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Beatriz Mota – M24 unir através da artéria comunicante

anterior.
Acidente Vascular As artérias cerebrais posteriores (que
Cerebral surgiram através da artéria basilar, que
por sua vez foi originada pelas duas
Isquêmico vertebrais) irão se comunicar com a
artéria carótida interna, por meio da
artéria comunicante posterior.

 Vascularização cerebral:
Para entendermos a clínica do AVCI,  Sistema Carotídeo:
devemos ter conhecimento a respeito da
A carótida interna irá penetrar a
vascularização cerebral.
cavidade craniana pelo canal carotídeo
O encéfalo é vascularizado mediante do osso temporal, perfurando a dura
dois sistemas: máter e a aracnoide e então vão se
dividir em seus dois ramos já vistos:
1 – Carotídeo (artérias carótidas
artéria cerebral anterior e artéria
internas)
cerebral média.
2 – Vertebro-Basilar (artérias vertebrais)
O sistema carotídeo é chamado de
Na base do crânio essas artérias formam circulação anterior do cérebro.
o chamado Polígono de Willis, de onde
emergem as principais artérias para a  Sistema Vértebro-Basilar:
irrigação cerebral. As artérias vertebrais perfuram
As artérias vertebrais se adentram no crânio através do forame
anastomosam, dando origem a artéria magno, após isso percorrem a face
basilar. ventral do bulbo e ao nível do sulco
bulbo-pontino se fundem formando um
Da artéria basilar irão emergir duas tronco único: artéria basilar (além da
artérias cerebrais posteriores, que irão basilar, as vertebrais dão origem a
irrigar a parte posterior da face inferior outros ramos que não nos importa muito
de cada um dos hemisférios cerebrais. agora). Essa artéria, por sua vez, irá
formar as artérias cerebrais posterior

É de grande importância o estudo da vascularização cerebral para o entendimento da


clínica diante de um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), pois a depender
de qual artéria haja uma obstrução, irá comprometer partes e funções distintas!

As artérias carótidas internas, irão esquerda e direita.


emergir em cada lado, uma artéria
O sistema vértebro-basilar e seus ramos
cerebral anterior e uma artéria
são chamados de circulação posterior
cerebral média.
do cérebro.
As duas artérias cerebrais anteriores
(oriundas das duas carótidas), irão se
Acidente Vascular Cerebral
Isquêmico
Estudos comprovam que 80% dos
acidentes vasculares cerebrais são de
origem isquêmica.
O AVCI caracteriza-se por um déficit preservar ao máximo essa área de
neurológico focal súbito. penumbra, para evitar maiores
complicações. Enquanto essa área não é
Ocorre um déficit de perfusão em
afetada, o organismo cria mecanismos
alguma área do parênquima encefálico,
compensatórios, como uma intensa
devido principalmente à um processo
circulação colateral para tentar
obstrutivo localizado, causando um
compensar a perfusão e elevação da PA,
sofrimento ao parênquima, gerando uma
na tentativa de enviar mais sangue ao
área isquemiada e consequente morte
cérebro, bem como outros mecanismos
celular. Uma vez que a célula morre, ela
compensatórios e de defesa.
se edemacia e gera naquela área um
processo inflamatório, podendo  Clínica
comprimir estruturas importantes.
As manifestações neurológicas,
 Fatores de risco: correlacionam-se com o território
vascular acometido, determinando
 HAS sinais e sintomas distintos.
 Tabagismo
 Território carotídeo
 Fibrilação ventricular
(relacionado às artérias carótidas
 Insuficiência cardíaca interna, cerebral média e
 Aterosclerose cerebral anterior:
 Dissecção da carótida
(fragilidade da parede, - Déficit motor e sensitivo;
geralmente abre um quadro - Dificuldade na articulação das
clássico de dor cervical) palavras;
Obs: Fenômenos ateroscleróticos e - Déficit de linguagem;
cardioembolicos são as principais
causas de AVCI. - Alterações visuais.

 Área de penumbra: > Artéria oftálmica: alteração visual


monocular.
A morte celular é irreversível, porém ao
redor da área em que houve a morte > Artéria cerebral média: déficit motor e
celular, existe uma região que está sensitivo, afasia, negligência,
próximo de isquemiar e também sofrer predomínio braquiofacial.
morte celular, essa é a chamada “área > Artéria cerebral anterior: déficit
de penumbra”. Em virtude dessa área motor, déficit sensitivo, sinais de
de penumbra, os déficits neurológicos frontalização e predomínio crural.
observados nos primeiros minutos e
horas não refletem, necessariamente,
danos irreversíveis. Caso a perfusão não
 Território vertebrobasilar
se efetue a penumbra será incorporada
(relacionado às artérias
ao infarto.
vertebral, basilar, cerebelares e
Em pacientes que sofreram AVCI é de cerebrais posteriores):
extrema necessidade agir de forma
- Déficit motor e sensitivo;
rápida e eficaz. Não se deve adiar uma
intervenção, pois é necessário tentar - Dificuldade na articulação de palavras;
- Alterações na coordenação; hemorrágico. É indispensável descartar
essa hipótese, pois o tratamento base do
- Alteração de nervos cranianos
AVCI é a utilização de trombolíticos, e
localizados no tronco encefálico
isso é perigoso se administrado em um
(dipoplia, ptose palpebral, anisocoria,
paciente que se encontra com uma
paralisia facial periférica, nistagmo,
hemorragia intracraniana.
vertigem, disartria e disfagia).
O aspecto mais importante da história
> Artéria vertebral: náuseas, vômitos,
clínica é a hora do início dos
tonturas, acometimento de nervos
sintomas. Alguns pacientes e/ou
cranianos baixos, alterações cerebelares.
acompanhantes chegam ao PS
> Artéria cerebral posterior: alterações informando exatamente o horário e a
de campo visual, rebaixamento de nível forma de início dos sintomas, porém
de consciência, déficit sensitivo, outros não conseguem esclarecer isso.
alterações de funções nervosas Nesses pacientes, o tempo de início é
superiores. definido como o último momento que o
paciente estava acordado e
> Artéria basilar: déficit motor, déficit assintomático ou reconhecido como
sensitivo, rebaixamento do nível de “normal”.
consciência, alterações de nervos
cranianos, frequentemente bilateral. O exame neurológico deve ser sucinto
e direcionado. Entre várias escalas
Todo paciente que procurar auxílio desenvolvidas para quantificar a
medico com um quadro neurológico gravidade do déficit neurológico, a
focal agudo, pode ser AVC. Mesmo National Institutes of Health Stroke
confirmando que é uma síndrome Scale (NIHSS) é a mais utilizada. Essa
vascular, podemos pensar em duas escala ajuda a quantificar o grau de
situações: isquêmica e hemorrágica. Por déficit neurológico, oferece um
isso deve-se ter cuidado na abordagem, prognóstico precoce e identifica o
pois se você administrar trombolítico potencial de complicações.
em um pcte com AVC hemorrágico,
pode-se desencadear um quadro de Uma investigação laboratorial sucinta
hemorragia intracraniana. Deve deve ser solicitada inicialmente:
SEMPRE afastar a presença de um
 Glicemia
AVC hemorrágico.
 Hemograma
 Diagnóstico  Eletrólitos
O atendimento diante de um paciente  Ureia
com suspeita de um quadro de AVCI  Creatinina
deve ser realizado de forma dinâmica e  Marcadores cardíacos
direta, pois cada minuto é importante  Tempo de protrombina (TP) com
para preservar ao máximo a área de INR
penumbra e visando evitar um  Tempo de tromboplastina parcial
agravamento da área isquemiada. ativada (TTPa)

Diagnosticar corretamente um AVCI é OBS: A troponina é o marcador de eleição


por causa de sua maior sensibilidade e
importante, principalmente para fazer
especificidade.
diagnóstico diferencial com o AVC
Solicita-se um eletrocardiograma, Primeiramente: estabilização imediata
visando identificar uma fibrilação atrial, das vias respiratórias, da respiração e da
pois a mesma pode ser a causadora do circulação.
evento.
A hipertermia está associada com mau
A ecocardiografia é necessária apenas prognóstico neurológico no AVCI,
em casos raros, como na suspeita de devido ao aumento das demandas
endocardite infecciosa. Pode ser metabólicas, maior liberação de
utilizada posteriormente para descartar neurotransmissores e aumento da
cardioembolismo. produção de radicais livres. Deve ser
combatida com antipiréticos e as
O AVC isquemico não pode ser
causas infecciosas devem ser tratadas.
distinguido do hemorrágico com base
apenas nos sinais e sintomas. Em O controle da PA é mandatório. Se o
TODOS os pacientes com suspeita de paciente encontrar-se em um quadro de
AVC isquemico, solicita-se a hipertensao, antihipertensivos
tomografia computadorizada (TC) ou endovenosos devem ser administrados.
ressonância magnética (RM) do Até o momento não se identificou um
crânio. de escolha.
TC sem contraste é mais amplamente Objetivo: manter a PA em níveis
disponível, menos suscetivel à abaixo de 185/110 mmHg.
artefatos, mais rápida e menos cara,
O paciente deve-se manter
além de ser suficiente para indicar
euvolêmico, pois a hipovolemia pode
fibrinólise.
predispor a hipoperfusão e agravar a
A TC e RM tem sensibilidade elevada lesão isquêmica, já a hipervolemia pode
para AVC hemorrágico, mas a RM tem exacerbar o edema cerebral. Dessa
uma sensibilidade muito maior para forma, se necessário faz-se o uso de
alterações isquêmicas agudas. soluções isotônicas, como solução
salina a 0,9%.
Atenção!!! > Um sinal tomográfico de
isquemia cerebral durante as primeiras Manter glicemia controlada entre 140 e
horas após o início dos sintomas é a 180 mg/dL em todos os pacientes
perda da diferenciação entre as hospitalizados.
substâncias branca e cinzenta. Além do
 Ativador tecidual
aumento da densidade dentro da artéria
recombinante do
obstruída, como o sinal da artéria
plasminogênio (rtPA):
cerebral média hiperdensa.
É uma protease que atua pela
 Tratamento
intensificação da conversão do
plasminogênio em plasmina. A
 Atendimento inicial:
plasmina atua nos coágulos de fibrina
Deve avaliar função respiratória e causando uma dissolução, aumentando
cardiovascular. Exames laboratoriais a fibrinólise especificamente nos sítios
para analise bioquímica, hematológica e de trombose.
da coagulação devem ser prontamente
A admistração intravenosa do rtPA deve
obtidos.
ser feita na dose de 0,9 mg/kg. O tempo
de administração do rtPA desde o
momento que o paciente chegou ao
hospital, é de 60 minutos. Sendo 10%
da dose aplicada em bolus durante 1
minuto.
Não deve ser administrado
anticoagulantes nas primeiras 24 horas
após o procedimento.
A principal complicação do uso é a
hemorragia. Além da idade e pontuação
NIHSS, outros fatores de risco
independentes para hemorragia
intracraniana sintomática incluem níveis
elevados de glicemia e persistência da
oclusão arterial proximal por mais de
duas horas após a administração em
bolus de rtPA.
O medicamento também pode ser
injetado diretamente no interior do
coágulo, para a destruição do trombo,
por cateterismo cerebral. O
procedimento, realizado em uma sala de
hemodinâmica, deve ser feito em até 6
horas do início dos sintomas. Um
cateter é introduzido na artéria femural
(localizada na virilha), seguindo o fluxo
das artérias até chegar à obstrução para
aplicar o medicamento.

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