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FACULDADE SANTO AGOSTINHO

CURSO DE DIREITO

AGENCIAS REGULADORAS

VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA

OUTUBRO 2021
RAQUEL OLIVEIRA DA SILVA

Trabalho solicitado pela docente

Ana Paula Sotero, da disciplina de Direito Administrativo l

Para fins de avaliação da N2.

VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA


OUTUBRO 2021
As agências reguladoras são um órgão governamental que tem a finalidade de regular
e/ou fiscalizar a atividade de um determinado setor da economia, sobretudo no Brasil.
Em outras palavras, as agências reguladoras possuem poder especial para legislar
sobre como determinado mercado deve operar. Dessa forma, são esses órgãos que
estabelecem, com especificidade, os parâmetros mínimos de funcionamento das
empresas de um setor.
Também chamadas de autarquias de controle, as agências reguladoras, são
submetidas a um regime autárquico especial. Como características que podemos
destacar: o poder normativo técnico, autonomia decisória, independência administra
e autonomia econômico-financeiras. Assim estas prerrogativas vão destacar as
agências reguladoras como a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações),
ANP (Agência Nacional do Petróleo) das demais autarquias, INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social), Banco Central, Instituto Chico Mendes, dentre outras.
O poder normativo técnico permite que as autarquias possam editar normas técnicas,
complementares, de caráter geral. O complementar grifado é para destacar que tais
normas tem que respeitar os parâmetros que a lei determinou, sobe pena de se
tornarem abusivas. O ex-ministro do STF Ayres Brito, no AI: 807986 RJ, já manifestou
acerca da constitucionalidade da produção de regras gerais de caráter técnico por
parte das agências reguladoras.
vistos, etc. Trata-se de agravo de instrumento contra decisão obstativa de recurso
extraordinário, este interposto com suporte na alínea “a” do inciso III do art. 102 da
Constituição Republicana, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro. Acórdão assim do (fls. 739/740): “ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL.
CERCEAMENTO DE DEFESA. ASSISTÊNCIA SIMPLES. ANP. ATIVIDADE
NORMATIVA. RESOLUÇÃO Nº 15/2005. LIMITAÇÃO À ATIVIDADE DAS
DISTRIBUIDORAS DE GÁS GLP. VEDAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE BOTIJÕES DE
OUTRAS MARCAS. LEGALIDADE.RAZOABILIDADE. 1 - Deve ser afastada a
alegação de cerceamento do direito de defesa, e privilegiada a opção probatória do
magistrado a quo, quando constatado que a perícia requerida não foi deferida por ter
sido considerada desnecessária ao deslinde da questão, pois a maior proximidade do
Juízo de Primeira Instância da situação fática discutida lhe confere condições de
melhor aferir a necessidade de produção de provas e de indeferir requerimentos
protelatórios, mormente diante da natureza puramente jurídica da parte controvertida
da lide. 2 - Cabe reconhecer como jurídico, e, portanto, legitimador da assistência
simples, o interesse manifestado por diversas companhias de intervir em feito no qual
é discutido o direito da Autora de comercializar Gás GLP em recipientes grafados com
a marca das intervenientes. 3 - A determinação oriunda da Agência Nacional de
Petróleo, que veda o envasilha mento, a guarda ou comercialização de botijões de
marcas alheias, não ofende ao princípio da legalidade, porquanto, nos termos do
inciso III,do § 2º do art. 174 da Constituição Federal, somente a atribuição de
competências e a fixação dos limites de atuação da ANP encontram-se subordinadas
à edição de lei em sentido formal, cabendo à referida Autarquia, no exercício de sua
discricionariedade técnica, estabelecer os métodos para o cumprimento das
disposições fixadas genericamente na lei, sobretudo diante da necessidade de maior
especificidade técnica que, notoriamente, não é compatível com o caráter geral e
abstrato ínsito à atividade do Legislador Ordinário. 4 - Somente nas hipóteses de
ilegalidade e de ausência de razoabilidade, o que não é o caso dos autos, poderia o
Poder Judiciário atuar com vistas à invalidar a norma editada pela Agência
Reguladora no exercício de seu poder regulamentar. Do contrário, a interferência do
Poder Judiciário em prol de algum dos integrantes da relação econômica poderia ter
como consequência, ao invés do restabelecimento do equilíbrio concorrencial, o
favorecimento desleal daquele a quem o provimento jurisdicional beneficiou. 5 -
Recurso de Apelação desprovido.” 2. Pois bem, a parte recorrente aponta ofensa ao
caput e incisos LV do art. 5º, ao caput do art. 37, ao caput, incisos IV e V e parágrafo
único do art. 170 e aos arts. 177 e 238, todos da Magna Carta de 1988. 3. Tenho que
a insurgência não merece acolhida. É que a discussão alusiva à necessidade, ou não,
de produção de prova pericial se restringe ao âmbito infraconstitucional, o que não
enseja a abertura da via recursal extraordinária. 4. De mais a mais, afronta às
garantias do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, se existente,
ocorreria de modo reflexo ou indireto. No mesmo sentido é a jurisprudência desta
nossa Casa de Justiça, que me parece juridicamente correta, de que são exemplos
os AIs 517.643-AgR, da relatoria do ministro Celso de Mello; e 273.604-AgR, da
relatoria do ministro Moreira Alves. 5. À derradeira, ressalto que o acórdão adotou
fundamento suficiente, que ficou precluso ante o desprovimento do recurso especial
para o Superior Tribunal de Justiça, o que atrai a incidência da Súmula 283/STF: “É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais
de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.” Ante o exposto, e
frente ao caput do art. 557 do CPC e ao § 1º do art. 21 do RI/STF, nego seguimento
ao recurso. Publique-se. Brasília, 12 de dezembro de 2011.Ministro AYRES BRITTO
Relator
(STF - AI: 807986 RJ , Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento:
12/12/2011, Data de Publicação: DJe-022 DIVULG 31/01/2012 PUBLIC
01/02/2012)

A autonomia decisória significa, que ao contrário das demais autarquias, onde via de
regra, suas decisões poderão ser revistas por órgãos externos, normalmente ligados
a administração direta, as agências reguladoras são autossuficientes e suas decisões
podem ser revistas somente por elas mesmas. Nas palavras de José dos Santos
Carvalho Filho, o poder revisional exaure-se no âmbito interno. Assim se um
determinado permissionário, não satisfeito com uma notificação aplicada pela ANP,
não poderá recorrer ao Ministério de Minas e Energia para contestar tal penalidade.
Obviamente sempre poderá socorrer-se ao judiciário, o qual, por força de direito
fundamental, sempre decidirá em última instância. A força decisória das agências
reguladoras será tão ampla, que decidirá conflitos surgidos no âmbito dos
concessionários, permissionários, sociedades empresariais, entre elas ou com
usuários dos serviços por elas desde que sob seu controle.

Independência Administrativa é a possibilidade de alguns dos dirigentes das agências


reguladoras possuírem mandato fixo, ou seja, são nomeados, pelo Presidente da
República e aprovados pelo Senado para um prazo determinado fixado na lei. A
"estabilidade" dos dirigentes em seus cargos permite uma continuidade administrativa
e uma maior independência em relação ao ministério supervisor. Por fim, a autonomia
econômico-financeira demonstra que essas autarquias, têm recursos próprios e
recebem dotações orçamentários, visando aos fins destinados em lei. Podendo
instituir taxas de regulação, que tem como fato gerador o poder de polícia, das quais
são contribuintes as pessoas jurídicas controladas pelas agências reguladoras. O
patrimônio das autarquias em regime especial ou agências reguladoras, como
pertencentes a pessoas jurídicas de direito público que são. Guardam os mesmos
meios de proteção atribuídos aos bens públicos em geral. Portanto são
impenhoráveis, imprescritíveis e também guardam todas as prerrogativas que limitam
a ação do administrador como a inalienabilidade por exemplo. Acima de tudo, todas
as agências reguladoras executam suas atividades, dentro do seu ramo de atuação,
para garantir que determinados setores atuem conforme regras que o próprio país
definiu como benéfico a si próprio.
Os servidores das autarquias (agências reguladoras) estarão submetidos ao regime
jurídico único, atualmente por força da suspensão da nova redação do art. 39 da CF
em decisão do STF ADI 2135-4 MC. Portanto tais autarquias deverão adotar o mesmo
regime estabelecido para os servidores da administração direta, se estatutário ou
CLT. Os atos destas autarquias, são tipicamente administrativos, portanto, revestem-
se de peculiaridades próprias do regime de direito público, ao qual se submetem. O
mesmo se aplica em relação aos contratos, fora aqueles de direito privado (compra,
venda, doação, permuta, etc.), os demais serão administrativos regendo-se pela Lei
8666/93 e devem ser obrigatoriamente precedidos de licitação como prescreve o art.
2º da Lei e o inciso XXVII do art. 22, da Constituição Federal de 1988. Via de regra,
assim como as demais autarquias, as agências reguladoras deverão observar as
normas gerais de licitação, principalmente quando se tratar de obras e serviços de
engenharia, locações imobiliárias e alienações, no entanto em relação a outros tipos
de contratações, deverão utilizar procedimentos próprios, nas modalidades consulta
e pregão, conforme seus regulamentos (enquanto o STF não considerar suas normas
inconstitucionais), que por sua vez também não poderão contrariar a Lei 8666/93. Ao
contrário das demais autarquias, as em regime especial somente poderão utilizar as
outras modalidades previstas (convite, tomada de preços e concorrência), na Lei
8666/93, motivadamente, em casos especiais.
Sendo assim, o país regulariza o mercado privado para que as instituições contidas
nele não ofereçam serviços precários. O conjunto de normas ou condutas das
agências reguladoras obriga o setor privado a atingir o bem-estar da comunidade, e
qualquer forma de abuso deve ser repreendida.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

Carvalho Filho, José. Manual de Direito Administrativo, Lumen Juris, 2009.

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