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EVOLUÇÃO E MANEJO

Pesquisa DA RESISTÊNCIA DE INSETOS

“O conhecimento nos permite contornar muitos problemas, mas muitas

vezes, apenas nos possibilita adiar o inevitável, transferindo para algum ponto futuro

os acontecimentos que buscamos com todo empenho evitar – Vilmar Machado”

ste artigo apresenta alguns aspec- ciam a evolução da diversidade bioló-


tos relacionados à evolução e ao gica possibilitando a adaptação aos di-
manejo da resistência do ponto ferentes ambientes e também respostas
de vista da biologia evolutiva. específicas a pressões seletivas mais di-
Aqui são abordados os mecanis- retas, como a predadores, parasitas ou
mos biológicos envolvidos no a agentes de controle desenvolvidos
processo de adaptação dos insetos-pra- pela espécie humana, como antibióti-
ga aos agentes de controle e, também, cos ou inseticidas químicos.
como o conhecimento destes se reflete Nossa relação com insetos-praga,
nas estratégias utilizadas para reduzir a bactérias e vírus, mesmo que pareça es-
velocidade de evolução da resistência tranha para alguns, pode ser analisada
às plantas transgênicas. como um processo de co-evolução.
Nossas respostas, nesse processo, são
1.1 Introdução frutos da aplicação do conhecimento ci-
entífico enquanto o que observamos,
A resistência aos inseticidas é um através da evolução da resistência, não
fenômeno mundial e as estimativas atu- é. Indiferentes aos nossos esforços, po-
ais indicam que mais de 500 espécies pulações de insetos se reproduzem pas-
de artrópodes desenvolveram resistên- sando de uma geração para outra as
cia a um ou mais pesticidas (Georghiou informações genéticas. Esse processo de
& Lagunes-Tejeda, 1991). A resistência reprodução não é aleatório: em cada
também foi observada para uma varie- geração alguns indivíduos deixarão mais
dade de produtos naturais e regulado- descendentes que outros; o sucesso na
res do crescimento de insetos. Dentre passagem dos genes para as próximas
o que aprendemos com a utilização de gerações está associado à presença de
inseticidas químicos foi que a capaci- características genéticas que contribu-
dade de resposta adaptativa dos inse- em para a reprodução e a sobrevivên-
tos é quase inevitável e ocorre relativa- cia às condições ambientais vigentes.
mente rápido. Para muitos esse fenô- A descrição acima pode ser simples,
meno parece ser surpreendente, mas mas nos possibilita ter uma idéia geral
não devemos esquecer que uma das ca- do processo de evolução da resistência
racterísticas mais relevantes dos orga- aos antibióticos e inseticidas químicos.
Vilmar Machado nismos vivos é sua capacidade de evo- Para uma compreensão mais apurada
Biólogo (UNISINOS) e Mestre e Doutor em luir continuamente. do processo podemos fazer, no míni-
Genética e Biologia Molecular (UFRGS)
O processo de evolução ocorre de mo, duas perguntas relevantes. Quais
Lidia Mariana Fiúza forma “automática” - sem a influência as características importantes do mate-
Engenheira Agrônoma (UPF), Mestre em de forças externas ou de um agente di- rial genético passado de uma geração
Fitotecnia – Fitossanidade (UFRGS), recionador para compreender como as para outra no processo de evolução?
Doutora em Ciências Agronômicas mudanças evolutivas acontecem, pre- Porque a sobrevivência e a reprodução
(ENSAM-Montpellier) e Pós-Doutora em cisamos analisar aspectos básicos da bi- não são aleatórias?
biotecnologia Vegetal (CIRAD-Montpellier). ologia dos seres vivos os quais influen- As respostas para estas perguntas

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nos permitirão compreender, em linhas variantes resistentes aos agentes de con- existência de linhagens diferentes ao
gerais, a evolução da resistência aos in- trole nas espécies consideradas pragas longo da sua área de distribuição. Para
seticidas e antibióticos, e também ana- ou vetores de doenças (Ofuya & Cre- esse inseto estão sendo realizados es-
lisar as possibilidades de evolução da dland, 1995; Winder et al. 1997; Guirao tudos visando selecionar marcadores
resistência às plantas geneticamente mo- et al. 1997; Nicol et al. 1998; Szalanski moleculares específicos para identificar
dificadas com genes de B. thuringien- et al. 1999; 2000; Oliveira et al. 2001; as diferentes linhagens e, desta forma,
sis, denominadas plantas-Bt. Além dis- Birungi & Munstermann, 2002). A im- melhorar as condições de controle uti-
so, ajudarão a compreender os proce- portância e as implicações de existên- lizando agentes específicos para cada
dimentos utilizados nas estratégias de cia de variação genética nas populações uma (Aikhionbare & Mayo, 2000; Lo-
manejo da evolução da resistência. naturais de pragas e vetores foram sali- pes da Silva et al., 2004). Em Spodopte-
entadas por Diehl & Bush (1984) em ra frugiperda (Lepidoptera: Noctuide),
1.2 Diversidade genética nas seu trabalho sobre “biotypes”. Segun- uma praga de várias culturas importan-
populações e evolução da resistência do os autores, o não reconhecimento tes, lagartas coletadas em hospedeiros
desse fator pode frustrar ou dificultar diferentes apresentaram diferenças sig-
A evolução de respostas adaptati- programas de manejo e controle bioló- nificativas na susceptibilidade a deter-
vas ocorre pelo efeito de seleção natu- gico de pragas. Para Newman et al. minados inseticidas e a endotoxinas de
ral sobre a variação genética existente (1998), a diversidade genética nas po- B. thruringiensis (Adamczyk, et al.,
nas populações. A aplicação repetida pulações é um dos elementos que con- 1997).
de inseticidas do mesmo grupo quími- tribuem para reduzir a eficiência de pro- Exemplos mais interessantes da di-
co e modelo de ação favoreceram vari- gramas de controle químico e/ou bio- versidade genética em insetos-praga
antes genéticas específicas nas popula- lógico. Essa também é uma preocupa- ocorre em Bemisia tabaci, considerada
ções alvos levando à substituição dos ção considerada por programas envol- por muitos a principal praga agrícola
indivíduos susceptíveis pelos indivídu- vidos no desenvolvimento de varieda- do mundo, tendo sido registrada sua
os resistentes. O gene para resistência des de plantas resistentes a insetos-pra- ocorrência em mais de 600 espécies de
que aumenta em freqüência numa po- ga (Sardesai, 2000; Heinrichs, 2001). plantas e, até o momento, são conheci-
pulação pode se espalhar para outras A importância da variabilidade ge- dos mais de 20 biotipos (Oliveira et al.,
populações através do fluxo gênico. nética para programas de manejo e con- 2001; Omondi el al., 2005; Carabali et
As diferenças genéticas entre os in- trole de pragas tem sido discutida por al., 2005). No Brasil, esse inseto é co-
divíduos de uma população são consi- décadas, mas seu estudo tornou-se pos- nhecido como mosca-branca e os pre-
deradas a matéria prima da evolução, sível apenas com o desenvolvimento de juízos caudados decorrem da atividade
existindo uma relação entre valor adap- marcadores baseados na análise de de sucção de seiva, injeção de toxinas
tativo médio de uma população e os DNA. A aplicação desses marcadores e pela transmissão de vírus de plantas.
níveis de variabilidade que ela apresen- tornou-se uma ferramenta importante A variabilidade genética intra-específi-
ta. Segundo o teorema fundamental de para o estudo da dinâmica e dos fato- ca e a diversidade de hospedeiros es-
Fisher (1930), a taxa de mudança evo- res que influenciam populações natu- tão entre os grandes desafios para o
lutiva é proporcional à diversidade ge- rais (Edwards, 1993; Smith & Wayne, controle desse inseto (Perring, 2001).
nética existente nas populações. 1996; Schierwater & Desale, 1998). Es- Os parágrafos acima reforçam a idéia
A diversidade genética é a base para tudos detalhados sobre a importância de que é preciso levar em conta a di-
respostas às mudanças ambientais. A da variabilidade genética em insetos- versidade genética existentes nas po-
importância do estudo da variabilidade praga ou vetores são recentes e entre pulações dos insetos-alvo em progra-
pode ser compreendida pela quantida- eles destacam-se: Winder et al. (1997); mas de manejo e controle. Vários estu-
de de trabalhos sobre o tema, em espe- Guirao et al. (1997); Nicol et al. (1998); dos demonstram que essa variabilidade
cial procurando identificar os fatores Szalanski et al. (1999); Downie (2000); também está presente nos mecanismos
envolvidos na sua manutenção. Nos tra- Geurgas et al. (2000; 2002); Appleby & biológicos que possibilitam a ação das
balhos com populações naturais, a pre- Credland (2003). toxinas de B. thuringiensis.
ocupação com a existência da diversi- Estudos recentes têm registrado va- A resistência às toxinas de B. thu-
dade genética aparece de formas varia- riação intra-específica na susceptibilida- ringiensis pode envolver: a não ativa-
das. Para programas de conservação e de a agentes de controle químico e/ou ção da toxina, a imobilização da toxina
manejo da vida silvestre, um dos temas biológico em várias espécies, como por na membrana peritrófica, sua incapaci-
centrais é a manutenção da variabilida- exemplo, Microctonus aethiopoides, dade de ligar-se aos receptores da mem-
de genética em ambientes fragmenta- Schizaphis graminium e Spodoptera brana, sua incapacidade de criar poros
dos, pois é consenso que a persistência frugiperda. Em Microctonus aethiopoi- na membrana do epitélio e sua baixa
futura das populações pode depender des (Hymenoptera: Braconidae), um pa- eficiência pelo rápido reparo dos da-
da preservação de componentes espe- rasitóide utilizado em programas de nos causados por ela às células afeta-
cíficos da diversidade genética (Gilpin controle de biológico de pragas, foram das (Ferre & Van Rie, 2002; Griffitts &
& Sóule, 1986; Meffe & Carrol, 1997). identificadas linhagens (biotipos) adap- Aroian, 2005; Baxter et al. 2008).
Em programas de manejo e controle de tadas a hospedeiros diferentes, analisan- O mecanismo mais comum envol-
pragas e vetores, essa preocupação está do-se a variação intra-específica no gene vendo a resistência às toxinas de B. thu-
associada, por um lado, à busca por li- para Citocromo Oxidase I (Vink et al., ringiensis é a redução na capacidade
nhagens de agentes de controle que 2003). Uma das dificuldades no contro- de ligação aos receptores nas microvi-
sejam específicas a uma determinada le de Schizaphis graminium (Hemipte- losidades do intestino médio dos inse-
praga (Potting et al. 1997; Vink et al., ra: Aphididae), uma das mais importan- tos (Ferre et al., 1991; 2003; Pigott &
2003) e por outro, à identificação de tes pragas de cereais do mundo, é a Ellar, 2007; Wang et al., 2007; Rodrigo-

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Simón et al., 2008). Modificações nos danças na freqüência de genes es- tes ou depois da dispersão dos insetos?
genes que codificam os receptores para pecíficos.
as proteínas Cry foram encontradas em A caracterização genética das es- 1.4 Efeito de seleção e
várias espécies. Mutações nos recepto- pécies alvo, ao longo de sua área de evolução da resistência
res para proteína Cry1A estão envolvi- distribuição, é um dos fatores que
das na resistência em Heliothis virescens podem contribuir para o sucesso de A seleção natural pode ser definida
(Gahan et al., 2001), Pectinophora gos- programas de controle biológico como diferenças na taxa de reprodu-
sypiella (Morin et al., 2003), Helicover- (Hoelmer & Kirk, 2005). O fluxo ção e/ou sobrevivência entre indivídu-
pa armigera (Xu et al., 2005; Luo et al, gênico é um componente importan- os com características distintas. De uma
2006) e P. xylostella (Ballester et al., te para as estratégias de manejo da maneira mais simples, os indivíduos
1999). Em C. elegans foram identifica- evolução da resistência e seus efei- com as melhores respostas aos proble-
dos quatro genes diferentes para resis- tos podem ter reflexos em pequena mas de sobrevivência e reprodução
tência à toxina (Griffitts et al., 2005). e grande escala. deixam mais genes para as próximas
Além disso, foram descritos mecanismos Em pequena escala (populações gerações. O efeito da seleção natural
de resistência a B. thuringiensis envol- locais) espera-se que ele contribua sobre as populações aumenta a freqüên-
vendo genes diferentes em H. virescens, para diluição da resistência levando cia dos alelos com resposta “positiva”,
P. xylostella (Jurat-Fuentes & Adang, ao cruzamento entre insetos resis- gerando uma mudança adaptativa. De
2006) e P. interpunctella (Herrero et al., tentes e não resistentes. Sua intensi- acordo com a hipótese da rainha ver-
2001). Em H. virescens em cada 1000 dade tem efeitos na taxa de aumen- melha (Van Valen, 1973) é preciso evo-
insetos 1,5 é portador do gene para re- to da freqüência dos genes para re- luir (adaptar-se) continuamente para
sistência a B. thuringiensis (Gould et sistência. A capacidade de dispersão não ser “superado” pelos seus compe-
al., 1995; 1997). de um inseto praga é relevante para tidores.
As informações acima demonstram definição do tamanho e distribuição A capacidade de evoluir é uma ca-
claramente a presença de genes para das áreas de refúgio, uma vez que racterística dos organismos vivos, mes-
resistência às toxinas de B. thuringien- estas são os locais para manutenção mo que no processo ocorram extinções
sis em populações de várias espécies de indivíduos susceptíveis possibili- de muitas linhagens, mas a “vida” no
mesmo que em baixa freqüência. É pre- tando o fluxo de genes não-resisten- planeta Terra tem mantido sua capaci-
ciso destacar que até o momento não tes para grupos de indivíduos resis- dade de encontrar novos caminhos,
foi registrada nenhuma população na- tentes nas áreas de plantas-Bt (Va- reinventando a si mesma de diferentes
tural resistente a essas toxinas. O que é cher et al., 2006). maneiras.
necessário para que estes genes aumen- Em grande escala, o fluxo gêni- Nossa relação com os insetos-praga
tem em freqüência nas populações na- co pode determinar a possibilidade é apenas parte do processo e, por mai-
turais? A resposta simples é: que as apli- dos genes para resistência se espa- or que seja nosso empenho, não con-
cações das toxinas B. thuringiensis tor- lharem ao longo da área de distri- seguimos superá-las; até hoje apenas
nem-se numa pressão de seleção cons- buição geográfica da espécie. Esse nos esforçamos para reduzir seu impac-
tante e intensa. fenômeno influencia a velocidade to sobre nossa existência. Essa relação
em que uma adaptação que surge iniciou quando inventamos a agricultu-
1.3 Fluxo gênico numa população local pode se es- ra e desde então estamos envolvidos
palhar. numa corrida ao armamento. Nossas
Estudos sobre a estrutura genética Os possíveis impactos do fluxo armas envolvem os diferentes métodos
de populações têm demonstrado, ao gênico na evolução da resistência de controle, com destaque para a apli-
longo do tempo, que as espécies rara- torna fundamental dispor de estudos cação em massa de produtos químicos
mente são constituídas por populações precisos sobre a estrutura genética sintéticos após a segunda guerra mun-
únicas e panmíticas; pelo contrário, di- das populações de insetos-praga vi- dial e, mais recentemente, o desenvol-
ferenças genéticas são encontradas en- sando estimar seu impacto em po- vimento das plantas-Bt.
tre as populações. Essas diferenças são pulações locais e também em lon- A crescente utilização de B. thurin-
componentes importantes da diversida- gas distâncias. Especialmente no giensis como biopesticidas e a amplia-
de genética da espécie. Em geral, a tro- caso de pragas com ampla área de ção das áreas de plantio com plantas-
ca de genes ocorre com maior probabi- distribuição que atacam culturas di- Bt certamente aumentam a pressão de
lidade entre populações próximas geo- ferentes. seleção desse agente sobre as popula-
graficamente do que entre populações Estudos de estrutura genética têm ções alvo.
mais distantes, sendo influenciada pela potencial para responder questões O primeiro formulado comercial de
estrutura geográfica e espacial das po- relevantes para o manejo destas es- B. thuringiensis surgiu na França, em
pulações. Portanto, o estudo da estru- pécies, como por exemplo: os inse- 1938 e sua introdução nos Estados Uni-
tura genética das populações é um com- tos que atacam plantas diferentes for- dos ocorreu em 1950. Desde então essa
ponente importante de programas de mam linhagens distintas? Qual o grau bactéria vem sendo utilizada amplamen-
manejo e controle de pragas, pois po- de diferenciação genética entre as te para controle de pragas (Sayyed e
dem fornecer informações sobre níveis linhagens? Quando as linhagens Wright, 2002). Em 1996, foram comer-
de variabilidade genética, graus de di- ocorrem na mesma área, os cruza- cializados e plantados algodão-Bt e
ferenciação entre as populações e pa- mentos são aleatórios ou não? Qual milho-Bt em milhares de hectares nos
drões de fluxo gênico. Além disso, pode a capacidade de dispersão a longas Estados Unidos (Gould, 1998). A partir
possibilitar o monitoramento das mu- distâncias? A reprodução ocorre an- de então, foram produzidas outras plan-

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tas com genes B. thuringiensis, e a área As premissas dessa estratégia são: 1994; Gould, 1998).
plantada foi ampliada, estendendo-se (i) o gene para resistência ocorre em Essa estratégia torna a resistên-
para outros continentes. Em 2002 fo- freqüência baixa nas populações; cia uma característica funcionalmen-
ram plantados, no mundo, 14 milhões (ii) as quantidades de toxinas de B. te recessiva, uma vez que apenas os
de hectares apenas de algodão-Bt e mi- thuringiensis produzidas pelas plantas portadores de duas cópias do gene
lho-Bt (James, 2002; Bourguet et al., são altas o suficiente para eliminação sobrevivem às doses de toxina pro-
2005). da população os insetos homozigotos duzida pelas plantas-Bt (Tabashnik
A expressão das toxinas de B. thu- não resistentes e os heterozigotos re- & Croft, 1982). Nas áreas com plan-
ringiensis nas plantas transgênicas é sistentes; tas-Bt sobreviverão apenas os raros
considerada um dos maiores avanços (iii) os indivíduos resistentes (homo- portadores de duas cópias do gene
no uso de biopesticidas. Segundo Ja- zigotos) que nascem nas áreas com para resistência, ou seja, os homo-
mes (2007), as lavouras de plantas-Bt plantas-Bt cruzam aleatoriamente com zigotos recessivos. Os cruzamentos
aumentaram anualmente, atingindo os indivíduos não resistentes que nas- aleatórios entre os raros indivíduos
114,3 milhões de hectares no mundo, cem nas áreas dos refúgios. resistentes nas áreas com plantas-
em 2007. No manejo da resistência, o refúgio Bt e os indivíduos não resistentes
As informações disponíveis indicam é a área na qual não são cultivadas plan- dos refúgios, produziria indivíduos
claramente que as condições para evo- tas-Bt e sua finalidade é manter na po- susceptíveis que seriam eliminados
lução da resistência contra as toxinas pulação indivíduos susceptíveis às to- quando se alimentassem de plantas-
de B. thuringiensis existem, ou seja, as xinas de B. thuringiensis, ou seja, aque- Bt (Gould, 1998; Vacher et al., 2006).
populações apresentam genes para re- les que não possuem genes para a re- Na teoria, a estratégia “altas do-
sistência (mesmo que em freqüência sistência. Sua contribuição é a produ- ses/refúgios estruturados” funciona
baixa) e a pressão de seleção aumenta ção de insetos adultos susceptíveis às muito bem, ou seja, dentro das pre-
anualmente. toxinas de B. thuringiensis para cruza- missas ela realmente reduz a veloci-
Cientes desta situação os profissio- rem com insetos homozigotos resisten- dade de aumento na freqüência do
nais da área de manejo e controle de tes, “diluindo”, dessa forma, a resistên- gene para a resistência nas popula-
pragas colocaram em prática o que cha- cia na população. A dispersão para fora ções aumentando, com isso, o tem-
mamos de manejo da resistência, isto das áreas dos refúgios é necessária para po de uso das plantas-Bt. O mundo
é, um conjunto de procedimentos que que os cruzamentos aconteçam. real, porém, tem diversas maneiras
tem por objetivo retardar ao máximo o As dimensões e a distribuição das de se desviar das aceitações do mo-
surgimento de populações resistentes áreas de refúgio são definidas com base delo.
em campo. em estudos teóricos e experimentos de Estudos sobre o padrão de he-
campo podendo variar de acordo com rança da resistência indicam que
1.5 Manejo da Evolução a cultura ou praga em questão. A área outros mecanismos genéticos podem
da Resistência dos refúgios para milho-Bt varia entre ocorrer, como por exemplo, domi-
20 e 50%; simulações de computador nância e herança poligênica (Heckel
Uma população se torna resistente indicam que áreas menores podem ace- et al., 2007). Além disso, os cruza-
quando a maioria dos insetos susceptí- lerar a evolução da resistência. Para al- mentos podem não ocorrer aleato-
veis ao método de controle utilizado foi godão-Bt, por outro lado, recomenda- riamente; para isso, basta que exis-
removida. A maior taxa de cruzamen- se que 5 a 20% da área de plantio seja tam diferenças na velocidade de de-
tos entre insetos portadores do gene destinada ao refúgio (Technology Use senvolvimento entre indivíduos re-
para resistência tornará o controle mais Guide, 2007-2008). sistentes e susceptíveis. A assincro-
difícil a cada geração. São fatores relevantes na definição nia no desenvolvimento pode de-
No intuito de eliminar ou retardar o da área de refúgio: a capacidade de dis- terminar uma freqüência maior de
aumento na freqüência dos genes para persão da praga, sua biologia reprodu- cruzamentos entre indivíduos resis-
resistência às toxinas de B. thuringien- tiva e seus hábitos alimentares. A distri- tentes, o que pode acelerar a evolu-
sis em populações de insetos-alvo, fo- buição dos refúgios também procura ção da resistência (LIU et al., 2000;
ram desenvolvidas várias estratégias de reduzir a possibilidade de cruzamentos Medvinsky et al., 2007).
manejo da evolução da resistência. A entre indivíduos homozigotos para o
finalidade destas estratégias é reduzir a gene da resistência (Peck et al., 1999; 1.6 Considerações
pressão de seleção, diminuindo a velo- Caprio, 2001; Ives & Andow, 2002; Va-
cidade de crescimento da população de cher et al., 2006; Tyutyunov et al., 2007; A espécie humana, não tem mui-
insetos resistentes. 2008; Hanur, 2008). tas respostas para explicar como a
A estratégia mais utilizada no ma- A expressão “doses altas” significa vida surgiu no planeta Terra, mas
nejo da resistência é denominada de que as plantas vão produzir quantida- ao longo do tempo fez muitas des-
altas doses/refúgio estruturado e fun- des das toxinas de B. thuringiensis su- cobertas sobre as forças envolvidas
damenta-se em modelos teóricos e tes- ficientes para eliminar da população os no processo de evolução da biodi-
tes experimentais realizados em peque- indivíduos que possuem uma única có- versidade e nas mudanças adaptati-
na escala (Georghiou & Taylor, 1977; pia do gene para resistência, ou seja, vas nas diferentes linhagens de or-
1999; Gould, 1998; Peck et al., 1999; os heterozigotos. Por definição, “dose ganismos.
Caprio, 2001, Onstad et al., 2002; Liu & alta”, é aquela suficiente para matar mais A evolução é um processo com-
Tabashnik, 1997; Shelton et al., 2000; do que 95% dos insetos heterozigotos plexo, influenciado pela mutação,
Wenes et al., 2006). (Georghious & Taylor, 1977; Roush, seleção natural, fluxo gênico, deri-

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va genética e sistema de cruzamen- lutionary and applied perspec-
tos. As interações entre estes fatores Adamczyk, J.; Holloway, J.W.; Leonard, tive of insect biotypes. Ann.
são complexas e de difícil compre- B.R. & Graves, J.B. 1997. Suscepti- Rev. Entomol., 29: 471-504.
ensão. A construção de modelos para bility of fall armyworm collected Downie, D.A. 2000. Patterns of ge-
simular o efeito destes fatores permi- from different plant host to selec- netic variation in native grape
te analisar parcialmente estas intera- ted insecticides and transgenic Bt phylloxera on two sympatric
ções. Atualmente em muitos casos cotton. The Journal of Cotton Sci- host species. Molecular Ecolo-
temos respostas relativamente preci- ence, 1: 21-28. gy, 9: 505-514.
sas de como as coisas aconteceram, Aikhionbare, F.O. & Mayo, Z.B. 2000. Edwards, S. V. 1993. Mitocondrial
por exemplo, sobre a evolução da re- Mitochondrial DNA sequences of gene genealogy and gene flow
sistência aos inseticidas e/ou antibió- greenbug (Homoptera: Aphididae) among island and mainland
ticos. biotypes. Biomolecular Engenee- populationjs of a sedentary son-
Podemos fazer muitas previsões, ring, 16:199-205. gbird, the grey-crowned babbler
porém estas estão envolvidas num Appleby, J.H. And Credland, P.F. 2003 (Pomatodtomus temporalis).
mundo de incertezas, determinadas Variation in responses to suscepti- Evolution, 47:1118-1137.
pela presença do acaso ou das inte- ble and resistant cowpeas among Ferré, J., and J. Van Rie. 2002. Bio-
rações que nossos modelos não po- West African populations of Callo- chemistry and genetics of insect
dem estimar, pois são uma simplifi- sobruchus maculatus (Coleoptera: resistance to Bacillus thuringi-
cação do mundo real. Bruchidae). Journal of Economic ensis. Annual Review of Ento-
Muitos pesquisadores acreditam Entomology, 96: 489-502. mology, 47:501-533.
que o surgimento de linhagens resis- Ballester, V., F. Granero, B. E. Tabash- Ferre´, J., M. D. Real, J. Van Rie, S.
tentes a agentes de controle químico nik, T. Malvar, and J. Ferre. 1999. Jansens, and M. Peferoen. 1991.
e/ou biológico em populações natu- Integrative model for binding of Resistance to the Bacillus thu-
rais não é uma questão de “se” vai Bacillus thuringiensis toxins in sus- ringiensis bioinsecticide in a fi-
acontecer, mas sim, “quando” irá ceptible and resistant larvae of the eld population of Plutella xylos-
ocorrer. Estas preocupações são váli- diamondback moth (Plutella xylos- tella is due to a change in a mid-
das também para as plantas-Bt (Wri- tella). Applied Environmental Mi- gut membrane receptor. Proc.
ght et al., 1997; Gould, 1998; Tabash- crobiology, 65:1413-1419. Natl. Acad. Sci. USA, 88:5119–
nik & Carriére, 2004, Tabashnik et al., Baxter, S.W.; Zhao, J.Z.; Shelton, A.M.; 5123.
2004 e 2008; Bourguet et al., 2005). Vogel, H. & Heckel, D.G. 2008. Fisher, R.A. 1930. The Genetical The-
Quando analisamos um fenôme- Genetic mapping of Bt-toxin bin- ory of Natural Selection, Claren-
no biológico do ponto de vista da te- ding proteins in a Cry1A-toxin re- don Press, Oxford.
oria da evolução, as unidades de tem- sistant strain of diamondback moth Gahan, L. J., F. Gould, and D. G. He-
po devem ser pensadas em perspec- Plutella xylostella. Insect Bioche- ckel. 2001. Identification of a
tivas diferentes; estas envolvem ge- mistry and Molecular Biology, gene associated with bit resis-
rações que se sucedem ao longo do 38:125–135 tance in Heliothis virescens. Sci-
tempo. As unidades de tempo envol- Birungi, J. & Munstermann, L. E. 2002. ence 293:857-860.
vem períodos maiores do que aque- Genetic Structure of Aedes albopic- Georghiou, G.P., Lagunes-Tejeda, A.
les que usamos para datar a história tus (Diptera: Culicidae) Populations 1991. The occurrence of resis-
da civilização, ou seja, 50 ou mesmo Based on Mitochondrial ND5 Se- tance to pesticides in arthropo-
100 anos, podem ser pouco relevan- quences: Evidence for an Indepen- ds. FAO, Rome. 318 p.
tes. dent Invasion into Brazil and Uni- Georghiou, G.P., Taylor, C.E., 1977.
As constantes pesquisas por no- ted States. Annual Entomology So- Operational influences in the
vas toxinas e/ou a produção de plan- ciety Am., 95 (1): 125-132. evolution of insecticide resistan-
tas com capacidade de expressar mais Bourguet, D.; Desquilbert, M. & Lema- ce. Journal of Economic Ento-
do que uma toxina é um indicativo rié, S. 2005. Regulating insect re- mology, 70: 653–658.
de nossa consciência de que as plan- sistance management: the case of Geurgas, S. R.; Infant-Malachias, M.
tas-Bt cultivadas atualmente podem non-Bt corn refuges in the US. Jour- E. & Azeredo-Spin, A. M. L.
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