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Revista Brasileira de Fisica, Vol.

11, nP 3, 1981

Cálculo de Radiação lnfravermelha na Atmosfera


por um método Numérico*

G. S. S. NUNES e Y. VISWANADHAM
Instituto de Pesquisas Espaciais/CNPq, São Jos6 dos Campos, SP

Recebido em 18 de Agosto de 1 9 i i

A numerical method i s described f o r t h e c a l c u l a t i o n s o f t h e a t -


m s p h e r i c i n f r a r e d f l u x and r a d i a t i v e cóol i n g r a t e i n t h e a t m s p h e r e . It
i s s u i t a b l e f o r use a t a11 l e v e l s below lower s t r a t o s p h e r e . The square
r o o t pressure c o r r e c t i o n f a c t o r i s i n c o r p o r a t e d i n t h e computation o f t h e
c o r r e c t e d o p t i c a l depth. The water vapour f l u x e m i s s i v i t y data o f s t a l e y
and J u r i c a a r e used i n t h e model. The v e r s a t i l i t y o f t h e computing scheme
sugests t h a t t h i s method i s adequate t o eva.luate i n f r a r e d f l u x and flux
divergence i n t h e problems i n v o l v i n g a l a r g e amount o f atmospheric data.

Este t r a b a l h o apresenta um método num& i c o destinado ao c ã l c u l o


do f l u x o infravermelho e da taxa de r e s f r i a m e n t o r a d i a t i v o na atmosfera, a
ser u t i 1 izado em todos os n i v e i s abaixo da baixa e s t r a t o s f e r a . Foi i n c o r -
porado o f a t o r de correção ( r a Í z quadrada) ã pressão, nos c ã l c u l o s de pro-
fundidade ó t i c a c o r r i g i d a . Os dados da emissividade de f l u x o do vapor d ' -
água u t i l i z a d o s , foram aqueles o b t i d o s por S t a l e y e J u r i c a . A versatili-
dade do esquema de computação sugere que e s t e método será de grande uti-
l i d a d e para c a l c u l a r o f l u x o e a d i v e r g ê n c i a do f l u x o i n f r a v e r m e l h o , p r i n -
cipalmente, em problemas que envolvem uma quantidade m u i t o grande de da-
dos atmosféricos .

* Este t r a b a l h o f o i parcialmente subvencionado p e l o Fundo Nacional de De-


senvol vimento C i e n t í f i c o e Tecnolõgico - FNDCT a t r a v é s do convênio F INEP-
-271 -CT.
1. INTRODUÇAO

A radiação s o l a r 6 a p r i n c i p a l f o n t e de energia do sistema t e r -


ra- atmosfera. Em comparação com a energia s o l a r , as energias de origem
t e r r e s t r e e as provenientes de o u t r o s corpos c e l e s t i a i s são i n s i g n i f ican-
t e s . A radiação s o l a r absorvida pela s u p e r f i c i e da t e r r a e p e l a atmosfera

é, i n i c i a l m e n t e , c o n v e r t i d a em energia i n t e r n a , passando depois 5 energia


p o t e n c i a l e c i n é t i c a . Portanto, a energia e n v o l v i d a nos movimentos da a t -
mosfera e oceanos, é, a longo prazo, i n i n t e r r u p t a m e n t e derivada da r a d i a -
ção s o l a r . Acrescenta-se, ainda, que a radiação e m i t i d a p e l o sistema t e r -
ra- atmosfera para o espaço e x t e r i o r , em um longo período de tempo, está
em balanço com a radiação absorvida p e l o sistema. Essa energia se d i s t r i -
b u i e n t r e os processos dinãmicos e r a d i o a t i v o s e parcialmente r e t o r n a ao
espaço sob a forma de energia r a d i a n t e .

Dado que os compr imentos de onda da radiação e m i t i d a são função


O
da temperatura do corpo emissor, a a \ t a temperatura do s o l (6000 K) faz
com que a radiação s o l a r s e j a predominantemente const i t u i d a por compr i -
mentos de ondas c u r t o s (c4 um). Por o u t r o lado, as temperaturas das nu-
vens, da s u p e r f í c i e da Terra e da atmosfera, não d i f e r i n d o m u i t o de 300
o
K, colocam a radiação t e r r e s t r e d e n t r o da r e g i ã o de ondas longas (>4 um)
do espectro, p r i n c i p a l m e n t e . Por essa razão, a radiação s o l a r e t e r r e s t r e
são, por conveniência, t r a t a d a s separadamente.

Em média, a radiação s o l a r recebida . p e l o sistema t e r r a atmosfe-


r a é máxima na r e g i ã o e q u a t o r i a l e decresce no s e n t i d o dos polos, resul-
tando em excesso de radiação absorvida nas l a t i t u d e s baixas e escassez
nas l a t i t u d e s a l t a s . Portanto, pode-se d i z e r grosseiramente que as re-
giões de baixas l a t i t u d e s constituem uma f o n t e de energia, enquanto as de
l a t i t u d e s a l t a s , um sumidouro. A d i s t r i b u i ç ã o v e r t i c a l de radiação também
mostra uma f o n t e de energia nas proximidades da s u p e r f í c i e da Terra, e um
sumidouro nos a1 tos n i v e i s da atmosfera, s i tuação essa que s a t i s f a z a con-
dição para a operação de uma máquina térmica. A d i s t r i b u i ç ã o e magnitude
dessas f o n t e s e sumidouros de energia variam consideravelmente no tempo e
no espaço e introduzem, como consequência, modificações nos movimentos a t -
mosféricos e na d i s t r i b u i ç ã o de temperatura, nebulosidade, e t c .

Segundo ~ o o d ~( 1 '964),
~ i dealmente, todas as profundidades da
atmosfera poderiam ser p r e v i s t a s a p a r t i r de modelos f í s i c o s , s u j e i t o s a
condições de contorno de um dado f 1uxo de radiação.

, V á r i o s estudos têm s i d o efetuados, visando a incorporação dos


processos rad i a t i v o s nos modelos da atmosfera ( ~ m a ~ o r i n s ke youtros29, 1965;
Manabe e outros'g, 1965; asam mo ri^*, 1968; ~ a n a r d ' , 1969).

Os processos de t r a n s f e r ê n c i a de energia r a d i a n t e na atmosfera


têm s i d o estudados por v á r i o s autores. Uma abordagem de d i v e r s a s t é c n i c a s
de tratamento da t r a n s f e r ê n c i a de energia r a d i a n t e é apresentada no tra-
bal ho de B r ~ l n t(1
~ 941) . Contudo, v á r i o s d e t a l h e s desses processos ainda
não foram compl etamente e s c l a r e c i d o s . Goody15 (1 964) apresenta uma des-
c r i ç ã o detalhada de v á r i o s t r a b a l h o s sobre processos de t r a n s f e r ê n c i a de
radiação na atmosfera. Nesta descrição, pode-se c o n s t a t a r um grande pro-
cesso em v á r i o s aspectos do problema.

Diversos métodos têm s i d o propostos para a determinação dos


fluxos de radia ç ão na atmosfera. ~ n g s t r o m l (191 5 ) , 6 r u n t 4 (19321, Ro-
b i t z c h Z 5 (1 926) e o u t r o s , desenvolveram fórmulas empíri cas que permitem
estimar o f l u x o de radiação t e r r e s t r e , u t i l i z a n d o medidas de temperaturae
pressão de vapor d'água. Procedimentos que u t i 1i zam diagramas fbram suge-
z
r i d o s p o r Mugge e Mo1 l e r 0 ( l 9 3 2 ) , ~ l s a s s e r l( ~
l 9 4 2 ) , Yamamoto e 0 n i s h i 3 5
(1 953) e outros'. Métodos t a b u l a r e s foram também desenvolvidos por Brui -
nenber g 6
(1946), Brooks2 (1 950) e E1sasser e ~ ubertson13
l (1 960) . Do lado
experimental, sistemas de medidas d i r e t a s de radiação foram desenvolvidos
por Gergen14 (1956), Suomi e ~ u h (1958),
n ~ ~ Kuhn e ~ u o m i " (19651, Sta-
l e y 3 0 (1 965) e o u t r o s . Esses instrumentos são basicamente c o n s t i t u í d o s de
um d e t e c t o r de radiação infravermelha, acoplado a um transmissor seme-
l h a n t e ao de radiossonda convencional. Todos esses métodos de medidas de
f l u x o s de radiação nas camadas s u p e r i o r e s da atmosfera fornecem bons re-
sultados, mas consomem m u i t o tempo, p r i n c i p a l m e n t e quando d i v e r s o s n í v e i s
são ana l i sados .
Um método de integração numérica da Equação de ~ r a n s f e r ê n c i a R a -
d i a t i v a , que apresenta um a l t o grau de precisão, f o i proposto por Rodgers
e walshaw2= (1966). Sua a p l icação, porém, é d i r i g i d a especialmente para
a l t i t u d e s elevadas.

As d i f i c u l d a d e s e n v o l v i d a s no c á l c u l o satisfatoriamente exato
da r a d i a ç ã o na atmosfera foram apontadas p o r P l a s s e ~ a r n e r ~ " " ( 1 9 5 2 a , b ) .
Um dos grandes problemas do c ~ l c u l ode t r a n s f e r ê n c i a de r a d i a ç ã o na at-
mosfera r e s i d e na d i f i c u l d a d e de se obterem dados s u f i c i e n t e m e n t e atura-

dos p a r a e f e t u a r c s c á l c u l o s . Problemas a d i c i o n a i s surgem p o r v á r i a s r a -


l g 8 (1950) mostrou que a ~ r e s s ã oe a t e m p e r a t u r a
zões: ~ o wi n exercem uma
i n f l u ê n c i a s i c j n i f i c a t i v a na absorção e emissão da r a d i a ç ã o ; ~ l s a s s e r ' ~
( 1 942) e ~ o d ~ e r s(1' 967)
~ mostram que a t r a n s m i s s i v i d a d e e emissividade
dependem s i g n i f icamente da ~ r e s s ã o , da t e m p e r a t u r a , do comprimento da on-
da e do meio a b s o r v e n t e . A c r e s c e n t e que, embora o v a p o r d'água seja o
p r i n c i p a l a b s o r v e n t e de r a d i a ç ã o t e r r e s t r e em determinados i n t e r v a l o s do
e s p e c t r o , o u t r o s componentes a t m o s f ê r i cos t a i s como d i õ x i d o de carbono e
o z ô n i o também são i m p o r t a n t e s . Um o u t r o o b s t ã c u l o é d e c o r r e n t e da comple-
x i d a d e do e s p e c t r o dos gases que compõem a a t m o s f e r a . Os m o d e l o s d e t r a n s -
f e r ê n c i a de r a d i a ç ã o i n f ravermel ha a t é agora e l a b o r a d o s baseiam-se em e s -
p e c i f icaçÕes demasiadamente s impl i f i c a d a s p a r a a t r a n s m i s s ã o nas d i f e r e n -
t e s r e g i õ e s e s p e c t r a i s e, p o r i sso, p r o p r i e d a d e s r a d i a t i v a s importantes po-
dem s e r superestimadas ou d i s t o r c i d a s . Por c u t r o l a d o , se o modelo for
mais s o f i s t i c a d o não poderá s e r a p l i c a d o numa r o t i n a que e n v o l v a uma g r a n -
de q u a n t i d a d e de dados. Em g e r a l , a complexidade de um modelo e s t á r e l a -
c i o n a d a com a r e s o l u ç ã o dos dados termodinâmicos da a t m o s f e r a que são u t i -
1 i zados .

Tendo em v i s t a sua s i m p i i c i d a d e e v e r s a t i 1 idade, espera- se que


e s t e método s e j a de grande u t i l i d a d e , p r i n c i p a l m e n t e em problemas que en-
volvem uma grande massa d e dados termodinâmicos da a t m o s f e r a .

O p r e s e n t e método de cá1 c u l o da t r a n s f e r ê n c i a r a d i a t i va b a s e i a -
- se nas l e i s fundamentais da r a d i a ç ã o , as q u a i s f o r a m p a r t i c u l a r i z a d a s pa-
r a serem u t i 1i z a d a s na a t m o s f e r a t e r r e s t r e . A s e g u i r , s e r á apresentada de
forma s u c i n t a , a d e r i v a ç ã o das equações usadas nos c ã l c u l o s dos f l u x o s de
r a d i a ç ã o i n f r a v e r m e l h a d e v i d o aos e f e i t o s do vapor d'água na a t m o s f e r a .
2.1. Fluxo de Radiação

Na elaboração do presente método foram consideradas as seguin-


t e s supos i çÕes :

a) uma atmosfera e s t r a t i f i c a d a plana p a r a l e l a ;

b) UM função f o n t e de radiação (J) i s o t r ó p i c a , em uma atmosfe-


r a homogênea;

c ) o c o e f i c i e n t e de absorção e a temperatura são furi5Ões somen-


t e da coordenada v e r t i c a l ( z ) .

U t i l i z a n d o as l e i s básicas e as suposições acima, pode-se o b t e r


a s e g u i n t e expressão para a equação da t r a n s f e r ê n c i a de radiação monocro-
mát i c a na atmosfera, tambkm conhecida como equação de Schwarzsch i 1d (veja
~ o o d ~ '1964):
~ ,

onde :

IA - i n t e n s i d a d e monocromát ca da radiação,

KA - c o e f i c i e n t e monocramát co de absorçaa de radiação,

X - comprimento de onda,

dç - t r a j e t ó r i a de absorção p e r c o r r i d a p e l a radiação,

p ,- densidade do gás na camada ,


JA - função f o n t e para o comprimento de onda "A".

De acordo com chandrasekhar7 (1960), a função f o n t e 6 definida


como a razão e n t r e os c o e f i c i e n t e s de emissão e absorção.

A função f o n t e depende dos n í v e i s de energia, populados por co-


l isões de m o l r ~ c u l a s , na atmosfera. Se o tempo de relaxa ç ão das moléculas
é mui t o menor que o tempo de v i d a n a t u r a l do p r i m e i r o estado de e x c i t a ç ã o
da molécula, a f requência de t r a n s i ç õ e s , causadas p o r c01 i sões, gra~de-
mente excede àquelas provocadas p o r processos r a d i a t i v o s , estabelecendo-
-se o equi 1 í b r i o termodinâmico. Sob essas c i rcunstâncias, pode-se c o n s i -
d e r a r que a função f o n t e é i g u a l ã função de Planck ( I ~ ~ ) . Esta é a - mais
importante implicação da l e i de K i r c h h o f f . Acima da a l t a e s t r a t o s f e r a e-
x i s t e um número m u i t o pequeno de moléculas de vapor d'água. Para a atmos-
f e r a t e r r e s t r e a l e i de K i r c h h o f f é v á l i d a a t é aproximadamente 5 0 Km,con-
sequentemente é a p l i c á v e l para todos os n í v e i s onde o vapor d'água é im-
portante.

A equação (2.1 ) pode, então, s e r e s c r i t a na seguinte forma apro-


ximada e adequada à a p l i c a ç ã o em problemas na atmosfera:

onde :

-
I ~ ~ ( T )intensidade monocromática de emissão de um corpo negro.

'por conveniência "ds", na equação (2.1 ) , é expresso em termos


da profundidade ó t i c a "du" , OU seja:

ds = sec 0du (2.3)

onde :

8 - ângulo z e n i t e , e

du - é o elemento de massa de m a t e r i a l absorvente, por centíme-


t r o quadradp na coluna v e r t i c a l a t r a v é s da' camada, também
conhecido como " profundidade Õ t ica".

A equação (2.2) pode então ser e s c r i t a na forma:

dIX = -KA { I X - I A b ( T ) 1 sec 0 du

A absorção de radiação p e l o vapor d'água na atmosfera; influen-


ciada p e l a s variações nas l a r g u r a s das l i n h a s de absorção. Os f a t o r e s m a i s
importantes, que afetam a meia- largura (a) das l i n h a s de absorção, são:

a) e f e i t o de alargamento devido 2 pressão, ou e f e i t o de Lorentz;

b) e f e i t o de alargamento de Doppler.

0.e f e i t o de alargamento de Doppler é provocado pelo movimento


das moléculas r a d i a n t e s , que se aproximam ou se afastam do observador. Se-
gundo ~ood~'"1964), esse e f e i t o pode ser desprezado na t r o p o s f e r a .

O e f e i t o de alargamento da pressão, ou e f e i t o de Lorentz, é cau-


sado pelos impactos que as molêculas r a d i a n t e s sofrem devido a c01 isões
com o u t r a s molêculas. Consequentemente, o parâmetro ê proporcional E -

número de impactos. Da t e o r i a c i n ê t i c a dos gases, tem-se que o nümero de


impactos é p r o p o r c i o n a l ã pressão e inversamente p r o p o r c i o n a l ã r a i z qua-
drada da temperatura a b s o l u t a . Logo, o parâmetro "a" pode ser dado em
função das condições de pressão e temperatura padrões, ou s e j a :

onde :

P
P
- v a l o r da pressão a t m o s f é r i c a padrão (P
P
= 1013,25 mb)

T
P
- v a l o r da temperatura padrão (2'
P
= 273, 16 OK)

a - v a l o r de a sob as condições padrões de pressão e tempera-


P
tura.

As variações de temperatura na atmosfera são c o n s i d e r a v e l m e n t e


menores que as variações de pressão;por i s s o , o termo envolvendo a raiz
quadrada da temperatura ê aproximadamente i g u a l à unidade. Logo a expres-
são (2.6) torna- se:

Segundo Cowl i n g 8 (1950), a correção l i n e a r de "aI1 na equação


(2.6) ê questionável . I n f e l izmente não e x i s t e nenhuma e s t i m a t i v a precisa
de e r r o s , além daquelas baseadas na comparação dos r e s u l t a d o s de c á l c u l o s
de f l u x o s u t i l izando os f a t o r e s de correção (P/P e (P/P ) ' I 2 . De acor-
P P
do com ~ o u ~ h t o n(1954),
'~ o uso de uma correção 1 i n e a r causa uma d i f e r e n -
ça de cerca de t r ê s por cento na computação do f l u x o de radiação líquido
no topo da atmosfera. Ao invés de se usar n = 1 , 6 usado neste t r a b a l h o a
correção devido a ~ l s a s s e r " (1942),
'i n
(p) com n = 1t 2 .
P

, De acordo com o modelo de ~ l s a s s e r ' (1942),


~ o coeficiente ge-
n e r a l izado de absorção I R A I é d e f i n i d o por

onde :

r - i n t e n s i d a d e da 1 inha de absorção, e
d - d i s t â n c i a e n t r e as l i n h a s de absorção.

Subst i t u indo a equação (2.7) em (2.5) , tem-se :

onde R é o v a l o r do c o e f i c i e n t e generalizado de absorção sob as condi-


hP
ções padrões de pressão e temperatura.

A profundidade Ô t i c a (u*) de uma camada de espessura Ap pode ser


expressa p e l a relação:

1000 -
Au* = -
$7
s 4J (2.9)

onde :

g - aceleração devido ã gravidade, e


- umidade e s p e c i f i c a média da camada Ap.

Da equação (2.8) , pode-se o b t e r a s e g u i n t e expressão para o p r o -


duto Rhp.u:

L'-
R Au* = (Rhp AU* = RAp AU
A.
P
onde :

Combi nando as equações (2.9) e (2.10), obtém-se a s e g u i n t e ex-


pressão para a p r o f u n d i d a d e õ t i c a c o r r i g i d a , u t i l i z a n d o neste trabalho,
para a i - é s i m a camada:

A t r a n s m i s s i v i d a d e de i n t e n s i d a d e para radiação monocromâtica é definida


como:

As medidas de absorção f e i t a s em l a b o r a t ó r i o s geralmente 1 i-


dam com um absorvente de cada vez, embora h a j a i n t & r v a l o s em que as ban-
das de absorção dos d i f e r e n t e s gases se sobrepõem. Mas, segundo Davis 'O

(1963), os c o e f i c i e n t e s de absorção podem s e r considerados independentes,


i s t o é:

Kh = ( K h ' ~ ~ 0(K~)co~
+
(2.13)

A t r a n s m i s s i v i d a d e para os i n t e r v a l o s , onde as bandas d e absor-


ção de d o i s absorventes se sobrepõem, pode ser dada p o r :

u, e u, são as profundidades Ó t i c a s para o vapor d'água e n t r e os n í -


v e i s z i e z 2 respectivamente,

u; e u; são as profundidades Ó t i c a s para o d i ó x i d o de carbono, para


os mesmos n í v e i s .

Na b a i x a t r o p o s f e r a , as p r i n c i p a i s substâncias absorventes da
rad iação i n f ravermel ha são o vapor d 'água e o d i ó x i d o de carbono e segundo
~ l s a s s e r ' (1942),
~ pode-se a d m i t i r que o d i õ x i d o de carbono absorve e, e-
m i t e completamente, na banda de 15 um. Porêm a c o n t r i b u i ç ã o do d i õ x i d o de
carbono não será considerada n e s t e modelo.

A emissividade de intensidade IE~(U,T) I, para uma coluna iso-


térmica de um gás i r r a d i a n t e , é d e f i n i d a como a razão e n t r e a radiação t o -
t a l e m i t i d a pela coluna e a radiação t o t a l e m i t i d a por um corpo negro ã
temperatura da coluna, ou s e j a :

ocde o é a constante de Stefan-BOI tzmann para f l u x o .

A emissividade de f l u x o IEf ( u , ~ )1 de uma coluna, para todos os


comprimentos de onda, é d e f i n i d a como a razão do f l u x o e m i t i d o pela c o l u -
na e o f l u x o t o t a l e q i t i d o p e l o corpo negro, temperatura da coluna; as-
sim:

A transinissividade de f l u x o (u,TJ, de uma coluna é definida


'
de forma anãloga ã emissividade de f l u x o e pode ser expressa p e l a r e l a ç ã o

p z 1
- K~
T
f
(u,T) = 2

que pode ser reduzida para


io sen 0 cos 8 exp
I, secB du de (2.17)

onde:

H (2) =
n i, e-xS d5 é conhecida como função de Gold de o r -
dem n , c u j o s v a l o r e s para diferentes
K u foram calculados por Elsasser (1942).
A

Derivando a expressão (2.181, com r e s p e i t o 5 profundidade Ó t i c a


e convertendo a função de Gold de t e r c e i r a ordem para o u t r a de segunda
ordem, obtém-se;

Para a derivação das expressões dos f l u x o s de radiação, em um


n í v e l de r e f e r ê n c i a , vamos c o n s i d e r a r as seguintes condições de contorno:
a a s u p e r f í c i e da t e r r a , à temperatura I1Ts I', erni t e como um
corpo negro, assim:

b) no topo da atmosfera, a radiação i n f ravermel ha descendente


do espaço e x t e r i o r 6 n u l a , ou s e j a :

I+=O para (2.21)


U=Uf

A procedência da radiação é indicada p e l a o r i e n t a ç ã o das setas.

Usando as condições de contorno c i t a d a s a n t e r i o r m e n t e , e, con-


siderando que a r a d i a ç ã b será atenuada de acordo com a L e i de Beer, po-
deremos i n t e g r a r a equação (2.4) com r e l a ç ã o aos ângulos zeni t e e azimute,
ao comprimento de onda e i profundidade Õ t i c a , obtendo as seguintes ex-
pressões para os f l u x o s de radiação F(u) rece6idos em um n í v e l de r e f e r ê n -
c'ia :

onde:
ut e ur referem-se à profundidade õ t i c a no topo da atmosfera e
no n í v e l de r e f e r ê n c i a respectivamente, sendo a p r o f u n -
didade Õ t i c a na s u p e r f í c i e da t e r r a "us" i g u a l a infi-
to.

Das equações (2.22) e (2.23) acima, v e r i f i c a - s e que a radiação


i n f ravermel ha, que chega a um n í v e l da atmosfera, ou s e j a em um " n í v e l de
referência" , depende da absorção e emissão de radiação nas v á r i a s camadas
da atmosfera.

Uma i l u s t r a ç ã o da forma segundo a qual um elemento de p r o f u n d i -


dade õ t i c a "du" , com um ângulo z e n i t e "8", c o n t r i b u i para o f l u x o de ra-
diação dF(u,B), em um n í v e l de r e f e r ê n c i a s , è apresentada na Figura 2.1.
P 4 TOPO DA ATMOSFERA
= ' t

Fig.2.1 - C o n t r i b u i ç ã o de um elemento de profundidade ó t i c a


u &o com um ângulo z e n i t e "8" para o f l u x o de radiagão

" d F ~ U , 8 ~no" n i v e l de r e f e r ê n c i a " z ".


Usando a equação (2.15) e (2.16) e considerando uma camada i so-
térmica, pode-se escrever a seguinte expressão para a derivada de
f (u,~)
E

com relação a u:

Combinando as equações (2.22), (2.23) e (2.24), tem-se:

Estas são as expressões, convertidas em diferenças finitas, po-


dem ser util izadas para os cálculos dos fluxos de radiação infravermelha.
3. CALCULO DA TAXA DE VARIAÇAO LOCAL
DE TEMPERATURA

Os mêtodos usados para o c á l c u l o da taxa de var iação l o c a l de


temperatura (TVLT) , devido aos e f e i t o s da radiação i n f ravermelha na at-
mosfera, são, normalmente, baseados em versões s impl i f icadas do espectro
do vapor d'água e destinam-se ao c á l c u l o desse parâmetro em camadasda a t -
mosfera. Com o o b j e t i v o de e v i t a r suposiçÓes simpl i f icadoras da natureza
do vapor d'água, resolveu- se desenvoi\rer, neste t r a b a l h o , um método basea-
do no método t a b u l a r de ~ r o o k s(lyÇO),
~ o qual apresenta também a vanta-
gem de f o r n e c e r indicações da TVLT em cada n i v e l desejado.

Derivando a equação (2.251, com r e l a ç ã o 2 profundidade ó t i c a e


à temperatura, e supondo que emiss i v i d a d e não depende da temperatura , ob-
tém-se a s e g u i n t e expressão:

O f l u x o 1 i q u i d o descendente ( F L D ) , a t r a v é s do topo e da base de


uma camada I1Aip", mostrado na F i g u r a 3.1 , pode ser expresso p o r :
Bruinenberg (1946), demonstrou que o segundo termo d i r e i ta,
da equação acima, pode ser aproximado para

onde
a F+, a
- au
é o valor de - F~+
au
c a l c u l a d o no topo da atmosfera, ou seja,
no l i m i t e s u p e r i o r da s u b s t â n c i a r a d i a n -
te.

Para pequenas variações de temperatura e n t r e o topo e a base da


camada A . P , a equação (3,2) pode ser e s c r i t a como:
Z

O f l u x o 1 i q u i d o ascendente FLA a t r a v è s da base e do topo da ca-


mada AiP , pode ser derivado de forma análoga ao f l u x o l i q u i d o descenden-
t e e é expresso por:

A superf i c i e da t e r r a è suposta ser um corpo negro, portanto,


pode ser t r a t a d a como uma camada de espessura i n f i n i t a (uszw) de vapor
d'água a uma temperatura uniforme.

. A N L T devido à d i v e r g ê n c i a dos f 1uxos das equações ( 3 . 4 ) e(3.5)


pode, então ser e s c r i t a como:

onde:

C
P
- c a l o r e s p e c í f i c o a pressão constante
4 - umidade e s p e c í f i c a do a r , que a q u i é expressa em grama
/grama

T(u$), T(up) e T(us) - referem- se à temperatura no 1 i m i t e supe-


r i o r da substância r a d i a n t e , no n i v e l de r e f e r ê n c i a e
na s u p e r f í c i e da T e r r a , respectivamente.

S u b s t i t u i n d o as equações (2.3) e (3.1) na expressão (3.6) aci-


ma, obtém-se:

Esta expressão, c o n v e r t i d a em d i f e r e n ç a s f i n i tas, pode ser uti-


1 izada no c á l c u l o da taxa de v a r i a ç ã o l o c a l de temperatura.

4. EMISSIVIDADE DO VAPOR D'AGUA

Neste c a p í t u l o , serão t r a t a d o s os d e t a l h e s da d e t e r m i n a ç ã o da
emissividade de f l u x o de radiação do vapor d'água e de suas a p l icações
nos c á l c u l o s de radiação. A emissividade de f l u x o t e m sido amplamente
usada por v á r i o s autores nos c á l c u l o s dos FRI e WLT na atmosfera.

A emissividade de f l u x o não é somente função da prcfundidade Õ-


t i c a , mas tiimbém depende da pressão e da temperatura. Mas, uma vez que a
pressão e a temperatura aparecem como produto na expressão do c o e f i c i e n t e
de absorção de um gás, os seus e f e i t o s podem ser i n t r o d u z i d o s na p r o f u n -
didade ó t i c a .

Devido à extrema complexidade das equações que expressam a


t r a n s f e r ê n c i a r a d i a t i v a , nas bandas moleculares, a emissividade de fluxo
do vapor d'ãgua s e r á aproximada p e l a r e l a ç ã o :

A equação ( 4 . i ) pode a i n d a s e r expressa em termos de t r a n s m i s -


s i v i dade, analogamente' 5 equação (2.24) :

Segundo ama moto^' (1952), o termo /1 - /


E ~ ( u ) ê um v a l o r mêdio
ponderado de T ~ com
, I Xb(T) atuando como função peso, enquanto que, no
caso de T .(L>) , - a função peso 6 d I U ( T ) / d T . Jã ~ o b i n s o n ~ ~ "(1* 947, 1950 )
e Deaconl' ;1950) consideram que r é independente da t e m p e r a t u r a mas,
f
mesmo com e s t a suposição, 11 - Ef I não pode s e r c o n s i d e r a d o i g u a l
a Tf.
E n t r e t a n t o , o s e r r o s a d v i n d o s d e s t a aproximação são b a s t a n t e pequenos.
2
Brooks (1950) usou os dados da e m i s s i v i d a d e de f l u x o na c o n s t r u ç ã o de
suas t a b e l a s sem c o n s i d e r a r as d i s t i n ç õ e s acima. Zdunkowski e ~ohnson~~
( 1 965) e o u t r o s tambêm c o n s i d e r a r a m a i gua 1dade de -cf com 1 1 - cfl

A m a i o r absorção p a r c i a l de vapor d'ãgua e s t á associada com a


banda de r o t a ç ã o , absorção e s t a que aumenta c o n s i d e r a v e l m e n t e com o de-
c1 i n i o da t e m p e r a t u r a , enquanto que a emi s s i v i dade p a r c i a l , a s s o c i a d a 2s
bandas de absorção c e n t r a d a s em 6,3 vm e na j a n e l a , ê menor e descreste
com o d e c l i n i o de t e m p e r a t u r a s ( v e j a a Tabela 1 de ~ t a l e ~~uer i c a ~ ~ ( 1 9 7 0 ) ) .
Pode-se n o t a r , p e r f e i t a m e n t e , a pequena i n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a , espe-
O O
c i a l m e n t e no i n t e r v a l o de .-40 C a 20 C. Co~sequentemente, pode-se c o n s i -
d e r a r a émi ss i v i d a d e como i nuependente da t e m p e r a t u r a nessas t r ê s r e g i õ e s
do e s p e c t r o . ama moto^^ (1952) tambem j u l g o u que essa dependência era bas-
t a n t e pequena p a r a t e m p e r a t u r a s normalmente encontradas na t r o p o s f e r a . T o -
d a v i a , a e m i s s i v i d a d e t o t a l de f l u x o v a r i a c o n s i d e r a v e l m e n t e com a pro-
f u n d i d a d e ó t i c a , p a r a v a l o r e s de u m a i o r e s que 1 g/cm2, d e v i d o à emissão
na j a n e l a ( v e r F i g u r a 4.1).

Não e x i s t e m medidas de e m i s s l v i d a d e , obtidas em laboratórios,


p a r a grandes v a l o r e s de p r o f u n d i d a d e ó t i c a . E n t r e t a n t o , Brooks ( I 941 )
e ~ o b i n s o n(1947)
~~ o b t i v e r a m c u r v a s de e m i s s i v i d a d e v e r s u s profundidade
Ó t i c a a t r a v é s de,observaçÕes da r a d i a ç ã o descendente na a t m o s f e r a . Neste
caso, o meio absorvente era formado p e l a m i s t u r a de vapor d'água e d i ó x i -
do de carbono. Esses r e s u l t a d o s , e n t r e t a n t o , são ainda i n c e r t o s para al-
tos v a l o r e s de profundidade õt i c a , para os q u a i s a absorção no intervalo
r e l a t i v a m e n t e t r a n s p a r e n t e de 8 a 13 um é importante.

Pequenos v a l o r e s de profundidade ó t i c a são importantes somente


quando se calculam f l u x o s descendentes na a l t a t r o p o s f e r a e na e s t r a t o s -
fera, p o i s esses v a l o r e s estão associados a uma pressão s u f i c i e n t e m e n -
t e baixa para produzi r uma f o r t e absorção nos c e n t r o s das l inhas. E por
e s t a razão que a emi s s i v i d a d e 6 expressa proporcionalmente a " ( u ) em
dez de "u", para pequenos v a l o r e s de "u", ( ~ o o d ~(1964)).
' ~

Nos c á l c u l o s da t r a j e t ó r l ; absorção reduzida, r e a l i z a d o s por


~ o b i n s o n( ~
l 9~4 7 ) , f o i a p l i c a d a a correção para a pressão, devido a El-
sasser, a qual causa urna superest imação dessa t r a j e t õ r i a . Segundo ~ o o d ~ ' ~
(1964), 6 d i f í c i l determinar a p r e c i s ã o d e s t e t i p o de escala. Entretanto,

--- D.O. STALEY E M.G. JURICA

MELHOR AJUSTE DE F.A. BROOKS E


G.D. ROBINSCN

. .......... EXTRAPOLADO DOS DADOS DE F.A.


BROOKS E G.D. ROBINSON

Fig.4.1 - Emissividade t o t a l de f l u x o ao vapor d'água em função da pro-


fundidade ó t i c a .
a diferença ê tão pequena que pode-se dizer que a emissividade de fluxo
calculada concorda aproximadamente com as observações de Robinson.

Os erros associados ãs correções de pressão são pequenos quando


a pressão do nivel de referência ê próxima ao nivel de pressão padrão
(1 000 mb), e grandes para valores baixos de pressão. Na baixa troposfera,
os erros nos cálculos de fluxo associados 5s correções de pressão, prova-
velniente, não são maiores que aqueles devidos a imprecisoes nas medidas
dos dados básicos de absorção.

Segundo Robi n ~ o "'


n ~(1947,1950)
~ e ~ u h n ' ~(1963), para evitar
maiores erros na determinação dos fluxos, 6 mais $onveniente usar a emis-
sividade de fluxo derivada de medidas feitas na atmosfera, do que aquela
derivada de dados de transmissão obtidos em laboratório. Contudo, os mé-
todos para medidas de fluxo e de umidade, especialmente aqueles que se u-
ti l izam de balões, são demasiadamente inexatos. Assim sendo, não 6 possí-
vel distinguir entre os erros das medidas e os erros introduzidos por a-
proximações na emissividade de fluxo. No presente trabalho, foram utili-
zados os dados de emissividade de fluxo de vapor d'água pu b l i cados por
Brooks2 (1950) e Staley e ~urica~'
(1970).

Os valores da emissividade de fluxo, publicados por Brooks


(1950) e mostrados na Tabela 4.1, foram baseados parcialmente em medidas
de laboratório, e suplementados por dados obtidos em medidasdofluxo des-
cendente 5 superf icie da terra. Recentemente, Staley e Jurica3' (1970) pu-
blicaram uma tabela com dados de emissividade total de fluxo do vapor d'
ãgua. Esses resul tados, também apresentados na Tabela 4.1 , foram obtidos
usando os mesmos comprimentos de onda, dependência de temperatura, coefi-
ciente generalizado de absorção e transmissividade de fluxo estabelecidos
por Elsasser. A pequena discrepãncia nos valores obtidos por BrookseSta-
ley e Jurica, provavelmente ê devida às seguintes causas:

a) diferenças nos limites dos números de ondas;

b) diferenças de exatidão dos dados de absorção, os quai s foram


extra idos de d i ferentes fontes.

As medições de de Staley e Jurica3' ( 1 970) apresentam u m me-


J

lhor resolução na dependência de E com a profundidade Ótica (vide Figura


f
4.1) do que as o b t i d a s anteriormente por Brooks e Robinson. I s t o f a c i 1 i-
t a r ã a l o c a l i z a ç ã o das discrepâncias nos dados básicos de absorção e seu
tratamento p o s t e r i o r u t i 1 izando o u t r o s métodos de c á l c u l o s .

Os dados de ernissiuidade de f l u x o , apresentados na Tabela 4.1 ,


podem ser usados na integração da equação da t r a n s f e r a c i a para e f e t u a r o s
c á l c u l o s dos f l u x o s de radiação e taxa de v a r i a ç ã o l o c a l de temperatura.

TABELA 4.1

-EMISC IVIDADE TOTAL DE FLUXO PARA VAPOR D1fiGUA (POR

P. 6TICA EMISSIVIDADE (%)

BROOKS STALEY
u(g.cm-') LOG,, (u) ROB I NSON JUR I CA

* dados i n t e r p o l a d o s ou extrapolados
5. CALCULO DOS PARAMETROSAUXILIARES

Vários parâmetros a u x i 1 i a r e s são u t i 1 izados nos c ã l c ul o s d o s f l u -


xos de radiação i nf ravermel ha ( F R I ) e da taxa de v a r i a ç ã o l o c a 1 de tempe-
ra t u r a (TVLT) .
a) parâmetros t e r m d inãmicos derivados de dados c o 1 e t a d o s por
radiossonda ;

b) derivada da emissividade de f l u x o , com r e l a ç ã o profundida-


de Ó t i c a .

5.1. CBlculo dos parametros termodin8micos derivados

-
Os c ã l c u l o s dos FRI e TVLT exigem o conhecimento de v á r i o s pa-
râmetros que são derivados dos dados de pressão atmosférica, temperatura
e umidade do a r , os quais são c o l e t a d o s a t r a v é s de observ.açÕes por r a d i o s -
sonda.

As expressões u t i 1 i zadas r i o s c ã l c u l o s dos parâmetros termodinâ-


micos (pressão de saturação de vapor, pressão de v'apor e umidade especí-
f i c a ) são aquelas especif icadas nas " t n t e r n a t i o n a l M e t e o r o l o g i c a l Tables"
( W M O ~1966),
~ e são o m i t i d a s .

5.2. C6lculo da derivada da emissividade de fluxo com relaçlo


B profundidade ótica

As integrações das Equações (2.261, (2.27) (3.8), não reque-


e
rem o conhecimento de ~f mas somente da sua derivada com relação 5 p r o -
f u n d i dade Ó t i ca, E?U) . Portanto, uma t a b e l a de u ) deve ser armazenada na
memória do computador para uso nas equações.

5.2.1. Metodo usado para o c6lculo da derivada da emissividade


de fluxo com respeito B profundidade ótica

A determinação da derivada da emissividade de f l u x o com r e l a ç ã o


à profundidade Ó t i c a pode ser f e i t a a t r a v é s do uso de d i f e r e n ç a s f initas
centrddas.
Acf(u)
E-(u) "
f Au

E ( u . + Au) - E
f
(u
j
- Au)
-*
2Au

onde E (u ) são v a l o r e s i n t e r p o l a d o s e
f i
Au 6 o espaçamento e n t r e os pontos.

O e r r o de truncamento ( ET ), i n t r o d u z i d o nos c á l c u l o s de E-(u)


f
p e l a u t i l i z a ç ã o das d i f e r e n ç a s f i n i t a s centradas, é dado p o r :

onde :

Da expressão ( 5 . 2 ) , v e r i f ica- se que o e r r o de truncamento é p r o -


p o r c i o n a l m quadrado do espaçamento e n t r e os pontos e à derivada terceira
de E
3
. com r e l a ç ã o a "u", no i n t e r v a l o ( u.
3
+ Au, u - Au) . Consequen temen-
t e , esse e r r o pode ser desprezado nos I n t e r v a l o s onde a função E ( u ) a-
f
presenta pouca variação, ou quando Au é pequeno. Levando em consideração
os d o i s e f e i t o s acima, i s t o é, a c u r v a t u r a e o espaçamento e n t r e os pon-
tos u é p o s s í v e l f i x a r um v a l o r máximo, previamente e s t a b e l e c i d o , para
i'
o e r r o de truncamen t o i n t roduz i do na aval i ação do FR I e da TVLT.

Os v a l o r e s de Au podem ser estabelecidos com base nas conside-


rações acima, e os v a l o r e s de E (U ) são i n t e r p o l a d o s .
f j
Os v a l o r e s de ( A e f A u )j, são armazenados em uma t a b e l a que .é u-
sada na i ntegração das equações ( 2 . 2 5 ) , (2.26) e ( 3 . 8 ) .
6. MÉTODO NUMÉRICO PARA CALCULODOS FLUXOS
DE RADIAÇÁO E DA TAXA DE VARIAÇAO LOCAL
DE TEMPERATURA

Os f i u x o s de r a d i a ç ã o e a t a x a de v a r i a ç ã o l o c a l de temperatura
podem s e r c a l c u l a d o s a t r a v é s da i n t e g r a c ã o das expressões (2.25), (2.26)
e (3.7), com r e s p e i t o à p r o f u n d i d a d e Ó t i c a , u t i l izando o método d e dife-
renças f i n i t a s . E uma boa aproximação supor a a t m o s f e r a e s t r a t i f i c a d ã com
uma d i s t r i b u i ç ã o v e r t i c a l a r b i t r ã r i a de p r o f u n d i d a d e ó t i c a , t e m p e r a t u r a e
umidade r e l a t i v a , ou s e j a supor que os parânietros termodinãmicos são in-
dependentes das coordenadas h o r i z o n t a i s , sendo função da a1 tuma somente.
Nessas c o n d i ç õ e s , pode-se s u b s t i t u i r as i n t e g r a i s nas equações (2.25) ,
(2.26) e (3.7) p o r um s o m a t ó r i o , de t a l forma que a02'~/aupossa s e r c o n s i -
derado c o n s t a n t e e i g u a l a aoT4/au. Segundo t?rooks2 (l95O), o erro rela-
t i v o , i n t r o d u z i d o nos c ã l c u l o s da TVLT p o r essa aproximação, é inferior a
t r ê s por c e n t o .

As equações (2.25), (2.26) e (3.7), expressas em d i f e r e n ç a s f i-


n i t a s assumem as s e g u i n t e s formas:

A s o m a t ó r i a com r e s p e i t o a rn r e f e r e - s e às M camadas sucessivas


desde a s u p e r f í c i e do s o l o a t é o n í v e l de r e f e r ê n c i a , enquanto que aque-
l a s com r e s p e i t o a "?z" referem- se ãs LV camadas s u c e s s i v a s , acima do n í v e l
de r e f erênc i a .
Em v i r t u d e da a p l i c a b i l i d a d e do presente método para o cálculo
dos f l u x o s de radiação infravermelha e da t i x a de v a r i a ç ã o l o c a l de tem-
p e r a t u r a em qualquer n í v e l abaixo da baixa e s t r a t o s f e r a , da v e r s a t i 1 idade
do esquema de i n t è g r a ç ã o e do acesso f ã c i 1 aos parâmetros u t i 1 izados como
entrada (pressão atmosférica, temperatura e umidade do a r ) ; conclui- se que
e s t e método poderá ser de grande u t i l i d a d e , p r i n c i p a l m e n t e em problemas
que envolvem uma quantidade m u i t o grande de dados meteorológicos.

Tendo em v i s t a os e f e i t o s da radiação no compor,tamento da at-


mosfera, e s t e método poderá c o n t r i b u i r s i g n i f i c a n t e m e n t e em a t i v i d a d e s ,
t a i s como:
a) incorpora ç ão dos e f e i t o s da radiação infravermelha em mode-
l o s de c i r c u l a ç ã o atmosférica;

b) (5studo da formação de intensas inversões de temperatura nas


baixas camadas da atmosfera e formação de geadas;

c ) estudo do comportamento de inversões de temperatura sobre a


dispersão de poluentes atmosféricos; e

d) previsão de formação de geadas e nevoeiros.

Os r e s u l tados o b t i d o s com esse método serão publ i cados em uma


seção à p a r t e .

Quero d e i x a r meus agradecimentos ao D r . Nelson de Jesus Parada,


D i r e t o r do INPE e D r . L u i z Gylvan Meira F i l h o , Coordenador do Departamen-
t o de Meteorologia do INPE, p e l o i n t e r e s s e e apoio.

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