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5.as Jornadas de Engenharia Hidrográfica
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Lisboa, 19, 20 e 21 de junho de 2018
dias a décadas e da dezena à centena de quilómetros. com satélites, que permite a observação sinóptica
Assim é necessário implementar vários sistemas de com uma cobertura espacial e temporal adequada
observação que cubram estas escalas. A escassez de aos fenómenos oceanográficos (e.g., frentes, vórtices
dados ambientais nesta vasta região do Mar e o florescimento de microalgas). Vão ser utilizados
Português torna urgente que se implementem dados obtidos com vários satélites (e.g., o Sentinel-3
sistemas de observação adequados para colmatar tal e Aquarius/SAC-D) e sensores (e.g., OLCI-Ocean
lacuna e que se complementem. Os navios and Land Colour Instrument, SRAL-SENTINEL-3
comerciais, que efectuam com grande regularidade Ku/C Radar Altimeter e o SLSTR-Sea and Land
estas rotas, são as plataformas ideais para a Surface Temperature Radiometer), com resoluções
instalação destes equipamentos (Tarefa 1.1), que vão das dezenas de metros à dezena de km e
permitindo uma regularidade temporal relativamente coberturas diárias (Tarefa 1.4).
elevada e uma cobertura espacial aceitável. Assim,
3.2. Análise dos dados (Actividade 2)
serão instalados 3 termosalinógrafos+fluorómetro e
3 estações meteorológicas a bordo de 3 navios da A oceanografia operacional consiste na recolha
companhia Transinsular-Transportes Marítimos sistemática e continuada de dados do oceano e da
Insulares, S.A., pertencente ao Grupo Português atmosfera, e a sua rápida interpretação e
E.T.E, nas rotas do Continente-Madeira-Açores e disseminação. Na base da assimilação dos dados
Continente-Cabo Verde (Fig. 1). Estes equipamentos estão modelos numéricos de previsão que fornecem
registam em contínuo parâmetros oceanográficos e diferentes produtos, dos quais se destacam a
meteorológicos, que são transmitidos via o sistema estimativa de evolução diária das correntes
GTS. Serão também recolhidas amostras de água oceânicas e a estrutura termohalina associada.
superficial para medição de nutrientes e Apesar dos exercícios de validação, que têm vindo a
identificação de comunidades planctónicas, ser feitos, mostrarem a crescente capacidade destes
incluindo espécies não indígenas (Tarefa 1.2). Para modelos reproduzirem as principais estruturas de
a recolha de dados de ocorrência de cetáceos, 2 circulação à escala das grandes bacias oceânicas, é
observadores treinados embarcam nos navios para a importante aferir a qualidade dos resultados à escala
sua observação ao longo das rotas (Tarefa 1.2). Os regional. A conjugação e análise das diferentes
observadores seguem o protocolo de monitorização estratégias de amostragem servirão para identificar e
em que recolhem a presença dos animais, espécie, avaliar todos os processos meteo-oceanográficos
tamanho do grupo, comportamentos e outros dados relevantes para a biodiversidade e para estimar a
como as condições de visibilidade e informação de distribuição e abundância dos organismos marinhos,
tráfego marítimo. Os dados de ocorrência são depois tanto espacial, como temporalmente. Todos os dados
cruzados com dados de habitat (topográficos e serão sujeitos a controlo de qualidade, tratamento
oceanográficos) para estudar as preferências e estatístico e, sempre que possível, serão utilizados na
desenvolver modelos de habitat e mapear as áreas de comparação com os parâmetros dos modelos
“hotspots” e de habitats preferenciais na área através oceânicos e atmosféricos (Tarefa 2.1). Os dados
da análise geo-espacial (ver Actividade 2). Os obtidos com satélites serão comparados
flutuadores Argo (Fig. 2a) são um dos meios de estatisticamente com os dados in situ, para validação
observação oceanográfica automáticos, que dos algoritmos existentes e, caso seja necessário,
permitem estimar as correntes das camadas desenvolver algoritmos mais adequados para o Mar
intermédias do oceano (~1000 m) e obter perfis Português (Tarefa 2.1). Serão desenvolvidas
verticais de temperatura e salinidade, bem como metodologias de detecção automática de frentes
outros parâmetros biogeoquímicos, até aos 2000 m. oceânicas pela aplicação de operadores específicos
No entanto, como são instrumentos derivantes com (Tarefa 2.1). As comunidades planctónicas serão
as correntes é necessário o seu lançamento regular analisadas para identificar grupos funcionais que
para manter uma representatividade sinóptica das caracterizam os ecossistemas pelágicos das áreas em
condições oceanográficas de todo o oceano e estudo e estudada a importância relativa, caso
preencher as grandes lacunas que se observa em ocorram, de espécies não indígenas (Tarefa 2.2).
determinadas áreas do mesmo, nomeadamente da Vão ser desenvolvidos modelos de habitat de
região em estudo (Fig. 2b). Estes flutuadores fazem cetáceos através de análises geo-estatísticas. Os
perfis de 10 em 10 dias. A informação recolhida é dados de ocorrência de cetáceos serão
transmitida, via satélite, para os centros de dados em correlacionados com os dados oceanográficos e
terra. A vida média de um flutuador Argo é de cerca meteorológicos para estudar as suas relações e
de 4-5 anos. A informação de todos os flutuadores preferências. A associação com frentes oceânicas
activos no Mar Português será tratada e analisada (zonas de convergência e aglomeração de
neste projecto (Tarefa 1.3) e serão lançados organismos) permitirá perceber até que ponto estas
flutuadores em colaboração com o Euro-Argo ERIC. estruturas são importantes nas cadeias tróficas
Outro sistema de observação importante para pelágicas em oceano aberto (Tarefa 2.2). Será feita
observar grandes áreas da superfície do oceano é o a classificação do Mar Português quanto ao estado
baseado em informação obtida por detecção remota de eutrofização (Tarefa 2.3), utilizando o índice de
eutrofização desenvolvido por Cabrita et al. (2015).
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(b)
(a)
Fig. 2. Flutuadores Argo: (a) Lançamento do flutuador Argo WMO-3901909, no dia 29 de Dezembro de 2017, pelas 20:56, a bordo do NI
Noruega do IPMA; e (b) Mapa com os flutuadores activos no Atlântico Nordeste, em 23 de Fevereiro de 2017 (Cortesia de Romain
Cancouët, Euro-Argo ERIC). A seta amarela indica a posição do flutuador Argo WMO-3901909.
Este índice utiliza valores de nutrientes, relatórios da DQEM. Assim, será desenvolvida uma
transparência da água, fitoplâncton, clorofila e base de dados (Tarefa 4.1) e uma plataforma
oxigénio dissolvido, obtidos in situ e por satélite. dinâmica de visualização em SIG (Tarefa 4.2),
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