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Hemonorte aposta em campanhas universitárias para aumentar

doações de sangue

Iniciativas junto a instituições de ensino são parte dos esforços para manter estoque
equilibrado para atender demandas transfusionais

Por Henrique Mendes e Tiago Silva

Natal, 20 de setembro de 2017

A campanha Universitário Bom de Sangue, uma parceria do Hemonorte com o


Diretório do Centro Acadêmico da Universidade Potiguar, ocorreu entre os dias 17 e 31
de agosto em todos os câmpus da instituição. Já o projeto Sangue Universitário, ocorre
na Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte nos
dias 21 e 22 de setembro. Em ambas ações, o Hemonorte objetiva conscientizar a
população da importância de fazer doações e manter os estoques do banco de sangue do
estado em níveis equilibrados.

Os pré-requisitos básicos para doar, segundo o Ministério da Saúde, são: ter entre 16 e
69 anos, 11 meses e 29 dias de idade, sendo que a primeira doação deve ter sido feita
antes dos 60 anos; ter peso igual ou superior a 50 Kg; estar alimentado, mas evitar
alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação. Caso seja após o almoço,
aguardar duas horas; ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas. Se o
doador tiver entre 16 e 18 anos incompletos, a doação só poderá ser realizada mediante
consentimento dos pais ou responsáveis legais. É possível ainda que o hemocentro
solicite a presença dos pais para a doação.

Everton Webber, estudante de Engenharia Civil e presidente do DCE/UNP, informa que


as doações foram incentivadas por meio de campanha solidária entre os alunos, na qual
a turma que mais arrecadasse doadores ganharia prêmios que envolvem desde ingressos
para sessões de cinema até entradas em festas e eventos da cidade. Na página criada
pelo DCE no Facebook para a campanha, os organizadores dizem que a Spotted Fest,
um popular evento universitário semestral, se comprometeu a distribuir alguns prêmios
de entrada vitalícia para ser sorteado pela sala vencedora. Everton informou que ainda
está sendo feito o levantamento do volume de doações arrecadados com a campanha.
Brasil precisa de mais doadores regulares

Os índices de sangue abaixo do esperado nos hemocentros brasileiros é um problema. E


a indisponibilidade do brasileiro em doar sangue sempre foi e continua sendo objeto de
preocupação. O relatório Blood supply for transfusions in Latin American and
Caribbean Countries, da Organização Pan-Americana para a Saúde (OPAS), divulgado
em junho deste ano, fez um levantamento em que o Brasil, apesar de obter o maior
volume de doações da América Latina em termos quantitativos, aparecia como um
doador menor que Cuba e Colômbia em termos percentuais, sendo que apenas 1,8% da
nossa população entre 18 e 69 anos era doadora regular de sangue. A ONU considera
ideal uma taxa de doadores entre 3% e 5% da população.

Esse relatório também aponta que apenas 6 em cada 10 doadores brasileiros o fazem de
livre e espontânea vontade, sem se preocupar a quem se destina o sangue. O restante é
composto por doadores de reposição, aqueles que doam quando algum parente ou amigo
necessita. Especialistas entrevistados por reportagem da BBC de Londres sobre o tema
apontam que é preferível a doação voluntária, porque ela aumenta a qualidade do
produto oferecido pelos hemocentros, uma vez que é possível monitorar melhor o
sangue.

Em torno da doação de sangue no Brasil ocorrem, inclusive, polêmicas relacionadas a


regulamentações que podem carecer de revisão, como o impedimento a homens gays
“com vida sexual ativa” de doar. A norma já foi abolida em países da Europa e é
considerada discriminatória por representantes do movimento LGBT.

Uma mudança no que concerne à consciência do brasileiro quanto à importância de doar


se faz necessária nesse sentido e especialistas salientam a necessidade de a
conscientização acorrer no âmbito educacional. E esse é um dos caminhos que o
Hemocentro Dalton Cunha, banco de sangue do governo do RN, procura manter a
estabilidade dos seus suprimentos. O Hemonorte possui até mesmo uma unidade móvel
para colher doações em vários pontos, já que o centro conta com apenas duas unidades
em Natal e uma em Mossoró. Everton Webber relata que nessa campanha feita junto ao
DCE da UNP não foram usadas instalações da unidade móvel por questões de maior
praticidade. “É uma agenda logística muito complicada para disponibilidade da unidade
móvel, tem que ter espaço adequado e estacionamento privado, mas já houve uma ação
assim, no campus Roberto Freire”.
Uma doação de sangue pode ajudar diretamente até quatro pessoas, sendo fundamental
para transfusões em cirurgias de pessoas acidentadas gravemente e no tratamento de
queimaduras violentas, bem como no tratamento de pessoas portadoras de leucemia,
hemofilia e anemias. Para doar em Natal basta se atentar aos pré-requisitos de doação e
se dirigir a uma das unidades do Hemonorte munido de documento oficial com foto: no
posto Zona Sul, localizado na Avenida Almirante Alexandrino de Alencar, 1800, no
Tirol; e no posto Zona Norte, localizado na Avenida Itapetinga, 1430, no Potengi.

A comunidade acadêmica e a população dos bairros no entorno da UFRN poderão


realizar a boa-ação nesta quinta e sexta-feira durante o Projeto Sangue Universitário, na
ECT, nos Auditórios D e E.

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