Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEMOGRÁFICO
Envelhecimento demográfico
Dinâmicas da população e das famílias
No quadro de envelhecimento que se vive na generalidade da União Europeia e não só, as linhas
de força da dinâmica população constituem uma dimensão essencial do contexto sobre o qual
emergem novas expressões de necessidades sociais e se altera a matriz de pressões e respostas
em que opera a política social, em especial nas áreas da saúde e segurança social. A primeira
parte deste relatório apresenta os principais vectores das projecções nacionais para a demografia
portuguesa.
Neste contexto olhar para os desafios que se colocam a Portugal em virtude do processo de
envelhecimento exige que se enquadre a dinâmica actual e a que se prevê até 2020, num quadro
mais amplo proporcionado pelos exercícios de projecção demográfica actualmente disponíveis.
Rui Nicola|Página 1
Envelhecimento demográfico
A dinâmica da população
Quantos somos e quantos seremos em 2020 e em 2060?
Em 2009 Portugal tinha cerca de 10,6 milhões habitantes1. Na União Europeia a 27 países (UE27)
representávamos cerca de 2,1% da população total (2,7% na UE15) e o 11.º país com maior
dimensão da população residente (9º na UE15). No seu todo, os dez países com mais população
representavam mais de 82% dos cidadãos da EU272 (94% na UE15).
Sem prejuízo de um olhar mais atento nos pontos seguintes, as projecções populacionais do
Instituto Nacional de Estatística (2010) e do Eurostat (2008) permitem definir um intervalo para
as estimativas de população para 2020 e 2060.
Sobre a tendência de crescimento da população até 2020 há consenso nas projecções centrais de
ambas as organizações, divergindo no entanto na apreciação que se estende a 2060, uma vez que
o organismo nacional contempla uma redução da população nesse horizonte face ao valor
actual, em contraponto ao ligeiro crescimento da população cenarizado pelo gabinete de
estatística da União Europeia.
Quanto à incerteza internalizada nas projecções para 2020, o INE situa a amplitude de
variabilidade assimétrica em 4,5% da população do cenário central, i.e., admite que o valor possa
ser 1,3% superior (cenário alto) ou 3,2% inferior (cenário sem migrações). O Eurostat apresenta
para 2020 uma amplitude de 5,8% da população do cenário central, que apenas contempla um
crescimento menos acentuado face à população actual (cenário sem migrações).
Neste contexto, privilegiando o exercício de projecção do INE, por motivos que se detalham
posteriormente, em 2020 teremos mais cidadãos portugueses a residir em Portugal (+ 190 mil,
aproximadamente) e em 2060 seremos menos (- 270 mil, aproximadamente).
1
Os dados provisórios do Censos de 2011 corrigem em ligeira baixa a estimativa intercensitária, situando a
população nos 10,555 milhões de habitantes.
2
Eurostat, via Pordata www.pordata.pt, data do último acesso: 2011-02-26
3
Eurostat, projecções demográficas: cenário central, http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal
/population/data/database, data do último acesso: 2011-02-26
Rui Nicola|Página 2
Envelhecimento demográfico
Previamente à análise das hipóteses subjacentes às projecções e à discussão dos seus efeitos nos
domínios mais relevantes nomeadamente no plano das necessidades futuras de serviços sociais,
importa constatar as tendências mais recentes do ponto de vista demográfico.
residente.
Outra nota de relevo prende-se com a dimensão e composição do saldo migratório. Neste
domínio de 2000 a 2008 observa-se uma queda do volume de imigração anual de 79.300 para
29.718 pessoas e um aumento dos registos da emigração anual de 10.660 para 20.357. A
conjugação desta evolução nas migrações com a manutenção dos indicadores de fecundidade a
níveis extremamente baixos, quer do ponto vista histórico nacional, quer no plano de
comparação europeia, revela-se um factor incontornável no modo como equacionamos o futuro.
2
Índice Sintético de Fecundidade 2009
1,5
0,5
0
LV HU PT DE RO AT ES PL SK IT MT CZ CY GR SI LT BG LU EE NL BE DK FI SE UK FR IE
4
Nascimentos menos óbitos registados num dado ano.
5
Com a excepção do ano 2000, onde se registou um aumento abrupto de nascimentos e do ano de 2009, onde
os valores negativos do saldo natural se fizeram sentir.
Rui Nicola|Página 3
Envelhecimento demográfico
Saldo migratório
Índice Sintético de
Cenários Esperança Média de Vida (anos) Saldo Migratório
Fecundidade
2008 2060
2008 2060 2008 2016 2060
H M H M
Central 1,3 1,6 75,4 82,0 82,3 87,9 21.053 36.584 36.584
Baixo 1,3 1,3 75,4 82,0 82,3 87,9 19.330 17.623 17.623
Alto 1,3 1,8 75,4 82,0 83,5 89,4 22.778 55.547 55.547
Sem migrações 1,3 1,6 75,4 82,0 82,3 87,9 0 0 0
2,5 40
2 20
1,5 0
0 -60
1976
1981
1986
1991
1996
2001
2006
2011
2016
2021
2026
2031
2036
2041
2046
2051
2056
1960
1974
1979
1984
1989
1994
1999
2004
2009
2014
2019
2024
2029
2034
2039
2044
2049
2054
2059
Rui Nicola|Página 4
Envelhecimento demográfico
Do ponto de vista qualitativo o cenário central tem dois riscos ao nível das assumpções de base.
Em primeiro lugar, a perspectiva de recuperação da fertilidade poderá ser atenuada ou anulada
pelas dinâmicas actuais no plano da migração da população jovem adulta, no comportamento do
mercado de trabalho e na redefinição do papel da criança na sociedade e nas famílias. Em
segundo lugar, as estimativas de crescimento do saldo migra- tório contrariam as tendências
recentes e que se poderão fundamentar no baixo ritmo de crescimento da actividade económica
portuguesa na última década, com o consequente impacto nas necessidades de mão-de-obra e
no aumento do desemprego, a redução dos apoios sociais e a maior dinâmica de crescimento
económico que observamos em países que tipicamente foram origem de imigração,
nomeadamente o Brasil.
Neste contexto, uma abordagem mais prudente dará especial atenção ao cenário baixo
construído com base em hipóteses de relativa estabilização quer do índice sintético de
fecundidade, quer do saldo migratório, assumindo como espaço de variação superior o cenário
central e inferior o cenário sem migrações6.
6
Este último, mantém a hipótese de recuperação da fecundidade, mas assume um papel nulo ao saldo
migratório, o que em média de longos períodos com baixo crescimento e pouca ou nenhuma convergência com
os parceiros europeus e outros é uma hipótese aceitável. Não obstante, no anexo 1 apresentam-se as principais
implicações inerentes à especificidades do cenário alto.
Rui Nicola|Página 5
Envelhecimento demográfico
11.000.000
10.500.000
10.000.000
9.500.000
9.000.000
8.500.000
Cenário baixo Cenário sem migrações Cenário central
8.000.000
O ano de 2035 situa o início da regressão populacional para o cenário central, com o aumento
de 170.000 efectivos até 2020 e o cenário sem migrações prevê esse declínio já em 2011
perspectivando até 2020 a perda de 171.000 efectivos.
Rui Nicola|Página 6
Envelhecimento demográfico
Devem salientar-se as projecções de evolução negativa da população em idade activa que variam
entre -0,5% (cenário central), -2% (cenário baixo) e -4,5% (cenário sem migrações). Por
contraponto, o crescimento da população com 65 ou mais anos não varia significativamente nos
vários cenários (18% a 19%).
Quando o horizonte de análise se extende a 2060, este resultado altera-se de forma significativa.
Segundo a projecção do cenário baixo haverá 348 idosos por cada 100 jovens e cerca de 84
pessoas em idade activa por cada 100 pessoas nos grupos etários dependentes (jovens e idosos).
Aproximadamente 63% da população idosa terá 75 ou mais anos8.
7
O índice de envelhecimento em 2020 é de 149 idosos por cada 100 jovens no cenário central e de 155 idosos
por cada 100 jovens no cenário sem migrações.
8
Os valores do índice de envelhecimentos para 2060 são de 271 e 309 nos cenários central e sem migrações,
respectivamente. O índice de dependência total estimado é de 79 e 87 para aqueles cenários.
Rui Nicola|Página 7
Envelhecimento demográfico
Em complemento com a análise dos grupos populacionais dos idosos e muito idosos, a
investigação do comportamento do grupo de pessoas com idades compreendidas entre os 55 e os
64 anos reveste-se de especial importância por se tratar de um grupo em idade activa onde
vários factores estão em equação, nomeadamente:
A título ilustrativo pode-se referir que no espaço de uma década este grupo particular estará
praticamente todo reformado9, o que não significará uma ruptura completa com o mercado de
trabalho, uma vez que em Portugal os rendimentos do trabalho representam uma proporção
significativa (22%) dos rendimentos dos idosos10. É igualmente nestas idade que a reforma por
invalidez mais de manifesta e que a taxa de participação regista uma quebra muito acentuada11.
Evolução anual dos efectivos 2009-2060: cenário No horizonte 2020 e com base no cenário
3.500.000
baixo baixo todos os grupos etários crescem
3.000.000
em número e proporção da população
2.500.000
total e em idade activa.
2.000.000
De forma análoga, em 2009, por cada 100 Variação populacional 55-54 anos ≥65 anos ≥75 anos
pessoas em idade activa havia 26 idosos a 2009 a 2020 15% 19% 22%
população idosa. Os valores deste rácio 2020 a 2060 -17% 47% 88%
crescem para 32 em 2020 e 65 em 2060.
Como ilustração máxima do processo de envelhecimento, em 2060 projecta-se que, por cada 100
pessoas em idade activa, haja 41 pessoas com idade igual ou superior a 75 anos. Cerca de 6 em
cada 10 pessoas nestas idades serão mulheres.
9
Em 2009 as idades médias de reforma por velhice situava-se nos 62,8 anos e de reforma por invalidez situava-
se nos 54,2 anos (Fonte: CNP/MTSS via www.pordata.pt data do último acesso: 2011-02-26).
10
Eurostat, SILC(2004)
11
Em 2009 a taxa de participação foi de 54,5% para o grupo etário 55-64, situando-se entre os 83,3% registados
para o grupo 45-54 anos e os 16,9% do grupo com 65 ou mais anos (Fonte: INE, Inquérito ao Emprego via
www.pordata.pt data do último acesso: 2011-02-26).
Rui Nicola|Página 8
Envelhecimento demográfico
Ponto prévio à apreciação da situação actual e das trajectórias projectadas é a constatação das
diferenças em termos da dimensão populacionais entre os países em comparação. A Holanda é o
país com um número de cidadãos (16,5 milhões) mais próximo do registado em Portugal (10,6
milhões), seguindo-se a Espanha (46 milhões) e mais afastada a Alemanha (82,2 milhões).
Rui Nicola|Página 9
Envelhecimento demográfico
Índices
Envelhecimento 139 181 117 126 132 131
Dep. Jovens 22 19 23 24 24 24
Dep. Idosos 31 35 27 31 32 31
Dep. Total 53 55 51 55 56 55
Longevidade 48 52 49 42 48 47
Susten. Potencial 3 3 4 3 3 3
Distribuição pop.
0-14 anos 14% 13% 16% 16% 16% 15%
15-64 anos 65% 65% 66% 65% 64% 65%
≥ 65 anos 20% 23% 18% 20% 20% 20%
A evolução projectada para Portugal está relativamente próxima dos valores médios do conjunto
dos 27 países da EU, com a diferença do comportamento do grupo das crianças e jovens. Neste
período o nosso país vê reduzir o peso relativo da população jovem e da população em idade
activa em níveis muito semelhantes aos registados pela Alemanha. A principal diferença da
Alemanha revela-se no envelhecimento de topo com a subida de 10 pontos percentuais na
proporção de pessoas muito idosas no grupo dos idosos.
Rui Nicola|Página 10
Envelhecimento demográfico
AS FAMÍLIAS
A evolução das estruturas familiares é dos factores proeminentes de mudança nas sociedades
contemporâneas colocando novos desafios à forma como se pensam as necessidades sociais e
como se organizam as respostas públicas e privadas com vista à promoção do bem-estar
individual e colectivo.
Em Portugal este domínio assume uma relevância especial quer pela profundidade das
alterações que registou quer pela velocidade a que as mesmas decorreram. Sendo um país
frequentemente tipificado como “familiarista”12 no sentido em que um conjunto importante de
necessidades é suprido em primeira instância pelos recursos familiares13, a atomização dos
agregados familiares e a maior volatilidade das suas biografias introduziu um nível acrescido de
incerteza numa esfera que tradicionalmente permitia acomodar a incerteza de outros domínios
importantes da vida como é o caso do mercado de trabalho, de cuidados pessoais, entre outros.
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
12
[REFERÊNCIA]
13
Veja-se a título de exemplo, a opção de permanência em casa dos pais de muito jovens adultos até idades que
rondam os 30, de forma a acomodar as volatilidades inerentes ao período de entrada no mercado de trabalho e
de preparação para a formação de um agregado familiar autónomo, frequentemente precedido pela aquisição
de habitação própria permanente.
Rui Nicola|Página 11
Envelhecimento demográfico
Assim no espaço de cerca de duas décadas pode-se apreciar a subida da representatividade das
famílias monoparentais, dos casais sem filhos e das famílias de uma pessoa só. Por contraponto,
reduz-se o peso relativo dos casais com filhos e outras tipologias.
Tipologias das famílias clássicas: 1992 Tipologias das famílias clássicas 2010
1 indivíduo Outros
Familia 11% 1 indivíduo
13%
Familia monoparental 18%
Outros
monoparental 16% 9%
6% Casal sem filhos
20%
Casal sem filhos
Casal com Casal com 23%
filhos filhos
45% 39%
Masculino
13%
Nas últimas duas décadas as famílias monoparentais aumentaram cerca de 70% (26% na última
década). Durante esse período a representatividade do género feminino não baixou dos 85%.
Para uma análise mais detalhada da distribuição das famílias por tipologias recorre-se ao SILC
(Statistics on Income and Living Conditions) gerido pelo Eurostat e que permitem conhecer
estas e outras dimensões das estruturas familiares e a sua evolução desde 2004 com vantagem de
possibilitar uma apreciação do ponto de vista da comparação internacional.
Rui Nicola|Página 12
Envelhecimento demográfico
Distribuição dos agregados familiares por tipologia 2009 Variação no peso relativo (pontos percentuais) 2009-2004
2 adultos
2 adultos
3 + adultos
1 adulto sexo feminino
2 adultos com 1 criança 3 + adultos
1 adulto sexo feminino 1 adulto c/ 1 ou + criança(s)
2 adultos com 2 crianças Outros agregados
3 + adultos c/ pelo menos 1 criança 1 adulto sexo masculino
1 adulto sexo masculino 2 adultos com 3 ou + crianças
1 adulto c/ pelo menos 1 criança 2 adultos com 1 criança
2 adultos com 3 + crianças 2 adultos com 2 crianças
Outros agregados 3 ou + adultos c/ 1 ou + criança(s)
Em 2009, quase 2/3 dos agregados domésticos portugueses (61%) não tinham crianças
dependentes. Na representatividade destas tipologias observou-se no passado recente uma
tendência de crescimento continuado, com especial relevância para os agregados com 2 adultos
em que existe pelo menos um idoso.
Um outro dado a salientar é que existência de mais agregados constituídos 1 mulher adulta do
que casais com 2 crianças dependentes, resultado a que poderá não ser alheio a sobre-vida
feminina nos grupos etário mais elevados, conjugada com a diminuição do número de
nascimentos de 2ª ordem ou superior.
Distribuição dos agregados familiares por dimensão 2009 Distribuição dos agregados familiares por tipologia 2009
40% 2 adultos
3 + adultos
0% Outros agregados
Portugal Alemanha Espanha Holanda UE27
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
1 2 3 4 5 ≥6
De facto, a Holanda é país com maior representatividade das famílias com 2 adultos e 3 ou mais
crianças dependentes e o segundo país com maior peso dos casais com 2 crianças o que permite
enquadrar a sua posição de país menos envelhecido, não obstante a elevada proporção de
agregado doméstico constituídos por 2 adultos (30,7%).
Rui Nicola|Página 13
Envelhecimento demográfico
Em 2003 o Eurostat apresentou um exercício de projecção dos agregados familiares entre 1995 e
2025 com base em três cenários:
Cenário base (CB): trajectória intermédia entre os dois cenários anteriores (média)
Este exercício foi realizado para cada país da União Europeia a quinze calculando o número de
pessoas em famílias institucionais e em quatro tipos de famílias clássicas, por sexo e idade:
pessoas sós, pessoas a viver como casais, jovens a viver em casa dos pais e a viver noutros tipos
de agregados.
Número de Agregados Familiares (milhões) Número médio de pessoas por Agregado Familiar
UE-15 147,9 165,5 165,2 164,7 171,4 176,0 180,3 2,5 2,2 2,3 2,4 2,1 2,2 2,3
Bélgica 4,0 4,6 4,5 4,5 4,7 4,8 4,9 2,5 2,2 2,3 2,4 2,1 2,2 2,3
Dinamarca 2,4 2,6 2,6 2,5 2,6 2,8 2,8 2,1 2,0 2,1 2,2 1,9 2,0 2,1
Alemanha 36,6 39,8 39,8 39,8 39,8 41,2 42,5 2,2 2,0 2,1 2,2 1,9 2,0 2,2
Grécia 3,8 4,3 4,4 4,4 4,5 4,7 4,8 2,7 2,4 2,5 2,6 2,2 2,4 2,5
Espanha 12,1 14,7 14,7 14,6 15,8 16,1 16,4 3,2 2,6 2,7 2,9 2,3 2,5 2,7
França 23,4 27,0 26,7 26,3 28,7 29,0 29,3 2,4 2,2 2,3 2,4 2,0 2,1 2,3
Irlanda 1,1 1,4 1,4 1,4 1,6 1,6 1,6 3,1 2,5 2,6 2,8 2,2 2,4 2,6
Itália 20,5 22,5 22,9 23,2 22,4 23,6 24,5 2,7 2,4 2,5 2,5 2,2 2,3 2,4
Luxemburgo 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 2,5 2,3 2,4 2,6 2,1 2,3 2,4
Holanda 6,4 7,3 7,2 7,2 7,8 8,0 8,2 2,4 2,2 2,3 2,4 2,0 2,1 2,3
Áustria 3,1 3,5 3,5 3,5 3,7 3,8 3,9 2,5 2,2 2,3 2,5 2,1 2,2 2,4
Portugal 3,3 3,9 3,9 3,9 4,1 4,3 4,4 3,0 2,6 2,7 2,8 2,3 2,5 2,6
Finlândia 2,4 2,6 2,6 2,6 2,6 2,7 2,8 2,1 1,9 2,0 2,1 1,9 2,0 2,1
Suécia 4,2 4,5 4,4 4,4 4,7 4,8 4,9 2,1 2,0 2,1 2,2 1,9 2,0 2,1
Reino Unido 24,2 26,8 26,6 26,3 28,1 28,6 29,1 2,4 2,2 2,2 2,3 2,0 2,1 2,3
Numa primeira análise os indicadores construídos para Portugal relativos ao ano de 2010 no
Cenário Base têm aderência aos indicadores estatísticos: 3,9 famílias (clássicas) e uma dimensão
média de 2,7 elementos por agregado familiar.
Rui Nicola|Página 14
Envelhecimento demográfico
Tendo em conta as 696,4 mil pessoas que viviam sós em Portugal no ano de 2010, também neste
indicador é possível aferir uma boa adesão do Cenário Base à evolução das estruturas familiares
portuguesas entre 1995 e 2010.
CIS CB CF CIS CB CF
UE-15 41,9 62,4 53,1 43,3 71,0 61,9 51,2
A adequação das projecções para as famílias com casais ou com jovens a viver em casa dos pais é
mais díficil de aferir. Recorrendo aos dados do SILC para 2009 é possível obter uma estimativa
muito superficial do número de pessoas que vive em agregados familiares com casais, rondando
os 5,9 milhões de pessoas. Esse valor é obtido para Portugal pelo exercício do Eurostat no
Cenário Familiarista, sendo o valor do Cenário Base inferior: 5,3 milhões de pessoas.
No que respeita à saída dos jovens com mais de 15 anos de casa dos seus pais, o Eurostat definiu
uma trajectória de redução do peso demográfico destas famílias avaliado em número de pessoas,
destacando ainda assim a especificidade dos países do sul da Europa, em particular Portugal e
Espanha.
Rui Nicola|Página 15
Envelhecimento demográfico
Número de pessoas em famílias com casais (milhões) Número de pessoas em agregados com jovens a viver com os pais (milhões)
UE-15 179,1 175,3 194,7 214,8 172,5 200,8 232,0 118,3 103,5 107,4 113,4 85,5 96,4 110,7
Bélgica 4,6 4,2 4,7 5,3 4,2 5,1 5,9 3,0 2,6 2,8 2,9 2,3 2,7 3,0
Dinamarca 2,5 2,4 2,6 3,0 2,3 2,8 3,3 1,4 1,3 1,5 1,5 1,1 1,3 1,5
Alemanha 41,9 40,4 45,3 50,5 38,3 45,4 53,3 21,8 19,6 20,4 21,9 16,1 18,1 21,3
Grécia 5,2 5,4 5,9 6,3 5,5 6,2 7,0 3,5 3,1 3,3 3,3 2,6 3,0 3,2
Espanha 17,9 18,6 20,6 22,7 18,6 21,4 24,6 15,5 12,6 13,0 13,7 9,8 11,0 12,8
França 28,6 28,1 31,0 34,0 27,8 32,1 36,8 18,1 16,4 17,0 18,1 14,1 15,9 18,4
Irlanda 1,4 1,4 1,6 1,7 1,4 1,7 2,0 1,5 1,2 1,3 1,3 1,0 1,2 1,4
Itália 26,0 26,2 28,4 30,7 25,9 29,2 32,8 20,5 16,7 17,2 17,8 12,9 14,4 16,0
Luxemburgo 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 0,3 0,3 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,2
Holanda 8,0 7,8 8,7 9,6 7,7 9,1 10,6 4,6 4,3 4,7 4,9 3,7 4,4 4,9
Áustria 3,7 3,6 4,0 4,5 3,7 4,2 5,0 2,5 2,1 2,3 2,5 1,8 2,1 2,5
Portugal 4,7 4,8 5,3 5,9 4,9 5,7 6,6 3,7 3,2 3,3 3,4 2,7 3,0 3,3
Finlândia 2,4 2,3 2,5 2,8 2,2 2,6 3,0 1,4 1,2 1,3 1,4 1,1 1,2 1,4
Suécia 4,2 4,0 4,5 5,0 4,0 4,7 5,6 2,5 2,3 2,4 2,6 2,0 2,4 2,8
Reino Unido 27,8 26,0 29,2 32,4 25,8 30,4 35,4 18,0 16,5 16,8 17,9 14,3 15,5 17,9
A avaliação destes pressupostos e da sua adequação nos primeiros 15 dos 30 anos abrangidos
pelo exercício do Eurostat, possibilitará o seu enquadramento enquanto quadro de referência
para o projecto, tendo em conta em primeiro lugar os objectivos definidos para a análise das
famílias e em segundo lugar o facto do ano de referência de 2020 do projecto se situar a 5/6 do
intervalo cronológico superior do exercício.
Quanto à viabilidade de realizar projecções sobre as famílias para Portugal, Sofia Leite (2005)14
refere que «Tendo em conta a realidade portuguesa no que se refere aos conceitos estatísticos e
fontes de dados disponíveis sobre a família, uma metodologia possível para o cálculo de projecções
de famílias seria o propensity method, que consistiria, de forma simplista, em partir das projecções
da população residente, aplicando as taxas de população aos vários tipos de famílias
seleccionados, segundo a estrutura observada numa série, o mais longa possível, dos Censos. Cada
tipo de família seria projectado tendo em consideração diferentes cenários de evolução possíveis.
Para além da projecção dos vários tipos de família, clássica ou institucional, ou tipo de núcleo
familiar, poder-se-iam calcular projecções das pessoas a viver em cada uma dessas modalidades,
por sexo e idades.»
14
INE, Revista de Estudos Demográficos n.º 37.
Rui Nicola|Página 16
Envelhecimento demográfico
idosos a viver sós, em instituições sociais e em famílias com mais pessoas. Admitiu-se uma
evolução linear das tendências inscritas naqueles dois cenários para o período 2010-2025 de
modo a se obter o valor aproximado que se pode projectar para 2020.
Tendo por base o exercício prospectivo relativamente às famílias [EUROSTAT (2003) «Trends in
households in the European Union: 1995-2025]», bem como os elementos intercensitários obtidos
por via INE – Inquérito aos Rendimentos e Condições de Vida, onde se estima que 57% das
pessoas a viver só tenham 65 ou mais anos, podem-se equacionar os seguintes cenários,
construídos com base em hipóteses de evoluções lineares distintas nos períodos de 1995 a 2010 e
de 2010 a 2025.
Os dados provisórios do Censos 2011 não permitem ainda avaliar qual destes cenários estará mais
próximo da realidade. Recentemente foi divulgada uma publicação da EUROSTAT que aponta
para 30,7% das mulheres e 12,2% dos homens idosos a viver sós em Portugal no ano de 2008, o
que perfaz 430.615 pessoas idosas a viver só (23%), apontando para um ponto intermédio (apesar
de tudo, mais próximo do cenário base). Na comparação internacional estes valores são dos mais
baixos que há registo, apenas superiores aos dos demais países mediterrânicos (Grécia e
Espanha) e de alguns países de leste.
Estas projecções permitem balizar a evolução, sendo que sensivelmente entre 23% (no cenário
base) e 31% (no cenário individualização) da população idosa em 2020 viverá só.
Rui Nicola|Página 17
Envelhecimento demográfico
respostas sociais até 2020 e o cenário de dinâmica constante implicaria um acréscimo de cerca
de 74.000 vagas (+103%).
Estes cenários resultam da conjugação das opções assumidas nos dois pontos anteriores, sendo
possível balizar o intervalo de variação prospectivo.
Rui Nicola|Página 18