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DIREITO FALIMENTAR E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

1º BIMESTRE

1. O DIREITO DAS EMPRESAS EM CRISE


*** Crises: fatores alheios ao empresário ou de características intrínsecas à sua
atuação.
 Consequências:

a) Empresário: se houver prejuízo unicamente ao empresário, não interessa ao


direito, já que não afeta outras pessoas;
b) Empregados: corte de empregados; atrasos de salário;
c) Fisco: redução no recolhimento;
d) Comunidade: economia reduz;
e) Credores: deixam de receber;

1.1. Os tipos de crise empresarial

a) Crise de rigidez: a atividade não se adapta ao ambiente externo. A atividade não


acompanha a atualização do mercado. A priori importa ao Direito.

b) Crise de eficiência: Se manifesta na gestão empresarial, passando a empresa


render menos do que poderia render. Por ser um problema interno da empresa,
a priori não importa ao Direito.

c) Crise econômica: a atividade trabalha no prejuízo. Se a crise tem potencial de


gerar outras crises é importante ao Direito.

d) Crise financeira: incapacidade de a empresa fazer frente às próprias dívidas com


os recursos disponíveis. Exige uma reposta do Estado para que terceiros não
sejam prejudicados.

e) Crise patrimonial: o patrimônio é insuficiente para arcar com os prejuízos.

1.2. Solução das crises

 Para o direito são preocupantes as crises que podem afetar os INTERESSES


DE TERCEIROS

 Objetivo da solução das crises: Viabilizar a superação da crise econômico-


financeira do devedor, permitir a manutenção da fonte produtora; manter os
empregos dos trabalhadores; garantir os interesses dos credores; promover a
preservação da empresa, sua função social e o estimulo da atividade
econômica.

 Qual é a crise mais preocupante para o direito? Crise financeira


 Soluções para as crises

a) Soluções de mercado – forma natural de superar as crises.


b) Soluções estatais – o poder judiciário atuando (recuperação Judicial e
extrajudicial)
c) Soluções especiais – não se aplica a lei 11.105/05 nos seguintes casos.

 Sistema financeiro nacional


 Seguradoras
 Plano de saúde
 Sociedade de capitalização
 Previdência privada

NOS CASOS ACIMA APLICAM-SE AS SEGUINTES LEIS:

LEI 6.024/74
LEI 9.656/98
DECRETO-LEI 2.821/17

1.3. EMPRESAS NÃO RECUPERÁVEIS

 Inviáveis para o Estado

 O que fazer? Liquidação total ordinária.

COPIAR QUADRO DE EMPRESAS NÃO RECUPERÁVEIS


2. RECUPERAÇÃO JUDICIAL

2.1. Noções gerais

a) Definição: uma série de atos praticados sob supervisão judicial e destinados a


reestruturar e manter em funcionamento a empresa em dificuldades econômico-
financeiras temporárias (EDUARDO GOULART PIMENTA).

Obs.: conceito aplicável também à recuperação extrajudicial

b) Série de atos: medidas de reestruturação são diversas;

c) Consentimento dos credores: a lei exige manifestação suficientemente


representativa (art. 47 e 58 LRJ)

 Concessão judicial: necessária a concessão do juiz para que sejam


praticados os atos.

d) Manutenção de empresas viáveis: somente aquelas empresas com futuro


promissor.

e) Objetivos

 Objetivo imediato: afastar a crise

 Objetivo final: superar a crise

 Objetivos específicos

a) Manter a fonte produtiva


b) Manter a fonte dos empregos
c) Preservar os interesses de terceiros

f) A teoria dos jogos e a recuperação judicial

 Tenta modular as interações entre os grupos interessados;


 Estratégia;
 Identificar o jogo, identificar os jogadores, verificar as possíveis estratégias e os
ganhos de cada grupo.

g) Natureza juridica da recuperação judicial: tem natureza processual ou contratual.

Jurisdição voluntária, favor legal para o devedor obter o saneamento da empresa.

2.2. MEIOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL


 Lei 11.101/2005  várias maneiras do devedor evitar a sua falência

 Concessão e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou


vincendas

 Trespasse ou arrendamento do estabelecimento

 Redução salarial, compensação de horas e redução de jornada.

 Emissão de valores mobiliários



Entre outras (art. 50 da Lei 11.105/2005)

*** Meios atípicos

2.3. PRINCIPIOS

Pautam a interpretação da Lei 11.101/05 e a própria atuação do judiciário.


Muitos autores elencam diversos princípios (dignidade da pessoa humana,
valorização do trabalho, segurança jurídica, e etc)

Trataremos de 2 princípios, em especial:

a) Função social da empresa: decorre do direito à propriedade (art. 5, XXII, CF)


 limitação deste direito pela função social. Encontra-se expresso no art. 57
da Lei 11.101/05. De acordo com a função social, são levados em
consideração além dos interesses dos empresários, os interesses que o
circundam. Esse princípio serve como base para tomada de decisões.

b) Preservação da empresa: se a empresa for viável, devem ser realizados


todos os esforços para que ela se preserve, ficando a propósito de liquidação
em segundo plano.

3. O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

O judiciário deve ser provocado

3.1. REQUISITOS E PRESSUPOSTOS

Os autorizados a requerer a Recuperação Judicial devem atender a uma série de


requisitos, são eles:

a) Exercício (não estar parado, não estar inativo, estar em funcionamento) regular
(cumprir as obrigações legislativas – Obs.: o STJ exige que seja o exercício
regular da mesma atividade) da atividade por mais de 2 anos (esse prazo serve
para verificar a seriedade do exercício, sua importância para a economia e
viabilidade de sua manutenção);

b) Não ser falido, ou se falido, que as obrigações já tenham sido cumpridas:


c) Não ter obtido recuperação a menos de 5 anos/não ter obtido recuperação
judicial, com base em plano especial, há menos de 5 anos:

d) Não ter sido condenado por crime falimentar, nem ter como sócio
controlador ou administrador pessoa condenada por crime falimentar:

3.2 LEGITIMADOS PARA REQUERER A RECUPERAÇÃO JUDICIAL –


LEGITIMIDADE ATIVA

São legitimados para propor a Recuperação Judicial:

a) O próprio empresário ou sociedade empresária (art. 48, caput)

 Empresário individual (própria pessoa física - preposto não pode requerer)


 Sociedade empresária e EIRELI (pelo próprio titular ou pelos administradores com
autorização do titular)

Atenção! No caso das sociedades empresárias, o requerimento depende de prévia


manifestação de vontade da sociedade, pelos sócios acionistas. Somente em caso de
urgência o administrador poderá realizar sozinho o pedido e desde que concorde o
acionista controlador, com a convocação imediata da assembleia

Obs.: é possível na Recuperação Judicial o litisconsórcio ativo facultativo, quando?


Mais de uma empresa no mesmo grupo societário.

b) Herdeiros, cônjuge, inventariante

 Trata-se de previsão legal em caso de morte do empresário e em razão de ele


próprio não pode realizar o pedido, a legislação admite que este seja realizado por
outros sujeitos. Obviamente que essa legitimidade é também assegurada em
relação ao espolio do empresário individual.

Obs.: legitimidade fundada no evento morte

c) Sócio remanescente

3.3 LEGITIMIDADE PASSIVA

Na recuperação judicial não há, propriamente, réu. Sequer ocorre a citação. Mas
integram o polo passivo da ação os credores sujeitos á recuperação Judicial. São eles
provenientes de créditos:

a) Trabalhistas e acidentários (tem preferência até o valor de R$ 156.750,00)


b) Quirografários (que não possuem garantia)
c) Com garantia real (hipoteca e penhor)
d) Com privilégio especial ou geral
e) Subordinados
Existentes a data do pedido, ainda que não vencidos (art. 49, Lei 11.101/05) ou seja,
não estão sujeitos a recuperação judicial os créditos posteriores ao pedido de
recuperação judicial, com exceção a honorários advocatícios.

Não são exigidas do devedor e portanto não abrangidas pela recuperação judicial as
obrigações a título gratuito (exemplo: doação e fiança) e as despesas que os credores
fizerem para tomar parte da recuperação judicial, saldo as custas de litigio do devedor.

3.4 CRÉDITOS EXCLUIDOS

a) Créditos fiscais (art. 187 CTN e arts. 6 e 7 da Lei 11.101/05): A cobrança judicial do
crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência,
recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. 

Os créditos de natureza tributária não se submetem aos efeitos da recuperação judicial,


sequer suspendem a execução fiscal em curso, salvo os casos de parcelamento
especial.

b) credores proprietários (art. 49, § 3º lei 11.101/2005): são os titulares da posição de


proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, arrendador mercantil, proprietário ou
promitente vendedor de imóvel, cujo os contratos tenham clausula de irrevogabilidade
ou irretratabilidade, proprietário em contrato de compra e venda com clausula de
reserva de domínio

c) alienação fiduciária em garantia

d) arrendamento mercantil: ocorre quando pessoa jurídica arrenda para pessoa física,
por tempo determinado, um bem comprado pela primeira de acordo com as indicações
da segunda, cabendo ao arrendatário adquirir o bem arrendado no final do contrato
mediante o pagamento de preço determinado. Ex.: contrato de leasing.

3.5 JUIZO COMPETENTE

A competência para processamento e julgamento da recuperação judicial é onde


estiver estabelecido o principal estabelecimento do devedor em crise ou da filial no
caso do empresário ou sociedade empresária com sede fora do país

Obs.: para o STJ o principal estabelecimento é aquele onde está a sede da


administração do devedor.

4 PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

4.1 RECEBIMENTO

a) Requisitos formais e estruturais da Petição Inicial

 Requisitos formais: inerentes a todos os atos processuais, como a forma escrita o


uso do vernáculo e assinatura do advogado

 Requisitos estruturais: art. 319 CPC


b) Instrução processual

Instrução da própria petição inicial, ou seja, os documentos que devem acompanha-la

A petição de recuperação judicial deve ser instruída com os documentos do art. 51 da


Lei 11.101/05:

• Causas da situação patrimonial e os motivos da crise econômico-financeira:


exposição dos motivos da crise e suas consequências sobre o patrimônio do
devedor, não sendo suficientes meras alegações genéricas.

• Documentação Contábil: o devedor deve apresentar as demonstrações relativas


aos 3 últimos exercícios, para apontar a realidade de seu negócio.

• Documentos do registro do comércio: o devedor deverá juntar a certidão de


regularidade no registro público de empresas, ato constitutivo (contrato social) e
as atas de nomeação dos atuais administradores. No caso das S.A. deve
apresentar relação dos acionistas.

• Certidões dos cartórios de protestos: devem ser juntadas as certidões onde


conste os eventuais protestos do devedor nos locais onde exerce a atividade.

 Relação de credores: Qualificação, valores, natureza do crédito. É a indicação


dos credores pelo próprio devedor, sujeitos à recuperação judicial, ou não, com
a sua qualificação, natureza da obrigação, valor atualizado e origem do crédito,
seus vencimentos e a indicação dos registros contábeis

• Relação de empregados: o devedor deve apresentar a relação integral de seus


funcionários, contendo, funções e salários, bem como indenizações ou outras
parcelas que tenham direito, com a discriminação dos vencimentos.

 Relação de bens dos administradores e dos controladores: Com relação a esta


exigência existem divergências na doutrina.
o Coelho, defende a sua aplicação irrestrita.
o Tomas por sua vez, sustenta que tal exigência só tem sentido para as
sociedades de responsabilidade ilimitada

• Relação de processos: É a relação das ações em que o devedor figura como


parte, indicando a estimativa do valor envolvido

 Contas bancárias e aplicações: Devem ser apresentados os extratos das contas


e relações das eventuais aplicações. A legislação não especifica o período
OBS: Não confundir o recebimento do pedido de recuperação judicial, ele não deixa o
devedor em situação de recuperação judicial, somente será com a sentença.

c) Analise da petição inicial pelo juiz

Ajuizada a Recuperação Judicial, o juiz deve verificar:

 A legitimidade do requerente;
 O cumprimento dos requisitos;
 A regularidade da petição;
 A regularidade dos documentos apresentados.

 Havendo irregularidade na inicial ou documentos apresentados o juiz


determinará a emenda à inicial no prazo de 15 dias (art. 321, CPC e art. 189, Lei
11.101/05).

 Determinada a emenda e não sendo sanado(s) o(s) vício(s)  o juiz indeferirá a


petição inicial

Obs.: Se liga! Se isso acontecer não ocorrerá a decretação da falência,


mas somente o indeferimento da inicial. Isso porque o art. 73 da Lei
11.101/05 que fala sobre a convalidação em falência, não abrange
falhas na petição inicial ou sua instrução.

 Não havendo irregularidades ou, sendo sanados os vícios  o juiz defere o


processamento da Recuperação Judicial

Obs.: Atenção! Aqui a Recuperação ainda não foi concedida é


necessário aguardar o andamento do processo para verificar se o juízo
concederá a Recuperação.

d) Efeitos do ajuizamento do pedido

A distribuição da petição inicial já modifica a situação jurídica do devedor. Assim, o


efeito do ajuizamento é que o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de
seu ativo não circulante (aqueles bens de difícil circulação – Ex.: imóvel da empresa),
salvo com autorização judicial, depois de ouvido o Comitê de Credores (Art. 66 Lei
11.101/05).

Obs.: Os bens que integram o ativo circulante (bens móveis “comuns” )podem ser
negociados sem autorização judicial

e) Desistência (art. 52, §4º, Lei 11.101/05)

• O devedor pode se arrepender de ter requerido a Recuperação Judicial? Sim


Desistência sem qualquer impedimento = enquanto o juiz ainda não determinou o
processamento da recuperação.

• Desistência somente com a aprovação da Assembleia Geral de Credores = quando já


foi determinado o processamento pelo juiz.

4.2 O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

-> Natureza do ato judicial: despacho ou decisão interlocutória? Cabe recurso ou não
cabe recurso?

Na doutrina: divergências;

STJ: despacho, irrecorrível.

Enunciado 102 da III Jornada de Direito Comercial – decisão interlocutória – recorrível


– ENTENDIMENTO ADOTADO

• Conteúdo e efeitos da decisão:

a) Define ou não o processamento da RJ;

b) Nomeia administrador judicial;

c) Determina a dispensa de apresentação de certidões negativas para que o


devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público
ou para o recebimento de benefícios fiscais;

d) Ordena a suspensão de todas as ações e execuções em curso; (Prazo: 180 dias


CORRIDOS – STJ 2018, improrrogável, salvo casos excepcionais – MESMO
ESTANDO EM CURSO, NÃO SERÃO SUSPENSAS AS AÇÕES QUE
DEMANDAM LIQUIDAÇÃO, AS EXECUÕES FISCAIS, AS AÇÕES DOS
CREDORES NÃO SUJEITOS A RECUPERAÇÃO, E AÇÕES SEM EFEITOS
PATRIMONIAIS OU ECONOMICOS);

e) Determina a apresentação de contas mensais;

f) Ordena a intimação do MP e das Fazendas Públicas onde o devedor exerce


suas atividades;

g) Suspende a prescrição.

Os atos da recuperação judicial são públicos

4.3 O ADMINISTRADOR JUDICIAL

• ATIVIDADE

1. Quem é e qual o papel do administrador judicial na recuperação judicial e quais os


critérios para sua escolha?
Formular o quadro geral de credores e envio de correspondência a todos, informando a
data do pedido de recuperação ou falência, a natureza do crédito; exigir dos credores
quaisquer informações; requerer ao juiz assembleias gerais; contratar profissionais ou
empresas para auxiliar suas tarefas

2. Como ocorre a nomeação do administrador judicial e partir de quando o ele exercerá


suas funções na recuperação judicial?

3. Quais são as funções exercidas pelo administrador judicial na recuperação judicial?

4. Como ocorre/quais são as causas de substituição e destituição do administrador


judicial?

5. De que forma são estipulados os honorários do administrador judicial?

6. Qual a responsabilidade social do administrador judicial?

4.4 VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

Ocorre depois do deferimento do processamento da recuperação e ocorre tanto da


recuperação judicial tanto quanto no processo de falência

a) Fase administrativa (obrigatória): série de atos conduzida pelo


administrador judicial homologada pelo juiz após o devido processamento.

 A fase administrativa começa com a publicação da lista de credores (o que ocorre


com a decisão que defere o processamento em imprensa oficial (art. 52, §1º da Lei
11.101/05)) e deve ainda o administrador enviar correspondência aos credores que
foram arrolados na lista de credores que foi apresentada no pedido de habilitação.

 Depois da publicação do edital e após o envio da carta, os credores que não


estiverem na lista terão o prazo de 15 dias para requerer a habilitação do crédito.

 Os credores que divergirem em relação ao crédito terão o prazo de 15 dias para se


insurgir apresentando as divergências.

Obs.: Esses dois últimos requerimentos podem/devem ser feitos diretamente ao


administrador judicial

 Parte da doutrina entende ser necessária a representação de advogado na


habilitação e divergência; prevalece o entendimento de que não é necessário por
se tratar de um procedimento administrativo.

 As habilitações devem especificar (art. 9º, Lei 11.101/05): • I – nome, endereço do


credor e o endereço em que receberá a comunicação de qualquer ato do processo;
• II – o valor do crédito atualizado até a data da decretação de falência ou pedido
de RJ, sua origem e classificação. • III – os documentos comprobatórios do crédito
e a indicação das demais provas a serem produzidas; • IV – a indicação da
garantia prestada pelo devedor, se houver e o respectivo instrumento; • V – a
especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor

 Elaboração da lista de credores  publicação em 45 dias contados do término do


prazo para habilitação dos credores (art. 7º, §2º, Lei 11.101/05);
 Não havendo questionamentos, o juiz homologa o quadro geral de credores,
dispensada nova publicação (art. 14, Lei 11.101/05)

b) Fase contenciosa formada por ações incidentais (eventual): ocorre quando


os credores não se manifestam na fase administrativa não fazendo
qualquer pedido ao administrador judicial.

 Será objeto da fase contenciosa as impugnações apresentadas na fase


administrativa e dirigidas ao juízo. É formada por vários incidentes processuais e
não é obrigatória.

 É necessário a representação de advogado;

 Legitimados

a) Comitê de credores (é um órgão facultativo na RJ sendo sua atribuição


representar todos os credores e buscara o bem da massa de credores),
Ministério Público, devedor, sócios acionistas do devedor ou quaisquer
credores.

 Matérias que podem ser impugnadas por todos os legitimados: créditos de


terceiros quanto ao valor, existência ou classificação, além de exclusão de algum
crédito constante na relação.

Obs.1: Os credores possuem uma amplitude maior, podendo questionar a sua inclusão
no quadro de credores.

Obs.2: o prazo para impugnação é de 10 dias contados da publicação da lista de


credores.

 Competência: em regra, é competente o próprio juízo da falência ou da RJ, diante


da natureza incidental das ações. Quando a impugnação versar sobre créditos
trabalhistas será competente a justiça do trabalho (art. 6º, § 2º da Lei 11.101/2005)

 Procedimento: arts. 13 a 15 da Lei 11.105/05

 A decisão ocorre por meio de uma sentença

 Desistência: é possível, desde que haja o pagamento de custas processuais

 Habilitação retardatárias: para ajuizar este incidente é necessário que os mesmos


requisitos há habilitação convencional, no entanto, terá algumas restrições, tais
como: não poderá votar na RJ, salvo os créditos decorrentes da legislação
trabalhista.

4.5 CONSOLIDAÇÃO DO QUADRO GERAL DE CREDORES

Apresentado pelo adm. Judicial e assinalado por ele e pelo juiz, contendo: a
classificação dos créditos na data do requerimento da RJ, o quadro será apresentado
nos autos e, após homologado, publicado em órgão oficial no prazo de 5 dias.
• Atenção! Esse quadro ainda pode sofrer alterações até o final do processo:

• É possível a inclusão de credores no quadro geral (art. 10, §6°, Lei 11.101/05),
seguindo a mesma ideia da habilitação retardatária.

• O quadro geral de credores pode ser retificado por meio de ação revisional, ajuizada
pelo administrador judicial, MP Comitê de Credores ou qualquer credor habilitado.

4.6 O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Plano de RJ = proposta inicial do acordo a ser firmado com os credores.

O plano deve indicar as medidas necessárias para superação da crise econômico-


financeira. P

PRAZO PARA APRESENTAÇÃO: 60 dias corridos (STJ), da publicação da decisão


que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em
falência (art. 53, Lei 11.101/05).

O DEVEDOR PRECISA APRESENTAR ALGO, MESMO QUE INCOMPLETO.

Obs.: o plano poderá ser objeto de alterações posteriores

a) Conteúdo do plano de recuperação judicial

Art. 53, Lei 11.101/05 – Requisitos:

I – Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados,


conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo;

II – Demonstração de sua viabilidade econômica; e

III – Laudo econômico-financeiro (ativos; passivos; fluxo de caixa...) e de


avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional
legalmente habilitado ou empresa especializada.

Obs.: Mínimo 2 laudos

b) Limitações ao plano de Recuperação Judicial

TRABALHISTA E ACIDENTÁRIOS (art. 54, Lei 11.101/05);

• Créditos trabalhistas e de acidente de trabalho vencidos antes do pedido de RJ = 1


ano, no máximo, para pagamento;

• Créditos trabalhistas de natureza exclusivamente salarial, vencidos nos 3 meses


anteriores ao pedido de RJ, até o limite de 5 sm por trabalhador = 30 dias, no máximo,
para pagamento;

Obs.: termo inicial dos prazos – divergências doutrinárias:


1ª corrente – do vencimento da obrigação (Coelho);
2ª corrente – juntada do plano de RJ aos autos (Bezerra Filho);
3ª corrente – aprovação do plano pelos credores (Simionato);
4ª corrente (majoritária) – concessão da RJ (Tomazette).

Obs.: (a lei só estabelece sanções pelo descumprimento após a concessão da RJ).

GARANTIAS REAIS (art. 50, §1º, Lei 11.101/05)

• “Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua


substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular
da respectiva garantia.”
O que significa isso? Divergências doutrinárias.

STJ  A alienação do bem, sem afastar direito real, independe de consentimento do


titular da garantia. Porém, afastando-se a garantia que incide sobre ele, seja por
substituição ou desoneração, é necessário consentimento específico do credor titular
da garantia.

• Objetivo: Evitar abusos e viabilizar o atendimento aos princípios da RJ.

c) Apreciação do Plano de Recuperação Judicial

• 1º Publicação de Edital em imprensa oficial e jornal de grande circulação,


avisando os credores sobre a entrega do plano ao juiz (art. 191, Lei 11.101/05);

• Manifestação dos credores  Aprovação do plano ou apresentação de objeção.

• Prazo para manifestação dos credores  30 dias contados da publicação da


relação de credores pelo adm. judicial ou da publicação do edital sobre o
recebimento do plano, o que ocorrer por último (art. 55, Lei 11.101/05).

d) Fase de votação do Plano de RJ

Para a aprovação do plano de RJ, compete à AGC manifestar a vontade da massa de


credores com relação ao plano. Para tanto, os credores são divididos em 4 classes:

 Classe 1 = trabalhista – credores trabalhistas e por acidente de trabalho pelo


valor total do seu crédito;
 Classe 2 = garantia real – credores com direito real de garantia até o valor do
bem dado em garantia;
 Classe 3 = privilégios e quirografários – credores com privilégio especial, com
privilegio geral , quirografários, subordinados.
 Classe 4 = ME e EPP
2º BIMESTRE

RECUPERAÇÃO EXTRAJUCIAL: Trata-se de um acordo extrajudicial para a


superação da crise econômico financeira do devedor, que consiste em um caminho
mais curto ou mais simples para o acordo entre devedor e credores, no qual a função
do Poder Judiciário é meramente homologatória.

OBJETIVOS E NATUREZA: os mesmos da Recuperação Judicial

Objetivo imediato = afastar a crise


Objetivo mediato = superar a crise

Obs.: A existência da RE não obsta outras modalidades de acordo entre o devedor e


seus credores (art. 167, Lei 11.101/05) – quaisquer acordos para pagamento de
dívidas.

SUJEITOS DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

a) Devedor: empresários individuais ou sociedades empresárias que exerçam


regularmente as suas atividades.

Legitimados para requerer a RE: sócios; herdeiros, cônjuges, inventariante; sócio


remanescente.

Obs.: excluídos (que não podem se valer da RE)  os mesmos da RJ (instituições


financeiras, publicas ou privadas, entidades de previdência e etc.)

b) Credores abrangidos: todos os credores existentes até o momento do acordo


com créditos vencidos ou não, exceto os credores excluídos (créditos que não
estão sujeitos à RE)

Credores excluídos

 Aqueles que não tiverem interesse na negociação;

 Aqueles que não puderem ser abrangidos pela indisponibilidade do crédito;


(Obs.: nada impede que sejam realizados outros tipos de acordos com relação a
estes credores (art. 167);
 Credores fiscais;

 Credores trabalhistas e acidentários (pois possuem uma dificuldade maior de


negociar com os empregadores);

 Todos aqueles constantes nos §§3º e 4º do art. 49 da Lei 11.101/05:

 Credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de


arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos
respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio;

 Credor, cujo crédito decorre da importância entregue ao devedor, em moeda


corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para
exportação, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais
prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade
competente.

MODALIDADE DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL


O Devedor em alguns casos, pode ou não conseguir a anuência de todos os credores
para o acordo extrajudicial. Por esse motivo a RE se divide em 2 modalidades: quando
o devedor possui adesão unanime de todos os credores; e quando o devedor não
consegue adesão de uma boa parte deles

a) RE de homologação facultativa
Ocorre quando o devedor obtém adesão de todos os credores
Homologação judicial facultativa (não essencial)  cabe às partes decidir se o acordo
será homologado por juiz ou não.
 Com homologação judicial = título executivo judicial;
 Sem homologação judicial = contrato particular.

Qual a diferença?
O procedimento de “execução” é diferente, pois o primeiro será por meio de uma
execução de sentença; já o segundo, se não possui força de um título executivo
extrajudicial, será executada por meio de um processo de conhecimento, ou pode até
mesmo ser o título executivo contestado no tocante a certeza, liquidez e exigibilidade.

b) RE de homologação obrigatória
Quando o devedor não consegue a adesão de todos os credores abrangidos pelo
acordo. Nesse caso, a Lei 11.101/2005 permite a conclusão do acordo, ficando
vinculados ao pacto os credores que não aceiraram

Como isso ocorre? O devedor precisa obter a aprovação de mais de 3/5 dos créditos
(computado pelo valor dos créditos) de cada classe abrangida pelo acordo +
homologação judicial.
HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RE

Para que o plano de RE seja aprovado, o devedor precisa cumprir alguns requisitos,
objetivos e subjetivos.

 Requisitos subjetivos: relacionado à pessoa da empresa ou ao empresário


individual.

a) Exercício regular da atividade empresarial a mais de 2 anos;


b) Não ser falido ou, se falido for, que já tenha suas obrigações extintas;
c) Ausência de condenação definitiva por crime falimentar;
d) Não ter obtido RJ com base em plano especial nos últimos 5 anos;
e) Não ter obtido RJ ou homologado RE nos últimos 2 anos;
f) Não esteja pendente pedido de RJ (o devedor não pode se utilizar do mesmo
procedimento ao mesmo tempo)

 Requisitos objetivos: São requisitos relativos ao próprio plano de RE

a) Concordância dos credores que representem mais de 3/5 dos créditos de cada
classe;
b) Ausência de previsão de pagamento antecipado de credores;
c) Não contiver tratamento desfavorável aos credores que nele não são abrangidos;
d) Concordância dos credores para o afastamento da variação cambial que lhes era
assegurada originalmente

PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL

O devedor deve ajuizar uma ação própria para tanto. Essa ação não suspende outras
ações e execuções e nem impede o pedido de falência.
ATENÇÃO! Depois de ajuizada a ação os credores NÃO PODEM mais desistir
Legitimados: o devedor (há autores que entendem que as pessoas do art. 48, pú, da
Lei 11.101/05 também são).
Na ação homologatória, o pedido deve ser instruído com os mesmos documentos que
instruem a RJ (art. 51) + comprovação da regularidade do acordo (lista de credores e
comprovação de consentimento).

Feito esse procedimento, decorre a publicação de um Edital com a decisão que recebe
a ação e os credores terão o prazo de 30 dias para impugnação do plano (art. 164). O
devedor deve informar todos os credores e comprovar em juízo (via AR);

SEM IMPUGNAÇÃO  JULGAMENTO FAVORÁVEL OU DESFAVORÁVEL PELO


JUÍZO (sentença – cabe apelação).
COM IMPUGNAÇÃO  5 dias para o devedor manifestar => JULGAMENTO
FAVORÁVEL OU DESFAVORÁVEL PELO JUÍZO (sentença – cabe apelação).

Não homologado o plano = o devedor pode submetê-lo outras vezes para


homologação;
Homologado o plano = Enunciado 106 da III Jornada de Direito Comercial.

FALÊNCIA

Panorama Geral
A falência é para quem? Para o devedor que não conseguiu superar a crise
econômico-financeira pela qual ele vinha passando.

Acontece quando? Quando houver o descumprimento do plano de RJ; quando houver


a impossibilidade de adimplir as dívidas; inviabilidade de continuidade da atividade
empresária.

 Falência é o meio de liquidação (tornar liquido, ou seja, tornar em dinheiro)


forçada do patrimônio do devedor empresário.

Conceito

A falência consiste em uma execução coletiva, decretada por sentença judicial (ato
judicial especifico), onde ocorre a liquidação do patrimônio do empresário ou
sociedade empresária declarado falido, tendo como objetivo a satisfação do crédito dos
credores de forma completa ou proporcional.

Natureza

Execução coletiva contra o devedor empresário  processo universal de interesse


público. Por que? Porque é uma questão de interesse de todos.

O procedimento visa a liquidação do patrimônio do devedor, para satisfação dos


credores, de acordo com uma ordem legal de preferência.

Enfim, qual a natureza processual da falência? É de execução coletiva, pois o Estado e


toda a sociedade possui interesse.

Fases da falência
a) Fase pré-falimentar: essa fase tem início com o pedido de falência ou com o
pedido de recuperação judicial (no caso de convolação em falência do devedor)
e se encerra com a sentença.

b) Fase falimentar: nesta fase são tomadas providencias para a apuração do


passivo e do ativo do devedor, realização do ativo, pagamento dos credores e
medidas complementares (informações que devem ser prestadas pelo devedor
sobre o pagamento dos credores). Verificação e composição da massa falida.

c) Fase pós-falimentar: encerrada a falência (quando acabar o dinheiro ou


quando pagar todo mundo), a fase pós-falimentar possui algumas
particularidades, dentre elas: a inabilitação do devedor para o exercício da
atividade empresarial, podendo o devedor requerer que sejam extintas suas
obrigações em razão de uma das causas do art. 158 da LRJF.

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I – o pagamento de todos os créditos;

II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos
quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem
se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;

III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver
sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido
condenado por prática de crime previsto nesta Lei.

Objetivos

Objetivo principal  segurança do crédito – garantir aos credores o pagamento do que


lhes é devido.

Objetivo específico  maximização dos recursos produtivos do devedor (art. 75, Lei
11.101/05 - Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa); POSSIBILITAR A CONTINUIDADE
DAS DEMAIS EMPRESAS, O QUE SERÁ POSSIVEL COM O RECEBIMENTO DO
CRÉDITO.

Demais objetivos:

- Reduzir o prejuízo dos credores, visando assegurar a recuperação dos créditos;

- Desenvolver um sistema saudável de concessão de créditos privados com riscos


menores e menores custos;
- Atuação em prol do mercado;

- Eliminação de empresas arruinadas.

Princípios

a) Igualdade entre os credores: de acordo com este princípio deve ser dado
tratamento melhor a quem merece maior proteção. O que significa que se busca
na recuperação judicial uma igualdade material, assim credores da mesma
espécie terão o mesmo tratamento e de espécies distintas tratamento distinto.

b) Celeridade processual: consiste na necessidade de um processo célere, ou seja,


o mais rápido possível e com a observância dos direitos constitucionalmente
previstos para as partes (deve ser observado o contraditório, ampla defesa e
etc.). Maiores serão as chances do resultado efetivo.

c) Economia processual: significa a redução do tempo e do custo do processo, isto


é, evitar a pratica de atos desnecessários a fim de que sejam alcançados os
objetivos da falência.

Requisitos/pressupostos para a instauração da falência

• Legitimidade passiva específica:

A falência é apenas para os devedores empresários (é objeto de crítica por parte da


doutrina), sejam empresários individuais ou sociedades empresárias (lei 11.101/05)

No Brasil adota-se um duplo regime: falência para devedores empresários e


insolvência civil para os demais devedores até o surgimento de lei especial (art. 1.052,
CPC – NÃO É DE ALÇADA DO DIREITO EMPRESARIAL).

Alguns autores criticam a restrição à aplicação da falência, porque, justificam que a


insolvência civil não é tão eficiente quanto a falência na proteção do credor.

Podem falir aqueles que exercem profissionalmente a atividade econômica, organizada


para a produção ou circulação de bens e serviços (art. 966, CC).

LEMBRE-SE: Não são empresários aqueles que exercem profissão de natureza


intelectual, exceto, quando padronizada essa atividade. Cabe ao devedor questionar
esse pressuposto, apresentando certidão negativa da JC e ao credor, comprovar a
condição de empresário irregular do devedor, para submetê-lo à falência.

S/A e comandita por ações  sempre empresárias (art. 982, CC)  sujeitas à falência.

Empresários Rurais*  O empresário rural registrado na junta comercial estará sujeito à


falência. Já o empresário rural não registrado na JC não se submete ao regime
falimentar.

Sociedade em conta de participação  Não sujeita à falência. Por que? Porque não é a
própria sociedade que exerce a atividade empresária, mas sim, o sócio ostensivo.

• Insolvência do devedor empresário:


• Decretação judicial:
• Inviabilidade econômica:
• Pluralidade de credores? R.:

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