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dietilenoglicol, que seriam utilizados em sistemas de refrigeração, durante a produção das cervejas
Backer, mas que por alguma razão foram encontradas dentro de algumas garrafas, destinadas ao
consumo, medidas, no âmbito civil e administrativo já foram tomadas.
"Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada
a consumo:
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a
água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo:
O agente, caso seja comprovado, pode responder pela forma culposa, de acordo com o § 2º, do
artigo 270, quando o mesmo agir com imprudência, imperícia ou negligência.
Caso seja confirmada alguma suposta sabotagem de ex-funcionário, ou seja, com dolo (seja
direto ou eventual), o mesmo poderá responder pelo artigo 272, §1º do Código Penal (Falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alímentícios):
"Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo,
tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado,
corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou
sem teor alcoólico.
§ 2º - Se o crime é culposo:
Caso seja comprovado nas investigações da Polícia Cívil que, de fato, o agente que fez a
sabotagem (crime doloso direto) ou assumiu algum risco do, possível, resultado (crime doloso
eventual), responde de forma qualificada dos artigos 270 ou 272, CP de acordo com o artigo 258
do Código Penal, caso resulte em lesão corporal de natureza grave (artigo 129, § 1º, CP) ou morte (artigo
129, § 3º, CP). De acordo com últimas notícias, já são 11 vítimas, confirmadas, contaminadas, sendo
sete as que evoluíram para óbito. Portanto, a forma qualificada, se enquadraria perfeitamente:
"Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de
liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta
lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
aumentada de um terço."
Verificando que existe erro por negligência, imprudência ou imperícia, a Cervejaria
Backer poderá ser responsabilizada pelo crime previsto no artigo 272, apenas na modalidade
culposa. Segundo Rogério Sanches Cunha, pode o crime ocorrer também de forma omissiva, na
hipótese em que o agente não se atenta as cautelas necessárias a impedir que o produto seja
corrompido, por exemplo. Neste caso o agente atuaria com negligência, respondendo pelo
artigo 272, parágrafo 2º (modalidade culposa).
A responsabilidade penal é um pouco mais difícil de ser provada, pois deve haver prova
de que alguém, por dolo ou culpa, inseriu substância tóxica na cerveja e que essa conduta tem
relação de causalidade com os problemas de saúde. O problema é saber a quem responsabilizar.
O inquérito, até o presente momento, constatou que o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol, eram
utilizados em sistemas de refrigeração, e, por meio das provas periciais e testemunhais, devem provar
por qual razão foram encontradas, dentro de algumas garrafas, tais substâncias.
Com base no artigo 173, § 5, da Constituição Federal, tem-se a responsabilidade penal objetiva
da empresa, por meio dos seus sócios gerentes nos atos praticados contra a ordem econômica e
financeira e contra a economia popular, ou seja, podem ser responsabilizados por fatos ilícitos de outrem
na empresa, pelo simples fato do objetivo essencial da atividade, que é a obtenção de lucro. Uma tese,
que é defendida em muitas lides forenses.
Entretanto, esta tese que é embasada em muitas peças acusatórias é, de fato, um retrocesso
jurídico que se confronta com garantias da própria Constituição Federal e, diretamente, com o artigo 41
do Código de Processo Penal que assim estipula:
"Art. 41- A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas".
Afirmar que o sócio gerente de uma empresa pode se responsabilizar por ilícitos
cometidos por algum funcionário, não condiz com o entendimento doutrinário e majoritária
jurisprudência dominante em nossos Tribunais Superiores. Portanto, a denúncia ou queixa deve
ser individualizada, apenas, pelo agente que cometeu o crime.