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DIREITO CIVIL

PONTO 1: Obrigações Solidárias


DIREITO CIVIL
PONTO 2: Pagamento

1. Obrigações solidárias

Quando se fala em obrigações solidárias está se referindo a classificação quanto a


pluralidade de sujeitos: vários devedores, vários credores ou ambos. Trata-se de um requisito
físico que é a pluralidade em um dos polos.

Além do requisito físico, a solidariedade depende de requisitos jurídicos, ou seja,


necessariamente, para se falar obrigações solidárias tem que estar previsto em lei ou tem que
estar previsto em cláusula contratual inserida pelas partes.

- Hipóteses de solidariedade legal:


- art. 585, CC:
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente
responsáveis para com o comodante.

Refere apenas a solidariedade dos comodatários e não dos comodantes.

- Art 680, CC:


Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada uma ficará
solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito
regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.

Solidariedade no caso de mandato, apenas a solidariedade dos mandantes.

- Art 756, CC.


Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem solidariamente pelo dano
causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o
ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o
dano.

- Art 829, CC:


Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de
solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.
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Havendo pluralidade de fiadores respondem, entre si, de forma solidária. Não se trata
da fiança do débito assumido com relação ao devedor, é a fiança entre si, entre vários fiadores.

- Art. 942, CC:


Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do
dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.

Se houver mais de um ofensor, todos responderão solidariamente. A responsabilidade


solidária nos casos de responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana.

- Art 2º da Lei 8245/91:


Art. 2º. Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende - se que são solidários se o contrário
não se estipulou.

Um dos raros casos, em que o legislador estabelece responsabilidade para ambos os


pólos solidariamente.

- Art. 2º, §2º, da CLT:


Art. 2º, § 2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou
de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis
a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Várias empresas que compõem o mesmo grupo econômico respondem solidariamente


perante os haveres trabalhistas do empregado.

- Solidariedade Contratual:
A solidariedade contratual pode-se dar em qualquer circunstância, exemplos notórios
são:
- As contas conjuntas no Banco: notoriamente são considerados contratos solidários devido a
pluralidade de sujeito e há cláusula expressa fixando solidariedade entre eles.
- Contratos com as prestadoras de cartão de crédito: são dois sujeitos – titular e dependentes,
ambos respondem solidariamente.
- Financiamentos imobiliários que envolvem um casal ou duas pessoas: costuma ter cláusula
expressa de solidariedade.
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- Efeitos da solidariedade:

▪ Solidariedade ativa:
Há pluralidade de credores.
A maior vantagem é que todos os credores podem executar a dívida ao devedor. Pode
haver só uma cobrança em nome de todos.
A vantagem para o devedor é que pode pagar todo valor para um credor com a
quitação total.
Pode um credor perdoar toda a dívida do devedor, sem autorização dos demais.
Porém, segundo o art. 2721, CC, ficará responsável pela cota dos outros que expressamente
não anuíram com esse perdão. Ocorre que é um caso fácil de caracterizar fraude contra
credores: o credor dá uma carta de remissão, perdoa o devedor e pede um dinheiro por fora. E
quando vai executar, o credor declara-se insolvente.

Como o credor pode perdoar toda a dívida, também pode só perdoar a parte dele.

Outra hipótese, o credor entra com execução da dívida em nome dos demais credores,
neste caso, o devedor deverá apenas pagar para esse credor que o demandou. Ou seja, a partir
do momento em que for demandado, só pode pagar a quem está demandando – art. 2682, CC.

Caso o objeto seja coisa certa haverá a conversão em perdas e danos, sendo que não
altera a solidariedade sendo que - art. 2713, CC.

Caso a obrigação seja divisível o herdeiro só poderá exigir a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário. Ou seja, a morte extingue a solidariedade com
relação aos herdeiros – art. 2704, CC.

1 Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

2 Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
3 Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.

4 Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do
crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
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▪ Solidariedade Passiva:
Temos um credor e vários devedores.
A maior vantagem desta solidariedade é para o credor, uma vez que poderá verificar
qual dos devedores tem mais possibilidades de pagá-lo.
O credor pode executar quantos credores forem necessários e quantas vezes forem
necessárias até conseguir completar o seu crédito.
Nota-se que o perdão é irretratável, uma vez manifestado não tem como voltar atrás. É
vantagem para demais devedores o perdão, uma vez que diminui o seu débito - art. 3885, CC.

Perdão é diferente de exoneração, porque perdão é da dívida e a exoneração é da


solidariedade. Ou seja, o perdoado deixa de ser devedor e o exonerado deixa de ser solidário.
Previsão do Art. 2826, CC.

Perdão (dívida) ≠ Exoneração (solidariedade)


Perdão = remissão Exoneração = renúncia.

Um devedor é declarado insolvente, para o credor não terá efeito nenhum pois
continuará cobrando dos demais devedores. Mas entre os devedores irá ser dividida a cota do
insolvente – art. 2837, CC.

A exoneração não necessita da anuência dos demais. Porém, ele não pode com esse
procedimento gerar prejuízo aos demais devedores solidários. Assim, entra no rateio quando
há devedores insolventes - art. 2848, CC.

Caso os demais devedores fossem insolventes, e havendo um devedor exonerado, o


credor pode cobrar dele, porém, nunca além da sua cota.

5 Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda
reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

6Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
7 Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

8Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que
na obrigação incumbia ao insolvente.
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O credor pode perdoar o devedor, mas dessa remissão não pode decorrer prejuízo a
terceiros - art. 3859, CC.

Neste caso, há duas correntes:


1ª) o devedor não pode cobrar do devedor perdoado porque não existe mais, devendo arcar
sozinho com a cota do insolvente (corrente majoritária);
2ª) o perdão uma vez concedido não pode prejudicar terceiros, tendo direito o credor buscar a
metade da cota do insolvente ao perdoado.

Quando um devedor solidário falecer, o herdeiro responde (art. 27610, CC):


1- pela dívida toda se a obrigação for indivisível
2- pela cota do morto em relação aos demais co-devedores.
3 - pelo seu quinhão em relação ao credor.

O Art. 28511, CC, autoriza apenas a cobrar daquele para o qual a dívida foi celebrada.

2. Pagamento:

1. Quem paga? Devedor


2. Quem recebe? Credor
3. Quando paga? Vencimento.
4. Onde paga? Dom. contratual
5. O que paga? Objeto
6. Como paga? Forma contratual.

1. Quem paga? Devedor.


Se a obrigação for personalíssima só o devedor paga.
Se a obrigação não tiver caráter personalíssimo, a lei diz que terceiro (interessado e não
interessado) pode pagar.

9 Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

10 Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores.

11Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que
pagar.
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Para efeito de pagamento, o terceiro é aquela pessoa que faz parte da relação de crédito
e débito.
O conceito de terceiro interessado está na lei – art. 346, III12, CC. O terceiro não
interessado não tem interesse jurídico, ou seja, a execução não o atinge, mas tem algum
interesse afetivo ou econômico que justifique o pagamento.
A diferença do pagamento de um terceiro interessado e não interessado está na ação
regressiva. O terceiro interessado ingressa mediante sub-rogação legal, cobrando como credor
fosse. Já o terceiro não interessado regressa contra o devedor sem sub-rogação nos direitos do
credor originário, apenas terá direito de reembolso - art. 30513, CC.
Há uma exceção prevista no art. 34714 do CC chamada de sub-rogação convencional
ou sub-rogação contratual. Deve estar expressamente disposta no contrato, não sendo
presumida como a hipótese de sub-rogação legal.
O terceiro não interessado pode fazer um ajuste com o credor ou com o devedor.

2. quem recebe? Credor.


Além do credor, o representante legal (pais, tutor ou curador) e convencional (alguém
com procuração ou com poderes para receber) do credor.
Além do portador da quitação. Ex: motoboy.

Há uma premissa: quem paga mal, paga duas vezes. Porém, temos duas exceções: art.
309 e art. 31016 do CC. Nas duas hipóteses, apesar de pagar errado, a lei considera válido o
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pagamento.

O art. 309 é a hipótese do credor putativo. O pagamento indevidamente feito ao


credor putativo vai ser considerado válido.
12 Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
13Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se
sub-roga nos direitos do credor.

14 Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
15 Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.

16 Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele
efetivamente reverteu.
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O art. 310 trata do pagamento ao credor incapaz de quitar. Mas se provar que reverteu
em favor dele poderá ser considerado válido.

3. Quando paga? Vencimento.


As obrigações são exigíveis na data do vencimento.
Há dois mecanismos que permitem antecipar o vencimento:
1) Art. 13317, CC: a antecipação se dá por conveniência do devedor, chama-se princípio da
antecipação por conveniência do devedor.
Porém, esta antecipação não poderá gerar prejuízo ao credor. Portanto, esta vinculada
a aceitação do credor.

2) Art. 33318, CC: trata do princípio da antecipação legal. Estabelece hipótese em que o credor
irá antecipar o vencimento para poder exigir.
Nas três hipóteses que a lei refere existe uma expressão chave: “fundado receio de
inadimplemento”. Então, o credor irá exigir o vencimento antecipado por fundado receio de
inadimplemento. Caso espera, irá ser prejudicado.

Quando a obrigação não tem data de vencimento – regra do art 33119 do CC: princípio
da satisfação imediata. Neste caso, o credor pode exigir imediatamente o seu cumprimento,
respeitado um prazo razoável para o seu cumprimento.

Para a exigibilidade imediata deve-se constituir em mora. Porém, não há data de


vencimento. Neste caso, utiliza-se a regra do art. 39720, CC, na qual há duas modalidades de
mora:
- A mora do art. 397, caput, CC – é chamada de mora ex re (com data de vencimento
previamente estabelecida e com eficácia automática).

17 Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

18 Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-
las.
19 Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo
imediatamente.

20Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
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- A mora do art. 397, parágrafo único, CC – é chamada de mora ex persona (depende de
interpelação da pessoa do devedor).

4. Onde paga? Domicílio contratado.


Se nada estiver sido especificado pelo local do pagamento, adota-se a regra do art.
32721 CC. Ou seja, o domicilio do devedor – regra residual.
São chamadas de obrigações querable. Caso for o domicilio do credor ou terceiro são
chamada de obrigações portable.
O art. 33022, CC refere da renúncia do credor do domicilio contratual.

Obs: adimplemento é pagar para pessoa certa, na data certa, local certo, forma correta. Não
apenas o simples pagamento.

5. O que paga? Objeto do contrato.


Há duas regras para garantir o objeto do contrato. São regras para o credor:

- Art. 31323, CC: garante a intangibilidade do objeto.

- Art. 31424, CC: garante a indivisibilidade do objeto.

Na mesma medida, que são regras de garantia do credor, são regras de disponibilidade
dele, podendo abrir mão delas.

O próprio legislador abre espaço para quebra dessas garantias limitadoras do


pagamento, através das obrigações alternativas e das facultativas.

21 Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

22 Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
23 Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

24Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a
pagar, por partes, se assim não se ajustou.
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Por outro lado, tem-se uma quitação a receber que é considerada também como objeto
do pagamento – art. 31925, CC. O legislador habilita direito de retenção do pagamento.

Nota-se que a presunção é a favor do credor, portanto, essa garantia do devedor de


que caso não receba a quitação pode reter o valor deve ser associada a consignação de
pagamento (judicial ou bancária). Caso contrário, não conseguirá provar a razoabilidade da
retenção.

O art. 32026, CC, elenca requisitos para quitação:


- valor;
- espécie;
- nome do devedor ou quem por este pagou;
- tempo;
- lugar;
- assinatura do credor ou do representante.

Conforme, o art. 320, parágrafo único27, CC, verifica-se que a quitação não é formal,
sendo os requisitos do art. 320 meramente exemplificativos.

O art. 31728, CC, refere que o Juiz pode corrigir, a pedido da parte, o objeto do
pagamento.

6. Como paga? Forma contratual.


Há duas vias:
- Direta:
Com pagamento em sentido estrito, ou seja com o ato de pagar propriamente dito.

25 Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.

26Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o
nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
27 Art. 320, parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das
circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

28Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de
sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
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O devedor paga para o credor, na data de vencimento, no domicílio contratual, com o
objeto.

- Indireta:
- com pagamento em sentido estrito: - consignação;
- sub-rogação;
- imputação;
- dação

- sem pagamento em sentido estrito: - novação;


- compensação;
- confusão;
- remissão.

- contratual: - transação;
- compromisso.

▪ Consignação:
Há dois tipos: judicial e a extrajudicial.

- Consignatória extrajudicial:
A consignatória extrajudicial é chamada consignação bancária. Prevista no art. 89029 do
CPC.

Tem características bem específicas:


- Só para obrigações de dar dinheiro.
- É uma opção (podendo entrar direto com a ação consignatória judicial).
- É procedida com depósito em estabelecimento bancário oficial no local do pagamento.

A legitimidade é tanto devedor quanto terceiro (interessado ou não interessado).

29 DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO


Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da
coisa devida.
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Proposta a consignatória extrajudicial, o credor tem 10 dias para manifestação de
recusa. Portanto, o silêncio presume o aceite. O aceite do credor, feito por presunção ou
expresso, quita a obrigação e não o valor.

O devedor vai até o banco, efetua o depósito e notifica o credor. Se no prazo de 10


dias, o credor receber o dinheiro ou expressamente manifestar o aceite, a obrigação está
quitada e o devedor é exonerado. Se no prazo de 10 dias o credor manifestar a recusa, abre-se
para o devedor duas possibilidades:
- a partir da data da recusa, o devedor tem 30 dias para propor a consignatória judicial;
- levantar o valor depósito e espera a execução.

A consignação é um mecanismo para evitar o judiciário, sendo uma forma mais célere
e barata.
Obs: - art. 890, §2º30, CPC.

- Consignatória judicial:
A premissa está no art. 33531 do CC.
A causa da consignatória judicial tem que estar prevista numa das hipóteses do art. 335,
CC.
Há duas possibilidades de sentença: a consignatória ou vai ser julgada procedente ou
improcedente, não há como ser parcialmente.

Efeitos fundamentais da procedência da consignação:


- caráter objetivo: quitação da obrigação;
- caráter subjetivo: exoneração do devedor

Efeitos consectários:
- liberação das garantias;

30Art. 890, § 2º. Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da
obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

31 Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
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- cessação dos acessórios (juros, multa, correção);
- constituição do credor em mora - mora accipiendi;
- transferência dos riscos para o credor;
- transferência dos custos para o credor.

Essa sentença tem caráter declaratório e eficácia ex tunc, retroage até a data do
vencimento.

▪ Sub-rogação:
Há dois tipos – legal e convencional.

→ Legal – art. 34632, CC. Três hipóteses:


- concurso de credores
- do adquirente do imóvel hipotecado.
- terceiro interessado.

→ Convencional ou contratual – art. 39733, CC. Há duas possibilidades:


- terceiro não interessado já referido.

Preferência do credor originário em relação ao credor sub-rogado perante o devedor


quando existir débito para os dois – art. 35134, CC.

Há um duplo efeito na sub-rogação:


- efeito liberatório para o credor originário;
- efeito translativo para o credor sub-rogado.

32 Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser
privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
33 Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.

34 Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens
do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
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No art. 348 , CC, o legislador equipara a sub-rogação convencional com a cessão de
crédito.

Na sub-rogação precisa haver o pagamento. Na cessão de crédito a cedência independe


de pagamento.

Diferença formal: na sub-rogação o devedor não precisa ser notificado. Já na cessão a


notificação do devedor é indispensável.

Sub-rogação natureza extintiva porque é uma forma de pagamento. Enquanto que a


Cessão tem natureza constitutiva, ela cria uma nova relação jurídica.

Há dois tipos de Cessão: pró-soluto e pró-solvendo.


- “Pro soluto”: o credor transfere os direitos a terceiro e sai da relação jurídica, ou seja, os
riscos do negócio são do cessionário.
- “Pro solvendo”: o cedente permanece atrelado a obrigação, assumindo os riscos com o
cessionário.

▪ Novação:
Há um duplo efeito: extintivo em relação a obrigação originária e constitutivo com
relação a obrigação nova.
Precisa-se de dois elementos: animus + novo (elemento)
O elemento novo pode ser: objeto, credor e o devedor. Se o elemento novo for o
objeto: novação objetiva. Se for o credor: novação subjetiva ativa. Se for o devedor: novação
subjetiva passiva. Previsão no art. 36036, CC.

▪ Remissão:
Remissão é o mesmo que perdão.

35 Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.
36 Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
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Remissão: Renúncia:
- para negócios jurídicos bilaterais; - para negócios jurídicos unilaterais, porque é
- depende de aceite (o devedor tem que de direitos;
aceitar); - não depende de aceite;
- pode ser expressa ou tácita. - somente pode ser expressa.

Os dois institutos são considerados irretratáveis.

O art. 38737, CC, refere que a renuncia a garantia não significa perdão da divida.
Previsão nos artigos. 38638 e 38539 do CC.

▪ Transação – é um acordo. Art. 84040, CC.

▪ Compromisso – vincula com a lei de mediação e arbitragem. Art. 85141, CC.

37 Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.

38 Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-
obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
39 Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

40 Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.

41 Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar.

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