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Trabalho 3 Alexandre Arnold

Parte I - Teoria de Euler-Bernoulli


Nessa análise, considera-se o módulo de Young 𝐸 = 2x105 MPa. O coeficiente de Poisson é
fixado em 𝜈 = 0, caso contrário surgem problemas no modelo numérico.

Pela teoria de vigas de Euler Bernoulli, o campo de deslocamentos da viga é dado por

𝑑𝑣
𝑢 = −𝑦 , 𝑣 = 𝑣(𝑥), 𝑤 = 0,
𝑑𝑥

e as equações da linha elástica são

𝑑4 𝑣 𝑑3 𝑣 𝑑2 𝑣
𝐸𝐼 = 𝑝(𝑥), 𝐸𝐼 = −𝑄(𝑥), 𝐸𝐼 = −𝑀(𝑥).
𝑑𝑥 4 𝑑𝑥 3 𝑑𝑥 2
Para a viga em balanço, as condições de contorno podem ser escritas como

𝑑3 𝑣 𝑑2 𝑣 𝑑𝑣
= 0, = 0, = 0, 𝑣(0) = 0.
𝑑𝑥 3 𝑥=𝐿 𝑑𝑥 2 𝑥=𝐿 𝑑𝑥 𝑥=0

𝑑4 𝑣
Integrando 𝐸𝐼 𝑑𝑥 4 = 𝐸𝐼 𝑣′′′′ sucessivamente e aplicando as condições de contorno:

𝐸𝐼𝑣 ′′′ = 𝑝𝑥 + 𝐶1

𝑣 ′′′ (𝐿) = 0 = 𝑝𝐿 + 𝐶1 ⇒ 𝐶1 = −𝑝𝐿.


𝑝 2
𝐸𝐼𝑣 ′′ = 𝑥 − 𝑝𝐿𝑥 + 𝐶2
2

𝑝 2 𝑝𝑙 2
𝑣 ′′ (𝐿) = 0 = 𝐿 − 𝑃𝐿2 + 𝐶2 ⇒ 𝐶2 =
2 2
𝑝
de 𝑣′′ se obtém uma equação para o momento fletor: 𝑀(𝑥) = 2 (2𝐿𝑥 − 𝑥 2 − 𝐿2 ).
Prosseguindo com a integração, e aplicando as condições de contorno sobre 𝑣 e 𝑣′;

𝑝 3 𝑝𝑙 2 𝑝𝑙 2

𝐸𝐼𝑣 = 𝑥 − 𝑥 +
6 2 2

Finalmente,

𝑝 𝑥 4 𝑙𝑥 3 𝑙 2 𝑥 2
𝑣= ( − + )
𝐸𝐼 24 6 4

é a equação para a linha elástica da viga em balanço, segundo a teoria de Euler Bernoulli.

As tensões longitudinais 𝜎𝑥𝑥 são calculadas por

𝑑𝑢 𝑑 𝑑𝑣 𝑑2 𝑣 𝑝𝑦 𝑥 2 𝐿2
𝜎𝑥𝑥 = 𝐸𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 =𝐸 (−𝑦 ) = −𝐸𝑦 2 = − ( − 𝐿𝑥 + ) .
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝐼 2 2
𝑝𝑦𝐿2
Em x=0, 𝜎𝑥𝑥 = − 2𝐼
, e a tensão máxima é dada em y=b/2:

𝑝ℎ𝑙 2
𝜎𝑥𝑥 = −
.
4𝐼
Estas são as equações usadas para calcular os resultados apresentados na parte II.
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Parte II: análise numérica com elementos finitos através do Ansys


Estudo da convergência para cada caso
A viga analisada tem seção quadrada de lado igual a 100mm. Para analisar a
convergência das soluções numéricas, a tensão na fibra média da face superior das vigas foi
analisada, para diferentes malhas, através da opção ‘path operations’. Já que um gradiente
de tensões maior é esperado na região próxima ao engaste, as malhas usadas foram criadas
com variação gradual ao longo do comprimento: mais fina próxima ao engaste. Para fazer a
gradação da malha, foi usada a opção de malha mapeada (MHSKEY=1) e o comando
‘LESIZE’, que especifica a divisão gradual das linhas horizontais através de uma razão,
denominada no código pelo parâmetro ‘S_RATIO’.

Abaixo, as imagens ilustram um exemplo de como variam os tipos de malhas usadas nos
modelos sob a mudança dos parâmetros de controle da malha.

L =500 mm L =500 mm
𝐸𝑆𝐼𝑍𝐸 = 5, 𝑆𝑅𝐴𝑇𝐼𝑂 = 0.1 𝐸𝑆𝐼𝑍𝐸 = 10, 𝑆𝑅𝐴𝑇𝐼𝑂 = 0.25

As condições de contorno usadas foram a restrição de todos os nós da face x=0


com 𝑢𝑦 = 𝑣 = 0, e a fixação de somente um dos nós (no centro da face x=0) nas direções y
e z. O carregamento aplicado é a carga de 0.01MPa na face superior. A aplicação do
carregamento foi feita através de comandos para seleção dos nós, e do comando SF.

CASO 1) L=1000mm=1m

A figura abaixo contém o estudo de convergência para as tensões médias nos nós.

A investigação da convergência para a flecha não é investigada, pois a convergência


das tensões implica na convergência da flecha. Nos casos que seguem optou-se por plotar
as tensões nos elementos, sem calcular o valor médio nos nós entre elementos. Afinal, o
cálculo da média pode acabar escondendo a essência do resultado numérico.
3

CASO 2) L=500mm=0.5m
Na figura abaixo, o estudo da convergência para as tensões nos elementos. Para esse
caso a malha escolhida foi a malha com 𝐸𝐿𝑆𝐼𝑍𝐸 = 5𝑚𝑚 e 𝑆𝑅𝐴𝑇𝐼𝑂 = 0.1.

CASO 3) L=250mm=0.25m – Malha escolhida para o caso: ELSIZE=5, SRATIO=0.125.

CASO 4) L=125mm=0,125m
Para esse caso não é tão simples atingir a convergência da tensão 𝜎𝑥𝑥 . Seria
proveitoso um refinamento mais elaborado da malha. A figura abaixo mostra as tentativas
de alcançar a convergência pela mudança do tamanho global do elementos e variação do
parâmetro S_RATIO. A malha escolhida para o modelo desse caso foi o ESIZE=3, SRATIO=0.02.
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Comparação do resultado numérico à teoria de Euler-Bernoulli


CASO 1) L=1m
A comparação do resultado numérico com o resultado dado pela equação de
Euler-Bernoulli está ilustrada na figura 1. Nesse caso a teoria de Euler-Bernoulli dá
bons resultados para a deflexão e para a tensão da viga.

Figura 1: comparação entre o resultado analítico e o resultado obtido com elementos finitos.
Os valores máximos para a tensão e para flecha estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1: comparação dos valores máximos
σxx,ma x [MPa] δma x [mm]
Euler-Bernoulli 3 -0,075
El. Finitos 3,1018 -0,075597

CASO 2) L=0.5m
A comparação do resultado pelo M.E.F. com a predição da teoria de Euler-Bernoulli está
apresentada na figura 2. Nesse caso a deformação por corte que é negligenciada na teoria
de Bernoulli começa a se revelar importante, mas ainda poderia ser desprezada, conforme
a seriedade da análise. A tabela 2 contém os valores máximos.

Figura 2: comparação entre o resultado analítico e o resultado obtido com elementos finitos para a viga de
comprimento igual a cinco vezes o lado.

Tabela 2: comparação dos valores máximos


σxx,ma x [MPa] δma x [mm]
Euler-Bernoulli 0,75 -0,0046875
El. Finitos 0,8306 -0,004836
5

CASO 3) L=0.25m
Nesse caso o gráfico da figura 3 mostra que desprezar a deformação por corte que é
negligenciada na teoria de Bernoulli causaria um erro grande, independentemente da
aplicação.

Figura 3: comparação entre resultado numérico e analítico para a viga com comprimento igual a 2.5 vezes o lado

Tabela 3: comparação dos valores máximos


σxx,ma x [MPa] δma x [mm]
Euler-Bernoulli 0,1875 -0.000293
El. Finitos 0,2303 -0,0003297

CASO 4) L=0.125m
Nesse caso nem a teoria de Euler-Bernoulli, nem
qualquer outra teoria de flexão de vigas, seria adequada
para descrever o modelo geométrico. A figura 4 mostra
que o perfil da ‘linha neutra’ do modelo 3D assume um
aspecto quase reto, em que fica evidente a deformação
angular fortemente influenciada pela tensão de
cisalhamento. A imagem à direita mostra a malha usada.

Figura 4: Comparação entre os resultados numérico e analítico para o bloco com L=125mm e lado 100mm.

Tabela 4: Euler-Bernoulli El. Finitos


comparação dos σxx,ma x [MPa] δma x [mm] σxx,ma x [MPa] δma x [mm]
valores máximos 0,046875 -0,0000183 0,1003 -0,000027224
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Código usado para geração das soluções

! PARTE NUMERICA DO TRABALHO T3 - MEC EST 3


! __________________________
! DEFINICAO DOS PARAMETROS
L=1000 !PARA GERAR CADA CASO BASTA MUDAR L E OS PARAMETROS ABAIXO
B=100
q=0.01 ! N/mm2 - carregamento
EL_SIZE=3
LEL_SIZE=5*EL_SIZE
S_RATIO=.02
YOUNG=2E5
POISSON=0
! __________________________
!*
/NOPR
KEYW,PR_SET,1
KEYW,PR_STRUC,1
/GO
!*
/PREP7 ! PRE PROCESSADOR
!*
ET,1,SOLID185 ! DEFININDO O TIPO DE ELEMENTO
!*
KEYOPT,1,2,2
KEYOPT,1,3,0
KEYOPT,1,6,0
KEYOPT,1,8,0
!*
MPTEMP,,,,,,,,
MPTEMP,1,0
MPDATA,EX,1,,YOUNG
MPDATA,PRXY,1,,POISSON
!*
BLOCK,0,L,-B/2,B/2,-B/2,B/2, ! DEFININDO A GEOMETRIA
TYPE, 1
MAT, 1
ESYS, 0
!*
! DEFININDO A MALHA
LSEL,S,,,2
LSEL,A,,,7
LESIZE,ALL,LEL_SIZE,,,S_RATIO,,,,1

LSEL,S,,,4
LSEL,A,,,5
LESIZE,ALL,LEL_SIZE,,,1/S_RATIO,,,,1

ESIZE,EL_SIZE,0,
MSHAPE,0,3D
MSHKEY,1
!*
VMESH,ALL
!*
7

! APLICANDO AS CONDICOES DE CONTORNO


/SOLU
NSEL,S,LOC,X,0 ! Seleciona os nos com X=0
D,ALL,UY
D,ALL,UX

NSEL,S,LOC,X,0 !SELECIONANDO SOMENTE O NÓ DO MIOLO


NSEL,R,LOC,Y,0
NSEL,R,LOC,Z,0
D,ALL,UZ

NSEL,S,LOC,Y,B/2
SF,ALL,PRES,q
NSEL,NONE !Desseleciona os nos

allsel
solve
finish

/POST1
! DEFININDO A PATH DA LINHA NEUTRA
PATH,neutra,2,1,1000,
PPATH,1,0,0,0,0,0,
PPATH,2,0,L,0,0,0,
AVPRIN,0, ,
!*
PDEF,neutra,U,Y,NOAVG ! PEDINDO PARA NAO CALCULAR A MEDIA ATRAVES
! DAS FRONTEIRAS ENTRE ELEMENTOS
/PBC,PATH, ,0
!*
PRPATH,NEUTRA ! MOSTRA NA TELA A LISTA DA FLECHA
!
!______________________________________________
! DEFININDO A PATH DA FIBRA SUP
PATH,TOPSTR,2,30,1000,
PPATH,1,0,0,B/2,0,0,
PPATH,2,0,L,B/2,0,0,
AVPRIN,0, ,
!*
PDEF,TOPSTR,S,X,NOAVG
/PBC,PATH, ,0
!*
PRPATH,TOPSTR ! MOSTRA NA TELA AS TENSOES NA FACE DE CIMA

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