Você está na página 1de 4

Resenha do capítulo 3: Registro de Empresa

Antes da iniciação do seu negócio, o empresário deve se inscrever no Registro


das Empresas.

De acordo com a LRE, esse sistema integrado é estruturado por dois órgãos de
níveis distintos: o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), de âmbito
federal; e a Junta Comercial, de âmbito estadual.

O órgão máximo do sistema é o DREI. Destacando entre suas atribuições:


supervisionar e coordenar a execução de registro da empresa, expedindo normas e
instruções às Juntas Comerciais de todo País; orientar e fiscalizar as Juntas Comerciais;
promover ou providenciar medidas correicionais do Registro de empresa. A intervenção
nos serviços da Junta Comercial só poderá ocorrer se resultar frutífera a representação
endereçada à autoridade estadual hierarquicamente superior a Junta; organizar e
manter atualizado o Cadastro Nacional das Empresas Mercantis, COELHO (2018).

A função do DREI é fixar as diretrizes gerais para a prática dos atos registrários,
pelas Juntas Comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções.

Além de outras atribuições, a execução do registro de empresa cabe às Juntas


Comerciais. Entre suas competências, citadas por COELHO (2018), estão:

 Assentamento e uso das práticas mercantis. As certidões expedidas pelas


juntas servem como início de prova;
 Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais,
exercendo o poder disciplinar;
 Expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais
pessoas registradas legalmente.

A Junta Comercial deve reportar-se ao DREI ou ao governo estadual pertencente


de matéria administrativa ou técnica de registro de empresa, ou seja, a subordinação
hierárquica é híbrida. A subordinação da Junta refere-se ao DREI, quando se trata de
questões de direito comercial; e ao Poder Executivo estadual pertencente, quando se
trata de direitos administrativos e financeiros.

Dentro de suas funções registrárias, a Junta Comercial está ligada aos aspectos
formais de documentos a ela encaminhados. Podendo recorrer ao Poder Judiciário
(Justiça Estadual), o prejudicado por ilegalidade da Junta.

É de competência da Justiça Federal o mandado de segurança contra ato


pertinente ao registro de empresas.
Os atos do registro de empresa foram reduzidos em três, pela a lei de 1994.
Sendo eles:

 A matrícula que se refere ao ato de inscrição dos tradutores públicos,


intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de
armazéns gerais. Sendo os dois primeiros habilitados e nomeados pela
Junta;
 O arquivamento que se refere ao registro do empresário. A inscrição na
Junta é arquivada, sendo pessoa física. Já na jurídica, arquivam-se a
constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades
empresariais. Também são arquivados atos dos consórcios de empresas,
grupos de sociedades, das cooperativas, declarações de microempresas
e empresas de pequeno porte, e os demais documentos ou atos de
interesses empresariais. Considerando-se a averbação como uma espécie
de arquivamento;
 A autenticação está relacionada aos livros comerciais, que se trata da
condição de regularidade do documento.

O registro de empresa pode ser executado pelo regime de decisão colegiada


ou singular. Sendo o primeiro, o arquivamento de atos referentes à sociedade anônima,
da transformação societária, incorporação, fusão e cisão de sociedade.

O Plenário e as Turmas são dois órgãos colegiados que compõe as Juntas


Comerciais. A decisão colegiada tem o prazo de cinco dias, pelo qual, poderá ser
arquivada, mediante ao requerimento de interessados.

Compreende-se a matrícula, autenticação e os demais arquivamentos, o regime


de decisão singular. Sendo determinada pelo Presidente da Junta, ou por seu vogal, a
prática do ato registral. O prazo para essa decisão é de dois dias.

É por meio do regime de decisão colegiada que é julgado, pelo o Plenário, o


recurso dos atos praticados pela Junta, independente do regime em que foi praticado.

Devem comunicar-se a Junta o empresário individual e a sociedade empresária


que não procederem a qualquer arquivamento no período de dez anos, para não serem
considerados inativos e não terem seus registros cancelados. No caso de cancelamento,
o empresário poderá reativar o registro, seguindo os mesmos procedimentos
relacionados à constituição de uma nova empresa pelo nome ainda não registrado.

A dissolução não ocorre no caso de sociedade empresária, mas sim, a


irregularidade na hipótese do seu funcionamento continuar.
O empresário sem registro, ou seja, o empresário “irregular’ não possui
benefícios liberados pelo direito comercial. Aplicando-se a ele as restrições posteriores:

 Não possui legitimidade ativa para o pedido de falência do seu devedor.


Além disso, ele pode requerer a autofalência e ter a sua própria falência
requerida e decretada;
 Também não há legitimidade para requerer a recuperação judicial;
 Devido à ausência de inscrição, não pode autenticar seus livros no
Registro de Empresa; no caso de falência, está será fraudulenta,
incorrendo o empresário no crime falimentar previsto no art. 178 da LF,
COELHO (2018).

Os efeitos secundários do exercício da empresa sem o registro necessário na


Junta Comercial, além das consequências citadas anteriormente sobre os empresários
sem registros, serão apresentados a seguir:

 Não podendo participar de licitações em modalidades de concorrência


pública;
 Não podendo se inscrever em cadastros fiscais, como o CNPJ entre
outros;
 A falta de matrícula no INSS, proíbe também a contratação com o Poder
Público em relação a sociedade empresária.

Em 2017 no mês de março, o DREI do Ministério da Indústria e Comércio editou


cinco Instruções Normativas, que representam uma revisão do Registro de Empresas.

A Instrução Normativa n. 34: refere-se aos atos arquivados de sociedades, sendo


sócios ou administradores, residentes ou não do país. Em relação às mudanças
envolvendo a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos
Estrangeiros, estabelecida em Haita (1961), foi dispensado a legalização consular de
documentos públicos emitidos na Convenção.

A Instrução Normativa n. 35, disciplina:

 As operações societárias, que consistem a transformação societária,


incorporação, fusão e cisão;
 A transformação de registro, que visa a manutenção da empresa em
situações em que o empregado individual tornar-se EIRELI, da sociedade
empresária tornar-se empresário individual ou em EIRELI, ou os três vice-
versa. A decisão será colegiada se for do tipo anônima nas duas últimas
situações especificadas. Devido a decisão de 2017, definiu-se que a
transformação de registro está sujeita ao regime de decisão singular.
 A conversão de sociedade simples em empresária, que se obtém pelo
revestimento de características empresariais da atividade econômica
explorada.

A Instrução Normativa n. 36: refere-se que ao gerar um determinado nível de


receita bruta anual o microempresário ou empresário de pequeno porte passam a
desfrutar de benefícios constitucionais. Nesse caso, eles são enquadrados no regime ao
prestarem declaração à Junta. Mas se ultrapassarem o limite legal de receita, pós
enquadramento, deverão se desenquadrar; e no próximo ano, quando voltarem ao
limite, deverão se enquadrar novamente.

A Instrução Normativa n. 37: dispõe sobre as formalidades relativas aos grupos


de sociedades e consórcios, COELHO (2018). A dispensa de registro dos atos de
constituição, alteração e extinção de consórcios públicos foi uma das medidas empregue
na Junta Comercial, sendo definidos entre os entes do governo.

A Instrução Normativa n. 38: refere-se sobre a aprovação dos novos manuais de


registro de empresário individual, sociedade limitada, EIRELI, cooperativa e sociedade
anônima que possibilitaram a eliminação de impropriedades técnicas, trazendo mais
clareza às normas de arquivamento dos atos de interesses empresariais.

Fonte: COELHO, Fábio Ulhoa. Novo manual de direito comercial: direito de empresa. 30° Ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2018

Você também pode gostar