Você está na página 1de 2

COMO MUITOS PORTUGUESES ESTÃO A PÔR EM RISCO

A SUA SAÚDE QUANDO COZINHAM

Muita gente lava o frango antes de o cozinhar por motivos de

higiene. Não deixa de ser irónico que essa “medida higiénica” seja uma

das principais causas de contaminação da cozinha – o frango é a maior

fonte da bactéria Campylobacter spp., o agente que provoca mais casos

de intoxicação alimentar na Europa, e lavá-lo só vai ajudar a espalhar os

micróbios. É por isso que uma das regras de ouro é precisamente não

passar o frango por água antes de o preparar.

“Quando perguntávamos às pessoas porque estavam a lavar o

frango, elas nem percebiam a pergunta”, recorda Paula Teixeira,

investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina, da

Universidade Católica Portuguesa, no Porto, e autora de dois estudos

sobre contaminação ambiental nas cozinhas domésticas.

Um dos estudos, publicado em janeiro na revista

científica International Journal of Food Microbiology, acompanhou 18

casos portugueses e redundou num manual de más maneiras: 13 (72%)

não lavaram as mãos antes de começarem a tratar da carne; 12 (67%)

lavaram o frango previamente, debaixo de uma torneira aberta (num

inquérito anterior a 609 portugueses, concluiu-se que este é um hábito

de mais de metade das pessoas); e houve até um caso de alguém que

arrumava a loiça lavada enquanto preparava a carne com as mãos.

De seguida, as mesmas mãos temperaram outras 30 amostras de alface, a

partir do mesmo saleiro. Resultado: em 30 amostras de sal, 21 ficaram

contaminadas (70%); em 30 amostras de alface, 11 testaram positivo à

bactéria (37%).
Nas conclusões de ambos os estudos, os investigadores sublinham a

importância de sensibilizar os consumidores para a adoção de hábitos

mais higiénicos, para evitar a contaminação dos alimentos.

Recapitulando: nunca passar o frango por água, lavar sempre as mãos

depois de mexer na carne e não encarar o sal como uma espécie de

desinfetante milagroso. Afinal, quantas gastroenterites não serão

causadas por este mito?

Você também pode gostar