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DEPARTAMENTO DE LETRAS
LITERATURA E CULTURA
LUIZA KHOURY
Rio de Janeiro
Novembro de 2020
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido popularmente apenas por Lima
Barreto, foi um escritor brasileiro que publicou diversos romances, sátiras, contos e
crônicas, além de uma diversificada bibliografia em periódicos. Literariamente
caracterizado como pré-modernista, sua vida e sua obra são referências marcantes da
trajetória de um homem negro em um país racista. Descendente de escravos, teve
diversas experiências com a exclusão social e do meio acadêmico – independentemente
de seu trabalho como jornalista e literário. A importância do autor vai além da
genialidade de sua obra, visto que foi percursor no combate ao preconceito racial e
discriminação social. Embora conhecido como “o patrono dos boêmios”, foi obrigado a
abandonar a formação em Engenharia para cuidar de seu pai – vitimado por uma grave
doença mental.
1905
***
16 de janeiro.
O avô de Tibau, no entanto, não havia mais sido mencionado desde a fuga de sua
mãe com os valdevinos. Em outra situação proposta pelo destino, o personagem se
descobre herdeiro da fortuna de dois mil contos de seu avô, que havia reconhecido
Tibau como neto. A condição de herdeiro – ao contrário do que se pode tentar afirmar
de posições, empregos ou títulos – independe de mérito. É impossível exercer qualquer
tipo de influência sob a família na qual se nasce ou na condição financeira de seus
ascendentes. Entretanto, foi graças ao recebimento da herança que o protagonista pôde
exercer o papel de professor e fundar uma sociedade dedicada aos estudos acadêmicos.
Assim como Lima Barreto, Tibau mostrou que não se trata de meritocracia. O contexto
social e cultural em que uma pessoa nasce, ainda que não determine seu futuro, exerce
enorme influência sob as circunstâncias em que aquela pessoa viverá.