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Escrito por: Alberto Brito Aranha

ATLANTIS
Fade in. Tela preta. Letras surgem devagar.

"Vês que a razão, seguindo o caminho indicado pelos sentimentos, tem asas curtas."

- Dante Alighieri

Fade out.
Corta para:

INTERIOR DESCONHECIDO, LEMBRA UMA ESPECIE DE LABORATÓRIO – HORARIO INCERTO


Tela Ascende. A camera exibe a tela de *Rec.

(Segurando a câmera)
Alô... testando 1 2, testando... 1... 2...testando, tá gravando?
Isso tá funcionando?! Tá ligado!?
Ah, ligou a luzinha, tá tá ligado sim... Hmm hmm...

(Falando para a camera, se apresentando)

“Aqui quem fala é o Professor Ramirez Rodrigues historiador, arqueólogo,


pesquisador e estudioso de ufologia, também...
(Pausa por um momento e então diz com ênfase) CAÇADOR DE TESOUROS!...”

(Desaponta em uma risada alta e constrangida)

Quem eu quero enganar, não sou nenhum Indiana Jones, mas dou pro gasto. Enfim vamos lá é...

(Voltando) “Descoberta física número 22 sob a existência da Atlântida, a cidade auge submersa
sob as águas descrita pela primeira vez por Platão.”

(Ele se desconcentra e então)

Cont. “Voltando! (afirma) prova número 22 uma espécie de livro, sem capa apenas páginas juntas
entre si envoltas por um estranho material translucido com uma espécie de lacre de mover em um
dos lados. O lacre fora levemente danificado provavelmente comprometendo o exemplar.” (Move
o livro em direção a camera)

“Parece molhado, úmido encharcado, contudo não posso esperar para descobrir o conteúdo
milenar presente nesse magnifico e singular exemplar.Tão excitante! A aventura chama por mim!”

(Se virando da camera novamente, procurando algo)

Luvas! Luvas! Preciso por minhas luvas não posso danificar o exemplar. Onde estão minhas luvas?!
Corte.
Tela preta abrupta.

Tela ascende novamente.

(Aparece suado, esbaforido, erguendo as mãos enfrente a câmera, segurando as luvas)

“Achei! Achei! (Expira) Uh! Ah! Enfim as achei ufa, para vocês foram só um segundo
(Movimenta levemente as mãos para frente e para tras proximo a cabeça), um click, um corte,
mas acreditem, demorou, até que bastante, acho que o suor no meu rosto entrega um pouco.
Luvas! (Risada contida)

(Fazendo movimentos ele coloca as luvas) “Luvas esquerda e direita.”

“Agora foco no exemplar (Aproximasse do livro, olhos no mesmo) vamos lá com calma para não
danificar, devagar empurrar suavemente esse lacre primitivo, estranho, por algum motivo isso me
parece tão familiar, chega a ser engraçado essa facilidade”

(Risada aberta, respira)

Cont. “Bom foi simples só empurrar no sentido horizontal e abriu a primeira camada transparente
aberta.

(Ele para por um momento e volta seus olhos a câmera)

Cont. “Ah realmente, não lhes contei de onde surgiu esse exímio exemplar, encontrei ele enquanto
fazia a mais recente das minhas navegações pelo Mar Mediterrâneo, (Abre-se um timido sorriso
meio esnobe em sua face) faz muito pouco tempo, estavamos em busca de restos históricos de
cidades e civilizações que lá existiram.”
(Então ele para aponta para cima, expandi o torax e logo apos volta a falar entusiasmado)

Cont. “Entre o Egeu e o Mediterrâneo, numa expedição subaquática, uma ótima sessão de
mergulho, diga-se de passagem, sim, foi lá que o encontrei, encrostado num arrecife corais quase
como sendo parte dele, uma simbiose praticamente improvável. (debocha) Meus colegas disseram
que podia ser resto de qualquer outra civilização, provavelmente alguma mais recente ou só lixo
ao mar, um lixo bem antigo. (ergue a voz) Mas não! Todos eles perderam a fé, são descrentes. Me
chamam de louco por acreditar. Me julgam, dizem que minhas provas, mesmo as físicas não são
reais, são apenas pedaços de construções e lixo. Sim! São pedaços de construções, mas não quer
dizer que não sejam construções Atlantis, lixo? Como assim lixo? São artefatos culturais
diversificados cujo proposito ainda não descobrimos.

(Abaixa a voz, ombros caem, olhar cabisbaixo)

Cont. “Charles diz, ah (pausa) Charles diz que eu devia parar com isso, com esse sonho
infantil, mas. Mas, se eu negar, o que resta para mim? Toda minha vida, minha pesquisa, tudo, tudo,
tudo iria por água abaixo, como Atlântida.

(Saindo de seu devaneio, balança a cabeça levantando o olhar)

(Voltando) Meu Deus que falta de foco! desculpe o devaneio, vamos lá, prova número 22, o
lacre está aberto, agora vamos aos manuscritos por dentro dele, uuh o que será que que tem aqui.

(Com olhar fixo cuidadosamente pega o livro em mãos)

Cont. “Pagina um, bom, encharcada, era de se esperar, existem vários borrões de algo que se
aparenta uma escrita, não parece haver desenhos aqui, apenas linhas curtas, dispostas como, como,
uma lista, parece uma lista. É, pode ser, uma espécie de lista, talvez uma disposição gramatical
como se fosse um poema, no momento página 1 esta invalida, a colocarei separada para analises
mais aprofundas mais tarde.

(Olha para câmera enquanto suavemente inclina-se a cabeça para direita e timidamente levante os
ombros, novamente um tímido sorriso se abre em sua face como se esperasse alguma aprovação)

(Retorna à posição anterior)

“Agora pagina 2, vejamos, igual a primeira, contudo a disposição das linhas é diferente, se
assemelha mais a que nos conhecemos de textos, contudo, é estranho, as linhas se curvam e
retorcem como se quisesse seguir linhas ortogonais invisíveis, letras? Grifos? Símbolos? Até o
momento apenas borrões, espero encontrar algo logo se não dirão que encontrei apenas lixo
novamente.
Tela fica escura.
Corte brusco.

Volta a Tela.

(Percebesse o professor com livro na mão apontando algo)

(Empolgado) “Enfim, após vistorias e analisar a primais 10 páginas, enfim achei algo que parece
um grifo, não mais um borrão sem vida, e sim um grifo, ele parece lembra uma espécie de “K”
misturado com um “4”, o primeiro grifo achado.”

(Com livro em mãos levanta os braços, após um breve momento os abaixa)

(Com livro em mãos, olhando para baixo, aponta com o dedo)

Cont. “Linhas que não se mantem ortogonais mas tentam, palavra espalhas ou colocadas em
pequenos grupos como se compusessem algo isolado em meio a vários grupos, contundo também
havendo várias sequencias de linha montando um grande corpo. Bom vou continuar a analisar as
outras páginas, já vi que isso vai ser outro daqueles trabalhos de dias, quando tiver mais novidades
eu volto”
Tela escura.

Volta a tela
(Com olhar cansado, roupa e cabelo desarrumado acompanhado de uma xicara de café observasse
o professor em pé próximo a seu computador)

“Foram quase três dias, mas, todavia, acabei, fiz a análise inicial de todas as páginas. Nossa deu
trabalho, só esse café amargo para me manter acordado tanto tempo, não sou mais tão jovem pra
conseguir virar noites assim logo após uma viagem. O resultado foi até satisfatório, várias páginas
com grifo, muitos que se pareciam letras modernas com algum tipo de alteração, engraçado não? ”
(Ele solta um olhar confuso por um breve momento)

“Entretanto muitas das páginas foram completamente perdidas, grudadas entre si, rasgadas,
amassadas ou danificadas, muitas com borrões que estranhos e indecifráveis, aparentemente sem
sentido para minha mente cansada, espero que não seja nada muito importante por enquanto.

(Ponhesse a escanear enquanto fala olhando para câmera)


Cont. “Bom agora vou escanear as páginas e jogar o arquivo digital no software para ver se ele
consegue decifrar e quebra o código, ou se pelo menos consegue montar os padrões da escrita, (em
tom de revolta) se não conseguir farei a mão, do jeito milenar, não se deve confiar tanto assim na
tecnologia. Agora aguardemos. ”

(Afasta-se)

Dessa vez a tela não escurece, vemos apenas o professor sentar em sua cadeira e adormecer enquanto o
computador trabalha, contudo no susto ele acorda.

Dormir? Eu dormi!? Eu não acredito que dormir, se aconteceu algo de errado, espera! A câmera
continua ligada!? (Rapidamente aproximasse da câmera)

Meu Deus a câmera está ligada, esteve ligada esse tempo todo, quanto tempo será que...”

(Novamente em um movimento rápido volta ao computador)

O CODIGO! (Ele grita)

(Ansioso tomado por vários pequenos movimentos rápidos ele fica a observar a tela do computador)

Cont. Será!? Será que foi traduzido? Escrita! Será que já tenho um padrão!? SIM! Sim parece que
sim, agora é a câmera.

(Ele se vira, e outra vez se aproxima da câmera)

Cont. A câmera ainda tem bateria? Tem? Ufa, ainda tem bastante, parece que não dormi muito.

(Em outro movimento, dessa vez não tão rápido, ele deixa a câmera de lado e retorna a tela do
computador dessa vez ele puxa a cadeira e a ajeita de modo que a câmera ainda consiga ver a tela)

“Vamos lá, vamos ao texto, a, que? ” (Confuso)

(Indignado e confuso, ele cruza os braços e leva a mão direita ao queixo)

Porque está tudo em italiano?

(Em um movimento brusco ele tira a mão do queixo e bate com a palma da mesma na própria testa)

Cont. Maldito sistema compartilhado, sabia que não devia ter ligado a geolocalização enquanto
fazíamos aquele percurso pela Itália, meu notebook meu celular, mudou tudo pra italiano, foi o
inferno ter de configurar tudo de novo, não pensei que isso chegaria ao meu computador.
(Revoltado) Depois eu resolvo isso, vários trechos separados e desconexos, não parece ser coisas
bastantes mundanas.

(Ele se acalma, olha para a câmera e fica com um ar mais leve a animado tomado pela empolgação)

“Aqui! Um trecho grande vou pegar esses trechos maiores que acha e traduzir para entender o
corpo central do texto, depois de dormir direito eu vejo esses por menores, que excitante! Que
empolgação! O que será que vou encontra aqui. Mal posso esperar para ler. Okay, traduzido, vamos
lá:

(O Professor ponhesse a ler a o texto)


“Aqui estou na cidade que sempre quis estar morando, no centro cultural e histórico construído
acima das águas, palco de guerras, disputas políticas, uma cidade com bastante história gravada
em suas ruas e vielas, com seus belos canais que transpassam entre ela como veias, conectando a
tudo, cidade que sempre quis, a cidade de meus avôs...”

(Bruscamente ele para a leitura e comenta mas não parece se importa com a câmera)

Cont. Então é um diário? Uma história pessoal? Está é uma ótima oportunidade, assim poderemos
analisar o cotidiano mundano dos atlântis, bom saber que desde antigamente era um local bem forte e
com bastante valor histórico

“É tudo tão nostálgico, me lembra bastante uma época de minha infância, mesmo que ainda
vinhessse pouco aqui, mas a cidade sempre foi tão apertada assim? Uma sensação tão
claustrofóbica? Talvez seja porque cresci. Não desde novo lembro de sentir esse lugar como se
fosse amarrotado, confuso, apertado, agora mais velho e vindo morar nele sinto ainda mais isso,
como se fosse uma cidade labirinto, com casas altas geométricas, contudo dispersas de maneira
irregular, uma cidade de becos, vielas, sem grandes para se andar e contemplar os horizontes,
tudo tão junto, tão próximo, é estranho, pelo menos as grandes praças e os canais abrem algum ar
pra respirar aqui. ”

Cont. Atlântida com problema de superlotação e um confuso desenho urbanita? Becos? Vielas? Nunca
imaginária isso, mas isto características gerais ou só se prende a uma região?

“Falado em respira, o cheiro aqui também ficou pior com o tempo, se a anos atrás a única vez que
os golfinhos voltaram a nadar nessas águas depois de sei lá quantos anos sem nunca aparecer foi
durante aquela maldita doença que prendeu todos em casa, quem dirá agora que as águas estão
turvas, parecendo que tem uma densa nevoa sob ela, com esse cheiro desagradável vindo delas,
não bastasse isso ainda tem todo esse lixo nos canais ainda tem pelas ruas, as paredes pichadas
grafitadas, um completo descaso com patrimônio arquitetônico do local. Por que diabos eu vim
morar aqui? Uma cidade confusa, apertada, com suas águas poluídas, sem espaço pra nada lixo e
poluição de todo tipo pelas ruas, chega dar vertigem. Não me impressiona que estejam deixando a
cidade, esse descaso com ela e o fato de cada dia que se passa ela se afunda mais e mais nas
águas. ”

(Mais uma pausa é feita, novamente ele desvia o olhar, contudo, dessa vez ele foca na câmera, e
num rápido movimento ele aponta o dedo na câmera, como se buscasse afirmar algo)

Cont. “Então Atlântida afundou aos poucos e não subitamente de uma vez, informação importante”

“Se não guardasse a guardasse com anto carinho em meu coração, e não reconhecesse seu valor
histórico e não a quisesse ver bem novamente e protegida, espero que esse movimento faça com
que outros como eu venham para cá, assim poderemos aos poucos reerguer a antiga gloria dos
velhos tempos. ”

(Em um leve movimento para trás ele cruza s braços e se inclina)


Cont. Nossa quem diria que a situação seria que a situação da queda de Atlântida seria por tamanha
decadência, é triste você ver uma história dessas e já saber o trágico fim.

“Devo lembrar de agradecer a Kate, se não fosse por ela nem estaria em casa hoje escrevendo
isso, não acredito que mesmo com mapa em mãos consegui me perder tantas vezes e encontra
tantos becos em saída. ”

KATE!? (Grita confuso o professor)

(Enquanto coça a cabeça em um gesto de confusão e indignação)

O que um nome tão ocidental e “moderno” faz aqui? Oi? Como assim? Isso é algum erro de
tradução? Será que o software decifrou isso certo? Não acredito nisso.

Okay! Okay, por enquanto foco no grosso do texto e depois quando tiver mais descansado eu mesmo
tento decifrar esse código, talvez chame Charles para ajudar, ele gosta de alguns enigmas. (Uma doce
e singela alegria toma seu rosto)

Passaram minutos sem o professor solta uma palavra apenas se observa ele passando a tela rápido, sem se
importar com os pequenos trechos escritos pelo dono do suposto diário, trechos esses que segundo ele,
seriam desconexos e simplesmente mundanos.

Até que ele para e começa a ler novamente, com olhar fixo e sem pausas

Cont. “1 Ano, já se faz 1 ano que eu me mudei pra cá, larguei praticamente tudo pelo que? Pra
tentar salvar uma cidade histórica? OH morar em uma cidade que está afundando quantas
pessoas podem dizer que viveram isso? PRA QUE! POR QUE! Não bastasse toda essa decadência
que tinha aqui agora tem essa chuva, essa maldita chuva que não para, 3 meses, 3 meses de chuva
direto, se a cidade já estava afundada agora está alagando, sendo tomadas pelas águas. Enfim o
mundo quebrou, isso mesmo o mundo quebrou a porra da droga o do mundo quebro, esse fodendo
aquecimento global, essas malditas mudanças climáticas, chuva em todo mundo sem parar sem
cessar e eu vou estar aonde? Na merda da cidade que está afundando no mar tinha como ser mais
azarado? É pra se fuder mesmo vida de corno do caralho. Não tenho luz a semanas, sozinho, com
essa água de bosta batendo na minha porta, invadindo minha casa, tocando em meus pés, sozinho
sem ajuda sem a bosta de um barco pra me ajuda, morrei afogado nessa água nojenta, numa
cidade esquecida pelo homem. Tudo que eu posso fazer por enquanto é espera ver se essa chuva
parar e ser salvo ou se eu morro afogado nesse labirinto que logo estará sob as águas turvas e
densas. Sabe nesses últimos meses vendo a água tomar tudo chego a pensar se ela está viva e
faminta devorando e engolindo tudo, pedaço, a pedaço a cidade vai sendo devorada pelas
turbulentas ondas, a água densa como óleo toma tudo, tudo, nenhum vão da cidade se salva, os
becos estreitos, os sem saída, as vielas, as grandes praças tudo aberto, tudo tomado, tudo agora
um grande canal oleoso, turvo, denso, sem vida, tudo tomado. É desesperador, nunca silencioso,
as vezes se ouve gritos ao longe, mas os sons da água o abafam os afastam, se tornam meros ecos
em meio ao gotejar incessante e ao quebrar dar ondas. Alguns prédios já desabaram, as casas
mais rasteiras já foram tomadas, minha sorte é ter comprado logo um apartamento alto, e mesmo
assim, sinto as águas em meus pés, tudo se foi tudo engolido, agora, só me resta escrever em meu
velho caderno de anotações, meu companheiro de anos, todas minhas senhas, minhas listas de
compras, todas minhas anotações e planos pro futuro, todos aqueles filmes que marquei de ver,
livros de comprar, tudo aqui nele. Se eu me for quero pelo menos deixar ele para saberem que
parti, para saberem que eu tentei fazer algo grande e deu errado, quis manter um patrimônio vivo
e agora o vejo sendo devorado, talvez seja melhor assim, pelo menos foi até rápido, pior seria se o
visse definhar aos poucos durante os anos. Tudo isso por causa de uma chuvinha que disseram que
duraria apenas dias, depois semanas, quando nos demos conta já fazia meses e aqui estou. Chorar
agora já não faz diferença, o que são lagrimas na chuva se não apenas mais algumas gotas
d’água? Espero que a Katie esteja bem, provavelmente ela deu no pé e se salvou antes que a coisa
engrossasse e se esqueceu de mim, me deixou para trás, típico dela, não seria a primeira vez que
ela me trai. Ah difícil. Tentar fazer parte de uma ONG e de u movimento cultural para restaurar
uma cidade é difícil, foi divertido por um, pensei que quase conseguiríamos. Sentirei falta dessa
dessa antiga arquitetura europeia, dos grandes casarões lançados pela cidade, das casas
pequenas engolidas pela verticalidade dos prédios antigos, do estilo renascentista da cidade, das
pontes erguidas que hoje, não mais vejo, dos palácio e palacetes, até mesmo das igrejas, nunca fui
muito religioso, mas essas igrejas neoclássicas conseguiram me conquistar, talvez tenha sido de
tanto visitar elas com os turistas e os ver deslumbrados com a magnitude delas. Parando pra
pensar, até que conseguimos chamar a atenção de muita gente mesmo, realmente achamos que
darias certo, várias pessoas vinheram, e do jeito que chegaram partiram, quase ninguém fica,
quem é louco de ficar numa cidade que está afundando? Quem seria louco de largar tudo e vim
viver por uma causa? Que seria né? Quem seria? Quem? ”

(Em meio a leitura ele projeta uma risada, como se incorporasse o autor original)

Cont. “O que foi que eu fiz da minha vida. Bom assim me despeço a todos aqueles que se salvaram
antes sortudos malditos porque nos abandonastes? E a todos meus irmãos que pereceram, ei de me
juntar a vocês em breve. Parto assim em meio as águas densas que me engole, junto a minha
cidade queria Veneza.”

Silencio, após a leitura nada mais é dito pelo professor, minutos se passam, ele se levanta, roda pela sala por
um tempo, e solta em tom baixo e inconformado.

Era Veneza, esse tempo todo, Veneza, enfim achei que era Atlântida, mas era só Veneza, faz décadas
que Veneza afundou praticamente faz um século. Novamente não era nada, novamente serei o louco,
o idiota....

Espero que ninguém tenha visto isso.

Tela desliga.

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