

• Envolve um estilo pervasivo de pensamento,


sentimento e forma de se relacionar com os outros
que é extremamente rígido e invariável.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE

Os padrões-chave do transtorno são egossintônicos.

Mais provável que o diagnóstico seja feito quando


apresentam sintomas do Eixo I.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE
• Torgersen e et al (2001) – prevalência de 2,4%.

• Frequentemente são levados a tratamento por


membros da família ou colegas de trabalho.

• Mesmo quando iniciam tratamento por vontade


própria, em geral, não se convencem de que estão
psiquiatricamente doentes.

• Seus problemas giram em torno da forma como os


outros os maltratam ou traem.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE

O pensamento tem um estilo cognitivo paranóide


distinto caracterizado por uma busca incansável de
significados ocultos, de chaves que revelem a
“verdade” por trás do que a situação aparenta ser.

Um intenso estado de hipervigilância, tensão física e


emocional, incapacidade de relaxar.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANÓIDE

• O pensamento paranóide é caracterizado por uma


falta de flexibilidade. O argumento mais persuasivo,
geralmente, não provocará nenhum impacto sobre
as crenças rígidas e inabaláveis da pessoa.

• Tendem a apresentar percepções razoavelmente


precisas do ambiente, mas o seu julgamento a
respeito delas está geralmente prejudicado.

• A própria realidade não está distorcida, mas o seu


significado aparente é mal-interpretado.

• São geralmente reservados e calados.


TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANÓIDE
COMPREENSÃO PSICODINÂMICA:

• A cisão é um processo inconsciente que ativamente


separa sentimentos contraditórios, representações
do self ou representações do objeto uns dos outros.

• Permite ao bebê separar o bom do ruim, o prazer do


desprazer e o amor do ódio, de forma a preservar
experiências, afetos, repersentações do self e do
objeto coloridos de forma positiva, em
compartimentos mentais isolados e seguros da
contaminação por suas contrapartes negativas.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE
COMPREENSÃO PSICODINÂMICA:

• A cisão pode ser considerada como uma forma


biológica básica de ordenar a experiência, pela qual
correr o risco é separado do arriscado.

• Os sentimentos de amor e ódio em relação ao


mesmo objeto devem ser separados uns dos outros.

• Qualquer movimento em direção à integração cria


uma ansiedade intolerável que tem origem no medo
de que o ódio domine e destrua o amor.
COMPREENSÃO PSICODINÂMICA
A sobrevivência emocional requer que o indivíduo
com TPP dissocie todo o “mau” e o projete em
figuras externas

O mundo interno dele normal de agressor e vítima é


transformado em uma experiência de vida na qual
está constantemente no papel da vítima frente a
agressores ou perseguidores externos.

• Abordam todo relacionamento com a crença de que


a outra pessoa no final cometerá um deslize e
confirmará suas suspeitas.
COMPREENSÃO PSICODINÂMICA

• O menor desapontamento em relação ao terapeuta


pode levar o paciente a desconsiderar
completamente a conduta prévia daquele e a sentir
com uma convicção inabalável que ele não é digno
de confiança.
Parece que esta pessoa está tentando me prejudicar

Eles “sabem”que a outra pessoa tem más intenções.

• Mecanismos de defesas-chaves: PROJEÇÃO e


IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA.
Critérios Diagnósticos DSM - 5 para Transtorno da Personalidade
Paranóide
A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas
motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida
adulta e está presente em vários contextos, indicado por quatro (ou mais) dos
seguintes critérios:

(1) Suspeita, sem embasamento suficiente de estar sendo explorado,


maltratado ou enganado por outros.

(2) Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou


confiabilidade de amigos e sócios.

(3) Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as


informações serão usadas maldosamente contra si.

(4) Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários


ou eventos benignos.
Critérios Diagnósticos DSM - 5 para Transtorno da Personalidade
Paranóide

(5) Guarda rancores de forma persistente (i. e., não perdoa insultos, injúrias
ou desprezo).

(6) Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebido pelos
outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente.
.
(7) Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do
cônjuge ou parceiro sexual.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno


bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e
não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição médica.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

• Transtorno delirante paranóide – delírios fixos.


• Esquizofrenia paranóide – alucinações, transtorno
do pensamento formal.
• Transtorno da personalidade borderline –
envolvimento extremo ou relacionamentos
tumultuosos.
• Transtorno da personalidade anti-social – longa
história de comportamento anti-social.
• Transtorno da personalidade esquizóide –reclusos e
distantes e não tem ideação paranóide.
ABORDAGENS DE TRATAMENTO

• PSICOTERAPIA é o tratamento de escolha - terapia


individual.

• Construir uma aliança terapêutica.

• Ênfase na necessidade do paciente de projetar como


uma forma de sobrevivência emocional.
ABORDAGENS DE TRATAMENTO

• O terapeuta deve ser continente para sentimentos de


ódio, maldade, impotência e desespero. Devolver
esses sentimentos prematuramente levará o paciente
a sentir uma crescente tensão interna e a ficar mais
rígido.

• O objetivo geral é ajudá-lo a mudar suas percepções


da origem de seus problemas de um local externo
para um interno.
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

• O médico não deve confrontar as suspeitas do


paciente como ilógicas.

• Deve entender a desconfiança em se consultar com


alguém que ainda não conhece.

• Ser didático nas recomendações terapêuticas,


consultando o paciente sobre sua compreensão,
dúvidas e restrições a respeito de cada uma delas.
ABORDAGENS DE TRATAMENTO

FARMACOTERAPIA

• Casos de agitação e ansiedade

• Ansiolíticos

• Antipsicóticos – pequenas doses em breves períodos

• Estabilizadores de humor
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANÓIDE - PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA

• Fazer todo o possível para ajudar o paciente a


preservar sua dignidade e não se sentir humilhado.
• Evitar levantar ainda mais suspeitas.
• Ajudar o paciente a manter uma posição de
controle.
• Sempre estimulá-lo a verbalizar em vez de atuar de
forma violenta.
• Sempre oferecer um ambiente bem espaçoso.
• Estar afinado com sua própria contratransferência
para lidar com o paciente potencialmente violento.
TPP - CURSO E PROGNÓSTICO

• Faltam estudos sistemáticos de longo prazo.

• Em alguns casos, a condição permanece por toda a


vida.

• Em outros, é um precursor de esquizofrenia –


“Transtorno da personalidade paranóide (pré-
mórbido)”.

• Em geral, têm problemas por toda a vida nas


relacões profissional e pessoal.
TRANSTORNOS DA
PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E
ESQUIZOTÍPICA
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E ESQUIZOTÍPICA

• Distintas, apesar das semelhanças na compreensão


dinâmica e na abordagem terapêutica.

• Crescente literatura sugere que o transtorno da


personalidade esquizotípica está geneticamente
ligado à esquizofrenia, enquanto o transtorno da
personalidade esquizóide não apresenta essa ligação
(Kendler et al., 1981, 1995; Kety et al., 1971;
Rosenthal et al., 1971)
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ESQUIZOTÍPICA
• Versão silenciosa da esquizofrenia, caracterizada
pelo teste de realidade mais ou menos intacto,
dificuldades de relacionamento e leves distúrbios de
pensamento.
• Seguimento de longo prazo de pacientes
evolução semelhante a dos pacientes com
esquizofrenia (EQZ).
• Risco de transtorno relacionado à EQZ nos
familiares em 1o. grau de pacientes com TP
esquizotípica e paranóide é significativamente
maior do que nos familiares em 1o. grau de
pacientes com outros TP (Siever et al., 1990).
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E ESQUIZOTÍPICA

• Os transtornos da personalidade esquizóide e


esquizotípica formam um continuum.
• Envolvem muito desligamento social e constrição
afetiva.
• Com frequência vivem à margem da sociedade;
vistos como “esquisitos”, “excêntricos” ou
“desajeitados”.
• Seu isolamento e anedonia pode suscitar pena e
tentativa de ajuda, mas os indivíduos que fazem
esses gestos desistem depois de serem
repetidamente rejeitados.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E ESQUIZOTÍPICA

• Podem ir ao psiquiatra levados pelos pais que


julgam que o filho adolescente ou adulto jovem não
está aproveitando suficientemente a vida ou buscam
tratamento voluntariamente devido à dolorosa
solidão.

• O mundo interno do paciente esquizóide pode


diferir consideravelmente da aparência externa.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE E
ESQUIZOTÍPICA

• Akhtar (1987): “O índivíduo esquizóide é


„explicitamente‟ desapegado, auto-suficiente,
distraído, desinteressado, assexuado e
idiossincraticamente moral, enquanto „ocultamente‟
ele é esquisitamente sensível, emocionalmente
carente, agudamente vigilante, criativo, com
frequência perverso e vulnerável à corrupção”.

• Cisão do self diferentes representações do self que


permanecem não integradas – identidade difusa.
Pacientes esquizóides não têm certeza de quem são
e sentem-se assolados por pensamentos e
sentimentos altamente conflitantes.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE E
ESQUIZOTÍPICA
COMPREENSÃO PSICODINÂMICA

• FAIRBAIN (1954) - o isolamento esquizóide como


uma defesa contra um conflito entre um desejo de se
relacionar com os outros e o medo de que sua
necessidade provoque dano nos outros.
• BALINT (1979) – pacientes tinham um déficit
fundamental na sua capacidade de se relacionar
causada por inadequações significativas nos
cuidados maternos que receberam na infância.

• Vivem sob a constante ameaça de abandono,


perseguição e desintegração.
Critérios Diagnósticos DSM -5 para Transtorno da Personalidade
Esquizóide

A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa


restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no
início da vida adulta e está presente em vários contextos, como indicado por
quatro (ou mais) dos seguintes critérios:

(1) Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma
família.

(2) Quase sempre opta por atividades solitárias.

(3) Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com


outra pessoa.

(4) Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.


Critérios Diagnósticos DSM -5 para Transtorno da Personalidade
Esquizóide

(5) Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de
primeiro grau.

(6) Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros.

(7) Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de EQZ, transtorno bipolar ou


depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do
espectro autista e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condiç~ao
médica.
Critérios Diagnósticos DSM – 5 Transtorno da Personalidade
Esquizotípica

A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por


desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além
de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que
surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, como
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:

(1) Idéias de referência (excluindo delírios de referência).

(2) Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o


comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do
indivíduo (p.ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto
sentido” ; em crianças e adolescentes, fantasias e preocupações bizarras).

(3)Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.

(4) Pensamento e discurso estranhos (p.ex., vago, circunstancial, metafórico,


excessivamente elaborado ou estereotipado).
Critérios Diagnósticos DSM – 5 Transtorno da Personalidade
Esquizotípica

(5) Desconfiança ou ideação paranóide.

(6) Afeto inadequado ou constrito.

(7) Comportamento ou aparência estranha, excêntrico ou peculiar.

(8) Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes em


primeiro grau.

(9) Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a
estar associada mais a temores paranóides do que a julgamentos negativos
sobre si mesmo.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de EQZ, transtorno bipolar ou


depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do
espectro autista.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E ESQUIZOTÍPICA

ABORDAGENS DE TRATAMENTO
• Com frequência não batem à porta do terapeuta.
• PSICOTERAPIA INDIVIDUAL – internalização de
uma relação terapêutica e não a interpretação do
conflito.
• PSICOTERAPIA DINÂMICA DE GRUPO – ajudá-
los na socialização, função parental.
• FARMACOTERAPIA:
Antipsicóticos
Antidepressivos
PACIENTE ESQUIZOTÍPICO - RELAÇÃO
MÉDICO-PACIENTE

• Dificilmente buscará tratamento.

• O médico deve expressar desejo de estabelecer


contato emocional com o paciente, respeitando as
distâncias que parecem necessárias.

• Tentar organizar seu discurso e suas queixas e


tranquilizá-lo a respeito das teorias bizarras.
PACIENTE ESQUIZÓIDE - RELAÇÃO MÉDICO-
PACIENTE

• Por não se sentir doente, o paciente dificilmente


frequentará consultórios profissionais.

• O médico deverá manter-se disponível em atender o


paciente, aceitando suas resistências tanto em se
reconhecer doente como em receber ajuda.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE E ESQUIZOTÍPICA
CURSO E PROGNÓSTICO

• TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ESQUIZÓIDE - início na primeira infância, longa
duração.

• TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ESQUIZOTÍPICA – 10% cometem o suicídio
(Mcglashan); personalidade pré-mórbida de
pacientes que desenvolvem EQZ; alguns mantêm
um TP esquizotípica estável, casando e trabalhando,
apesar de suas esquisitices.
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE
HISTRIÔNICA
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
HISTRIÔNICA

• São excitáveis e emocionais e se comportam de


forma colorida, dramática e extrovertida.

• Emocionalidade florida e generalizada.

• Impulsividade generalizada.

• Por vezes há uma incapacidade de manter


relacionamentos profundos e duradouros.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
HISTRIÔNICA

• Tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos


e fazer tudo parecer mais importante do que
realmente é.
• O comportamento sedutor é comum em ambos os
sexos.
• Podem ter uma disfunção psicossexual; as mulheres
podem ser anorgásmicas, e os homens podem ser
impotentes.
• Necessidade de reasseguramento é interminável.
Critérios Diagnósticos DSM – 5 para Transtorno da Personalidade
Histriônica

Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso, que


surge no início da idade adulta e está presente em vários contextos, como
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:

(1) Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.

(2) A interação com os outros é frequentemente caracterizada por


comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo.

(3) Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções.

(4) Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si.
Critérios Diagnósticos DSM – 5 para Transtorno da Personalidade
Histriônica

(5) Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente


de detalhes.

(6) Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das


emoções.

(7) É sugestionável (i. e., é facilmente influenciado pelos outros ou pelas


circunstâncias).

(8) Considera os relacionamentos pessoais mais íntimos do que na realidade


são.
A senhora K era uma mulher hispânica de 50 anos,
casada, que se apresentou no pronto-socorro (PS)
psiquiátrico devido à insistência de seu psiquiatra
assistente, depois que ela lhe contou sobre o plano de tomar
uma “overdose” de Advil.
No PS, a paciente explicou que suas costas a estavam
“matando” desde uma queda que ocorrera, vários dias antes,
na mercearia da família, onde ela trabalhava há anos. A
queda a deixou abatida e deprimida, embora tenha negado
outros sintomas depresivos além do humor ruim. Ela falou
detalhadamente sobre a queda e como isso a lembrou de
outra queda que havia sofrido há anos. Naquela época, havia
consultado um neurocirurgião que lhe disse para descansar
e tomar medicamentos anti-inflamatórios não esteróides.
Ela descreveu sentir-se “abandonada e desprezada”
por ele. A dor diminuiu sua capacidade de se exercitar, e
ela ficou chateada por ter ganhado peso. Enquanto
relatava os eventos relativos à queda, a paciente começou
a chorar.
Quando indagada sobre seus comentários suicida,
afirmou que eram “nada demais”. Relatou que eram “só
uma ameaça” dirigida ao marido para ele “aprender uma
lição” porque “não sente pena de mim” e não lhe deu
apoio desde a queda. Quando o entrevistador manifestou
preocupação com a possibilidade de que ela se mataria, ela
exclamou com um sorriso: “Oh, puxa, não tinha me dado
conta de que isso é levado tão a sério. Acho que não devo
mais fazer isso”. Então deu de ombros e riu.
Continuou a falar como era “legal e simpático”
que tantos médicos e assistentes sociais quisessem ouvir
sua história, chamando muitos deles pelo primeiro nome.
Ela também flertou ligeiramente com o entrevistador
residente, o qual havia comentado que ela era a “mulher
mais bem-vestida no PS”.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

CURSO E PROGNÓSTICO

• Mais comum em pessoas separadas.

• Associado a tentativas de suicídio e relacionado, em


mulheres, a doenças clínicas inexplicáveis e, em
homens, com abuso de substâncias (Coid, 2003).

• Com a idade, os indivíduos afetados exibem menos


sintomas.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

CURSO E PROGNÓSTICO

• Os pacientes estão sempre à procura de sensações e


podem se envolver em problemas (polícia, abuso de
drogas e promiscuidade).

• Tentativas de suicídio são comuns; consumação é


rara.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

ABORDAGENS DE TRATAMENTO

• Psicoterapia individual ou psicanálise é o


tratamento de escolha.

• Farmacoterapia: em casos de sintomas-alvo


• Antidepressivos (depressão e queixas somáticas)
• Ansiolíticos (ansiedade)
• Antipsicóticos (desrealização e ilusões)
PACIENTE HISTRIÔNICA- RELAÇÃO MÉDICO-
PACIENTE

• Evitar maiores familiaridades.


• Lidar com neutralidade benévola com eventuais
tentativas de sedução e de obter atenção especial.
• Controlar sentimentos de rejeição provocados pelas
condutas infantis do paciente e identificar, se
possível, onde está seu sofrimento genuíno.
• Focar nas questões objetivas e mais importantes que
motivaram a consulta, isolando-as dos eventuais
ganhos secundários associados.
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE
NARCISISTA
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA

• As formas patológicas de narcisismo são mais


facilmente identificadas através da qualidade das
relações do indivíduo.

• Aproxima-se das pessoas como se essas fossem


objetos a serem totalmente utilizados e depois
descartados de acordo com suas necessidades, sem
consideração por seus sentimentos.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA

• Não considera as pessoas como tendo uma


existência separada ou necessidades próprias.

• Com frequência rompe uma relação após um curto


período de tempo, geralmente quando a outra
pessoa começa a fazer exigências que têm origem
em suas próprias necessidades.
Critérios Diagnósticos DSM – 5 para Transtorno da Personalidade
Narcisista

Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento),


necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida
adulta e está presente em vários contextos, como indicado por cinco (ou mais)
dos seguintes critérios:

(1) Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera
conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha
conquistas correspondentes).

(2) É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou


amor ideal.

(3) Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por,
ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição
elevada.

(4) Demanda admiração excessiva.


Critérios Diagnósticos DSM – 5 para Transtorno da Personalidade
Narcisista

(5) Apresenta um sentimento de possuir direitos (i. e., expectativas irracionais


de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de
acordo com as próprias expectativas).

(6) É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou


amor ideal.

(7) É explorador em relações interpessoais (i. e., tira vantagem de outros para
atingir os próprios fins).

(8) É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros


o invejam.

(9) Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.


O Sr. L era um homem solteiro e
desempregado, de 57 anos, que solicitou uma revisão de
seu tratamento na clínica psiquiátrica. Há sete anos ele
fazia psicoterapia semanalmente, com diagnóstico de
transtorno depressivo persistente. Queixou-se de que o
tratamento ajudou muito pouco e queria ter certeza de
que os médicos estavam no caminho certo.
Ele manifestou decepção quanto à ausência de
melhora, à natureza de seu tratamento e à sua terapia
específica. Achava que era “humilhante” ser forçado a
consultas com estagiários, que mudavam uma ou duas
vezes por ano.
Com frequência, achava que os residentes de
psiquiatria não eram instruídos, cultos ou sofisticados, e
achava que eles sabiam menos sobre psicoterapia do que
ele próprio. Além disso, preferia trabalhar com terapeutas
do sexo feminino, porque os homens eram “competitivos
demais e invejosos”.
O Sr. L havia trabalhado, anteriormente, como
corretor de seguros. Explicou: “É ridículo. Eu era o
melhor corretor que eles haviam visto, mas se recusam a
me recontratar. Acho que o problema é que essa é uma
profissão com egos inflados, e eu ponho o dedo na ferida”.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA
ABORDAGENS DE TRATAMENTO

• Psicanálise é o tratamento de escolha (Kernberg,


Kohut).

• Psicoterapia individual

• Empatia: pedra fundamental da técnica (Kohut) -


empatizar com a tentativa do paciente de reativar
uma relação parental falha ao coagir o terapeuta a
satisfazer suas necessidades de afirmação, de
idealização e de ser como ele.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA
ABORDAGENS DE TRATAMENTO

• PSICOTERAPIA

• FARMACOTERAPIA

- Lítio: quadros clínicos com oscilações do humor.

- Antidepressivos: como não toleram bem à rejeição


e são predispostos à depressão.
PACIENTE NARCISISTA - RELAÇÃO MÉDICO-
PACIENTE

• Evitar a irritação pela forma arrogante e superior


com que tende a tratar o médico, assinalando-lhe
que, se buscou o atendimento, é porque o valoriza.
• Mecanismos de defesa incluem negação,
desvalorização e idealização.
• Resistir à pressão de privilégios em relação a
horários, honorários, duração das consultas.
• Não entrar em contato com as críticas depreciativas
que fizer de outros profissionais que o atenderam
antes, sugerindo que agora é que encontrou alguém
tão excepcional como o próprio paciente.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA

CURSO E PROGNÓSTICO

• Crônico e difícil de tratar.

• Precisam lidar constantemente com ataques ao seu


narcisismo, resultado de seu próprio
comportamento ou de experiências da vida.

• O envelhecimento não é bem vivenciado – mais


vulneráveis a crises de meia-idade.
OBRIGADA !

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