Você está na página 1de 3

Página |1

MEDITAÇÃO
Salmo 19.14

Conforme o dicionário, meditação é a concentração intensa do espírito; reflexão,


exame interior, pensar etc. Meditar não é só permanecer em silêncio, ocupando o
tempo com total contemplatividade. É, também, estarem comunhão, em sintonia com
Deus, em adoração, em atitude de quem está carecendo de um abastecimento
espiritual.

A meditação cristã reveste-se de maior importância, quando a pessoa fica mais


descrente de si e mais crente em Deus. É quando o cristão reconhece a sua
pequenez, e compreende melhor a grandiosidade de Deus, demonstrando, assim, o
quanto é dependente do Senhor.

Por conseguinte, praticar a meditação cristã é muito relevante para o ser humano, pois
Deus o dotou dessa capacidade, que deve ser desenvolvida, para a Sua honra e
glória. 0 próprio Cristo recomendou: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e,
fechada a porta orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te
recompensará" (Mt 6.6).

É preciso resgatar essa prática que tem sido negligenciada por tantas pessoas.
Através deste Estudo, pretende-se demonstrar como é grande a importância da
meditação cristã, principalmente nos dias atuais.

1 - O QUE É MEDITAÇÃO CRISTÃ


Para se compreender o tema da "meditação" é necessário, inicialmente, fazer uma
diferenciação entre meditação cristã e outros tipos de meditação.

Fala-se e pratica-se muito a meditação transcendental, que é uma prática oriental


amplamente difundida, que alcançou todo o Ocidente.

Esse tipo de meditação pode ser observado na Ioga - que é uma prática comum no
Oriente - e que tem como objetivo capacitar a pessoa a fazer pleno uso do seu
potencial mental e, ao mesmo tempo, obter profundo repouso e relaxamento, numa
tentativa de oferecer aos praticantes a felicidade total.

Para os cristãos, a meditação reveste-se de significado diferente, muito mais especial


e consistente. Ela significa estar para um tempo para refletir nas Escrituras e para
orar. É, também, um período para o silêncio e a contemplação.

As Escrituras apresentam diversos exemplos de pesso-as que se dedicaram à


meditação: Isaque (Gn 24.63), os salmistas (27.4; 39.3; 63.6), Maria (Lc 2.19) e o
próprio Jesus (Mc 1.35).

A meditação cristã revela o prazer e o deleite do cristão na presença de Deus. Os


cristãos monásticos, que viviam nos mosteiros, apesar da sua vida espiritual rigorosa,
tinham vida de meditação e contemplação, pois eles procuravam va-lorizar
extremamente a separação do mundo para estar se purificando através do contato
pessoal e íntimo com Deus...

Hoje, embora não seja necessário refugiar-se em lugares desertos para uma completa
meditação, os cristãos precisam reservar tempo e valorizar mais os momentos a sós
com o Deus vivo e verdadeiro.

www.semeandovida.org
Página |2

A propósito, no livro "O Caminho do Coração" de Ricardo Barbosa de Souza


(Encontrão Editora), afirma-se que "Jesus é aquele disposto a ouvir primeiro o ensino
do Pai, para depois agir. Jesus coloca-se na posição de um bom ouvinte, revelando
Sua completa submissão ao Pai.

Este é um convite ao silêncio. Muitos, hoje, não têm tempo para ouvir a voz de Deus,
que fala no silêncio da alma. Só é possível estabelecer uma relação pessoal com
Deus e com o próximo, se houver silêncio para ouvir e conhecer. Portanto, a
espiritualidade do Filho é uma espiritualidade centrada no Pai" (Jo 5.19, 30; 8.26-28;
12.49, 50).

2 - O VALOR DA MEDITAÇÃO CRISTÃ


Após compreender a diferenciação entre a meditação cristã e outros tipos de
meditação, é preciso compreender qual e a importância de se praticar a meditação
cristã numa época de tanto ativismo, quando as pessoas não têm tempo suficiente
para um recolhimento espiritual. Quanto ao valor da meditação cristã, destaca-se o
seguinte:

2.1. Auto-conhecimento - Todo cristão tem a necessidade de conhecer melhor a si


mesmo. Olhar para dentro de si mesmo e descobrir as virtudes e os defeitos, é uma
atitude necessária que produz crescimento. Quando se descobrem as virtudes, é
preciso cultivá-las, com toda a humildade.

Por outro lado, quando os defeitos são detectados, é necessário corrigi-los


(S1139.23,24). É bom recordar as palavras sábias do apóstolo Paulo: "Examine-se,
pois, o homem a si mesmo" (I Co 11.28). A correria do dia a dia dificulta, ou até
mesmo impede, que o ser humano faça esse exame introspectivo.

2.2. Crescimento espiritual - Com toda certeza, o cristão que é disciplinado na sua
comunhão com Deus, não só através da meditação, mas também de outras práticas
cristãs, haverá de experimentar progresso na vida espiritual, pois ele sabe que o alvo
é chegar à "unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.13).

Isso faz lembrar as palavras de Paulo a Timóteo, quando disse: "Medita estas cousas
e nelas sê diligente, para que o* teu progresso a todos seja manifesto" (I Tm 4.15). O
resultado de uma vida cristã autêntica, fortalecida e amadurecida na presença do
Senhor depende, entre outras coisas, da meditação na Palavra de Deus, como diz o
salmista: "o seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite.

Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas que, no devido tempo, dá o seu
fruto e cuja folhagem não murcha" (SI 1.2,3).

2.3. Aprofundamento do conhecimento de Deus - Outro valor da meditação cristã é


que ela proporciona aos cristãos a intensificação do conhecimento de Deus. A Bíblia
diz que Jó era homem reto, íntegro e temente a Deus, que passou por indescritíveis
sofrimentos, mas no final pôde declarar: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os
meus olhos te vêem" (Jó 42.5).

Com certeza, Jó cultivou momentos de intensa meditação na presença de Deus, os


quais foram benéficos para a sua vida espiritual. Assim sendo, quanto mais se medita
na presença de Deus, mais é possível compreender a Sua misericórdia, o Seu amor, o
Seu perdão, a Sua graça, a Sua santidade e muito mais.

www.semeandovida.org
Página |3

3 - O EQUILÍBRIO ENTRE A MEDITAÇÃO CRISTÃ E OUTRAS


PRÁTICAS DEVOCIONAIS
É preciso lembrar que a meditação cristã não é um fim em si mesma, mas sim, um
caminho para se chegar a uma vida cristã mais saudável.

É importante salientar que sempre há um risco para se fazer da meditação cristã um


instrumento para o comodismo e a estática na vida espiritual. Os apóstolos Tiago,
Pedro e João, na experiência da transfiguração de Cristo, revelam o desejo de
continuar ali em contínua contemplação.

Mas, Jesus não permitiu, pois a vida cristã não é apenas contemplação (Mt 17.1-8).
Isso leva a entender que é importante equilibrar a meditação cristã com outras práticas
devocionais. Não se pode dissociar a devoção, do serviço.

O grande erro de alguns religiosos do passado e do presente, é que eles se


esqueceram e se esquecem de que a vida cristã não é apenas meditação, mas
também, estudo, solidariedade, compromisso com a realidade social, enfim,
envolvimento com o Reino de Deus e com a sociedade na qual se vive. Por falta desse
equilíbrio, alguns têm-se tornado fanáticos e alienados do mundo.

Redescobrir e praticar a meditação é algo da maior relevância para os cristãos do 3o


milênio. Porém, não se pode desprezar as práticas cristãs comunitárias. A idéia de
vida cristã isolada, não tem apoio nas Escrituras. Isso pode ser observado na vida dos
servos de Deus do primeiro século do Cristianismo; eles cultivavam uma vida
comunitária autêntica: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações" (At 2.42).

Portanto, quando se descobre o que realmente é a meditação cristã e qual o seu valor
para a espiritualidade, torna-se possível conseguir o equilíbrio desejado.

DISCUSSÃO
1. Os ocidentais são menos espirituais do que os orientais pelo fato de serem menos
dados à meditação?
2. O tempo que tem sido dedicado ao silêncio e à meditação nas liturgias, é suficiente?

AUTOR: REV. DIONEI FARIA

www.semeandovida.org

Você também pode gostar